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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO FORMAÇÃO DE PARTÍCULAS SUBMICROMÉTRICAS DE PMMA POR CRISTALIZAÇÃO TÉRMICA DE SOLUÇÃO POLIMÉRICA ANDRÉ ANDERSON COSTA PEREIRA Orientador: Prof.ª Dr.ª Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa Coorientador: Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira Natal/RN Agosto/2013 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FORMAÇÃO DE PARTÍCULAS SUBMICROMÉTRICAS DE PMMA POR CRISTALIZAÇÃO TÉRMICA DE

SOLUÇÃO POLIMÉRICA

ANDRÉ ANDERSON COSTA PEREIRA

Orientador: Prof.ª Dr.ª Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa

Coorientador: Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira

Natal/RN Agosto/2013

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

André Anderson Costa Pereira

Formação de partículas submicrométricas de PMMA por Cristalização térmica de solução polimérica

Agosto/2013 Natal/RN

Dissertaçãode mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, comoparte dos requisitos necessários para obtenção do título de mestre em Engenharia Química, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousae Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira.

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 iii

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / CT / DEQ

Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.

Pereira, André Anderson Costa. Formação de partículas submicrométricas de PMMA por cristalização térmica de solução polimérica / André Anderson Costa Pereira. - Natal, 2013. 76 f.: il. Orientador: Elisa Maria B. D. de Sousa. Co-Orientador: Jackson Araújo de Oliveira. .

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química.

1. Cristalização - Dissertação. 2. Polímero - Dissertação. 3. Solubilização - Dissertação. I. Sousa, Elisa Maria B. D. de. II. Oliveira, Jackson Araújo de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF CDU 66.065.5(043.3)

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 v

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 iv

PEREIRA, A. A. C. - Formação de partículas submicrométricas de PMMA por Cristalização térmica de solução polimérica. Dissertação de Mestrado. UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Área de concentração: Engenharia Química, Natal, RN, Brasil, 2013.

Orientador: Prof.aDr.ª Elisa Maria Bittencourt Dutra de Sousa.

Coorientador:Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira.

RESUMO: Partículas poliméricas formadas em escala nanométrica são de fundamental

interesse atualmente, principalmente quando utilizadas como sistemas carreadores na

liberação controladade fármacos, cosméticos e nutracêuticos, e no recobrimento de materiais

com propriedades magnéticas. O principal objetivo do presente estudo diz respeito à produção

de partículas submicrométricas de poli (metacrilato de metila) (PMMA) através da

cristalização de uma solução poliméricapor resfriamento controlado termicamente. Neste

trabalho, soluções de PMMA em etanol e 1-propanol foram preparadas em diferentes

concentrações (1% a 5% em massa) e cristalizadas em diferentes taxas de resfriamento (0,2 a

0,8 ºC/min) controladas linearmente. Análises de distribuição de partículas (DLS/CILAS) e

microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram realizadas com o intuito de avaliar as

características morfológicas das partículas formadas. Os resultados demonstraram que é

possível obter partículas poliméricas submicrométricas com morfologia perfeitamente esférica

utilizando a técnica abordada no presente estudo. Observou-se também que, a depender da

taxa de resfriamento e da concentração da solução polimérica, é possível obter alto

rendimento na formação de partículas submicrométricas. Adicionalmente, foram realizados

testes preliminares com o propósito de verificar a capacidade desta técnica em formar

partículas carreadoras de materiais com propriedades magnéticas. Os resultados permitiram

concluir que a técnica estudada pode ser uma alternativa interessante na obtenção de

partículas poliméricas com propriedades magnéticas.

Palavras-chave: PMMA, cristalização térmica, partículas submicrométricas.

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 vi

PEREIRA, A. A. C. – Formation of submicron particles of PMMA by thermal crystallization of the polymer solution. UFRN, PPGEQ, Natal, RN, Brazil, 2013.

Professor Advisor: Prof.aDr. Elisa Maria B. D. de Sousa.

Co-supervisor: Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira.

ABSTRACT

Polymer particles in the nanometer range are of fundamental interest today, especially when

used as carrier systems in the controlled release of drugs, cosmetics and nutraceuticals, as

well as in coating materials with magnetic properties. The main objective of the present study

concerns the production of submicron particles of poly (methyl methacrylate) (PMMA) by

crystallization of a polymer solution by thermally controlled cooling. In this work, PMMA

solutions in ethanol and 1-propanol were prepared at different concentrations (1% to 5% by

weight) and crystallized at different cooling rates (0.2 to 0.8 ° C / min) controlled linearly.

Analysis of particle size distribution (DLS / CILAS) and scanning electron microscopy

(SEM) were performed in order to evaluate the morphological characteristics of the produced

particles. The results demonstrated that it is possible to obtain submicron polymer perfectly

spherical particles using the technique discussed in this study. It was also observed that,

depending on the cooling rate and the concentration of the polymer solution, it is possible to

achieve high yield in the formation of submicron particles. In addition, preliminary tests were

performed in order to verify the ability of this technique to form particulated carrier material

with magnetic properties. The results showed that the developed technique can be an

interesting alternative to obtain polymer particles with magnetic properties.

Keywords: PMMA, thermal crystallization, submicron particles.

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 vii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por tudo que ocorreu nessa minha trajetória até

aqui. Meus sinceros agradecimentos aos meus orientadores: Prof. Dr. Elisa Maria B. D.

Sousa e Prof. Dr. Jackson Araújo de Oliveira, pela orientação, dedicação, compreensão e

principalmente, pela paciência durante o período da dissertação.

Peço a benção de meus pais e agradeço pelo apoio que recebi ao longo da minha vida

acadêmica e pessoal. Eles são à base da minha vida.

Agradeço a minha querida eterna namorada e amada noiva Suênya Monique de Medeiros

Confessor que me incentivou a ingressar na pós-graduação e tem sempre me motivado a

terminar essa dissertação e também prosseguir na vida acadêmica.

Aos meus primos Alberto Carlos e Ramonn Mateus pela voluntaria ajuda nos experimentos

preliminares. Eles foram muito importantes nesta etapa.

Aos meus amigos do Laboratório de Tecnologia Supercrítica e Biodiesel, pela colaboração e

auxílio em determinadas etapas do projeto da dissertação.

Um agradecimento, especial, ao pessoal dos laboratórios da UFRN, UEM e UNIT, que

viabilizaram as análises apresentadas neste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química pela oportunidade que me foi

concedida para realização deste trabalho e a Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de

Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.

E, por fim, a todas as pessoas que contribuíram para finalização desse projeto.

