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Ângela Alexandra Lopes Cardoso A VINCULAÇÃO E A DIFERENCIAÇÃO DO SELF NA VINCULAÇÃO ROMÂNTICA NO ADULTO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA 2011

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Page 1: Dissertação_Ângela Cardoso

Ângela Alexandra Lopes Cardoso A VINCULAÇÃO E A DIFERENCIAÇÃO DO SELF NA VINCULAÇÃO ROMÂNTICA NO

ADULTO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

2011

Page 2: Dissertação_Ângela Cardoso

I

Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

A VINCULAÇÃO E A DIFERENCIAÇÃO DO SELF NA VINCULAÇÃO

ROMÂNTICA NO ADULTO

Ângela Alexandra Lopes Cardoso

Outubro, 2011

Dissertação apresentada no Mestrado Integrado de Psicologia,

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto, orientada pela Professora Doutora Maria

Emília Costa (F.P.C.E.U.P.).

Page 3: Dissertação_Ângela Cardoso

II

Page 4: Dissertação_Ângela Cardoso

III

Page 5: Dissertação_Ângela Cardoso

IV

RESUMO

Há largos anos que a vinculação é objeto de estudo em psicologia, contudo a

investigação dirigida ao par romântico adulto é ainda recente.

A Teoria dos Sistemas Familiares de Bowen tem muitos pontos de contato com a

teoria da vinculação de Bowlby, ambas se debruçam sobre o modo como as pessoas

gerem as emoções na interação com os seus significativos e pressupõem que a

pessoa aprende e interioriza padrões de comportamento e expectativas ao longo do

desenvolvimento, que são usados como modelo na idade adulta.

Vários estudos têm vindo a procurar estudar a natureza da relação entre os

constructos que compõe estas duas teorias, mas em Portugal ainda nada foi feito

neste sentido. Para preencher esta lacuna, foi validado para a população portuguesa

um instrumento de autorrelato, o Differentiation of Self Inventory (DSI). O DSI, versão

portuguesa, é um instrumento multidimensional de medida da diferenciação do self,

inspirado na Teoria de Bowen, que pretende avaliar o funcionamento emocional, a

intimidade e a autonomia nas relações interpessoais adultas através da avaliação dos

seus relacionamentos significativos e relação atual com a família de origem.

Participaram na investigação 486 adultos (243 homens e 243 mulheres), em

regime de coabitação há pelo menos três anos com idades compreendidas entre os

21 e os 87 anos.

A hipótese de que a qualidade da vinculação ao(à) companheiro(a) estaria

associada à diferenciação do self foi, de uma forma geral, confirmada, verificando-se

que perceber o(a) companheiro(a) como responsivo às necessidades de vinculação

está correlacionado positivamente com a capacidade do indivíduo, a nível

intrapessoal, para separar sentimentos e pensamentos; e a nível interpessoal, para

se separar emocional e fisicamente da sua família de origem, bem como para

alcançar a maturidade emocional e independência, sem que para isso perca a ligação

emocional com os outros. Encontraram-se diferenças em função da escolaridade e da

duração da relação para a vinculação ao(à) companheiro(a) e ainda em função do

sexo para a diferenciação do self. Como o esperado, as dimensões da diferenciação

do self constituíram-se preditores nas quatro dimensões da vinculação, ainda que em

diferentes combinações.

Palavras-chave: Relação romântica, Vinculação no adulto, Diferenciação do self,

Teoria de Bowen.

Page 6: Dissertação_Ângela Cardoso

V

ABSTRACT

Attachment has been for many years a central subject of study in psychology

however research dealing with romantic couple is still recent.

Bowen‟s Family Systems and Bowlby's attachment have many points of

convergence, both concern how people manage emotion in interaction with important

others and assume that patterns of behavior and expectations are learned and

internalized throughout development and are used as blueprints in adulthood. Several

studies have been researching on the relational nature of the constructs that make up

these two theories, though in Portugal nothing has been done yet in this regard. To fill

this gap, a self-report instrument, the Differentiation of Self Inventory (DSI) has been

validated for the Portuguese population. The DSI, Portuguese version, is a

multidimensional measure of differentiation, based on Bowen‟s theory, which aims to

assess adults emotional functioning, intimacy and autonomy in their significant

relationships, and current relations with family of origin.

486 adults (243 men and 243 women) participated in the study, they were

cohabitating for at least three years and their ages ranged from 21 to 87 years.

The hypothesis that the romantic attachment quality is associated with

differentiation of self was, in general terms, confirmed once conceiving the partner as

responsive to the attachment needs was positively correlated with the ability of the

individual to, at intrapersonal level, separate feelings and thoughts, and at an

interpersonal level separate himself emotionally and physically from their family of

origin reaching emotional maturity and independence without breaking emotional

connection with significant ones.

Reliable differences were found for educational level and relationship duration in

romantic attachment. For differentiation of self gender differences were also reported.

As expected, differentiation of self subscales constitutes predictors for the four

attachment dimensions though in different combinations.

Keywords: Romantic relationship, Adult attachment, Differentiation of self, Bowen

theory

Page 7: Dissertação_Ângela Cardoso

VI

RESUME

Pendant de nombreuses années que la l‟attachement est l'objet d'études en

psychologie, mais des recherches adressée à l‟adduit paire romantique est encore

récent. La théorie des systèmes familiaux de Bowen a de nombreux points de contact

avec la théorie de Bowlby sur l'attachement, ils sont axés sur la façon dont les

émotions sont réglementées au sein des relations significatives et supposons que les

modes de comportement et les attentes sont appris et intériorisé sur du

développement et sont utilisés comme des modèles à l'âge Plusieurs études ont

tenté d'étudier la nature de la relation entre les constructions qui composent ces deux

théories, mais au Portugal rien n'a été fait à cet égard. Pour combler cette lacune, a

été validé pour la population portugaise un instrument d'autoévaluation, la

différentiation du soi (DSI). La DSI, version portugaise, est un outil multidimensionnel

de mesure de la différentiation du soi, inspiré dans la théorie de Bowen, qui vise à

évaluer le fonctionnement affectif, d'intimité et d'autonomie dans les relations

interpersonnelles à travers l'évaluation des relations entre adultes et relation

significative avec le courant famille d'origine.

Dans cette recherché à participé 486 adultes (243 hommes et 243 femmes), sous

une cohabitation pendant au moins trois ans entre les âges de 21 et 87 ans.

L'hypothèse que la qualité de l‟attachement au compagnon est associée à la

différentiation du soi était, en général, confirmées par la vérification que le compagnon

réponde aux besoins de l‟attachement qui était corrélée positivement avec la capacité

de l'individu, dans l‟intrapsychique, de séparer les sentiments et les pensées, et dans

l‟interpersonnels, de se séparer émotionnellement et physiquement de leur famille

d'origine, et d'atteindre la maturité affective et l'indépendance sans avoir à passer

cette connexion émotionnelle avec les autres. Nous avons trouvé des différences

dans le niveau d'éducation et de la durée de la relation pour l‟attachement au

compagnon et par sexe pour la différentiation du delf. Comme prévu, les dimensions

de la différentiation du soi constitué des prédicteurs de l'attachement en quatre

dimensions, mais dans des combinaisons différentes.

Cette étude a été établi comme point de départ pour de nouvelles enquêtes qui

cherchent à comprendre les processus de maintenance / réorganisation des modèles

de l‟attachement dans les couples romantiques et leurs influences transnationales.

Mots-clés: Attachement pour adultes, Relation romantique, Differentiation du soi,

La théorie de Bowen.

Page 8: Dissertação_Ângela Cardoso

VII

ÍNDICE

ÍNDICE DE ANEXOS ………………………………………………………………………. IX

ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………….. XI

ÍNDICE DE ABREVIATURAS ………………………………………………………………. XII

INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………….. 1

CAPÍTULO I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL

1. Teoria da Vinculação ……………………………………………………………. 3

1.1 História Sumária ………………………………………………………………. 3

1.2 Vinculação: uma necessidade primária que se mantém para toda vida .. 5

1.3 Vinculação romântica no adulto: Modelo Bidimensional de Bartholomew 7

2. Teoria dos sistemas emocionais de Bowen ………………………………... 10

1.1 História Sumária ………………………………………………………………. 10

1.2 A Diferenciação do Self ……………………………………………………… 11

1.3 Investigação …………………………………………………………………… 14

3 Teoria da vinculação e TSFB: Que relação? ……………………………….. 15

CAPÍTULO II. ESTUDO EMPÍRICO

1. Objetivos e hipóteses de investigação …………………………………….. 18

2. Método ……………………………………………………………………………... 20

2.1. Participantes ………………………………………………………………….. 20

2.2. Instrumentos ………………………………………………………………….. 21

2.2.1. Questionário sócio-demográfico …………………………………….. 21

2.2.2. Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) – versão breve …… 21

2.2.3. Differentiation of Self Inventory (DSI) ………………………………. 22

2.3. Procedimento ………………………………………………………………… 24

3. Apresentação dos Resultados ………………………………………………... 25

3.1. Análises Preliminares ……………………………………………………….. 25

3.1.1. Estudo da qualidade psicométrica dos instrumentos …………….. 26

Page 9: Dissertação_Ângela Cardoso

VIII

3.1.1.1. Questionário da Vinculação Amorosa (QVA) ………………. 26

3.1.1.2. Differentiation of Self Inventory (DSI) ……………………….. 27

3.1.2. Estudos Descritivos ………………………………………………...… 28

3.1.3. Estudos Correlacionais ………………………………………………. 29

3.1.4. Estudos Diferenciais ………………………………………………….. 31

3.1.4.1. Diferenças em função do sexo e da escolaridade na

vinculação ao companheiro ……………………………………………. 31

3.1.4.2. Diferenças em função do sexo e da escolaridade na

diferenciação do Self ……………………………………………………. 32

3.1.4.3. Diferenças em função da idade e da duração da relação na

vinculação ao companheiro ……………………………………………. 33

3.1.4.4. Diferenças em função da idade e da duração da relação na

diferenciação do self ……………………………………………………. 33

3.2. Análise de Clusters ………………………………………………………….. 34

3.3. Regressão Linear Múltipla ………………………………………………….. 38

4. Discussão dos resultados ……………………………………………………... 41

4.1. Examinar de que modo os indivíduos vivenciam as suas relações

amorosas …………………………………………………………………………… 41

4.2. Contribuir para o desenvolvimento da metodologia de avaliação da

diferenciação do self ……………………………………………………………… 43

4.3. Estudar associações entre as dimensões da vinculação com as

dimensões da diferenciação do self …………………………………………….. 45

4.4. Verificar em que medida as dimensões da diferenciação do self são

capazes de predizer a qualidade da vinculação ………………………………. 46

4.5. Analisar o efeito das variáveis sócio-demográficas na vinculação ao

companheiro e na diferenciação do self ………………………………………... 48

5. Considerações finais ……………………………………………………………. 50

5.1. Limitações do estudo e pistas para futuras investigações …………….... 50

5.2. Implicações para a prática clínica ………………………………………….. 51

5.3. Conclusão …………………………………………………………………….. 53

6. Referências Bibliográficas …………………………………………………….. 55

Page 10: Dissertação_Ângela Cardoso

IX

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Caracterização dos participantes, em função de variáveis sociodemográficas

Anexo 2 – Questionário Sócio-demográfico

Anexo 3 – Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) – versão breve

Anexo 4 – Differentiation of Self Inventory (DSI)

Anexo 5 – Solicitação de colaboração às famílias

Anexo 6 – Qualidades psicométricas do Questionário da Vinculação Amorosa (QVA) –

versão breve

6A – Estrutura fatorial do QVA

6A(a) – Medidas de adequabilidade do procedimento de análise fatorial

(Kaiser-Meyer-Olkin e Teste de Esfericidade de Bartlett)

6A(b) – Variância explicada pelos quatro fatores extraídos

6A(c) – Dimensões/ Itens e saturações ao longo dos quatro fatores

extraídos

6B – Consistência interna das dimensões do QVA

6C – Correlações entre as dimensões do QVA

Anexo 7 – Qualidades psicométricas do Differentiation of Self Inventory (DSI)

7A – Estrutura fatorial do DSI

7A(a) – Medidas de adequabilidade do procedimento de análise fatorial

(Kaiser-Meyer-Olkin e Teste de Esfericidade de Bartlett)

7A(b) – Variância explicada pelos quatro fatores extraídos

7A(c) – Dimensões/Itens e saturações ao longo dos quatro fatores

extraídos

7B – Consistência interna das dimensões do DSI

7C – Correlações entre as dimensões do DSI e DSI Escala Total

Anexo 8 – Efeito do sexo e da escolaridade sobre a vinculação ao companheiro

8A – Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as

dimensões da vinculação ao companheiro

8B – Médias e desvios-padrão para as dimensões da vinculação ao companheiro

onde há diferenças

Page 11: Dissertação_Ângela Cardoso

X

Anexo 9 – Efeito do sexo e da escolaridade sobre a diferenciação do self

9A – Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as

dimensões da diferenciação do self

9B – Médias e desvios-padrão para as dimensões da diferenciação do self onde

há diferenças

Anexo 10 – Efeito da idade e da duração da relação na vinculação ao companheiro

10A – Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

10B – Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da

vinculação ao companheiro

10C – Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação companheiro

Anexo 11 – Efeito da idade e da duração da relação na diferenciação do self

11A – Modelos de regressão para as dimensões da diferenciação do self

11B – Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da

diferenciação do self

11C – Coeficientes de regressão para as dimensões da diferenciação do self

Anexo 12 - Clusters para a vinculação ao companheiro

12A – Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da vinculação

ao companheiro, em função do Cluster

12B – Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da

diferenciação do self, em função do Cluster

12C – Comparação de pares de médias (Teste de Scheffe) para as dimensões da

vinculação ao companheiro e da diferenciação do self, em função do Cluster

12Ca: Dimensões da vinculação ao companheiro

12Cb: Dimensões da diferenciação do self

12D: Composição dos Clusters

Anexo 13 – Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro,

obtidos pelo método stepwise

13A: Análise de variância (ANOVA) da regressão

13B: Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação ao

companheiro

Page 12: Dissertação_Ângela Cardoso

XI

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Valores mínimo e máximo, média e desvio-padrão para as dimensões

da vinculação ao companheiro e da diferenciação do self

Quadro 2 – Correlações de Pearson entre as dimensões da vinculação ao

companheiro e da diferenciação do self

Quadro 3 – Médias e desvios-padrão para as dimensões da vinculação ao

companheiro e da diferenciação do self, em função do Cluster

Quadro 4 – Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao

companheiro

Page 13: Dissertação_Ângela Cardoso

XII

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

TSFB - Teoria Sistémica da Família de Bowen

QVA - Questionário de Vinculação Amorosa

DSI - Differentiation of Self Inventory

IP - “I” Position

EC - Emotional Cutoff

FO - Fusion with Others

ER - Emotional Reactivity

Page 14: Dissertação_Ângela Cardoso

1

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, a Teoria da Vinculação tem sido objeto de inúmeros trabalhos

empíricos e científicos, sendo sobejamente conhecida. Esta foi aplicada a vários

aspetos da relação do casal, tais como a discórdia, a comunicação, a satisfação e

longevidade da relação, sendo que, em termos gerais, a vinculação adulta segura

está associada a resultados mais positivos do que a vinculação insegura nas relações

de namoro e de casal (Feeney, 1999). Atualmente, um dos constructos relacionados

com a relação de casal que se encontra em voga no âmbito da investigação na

vinculação, é a diferenciação do self. Com efeito, de entre as teorias relacionais do

desenvolvimento, a teoria da vinculação de Bowlby e a teoria sistémica da família de

Bowen fornecem, cada uma delas, um quadro de referência para a compreensão de

como a internalização das experiências vividas na família facilitam o desenvolvimento

da regulação das emoções. Por isso é importante perceber as convergências e as

divergências entre ambos os constructos relativamente às relações românticas.

Estudos têm demonstrado que vinculações seguras estão associadas à conquista da

autonomia, constructo indicativo da diferenciação do self (Skowron & Dendy, 2004).

A presente investigação procurou ajudar a clarificar o constructo da diferenciação

do self através da exploração da sua relação com a vinculação ao companheiro, e da

sua expressão na população portuguesa em termos das variáveis sócio-demográficas.

O trabalho encontra-se organizado em dois capítulos. O objetivo do Capítulo I é

fornecer uma revisão da literatura sobre as variáveis em estudo: a vinculação ao

companheiro e a diferenciação do self. Será, portanto, apresentado de forma breve o

panorama da teoria da vinculação, começando pela revisão dos desenvolvimentos

teóricos da vinculação na infância, no adulto e na relação romântica do adulto; em

seguida, salienta-se a literatura sobre a Teoria dos Sistemas Familiares de Bowen,

focando sobretudo o conceito basilar da sua teoria – a diferenciação do self.

Finalmente, apresenta-se a revisão da literatura relativa à relação entre a teoria da

vinculação e a diferenciação do self. No Capítulo II pretende-se expor o estudo

empírico. Em primeiro lugar são apresentados os Objetivos e hipóteses do estudo.

Segue-se a apresentação do método, começando pela descrição dos participantes,

instrumentos utilizados e respetiva informação psicométrica, e procedimento adotado.

Em terceiro lugar são apresentados os resultados, que se iniciam pelas análises

preliminares, seguidas do teste das hipóteses: estudo das qualidades psicométricas

Page 15: Dissertação_Ângela Cardoso

2

dos instrumentos, estudos descritivos, estudos correlacionais, estudos diferenciais,

análise de clusters e, por último, análise de regressão linear múltipla. Este capítulo

integra ainda a discussão dos resultados, produto da confrontação dos resultados

com as hipóteses pré-estabelecidas. Por último, são apuradas as limitações do

estudo, avançadas pistas para futuras investigações, e apresentada uma sinopse das

conclusões fundamentais do estudo.

Page 16: Dissertação_Ângela Cardoso

3

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

CAPÍTULO I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL

1. Teoria da vinculação

1.1. História sumária

“We are molded and remolded by those who have loved us; and though

the love may pass, we are nevertheless their work, for good or ill”.

François Mauriac (cit in Bowlby 1969/1982, p. 331)

A teoria da vinculação é fruto do trabalho conjunto de John Bowlby e Mary

Ainsworth (Ainsworth & Bowlby, 1991; Bowlby 1969/1982; 1973; 1980). O primeiro foi

um psiquiatra e psicanalista inglês que, durante as décadas de 1940 e 50, iniciou o

desenvolvimento de uma nova teoria, capaz de explicar a importância da ligação

afetiva entre mãe e filho para o desenvolvimento e funcionamento psicológico da

criança bem como as consequências da sua rutura por meio de separação, perda ou

privação (Bretherton, 1992). Bowlby não concordava com as teorias vigentes na

altura que explicavam a ligação mãe-filho ou pela questão biológica de satisfação das

necessidades de alimentação (teoria psicanalítica) ou como reforço secundário

decorrente da mesma necessidade (teoria da aprendizagem social) (Bowlby,

1969/1982). Então, integrando conceitos retirados da etologia, das teorias da

evolução da biologia, das ciências cognitivas, da psicologia do desenvolvimento e da

teoria cibernética dos sistemas de controlo, Bowlby propôs que o vínculo que une a

criança à sua mãe serve uma importante função biológica - a de proteção da criança;

e uma importante função evolutiva - a sobrevivência da espécie (Bowlby, 1969/1982).

Por sua vez, Mary Ainsworth foi uma psicóloga clínica canadiana, que em 1950 foi

integrada na equipa de Bowlby e cujas contribuições estão associadas ao

desenvolvimento de um novo método de estudo que permitiu testar algumas das

ideias de Bowlby e assim ampliar e modificar a teoria da vinculação. (Bretherton,

1992).

Em linhas sumárias, a teoria da vinculação conceptualiza “the propensity of

human beings to make strong affectional bonds to particular others” (Bowlby, 1979,

p.127). Ela compreende os conceitos de vinculação, que corresponde à disposição

Page 17: Dissertação_Ângela Cardoso

4

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

motivacional da criança no de sentido de manter a proximidade espacial com a figura

de vinculação e de comportamentos de vinculação, que, por sua vez, se refere às

várias respostas que o indivíduo adota contextualmente para obter a proximidade

desejada em relação a uma figura de vinculação.

A figura de vinculação é alguém a quem o indivíduo recorre quando se sente

angustiado, ansioso ou assustado. A maior parte das pessoas têm uma hierarquia de

figuras de vinculação (Berman & Sperling, 1994). Contudo, a figura de vinculação

primária é aquela pessoa com quem o sujeito mais gostaria de estar quando se sente

angustiado independentemente de ser ou não a pessoa com maior capacidade para o

ajudar naquela situação. Para as crianças essa pessoa é normalmente um dos pais;

para os adultos a figura primária de vinculação é normalmente o par romântico ou um

amigo próximo (Colin, 1996; Hazan & Zeifman, 1994; Weiss, 1996).

Os comportamentos de um indivíduo em relação à figura de vinculação podem

ser de: procura de proximidade (necessidade de estar perto e/ou manter contato),

refúgio de segurança (recurso à figura de vinculação em busca de conforto, apoio e

tranquilidade), base segura (utilizar a figura de vinculação como base para explorar o

meio) e protesto de separação (resistir à separação e ficar angustiado com a mesma)

(Hazan & Zeifman, 1994). Estes comportamentos servem o intuito de maximizar as

hipóteses do bebé ser cuidado pelos outros (Bowlby 1969/1982).

Bowlby (1969/1982; 1973; 1980) postulou ainda a existência de modelos internos

dinâmicos (internal working models) de representação do self e do outro. Segundo o

autor, ao longo do primeiro ano de vida o bebé cria expectativas e representações

acerca da figura de vinculação (disponibilidade e responsividade) e sobre o self

(reconhecimento do seu valor pessoal e capacidade par influenciar a figura de

vinculação), tendo por base as repetidas interações com a figura de vinculação

(Bowlby, 1973). Essas expectativas vão sendo consolidadas até à adolescência,

altura em que os modelos internos dinâmicos se tornam relativamente estáveis.

Neste sentido, as crianças fazem uma organização da informação acerca do seu

ambiente físico, das suas figuras de vinculação, da sua relação com elas e de si

próprias, desenvolvendo uma maneira própria de ver as relações íntimas que

generalizam, então, para além da família (Bowlby, 1973).

Os modelos internos dinâmicos reúnem expectativas, crenças e emoções acerca

da acessibilidade e disponibilidade da figura de vinculação, mas também informações

sobre a capacidade do indivíduo para suscitar proteção e carinho, envolvendo

representações mentais das figuras de vinculação, de si e do meio ambiente. Para

Page 18: Dissertação_Ângela Cardoso

5

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Bretherton e Munholland (1999), os modelos internos dinâmicos permitem aos

indivíduos antecipar o futuro e fazer planos, eles funcionam como um guião de

avaliação das situações sociais e de assimilação de novas experiências, que permite

ao indivíduo manter uma imagem coerente tanto de si como dos outros.

Durante a década de 1970, Ainsworth e colaboradores desenvolveram uma

técnica chamada “Situação Estranha” que, de uma forma devidamente normalizada,

permitiu observar e medir quatro categorias de comportamentos nas crianças: (1) a

ansiedade de separação, isto é, o desconforto que a criança expressa quando é

deixada pelo cuidador, (2) a disposição da criança para explorar, (3) ansiedade

perante uma situação estranha: a resposta da criança à presença de um estranho e

(4) comportamento reunião: forma como o cuidador foi recebido no seu regresso

(Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978). Este método possibilitou o estudo das

diferenças individuais na organização comportamental da vinculação e categorizar o

comportamento de vinculação segundo três padrões: seguro, evitante, e ansioso-

ambivalente (Ainsworth et al., 1978). Investigações posteriores sugeriram a existência

de um quarto padrão de vinculação designado desorganizado, as crianças com este

padrão de vinculação utilizavam uma mistura de estratégias dos outros três padrões

nas interações com a figura de vinculação (Main & Solomon, 1986).