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 viii

SUMÁRIO

ABSTRACT .............................................................................................................................. vi

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. vii

ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................. x

ÍNDICE DE TABELA ............................................................................................................ xiii

NOMENCLATURA/SIGLAS/SÍMBOLOS ........................................................................... xiv

1. Introdução ............................................................................................................................... 2

2. Revisão bibliográfica .............................................................................................................. 6

2.1 – O poli(metacrilato de metila) (PMMA) ......................................................................... 6

2.1.1 – Estrutura e propriedades do PMMA ....................................................................... 6

2.1.2 – Aplicações do PMMA ............................................................................................ 7

2.2 – A solubilidade do poli(metacrilato de metila) (PMMA) ............................................... 8

2.2.1 – Forças moleculares dos polímeros .......................................................................... 9

2.2.2 – Comportamento do polímero em solução ............................................................. 10

2.2.3 – Solubilização de um polímero .............................................................................. 11

2.3 – A Cristalização ............................................................................................................ 13

2.3.1 – Precipitação com anti-solvente ............................................................................. 14

2.3.2 – Cristalização por evaporação do solvente ............................................................ 16

2.3.3 – Cristalização por resfriamento .............................................................................. 17

2.3.4 – Ação da agitação na cristalização ......................................................................... 18

2.3.5 – Obtenção da supersaturação ................................................................................. 18

2.3.6 – Etapa de Nucleação .............................................................................................. 20

2.3.7 – Etapa do Crescimento ........................................................................................... 22

2.3.8 – Zona metaestável .................................................................................................. 23

2.3.9 – Condição θ ............................................................................................................ 27

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 ix

2.4 – Encapsulação de materiais magnéticos........................................................................ 28

3. Materiais e métodos .............................................................................................................. 31

3.1 – Etapa da Solubilização ................................................................................................ 31

3.2 – Etapa do processo de cristalização .............................................................................. 32

3.3 – Etapa de Filtração ........................................................................................................ 34

3.3.1 – Quantificação da fração de partículas submicrométricas ..................................... 35

3.4 – Etapa de Caracterização............................................................................................... 36

3.4.1 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ...................................................... 36

3.4.2 – Distribuição de tamanho de partículas por espalhamento dinâmico de luz (DLS)

.......................................................................................................................................... 36

3.4.3 – Microscopia Óptica (MO) .................................................................................... 37

3.4.4 – Distribuição de tamanho de partículas (DTP) pelo granulômetro ........................ 38

3.5 – Correlação linear das variáveis de entrada e saída ...................................................... 39

4. Resultados e Discussões ....................................................................................................... 41

4.1 – Solubilização do PMMA ............................................................................................. 41

4.2 – Estratégia para obtenção das taxas de resfriamento .................................................... 42

4.3 – Quantificação da fração de partículas submicrométricas ............................................ 45

4.4 – Distribuição de tamanho de partículas da fração retida ............................................... 46

4.5 – Análises por Microscopia Óptica das partículas presentes na fração retida ................ 50

4.6 – Distribuição de tamanho de partículas na fração passante .......................................... 53

4.7 – Análises por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................ 57

4.8 – Encapsulação de material magnético ........................................................................... 59

4.9 – Análise de correlação linear ........................................................................................ 61

5.Conclusão .............................................................................................................................. 64

Referências ............................................................................................................................... 67

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 x

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 2.1 – Unidade química de repetição do PMMA .............................................................. 7

Figura 2.2 – Representação de pontes de hidrogênio e forças de Var der Waals entre cadeias

de PMMA. .................................................................................................................................. 9

Figura 2.3 – Conformação aleatória ou novelo de uma cadeia polimérica amorfa (Canevarolo

Jr., 2010). .................................................................................................................................. 10

Figura 2.4 – Representação esquemática do volume ocupado por uma cadeia polimérica em

solução quando sujeita a uma variação na temperatura ou no poder do solvente (Canevarolo

Jr., 2010). .................................................................................................................................. 11

Figura 2.5 – Solubilidade do PMMA em misturas de álcool e água. ○, Metanol; ●, Etanol; □,

1-propanol; ■, 2- propanol; ◊, t-butanol (Cowier et al., 1987). ................................................ 12

Figura 2.6 – Representação esquemática da ação das moléculas de água na cadeia polimérica

(Hoogenboom et al, 2010). ....................................................................................................... 12

Figura 2.7 – Solubilização de um polímero mostrando seus dois estágios. ............................. 13

Figura 2.8 – Esquema do processo de precipitação com anti-solvente (Dalvi & Thorat, 2012).

.................................................................................................................................................. 15

Figura 2.9 – Representação da técnica de precipitação por fluido super crítico usando o CO2

como anti-solvente (Garay et al, 2010). ................................................................................... 15

Figura 2.10 – Esquema da cristalização por evaporação utilizada na formação das partículas

(Sarkari et al., 2002). ................................................................................................................ 17

Figura 2.11 – A dependência do tempo com tamanho de partícula e a supersaturação (Kim,

2001). ........................................................................................................................................ 20

Figura 2.12 – Relação da concentração e metaestabilidade (Kim & Petermann, 2001). ......... 24

Figura 2.13 – Diagrama funcional de cristalização: concentração versus temperatura (Merheb,

2009). ........................................................................................................................................ 25

Figura 2.14 – Representação esquemática da exclusão entre volumes ocupados por duas

moléculas poliméricas diferentes (Canevarolo Jr., 2010)......................................................... 28

Figura 3.1 – Grãos de PMMA usado na solubilização. ............................................................ 31

Figura 3.2 – Equipamentos utilizados para a solubilização do polímero. ................................ 32

Figura 3.3 – Equipamentos utilizados para a formação das partículas. .................................... 32

Figura 3.4 – Perfil de perturbação aplicado ao set-point do banho termostático para obtenção

das taxas de resfriamento linearmente controladas. ................................................................. 33

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 xi

Figura 3.5 – Recipientes com o armazenamento das amostras após o processo de cristalização.

.................................................................................................................................................. 34

Figura 3.6 – Sistema de filtração a vácuo. ................................................................................ 35

Figura 3.7 – Analisador de partícula por Espalhamento de Luz Dinâmica (DLS). .................. 37

Figura 3.8 – Microscópio Óptico (Olympus). .......................................................................... 38

Figura 3.9 – Analisador de tamanho de partícula (CILAS). ..................................................... 38

Figura 4.1 – Solubilização do PMMA em solução alcoólica. .................................................. 42

Figura 4.2 – Identificação do processo mediante perturbações realizadas na temperatura do

set-point do banho. Perturbação no set-point e resposta do sistema para amplitudes: (a) de

5°C; (b) de 10°C e (c) de 20°C. ................................................................................................ 43

Figura 4.3 – Perfis de resfriamento típicos praticados durante os experimentos de

cristalização, com taxas de resfriamento de (a) -0,2°C/min.;(b) -0,5°C/min. e (c) -0,8°C/min.

.................................................................................................................................................. 45

Figura 4.4 – Histogramas de DTP das amostras (a) PE1 e (b) P1. ........................................... 47

Figura 4.5 – Histograma de DTP para a amostra PE2 .............................................................. 47

Figura 4.6 – Histogramas de DTP das amostras (a) PE3 e (b) P3. ........................................... 48

Figura 4.7 – Histogramas de DTP das amostras (a) PE4 e (b) P4. ........................................... 48

Figura 4.8 – Histogramas de DTP das amostras (a) PE5 e (b) P5. ........................................... 48

Figura 4.9 – Histogramas de DTP das amostras (a) PE6 e (b) P6. ........................................... 49

Figura 4.10 –Histogramas de DTP das amostras (a) PE7 e (b) P7. .......................................... 49

Figura 4.11 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE1 e (b)P1. ..................... 51

Figura 4.12 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE2 e (b)P2. ..................... 51

Figura 4.13 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE3 e (b)P3. ..................... 52

Figura 4.14 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE4 e (b)P4. ..................... 52

Figura 4.15 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE5 e (b)P5. ..................... 52

Figura 4.16 – Análiseem Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE6 e (b)P6. ...................... 53

Figura 4.17 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE7 e (b)P7. ..................... 53

Figura 4.18 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE1 e P1. ........ 54

Figura 4.19 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE2 e P2. ........ 54

Figura 4.20 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE3 e P3. ........ 55

Figura 4.21 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE4 e P4. ........ 55

Figura 4.22 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE5 e P5. ........ 55

Figura 4.23 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE 6 e P6. ....... 56

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 xii

Figura 4.24 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE7 e P7. ........ 56

Figura 4.25 – Imagens do Ensaio P3 obtidas no microscópio eletrônico de varredura (MEV).

.................................................................................................................................................. 57

Figura 4.26 – Imagens do Ensaio PE4 obtidas no microscópio eletrônico de varredura (MEV).

.................................................................................................................................................. 58

Figura 4.27 – Imagens do ensaio PE5 obtidas no Microscópio eletrônico de varredura (MEV).

.................................................................................................................................................. 58

Figura 4.28 – Imagens no MEV das partículas do trabalho Kim (2005); Taxas de resfriamento

(a) -0,5 e (b) -1ºC/min para 3%w/w. ........................................................................................ 59

Figura 4.29 – Solução resultante após a filtragem dos ensaios com a Ferrita (a); Suspensão

sobre indução de um campo magnético (b). ............................................................................. 60

Figura 4.30 – Nanoesferas de PMMA + Fe3O4 obtidas via polimerização por emulsão (Cui &

Wang et al., 2010). ................................................................................................................... 60

Figura 4.31 – Microscopia óptica de partículas de PMMA com Ferrita, ensaio FP2. ............. 61

Figura 4.32 – Representação dos valores numéricos dos coeficientes de correlação possíveis

em uma análise de correlação. .................................................................................................. 62

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 xiii

ÍNDICE DE TABELA Tabela 3.1 – Níveis reais e codificados das variáveis do processo de cristalização em estudo.

.................................................................................................................................................. 34

Tabela 4.1 – Parâmetros para a função de perturbação aplicada no set-point. ......................... 44

Tabela 4.2 – Frações de partículas retidas e passantes obtidas da cristalização em solução de

etanol + água. ............................................................................................................................ 45

Tabela 4.3 – Frações de partículas retidas e passantes obtidas da cristalização em solução de

1-propanol + água. .................................................................................................................... 45

Tabela 4.4 – Diâmetros resultantes da fração retida com amostras cristalizadas em etanol +

água. .......................................................................................................................................... 50

Tabela 4.5 – Diâmetros resultantes da fração retida com amostras cristalizadas em 1-propanol

+ água. ...................................................................................................................................... 50

Tabela 4.6 – Diâmetros Médios e polidispersão resultantes das análises em DLS. ................. 57

Tabela 4.7 – Matriz de correlação das variáveis de entrada e saída para um planejamento 22 +

3 pontos centrais. ...................................................................................................................... 61

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 xiv

NOMENCLATURA/SIGLAS/SÍMBOLOS % – Porcentagem

%w/w – Porcentagem em massa

∆Cmax – Supersaturação máxima

∆t – duração

∆Tmax – Largura da zona metaestável

∆ρ – Variação da supersaturação

°C – Graus Celsius

Amp – Amplitude

ATRP – Polimerização Radicalar de Transferência de Átomo

C – Concentração

C* ou Ceq – Concentração de equilíbrio

C*met – Concentração metaestável

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CoFe2O4 – Ferrita de cobalto

Conc – Concentração polimérica (w/w)

Da – Dalton

DLS – Espalhamento de Luz Dinâmica

Dpe – Diâmetro médio das partículas de etanol

Dpp – Diâmetro médio das partículas de 1-propanol

DTP – Distribuição de tamanho de partícula

exp – Exponencial

FeO – Óxido de Ferro

Fet – Fração submicrométrica de etanol

Fprop – Fração submicrométrica de 1-propanol

g – gramas

h – hora

iPS – Poliestireno isotático

L – Litro

L – Tamanho dos cristais

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

min. – Minutos

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 xv

mL – mililitro

mm – milímetros

MO – Microscopia Óptica

mW – miliwalt

Ni – Níquel

nm – nanômetro

P1, P2, P3, P4, P5, P6 e P7 – Ensaios com o solvente 1-propanol

PE – Polietileno

PE1, PE2, PE3, PE4, PE5, PE6 e PE7 – Ensaios com o solvente etanol

PET – Politereftalato de etileno

PMMA – Poli(metacrilato de metila)

PP – Polipropileno

PPGEQ – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

PVA – Poli-vinil álcool

rxy – Coeficiente de correlação linear

s – Variável de Laplace

Si-ATPR – Polimerização Radicalar de Transferência de Átomo de Superfície Iniciada

Ṫ – Taxa de resfriamento constante

T – Temperatura

T* – Temperatura de equilíbrio

tc – Tempo de detecção dos cristais

Tg – Temperatura de transição vítrea

tind – Período de indução da nucleação

tmax – Período máximo

Tmet – Temperatura metaestável

u(s) – Temperatura de set-point em variáveis desvios no banho termostatizado

UEM – Universidade Estadual de Maringá

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNIT – Universidade Tiradentes

y(s) – Temperatura da solução em variáveis desvios no cristalizador

µm – mícron

Ө – teta

Capítulo 1

Introdução

Introdução

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 2

1. Introdução A cristalização tem sido uma técnica empregada de forma significativa na separação

de espécies químicas contidas em misturas de matérias-primas e produtos de diversos

processos industriais (Giulietti et al., 1996; Jones, 2005; Mendonça, 2008; Merheb, 2009). A

técnica de cristalização, comumente usada para preparação de sólidos cristalinos (Kim, 2000),

também pode ser utilizada como um método alternativo para formar partículas

submicrométricas de polímero. Em geral, as técnicas para a produção de partículas

poliméricas submicrométricas estão baseadas em sistemas de polimerização em mini-emulsão

ou emulsão (Gu, 1998; Noda, 1997), nestas formulações para a polimerização incluem várias

substâncias químicas, tais como: monômero, iniciador, emulsificante e estabilizante, podendo

resultar na presença de impurezas residuais nas partículas formadas (Kim, 2005). Além disso,

condições ótimas de polimerização são necessárias para se obter as partículas no tamanho

desejado. Para tal, são utilizados sistemas de alta agitação ou mesmo ultrassom para quebrar

as gotas em dimensão adequada.