Mais tarde, Hazan e Shaver (1987) ao estudar o amor romântico no adulto,

observaram uma organização da distribuição dos estilos de vinculação similar à

encontrada na infância por Ainsworth et al. (1978), com cerca de 56% dos sujeitos

seguro, 25% evitantes, e 19% ansiosos/ambivalentes. Desde então têm-se

desenvolvido inúmeros trabalhos no âmbito da vinculação ao par amoroso.

1.2 Vinculação: uma necessidade primária que se mantém para toda vida

Bowlby (1979) afirmou que a qualidade do laço de vinculação estabelecido entre

a criança e a figura de vinculação influencia o indivíduo ao longo de todo o seu ciclo

de vida. Esta ideia está sintetizada na célebre citação de Bowlby segundo a qual a

vinculação influência o individuo “from the cradle to the grave” (p. 129). Durante a

infância a criança tem como principais figuras de vinculação os seus pais. A partir da

adolescência verifica-se uma mudança gradual de vários componentes dos

comportamentos de vinculação em direção a outras figuras de vinculação que não os

pais, resultando numa mudança na hierarquia das figuras de vinculação. Neste

Page 19: Dissertação_Ângela Cardoso

6

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

sentido, Hazan e Zeifman (1999) salientaram que as principais funções da vinculação

(segurança e proteção) descritas por Bowlby na infância (1969/1972, 1973; 1980)

permanecem nas relações íntimas durante a vida adulta, sendo normalmente o par

romântico quem funciona como principal figura de vinculação, deste modo, ambas

podem ser consideradas relações de vinculação (Hazan & Shaver, 1987). Weiss

(1996) sugere que, na idade adulta, a procura de novas figuras de vinculação é

motivada pela maturação social e sexual, pelo aumento da capacidade de reconhecer

as limitações dos pais, e pelo aumento da autoconfiança e da necessidade de

independência. Esta asserção acerca da existência de vinculação na idade adulta é

defendida por Hazan e Zeifman (1999):

The attachment system helps to ensure the development of an enduring bond that

enhances survival and reproductive fitness in direct as well as indirect ways. Pair

bonds are not simply mutually beneficial alliances based on the principle of reciprocal

altruism. Instead, they involve a profound psychological and physiological

interdependence, such that the absence or loss of one partner can be literally life-

threatening for the other (p. 351).

Deste modo, verifica-se que a vinculação na idade adulta partilha semelhanças

com os vínculos formados na infância. Hazan e Zeifman (1999) apoiam a ideia de

continuidade da vinculação mediante a análise de quatro variáveis. (1) Relativamente

ao contato físico (procura de proximidade e contato), observam-se nas relações de

românticas interações íntimas exclusivas destas relações e das interações mãe-filho

que não se verificam noutros relacionamentos. (2) Em segundo lugar, os critérios de

seleção da figura de vinculação são semelhantes nas crianças e nos adultos, estes

vinculam-se preferencialmente àqueles que respondem às suas necessidades

próprias e que são agradáveis, responsivos, competentes e familiares. (3) Também a

reação à separação da figura vinculação, é semelhante: ansiedade e o stress

seguidos de depressão e letargia, e, finalmente, caso a separação seja muito longa,

desapego e reorganização afetiva (Bowlby, 1980). (4) Finalmente, os efeitos sobre a

saúde física e psicológica. A rutura, as desavenças e os ciúmes no relacionamento

com a figura de vinculação, aumentam a suscetibilidade a perturbações fisiológica ou

psicológica devido ao seu efeito negativo sobre o sistema imunitário.

Apesar das semelhanças entre o sistema de vinculação da criança e o do adulto

existem também algumas diferenças significativas entre os dois. Nos relacionamentos

Page 20: Dissertação_Ângela Cardoso

7

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

adultos íntimos ambos os elementos da díade oferecem e recebem cuidados e apoio

uma vez que o sistema de procura de cuidados (careseeking system) e o de

prestação de cuidados (caregiving system) atuam de uma forma simétrica e recíproca.

Além disso nestas relações de vinculação há intimidade sexual, que exerce uma

importante função na promoção e a manutenção do vínculo entre os parceiros pois

induz ao contato, pelo menos nos primeiros estadios das relações (Hazan e Zeifman,

1994, 1999).

Em suma, as relações de vinculação na idade adulta, continuam a exercer a

função de promover o sentimento de segurança básica e consequentemente a

estabilidade emocional do indivíduo (Weiss, 1996).

1.3 A vinculação romântica no adulto: Modelo Bidimensional de Bartholomew

Em meados dos anos 80, emergiram duas grandes correntes de investigação

sobre a vinculação no adulto (Bartholomew & Shaver, 1998; Simpson & Rholes,

1998). A primeira, desenvolvida por Mary Main e seus colaboradores (Main, Kaplan,

& Cassidy, 1985), centrava-se no estudo da relação pais-filhos e recorria à entrevista

como técnica principal de investigação, e.g. Adult Attachment Interview (AAI; George,

Kaplan, & Main, 1985). O seu objetivo principal era perceber como o adulto

organizava e integrava as suas experiências precoces de vinculação e as

representações atuais que mantinha acerca delas. A segunda linha de investigação,

iniciou-se em 1987 com os trabalhos de Cindy Hazan e Philipp Shaver, centrava-se

no estudo das relações românticas e recorria a medidas de autorrelato como técnica

principal de investigação. O seu objetivo principal era explorar o amor romântico

enquanto processo e contexto de vinculação na idade adulta.

Nesse sentido, Hazan e Shaver (1987) organizaram as diferenças individuais

relacionadas com os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos adultos nos

seus relacionamentos íntimos em três padrões de vinculação: seguro, evitante e

ansioso-ambivalente, análogos à classificação tradicional da vinculação infantil

(Ainsworth et al., 1978). No seguimento dos trabalhos destes autores, Collins e Read

(1990), propuseram uma nova linha de abordagem da vinculação do adulto ao par

romântico, as abordagens dimensionais. Estas consideravam a possibilidade do

sujeito se situar ao longo de dimensões contínuas, possibilitando uma maior

variabilidade entre os sujeitos. Deste modo eles pretendiam colmatar as fragilidades

associadas à abordagem categorial de Hazan e Shaver (1987) que, ao agrupar os

Page 21: Dissertação_Ângela Cardoso

8

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

indivíduos segundo características centrais rígidas, não refletia a dinâmica das

relações de vinculação adulta romântica. Posteriormente, Kim Bartholomew (1990,

Bartholomew & Horowitz, 1991) com o intuito de conciliar as duas abordagens

anteriores, sugeriu uma abordagem prototípica da vinculação romântica do adulto.

Este tipo de abordagem prevê a existência de padrões de vinculação distintos,

contudo considera a possibilidade da presença de elementos de vários padrões no

mesmo sujeito (Bartholomew & Shaver, 1998). Assim, deixa de se falar, e.g., de

indivíduos exclusivamente seguros para falar de indivíduos predominantemente

seguros. O modelo bi-dimensional da vinculação proposto por Bartholomew (1990,

Bartholomew & Horowitz, 1991) é ainda hoje a principal referência dentro das

abordagens prototípicas (Matos, 2002). Apoiando-se nos postulados de Bowlby

referentes aos MID, a autora configura um modelo que se organiza em torno da

positividade e negatividade das representações que o sujeito tem de si próprio e do

outro: 1) modelo de si positivo (perceção de si próprio enquanto merecedor de amor e

atenção) vs modelo de si negativo (perceção de si próprio como não merecedor de

amor e atenção); 2) modelo do outro positivo (perceção do outro como confiável e

acessível, capaz de proporcionar apoio e proteção) vs. modelo negativo do outro

(perceção do outro como pouco confiável e rejeitante) (Bartholomew & Horowitz,

1991). É das diferentes combinações entre estas duas dimensões e o seu caráter

positivo ou negativo que se obtêm quatro padrões de vinculação: Seguro – modelo

positivo de si próprio e do outro; Desinvestido – modelo positivo de si próprio e

negativo do outro; Preocupado – modelo negativo de si e positivo do outro; e

Amedrontado – modelo negativo de si próprio e do outro (Bartholomew & Horowitz,

1991; Matos, 2002). Os padrões também podem ser conceptualizado a partir da

combinação da positividade e negatividade de outras duas dimensões, a

dependência (necessidade de validação por parte dos outros para manter a

autoconfiança) e o evitamento da intimidade (desvalorização do contato com os

outros e da expressão emocional pelo medo de rejeição) (Bartholomew & Horowitz,

1991).

Assim, os indivíduos com padrão seguro caracterizam-se por elevados níveis de

autonomia e baixos de evitamento das relações íntimas. Eles veem-se como

merecedores de amor e vêm os outros como dignos de confiança, por isso sentem-se

“comfortable with intimacy and autonomy” (Bartholomew & Horowitz, 1991, p. 227) e

estão disponíveis para se envolver emocionalmente com os outros.

Page 22: Dissertação_Ângela Cardoso

9

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Por seu turno, indivíduos com padrão de vinculação preocupado caracterizam-se

por estarem constantemente “preoccupied with relationships” (Bartholomew &

Horowitz, 1991, p. 227). Eles têm uma perceção negativa de si pelo que apresentam

uma elevada dependência emocional face aos outros, buscando sempre a sua

atenção e aprovação; por outro lado têm um conceito positivo do outro que conduz à

idealização do outro, ao envolvimento exacerbado nas relações e à existência de

níveis de ansiedade de separação elevados.

“Dismissing of intimacy and counterdependent” é assim que Bartholomew &

Horowitz (1991, p. 227) descrevem os indivíduos com padrão de vinculação

Desinvestido. Estes indivíduos tendem a apresentar elevados níveis de autoconfiança

e a valorizar a realização pessoal e independência em detrimento das relações de

intimidade, as quais evitam e desvalorizam. Esta postura é interpretada pela autora

como uma estratégia de defesa decorrente da disposição negativa que estes

indivíduos têm face às outras pessoas. Isto é, negando as necessidades de

vinculação pela valorização da independência, o sistema de vinculação é desativado

e estes não incorrem nos riscos de rejeição. Finalmente, indivíduos com padrão de

vinculação amedrontado são descritos como “fearful of intimacy and socially avoidant”

(Bartholomew & Horowitz,1991. p. 227), estes têm uma autoconfiança baixa e

desejam as relações de intimidade que simultaneamente evitam pelo medo de serem

rejeitados.

A teoria da vinculação fornece uma estrutura para a compreensão da forma como

as pessoas vivenciam os relacionamentos significativos e, ainda, o seu

comportamento nos relacionamentos. São muitos os estudos empíricos que atestam

a validade da teoria de Bowlby e particularmente do modelo bidimensinal da

vinculação, o modelo de referência a ser utilizado neste estudo (Bartholomew &

Horowitz, 1991; Griffin & Bartholomew, 1994).

Page 23: Dissertação_Ângela Cardoso

10

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

2. Teoria Sistémica da Família de Bowen (TSFB)

2.1. História sumária

“Después de haber pasado miles de horas en sesiones com las famílias, me

resulto cada vez más difícil ver a un individuo sin “ver” a todos los demás

miembros de la família, sentados como fantasmas junto a él.”

(Murray Bowen, 2010, p. 25)

A TSFB como o próprio nome indica foi criada e desenvolvida por Murray Bowen

(1913-1990), um investigador, médico, professor e escritor (Guerin & Chabot, 1997)

que na década de 1950, aderiu ao movimento emergente das terapias familiares por

constatar que, apesar da psicanálise ser capaz de explicar toda a gama de problemas,

as suas técnicas não se mostravam eficazes no tratamento dos transtornos

emocionais graves devido ao enfoque no individuo isolado e desvalorização das

relações familiares (Bowen, 2010).

Durante o seu trabalho com pacientes esquizofrénicos Bowen descobriu que a

relação simbiótica mãe-paciente, que na altura hipotetizava estar na base da

sintomatologia psicótica, era apenas o fragmento de um problema da família, em que

o pai detinha um papel fulcral - “the psychosis in the patient was now considered to be

a symptom of the total family problem.” (Bowen, 1960, p. 349). Assim, com o olhar

ampliado sobre a família esquizofrénica, Bowen notou uma forte interdependência

emocional entre os seus membros. Eles eram dominados pelas emoções e as suas

decisões essencialmente fundamentadas nos sentimentos (Bowen, 1960; 1990;

2010). Ao estender as suas observações a famílias com menores graus de psicose e

depois a famílias “normais”, Bowen constatou que os padrões de relacionamento

observados nas famílias esquizofrénicas eram iguais em todas as outras famílias,

variando ao longo de um continuum no grau de intensidade e perturbação emocional

dos seus membros (Bowen, 1990; 2010). Esta descoberta constituiu um novo ponto

de viragem nas investigações de Bowen, no sentido da construção de uma teoria

global do funcionamento emocional humano e dos seus processos de transmissão ao

longo das gerações (Guerin & Chabot, 1997).

A TSFB é, portanto, o resultado da hipótese de pesquisa original, modificada e

ampliada centenas de vezes (Bowen, 1990; 2010) e da convergência dos

Page 24: Dissertação_Ângela Cardoso

11

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

conhecimentos (1) que Bowen adquiriu na observação de inúmeras famílias humanas

nas mais variadas circunstâncias, (2) com os da teoria dos sistemas naturais e (3) os

da teoria da evolução das espécies (Bowen, 1990; 2010; Guerrin & Chabot 1997).

Atualmente, ela é considerada a teoria mais completa no âmbito das perspetivas

sistémicas pois é composta por oito constructos interligados entre si e com

metodologia clínica correspondente (Charles, 2001, Guerrin & Chabot 1997, Papero,

1988, 1998 Skowron, Epps & Cipriano, in press).

A TSFB vê a família como uma unidade emocional constituída por um conjunto

de sistemas e subsistemas interligados entre si1. Faz parte da natureza de uma

família a ligação intensa emocional entre os seus membros, os quais afetam os

pensamentos, sentimentos e ações em tal medida que muitas vezes parece que

vivem todos sob a mesma "pele emocional". Eles solicitam atenção, aprovação e

apoio uns dos outros, e reagem às necessidades, expectativas e angústias de cada

um. Esta ligação e reatividade aos outros tornam o funcionamento dos membros da

família interdependente, tanto que a mudança no funcionamento de um membro da

família é seguida por alterações recíprocas no funcionamento dos outros. As famílias

podem diferir no grau de interdependência, mas há sempre algum grau (Bowen, 1990;

2010).

2.2. Diferenciação do Self

“The core of my theory has to do with the degree to which people are able to

distinguish between the feeling process and the intellectual process.”

(Murray Bowen, 1990, p. 355)

No desenvolvimento da sua teoria, Bowen (1990) usou o termo diferenciação do

self para descrever a capacidade do indivíduo “to maintain autonomous thinking and

achieve a clear, coherent sense of self in the context of emotional relationship with

important others” (Skowron & Friedlander, 1998, p. 237). Isto compreende a

1 Segundo Bowen (1990), cada indivíduo contém três sistemas básicos de funcionamento (além do

biológico), o sistema emocional, o sistema dos sentimentos, e o sistema intelectual. O sistema emocional refere-se às reações automáticas que temos a estímulos ou acontecimentos. Este é o nosso sistema mais primitivo e sobre o qual não temos nenhum controle. O sistema dos sentimentos consiste essencialmente na nossa resposta subjectiva ou avaliação que fazemos do nosso sistema emocional. O sistema intelectual é o nosso sistema de pensamento, aquele que se encontra associado à capacidade racional para decidir como agir acerca da acção. O sistema dos sentimentos é a ponte entre o sistema emocional e o intelectual, ele confere sentido às reações emocionais.

Page 25: Dissertação_Ângela Cardoso

12

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

capacidade do sistema familiar e dos seus membros “to manage emotional reactivity,

act thoughtfully under stress, and allow for both intimacy and autonomy in

relationships” (Skowron et al., in press).

A diferenciação do self opera em dois domínios, o intrapessoal e o interpessoal

ou relacional. A nível intrapessoal a diferenciação do self consiste na capacidade

para distinguir o sistema intelectual do sistema dos sentimentos (Bowen, 1990) e

intencionalmente usá-los para gerir as emoções e os comportamentos (Skowron &

Friedlander, 1998). Indivíduos com baixo nível de diferenciação não reconhecem a

diferença entre os processos emocionais e intelectuais. Eles têm os seus

pensamentos e sentimentos fundidos, são emocionalmente reativos e, portanto,

tomam decisões fundamentadas nos seus sentimentos. (They) “live in a „feeling‟

controlled world in which feelings and subjectivity are dominant over the objective

reasoning process most of the time” (Bowen, 1990, pp.473-474). Em contrapartida,

indivíduos com elevados níveis de diferenciação não têm os seus pensamentos e

sentimentos fundidos, pelo que o indivíduo é capaz de pensar e responder

objetivamente às situações, independentemente dos sentimentos que possam estar

presentes (Skowron & Friedlander, 1998). Assim, há medida que a diferenciação

aumenta, aumenta também a capacidade do indivíduo para discriminar entre

processos de pensamento e de sentimento, gerir emoções fortes, pensar com

objetividade em situações de stress e lidar com a incerteza e a ambiguidade nos

relacionamentos sem perder a calma (Skonrow, in press). Quando a diferenciação é

elevada, o indivíduo tem tempo e energia para atividades dirigidas para Objetivos, ao

passo que, quando a diferenciação é baixa, a maior parte da sua energia é gasta na

procura da atenção, aprovação e amor dos outros (Bowen, 1990; 2010).

A nível interpessoal a diferenciação do self reflete a capacidade do indivíduo para

preservar a autonomia nas relações de intimidade, isto é, para fazer uma gestão

eficaz entre a proximidade e a separação face ao outro. Indivíduos com baixa

diferenciação são emocionalmente reativos, pelo que em situações de ansiedade

tendem a gerir as emoções ou pela fusão ou pelo distanciamento emocional, o que

resulta na extrema proximidade ou distância interpessoal, respetivamente (Bowen,

1990; 2010). Especificamente, a fusão é o ato de reduzir a distância relacional

através da aquisição das crenças e convicções do outro com o intuito de assim,

ganhar o seu amor e aceitação; o distanciamento emocional é ato de aumentar a

distância relacional pelo isolamento físico e/ou emocional ou pela negação das

emoções (Skowron & Friedlander, 1998). Por outro lado, indivíduos com elevados

Page 26: Dissertação_Ângela Cardoso

13

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

níveis de diferenciação, porque são capazes de distinguir os seus sentimentos e

pensar objetivamente sobre as situações, são também capazes de configurar

respostas que não impliquem o uso da sua relação como processo de gestão das

emoções; eles negoceiam a proximidade e a distância. Assim, são capazes de

estabelecer relações com maior autonomia, sem que sintam medos de abandono

debilitantes; e de obter intimidade emocional nesses relacionamentos, sem que

experimentem o medo de se sentir sufocados ou aglutinados (Bowen, 1990; 2010).

De acordo com o seu grau de diferenciação, as pessoas podem posicionar-se em

relação aos outros segundo o seu sentido de self de três modos: (a) I-position, (b)

emotional cutoff, e (c) fusão (Bowen, 1990). Segundo Bowen, cada pessoa tem um

basic self e pseudo-selves (Bowen, 1990). O basic self é genuíno e constante, e não

é influenciado ou alterado por pressões dentro das relações íntimas. Ele só pode ser

alterado ou influenciado pela própria pessoa. Por outras palavras, o basic self não

oscila a fim de ser querido, amado ou aceite, e não cede à coerção emocional dos

outros. Por outro lado, o pseudo-self é alterado pela influência dos relacionamentos

importantes. Normalmente, o pseudo-self funde-se com os outros e adquire as

crenças e convicções do outro como se fossem suas. Em contraste com o basic self,

no qual as crenças e convicções dos outros são ouvidas sem que as do próprio sejam

alteradas, para o pseudo-self, partilhar as ideias do outro é visto como uma fonte de

amor e aceitação. Quando o pseudo-self se torna maior em relação ao basic self, e a

distância do parceiro é percebida pelo indivíduo como uma ameaça, o sujeito tem

reações emocionais excessivas, ou no sentido da fusão ou no sentido oposto da

distanciação, estes sujeitos são pois, pouco diferenciados. Eles aprendem a gerir a

ansiedade fundindo-se com o outro emocionalmente importante (Bowen, 1990) ou

através de um processo aparentemente oposto que enfatiza a separação da família

ou outro parceiro romântico.

A contrastar com as duas posições emocionalmente reativas, a I position reflete

uma elevada diferenciação do self (Bowen, 1990). Posicionando-se num I position, e

apesar da presença de alguns pseudo-self, o basic self do indivíduo não flutua, a fim

de ser querido, amado ou aceite, e por isso, o indivíduo não cede à coerção

emocional dos outros. Em vez disso, a pessoa reconhece as emoções do parceiro e

inclui essas emoções na resolução dos problemas ou situações de grande carga

emocional.

No seu âmago, a diferenciação do self envolve a capacidade para regular as

emoções e o comportamento nos relacionamentos significativos, o que por sua vez

Page 27: Dissertação_Ângela Cardoso

14

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

potencia as capacidades relacionais de autenticidade, intimidade madura bem como

a capacidade de manter um self claramente definido no seio das relações

significativas (Skonrow, in press). Trata-se de um processo normativo e uma

propriedade fundamental das relações familiares; A diferenciação do self e as

posições relacionais são aprendidas e estabelecidas na infância, no seio da família

de origem (Bowen, 1990; 2010). O nível de diferenciação é relativamente consistente

em todo o sistema familiar com um limite de variação entre irmãos e entre gerações

(Skonrow, in press).

2.3. Investigação

Os conceitos que constituem a TSFB são complexos e de difícil

operacionalização. Talvez por isso, durante muito tempo predominou o seu estudo

teórico perante o estudo empírico. A construção, de instrumentos psicométricos

capazes de medir com precisão constructos como a diferenciação do self vieram abrir

novos caminhos à investigação que logo evidenciaram a sua relação com os mais

variados constructos: ansiedade crónica e a adaptação psicológica (Skowron &

Friedlander, 1998), adaptação ao casamento e satisfação conjugal (Peleg, 2008;

Skowron, 2000), stress e estratégias de coping (Murdock & Gore, 2004), ansiedade

de separação (Peleg, Halaby, & Whaby, 2006; Peleg & Yitzhak, 2011), stress em

alunos do ensino superior na adaptação à faculdade (Skowron, Wester, & Azen,

2004), saúde física (Peleg-Popko, 2002), bem-estar psicológico (Skowron, Holmes, &

Sabatelli, 2003), competências de regulação emocional (Skowron & Dendy, 2004),

sentimento de pertença a um grupo étnico (Skowron, 2004), violência na relação

(Skowron & Platt, 2005).

Até ao momento, a pesquisa não conseguiu suportar a hipótese de Bowen de

que os casais tendem a emparelhar-se com semelhantes níveis de diferenciação

(Skowron, 2000; Spencer & Brown, 2007), nem que pais e filhos adultos operam em

níveis semelhantes de diferenciação.