Em comparação com a polimerização, a formação de partículas pelo processo de

cristalização, apresenta algumas vantagens (Kim, 2005). Além da simplicidade de execução, a

principal vantagem desta técnica consiste na não utilização de diversos reagentes, como é o

caso das polimerizações em emulsão e miniemulsão, já que apenas o polímero é solubilizado

em solvente adequado e, após a formação das partículas, as mesmas são separadas e lavadas

durante filtração. Outro ponto positivo pode ser atribuído ao controle do tamanho da partícula

através das condições de cristalização. Este processo se desenvolve por dois mecanismos

simultâneos principais: a nucleação e o crescimento, que juntos com fenômenos secundários

vão gerar a distribuição granulométrica do material, caracterizada por um tamanho e sua

dispersão (Derenzo, 2003).

Nanopartículas poliméricas tem sido utilizadas como sistemas carreadores, sendo de

interesse para uso na liberação controlada de fármacos, cosméticos e nutracêuticos, bem como

na formação de partículas com propriedades magnéticas. No caso particular das

nanopartículas magnéticas, estas têm sido amplamente utilizadas em diversas áreas biológicas

para fins analíticos e clínicos, na imobilização de enzimas, em sequenciamento de ácido

nucléico, na purificação de proteínas, no isolamento de células e no monitoramento celular,

em fotossensibilizantes (Chung, 2008). Para tanto, o polímero deve ser compatível ao corpo

humano, em termos de adaptabilidade (não toxicidade e não-antigenicidade) (Ghosh, 2000). A

Introdução

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 3

aplicação na área biomédica é um novo campo de aplicação destas partículas, desde que estas

apresentem tamanho uniforme, biocompatibilidade e propriedades superparamagnéticas (Fan

et al., 2009). Ainda na área biomédica, uma aplicação bastante relevante corresponde às

nanopartículas carreadoras e de liberação controlada de fármacos anticancerígenos (Puisieux,

1994; Couvreur, 1995; Yoo, 2000) e de antibióticos (Puisieux, 1994; Fresta, 1995; Pinto-

Alphandary, 2000), buscando-se uma administração parenteral (sem utilizar o trato

gastrointestinal) para alcançar uma distribuição mais seletiva dos medicamentos e, assim, um

aumento do índice terapêutico. Cabe ressaltar que o PMMA é um dos polímeros com

excelente característica de biocompatibilidade, sendo usado em formulações de cosméticos e

em próteses para implantes biomédicos ou bioplastia (Hoogenboom et al., 2010).

O presente estudo teve como objetivo principal produzir partículas submicrométricas

de poli(metacrilato de metila) (PMMA) pelo processo de cristalização de solução polimérica

via resfriamento controlado. Entre os objetivos específicos, é possível citar:

(i) a definição do controle do processo de cristalização por meio de um perfil linear de

resfriamento pré-definido;

(ii) o estudo da influência das variáveis do processo de cristalização do polímero (taxa de

resfriamento, concentração de polímero na solução em dois solventes alcoólicos distintos),

avaliando os efeitos sobre a distribuição do tamanho das partículas formadas;

(iii) a inserção de materiais com propriedades magnéticas na estrutura da partícula formada;

(iv) a caracterização das partículas formadas no que diz respeito as suas propriedades

morfológicas (microscopia óptica e eletrônica de varredura, distribuição de tamanho de

partículas).

Constitui também como objetivo deste trabalho a aplicação da técnica de cristalização

por resfriamento linear de solução polimérica para a encapsulação de Ferrita ou Magnetita,

buscando obter partículas submicrométricas com propriedades magnéticas.

É importante reportar que este estudo foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia

Supercrítica e Biodiesel do Departamento de Engenharia Química da UFRN e parte da

caracterização das partículas obtidas foi realizada em laboratórios das universidades UEM e

UNIT, parceiras do Projeto Nanobiotec/CAPES, projeto este na qual este trabalho está

inserido.

O presente documento de dissertação de mestrado está organizado em cinco capítulos,

onde:no Capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica sobre os principais assuntos

relativos à cristalização por resfriamento; no Capítulo 3 são descritos o procedimento

Introdução

__________________________________________________________________________________________

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experimental para a cristalização da solução polimérica e os procedimentos analíticos

empregados para a caracterização das partículas obtidas e quantificação do rendimento das

frações de partículas submicrométricas; no Capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos

com os ensaios e é feita uma discussão dos aspectos gerais observados com o estudo; e por

fim, o Capítulo 5 é destinado à apresentação das conclusões dos estudos realizados e das

considerações gerais sobre o assunto, sendo encerrado com sugestões para a continuidade

desta linha de estudo.

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

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2. Revisão bibliográfica Neste capítulo serão abordados alguns aspectos sobre o polímero PMMA, os

princípios básicos referentes à solubilidade dos polímeros, a cristalização por resfriamento e

os principais fatores que exercem influência na formação das partículas poliméricas.

2.1 – O poli(metacrilato de metila) (PMMA)

A história do poli (metacrilato demetila)(PMMA) se inicia a partir da síntese de seus

monômeros acrílicos em laboratório, em 1843, quando se obteve a primeira síntese do ácido

acrílico (Miles & Bristorn, 1975).

Após este fato, Miles & Bristorn (1975) citam a seguinte sequência de eventos: em

1865 seguiu-se a preparação do metacrilato de etila, por Frankland e Duppa, enquanto que em

1877 Fittig e Paul notaram que este composto químico possuía certa tendência para

polimerizar. Por volta de 1900, a maioria dos acrilatos mais comuns havia sido preparada em

laboratório e ao mesmo tempo já existiam alguns trabalhos sobre a sua polimerização. Em

1901, Rohm, na Alemanha, começou um trabalho sistemático no campo dos acrílicos e mais

tarde tomou parte ativa no desenvolvimento industrial dos polímeros do éster acrílico naquele

país. O PMMA foi o primeiro polímero acrílico produzido industrialmente. Foi vendido como

uma solução de polímero em solvente orgânico e foi usado principalmente em lacas e

formulações para revestimentos superficiais. Mais tarde, o metacrilato de metila e sua

polimerização foi estudada em profundidade, tendo sido desenvolvido um método econômico

para fabricação do monômero.