Page 28: Dissertação_Ângela Cardoso

15

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

3. Teoria da vinculação e TSFB: Que relação?

Pela leitura da resenha apresentada fica claro que apesar da vinculação e da

diferenciação do self compreenderem constructos de teorias diferentes e terem

significados diferentes, ambas se debruçam sobre o modo como as pessoas gerem

as emoções na interação com os seus significativos. Contudo, nem sempre estes

dois constructos têm sido analisados em conjunto.

Ecke, Chope e Emmelkamp (2006), na tentativa de perceber como poderiam

potenciar os resultados terapêuticos a partir da utilização conjunta dos dois

constructos, procuraram os pontos de convergência entre as duas teorias. Eles

constataram que ambas as teorias consideram as relações interpessoais e familiares

fundamentais para o desenvolvimento saudável dos indivíduos e fonte do

desenvolvimento de perturbações; e que, tanto Bowen (1990; 2010) como Bowlby

(1969/1982) vêm o desenvolvimento humano como resultado dos relacionamentos

estabelecidos, e os relacionamentos como parte de um sistema sustentado por forças

opostas de natureza orgânica. As forças de união da TSFB podem ser vistas como

análogas aos comportamentos de procura de cuidados e de prestação de cuidados

na teoria da vinculação de Bowlby e o desejo de autonomização como análogo ao

desejo de exploração do meio (Ecke et al., 2006).

Na teoria da vinculação, a ativação do sistema de vinculação é acompanhado por

ansiedade, na TSFB o desequilíbrio entre as forças de união e de separação no

sistema familiar é vivida pelo indivíduo com ansiedade. Em ambas, é o modo como

os indivíduos gerem a ansiedade que permite classificar o seu comportamento. Para

os dois autores, em situação de ansiedade, os indivíduos inseguros deixam de ser

eles mesmos e passam a viver de acordo com regras externas, criando padrões de

resposta inflexíveis que apesar de automáticos, diminuem a qualidade dos

relacionamentos. Por seu turno, a flexibilidade de resposta representa o estado

saudável e deve ser, por isso, o objetivo da terapia.

Também a explicação para a origem dos problemas da criança é consensual nas

duas teorias, ambas os consideram enraizados nas práticas e relações parentais - os

padrões de relacionamento saudáveis são um mecanismo complexo que envolvem

fisiologia e cognição, e que resultam do sistema de relação em que cada um é criado.

Bowen define isto como diferenciação do self com um mínimo de fusão e Bowlby

como vinculação segura promotora da exploração.

Page 29: Dissertação_Ângela Cardoso

16

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Por último, tanto a TSFB como a teoria da vinculação de Bowlby, reconhecem

que os padrões de resposta nos relacionamentos são intergeracionais. Esta ideia

está patente nas próprias palavras de Bowlby: (there‟s a) "strong tendency for

attachment problems to be transmitted across generations, through the influence on

parenting behaviour of relationship problems stemming from the parent's own

childhood" (1988, p. 146); e nos conceitos de Bowen de “processo de proyección de

la familia”, mediante el cual los problemas de los padres se transmitem a los hijos” (e

de) “transmisión multigeneracional”, hecha por los padres, de distintos grados de

“madurez” e “inmadurez” através de várias generaciones (2010, p. 37).

A investigação empírica começa agora também a confirmar que há mais

semelhanças do que diferenças entre as duas teorias. Skowron e Schmitt (2003)

descobriram que baixos níveis de diferenciação do self estavam significativamente

relacionados com elevados níveis de fusão ao cônjuge e várias dimensões da

vinculação insegura; e que estes indivíduos apresentavam uma preferência por

relacionamentos íntimos com limites psicológicos e emocionais indefinidos,

possivelmente numa tentativa de aliviar a ansiedade que resulta do medo de

abandono. Skonrow e Dendy (2004), num outro estudo em que procuravam testar

especificamente a convergência entre o conceito de diferenciação do self de Bowen

(1990) e a teoria da vinculação de Bowlby (1982), encontraram relações significativas

entre as dimensões da diferenciação do self e as da vinculação no adulto, com a

diferenciação do self a prever até 40% da variância da vinculação ansiosa e 62% da

variância da vinculação evitante. Estes resultados permitiram constatar que as teorias

partilham duas dimensões semelhantes - a dialética da necessidade humana de

intimidade e autonomia; e que a manutenção de ligações positivas com os cuidadores

e parceiros anda de mãos dadas com a conquista da autonomia. Lippitt (2005) vem

corroborar estes resultados ao aferir que elevados níveis de diferenciação do self e

de segurança na figura de vinculação (i.e., baixos níveis de vinculação evitante e

ansiosa) estavam positiva e significativamente associados a uma maior satisfação

conjugal. Thorberg Lyvers (2006), quando investigam a diferenciação do self, a

vinculação e a intimidade, encontram resultados que vão no mesmo sentido ao

constatarem que os clientes com distúrbios relacionados com abuso de substâncias

tinham menor diferenciação do self, maior medo da intimidade e um padrão de

vinculação predominantemente inseguro quando comparado com clientes sem

distúrbios relacionados com abuso de substâncias. Mais recentemente, Hollander

(2007) encontrou uma associação significativa e positiva entre (a) a vinculação

Page 30: Dissertação_Ângela Cardoso

17

Capítulo I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

ansiosa, a reatividade emocional e a incapacidade para manter um self claramente

definido, e (b) a vinculação evitante, baixa reatividade emocional e corte emocional.

A teoria da vinculação fornece uma estrutura para a compreensão da forma como

as pessoas vivenciam e se comportam nos seus relacionamentos significativos. Por

seu turno, a TSFB, tem contribuído substancialmente para a perceção da influência

da ansiedade no desenvolvimento de diferentes padrões de resposta nos membros

de um sistema familiar, e para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas

apropriadas às diferentes reações de ansiedade no sistema. Contudo, a avaliação da

diferenciação do self, tem sido feita principalmente sob a forma de entrevistas e

genogramas que são de aplicação mais exigente e que não propicia uma avaliação

pré e pós-tratamento (Ecke et al., 2006). Tanto a vinculação como a diferenciação do

self estão teoricamente ligadas à gestão dos afetos nos relacionamentos românticos

e no ambiente familiar de origem (Bowen, 1990; 2010; Bowlby, 1969/1982), e

pressupõem que a pessoa aprende e interioriza padrões de comportamento e

expectativas ao longo do desenvolvimento que são usados na idade adulta, talvez

abaixo do nível de consciência.

O presente estudo utiliza constructos da teoria da vinculação de Bowlby

(1969/1982; 1973; 1980) e da TSFB (1990; 2010) como lentes para melhor

compreender as relações românticas. A provar-se que as duas terias estão

interligadas, compreender as respostas do cliente à ansiedade e ser capaz de as

associar a um padrão de vinculação pode abrir novos caminhos à compreensão das

especificidades de construção e manutenção dos mecanismos de gestão dos afetos e

assim projetar novas abordagens terapêuticas, potencializando a eficácia do

processo psicoterapêutico no sentido da melhoria das relações românticas e

familiares da população.

Page 31: Dissertação_Ângela Cardoso

18

OBJECTIVOS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO Capítulo II

Capítulo II - Estudo Empírico

1. Objetivos e hipóteses de investigação

Embora Bowlby se tivesse essencialmente debruçado sobre o comportamento de

vinculação na infância e lhe atribuísse uma importância fulcral no desenvolvimento da

criança, afirmou também que este continua a desempenhar um papel determinante

na vida adulta (Bowlby, 1969/1982). Consistente com esta afirmação, nos últimos

anos tem-se assistido a uma rápida proliferação da literatura acerca da vinculação no

adulto, que tem vindo a prestar suporte empírico à asserção de que a segurança

permanece uma característica essencial das relações ao longo da vida adulta (Weiss,

1996; Matos, 2002). Integrado numa investigação sustentada na perspetiva sistémica

transgeracional (Bowen, 1990), cujo objetivo é perceber os processos de

reorganização/manutenção dos padrões de vinculação romântica em casais, o

presente trabalho constituí-se como um estudo exploratório, a partir do qual se

desenvolve a validação do instrumento de Diferenciação do Self, a utilizar como

variável mediadora na supracitada investigação.

Por conseguinte, surge como principal objetivo deste estudo compreender a

relação entre a diferenciação do self e a qualidade da relação de vinculação com o

companheiro.

Especificamente pretende-se:

1. Examinar de que modo os indivíduos vivenciam as suas relações amorosas.

Concretamente, perceber a vinculação ao companheiro, partindo do

pressuposto que os indivíduos que constituem a amostra têm já uma relação

de vinculação ao par amoroso, sendo que este funciona como fonte de

conforto, segurança e apoio emocional (Hazan & Shaver, 1994; Hazan &

Zeifman, 1999). Pretende-se perceber se a distribuição dos estilos de

vinculação corresponde à solução de quatro protótipos interpretáveis à luz do

modelo de Kim Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz, 1991).

2. Contribuir para o desenvolvimento da metodologia de avaliação da

diferenciação do self através da validação da versão portuguesa da

Differentiation of Self Inventory. Espera-se que a escala seja capaz de

Page 32: Dissertação_Ângela Cardoso

19

OBJECTIVOS E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO Capítulo II

apurar, por um lado, a capacidade intrapsiquica do indivíduo para demarcar

o sistema de pensamento do de sentimento, e por outro, a habilidade

interpessoal para manter as ligações com os significativos e simultaneamente

conquistar a autonomia do self. Nomeadamente, espera-se que se organize nos

quatro componentes propostos pelas autoras, Skowron e Friedlander (1998):

Emotional Cutoff (EC), Emotional Reactivity (ER), “I” Position (IP) e Fusion with

Others (FO). Pretende-se ainda explorar como a diferenciação do self se

expressa na nossa amostra.

3. Estudar associações entre as dimensões e padrões da vinculação ao

companheiro e as dimensões da diferenciação do self. Trabalhar-se-á com a

hipótese de que, de acordo com Skowron e Dendy (2004), uma maior

segurança da vinculação ao companheiro está relacionada com uma maior

diferenciação (isto é, menor distanciamento emocional, reatividade emocional e

fusão com os outros; e maior convicção nos seus pontos de vista).

Particularmente, espera-se associações positivas do EC e do ER e negativas do

IP com a vinculação evitante e associações positivas da ER, EC e FO e

negativas do IP com a vinculação ansiosa (Skowron & Dendy, 2004)2.

4. Explorar em que medida as dimensões da diferenciação do self são capazes de

predizer a qualidade da vinculação ao companheiro. Com efeito, espera-se

obter modelos diferenciados por dimensão da vinculação.

5. Analisar o efeito das variáveis sócio-demográficas na vinculação ao

companheiro e na diferenciação do self. De acordo com a literatura, não são

esperadas diferenças etárias e de sexo no que diz respeito às dimensões de

vinculação na relação com o companheiro (Brennan & Shaver, 1995), bem

como na duração da relação, uma vez que se está a estudar indivíduos com

relações de vinculação já estabelecidas (Hazan & Zeifman, 1999).

Todas estas variáveis, idade, duração da relação, escolaridade e sexo,

também serão alvo de exploração relativamente às dimensões da

diferenciação do self. Atendendo à investigação, não são esperadas

diferenças relativamente à idade e à escolaridade (Skowron & Friedlander,

1998; Skowron, 2000; Skowron, Holmes & Sabatelli, 2003; Skowron &

Dendy, 2004), contrariamente espera-se que as mulheres apresentem

maiores níveis de reatividade emocional (Skowron & Friedlander, 1998) e

fusão com os seus significativos (Skowron, Holmes & Sabatelli, 2003).

2 Na interpretação dos resultados é necessário ter em atenção os constructos invertidos, e.g. uma correlação

com sinal positivo entre o EC e evitamento não significa maior distanciamento emocional mas menor.

Page 33: Dissertação_Ângela Cardoso

20

MÉTODO Capítulo II

2. Método

Nesta secção, é explanada a metodologia do estudo, começando pelos

participantes. De seguida, são descritos os instrumentos de medida utilizados e, por

fim, é feita a descrição do procedimento.

2.1 Participantes

O presente estudo empírico contou com a participação de 486 sujeitos,

residentes nos distritos do Porto e Braga, onde foi recolhida a amostra.

Do número total, 243 (50%) participantes pertencem ao sexo feminino e outros

tantos ao sexo masculino, e as idades estão compreendidas entre os 21 e os 87 anos

(M = 52.16, DP = 15.16).

Em relação ao nível de escolaridade, verificou-se uma elevada heterogeneidade

da amostra. Efetivamente, 226 (46.5%) participantes concluíram o primeiro ciclo, 59

(12.1%) completaram o segundo ciclo, 60 (12.3%) findaram o terceiro ciclo, 79

(16.3%) concluíram o Ensino Secundário e 51 (10.5%) participantes possuem

formação Superior.

Todos os sujeitos que participaram na presente investigação são casados ou

vivem em união de fato (numa relação heterossexual) e, do ponto de vista da duração

da relação3, verificou-se uma flutuação entre 3 e 56 anos (M = 27.60, DP = 15.01) de

durabilidade. Importa salvar, quanto a esta variável, que um mínimo de três anos em

regime de coabitação constituiu um critério para a inclusão na amostra. De fato,

pretende-se estudar casais cuja relação de vinculação esteja bem estabelecida e a

fase de enamoramento, comum no início das relações, tenha já corrido.

De acordo com a investigação, relações com mais de dois anos de duração, são

passíveis de serem consideradas relações de vinculação (Hazan & Shaver, 1994;

Hazan & Zeifman, 1999).

Sublinhe-se que a integração deste estudo numa investigação de maior

amplitude, com os Objetivos já enunciados, teve repercussões na caracterização da

3 Note-se que, quando se refere a duração da relação, não se pretende reportar o tempo de namoro, mas

apenas o tempo de casamento/união de fato.

Page 34: Dissertação_Ângela Cardoso

21

MÉTODO Capítulo II

amostra, nomeadamente na grande amplitude de idades, na média elevada da

duração da relação e no baixo nível de escolaridade que se verificou4.

A caracterização pormenorizada da amostra encontra-se no Anexo 1.

2.1. Instrumentos

2.1.1. Questionário sócio-demográfico

O Questionário Demográfico destinava-se à recolha de informação demográfica

pertinente para o estudo, como a idade, sexo, escolaridade, a duração da relação e o

número de filhos (ver Anexo 2).

2.1.2. Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) – versão breve

Para a avaliação da qualidade da vinculação dos indivíduos, foi aplicado o

Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) – versão breve (Anexo 3). Este, é um

instrumento de autorrelato de 25 itens, que deriva do seu homónimo de 52 itens,

construído e desenvolvido por Matos, Barbosa e Costa (2001) e adaptado para a

versão breve por Matos, Cabral e Costa em 2008. Fundamentado na teoria da

vinculação de Ainsworth e Bowlby e no modelo bidimensional da vinculação adulta de

Kim Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz, 1991), o QVA procura, através de

uma escala tipo Likert com valores de concordância de 1 (“concordo totalmente”) a 6

(“discordo totalmente”), avaliar como se posicionam os participantes acerca do que

sentem e pensam em relação ao par romântico.

O questionário está organizado em quatro fatores ou dimensões, são elas: a

Confiança, que com 6 itens, avalia as perceções do sujeito quanto à responsividade

do par romântico para satisfazer as suas necessidades e proporcionar conforto e

apoio e, em que medida, o companheiro é percecionado como base segura de

incentivo à exploração (e.g., “O(A) meu(minha) companheiro(a) respeita os meus

sentimentos”); a Dependência, também com 6 itens, e que avalia a necessidade de

proximidade física e emocional (e.g., “Eu e o(a) meu(minha) companheiro(a) é como

se fôssemos um só.”, a ansiedade de separação (e.g. “Só consigo enfrentar situações

novas, se ele(a) estiver comigo”) e o medo da perda (e.g., “Não sei o que me vai

4 Tal deve-se ao caráter transgeracional do estudo mencionado, cuja amostra são famílias com as seguintes

características: jovens heterossexuais, em regime de coabitação há um mínimo de três anos, com pais vivos,

também em regime de coabitação e com condições cognitivas para responder aos questionários. Desta forma,

em cada família foram acedidas duas gerações, os casais jovens, também denominados de “casais da

segunda geração” numa proporção 1/3 e os “casais de primeira geração”, numa proporção de 2/3.

Page 35: Dissertação_Ângela Cardoso

22

MÉTODO Capítulo II

acontecer se a nossa relação terminar”); o Evitamento, que com 6 itens, avalia, por

um lado, o papel secundário que o companheiro ocupa no preenchimento das

necessidades de vinculação do sujeito (e.g., “Na minha vida, a minha relação

amorosa é secundária”), por outro, a centração do sujeito na sua capacidade de

resolução de problemas (e.g., “Quando tenho um problema, prefiro ficar sozinho(a) a

procurar a(o) minha(meu) companheira(o)”); e por fim, a Ambivalência, com 7 itens,

que reflete a insegurança do sujeito, expressa numa forte irritabilidade face a

situações imprevisíveis e na dúvida sobre o papel que desempenha enquanto figura

amorosa (e.g., “Tenho dúvidas se sou realmente importante para ele(a)”), bem como

as suas próprias emoções relativamente ao par romântico (e.g., “Às vezes acho que

ela(e) é fundamental na minha vida; outras vezes não”).

Salientam-se as boas qualidades psicométricas evidenciadas em diversos

estudos com a versão alargada do QVA (Barbosa, 2002; Barbosa, 2008; Rocha, 2008;

Santos, 2005) e que começam a ser replicadas nos estudos com o QVA - versão

breve (Assunção, 2009).

2.1.3. Differentiation of Self Inventory (DSI)

O Differentiation of Self Inventory (DSI), é um instrumento de autorrelato,

construído e desenvolvido por Skowron e Friedlander em 1998, cuja versão

portuguesa é de Gouveia, Oliveira e Costa (2009). Segundo as autoras, inspirado nas

contribuições teóricas de Bowen (1976, 1978, Kerr & Bowen, 1988), ele pretende

avaliar o funcionamento emocional, a intimidade e a autonomia nas relações

interpessoais adultas através da avaliação dos seus relacionamentos significativos e

relação atual com a família de origem (inSkowron & Friedlander, 1988).

O DSI contém, 43 itens classificados segundo uma escala tipo Likert de 6 pontos,

em que 1 significa “Não é de todo verdade” e 6 “Totalmente verdade” e é constituído

por quatro subescalas: Emotional Reactivity (ER), “I” Position (IP), Emotional Cutoff

(EC) e Fusion with Others (FO).

A primeira, ER, é composta por 11-items e avalia a tendência do sujeito para

responder aos estímulos ambientais com recurso a respostas emocionais

automáticas e labilidade emocional (e.g., “Por vezes os meus sentimentos tomam

conta de mim e fico com dificuldade em pensar com clareza;” item invertido).

A subescala IP, é também constituída por 11 itens, que refletem um sentimento

de self claramente definido, bem como a capacidade do sujeito de, conscientemente,

se manter fiel às suas convicções pessoais mesmo quando pressionado em contrário

Page 36: Dissertação_Ângela Cardoso

23

MÉTODO Capítulo II

(e.g., “Sou capaz de dizer “não” aos outros mesmo quando me sinto pressionada”).

Pontuações altas nesta subescala, indicam uma capacidade de mantêm-se fiel às

suas convicções e por isso uma maior diferenciação do self.

A terceira subescala, EC, contém 12 itens que refletem por um lado o medo de

intimidade ou super envolvimento nos relacionamentos (e.g., “Tenho dificuldade em

expressar os meus sentimentos às pessoas de quem gosto”; item invertido) e por

outro, os comportamentos de defesa contra esses medos (e.g., “Quando algum

relacionamento se começa a tornar muito intenso, sinto a necessidade de me afastar”;

item invertido). Pontuações altas nesta subescala significam menor evitamento

emocional e por isso maior diferenciação.

Finalmente, a quarta subescala, FO, com 9 itens, mede o envolvimento

emocional com as pessoas significativas (e.g., “Preocupa-me que as pessoas que me

são próximas fiquem doentes, magoadas ou preocupadas”; item invertido) e a

identificação excessiva com os pais, compreendida como adoção dos valores,

crenças e expectativas parentais sem as questionar (e.g., “Procuro corresponder às

expectativas dos meus pais”; item invertido). Aqui, sem dúvida, pontuações mais altas

significam menos fusão ou seja uma maior diferenciação do self.

Para calcular a pontuação total do DSI, todos os itens que constituem as

subescalas RE, EC, FO e um da subescala IP devem ser invertidos, de modo que,

pontuações mais altas significarão maior diferenciação. Depois de invertidos os itens,

o seu valor é somado e dividido pelo número total de itens que compõe o instrumento,

assim, na escala total, a pontuação variará de 1 (baixa diferenciação) a 6 (alta

diferenciação). Para facilitar a comparação de resultados entre a escala total e as

subescalas, é calculada a pontuação de cada subescala individualmente através da

inversão dos respetivos itens, soma e divisão pelo número de itens da subescala.

Deste modo, e à semelhança do que acontece com a escala total, a pontuação de

cada uma das subescalas vai variar entre 1 e 6, com uma maior pontuação a refletir

uma maior a diferenciação.

Vários estudos levados a cabo pelas autoras, atestam as boas qualidades

psicométricas do instrumento (Skowron & Friedlander, 1998; Skowron, 2000; Skowron,

Holmes, & Sabatelli, 2003; Skowron & Dendy, 2004)

Page 37: Dissertação_Ângela Cardoso

24

MÉTODO Capítulo II

2.2. Procedimento

Encontrar famílias em que todos os elementos preenchessem os requisitos pré-

definidos foi difícil, assim como o foi, em muitos casos, que todos aceitassem

participar. Como cada família era composta por 3 casais, numa proporção de dois

casais de 1ª geração por cada casal de 2ª geração, optou-se por colocar os

questionários em envelopes individuais, passíveis de serem selados. Cada envelope

continha uma mensagem de solicitação de colaboração (Anexo 5) que referia o

objetivo da investigação e que remetia para a confidencialidade de todo o processo

de análise de dados. Seguiam-se, então, os questionários. Primeiro o de recolha dos

dados demográficos e depois, sem uma ordem específica, o QVPM (Questionário de

vinculação ao pai e à mãe), AIRS (Authenticity inRelationships Scale), DSI

(Differentiation of Self Inventory) e QVA (Questionário de Vinculação Amorosa).

Foram dadas indicações para selar o envelope assim que terminado o preenchimento

do questionário, tendo sido, para isso, utilizados envelopes de fecho rápido. Isto tinha

como objetivo garantir aos participantes que apenas o investigador ia ter acesso aos

dados presentes do questionário. Cada envelope estava codificado de forma a

permitir ao investigador perceber o grau de parentesco dentro das famílias.

Foi nestes modos que se efetuou a administração dos mais de 600 envelopes,

durante os anos de 2009 e 2010, a casais em regime de coabitação (casados ou em

união de fato) há um mínimo de três anos e seus respetivos pais. Regressaram às

nossas mãos 570 envelopes, 285 casais, 95 famílias.

Page 38: Dissertação_Ângela Cardoso

25

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

3. Apresentação dos Resultados

A presente secção destina-se à apresentação dos resultados relativos às

análises preliminares e teste de hipóteses. Para tal, recorreu-se ao Pasw Statistics 18.

3.1. Análises Preliminares

Nas análises preliminares, foram examinados os dados quanto à normalidade,

outliers e dados omissos. De seguida, procedeu-se à análise descritiva dos mesmos

para o cálculo das médias, desvios-padrão e consistência interna dos instrumentos,

análise das correlações entre as dimensões dos instrumentos e teste dos efeitos das

variáveis sócio-demográficas nas dimensões em estudo.