2.1.1– Estrutura e propriedades do PMMA

O PMMA é completamente amorfo, mas apresenta uma resistência elevada e uma

estabilidade dimensional excelente, devido às cadeias poliméricas rígidas (Tg = 105°C)

(Odian, 2004). Esta característica amorfa se deve aos grupos laterais volumosos que não

possuem uma estereorregularidade, forma com a qual os grupos funcionais R estão dispostos

na molécula (Poli, 1978). Tem excepcional claridade óptica, muito boa resistência às

intempéries, resistência ao impacto e,embora apresente resistência a diversos produtos

químicos, pode ser atacados por solventes orgânicos (Odian, 2004). É um material polar e

possui uma alta resistência à corrente elétrica, ou seja, possui alta constante dielétrica e um

alto fator de potência (Poli, 1978). É o material mais importante do grupo de termoplásticos

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acrílicos (António, 2007), tendo como unidade química de repetição a estrutura apresentada

na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Unidade química de repetição do PMMA

O polímero PMMA é aproximadamente 70-75% sindiotático, ou seja,suas cadeias

apresentam grupos assimétricos espaçados regularmente e arranjados em configuração

alternada. Conforme apresentado na Figura 2.1, a ligação dos grupos metila e metacrilato

àcadeia principal, segundo uma estrutura sindiotática (alternante), origina bloqueios espaciais

consideráveis na macromolécula, tornando o polímero relativamente mais rígido e mais

resistente. Este material, dependendo de suas características para utilização, pode ser obtido a

partir dos processos de polimerização em solução, suspensão e emulsão (Odian, 2004).

O poli (metracrilato de metila) é solúvel na maioria das cetonas, dos ésteres, dos

hidrocarbonetos clorados e aromáticos, podendo inchar em contato com o éter. Resiste ao

ataque de ácidos diluídos e de soluções aquosas de sais inorgânicos (Miles & Briston, 1975).

Em relação as suas propriedades térmicas, amolece entre 70-120°C, dependendo das

condições do ensaio, da massa molar e da presença de plastificantes (Poli, 1978).

2.1.2 – Aplicações do PMMA

O PMMA é um termoplástico de grande interesse e amplamente usado nos mais

variados campos devido às suas propriedades, destacando-se excelente transparência e baixa

densidade. É uma matéria-prima para resinas de revestimento de superfície, plásticos, resinas

de troca iônica, prótese dentária. Utiliza-se ainda em substituição ao vidro em aviões e barcos,

iluminação exterior, painéis para anúncios de publicidade, iluminação interior e exterior,

estruturas arquitetônicas, banheiras e sanitários, fibras ópticas para transmissão de luz,

próteses e materiais restauradores odontológicos, lentes de contato (rígida ou flexível), lentes

para automóveis, lentes para óculos de proteção e diversos utensílios domésticos. (António,

2007; Odian, 2004).

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Além disso, é largamente empregado como adesivos quando dissolvido num solvente

apropriado ou no próprio monômero (António, 2007).

Devido a sua resistência à ruptura, é usado na fabricação de lentes de aumento

inquebráveis e algumas partes de instrumentos delicados. Na forma de emulsão e suspensão,

são usados em larga escala no tratamento de tecidos, papel e couro (Miles & Briston, 1975).

A aplicação na área biomédica é um novo campo para aplicação destas partículas. O

material polimérico apresenta uma vasta gama de aplicações que inclui formulações de

cosméticos e biomédicos (Hoogenboom et al., 2010), incluindo objetos de implantes na

bioplastia e na forma de cimento ósseo na artroplastia (Kaufmann et al., 2002).

No âmbito de partículas carreadoras de nanopartículas magnéticas, o PMMA é um

polímero que apresenta biocompatibilidade e pode ser utilizado na encapsulação de

nanopartículas magnéticas, apresentando um ótimo grau de saturação na magnetização

(Feuser, 2010). Estas têm sido amplamente utilizadas em diversas áreas biológicas para fins

analíticos e clínicos, bem como na imobilização de enzimas, sequenciamentos de ácido

nucléico, purificação de proteínas, isolamento de células, monitoramento celular, hipertemia e

fotossensibilizantes (Chung, 2008). Um fator importante na obtenção de tais partículas é que o

polímero deve ser biocompatível, tanto em termos de não toxicidade como não-antigenicidade

(Ghosh, 2000). Uma das áreas promissoras na utilização das nanopartículas é a vetorização de

fármacos anticancerígenos (Puisieux, 1994; Couvreur, 1995; Yoo, 2000) e de antibióticos

(Puisieux, 1994; Fresta, 1995; Pinto-Alphandary, 2000), principalmente através de

administração parenteral (sem utilizar o trato gastrointestinal), almejando uma distribuição

mais seletiva dos mesmos e, assim, um aumento do índice terapêutico. Vale salientar que o

polímero PMMA apresenta uma vasta gama de aplicações em razão das suas propriedades não

tóxicas e antigênicas, o que inclui desde materiais cosméticos até biomédicos (Hoogenboom

et al., 2010), sendo utilizado no campo de implantes (bioplastia), cimentação óssea

(artroplastia), etc.

2.2 – A solubilidade do poli(metacrilato de metila)(PMMA)

A solubilidade, em linhas gerais, consiste na propriedade de certas substâncias serem

dissolvidas quando combinadas com outras, formando uma solução. Quanto maior a

solubilidade, maior é o grau que uma substância se dissolve em outra. A condição de

solubilidade ou saturação pode ser experimentalmente determinada aquecendo-se uma

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suspensão e observando a temperatura em que os sólidos são completamente dissolvidos

(Silva, 2006).

A solubilidade do PMMA em solução alcoólica é extremamente dependente da

temperatura e da proporção de água usada como co-solvente na solução (Hoogenboom et al.,

2010; Shimizu et al., 1998).

2.2.1 – Forças moleculares dos polímeros

Para ocorrer solubilidade de um polímero, tal como o PMMA, as forças moleculares

devem ser vencidas, já que tais forças provocam um grande número de enovelamento entre as

longas cadeias poliméricas. Para tal, a separação das cadeias poliméricas pode ser feita de

uma maneira prática utilizando-se um solvente adequado (Canevarolo Jr, 2010).

As cadeias poliméricas, por serem macromoléculas formadas de unidades de repetição

(meros) contendo geralmente segmentos de cadeia, atraem-se por forças secundárias fracas

chamadas de forças intermoleculares. Tais forças aumentam com a presença de grupos polares

e diminuem com o aumento da distância entre as moléculas, sendo menos intensa que as

forças primárias chamadas de forças intramoleculares (Canevarolo Jr, 2010). As forças

intermoleculares podem ser classificadas em dois tipos principais: forças de Van der Waals

(interação dipolo-dipolo e interação dipolo-dipolo induzido) e pontes de hidrogênio.

O tipo de interação mais comum nos polímeros, em geral, é a interação dipolo-dipolo.