Embora tenham respondido aos questionários 570 sujeitos, 72 desses foram

eliminados por não completarem uma parte substancial dos mesmos, restando 498

participantes. Além disso, 12 tiveram perdas aleatórias de dados, pelo que também

foram excluídos, constituindo, então, a amostra 486 participantes.

Para a pesquisa de outliers, recorreu-se à inspeção dos gráficos Boxplot que,

embora tenham identificado alguns participantes como possíveis outliers, depois de

comparada a média de resposta ao item com a 5% Trimmed Mean5, nenhum destes

se revelou um verdadeiro outlier, pois em todos os itens, ambas as médias eram

semelhantes. Deste modo, nenhum participante foi excluído da análise.

Os testes de normalidade Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, revelaram-se

significativos, o que indica ausência de normalidade. Contudo, nas Ciências Sociais e

Humanas, as distribuições normais são raras e consideradas por muitos autores uma

“abstração estatística”. Sobrevém que, como referido na literatura, em amostras de

dimensão considerável (≥ 200), a não normalidade não é tão preocupante (Pallant,

2005). Portanto, com uma amostra que ultrapassa em grande margem o valor critério,

nada foi feito em relação a este aspeto.

5 Média recalculada após removidos os extremos superiores (5%) e inferiores (5%).

Page 39: Dissertação_Ângela Cardoso

26

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

3.1.1. Estudo da qualidade psicométrica dos instrumentos

O estudo das qualidades psicométricas dos instrumentos compreendeu a análise

da estrutura fatorial, o cálculo do coeficiente de consistência interna e correlação

entre as subescalas.

3.1.1.1. Questionário da Vinculação Amorosa (QVA)

O primeiro passo ao realizar uma análise fatorial é avaliar a adequação dos

dados ao uso desta estatística. Isto requer a inspeção: da matriz de correlação para

os coeficientes iguais ou superiores a .3; o cálculo da medida de Kaiser-Meyer-Olkin

(KMO) para valores superiores a 0.6; e da significância do teste de esfericidade de

Bartlett. O QVA apresentou na matriz de correlação coeficientes que corroboram os

supracitados pressupostos de adequação da amostra, obtendo correlações iguais ou

superiores a .3 na matriz de correlação, KMO = 0.92 e teste de esfericidade de

Bartlett X2 (300) = 4507.04, p < .001.

Para determinar o número de fatores a extrair, foi utilizado o critério de Kaiser

(eigenvalues maior que 1.0) e o “Teste do Cotovelo” de Catell que sugeriram uma

divisão em cinco fatores, com uma variância total de 57.26%. Contudo, optou-se pela

extração em quatro fatores, de acordo com a efetuada no instrumento original, pois,

por um lado, é a que melhor se coaduna com a bibliografia do fenómeno em estudo,

e por outro, não altera em muito a variância total (53.02%).

A segunda etapa consiste na Análise Fatorial Exploratória em Componentes

Principais, com rotação Varimax. Os itens foram sujeitos à rotação duas vezes,

tendo-se, para a segunda, eliminado dois dos 25 itens originais (porque a sua

saturação naquele fator era incongruente com o indicado na literatura). O instrumento

utilizado no estudo é, por conseguinte, composto por 23 itens, organizados em quatro

fatores, que correspondem às dimensões encontradas e explicam 52.67% da

variância total.

Interpretados os itens que constituem cada um dos fatores, verificamos que estes

correspondem, pela seguinte ordem, às dimensões Evitamento, Confiança,

Dependência e Ambivalência. A dimensão Evitamento, com 7 itens, explica 18.99%

da variância total e as saturações oscilam entre 0.37 e 0.79; a dimensão Confiança,

com 5 itens, explica 11.90% da variância total, variando as saturações entre 0.38 e

0.80; a dimensão Dependência, com 6 itens, explica 11.35% da variância total, e as

saturações variam entre 0.43 e 0.74; por fim a dimensão Ambivalência, com 5 itens,

Page 40: Dissertação_Ângela Cardoso

27

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

explica 10.44% da variância total, e as suas saturações variam entre 0.37 e 0.76

(Anexo 6A).

No que concerne ao coeficiente Alpha de Cronbach, verificou-se que os fatores

respeitaram os valores mínimos recomendados de .7: a dimensão Evitamento obteve

um valor de .84, a dimensão Confiança teve um valor de .81, a dimensão

Dependência deteve um valor de .71 e a dimensão Ambivalência de .74 (Anexo 6B).

Finalmente, a relação entre as dimensões foi avaliada pelo coeficiente de

correlação de Pearson. Ao observar as correlações interdimensão, constatou-se que

as quatro dimensões que compõem o QVA estão correlacionadas entre si de forma

significativa. O Evitamento surge correlacionado de forma negativa alta à Confiança (r

= -.52, p < .01), negativa baixa à Dependência (r = -.19, p < .01), e positiva alta à

Ambivalência (r = .70, p < .01); a Confiança tem uma correlação positiva alta com a

Dependência (r = .53, p < .01) e negativa média com a Ambivalência (r = -.47, p

< .01); por fim, a correlação entre a Dependência e a Ambivalência é negativa baixa

(r = -.18, p < .01)6 (Anexo 6C).

3.1.1.2. Differentiation of Self Inventory (DSI)

Os 43 itens da escala de Diferenciação do self (DSI) foram submetidos à Análise

Fatorial Exploratória em Componentes Principais. Antes da sua realização, os dados

foram avaliados quanto à adequação para a utilização desta estatística. A matriz de

correlação revelou a presença de coeficientes iguais ou superiores a .3, o valor de

KMO foi igual a 0.83 (excedendo largamente o valor de 0.6 recomendado) e o Teste

de esfericidade de Bartlett alcançou significância estatística. A análise dos

Componentes Principais revelou a presença de nove fatores, com eigenvalues acima

de 1.0, que explicam 56.27% da variância total. A observação do “Teste de Cotovelo”

de Cattel evidenciou uma quebra clara depois do quarto fator, por isso, e por

sugestão da literatura, decidiu-se adotar a estrutura em quatro fatores para as

restantes análises. Para auxiliar na interpretação destes quatro fatores foi realizada a

rotação varimax por duas vezes, tendo-se, para a segunda, eliminado oito dos 43

itens originais (porque ou não saturou em nenhum fator ou a sua saturação no fator

era incongruente com o indicado na literatura).

6 Os valores de corte utilizados como referência para a classificação das correlações como baixa, média ou

alta foram os sugeridos por Cohen (1988 in Pallant, 2005).

Page 41: Dissertação_Ângela Cardoso

28

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

O instrumento utilizado no estudo é, por conseguinte, composto por 35 itens,

organizados em quatro fatores, que correspondem às dimensões encontradas, e

explicam 39.75% da variância total.

No fator 1, com as saturações a oscilar entre 0.38 e 0.69, concentraram-se 12

itens relativos ao Emotional Cutoff, que representam 13.25% da variância total. No

fator 2, com as saturações a oscilar entre 0.38 e 0.67, agrupam-se 10 itens, relativos

ao Emotiona Reactivity, que representam 10% da variância total. Quanto ao fator 3,

com as saturações a oscilar entre 0.35 e 0.67, encontraram-se 8 itens relativos ao “I”

Position, que representam 8.29% da variância total. Por fim, no fator 4, com as

saturações a oscilar entre 0.41 e 0.81, concentraram-se 5 itens, desta feita, relativos

ao Fusion with Others, que representam 8.22% da variância total (Anexo 7A).

De acordo com Skowron & Friedlander (1998), os fatores revelaram uma boa

consistência interna, EC=.82, ER=.84, IP=.83, FO=.74, e a escala total .88. No

presente estudo, o coeficiente Alpha de Cronbach foi, para o fator EC .83, o ER .77, o

IP .68, o FO .78 e a escala total .80. O fator IP é aquele que tem uma menor

consistência interna relativamente às restantes, ainda que os seus valores estejam

próximos dos mínimos considerados aceitáveis (Anexo 7B).

Para avaliar a correlação entre os quatro fatores do DSI, foi utilizado o coeficiente

de correlação de Pearson que revelou para o EC uma correlação positiva média com

o ER (r = .39, p < .01) e uma correlação positiva baixa com o IP (r = .22, p < .01), não

se correlacionando com o FO (r = -.01, ns). O ER não se correlaciona com o IP (r = -

.01, ns), mas revela uma correlação positiva média com o FO (r = .41, p < .01). Por

último, o IP e o FO têm uma correlação negativa média (r = -.34, p < .01). (Anexo 7C).

3.1.2. Estudos descritivos

Antes de prosseguir com a análise estatística dos dados, é imperativo calcular a

pontuação total de cada uma das subescalas uma vez que, a partir de agora é sobre

estas que vão incidir as restantes análises. Neste sentido, instruiu-se o Pasw

Statistics 18 para somar as pontuações de todos os itens que compõem as

subescalas, originando assim nove novas variáveis: quatro, que correspondem a

cada uma das dimensões encontradas para o QVA, quatro que correspondem a cada

uma das dimensões encontradas para o DSI e relativa à dimensão “diferenciação do

self”, concebida através da soma das quatro anteriores.

Uma análise descritiva das variáveis relativas à relação com o companheiro

revelou que os participantes se percecionam como pouco evitantes (M = 2.67, DP =

Page 42: Dissertação_Ângela Cardoso

29

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

1.09) e muito dependentes (M = 4.14, DP = 0.91), percebem alguma ambivalência em

relação ao companheiro romântico (M = 3.10, DP = 1.04) e percecionam-no como

fonte de apoio e base segura (Confiança, M = 4.84, DP = 0.86).

Relativamente à diferenciação do self, cujos itens foram avaliados numa escala

de 6 pontos, verificou-se que os sujeitos apresentam uma tendência para serem

capazes de gerir habilmente entre o funcionamento emocional e intelectual, e a

intimidade e autonomia nas relações, pois a média da escala total é maior que o seu

ponto médio (M = 3.57, DP = 0.54), e as suas subescalas apresentam resultados que

vão no mesmo sentido: EC, M = 3.88, DP = 0.91 (invertido); ER, M = 3.02; DP = 0.82

(invertido); IP, M = 4.42, DP = 0.74; e FO, M = 2.58, DP = 1.11 (invertido).

No Quadro 1 pode-se observar de forma esquematizada os dados expostos.

Quadro 1

Valores mínimo e máximo, média e desvio-padrão para as dimensões da vinculação ao companheiro e da

diferenciação do self.

Instrumento/Dimensões Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

Vinculação ao companheiro

(N=463)

Evitamento 1,00 5,86 2,67 1,09

Confiança 1,60 6,00 4,84 0,86

Dependência 1,50 6,00 4,14 0,91

Ambivalência 1,00 5,80 3,10 1,04

Diferenciação do Self (N=433)

Emotional Cutoff 1,33 6,00 3,88 0,91

Emotional Reactivity 1,00 5,40 3,02 0,82

“I” Position 1,88 6,00 4,42 0,74

Fusion with Others 1,00 6,00 2,58 1,11

DSI_Total 2,14 5,23 3,57 0,54

3.1.3. Estudos Correlacionais

Como o Quadro 2 expõe, as variáveis foram examinadas quanto à sua correlação

com recurso ao coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados evidenciaram

uma correlação significativa entre todas as variáveis, com exceção da Dependência

com o EC (que apresenta uma correlação nula, r = .00), e da confiança com ER (r = -

.09, ns).

Page 43: Dissertação_Ângela Cardoso

30

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

O Evitamento correlaciona-se significativamente, e de modo negativo, com todas

as subescalas e a escala total do DSI, à exceção da subescala FO com a qual se

correlaciona de forma positiva. Efetivamente, quanto mais a relação com o

companheiro é tida como secundária no preenchimento de necessidades de

vinculação, mais o distanciamento emocional e a negação da importância da família

são usados como estratégias de resolução de problemas (EC; r = -.65, p < .01) e

mais as respostas às situações de tensão são preponderantemente automáticas e

emocionalmente carregadas (ER; r = -.14, p < .01). Por outro lado, quanto maior o

Evitamento, menor é a capacidade do sujeito para se manter fiel ao seu sistema de

valores (IP; r = -.25, p < .01) e menor é a tendência para o envolvimento emocional

excessivo com os seus significativos (FO; r = .11, p < .05). Portanto, os resultados

das subescalas indicam que quanto maior o Evitamento, menor a diferenciação do

self. Esta premissa é corroborada pela correlação entre o Evitamento e a Escala Total,

pois quanto maior o primeiro, menor o segundo, r = -.48, p < .01.

Com a Confiança, correlacionam-se significativa e positivamente as subescalas

EC (r = .35, p < .01) e IP (r = .36, p < .01) e a Escala Total (r = .20, p < .01).

Correlaciona-se de forma significativa mas negativamente a subescala FO (r =-.26, p

< .01). Assim, quanto mais o companheiro é percecionado como base segura e fonte

de apoio, menor é o distanciamento emocional e maior é a tendência do sujeito para

se manter fiel ao seu sistema de valores e se envolver a nível emocional de modo

excessivo. Em suma, quanto maior a confiança maior a diferenciação do self.

Também a Dependência apresenta uma correlação significativa positiva, desta

feita, somente com a subescala IP (r =.21, p < .01), expondo que quanto maior a

dependência, maior a propensão do sujeito para se manter fiel aos seu sistema de

valores. Relativamente às restantes subescalas, a Dependência correlaciona-se

significativa mas negativamente com a ER (r = -.29, p < .01) e FO (r = -.21, p < .01), o

que significa que quanto maior a Dependência, maior a reatividade emocional, maior

a convicção no seu sistema de valores e maior a tendência para o envolvimento

emocional excessivo com os seus significativos. No computo geral, a relação da

Dependência com a Escala Total, indica que quanto maior a primeira, menor a

segunda (r = -.15, p < .01).

Por fim, a correlação da Ambivalência com a Escala Total é significativa negativa,

o que quer dizer que quanto maior é o sentimento de ambivalência menor é a

diferenciação do self. Correlaciona-se ainda significativamente com todas as

subescalas da diferenciação do self: EC (r = -.53, p < .01), ER (r = -.20, p < .01), IP (r

Page 44: Dissertação_Ângela Cardoso

31

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

=-.27, p < .01) e FO (r = .12, p < .05). Sendo que, por um lado, elevados níveis de

Ambivalência se correlacionam com elevados índices de distanciamento e reatividade

emocional e, por outro lado, com baixos índices de convicção no seu sistema de

valores e de envolvimento emocional excessivo com os seus significativos.

Quadro 2

Correlações de Pearson entre as dimensões da vinculação ao companheiro e as dimensões da diiferenciação

do selfa

Dimensões

Vinculação ao companheiro

Evitamento Confiança Dependência Ambivalência

Emotional Cutoff -0,65** 0,35

** -0,00 -0,53

**

Emotional Reactivity -0,14** -0,09 -0,29

** -0,20

**

“I” Position -0,25** 0,36

** 0,13

** -0,27

**

Fusion with Others 0,11* -0,26

** -0,21

** 0,12

*

DSI_Total -0,48** 0,20

** -0,15

** -0,44

**

** p<.01

* p<.05

a. Listwise N=414

3.1.4. Estudos Diferenciais

Finalmente, como várias das variáveis se mostraram significativamente

relacionadas entre si, foram conduzidas uma série de Análises de Variância

Multivariada (MANOVA) para testar os efeitos do sexo e escolaridade (variáveis

nominais) e Regressões Múltiplas7 para testar os efeitos da idade e duração da

relação (variáveis contínuas), que talvez precisem ser controladas na análise de

hipóteses.

3.1.4.1. Diferenças em função do sexo e da escolaridade na vinculação ao

companheiro

Nestas análises, as variáveis demográficas (sexo e escolaridade) foram as

variáveis independentes, e as dimensões da vinculação (Evitamento, Confiança,

Dependência e Ambivalência) foram as variáveis dependentes.

A MANOVA (traço de Pillai) não revelou qualquer efeito principal do sexo

[F(4,458) = 0.86, ns] sobre as dimensões da vinculação. Contrariamente, observou-se

um efeito principal da escolaridade [F(16,1788) = 5.28, p < .001] sobre três das

7 Dada a natureza ordinal das variáreis idade e duração da relação, e a impossibilidade da sua transformação

em variáveis nominais, recorreu-se à Regressão linear múltipla com método Enter como método de inclusão

das variáveis (inclusão simultânea).

Page 45: Dissertação_Ângela Cardoso

32

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

dimensões em análise: o Evitamento [F(4) = 9.58, p < .001; η² = .079], a Confiança

[F(4) = 6.75, p < .001; η² = .057] e a Ambivalência [F(4) = 6.49, p < .001; η² = .055],

não se registando diferenças para a dimensão Dependência [F(4) = 2.46, ns]. No que

concerne à direção dos efeitos, verificou-se que quanto maior o nível de escolaridade,

menor o evitamento (com valores a variar entre M = 2.97, DP = 0.07 para o 1º ciclo e

M = 2.17, DP = 0.15 para Ensino Superior); maior a confiança (com valores a variar

entre M = 4.66, DP = 0.06 para o 1º ciclo e M = 5.20, DP = 0.12 para Ensino Superior);

e menor a ambivalência (com valores a oscilar entre M = 3.29, DP = 0.07 para o 1º

ciclo e M = 2.56, DP = 0.15 para Ensino Superior). Relativamente ao tamanho do

efeito, observou-se que a escolaridade teve um efeito moderado sobre a dimensão

Evitamento (7.9%), e pequeno sobre as dimensões Confiança (5.7%) e Ambivalência

(5.5%), pelo que considerou-se desnecessário o controlo destas variáveis para a

análise de hipóteses.

Para uma observação mais detalhada dos resultados consultar o Anexo 8.

3.1.4.2. Diferenças em função do sexo e da escolaridade na diferenciação do Self

Nas análises que se seguem, as variáveis independentes foram o sexo e a

escolaridade, e as variáveis dependentes foram as dimensões da diferenciação do

self (EC, ER, IP e FO).

A MANOVA (traço de Pillai) aferiu um efeito principal do sexo sobre duas das

dimensões do DSI [F(4,428) = 8.85, p < 0.001]: o ER [F(1) = 19. 74, p < .001; η² =

0.044] e o FO [F(1) = 11. 00, p <.001; η² = 0.025], ambos com tamanho do efeito

pequeno (4.4% e 2.5%, respetivamente). No que se refere à sua direção, verificou-se

que os participantes do sexo masculino apresentam menores níveis de reatividade

emocional (M = 3.19, DP = 0.84) e de fusão com os seus significativos (M = 2.75, DP

= 1.16) comparativamente com os participantes do sexo feminino (M = 2.85, DP =

0.76 e M = 2.40, DP = 1.04).

Além deste, foi encontrado um efeito principal da escolaridade [F(20,1676) = 3.54,

p < 0.001] para todas as dimensões da diferenciação do self: EC [F(4) = 8.85, p

< .001; η² = 0.078], ER [F(4) = 2.51, p <.05; η² = 0.023], IP [F(4) = 5.89, p <.001; η² =

0.053], e FO [F(4) = 4.75, p<.01; η² = 0.043], sendo que para o primeiro o tamanho

do efeito é moderado (7.8%) e para os restantes é pequeno (2.3%, 5.3% e 4.3%,

respetivamente).

Relativamente à direção dos efeitos, observou-se que à medida que aumenta o

nível de escolaridade, diminui o distanciamento emocional (1º ciclo, M = 3.68, DP =

Page 46: Dissertação_Ângela Cardoso

33

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

0.91 e Ensino superior, M = 4.38, DP = 0.79) e a reatividade emocional (1º ciclo, M =

3.05, DP = 0.81 e Ensino superior, M = 3.20, DP = 0.80). Por outro lado, quanto maior

o nível de escolaridade, maior a convicção no sistema pessoal de valores (1º ciclo, M

= 4.27, DP = 0.73 e Ensino superior, M = 4.71, DP = 0.56) e maior a fusão com os

significativos (1º ciclo, M = 2.80, DP = 1.18 e Ensino superior, M = 2.36, DP = 1.17).

No anexo 9, segue a apresentação detalhada dos resultados.

3.1.4.3. Diferenças em função da idade e da duração da relação na vinculação ao

companheiro

No teste da influência da idade e da duração da relação sobre as dimensões da

vinculação ao par amoroso, as primeiras foram introduzidas como potenciais

preditores e cada uma das dimensões como variável dependente.

Com a dimensão Evitamento como variável dependente, o modelo de predição

revelou-se significativo [F(2) = 14.61, p < .001), explicando 6% da variância (r = . 06).

No entanto, apenas a variável “duração da relação” evidenciou uma contribuição

significativa na predição do evitamento de 1.4%8 (β = 0.038, p<.01),.

Também para a dimensão Confiança como variável dependente, o modelo de

predição se revelou significativo [F(2) = 11.47, p < .001), explicando 5% da variância

(r = .05). Neste, toda a variância se deve ao modelo, pois, isoladamente, nenhum dos

preditores mostrou uma contribuição significativa.

Quanto à Ambivalência como variável dependente, o modelo de predição

revelou-se significativo [F(2) = 9.82, p < .001), explicando 4% da variância (r = .04). À

semelhança do que acontece com o Evitamento, apenas a variável duração da

relação revela uma contribuição significativa na predição da ambivalência, de 1.1% (β

= 0.337, p< .05).

Comparativamente, para a dimensão Dependência, o modelo de predição não se

revelou significativo [F(2) = 2.33, ns).

Uma análise mais detalhada dos resultados encontra-se no Anexo 10.

3.1.4.4. Diferenças em função da idade e da duração da relação na diferenciação do

self

Para testar a influência da idade e da duração da relação sobre as dimensões da

diferenciação do self, as variáveis idade e duração da relação foram introduzidas

8 O quadrado do Coeficiente de Correlação Part indica quanto da variância total na variável dependente é

exclusivamente explicada pelo preditor e como o valor do R2 iria cair se ele não fosse incluído no modelo.

Page 47: Dissertação_Ângela Cardoso

34

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

como potenciais preditores e cada uma das subescalas da diferenciação do self como

variável dependente.

Com a dimensão EC o modelo de predição revelou-se significativo [F(2) =12,79,

p < .001) explicando 5% da variância (r = .05). No entanto, apenas a variável duração

da relação evidenciou uma contribuição significativa na sua predição que foi de 1.3%.

(= -0.36, p<.05).

Também para as dimensões IP e FO os respetivos modelos de predição

revelaram-se significativos [F(2) = 10,18, p < .001)] e [F(2) = 13,89, p < .001)]

explicando respetivamente 4% (r = . 04) e 6% (r = . 06) da variância. Para as duas

dimensões, a variância é devida ao modelo pois, isoladamente, nenhum dos

preditores mostrou contribuição significativa.

Para a dimensão Emotional Reactivity o modelo de predição não se revelou

significativo [F(2) = 1.66, ns).

No anexo 11, segue a apresentação detalhada dos resultados.

3.2. Análise de Clusters

Procedeu-se à análise de clusters pelo método K-Means com o propósito de

avaliar a existência de configurações específicas na organização das dimensões da

vinculação ao companheiro, e verificar em que medida os resultados são consistentes

com o modelo bidimensional de Kim Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz,

1991). É esperado que os valores nas várias dimensões se organizem de acordo com

os protótipos de vinculação Seguro, Preocupado, Amedrontado e Desinvestido.