Esta ocorre, segundo Canevarolo Jr. (2010), em polímeros que apresentam moléculas polares

em suas cadeias, como é observada no grupo carbonila do PMMA. Outro tipo de força

secundária envolvendo longas distâncias e baixa energia, também observada neste mesmo

grupo, é a ponte de hidrogênio proveniente das ligações entre o oxigênio da carbonila e o

hidrogênio das ramificações carbônicas. Na Figura 2.2 tem-se uma representação esquemática

das forças intermoleculares que ocorrem entre cadeias de PMMA.

Figura 2.2– Representação de pontes de hidrogênio e forças de Var der Waals entre cadeias de PMMA.

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São estas forças intermoleculares que são decisivamente responsáveis pela maioria das

propriedades físicas dos polímeros, tais como: temperatura de transição vítrea, temperatura de

fusão, solubilidade, cristalinidade, difusão, permeabilidade a gases e vapores, deformação

mecânica e característica de escoamento (Canevarolo Jr., 2010). Quanto mais fortes forem

estas forças, maior a atração entre as cadeias e, portanto, mais difícil todo e qualquer evento

que envolva a separação ou fluxo de uma cadeia sobre a outra. Já as forças intramoleculares

são responsáveis por determinar o arranjo molecular das unidades de repetição das cadeias,

estrutura química e o tipo de cadeia polimérica, bem como sua estabilidade térmica, química,

fotoquímica, etc.

2.2.2 – Comportamento do polímero em solução

Em geral, todas as cadeias poliméricas em solução, apresentam a conformação em

novelo, que é a mais estável (Canevarolo Jr., 2010). Tal conformação é completamente

aleatória, de modo que a cadeia detém mobilidade para enrolar-sena forma de um novelo por

razões termodinâmicas, não tendo qualquer periodicidade definida. Na Figura 2.3, mostra-se

uma ilustração de como a cadeia polimérica tende a apresentar a conformação mencionada.

Figura 2.3 – Conformação aleatória ou novelo de uma cadeia polimérica amorfa (Canevarolo Jr., 2010).

Segundo Canevarolo Jr. (2010), a estabilidade da conformação deve-se à distância

entre as duas extremidades de uma cadeia polimérica. Quanto mais afastadas estão as

extremidades, maior a energia da conformação. Portanto, para a cadeia ficar em um estado de

baixa energia, a mesma deve adquirir uma conformação aleatória ou em novelo, como

apresentado na Figura 2.3. É possível destacar a influência da variação da temperatura e o

poder do solvente no distanciamento destas extremidades provocada pela variação do volume

hidrodinâmico da cadeia polimérica. Na presença de um bom solvente ou em altas

temperaturas, o volume hidrodinâmico da cadeia tende a aumentar. Da mesma forma que na

presença de um solvente pobre ou em baixas temperaturas, o volume ocupado pela molécula

em solução tende a diminuir (Figura 2.4).

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Figura 2.4 – Representação esquemática do volume ocupado por uma cadeia polimérica em solução quando sujeita a uma variação na temperatura ou no poder do solvente (Canevarolo

Jr., 2010).

A conformação polimérica permite evidenciar a capacidade de um solvente ou mistura

de solventes no que se refere à solubilização e, posteriormente, no processo de cristalização,

comprovando a maneira de como uma cadeia polimérica pode se empacotar e formar a

partícula sólida. Este processo é dependente tanto da temperatura quanto da concentração do

polímero no meio solvente.

2.2.3 – Solubilização de um polímero

Alguns trabalhos têm sido publicados sobre a solubilização do PMMA (Shimizu et al.,

1998; Hoogenboom et al., 2010; Jewrajka et al., 2004).Em particular, álcool ou água puros, à

temperatura ambiente,são considerados como não solvente ou solvente pobre (Shimizu et al.,

1998). Por outro lado, uma mistura adequada desses solventes é capaz de solubilizar o

PMMA. Na Figura 2.5, são apresentadas curvas de solubilidade de misturas de alcoóis e água

para diferentes temperaturas. É possível notar que a solubilidade é dependente da fração de

álcool em água e muda com o tipo de álcool. O fenômeno em que uma mistura de solventes

apresente maior capacidade de solubilidade que dos solventes originalmente puros é

conhecido como co-solvência (Cowier et al., 1987). Particularmente, o poder de solubilização

do PMMA aumenta em misturas contendo água e álcool devido à presença de “Shell” de

hidratação em volta da parte hidrofóbica da molécula do álcool (Hoogenboom et al., 2010).

Esta hidratação, conforme relatado por Noskov et al. (2005), forma-se em torno dos grupos

carbonila do polímero e age como uma camada de compatibilização, proporcionando uma

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maior interação entre os segmentos da cadeia polimérica e o solvente,conforme pode ser

observado na Figura 2.6.

Figura 2.5 – Solubilidade do PMMA em misturas de álcool e água. ○, Metanol; ●, Etanol; □, 1-propanol; ■, 2- propanol; ◊, t-butanol (Cowier et al., 1987).

Figura 2.6 – Representação esquemática da ação das moléculas de água na cadeia polimérica (Hoogenboom et al., 2010).

Embora as moléculas de água desempenhem um papel importante na solubilização do

PMMA em álcool (Shimizu et al., 1998), o acréscimo da quantidade de água na mistura é

limitado até certo ponto, já que aumentando ainda mais a quantidade de água ocorre um

aumentona polaridade da mistura de solventes, o que leva à formação de “clusters de água”.

Desta forma, a solubilidade do polímero é diminuída pela necessidade da quebra das ligações

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de hidrogênio água-água para a formação de uma camada de hidratação (Hoogenboom et al.,

2010).

A solubilização de um polímero é um processo físico reversível e que não altera a

estrutura da cadeia polimérica (Canevarolo Jr., 2010). Com isto, ela se diferencia do ataque

químico, que é um processo químico irreversível, levando à degradação da cadeia. A

solubilização é um processo lento que acontece em dois estágios, conforme representados na

Figura 2.7.

Figura 2.7 – Solubilização de um polímero mostrando seus dois estágios.

Como pode ser visto na Figura 2.7, no primeiro estágio, o PMMA em contato com os

solventes tende a inchar devido à difusão das moléculas do solvente para dentro da massa

polimérica, formando um gel inchado. Este estágio só não acontecerá se as estruturas

químicas do polímero e do solvente forem diferentes ou se existirem interações polímero-

polímero e quando estas forem muito mais intensas que as interações polímero-solvente.No

segundo estágio, a entrada de mais solvente leva à desintegração do gel inchado, com a

consequente formação de uma solução. Este estágio poderá ser prejudicado se estivem

presentes na massa polimérica: cristalinidade, pontes de hidrogênio, ligações cruzadas (em

baixas concentrações) e se as interações polímero-polímero forem maiores que as interações

polímero-solvente (Canevarolo Jr., 2010).