Note-se que a análise de clusters pretende definir uma estrutura na qual os

dados mais similares se agrupam. Neste caso como se procurava a correspondência

com os quatro protótipos, instruiu-se o Pasw Statistics 18 no sentido de agrupar os

dados segundo 4 grupos (clusters). A similaridade entre os sujeitos foi medida pela

distância euclidiana9 (Euclidean distance) e o procedimento estatístico utilizado para

a formação dos clusters foi a combinação do Método Hierárquico com o Não-

Hierárquico, que rentabiliza as vantagens e colmata a fragilidades de cada um.

Cada cluster correspondeu, em teoria, a um protótipo de vinculação específico.

Assim, ao observar o Quadro 3, constata-se que o Cluster 1 (n=105) caracteriza-se

por uma muito elevada Confiança (M = 5.66, DP =0.39), elevada Dependência (M =

9 Segundo a qual pequenas distâncias indicam uma maior similaridade entre os sujeitos.

Page 48: Dissertação_Ângela Cardoso

35

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

4.75, DP = 0.73), e por muito reduzida Ambivalência (M = 1.77, DP = 0.64) e

Evitamento (M = 1.48, DP = 0.44), configuração que parece estar de acordo com o

protótipo de vinculação Seguro. O Cluster 2 (n=174) caracteriza-se por uma

Confiança muito elevada (M = 5.09, DP = 0.46), alta Dependência (M = 4.11, DP =

0.75), moderada Ambivalência (M = 3.06, DP = 0.65) e moderadamente baixo

Evitamento (M = 2.33, DP = 0.55), associando-se ao protótipo Preocupado.

Nos clusters 3 e 4, as médias para as dimensões da vinculação comportam-se de

forma similar.

Com pequenos intervalos de diferença entre si, para o cluster 3 as médias

oscilam entre 4.19 e 4.77 e para o cluster 4 variam entre 3.20 e 3.69. Assim, observa-

se que a única diferença entre os dois clusters reside na unidade. No sentido de

clarificar o emparelhamento cluster-protótipo recorreu-se à análise comparativa do

comportamento dos dois clusters, não só nas dimensões da vinculação, mas também

nas subescalas EC, IP, FO, ER, DSI-Escala total, Ausência de Medo da Desilusão e

Risco da Intimidade10

. Deste processo concluiu-se que ao cluster 3 (n=77)

corresponde o protótipo Amedrontado porque revela maior Ambivalência e

Dependência, maior medo da desilusão (Ausência de Medo da Desilusão), maior

reatividade emocional e maior fusão com os seus significativos. Comparativamente,

ao cluster 4 (n=107), corresponde o protótipo Desinvestido porque revela menor

Dependência e Ambivalência, menor medo da desilusão (Ausência de Medo da

Desilusão), arrisca menos o envolvimento nas relações (Risco da Intimidade), não se

envolve de forma tão excessiva com os seus significativos e apresenta menor

reatividade emocional.

10

A conjugação de informação do DSI com o Authenticity Relationship Scale foi possibilitada pelo fato de

ambos serem estudos preliminares no mesmo projeto de investigação.

Page 49: Dissertação_Ângela Cardoso

36

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Quadro 3

Médias e desvios-padrão para as dimensões da vinculação ao companheiro e da diferenciação do self, em função do cluster

Dimensões

Cluster

Seguro Preocupado Amedrontado Desinvestido

Média Desvio-padrão

Média Desvio-padrão

Média Desvio-padrão

Média Desvio-padrão

Vinculação ao companheiro (N=463)

Evitamento 1.48 0.44 2.33 0.55 4.19 0.63 3.29 0.73

Confiança 5.66 0.39 5.09 0.46 4.77 0.52 3.69 0.64

Dependência 4.85 0.73 4.11 0.75 4.58 0.57 3.20 0.65

Ambivalência 1.77 0.64 3.06 0.65 4.21 0.55 3.67 0.71

Diferenciação do Self (N=414)

Emotional Cutoff 4.65 0.76 4.05 0.80 2.90 0.67 3.60 0.55

Emotional Reactivity 3.00 0.88 3.10 0.78 2.63 0.67 3.22 0.80

“I” Position 4.70 0.72 4.53 0.69 4.31 0.66 4.01 0.73

Fusion with Others 2.18 0.94 2.70 1.20 2.42 0.97 2.98 1.11

Escala total 3.84 0.51 3.69 0.51 3.08 0.40 3.49 0.44

Autenticidade na relação (N=453)

Ausência de Medo da Desilusão

6.99 1.40 6.23 1.46 4.20 1.21 5.30 1.22

Risco da Intimidade 7.70 1.02 7.19 1.16 6.74 1.23 5.78 1.31

Uma vez determinada a solução em quatro clusters, procedeu-se: à análise de

variância – com o fim de averiguar a variabilidade de cada uma das dimensões em

função dos clusters; à validação e interpretação da solução de clusters e à descrição

das características distintivas de cada um.

A MANOVA (traço de Pillai) revelou um efeito multivariado do cluster [F(12, 1374)

= 107.72, p < .001] responsável pelas diferenças no Evitamento [F(3) = 371.73, p

< .001; η² =.71], na Confiança [F(3) = 291.67, p < .001; η² = .66], na Dependência [F(3)

= 111.67, p < .001; η² = .42], e na Ambivalência [F(3) = 252.29, p < .001; η² = .62]

(Anexo 12A).

Atendendo ao teste de Scheffe (Anexo 12C) todos os clusters diferem de forma

significativa nas dimensões Evitamento, Confiança e Ambivalência. Na dimensão

Dependência, apenas os Seguros e os Amedrontado não diferem entre si.

Page 50: Dissertação_Ângela Cardoso

37

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Os Amedrontados são os que mais atribuem um papel secundário ao par

romântico na satisfação das necessidades de vinculação (Evitamento), logo seguidos

pelos Desinvestidos, Preocupados e Seguros. Os Seguros são os que mais avaliam o

companheiro como merecedor de confiança, seguidos pelos Preocupados,

Amedrontados e Desinvestidos. Também são os Seguros que revelam maior

necessidade de proximidade física e emocional (Dependência), seguidos dos

Amedrontados, Preocupados e Desinvestidos. Para terminar os Amedrontados são

os que revelam maior insegurança e dúvida relativamente ao companheiro

(Ambivalência), seguidos dos Desinvestidos, Preocupados e Seguros (Quadro 3).

Repetiu-se o procedimento anterior para observar se os sujeitos apresentam

diferenças na Diferenciação do self e dimensões em que se desdobra (EC, ER, IP,

FO) em função do seu padrão de vinculação. O traço de Pillai revelou diferenças

significativas entre os clusters para as variáveis do DSI [F(12, 1227) = 21.69, p

< .001]: Escala total [F(3) = 37.23, p < .001; η² =.21] EC [F(3) = 84.99, p < .001; η²

=.38], ER [F(3) = 7.90, p < .001; η² =.06], IP [F(3) = 18.02, p < .001; η² =.12] e FO [F(3)

= 9.65, p < .001; η² =.07] (Anexo 12B).

O teste de Scheffe (Anexo 12C) revelou que, para a Escala Total, não há

diferenças significativas entre os indivíduos Seguros e os Preocupados. Estes são os

mais diferenciados, seguidos dos Desinvestidos e Amedrontados. Relativamente à

dimensão EC, todos os clusters diferem de forma significativa. Sendo os indivíduos

Seguros os que menos recorrem ao distanciamento emocional em situações de

tensão, seguidos dos Preocupados, Desinvestidos e Amedrontados. Quanto à ER,

identificaram-se diferenças apenas com os amedrontados. Os Desinvestidos,

Preocupados e Seguros revelaram-se mais capazes de manter a calma perante

situações de tensão emocional do que os Ambivalentes. No que diz respeito à IP não

se revelaram diferenças significativas entre os Seguros com os Preocupados e entre

os Preocupados com os Amedrontados. Os indivíduos Seguros e Preocupados são

aqueles que têm maior tendência para se manter fiel ao seu sistema de valores,

seguidos dos Amedrontados e Desinvestidos. Finalmente, na FO, não existem

diferenças significativas entre os Desinvestidos com os Preocupados, os

Preocupados com os Amedrontados, e os Amedrontados com os Seguros. Assim, os

Desinvestidos são aqueles que menos se fundem com os seus significativos,

seguidos dos Preocupados, Amedrontados e Seguros.

Termina-se a análise dos Clusters com a caracterização da amostra atendendo

aos padrões de vinculação.

Page 51: Dissertação_Ângela Cardoso

38

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Como se pode observar no Anexo 12D, os sujeitos Seguros apresentam uma

distribuição equitativa quanto ao sexo (52 indivíduos do sexo feminino e 53 do sexo

masculino), uma média de idades de 49.05 anos (DP = 15.13) e de duração da

relação de 24.54 anos (DP = 15.59). Quanto à escolaridade, a maioria dos indivíduos

concluiu o 1º Ciclo (n=37), registando-se uma distribuição pelos restantes níveis de

escolaridade bastante equitativa (16 indivíduos com o 2º Ciclo, 17 indivíduos com o 3º

ciclo e 17 com o Ensino Secundário e 18 com formação Superior). Com o padrão

Preocupado existem 80 indivíduos do sexo feminino e 94 do sexo masculino, com

uma média de idades de 49.92 anos (DP = 14.48) e de duração da relação de 24.98

anos (DP = 14.57). Relativamente à escolaridade a maioria dos indivíduos tem o 1º

ciclo (n=65), 19 o 2º ciclo, 23 o 3º ciclo, 39 o Ensino Secundário e 24 formação

Superior. Com o padrão Amedrontado existem 42 indivíduos do sexo feminino e 35

do sexo masculino com uma média de idades de 54.56 anos (DP = 14.65) e de

duração da relação de 31.31 anos (DP = 13.42). No que concerne à escolaridade, 50

indivíduos têm o 1º ciclo, 9 o 2º ciclo, 6 o 3º ciclo, 9 o Ensino Secundário e 2

formação Superior. Finalmente, com o padrão Desinvestido existem 56 indivíduos do

sexo feminino e 51 do sexo masculino, com uma média de idades de 57.28 anos (DP

= 15.70) e de duração da relação de 32.35 anos (DP = 15.02). Verifica-se que os

indivíduos têm na sua maioria o 1º ciclo (n=62), seguido do 2º ciclo (n=14), 3º ciclo

(n=10), Ensino Secundário (n=9) e formação Superior (n=6).

3.3. Regressão Linear Múltipla

Toda a investigação girou em torno de um objetivo macro: examinar a

convergência e divergência entre a vinculação ao par amoroso segundo os padrões

de Bartholomew (1990) e a diferenciação do self de Bowen (1990; 2010). Para

continuar a atender a este objetivo foi executada uma regressão múltipla com recurso

ao método stepwise11

como método de inclusão das variáveis, para cada uma das

dimensões da vinculação. Assim, cada dimensão entrou no respetivo modelo como

variável dependente e as subescalas da diferenciação do self, EC, ER, IP e FO como

potenciais preditores em todos os modelos.

11

A opção pelo método stepwise prendeu-se com dois aspetos: primeiro, é o programa estatístico que

selecciona as variáveis que vão entrar no modelo e sua ordem na equação, segundo além de permitir avaliar

o modelo final proposto, permite verificar passo a passo, as alterações que ele foi sofrendo com a entrada de

cada uma das variáveis (Pallant, 2003; Poeschl, 2006).

Page 52: Dissertação_Ângela Cardoso

39

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

No Anexo 13 são apresentados os resultados pormenorizados para os modelos

de regressão; entretanto, no Quadro 4 são adiantados os modelos de predição

obtidos pela análise descrita.

Quadro 4

Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Variável dependente Preditores R R2 R

2

ajustado Erro padrão

da estimativa

R2

change

Evitamento Emotional Cutoff 0,663 0,439 0,435 0,828 0,422

“I” Position 0,010

Emotional Reactivity 0,007

Confiança Emotional Cutoff 0,497 0,247 0,239 0,762 0,126

“I” Position 0,073

Emotional Reactivity 0,039

Fusion with Others 0,009

Dependência Emotional Reactivity 0,311 0,097 0,092 0,871 0,083

“I” Position 0,013

Ambivalência Emotional Cutoff 0,552 0,305 0,302 0,876 0,280

“I” Position 0,026

Para a dimensão Evitamento, a primeira variável a entrar no modelo é a EC, que

explica 42,2% da variância, seguida pelas variáveis IP e ER que a aumenta em 1% e

0,7%. Assim, obteve-se um modelo significativo que explica 43,9% da variância do

Evitamento [F(2,419) = 109.10, p < .001, R2 = 0.439). A investigação dos valores e

dos testes-t mostrou que as três subescalas têm uma contribuição significativa para o

modelo de predição, EC, =-.66, t(2, 419) = -16.20, p<.001; IP, =-.09, t(2, 419) = -

2.40, p<.05; ER, =.09, t(2, 419) = 2.3, p<.05 pelo que, a tendência para o uso do

distanciamento como reação às situações de tensão emocional prediz o nível de

Evitamento, logo seguido pela menor capacidade par se manter fiel ao seu sistema

de valores e da escassa tendência ao recurso a respostas baseadas nas emoções.

Para a Confiança, a primeira variável independente a entrar no modelo é a EC,

com um poder explicativo da variância de 12.6%, seguida pelas IP, ER e FO com

7.3%, 3.9% e 0.9% respetivamente. Os preditores conciliam-se num modelo de

predição significativo que explica 24.7% da Confiança [F(3,424) = 34.62, p < .001, R2

= 0.247). Todos os preditores têm uma contribuição significativa para o modelo, ainda

que uns exerçam mais influência que os outros. Pela observação dos valores e

Page 53: Dissertação_Ângela Cardoso

40

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

testes-t, verificou-se que o melhor preditor para a perceção do companheiro como

base segura é a baixa tendência para o uso do distanciamento como reação às

situações de tensão emocional [=.36, t(3, 424) = 7.62, p<.001]; seguido da

capacidade para se manter fiel ao seu sistema de valores [=.22, t(3, 424) = 4.79,

p<.001]; da baixa tendência para o uso de respostas baseadas nas emoções [= -.16,

t(3, 424) = -3.17, p<.01] e da ausência de um envolvimento emocional excessivo com

os seus significativos [=-.11, t(3, 424) = -2.25, p<.05].

No modelo de predição da Dependência a primeira variável a entrar é a ER, que

explica 8,3% da sua variância, seguida da IP que a faz aumentar em 1.3%, pelo que

se obteve um modelo significativo capaz de explicar 9,2% da variância da

Dependência [F(1,424) = 22.60, p < .001, R2 = 0.092). As duas subescalas revelaram

uma contribuição significativa para o modelo, ER, =-.29, t(1, 424) = -6.19, p<.001;

IP, =.12, t(1, 424) = 2.51, p<.05, sendo que a tendência para o uso de respostas

baseadas nas emoções é o que mais contribui para a predição de elevados níveis de

dependência face ao companheiro, seguido da capacidade para se manter fiel ao seu

sistema de valores.

Finalmente, no modelo de regressão da Ambivalência, entraram, por esta ordem,

a EC e a IP, com um poder explicativo de 28% e 2,6%. Este modelo de predição

mostrou-se significativo e capaz de explicar 30.5% da variância da Ambivalência

[F(3,423) = 92.68, p < .001, R2 = 0.305). Aferiu-se que o melhor preditor para a

ambivalência face ao companheiro é a tendência para o uso do distanciamento como

reação às situações de tensão emocional [=-0.49, t(2, 423) = 11.78, p<.001] logo

seguido da capacidade de se manter fiel ao seu sistema de valores [=-0.17, t(2, 423)

= -3.95, p<.001].

Page 54: Dissertação_Ângela Cardoso

41

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

4. Discussão de resultados

Esta secção apresenta a discussão dos resultados encontrados no estudo.

Relembra-se que o estudo gira em torno da vinculação ao companheiro e sua

relação com a diferenciação do self.

A discussão será feita de acordo com a ordem de apresentação das hipóteses.

4.1. Examinar de que modo os indivíduos vivenciam as suas relações amorosas

Os elevados níveis de confiança obtidos apoiam a hipótese que os indivíduos

percecionam o companheiro como uma base segura, facilitadora da exploração e

refúgio de segurança. Esta conclusão é reforçada pelos níveis de dependência

também elevados, e vai no sentido da literatura em que a confiança e a dependência

costumam andar de mãos dadas.

Uma das hipóteses deste estudo prendeu-se com a possibilidade de observar a

vinculação ao companheiro segundo o ponto de vista prototípico do modelo

bidimensional de Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz, 1991). O instrumento

utilizado provou ser sensível às características dos indivíduos, uma vez que foi capaz

de os agrupar nos quatro padrões de vinculação esperados.

O cluster 1 corresponde ao padrão Seguro, pois compreende os indivíduos que

apresentam: os maiores níveis de Confiança – o que indica que percecionam o

companheiro como responsivo, base segura e fonte de apoio –; os maiores níveis de

Dependência – observada na busca constante de proximidade física e emocional –;

os mais baixos níveis de Evitamento – pois são os que mais valorizam a importância

das relações de proximidade –; e de Ambivalência – isto é, baixos níveis de dúvida e

insegurança.

A par do cluster 1, o cluster 2 apresenta elevados níveis de Confiança e

moderados de Evitamento, Dependência e Ambivalência. Esta dispersão é

congruente com o padrão de vinculação Preocupado, em que os elevados níveis de

confiança refletem a visão positiva que têm do outro, enquanto os comportamentos

de evitamento, dependência e ambivalência refletem um modelo negativo do self, que

não é digno de ser amado. Estes apresentam sentimentos constantes de

vulnerabilidade e necessidade de segurança assentes na dificuldade em confiar que

os seus significativos podem realmente amá-los.

Page 55: Dissertação_Ângela Cardoso

42

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Os indivíduos que se agrupam no cluster 3 são os que apresentam o maior nível

de evitamento e ambivalência, conjugado com níveis elevados de dependência e

confiança. Tal parece configurar o padrão Amedrontado uma vez refletir, pelos

elevados níveis elevados de ansiedade e de evitamento, uma vinculação insegura.

Estes indivíduos, com um modelo do self e do outro negativo são inseguros quanto à

disponibilidade do companheiro, desejam e evitam as relações de intimidade pelo

medo antecipado de rejeição e apresentam elevada dependência emocional e

ansiedade de separação (Bartholomew, 1990; Bartholomew & Horowitz, 1991)

Por fim, o cluster 4 caracteriza-se por elevados níveis de Evitamento e

Ambivalência que contrastam com os baixos níveis de Dependência e Confiança.

Esta configuração está de acordo com o padrão de vinculação Desinvestido em que

há uma representação de si positiva do self e negativa do outro. De forma a gerir as

suas inseguranças relacionais e a preservar esta imagem positiva do self, estes

indivíduos tendem a manter o distanciamento nos relacionamentos – o que parece

ser a estratégia encontrada para lidar com a rejeição e não se sentirem vulneráveis a

sentimentos que possam levar à ativação do sistema de vinculação (Bartholomew,

1990; Bartholomew & Horowitz, 1991; Mikulincer & Shaver, 2005).

Na sua maioria, os estudos que utilizaram o QVA como instrumento de avaliação

da vinculação ao companheiro, tiveram como amostras adolescentes e jovens adultos

(Barbosa, 2008; Fachada, 2009; Matos, 2002; Rocha, 2008; Santos, 2005; Vieira,

2008). Nestes, embora a distribuição dos indivíduos pelos padrões de vinculação

fosse diferente, salientou-se sempre uma grande prevalência de indivíduos seguros e

uma baixa prevalência de desinvestidos. Na presente investigação, contudo,

destacou-se um elevado número de indivíduos desinvestidos. Também, em alguns

estudos de âmbito internacional a distribuição dos padrões de vinculação em adultos

mais velhos se diferenciou por um elevado número de desinvestidos. Webster (1997,

cit in Magai, Cohen, Milburn, Thorpe, McPherson, & Peralta, 2001) encontrou numa

amostra de adultos com uma média de 67,9 anos de idade, 52,5% de desinvestidos,

33,3% de seguros, 11,6% de amedrontados e 2,9% de preocupados. Também Magai

et al. (2001), para uma amostra com uma média de 74 anos de idade, encontrou 78%

de desinvestidos e 22% de seguros. Diehl, Elnick, Bourbeau e Labouvie-Vief (1998)

reportaram níveis mais altos de desinvestidos em adultos mais velhos quando

comparados com adultos mais jovens. Zhang e Labouvie-Vief (2004), num estudo

longitudinal de 6 anos, verificaram que o aumento da idade estava relacionado com

Page 56: Dissertação_Ângela Cardoso

43

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

alterações nos padrões de vinculação, com idades mais avançadas a predizer maior

número de desinvestidos. Isto parece sugerir que os padrões de vinculação se

alteram ao longo do ciclo de vida. Magai et al. (2001), referem que a alteração

encontrada na sua investigação pode, em parte, dever-se ao fato de se tratar de uma

população urbana e à alteração nas condições de vida experienciadas pelos adultos

ao longo do seu envelhecimento. Também Bowlby perspetivava que as experiências

de vida que se desviam dos modelos internos dinâmicos construídos inicialmente

poderão estimular a alteração do padrão de vinculação (Bowlby, 1973).

Nomeadamente, alterações ao nível da quantidade e qualidade das relações de

intimidade, experiências múltiplas de morte declínio das capacidades de

funcionamento executivas e a perda de recursos e autonomia podem influenciar s

perceção do self e do outro e requerer a reconstrução dos modelos internos

dinâmicos de forma a torná-los mais coerentes com as atuais experiências de

vinculação (Magai et al., 2001, Zhang e Labouvie-Vief, 2004).

Em suma, a atual investigação parece confirmar o que vários outros estudos têm

vindo a observar acerca dos padrões de vinculação de adultos mais velhos: a

vinculação é menos segura e mais desinvestida. Note-se que, à medida que a idade

avança, aumenta o número de desinvestidos na amostra, o que faz supor que se o

intervalo de idades não fosse tão alargado este número seria ainda maior (Anexo

12D).

Dada a inconsistência entre os estudos, seria interessante planear investigações

longitudinais, capazes de observar todos os estadios do ciclo de vida. Assim poder-

se-ia apreender o processo de vinculação ao longo de todo o ciclo de vida a fim de

perceber o que o caracteriza em cada uma das etapas e construir instrumentos de

medida específicos para cada uma delas.

4.2. Contribuir para o desenvolvimento da metodologia de avaliação da diferenciação

do self

Em Portugal, pouco ou nada se sabe acerca dos níveis de diferenciação do self

na população, possivelmente devido à falta de instrumentos de medida construídos

para o efeito. No sentido de colmatar esta lacuna foi iniciado o estudo de validação

para a população portuguesa do Inventário de Diferenciação do Self desenvolvido por

Skonrow e Friedlander, em 1998.

Page 57: Dissertação_Ângela Cardoso

44

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Tomando por base o modelo original, estava previsto a operacionalização do

constructo de diferenciação do self segundo a definição de Bowen e das respetivas

dimensões respetivo e interpessoais: “I” Position e Emotional Reactivity, Emotinal

Cutoff e a Fusion with Others.

Por isso, procedeu-se ao estudo da análise fatorial exploratória que confirmou a

capacidade da versão portuguesa da escala para diferenciar entre os quatro

constructos. Foram encontrados índices de consistência interna elevados para todas

as subescalas bem como para a escala total. Todavia, a análise fatorial sugeriu que,

dos 9 itens que no instrumento original constituem a subescala FO, apenas 5 reuniam

os critérios necessários para fazer parte desta subescala. Em 2003, Skowron e

Schmitt procederam à revisão da subescala FO, pois, ao longo de vários estudos,

esta mostrou-se notavelmente mais fraca do que as outras quanto rigor psicométrico,

utilidade preditiva e clareza conceptual. Atendendo aos fatos apresentados e aos

resultados positivos obtidos com a versão revista da escala, sugere-se a validação

desta última para a população portuguesa em futuras investigações.

Os resultados sugerem uma tendência da população portuguesa no sentido da

diferenciação (M=3,57, DP=0,26), isto é da capacidade de gerir com assertividade o

sistema emocional e intelectual e a intimidade e autonomia no contexto das relações

intimidade. Neste sentido os indivíduos demonstram: uma elevada capacidade para

tomar decisões objetivas, congruentes com as suas prioridades e sistema de valores

pré-estabelecido, não se deixando assim, controlar pelos sentimentos (IP, M=4,42;

DP=.04); uma atenuada tendência para o distanciamento emocional das pessoas

importantes e negação desses comportamentos (EC=3.88, DP=.44); uma capacidade

moderada para separar pensamentos e sentimentos, funcionando ao nível racional

(ER=3.02, DP=.04); e tendência para um envolvimento emocional excessivo com os

seus significativos e necessidade constante destes para confirmar as suas crenças,

convicções e tomar decisões (FO=2.58, DP=.05).

Em suma, nos relacionamentos românticos, estes indivíduos, maioritariamente

diferenciados, tendem a fazer a separação entre pensamentos e sentimentos e a

responder ao companheiro de forma racional e não emocional. Mesmo em situações

de stress, eles tendem a agir consoante o seu sistema de valores (isto é, conhecem e

defendem as suas crenças e convicções pessoais); não tendem a regular a tensão

emocional através do distanciamento (ou seja, pela negação das ligações emocionais

e influência que os outros têm sobre si) e tendem, por vezes a recorrer à fusão

Page 58: Dissertação_Ângela Cardoso

45

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

emocional (ou seja, cedem às crenças e convicções dos outros e assumem-nas como

suas).

4.3. Estudar associações entre as dimensões da vinculação ao companheiro a as

dimensões da diferenciação do self

Uma das hipóteses do estudo previa uma associação significativa entre a

qualidade da vinculação ao companheiro e a diferenciação do self.

Os resultados suportam esta hipótese na medida em que quanto maior a

confiança e menor o evitamento, dependência e ambivalência, mais diferenciado é o

individuo. Isto é, maior a sua capacidade, a nível intrapessoal, para separar

sentimentos e pensamentos; e a nível interpessoal, para se separar emocional e

fisicamente dos seus significativos, sem que para isso perca a ligação emocional com

eles. Segundo Skonrow e Dendy (2004), estes resultados são consistentes com

outras pesquisas que corroboram que a manutenção de ligações positivas com o

companheiro anda de mãos dadas com a conquista da autonomia (e.g., Campbell,

Adams & Dobson, 1984; Grotevant & Cooper, 1985; Rice, Fitzgerald, Whaley, &

Gibbs, 1995 cit in Skonrow e Dendy, 2004).

Especificamente, quanto mais o companheiro é percecionado como base segura

e fonte de apoio (Confiança) maior é a capacidade do indivíduo para tomar decisões

objetivas, congruentes com as suas prioridades e sistema de valores mas também,

maior é a tendência para o envolvimento emocional excessivo com os seus

significativos e necessidade constante do outro para confirmar as suas crenças,

convicções e tomar decisões. Por outro lado, menor é a tendência para o

distanciamento emocional. A confiança não se correlacionou, ao contrário do

esperado, com a dimensão Emotional Reactivity.

Os resultados apontam que quanto mais o individuo considera o companheiro

secundário no preenchimento das necessidades de vinculação (Evitamento), ou

duvida do seu papel como figura de vinculação (Ambivalência), maior o Emotional

Cutoff e a Emotional Reactivity e menor o “I” Position e o Fusion with Others. Todas

as correlações vão no sentido esperado. Salienta-se a correlação positiva forte com o

Emotional Cutoff que também foi encontrada na literatura (Skonrow e Dendy, 2004).

Elevados níveis de ambivalência e evitamento caracterizam a vinculação evitante.

Segundo Mikulincer e Shaver (2007), os indivíduos este padrão de vinculação são

Page 59: Dissertação_Ângela Cardoso

46

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

incapazes de ceder a independência que os caracteriza em detrimento de uma

dependência apropriada. Isto parece apoiar a elevada correlação encontrada entre o

evitamento e ambivalência com o distanciamento emocional.

Contrariamente ao esperado a dependência não se relacionou com o Emotional

Cutoff mas apresentou uma relação positiva fraca com o “I” Position. De acordo com

o previsto, esta revelou uma relação positiva com o Emotional Reactivity e a Fusion

with Others. Assim, quanto maior a necessidade de proximidade física e emocional, a

ansiedade de separação e o medo da perda, maior a tendência para ser

emocionalmente reativo e a necessidade constante de confirmação de crenças,

convicções e decisões.

Segundo Lopez (2001) o desejo constante de manter a proximidade física e

emocional, a ansiedade de separação e o medo da perda interferem com a

capacidade do indivíduo para (i) gerir de forma equilibrada as emoções e

pensamentos, e (ii) ser autónomo enquanto íntimo. O fato de a vinculação ansiosa

ser caracterizada por elevados níveis de dependência pode apoiar os resultados

encontrados segundo os quais a dependência está associada à tendência do

indivíduo para ser emocionalmente reativo e à necessidade constante de confirmação

de crenças, convicções e decisões. Também Mikulincer e Shaver (2007), referem

uma associação entre a vinculação ansiosa e autoestima e necessidade de

aprovação.

4.4. Explorar em que medida as dimensões da diferenciação do self são capazes de

predizer a qualidade da vinculação ao companheiro

De forma a testar a validade da hipótese, procurou-se examinar qual combinação

de variáveis independentes relativas à diferenciação do self que melhor explicam a

vinculação ao companheiro.

Constatou-se que, para cada uma das dimensões foram propostos diferentes

modelos, sendo que o único aspeto comum foi a IP ter entrado como preditor em

todos eles. O modelo encontrado para o Evitamento é constituído por três preditores

e explica 43,9% da sua variância; o da Confiança é constituído pelas quatro

dimensões da diferenciação do self e explica 24,7%; o da Dependência é composto

por dois preditores que explicam 9,7% da variância; finalmente o da ambivalência é

composto por dois preditores que explicam 30,5% da sua variância.

Page 60: Dissertação_Ângela Cardoso

47

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

Debruçando-se sobre cada uma das dimensões, conclui-se que o distanciamento

emocional de pessoas significativas, e a negação desta conduta, é o comportamento

que melhor prediz elevados níveis de evitamento e de ambivalência, logo seguido da

incapacidade para tomar decisões congruentes com as suas prioridades e sistema de

valores. Apesar do baixo poder preditivo, não responder aos estímulos ambientais

com recurso a respostas emocionais automáticas prediz ainda um pouco do

evitamento. Os resultados sugerem, portanto, que indivíduos com elevados níveis de

evitamento e de ambivalência são menos diferenciados (baixo IP, elevado EC).

Elevados níveis de evitamento e de ambivalência são as dimensões que mais

caracterizam os indivíduos com padrão de vinculação evitante. Recentemente,

Hollander (2007) encontrou uma associação significativa e positiva entre a vinculação

evitante e o EC e negativa com a RE. Estes estudos vão de encontro aos resultados

descritos que apontam que indivíduos pouco diferenciados, que tendem a utilizar

estratégias de distanciamento emocional como forma de gerir a ansiedade, colocam a

relação com o companheiro em segundo plano e têm dúvida acerca da capacidade

deste para responder às suas necessidades de vinculação, caracterizando-se por um

padrão de vinculação evitante.

Indivíduos que confiam no companheiro enquanto capaz de dar resposta às suas

necessidades de vinculação, raramente evidenciam comportamentos de

distanciamento emocional, estes são capazes de tomar decisões congruentes com as

suas prioridades e sistema de valores pré-estabelecido embora possam apresentar

alguma labilidade emocional e envolver-se, a nível emocional, excessivamente com

os seus significativos. Indivíduos com vinculação segura são caracterizados por

elevados índices de confiança (Bartholomew, 1990; Bartholomew & Horowitz, 1991),

todavia, a literatura tem revelado que estes apresentam também elevados níveis de

dependência face ao companheiro. Isto dá sentido aos resultados encontrados que

sugerem que indivíduos com capacidade para gerir as situações de tensão emocional

com base no seu sistema de crenças e valores, são também indivíduos com elevados

níveis de fusão e necessidade de aprovação dos companheiros.

Responder aos estímulos ambientais com recurso a respostas emocionais

automáticas é o comportamento que melhor prediz a dependência face ao

companheiro, seguida do comportamento oposto, isto é, tomar decisões congruentes

com as suas prioridades e sistema de valores. Retomando os resultados de Hollander

(2007), este encontrou uma associação significativa e positiva entre a vinculação

ansiosa e a reatividade emocional. De acordo com os resultados encontrados,

Page 61: Dissertação_Ângela Cardoso

48

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

indivíduos com tendência para, em situações de tensão emocional, responderem

automaticamente com base nas emoções e apresentarem uma labilidade emocional

acentuada, são indivíduos que procuram constantemente a proximidade física e

emocional, dados os sentimentos recorrentes de ansiedade de separação e medo da

perda (Dependência).

Em suma, a capacidade de predizer a vinculação ao companheiro através da

diferenciação do self suporta a teoria de Bowen (1978, in Skonrow & Dendy, 2004) de

que uma elevada diferenciação está associada a comportamentos positivos na

relação, como os que caracterizam a vinculação segura. Por outro lado, sujeitos com

elevados níveis de ER e baixos de IP, têm tendencialmente uma vinculação ansiosa,

e por isso gerem as necessidades de vinculação pela busca contínua de proximidade

com o companheiro, ao passo que aqueles que têm elevados níveis de EC e baixos

de IP, têm uma vinculação evitante e negam as suas necessidades de vinculação.

4.5. Analisar o efeito das variáveis sócio-demográficas na vinculação ao companheiro

e na diferenciação do self

Nenhuma diferença foi encontrada quando se compararam homens e mulheres

relativamente às dimensões da vinculação e às dimensões EC e IP da diferenciação

do self. Contrariamente, e de acordo com o esperado, para a ER e a FO, a análise

das diferença de sexo revelaram que os homens eram mais capazes de gerir as suas

emoções e pensamentos (ER), e de serem mãos autónomo enquanto íntimos nos

seus relacionamentos (FO).

Como o previsto, não foi encontrada nenhuma diferença quanto à idade quer

para as dimensões da vinculação, quer para as da diferenciação do self. Contudo, os

dados encontrados ao longo do estudo sobre a prevalência dos padrões de

vinculação nos adultos mais velhos (elevada frequência do padrão desinvestido) fazia

agora esperar o contrário. Estas diferenças podem estar camufladas pela elevada

amplitude de idades associada à distribuição desigual de indivíduos por idades.

Sugere-se novamente a averiguação do fenómeno, mas com uma amostra que

detenha um número equitativo de indivíduos por faixa etária.

Quanto à duração da relação, não foi encontrado qualquer efeito sobre as

dimensões Confiança, Dependência, ER, IP e FO, mas foi encontrado para o

Evitamento, Ambivalência e EC, indicando que quanto maior a duração da relação,

Page 62: Dissertação_Ângela Cardoso

49

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Capítulo II

maior o Evitamento e a Ambivalência. Mais uma vez remete-se para a necessidade

de se estudar como as experiências de vida fazem variar a vinculação ao par

amoroso ao longo do ciclo de vida, nomeadamente o que leva dimensões como o

evitamento e a ambivalência aumentarem com a duração da relação. No que se

refere ao EC, verificou-se que ele varia em sentido contrário com a duração da

relação, isto é, quanto maior é a duração da relação menor é o distanciamento

emocional face aos significativos.

Por fim, a escolaridade mostrou fazer variar o Evitamento, a Confiança e a

Ambivalência no que concerne à vinculação, e todas as dimensões da diferenciação

do self. Discriminadamente, indivíduos com maior escolaridade apresentam menos

evitamento, ambivalência, distanciamento emocional e labilidade emocional, e

apresentam maior confiança, capacidade para tomar decisões baseadas no seu

próprio self e fusão com os seus significativos.

As diferenças demográficas significativas encontradas não foram controladas na

análise das hipóteses porque, (i) o tamanho dos efeitos foi baixo, e (ii) pretendia-se

explorar concretamente os efeitos da diferenciação do self sobre a vinculação ao

companheiro.

Page 63: Dissertação_Ângela Cardoso

50

CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo II

5. Considerações finais

5.1. Limitações do estudo e pistas para futuras investigações

O processo de amostragem não-probabilística de conveniência com recurso à

técnica snowball constitui uma limitação do trabalho, todavia, considera-se que o

número elevado de participantes poderá colmatar o viés associado a este processo.

Decorrente do desenho experimental da investigação, surge uma outra limitação

do estudo, que se relaciona com o fato de ter um número desproporcional de

participantes entre os jovens adultos e os adultos mais velhos.

É de salientar a contribuição que a investigação trás para a perceção das

relações românticas adultas pelo fato de todos os participantes serem casados, ou

viverem em união de fato, e não os habituais casais de namorados universitários

encontrados na maioria das investigações.

Os instrumentos de medida utilizados nesta investigação foram questionários de

autorrelato, os quais têm sempre associados algum grau de contaminação decorrente

da desejabilidade social e estado de humor atual. Por exemplo, participantes que têm

elevados níveis de desejabilidade social podem ter relutância em reportar problemas

nas suas relações de intimidade e, por outro lado, as respostas podem ser

influenciadas por conflitos na relação prévios ao preenchimento dos instrumentos.

Assim, as respostas podem nem sempre ter sido o verdadeiro reflexo das

características habituais da relação dos participantes. Como forma de contornar este

viés e clarificar os resultados do estudo quantitativo, propõe-se para próximas

investigações associar aos instrumentos de autorrelato medidas de investigação

qualitativas.

Os resultados deste estudo levantam algumas questões interessantes acerca da

avaliação da vinculação em adultos mais velhos, contudo poucos ou nenhum estudo

longitudinal chegou a esta população. Neste sentido, é necessário compreender

como os padrões de vinculação se vão alterando ao longo do ciclo de vida, desde a

infância até à velhice bem como, o que fomenta as suas alterações, e desenvolver

instrumentos capazes de avaliar o constructo em cada fase do ciclo de vida. Uma

sugestão seria desenvolver uma versão do QVA adaptada para esta população capaz

de apreender as características de vinculação em adultos mais velhos.

Page 64: Dissertação_Ângela Cardoso

51

CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo II

Uma vez que a amostra da presente investigação compreende casais, seria

pertinente, na continuação deste projeto, perceber se há um emparelhamento entre

os casais de acordo com o padrão de vinculação e nível de diferenciação do self uma

vez que ambas as teorias o sugerem.

Em futuras investigações, atendendo às razões apontadas no ponto 4.2,

recomenda-se a utilização da versão revista da escala (Skonrow & Schmitt, 2003).

Também se sugere a realização de estudos longitudinais capazes de perceber a

relação entre a diferenciação do self e a vinculação ao longo do ciclo de vida.

Estudos transgeracionais seriam úteis para verificar outra hipótese central da teoria

de Bowen de que os níveis de diferenciação do self são transmitidos pela família de

origem.

5.2. Implicações para a prática clínica

Toda a investigação deve servir um propósito, trazer sustentação para a prática

clínica. Neste sentido, os resultados desta investigação podem ser úteis ao dotar o

terapeuta de uma compreensão mais sofisticada da interação entre a vinculação ao

companheiro e a diferenciação do self. Muitas vezes, os Objetivos terapêuticos, tanto

em terapia com casais como em terapia individual, relacionam-se com a interação

com o companheiro, e passam pela alteração das características associadas ao

modelo de vinculação. Assim, conhecer os comportamentos que podem exercer

alguma influência sobre os modelos internos dinâmicos no sentido de uma maior

segurança na relação pode ser útil para a construção de programas de intervenção.

Os resultados encontrados sugerem uma relação entre as características da

vinculação ao companheiro e a diferenciação do self pelo que, a consciência do

terapeuta quanto ao modelo de vinculação do cliente e conhecimento de como cada

um destes se relaciona com a diferenciação do self, pode ajudá-lo a apreender os

comportamentos do cliente em situações de ansiedade e a ajustar a sua intervenção

em função dos mesmos.

O terapeuta pode ajudar o cliente a perceber como o seu padrão de vinculação

influencia os seus relacionamentos atuais, a compreender a sua relação com a forma

como reage com o companheiro perante situações de ansiedade, e como isso pode

afetar e/ou beneficiar as suas relações de intimidade. Podem também, ao estimular a

capacidade do cliente para regular as emoções, pela separação dos pensamentos e

Page 65: Dissertação_Ângela Cardoso

52

CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo II

sentimentos, pode fomentar a capacidade de autonomia e, por conseguinte,

promover uma vinculação mais segura. O terapeuta pode explorar junto do cliente

com vinculação ansiosa e evitante, como se comporta tendo em conta o seu nível de

diferenciação. Por exemplo, pode ser útil para o cliente ansioso perceber que as suas

respostas emocionais automáticas podem ser desajustadas e ajudá-los a gerir os

sentimentos e tomar decisões com base no sistema intelectual, isto é, a responder às

situações ao invés de reagir às situações. Depois de ser capaz de fazer esta

distinção, ajudá-los a explorar como a fusão com o companheiro, manifesta na

adoção do sistema de crenças e valores deste, é infundada pois reflete, na realidade,

os seus medos de abandono. Este cliente poderá assim melhorar a sua capacidade

para regular os níveis de autonomia e intimidade com o companheiro e aprender que

ser autónomo e fiel ao seu próprio sistema de crenças e valores não compromete a

intimidade com o outro. Em suma, espera-se que tornando-se mais diferenciado, o

cliente seja capaz de gerir a ansiedade com base no sistema intelectual e detendo

uma imagem clara do self se torne mais flexível para integrar as diferenças de opinião

do companheiro sem que isso seja interpretado como ameaça de abandono. Desta

forma contraria gradualmente as expectativas negativas de rejeição e estimula a

mudança do padrão de vinculação na relação com o companheiro. Com o cliente com

vinculação evitante, o terapeuta pode explorar como os comportamentos de

distanciamento emocional condicionam as suas relações e ajudá-lo a aceitar a

importância da ligação emocional com o companheiro e como este distanciamento e

autonomia são apenas aparentes pois pretendem encobrir o medo de abandono pelo

companheiro. Ciente disto, ao trabalhar a capacidade de recorrer ao sistema

intelectual para responder às situações de tensão emocional, incentivar o cliente a

ceder à independência que o caracteriza em detrimento de uma dependência

apropriada. Espera-se que os benefícios para a relação venham contrariar as

expectativas negativas de rejeição e, assim, estimular a mudança do padrão de

vinculação do sujeito na relação com o companheiro.

Por fim, ao constituir-se como base segura, o terapeuta pode contrariar as

expectativas de rejeição do cliente à medida que ele se vai tornando mais

diferenciando. Este utiliza a relação terapêutica para mostrar que é possível ser

autónomo, ter um sistema de crenças próprio e em simultâneo manter uma ligação

emocional importante. Neste sentido, a consulta e a relação com o terapeuta pode

ser o primeiro contexto de desenvolvimento de padrões de vinculação mais

adaptativos.

Page 66: Dissertação_Ângela Cardoso

53

CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo II

5.3. Conlusão

O maior contributo deste estudo para a comunidade científica foi

indubitavelmente a validação de um instrumento de medida para a diferenciação do

self, e o aumento do corpo de investigação neste domínio. Com efeito, apesar do

elevado número de estudos em torno da vinculação ao par amoroso, poucos foram

aqueles que abordaram a sua relação com a diferenciação do self.

Os instrumentos de medida utilizados mostraram-se sensíveis às características

que se pretendiam avaliar, tanto da vinculação – pela inferência teórica dos padrões

de vinculação de Kim Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz, 1991) –, como

da diferenciação do self – pela validade cultural demonstrada.

Em síntese, verificou-se que:

A amostra é maioritariamente constituída por indivíduos com um padrão de

vinculação preocupado, por um elevado número com padrão desinvestido,

depois com padrão seguro e finalmente, em menor número com padrão

amedrontado.

Os indivíduos que percecionam o companheiro como uma base segura,

facilitadora da exploração, e um refúgio de segurança, que proporciona

apoio em situações de ameaça, tendem a fazer a separação entre

pensamentos e sentimentos e a responder às situações de forma racional e

não emocional. Mesmo em situações de stress, eles tendem a agir

consoante o seu sistema de valores (isto é, conhecem e defendem as suas

crenças e convicções pessoais); não tendem a regular a tensão emocional

através do distanciamento (ou seja, pela negação das ligações emocionais

e influência que os outros têm sobre si) e tendem, por vezes a recorrer à

fusão emocional (ou seja, cedem às crenças e convicções dos outros e

assumem-nas como suas).

Por outro lado, os indivíduos que consideram o companheiro como tendo

um papel secundário no preenchimento das necessidades de vinculação,

ou duvidam do seu papel enquanto figura amorosa, tendem a reagir às

situações de tensão automaticamente e de modo emocional, e a regular a

ansiedade, essencialmente, através do distanciamento emocional dos

significativos - negam a ligação emocional e influência que eles têm sobre si.

Consistente com os resultados de outros estudos, observou-se uma

distribuição dos padrões de vinculação ao companheiro nos adultos mais

Page 67: Dissertação_Ângela Cardoso

54

CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo II

velhos díspar da habitualmente encontrada em amostras mais jovens, a

qual caracterizou-se por um elevado número de desinvestidos.

Como o esperado, as dimensões da diferenciação do self constituíram-se

preditores nas quatro dimensões da vinculação, ainda que em diferentes

combinações.

Apurados os efeitos das variáveis sócio-demográficas sobre a vinculação

ao companheiro e a diferenciação do self, homens parecem mais capazes

de gerir as suas emoções e pensamentos, e de serem mais autónomos

enquanto íntimos nos seus relacionamentos, do que as mulheres. Os

indivíduos que mais atribuem um papel secundário ao companheiro, que

duvidam do seu papel enquanto figura vinculação, que têm um baixo nível

de revelação do self ou o percecionam desadequadamente o companheiro

e que revelam um menor distanciamento emocional, são os que têm mais

anos de relação. Também, indivíduos com maior escolaridade apresentam

menos evitamento, ambivalência, distanciamento e labilidade emocional; e

apresentam mais confiança, capacidade para tomar decisões baseadas no

seu próprio self e fusão com os significativos.

Page 68: Dissertação_Ângela Cardoso

55

Referências Bibliográficas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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* Bibliografia citada nas fontes consultadas, e não diretamente.