2.3 – A Cristalização

A cristalização, também conhecida na área de polímeros como precipitação, consiste

num processo em que, partindo-se de uma mistura líquida (solução), cristais de um dos

componentes da mistura podem ser formados. Para tal processo, criam-se as condições

termodinâmicas que levam as moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se em estruturas

altamente organizadas, formando partículas específicas em tamanho e forma (Kim, 2000).

Para tal, é necessária a ocorrência de supersaturação na mistura líquida, ou seja, a existência

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de uma concentração de soluto na solução superior à concentração de saturação (limite de

solubilidade).

A cristalização de solução é uma tecnologia comumente utilizada em indústrias

químicas e afins (Giulietti et al., 1996; Jones, 2005). Os cristais produzidos nesta operação

podem ser desde tamanho nanométrico ou submicrométrico a micrométrico, sejam como

partículas isoladas ou como aglomerados estruturados (Jones, 2005). Este processo é

amplamente utilizado na obtenção de diversos materiais da química fina e seus intermediários,

tais como: sal, carbonato de sódio, catalisador zeólita, absorventes, cerâmica, precursores de

poliéster, detergentes, fertilizantes, alimentos, produtos farmacêuticos e pigmentos (Jones,

2005).

A operação de cristalização pode ser ainda descrita como um processo de

reorganização molecular. Fatores cristalográficos e moleculares são muito importantes, pois

afetam a forma, a pureza e a estrutura dos cristais (Mullin, 2001; Myerson, 1999).

Diversas técnicas de cristalização ou precipitação podem ser utilizadas na obtenção de

cristais ou partículas de um determinado material, tais como: precipitação com anti-solvente

(líquido ou supercrítico), precipitação ou cristalização por evaporação de solvente e

cristalização por resfriamento de solução. Como o presente estudo se baseia na cristalização

por resfriamento, será dada uma maior ênfase a esta ultima técnica de cristalização.

2.3.1 – Precipitação com anti-solvente

No processo de precipitação por adição de um não solvente para o soluto, chamado

anti-solvente, a precipitação do soluto é conseguida através da redução do poder solvente

sobre o soluto dissolvido na solução. Neste caso, é importante o uso de dois solventes

completamente miscíveis, de modo que o soluto a ser precipitado é solúvel no primeiro

solvente, mas insolúvel no segundo (Garay et al., 2010). Esta técnica pode ser utilizada para

uma vasta gama de materiais, tais como: fármacos, compostos inorgânicos, polímeros e

proteínas. Além disso, uma das vantagens deste processo é que pode ser realizado a

temperaturas ambientes e à pressão atmosférica, sem exigência de equipamentos caros (Dalvi

& Thorat, 2012). Na Figura 2.8, apresenta-se um esquema do processo de precipitação de

partículas com anti-solvente, cujas etapas são: mistura de solução e anti-solvente; geração de

supersaturação; nucleação; crescimento por coagulação e condensação, podendo ocorrer ou

não aglomeração. Cabe ressaltar que as etapas de coagulação e condensação estão

relacionadas, respectivamente, com a diminuição da supersaturação e redução do número total

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de partículas formadas (Sun, 2002). Já a etapa de aglomeração está diretamente relacionada

com a densidade do material presente na solução (Jones, 2002).

Figura 2.8 – Esquema do processo de precipitação com anti-solvente (Dalvi &Thorat, 2012).

Dentre as técnicas de precipitação com anti-solvente pode-se citar o processo de

precipitação com adição de líquido não solvente e fluído supercrítico. Nesta primeira técnica,

apenas a adição de um solvente líquido é capaz de precipitar partículas presentes no solvente.

No caso da precipitação supercrítica, a adição do anti-solvente CO2 supercrítico induz

a formação de uma solução contendo os dois solventes, seguido de supersaturação e a

precipitação do soluto (Muhrer et al., 2003), conforme ilustrado na Figura 2.9. Nos últimos

anos, muitas técnicas baseadas nesta tecnologia foram desenvolvidas para a precipitação de

partículas, utilizando diferentes mecanismos de nucleação e de crescimento (Dixon et al.,

1993; Reverchon,1999).

Figura 2.9 – Representação da técnica de precipitação por fluido supercrítico usando o CO2 como anti-solvente (Garay et al, 2010).

Solvente 1 +

Solvente 2 (CO2)

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Tendo como objetivo a formação de partículas, tal técnica apresenta algumas

vantagens (Fages et al., 2004; Miguel et al., 2006; Wang et al., 2004):

a) Permite com flexibilidade a seleção das propriedades e composição das partículas

(polimorfismo do cristal, tamanho e pureza), através da mudança nas condições de

operação;

b) Pode ser utilizada para quase todo tipo de composto, incluindo polímeros;

c) É uma técnica alternativa ideal quando comparada aos processos com anti-solvente

líquido, uma vez que é possível remover completamente o anti-solvente (CO2) através

da redução da pressão;

d) É possível gerar partículas a temperaturas próximas do ambiente, desde que seja feita

uma seleção de anti-solvente adequado.

Vale ressaltar que partículas de polímero obtidas a partir desta técnica se destacam por

serem úteis em diversas aplicações, tais como: adsorventes e suportes de catalisadores, bem

como sistemas carreadores de drogas (Dixon et al., 1993).

2.3.2 – Cristalização por evaporação do solvente

A evaporação do solvente foi o primeiro método desenvolvido para obtenção de

partículas de um polímero (Vanderhoff et al., 1979). Atualmente, esta técnica é empregada na

tecnologia farmacêutica a qual os polímeros biodegradáveis têm sido aplicados na produção

de drogas (Gurny et al., 1981).

Neste método, as soluções de polímero são preparadas em solventes voláteis e as

emulsões são formuladas. Basicamente, a rápida evaporação deste solvente orgânico

proporciona uma alta supersaturação e uma rápida precipitação do material sob a forma de

uma suspensão coloidal (Sarkari et al., 2002).

Um caso particular que usa esta técnica é relatado por Sarkari et al. (2002) em que o

ingrediente farmacêutico ativo é dissolvido num solvente orgânico de baixa ebulição. Esta

solução é bombeada através de um tubo em que é aquecida sob pressão a uma temperatura

superior ao ponto de ebulição do solvente e, em seguida, pulverizado através de um bocal de

atomização para uma solução aquosa aquecida contendo um estabilizante, como ilustrado na

Figura 2.10.

Embora este método possa ser considerado simples, este é um processo demorado e a

possível coalescência das nanogotas durante o processo de evaporação pode afetar o tamanho

e a morfologia das partículas (Rao & Geckelera, 2011).

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Figura 2.8 – Esquema da cristalização por evaporação utilizada na formação das partículas (Sarkari et al., 2002).