Page 74: Dissertação_Ângela Cardoso

61

Anexos

Page 75: Dissertação_Ângela Cardoso

62

Anexo 1

Caracterização dos participantes em função de variáveis sócio-demográficas

Quadro 5

Caracterização dos participantes (N=486)

Sexo

Feminino n=243 50.0%

Masculino n=243 50.0%

Idade

21 n=2 0.4%

22 n=2 0.4%

23 n=3 0.6%

25 n=3 0.6%

26 n=3 0.6%

27 n=9 1.9%

28 n=9 1.9%

29 n=8 1.6%

30 n=10 2.1%

31 n=11 2.3%

32 n=10 2.1%

33 n=9 1.9%

34 n=12 2.5%

35 n=8 1.6%

36 n=8 1.6%

37 n=7 1.4%

38 n=4 0.8%

39 n=1 0.2%

40 n=10 2.1%

41 n=7 1.4%

42 n=7 1.4%

43 n=12 2.5%

44 n=6 1.2%

45 n=4 0.8%

46 n=7 1.4%

47 n=5 1.0%

48 n=7 1.4%

49 n=6 1.2%

50 n=13 2.7%

51 n=11 2.3%

52 n=12 2.5%

53 n=13 2.7%

54 n=13 2.7%

55 n=11 2.3%

56 n=11 2.3%

57 n=7 1.4%

(Quadro continua)

Page 76: Dissertação_Ângela Cardoso

63

(Quadro continua)

58 n=13 2.7%

59 n=8 1.6%

60 n=19 3.9%

61 n=15 3.1%

62 n=16 3.3%

63 n=14 2.9%

64 n=7 1.4%

65 n=11 2.3%

66 n=5 1.0%

67 n=12 2.5%

68 n=9 1.9%

69 n=5 1.0%

70 n=10 2.1%

71 n=8 1.6%

72 n=10 2.1%

73 n=11 2.3%

74 n=2 0.4%

75 n=6 1.2%

76 n=4 0.8%

77 n=5 1.0%

78 n=6 1.2%

79 n=2 0.4%

80 n=2 0.4%

81 n=1 0.2%

82 n=2 0.4%

87 n=1 0.2% M=52.16

Valores omissos n=1 0.2% DP=15.16

Duração da relação

3 n=20 4.1%

4 n=20 4.1%

5 n=24 4.9%

6 n=6 1.2%

7 n=14 2.9%

8 n=12 2.5%

9 n=2 0.4%

10 n=4 0.8%

11 n=6 1.2%

12 n=8 1.6%

14 n=3 0.6%

15 n=6 1.2%

16 n=8 1.6%

17 n=4 0.8%

18 n=10 2.1%

19 n=10 2.1%

20 n=2 0.4%

(Quadro continua)

Page 77: Dissertação_Ângela Cardoso

64

(Quadro continua)

21 n=2 0.4%

22 n=2 0.4%

23 n=6 1.2%

24 n=15 3.1%

25 n=16 3.3%

26 n=8 1.6%

27 n=5 1.0%

28 n=5 1.0%

29 n=12 2.5%

30 n=14 2.9%

31 n=12 2.5%

32 n=20 4.1%

33 n=18 3.7%

34 n=12 2.5%

35 n=12 2.5%

36 n=12 2.5%

37 n=10 2.1%

38 n=14 2.9%

39 n=16 3.3%

40 n=20 4.1%

41 n=4 0.8%

42 n=14 2.9%

43 n=8 1.6%

44 n=10 2.1%

47 n=8 1.6%

48 n=12 2.5%

49 n=10 2.1%

50 n=6 1.2%

51 n=4 0.8%

52 n=10 2.1%

53 n=6 1.2%

54 n=2 0.4% M=27.60

56 n=2 0.4% DP=15.01

Escolaridade

1º Ciclo n=226 46.5%

2º Ciclo n=59 12.1%

3º Ciclo n=60 12.3%

Secundário n=79 16.3%

Superior n=51 10.5%

Valores omissos n=11 2.3%

Page 78: Dissertação_Ângela Cardoso

65

Anexo 2

Questionário Sócio-demográfico

Caro (a) participante,

A faculdade de Psicologia está a realizar uma investigação para contribuir para

o melhor conhecimento das relações familiares.

Todos os inquéritos serão apenas utilizadas para fins académicos, sendo

anónimas e confidenciais.

Obrigada pela sua colaboração!

Dados demográficos:

Sexo: Feminino __ Masculino __

Idade _____

Anos de casado/união de facto _____

Nº de filhos _____

Escolaridade ______________

Se está disponível para participar noutras investigações da faculdade coloque,

por favor, o seu contacto __________________________

Page 79: Dissertação_Ângela Cardoso

66

Anexo 3

Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) – versão breve

Page 80: Dissertação_Ângela Cardoso

UNIVERSIDADE DO PORTO

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

67

QVA

(Paula Mena Matos, Joana Cabral e Maria Emília Costa, 2008, versão breve)

Este questionário procura descrever diferentes maneiras das pessoas se relacionarem com o(a) companheiro(a). Leia

atentamente cada uma das frases e assinale com uma (X) a resposta que melhor exprime o modo como se sente na relação

com o(a) seu (sua) companheiro(a).

Duração da relação:

Para cada frase deverá responder de acordo com as seis alternativas que se seguem:

1. O(A) meu(minha) companheiro(a) respeita os meus sentimentos. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

2. Gostava de ser a pessoa mais importante para ela(e), mas não estou certo(a) de que assim seja. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

3. A(O) minha(meu) companheira(o) compreende-me. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

4. Só consigo enfrentar situações novas, se ele(a) estiver comigo. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

5. Às vezes sinto admiração por ele(a); outras vezes não. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

6. Não sei o que me vai acontecer se a nossa relação terminar. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

7. Na minha vida, a minha relação amorosa é secundária. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

8. Sei que posso contar com a(o) minha(meu) companheira(o) sempre que precisar dela(e). ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

9. Sei que, se a minha relação terminar, isso não me vai afectar muito. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

10. Ele(a) dá-me coragem para enfrentar situações novas. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

11. Eu e o(a) meu(minha) companheiro(a) é como se fôssemos um só. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

12. Prefiro que ele(a) me deixe em paz e não ande sempre atrás de mim. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

13. Não gosto de lhe pedir apoio porque sei que nunca me compreenderia. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

14. Ela(e) tem uma importância decisiva na minha maneira de ser. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

15. Tenho sempre a sensação de que a nossa relação vai terminar. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

16. Sempre achei que, apesar de gostar do(a) meu(minha) companheiro(a), não vou sentir muito a falta dele(a) se a

relação terminar. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

17. Às vezes acho que ela(e) é fundamental na minha vida; outras vezes não. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

18. Confio nele(a) para me apoiar em momentos difíceis da minha vida. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

19. Tenho dúvidas se sou realmente importante para ele(a). ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

20. Não preciso dos cuidados do(a) meu(minha) companheiro(a). ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

21. Ele(a) desilude-me muitas vezes. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

22. Quando vou a algum sítio desconhecido, sinto-me melhor se ele(a) estiver comigo. ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

23. Quando tenho um problema, prefiro ficar sozinho(a) a procurar a(o) minha(meu) companheira(o). ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

24. Tenho medo de ficar sozinho(a), se perder a(o) minha(meu) companheira(o). ① ② ③ ④ ⑤ ⑥

25. As relações terminam sempre; mais vale eu não me envolver. ① ② ③

④ ⑤ ⑥

Discordo Totalmente

Discordo Discordo Moderadamente

Concordo Moderadamente

Concordo

Concordo Totalmente

① ② ③ ④ ⑤ ⑥

Page 81: Dissertação_Ângela Cardoso

68

Anexo 4

Differentiation of Self Inventory (DSI)

Page 82: Dissertação_Ângela Cardoso

69

UNIVERSIDADE DO PORTO

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

DSI

(Skowron E.A. & Friedlander M.L., 1998; versão portuguesa: Gouveia T., Oliveira P. & Costa M.E., 2009)

As seguintes questões referem-se a pensamentos e sentimentos que tem sobre si próprio e sobre

as relações com outras pessoas. Por favor, leia atentamente cada frase e decida em que medida a

afirmação é globalmente verdade para si numa escala de 1 (não é de todo verdade) a 6

(totalmente verdade). Se considerar que alguma das questões não se aplica a si (ex: um ou ambos

os pais já faleceram ou não tem uma relação amorosa actualmente), por favor responda à questão

de acordo com o que acha que seriam os seus pensamentos e sentimentos nessa situação.

Responda a todas as questões da forma mais sincera possível.

1 2 3 4 5 6

Não é de todo verdade

Totalmente verdade

1. As pessoas dizem que sou excessivamente emotiva(o). 1 2 3 4 5 6

2. Tenho dificuldade em expressar os meus sentimentos às

pessoas de quem gosto. 1 2 3 4 5 6

3. Muitas vezes sinto-me inibida(o) quando estou em

família. 1 2 3 4 5 6

4. Tenho tendência a manter-me razoavelmente calma(o),

mesmo em situações de stress. 1 2 3 4 5 6

5. Geralmente procuro amenizar e resolver conflitos entre

pessoas que são importantes para mim. 1 2 3 4 5 6

6. Quando alguém próximo me desilude costumo afastar-

me por um tempo. 1 2 3 4 5 6

7. Aconteça o que acontecer na minha vida, nunca deixarei

de ser quem sou. 1 2 3 4 5 6

8. Tenho tendência para me afastar quando alguém se

aproxima demasiado de mim. 1 2 3 4 5 6

9. Pode-se dizer que ainda sou muito ligada(o) aos meus

pais. 1 2 3 4 5 6

10. Gostaria de não ser tão emotiva(o). 1 2 3 4 5 6

Page 83: Dissertação_Ângela Cardoso

70

1 2 3 4 5 6

Não é de todo verdade

Totalmente verdade

11. Não costumo mudar o meu comportamento

simplesmente para agradar outra pessoa. 1 2 3 4 5 6

12. O(A) meu(minha) companheiro(a) não iria tolerar se eu

expressasse os meus verdadeiros sentimentos sobre

determinadas coisas.

1 2 3 4 5 6

13. Sempre que há um problema na minha relação, fico

ansiosa(o) por resolvê-lo rapidamente. 1 2 3 4 5 6

14. Por vezes os meus sentimentos tomam conta de mim e

fico com dificuldade em pensar com clareza. 1 2 3 4 5 6

15. Quando tenho uma discussão com alguém, sou capaz de

separar os meus pensamentos sobre o assunto dos meus

sentimentos acerca da pessoa.

1 2 3 4 5 6

16. Sinto-me pouco à vontade quando as pessoas ficam

muito próximas de mim. 1 2 3 4 5 6

17. É importante para mim manter contacto regular com os

meus pais. 1 2 3 4 5 6

18. Por vezes, sinto-me numa montanha-russa de emoções. 1 2 3 4 5 6

19. Não vale a pena aborrecer-me com coisas que não posso

mudar. 1 2 3 4 5 6

20. Preocupa-me o facto de poder perder a minha

independência nas relações íntimas. 1 2 3 4 5 6

21. Sou excessivamente sensível a críticas. 1 2 3 4 5 6

22. Quando o(a) meu(minha) companheiro(a) está longe por

muito tempo, sinto que falta uma parte de mim. 1 2 3 4 5 6

23. Aceito-me razoavelmente bem. 1 2 3 4 5 6

24. Sinto frequentemente que o(a) meu(minha)

companheiro(a) exige demasiado de mim. 1 2 3 4 5 6

25. Procuro corresponder às expectativas dos meus pais. 1 2 3 4 5 6

26. Quando tenho uma discussão com o(a) meu(minha)

companheiro(a), geralmente penso nisso o dia inteiro. 1 2 3 4 5 6

Page 84: Dissertação_Ângela Cardoso

71

1 2 3 4 5 6

Não é de todo verdade

Totalmente verdade

27. Sou capaz de dizer “não” aos outros mesmo quando me

sinto pressionada. 1 2 3 4 5 6

28. Quando algum relacionamento se começa a tornar muito

intenso, sinto a necessidade de me afastar. 1 2 3 4 5 6

29. Discutir com os meus pais ou irmãos ainda faz com que

me sinta muito mal. 1 2 3 4 5 6

30. Se alguém fica aborrecido comigo, não me consigo

abstrair facilmente. 1 2 3 4 5 6

31. Preocupo-me mais em fazer o que acho correcto do que

em ter a aprovação dos outros. 1 2 3 4 5 6

32. Eu nunca consideraria procurar algum dos elementos da

minha família para ter apoio emocional. 1 2 3 4 5 6

33. Dou por mim a pensar muito na relação que tenho com

o(a) meu(minha) companheiro(a). 1 2 3 4 5 6

34. Sou muito sensível a ser magoada(o) pelos outros. 1 2 3 4 5 6

35. No fundo, a minha auto-estima depende daquilo que os

outros pensam sobre mim. 1 2 3 4 5 6

36. Quando estou com o(a) meu(minha) companheiro(a),

geralmente sinto-me sufocada(o). 1 2 3 4 5 6

37. Preocupa-me que as pessoas que me são próximas

fiquem doentes, magoadas ou preocupadas. 1 2 3 4 5 6

38. Muitas vezes interrogo-me acerca da imagem que crio

nos outros. 1 2 3 4 5 6

39. Quando as coisas estão mal, falar sobre elas geralmente

piora a situação. 1 2 3 4 5 6

40. Sinto as coisas mais intensamente do que os outros. 1 2 3 4 5 6

41. Geralmente faço aquilo que acredito ser correcto,

independentemente do que os outros dizem. 1 2 3 4 5 6

42. A nossa relação podia ser melhor se o(a) meu(minha)

companheiro(a) me desse o espaço de que preciso. 1 2 3 4 5 6

43. Geralmente sinto-me estável emocionalmente mesmo

em situações de stress. 1 2 3 4 5 6

Page 85: Dissertação_Ângela Cardoso

72

Anexo 5

Solicitação de colaboração às famílias

Caro colaborador,

Somos estudantes do curso de Psicologia da Universidade do Porto e, neste

momento encontro-nos a realizar a nossa dissertação de mestrado para conclusão

do curso. Trata-se de uma investigação que pretende compreender as dinâmicas

relacionais dos casais portugueses.

Precisamos que casais unidos pelo casamento ou em união de facto no mínimo há

três anos, em que ambos os pais de ambos os cônjuges também se disponibilizem

a participar.

Para avançar com este projecto, necessitamos encontrar famílias que preencham

os critérios acima referidos, pelo que desde já peço a sua cooperação para a

indicação de mais famílias que conheçam, disponíveis para participar. A sua ajuda

é uma mais-valia.

Junto seguem seis envelopes, um

para cada pessoa da família que

vai participar no estudo. Os três

envelopes que têm um risco azul

são para o homem do casal mais jovem e seus pais; os três envelopes que têm um

risco cor-de-rosa são para a mulher do casal mais jovem e seus pais.

Os questionários são de preenchimento simples e anónimo, por isso peço que, no

seu preenchimento, não troquem impressões sobre as respostas para que não

sejam influenciadas, tal invalida os resultados.

Qualquer dúvida que surja, pode contactar-nos pelo número 936784549 /

934885621.

Agradecemos a sua colaboração.

Ângela Cardoso e Cristina Costa

Atenção. Tenha o cuidado de não enviar nenhuma página dos questionários por

preencher, pois nesse caso os questionários de toda a família não serão válidos.

Page 86: Dissertação_Ângela Cardoso

73

Anexo 6

Qualidades psicométricas do Questionário da Vinculação Amorosa (QVA) – versão

breve

6A: Estrutura fatorial do QVA

6A(a): Medidas de adequabilidade do procedimento de análise fatorial (Kaiser-Meyer-

Olkin e Teste de Esfericidade de Bartlett)

Quadro 6

Medida de Kaiser-Meyer-Olkin e teste de esfericidade de Bartlett para o QVA

Medida de Kaiser-Meyer-Olkin ,924

Teste de esfericidade de Bartlett Qui-Quadrado 4507,035

GL 300

Sig. ,000

6A(b): Variância explicada pelos quatro fatores extraídos

Quadro 7

Variância explicada pelos quatro fatores extraídos do QVA

Fator Total % de variância % cumulativa

1 4,367 18,987 18,987

2 2,738 11,904 30,891

3 2,609 11,345 42,237

4 2,401 10,438 52,674

Page 87: Dissertação_Ângela Cardoso

74

6A (c): Dimensões/itens e saturação ao longo dos quatro fatores extraídos

Quadro 8

Estrutura fatorial do QVA

Fatores Dimensões/Itens

Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4

Evitamento

20. Não preciso dos cuidados do(a) meu(minha) companheiro(a).

0,794 -0,099 -0,003 0,149

16. Sempre achei que, apesar de gostar do(a) meu(minha) companheiro(a), não vou sentir muito a falta dele(a) se a relação terminar.

0,729 -0,090 -0,217 0,185

25. As relações terminam sempre; mais vale eu não me envolver.

0,649 0,009 0,064 0,233

7. Na minha vida, a minha relação amorosa é secundária.

0,646 -0,110 -0,077 0,330

9. Sei que, se a minha relação terminar, isso não me vai afetar muito.

0,620 -0,187 0,028 0,129

23. Quando tenho um problema, prefiro ficar sozinho(a) a procurar a(o) minha(meu) companheira(o).

0,481 -0,120 -0,054 0,414

12. Prefiro que ele(a) me deixe em paz e não ande sempre atrás de mim.

0,371 -0,238 0,016 0,507

Confiança

3. A(O) minha(meu) companheira(o) compreende-me. -0,099 0,796 0,148 -0,142

1. O(A) meu(minha) companheiro(a) respeita os meus sentimentos.

-0,156 0,776 0,054 -0,138

10. Ele(a) dá-me coragem para enfrentar situações novas.

-0,255 0,693 0,282 -0,116

8. Sei que posso contar com a(o) minha(meu) companheira(o) sempre que precisar dela(e).

-0,467 0,457 0,313 -0,040

18. Confio nele(a) para me apoiar em momentos difíceis da minha vida.

-0,567 0,380 0,331 0,093

Dependência

24. Tenho medo de ficar sozinho(a), se perder a(o) minha(meu) companheira(o).

-0,042 0,024 0,737 -0,032

14. Ela(e) tem uma importência decisiva na minha maneira de ser.

0,195 0,126 0,667 -0,255

6. Não sei o que me vai acontecer se a nossa relação terminar.

-0,069 0,145 0,629 0,066

22. Quando vou a algum sítio desconhecido, sinto-me melhor se ele(a) estiver comigo.

-0,324 0,082 0,571 0,067

11. Eu e o(a) meu(minha) compnaheiro(a) é como se fôssemos um só.

-0,236 0,465 0,529 -0,175

4. Só consigo enfrentar situações novas, se ele(a) estiver comigo.

0,187 0,329 0,427 0,115

Ambivalência

5. Às vezes sinto admiração por ele(a); outras vezes não.

0,056 -0,045 -0,003 0,757

17. Às vezes acho que ela(e) é fundamental na minha vida; outras vezes não.

0,446 -0,169 -0,041 0,580

2. Gostava de ser a pessoa mais importante para ela(e), mas não estou certo(a) de que assim seja.

0,253 -0,009 -0,009 0,579

21. Ele(a) desilude-me muitas vezes. 0,429 -0,309 -0,233 0,414

19. Tenho dúvidas se sou realmente importante para ele(a).

0,536 -0,194 0,093 0,371

Page 88: Dissertação_Ângela Cardoso

75

6B: Consistência interna das dimensões do QVA

Quadro 9

Alphas de Cronbach das dimensões do QVA

Dimensões Número de itens Alpha

Evitamento 7 0,835

Confiança 5 0,808

Dependência 6 0,707

Ambivalência 5 0,735

6C: Correlações entre as dimensões do QVA

Quadro 10

Correlações de Pearson entre as dimensões do QVAª

Evitamento Confiança Dependência Ambivalência

Evitamento 1,000 -,519** -,193

** ,703

**

Confiança 1,000 ,530** -,471

**

Dependência 1,000 -,181**

Ambivalência 1,000

**p<.01

a. Listwise N=463

Page 89: Dissertação_Ângela Cardoso

76

Anexo 7

Qualidades psicométricas do Differentiation of Self Inventory (DSI)

7A: Estrutura fatorial do DSI

7A(a): Medidas de adequabilidade do procedimento de análise fatorial (Kaiser-Meyer-

Olkin e Teste de Esfericidade de Bartlett)

Quadro 11

Medida de Kaiser-Meyer-Olkin e teste de esfericidade de Bartlett para o DSI

Medida de Kaiser-Meyer-Olkin 0,834

Teste de esfericidade de Bartlett Qui-Quadrado 4358,049

GL 595

Sig. 0,000

7A(b): Variância explicada pelos quatro fatores extraídos

Quadro 12

Variância explicada pelos quatro fatores extraídos do DSI

Fator Total % de variância % comulativa

1 4,636 13,246 13,246

2 3,499 9,996 23,243

3 2,902 8,292 31,534

4 2,878 8,222 39,756

Page 90: Dissertação_Ângela Cardoso

77

7A (c): Dimensões/itens e saturação ao longo dos quatro fatores extraídos

Quadro 13

Estrutura fatorial do DSI

Fatores

Dimensões/Itens Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4

Emotional Cutoff

42. A nossa relação podia ser melhor se o(a)

meu(minha) companheiro(a) me desse o espaço de

que preciso. 0,688 0,092 0,088 0,054

36. Quando estou com o(a) meu(minha)

companheiro(a), geralmente sinto-me sufocada(o). 0,658 0,030 0,244 0,030

3. Muitas vezes sinto-me inibida(o) quando estou em

família. 0,620 0,151 0,126 -0,074

8. Tenho tendência para me afastar quando alguém se

aproxima demasiado de mim. 0,598 -0,015 -0,003 -0,030

28. Quando algum relacionamento se começa a tornar

muito intenso, sinto a necessidade de me afastar. 0,594 0,156 -0,096 -0,014

12. O(A) meu(minha) companheiro(a) não iria tolerar

se eu expressasse os meus verdadeiros sentimentos

sobre determinadas coisas. 0,594 0,167 0,025 -0,042

39. Quando as coisas estão mal, falar sobre elas

geralmente piora a situação. 0,570 0,101 0,040 0,004

16. Sinto-me pouco à vontade quando as pessoas

ficam muito próximas de mim. 0,557 0,215 0,025 0,018

2. Tenho dificuldade em expressar os meus

sentimentos às pessoas de quem gosto. 0,536 0,071 -0,133 -0,052

32. Eu nunca consideraria procurar algum dos

elementos da minha família para ter apoio emocional. 0,531 -0,120 0,040 -0,067

24. Sinto frequentemente que o(a) meu(minha)

companheiro(a) exige demasiado de mim. 0,496 0,165 0,176 0,104

20. Preocupa-me o facto de poder perder a minha

independência nas relações íntimas. 0,380 0,339 -0,043 -0,024

Emotional Reactivity

1. As pessoas dizem que sou excessivamente

emotiva(o). 0,077 0,670 -0,015 -0,011

34. Sou muito sensível a ser magoada(o) pelos outros. 0,108 0,647 -0,022 0,294

18. Por vezes, sinto-me numa montanha-russa de

emoções. 0,125 0,593 0,022 0,082

14. Por vezes os meus sentimentos tomam conta de

mim e fico com dificuldade em pensar com clareza. 0,089 0,582 -0,093 -0,025

10. Gostaria de não ser tão emotiva(o). 0,351 0,521 0,009 0,069

21. Sou excessivamente sensível a críticas. 0,173 0,501 -0,029 0,122

30. Se alguém fica aborrecido comigo, não me consigo

abstrair facilmente. -0,069 0,458 -0,191 0,260

40. Sinto as coisas mais intensamente do que os

outros. 0,261 0,453 0,074 0,166

26. Quando tenho uma discussão com o(a)

meu(minha) companheiro(a), geralmente penso nisso

o dia inteiro. -0,072 0,413 -0,288 0,283

38. Muitas vezes interrogo-me acerca da imagem que

crio nos outros. 0,321 0,381 0,113 0,162

Page 91: Dissertação_Ângela Cardoso

78

“I” Position

41. Geralmente faço aquilo que acredito ser correcto,

independentemente do que os outros dizem. 0,017 -0,143 0,673 -0,034

31. Preocupo-me mais em fazer o que acho correcto

do que em ter a aprovação dos outros. 0,078 -0,130 0,644 -0,124

23. Aceito-me razoavelmente bem. 0,201 -0,001 0,595 -0,179

11. Não costumo mudar o meu comportamento

simplesmente para agradar outra pessoa. 0,032 -0,099 0,551 -0,064

7. Aconteça o que acontecer na minha vida, nunca

deixarei de ser quem sou. 0,101 -0,059 0,515 -0,221

27. Sou capaz de dizer “não” aos outros mesmo

quando me sinto pressionada. -0,150 0,171 0,515 -0,051

35. No fundo, a minha autoestima depende daquilo

que os outros pensam sobre mim. 0,420 0,302 0,465 0,202

43. Geralmente sinto-me estável emocionalmente

mesmo em situações de stress. -0,129 0,235 0,349 -0,277

Fusion with Others

17. É importante para mim manter contato regular com

os meus pais. -0,019 0,139 -0,177 0,806

9. Pode-se dizer que ainda sou muito ligada(o) aos

meus pais. 0,073 0,127 -0,082 0,792

25. Procuro corresponder às expectativas dos meus

pais. 0,027 0,155 -0,107 0,777

29. Discutir com os meus pais ou irmãos ainda faz com

que me sinta muito mal. -0,107 0,269 -0,248 0,509

5. Geralmente procuro amenizar e resolver conflitos

entre pessoas que são importantes para mim. -0,151 0,161 -0,319 0,412

Page 92: Dissertação_Ângela Cardoso

79

7B: Consistência interna das dimensões do DSI

Quadro 14

Alphas de Cronbach das dimensões do DSI

Dimensões Número de itens Alpha

Emotional Cutoff 12 0,827

Emotional Reactivity 10 0,772

“I” Position 8 0,680

Fusion with Others 5 0,776

DSI Total 43 0,799

7C: Correlações entre as dimensões do DSI e DSI Escala Total

Quadro 15

Correlações de Pearson entre as dimensões do DSIa

Emotional Cutoff

Emotional

Reactivity “I” Position

Fusion with

Others DSI Total

Emotional Cutoff 1,000 0,389

** 0,221

** -0,013 0,807

**

Emotional Reactivity 1,000 -0,014 0,410** 0,768

**

“I” Position 1,000 -0,344** 0,332

**

Fusion with Others 1,000 0,353**

DSI Total 1,000

**p<.01

a. Listwise N=433

Page 93: Dissertação_Ângela Cardoso

80

Anexo 8

Efeito do sexo e da escolaridade sobre a vinculação ao companheiro

8A: Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as

dimensões da vinculação ao companheiro

8B: Médias e desvios-padrão para as dimensões da vinculação ao companheiro

onde há diferenças

Quadro 17

Médias e desvios-padrão para as dimensões da vinculação ao companheiro onde há diferenças

Fonte

Categoria

Variável dependente

Evitamento Confiança Ambivalência

Média Desvio-padrão

Média Desvio-padrão

Média Desvio-padrão

Escolaridade 1º Ciclo (n

a=214)

2,966 0,072 4,658 0,057 3,294 0,070

2º Ciclo (n

a=58)

2,608 0,139 4,834 0,110 3,190 0,135

3º Ciclo (n

a=56)

2,388 0,141 5,032 0,112 3,043 0,137

Secundário (n

a=74)

2,363 0,123 5,051 0,097 2,870 0,120

Superior (n

a=50)

2,169 0,150 5,200 0,118 2,556 0,145

a = Listwise

Quadro 16

Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as dimensões da vinculação ao companheiro

Fonte Variável dependente

Ʃ dos quadrados

GL Quadrado médio

F Sig. Eta2

Escolaridade Evitamento 42,942 4 10,735 9,583 0,000 0,079

Confiança 18,890 4 4,722 6,748 0,000 0,057

Ambivalência 27,437 4 6,859 6,488 0,000 0,055

Page 94: Dissertação_Ângela Cardoso

81

Anexo 9

Efeito do sexo e da escolaridade sobre a diferenciação do self

9A: Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as

dimensões da diferenciação do self

Quadro 18

Teste dos efeitos principais intersujeitos do sexo e da escolaridade para as dimensões da diferenciação do self

Fonte Variável dependente Ʃ dos quadrados

GL Quadrado médio

F Sig. Eta2

Sexo Emotional Reactivity 12,624 1 12,624 19,739 0,000 0,044

Fusion with Others 13,349 1 13,349 11,004 0,001 0,025

Escolaridade Emotional Cutoff 27,782 4 6,946 8,845 0,000 0,078

Emotional Reactivity 6,712 4 1,678 2,509 0,041 0,023

“I” Position 12,301 4 3,075 5,894 0,000 0,053

Fusion with Others 22,841 4 5,710 4,751 0,001 0,043

Page 95: Dissertação_Ângela Cardoso

82

9B: Médias e desvios-padrões para as dimensões da diferenciação do self onde há

diferenças

Quadro 19

Médias e desvios-padrões para as dimensões da vinculação ao companheiro onde há diferenças

Fonte Categoria

Variável dependente

Emotional Cutoff Emotional Reactivity

Média Desvio-padrão Média Desvio-padrão

Sexo Feminino (n=212)a

2,85 0,76

Masculino (n=221)a

3,19 0,84

Escolaridade 1º Ciclo (n=198)a 3,68 0,91 3,05 0,81

2º Ciclo (n=53)a 3,90 0,90 3,02 0,76

3º Ciclo (n=58)a 3,83 0,86 2,73 0,91

Secundário (n=69)a 4,22 0,88 3,06 0,81

Superior (n=47)a 4,38 0,80 3,20 0,80

Fonte

Categoria

Variável dependente

“I” Position Fusion with Others

Média Desvio-padrão Média Desvio-padrão

Sexo Feminino (n=212)a 2,40 1,04

Masculino (n=221)a 2,75 1,16

Escolaridade 1º Ciclo (n=198)a 4,27 0,73 2,80 1,18

2º Ciclo (n=53)a 4,41 0,81 2,49 1,05

3º Ciclo (n=58)a 4,48 0,70 2,26 1,01

Secundário (n=69)a 4,66 0,74 2,31 0,88

Superior (n=47)a 4,71 0,56 2,36 1,17

a = Listwise

Nota. Apresentam-se as médias e os desvios-padrões para as dimensões em que a MANOVA revelou um

efeito principal da variável analisada.

Page 96: Dissertação_Ângela Cardoso

83

Anexos 10

Efeito da idade e da duração da relação na vinculação ao companheiro

10A: Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Quadro 20

Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Variável dependente

Preditores R R2 R

2 ajustado Erro padrão

da estimativa

Evitamento Idade 0,242 0,059 0,055 1,062

Duração da Relação

Confiança Idade 0,215 0,046 0,042 0,844

Duração da Relação

Dependência Idade 0,099 0,010 0,006 0,908

Duração da Relação

Ambivalência Idade 0,200 0,040 0,036 1,034

Duração da Relação

10B: Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da

vinculação ao companheiro

Quadro 21

Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da vinculação ao companheiro

Dimensão Quadrados GL Quadrado

Médio F Sig.

Evitamento Regressão 33,029 2 16,515 14,616 0,000

Residual 529,910 469 1,130

Total 562,939 471

Confiança Regressão 16,341 2 8,171 11,466 0,000

Residual 338,480 475 0,713

Total 354,822 477

Dependência Regressão 3,833 2 1,916 2,325 0,099

Residual 389,882 473 0,824

Total 393,714 475

Ambivalência Regressão 20,988 2 10,494 9,822 0,000

Residual 505,347 473 1,068

Total 526,336 475

Page 97: Dissertação_Ângela Cardoso

84

10C: Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Quadro 26

Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação ao par amoroso

Dimensão Preditores

Coeficientes não-

estandardizados

Coeficientes

estandardizados t Sig.

Coeficiente de

correlação

Erro padrão Part

Evitamento (Constante) 2,471 0,280 8,826 0,000

Idade -0,010 0,010 -0,145 -1,024 0,306 -0,046

Duração da Relação

0,027 0,010 0,376 2,650 0,008 0,119

Confiança (Constante) 5,281 0,221 23,887 0,000

Idade -0,004 0,008 -0,078 -0,553 0,581 -0,025

Duração da Relação

-0,008 0,008 -0,139 -0,980 0,328 -0,044

Dependência (Constante) 4,593 0,240 19,156 0,000

Idade -0,019 0,009 -0,309 -2,131 0,034 -0,098

Duração da Relação

0,019 0,009 0,308 2,126 0,034 0,097

Ambivalência (Constante) 2,998 0,273 10,973 0,000

Idade -0,010 0,010 -0,150 -1,043 0,298 -0,047

Duração da Relação

0,024 0,010 0,337 2,336 0,020 0,105

Page 98: Dissertação_Ângela Cardoso

85

Anexo 11

Efeito da idade e da duração da relação na diferenciação do self

11A: Modelos de regressão para as dimensões da diferenciação do self

Quadro 23

Modelos de regressão para as dimensões da diferenciação do self

Variável

dependente

Preditores R R2 R

2 ajustado Erro padrão da

estimativa

Emotional

Cutoff

Idade 0,230 0,053 0,049 0,897

Duração da Relação

Emotional

Reactivity

Idade 0,084 0,007 0,003 0,817

Duração da Relação

“I” Position Idade 0,204 0,042 0,037 0,730

Duração da Relação

Fusion with

Others

Idade 0,242 0,058 0,054 1,074

Duração da Relação

11B: Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da

diferenciação do self

Quadro 24

Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da diferenciação do self

Dimensão Quadrados GL Quadrado Médio F Sig.

Emotional

Cutoff Regressão 20,584 2 10,292 12,793 0,000

Residual 370,077 460 0,805

Total 390,662 462

Emotional

Reactivity Regressão 2,215 2 1,108 1,658 0,192

Residual 311,197 466 0,668

Total 313,412 468

“I” Position Regressão 10,869 2 5,435 10,181 0,000

Residual 250,893 470 0,534

Total 261,763 472

Fusion with

Others Regressão 32,045 2 16,023 13,893 0,000

Residual 516,663 448 1,153

Total 548,708 450

Page 99: Dissertação_Ângela Cardoso

86

11C: Coeficientes de regressão para as dimensões da diferenciação do self

Quadro 25

Coeficientes de regressão para as dimensões da diferenciação do self

Dimensão Preditores

Coeficientes não-

estandardizados

Coeficientes

estandardizados T Sig.

Coeficiente

de correlação

Erro

padrão Part

Emotional

Cutoff

(Constante) 4,031 0,238

16,960 0,000

Idade 0,008 0,009 0,137 0,964 0,335 0,044 Duração da

Relação -0,022 0,009 -0,356 -2,496 0,013 -0,113

Emotional

Reactivity

(Constante) 2,625 0,216

12,154 0,000

Idade 0,014 0,008 0,261 1,792 0,074 0,083

Duração da

Relação

-0,013 0,008 -0,233 -1,597 0,111 -0,074

“I” Position (Constante) 4,621 0,193

23,982 0,000

Idade 0,003 0,007 0,058 0,407 0,684 0,018

Duração da

Relação -0,013 0,007 -0,258 -1,804 0,072 -0,081

Fusion with

Others

(Constante) 1,601 0,296

5,415 0,000

Idade 0,021 0,011 0,293 1,941 0,053 0,089

Duração da

Relação

-0,004 0,011 -0,055 -0,362 0,717 -0,017

Page 100: Dissertação_Ângela Cardoso

87

Anexo 12

Clusters para a vinculação ao companheiro

12A: Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da vinculação ao

companheiro, em função do cluster.

Quadro 26

Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da vinculação ao companheiro,

em função do cluster

Fonte Variável

dependente

Ʃ dos

quadrados GL

Quadrado

médio F Sig.

Eta

quadrado

Cluster Evitamento 388.72 3 129.57 371.73 0.000 0.71

Confiança 222.72 3 74.24 291.67 0.000 0.66

Dependência 161.57 3 53.86 111.67 0.000 0.42

Ambivalência 314.03 3 104.68 252.28 0.000 0.62

12B: Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da diferenciação

do self, em função do cluster

Quadro 27

Teste dos efeitos principais intersujeitos para as dimensões da diferenciação do self, em

função do cluster

Fonte Variável

dependente

Ʃ dos

quadrados GL

Quadrado

médio F Sig.

Eta

quadrado

Cluster Emotional Cutoff 131.13 3 43.71 84.99 0.000 0.38

Emotional Reactivity 14.97 3 4.99 7.90 0.000 0.06

“I” Position 26.37 3 8.79 18.02 0.000 0.12

Fusion with Others 34.39 3 11.46 9.66 0.000 0.07

Escala total 25.84 3 8.62 37.23 0.000 0.21

Page 101: Dissertação_Ângela Cardoso

88

12C: Comparação de pares de médias (Teste de Scheffe) para as dimensões da

vinculação ao companheiro e da diferenciação do self, em função do Cluster

12Ca: Dimensões da vinculação ao companheiro

Quadro 28

Teste de Scheffe para as dimensões da vinculação ao companheiro, em função do cluster

Variável dependente Cluster Cluster Diferença de médias Erro padrão Sig.

Evitamento Preocupado Desinvestido -0.96* 0,073 0,000 Amedrontado -1.86* 0,081 0,000 Seguro 0.85* 0,073 0,000 Desinvestido Preocupado 0.96* 0,073 0,000 Amedrontado -0.90* 0,088 0,000 Seguro 1.81* 0,081 0,000 Amedrontado Preocupado 1.86* 0,081 0,000 Desinvestido 0.90* 0,088 0,000 Seguro 2.71* 0,089 0,000 Seguro Preocupado -0.85* 0,073 0,000 Desinvestido -1.81* 0,081 0,000 Amedrontado -2.71* 0,089 0,000

Confiança Preocupado Desinvestido 1,40* 0,06 0,000 Amedrontado 0,32* 0,07 0,000 Seguro -0,57* 0,06 0,000 Desinvestido Preocupado -1,40* 0,06 0,000 Amedrontado -1,08* 0,08 0,000 Seguro -1,97* 0,07 0,000 Amedrontado Preocupado -0,32* 0,07 0,000 Desinvestido 1,08* 0,08 0,000 Seguro -0,89* 0,08 0,000 Seguro Preocupado 0,57* 0,06 0,000 Desinvestido 1,97* 0,07 0,000 Amedrontado 0,89* 0,08 0,000

Dependência Preocupado Desinvestido 0,90* 0,09 0,000 Amedrontado -0,47* 0,10 0,000 Seguro -0,74* 0,09 0,000 Desinvestido Preocupado -0,90* 0,09 0,000 Amedrontado -1,38* 0,10 0,000 Seguro -1,65* 0,10 0,000 Amedrontado Preocupado 0,47* 0,10 0,000 Desinvestido 1,38* 0,10 0,000 Seguro -0,27 0,10 ,084 Seguro Preocupado 0,74* 0,09 0,000 Desinvestido 1,65* 0,10 0,000 Amedrontado 0,27 0,10 ,084

Ambivalência Preocupado Desinvestido -0,61* 0,08 0,000 Amedrontado -1,15* 0,09 0,000 Seguro 1,29* 0,08 0,000 Desinvestido Preocupado 0,61* 0,08 0,000 Amedrontado -0,53* 0,10 0,000 Seguro 1,90* 0,09 0,000 Amedrontado Preocupado 1,15* 0,09 0,000 Desinvestido 0,53* 0,10 0,000 Seguro 2,43* 0,10 0,000 Seguro Preocupado -1,29* 0,08 0,000 Desinvestido -1,90* 0,09 0,000 Amedrontado -2,43* 0,10 0,000

p < .05

Page 102: Dissertação_Ângela Cardoso

89

12Cb: Dimensões da diferenciação do self

Quadro 29

Teste de Scheffe para as dimensões da diferenciação do self, em função do cluster

Variável dependente Cluster Cluster Diferença de médias Erro padrão Sig.

Emotional Cutoff Preocupado Desinvestido 0,45* 0,09 0,000 Amedrontado 1,14* 0,11 0,000 Seguro -0,60* 0,09 0,000 Desinvestido Preocupado -0,45* 0,09 0,000 Amedrontado 0,69* 0,11 0,000 Seguro -1,05* 0,10 0,000 Amedrontado Preocupado -1,14* 0,11 0,000 Desinvestido -0,69* 0,11 0,000 Seguro -1,75* 0,11 0,000 Seguro Preocupado 0,60* 0,09 0,000 Desinvestido 1,05* 0,10 0,000 Amedrontado 1,75* 0,11 0,000

Emotional Reactivity Preocupado Desinvestido -0,12 0,10 0,710 Amedrontado 0,47* 0,12 0,001 Seguro 0,10 0,10 0,836 Desinvestido Preocupado 0,12 0,10 0,710 Amedrontado 0,59* 0,13 0,000 Seguro 0,22 0,12 0,316 Amedrontado Preocupado -0,47* 0,12 0,001 Desinvestido -0,59* 0,13 0,000 Seguro -0,38* 0,13 0,035 Seguro Preocupado -0,10 0,10 0,836 Desinvestido -0,22 0,12 0,316 Amedrontado 0,38* 0,13 0,035

“I” Position Preocupado Desinvestido 0,52* 0,09 0,000 Amedrontado 0,22 0,10 0,198 Seguro -0,17 0,09 0,301 Desinvestido Preocupado -0,52* 0,09 0,000 Amedrontado -0,30 0,11 0,072 Seguro -0,69* 0,10 0,000 Amedrontado Preocupado -0,22 0,10 0,198 Desinvestido 0,30 0,11 0,072 Seguro -0,40* 0,11 0,006 Seguro Preocupado 0,17 0,09 0,301 Desinvestido 0,69* 0,10 0,000 Amedrontado 0,40* 0,11 0,006

Fusion with Others Preocupado Desinvestido -0,27 0,14 0,294 Amedrontado 0,29 0,16 0,362 Seguro 0,53* 0,14 0,004 Desinvestido Preocupado 0,27 0,14 0,294 Amedrontado 0,56* 0,17 0,017 Seguro 0,80* 0,16 0,000 Amedrontado Preocupado -0,29 0.16 0,362 Desinvestido -0,56* 0,17 0,017 Seguro 0,24 0,17 0,599 Seguro Preocupado -0,53* 0,14 0,004 Desinvestido -0,80* 0,16 0,000 Amedrontado -0,24 0,17 0,599

Page 103: Dissertação_Ângela Cardoso

90

Escala total Preocupado Desinvestido 0,20* 0,06 0,018

Amedrontado 0,62* 0,07 0,000

Seguro -0,14 0,06 0,151

Desinvestido Preocupado -0,20* 0,06 0,018

Amedrontado 0,42* 0,08 0,000

Seguro -0,34* 0,07 0,000

Amedrontado Preocupado -0,62* 0,07 0,000

Desinvestido -0,42* 0,08 0,000

Seguro -0,76* 0,08 0,000

Seguro Preocupado 0,14 0,06 0,151

Desinvestido 0,34* 0,07 0,000

Amedrontado 0,76* 0,08 0,000

p < .05

Page 104: Dissertação_Ângela Cardoso

91

12D: Composição dos Clusters

Quadro 34

Composição dos Clusters (N=463)

Seguro

(n=105)

Preocupado

(n=174)

Amedrontado

(n=77)

Desinvestido

(n=107)

Sexo

Feminino n=52 n=80 n=42 n=56

Masculino n=53 n=94 n=35 n=51 Idade

≤ 30 n=16 n=17 n=7 n=8

31 – 40 n=17 n=13 n=11 n=6

41 – 49 n=12 n=28 n=13 n=12

50 – 59 n=32 n=36 n=18 n=12

60 – 68 n=15 n=43 n=27 n=26

69 – 78 n=13 n=12 n=23 n=11

> 79 n=0 n=4 n=8 n=2

M=49.05 M=49.92 M=54.56 M=57.28

DP=15.13 DP=14.48 DP=14.65 DP=15.70

Valores omissos = 1

Duração da relação

≤ 10 n=31 n=42 n=10 n=15

11 – 19 n=10 n=27 n=5 n=10

20 – 28 n=9 n=25 n=11 n=12

29 – 38 n=34 n=43 n=16 n=23

39 – 47 n=12 n=23 n=25 n=21

> 48 n=9 n=14 n=10 n=26

M=24.54. M=24.98 M=31.31 M=32.35

DP=15.59 DP=14.57 DP=13.42 DP=15.02

Escolaridade

1º Ciclo n=37

n=65

n=50

n=62

2º Ciclo n=16

n=19

n=9

n=14

3º Ciclo n=17

n=23

n=6

n=10

Secundário n=17

n=39

n=9

n=9

Superior n=18

n=24

n=2

n=6

Valores omissos = 4

Valores omissos = 1

Valores omissos = 6

Page 105: Dissertação_Ângela Cardoso

92

Anexo 13

Modelos de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro, obtidos

pelo método stepwise

13A: Análise de variância (ANOVA) da regressão

Quadro 31

Análises de variância para os modelos de regressão das dimensões da vinculação ao companheiro

Dimensão Quadrados GL Quadrado Médio F Sig.

Evitamento Regressão 224,580 3 74,860 109,104 0,000a

Residual 286,804 418 0,686

Total 511,384 421

Confiança Regressão 80,378 4 20,095 34,615 0,000b

Residual 245,562 423 0,581

Total 325,940 427

Dependência Regressão 34,276 2 17,138 22,598 0,000c

Residual 320,803 423 0,758

Total 355,079 425

Ambivalência Regressão 142,333 2 71,166 92,676 0,000d

Residual 324,058 422 0,768

Total 466,391 424

a. Preditores: DSI_EmotionalCutoff, DSI_IPosition, DSI_EmotionalReactivity

b. Preditores: DSI_EmotionalCutoff, DSI_IPosition, DSI_EmotionalReactivity, DSI_FusionWithOthers

c. Preditores: DSI_EmotionalReactivity, DSI_IPosition

d. Preditores: DSI_EmotionalCutoff, DSI_IPosition

Page 106: Dissertação_Ângela Cardoso

93

13B: Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Quadro 32

Coeficientes de regressão para as dimensões da vinculação ao companheiro

Dimensão Preditores

Coeficientes não-

estandardizados

Coeficientes

estandardizados t Sig.

Erro padrão

Evitamento (Constante) 6,028 0,294

20,502 0,000

EmotionalCutoff -0,804 0,050 -0,662 -16,201 0,000

“I” Position -0,136 0,056 -0,092 -2,420 0,016

Emotional

Reactivity 0,124 0,054 0,092 2,312 0,021

Confiança (Constante) 3,080 0,300

10,258 0,000

EmotionalCutoff 0,350 0,046 0,361 7,624 0,000

“I” Position 0,260 0,054 0,221 4,789 0,000

Emotional

Reactivity -0,175 0,055 -0,162 -3,172 0,002

Fusion with Others -0,089 0,039 -0,113 -2,251 0,025

Dependência (Constante) 4,478 0,303

14,795 0,000

EmotionalReactivit

y -0,323 0,052 -0,286 -6,193 0,000

“I” Position 0,143 0,057 0,116 2,514 0,012

Ambivalência (Constante) 6,330 0,287

22,045 0,000

EmotionalCutoff -0,570 0,048 -0,491 -11,779 0,000

“I” Position -0,233 0,059 -0,165 -3,947 0,000