2.3.3 – Cristalização por resfriamento

Vários são os artigos e trabalhos que relatam sobre este tipo de cristalização na

separação de espécies químicas contidas em misturas de matérias-primas e produtos de

diversos processos industriais, os quais contemplam a qualidade do cristal, distribuição do

tamanho, forma e a pureza (por exemplo, Mersmann, 1996; Gahn & Mersmann, 1996;

Zacher, 1995; Schubert & Mersmann, 1996; Randolph & Larson, 1988; Nyvlt, 1994;

Mersmann, 1995; Schaaf et al., 1987; Mendonça, 2008; Merheb, 2009). Em muitos trabalhos,

o resfriamento é usado, logo após um determinado tratamento térmico, tanto para estudo

cinético de cristalização de polímeros no estado sólido (amorfo) específico quanto para

estudos na formação de blendas poliméricas, também em estado sólido, (Wellen, 2007; Boyer

& Haudin, 2010; Exner et al., 2010; Piccarolo et al., 2002; Gedde et al., 2013).

Como relatado em vários artigos (Kim, 2000; Kim, 2005; Sang et al., 1997; Linet al.,

1993; Giulietti et al., 1996; Waddon & Karasz, 1992), a cristalização por resfriamento

consiste em uma técnica em que uma solução de determinada concentração (superior á

concentração saturada) é submetida a uma taxa linear de resfriamento,dando origem, por

razões termodinâmicas, a uma distribuição específica de tamanho de partículas (submicro ou

micro) de morfologia esféricas de um determinado material.

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Em geral, este tipo de cristalização envolve o abaixamento de temperatura no decorrer

do processo de formação de partículas, diminuindo a solubilidade do polímero na solução.

Desta maneira, a supersaturação é produzida pela remoção de calor da solução (Wellen,

2007). Neste caso, como relatado em alguns trabalhos, o resfriamento é obtido por troca

térmica com as paredes do cristalizador, em um tanque encamisado, mediante o auxilio de um

banho termostatizado usado para resfriar o fluido da camisa do recipiente.

É importante ressaltar que o tamanho destas partículas está relacionado com taxas de

resfriamento aplicadas na solução. Ou seja, maiores taxas geram uma distribuição de tamanho

de partículas menores que taxas de resfriamentos mais baixas (Lin et al., 1992; Kim 2005).

Em decorrência deste processo de resfriamento, ocorre a formação de núcleos nos

pontos onde pequenas regiões (embaraçadas e aleatórias) das moléculas se tornam ordenadas

e alinhadas (Callister, 2002). Após a nucleação e durante o estágio de crescimento da

cristalização, os núcleos crescem pela continuação da ordenação e do alinhamento de novos

segmentos de cadeias moleculares (Callister, 2002).

2.3.4 – Ação da agitação na cristalização

No cristalizador, a complexidade da cinética faz da agitação uma possível variável de

controle da distribuição granulométrica final. De acordo com Mendonça (2008),a agitação

tem as seguintes funções:

a) Manter os cristais em suspensão homogênea;

b) Promover a transferência térmica;

c) Proporcionar a transferência de matéria para a partícula no decurso do crescimento;

d) Controlar a nucleação;

e) Quebrar as partículas em suspensão;

O problema põe-se pela escolha e grau da agitação do cristalizador que é complexa,

uma vez que ao aumentar a velocidade da agitação aumenta-se o grau de homogeneidade.

Assim, a transferência de calor e matéria é mais uniforme, o que favorece a nucleação e reduz

o tamanho final médio das partículas, contribuindo igualmente para a distribuição

granulométrica (Mendonça, 2008).

2.3.5 – Obtenção da supersaturação

Para ocorrer a cristalização, é necessário criar condições no seio da mistura para as

moléculas se aproximarem e darem origem a partícula (Merheb, 2009). Portanto, a

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concentração de soluto na solução deve ser superior à concentração saturada, ou seja, a

solução deve ser supersaturada.

Esta é uma das variáveis mais importantes do processo de cristalização e é definida

como a diferença entre a concentração real do soluto e a concentração de equilíbrio em

condições idênticas, isto é, sua solubilidade na solução. Considerada por Nývlt et al.(2001)

como a força motriz da cristalização, essa variável merece uma análise mais detalhada quanto

a seus métodos de obtenção.

Em geral, como já comentado no item da cristalização, a supersaturação de uma

solução pode ser obtida de diversas maneiras (Mendonça, 2008):

a) Resfriamento direto;

b) Resfriamento por evaporação a vácuo;

c) Evaporação isotérmica;

d) Mudança do meio, seja pela adição de outra substância sólida, seja na adição de

outro solvente;

e) Reação química, para criar um produto que precipita.

Como o estudo em questão se baseia na cristalização por resfriamento, uma maior

ênfase será dada a este tipo de cristalização. A cristalização por resfriamento é utilizada

quando a variação da solubilidade com a temperatura é importante (Mendonça, 2008).

As dependências do tamanho da partícula e da supersaturação com o tempo

encontram-se esquematicamente representados na Figura 2.11. O período de indução da

nucleação, tind, pode ser definido como o tempo decorrente entre o momento em que o estado

supersaturado é gerado e o tempo (tmáx) em que a supersaturação passa por um valor máximo

(Kim & Mersmann, 2001). A supersaturação (∆ρ) atinge um máximo no ponto de transição

entre a nucleação e o crescimento da partícula. A partir deste tempo, a supersaturação tende a

esmaecer, devido ao crescimento espontâneo dos cristais.

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Figura 2.9 – A dependência do tempo com tamanho de partícula e a supersaturação (Kim, 2001).

2.3.6 – Etapa de Nucleação

Para o entendimento do processo de cristalização é necessário um breve conhecimento

sobre o mecanismo de formação de núcleos cristalinos. Estes podem ser criados através de

diversos mecanismos (Bartosch & Mersmann, 1998),sendo dois deles principais: a nucleação

primária (Homogênia e Heterogênea) e secundária. De acordo com Nývlt et al.(2001), a

nucleação é um processo que define o tamanho dos cristais do produto e, portanto, em última

análise suas propriedades físicas e pureza.

Nývlt et al.(2001) ainda mencionam que provavelmente os diversos mecanismo de

nucleação ocorram simultaneamente, mas a nucleação secundária prevalece fortemente em

cristalizadores.

2.3.6.1 – Nucleação primária

A nucleação primária é caracterizada por mecanismos nos quais o aparecimento dos

núcleos ocorre na ausência de cristais (Nývltet al., 2001), podendo ocorrer através de

diferentes mecanismos, sendo dois deles os principais: nucleação homogênea e nucleação

heterogênea. A nucleação homogênea ocorre em alguns materiais altamente puros, sendo que,

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 21

sob condições específicas, o próprio movimento aleatório dos átomos ou moléculas resulta no

ordenamento dos mesmos. Por outro lado, na nucleação heterogênea o processo de

ordenamento é catalisado pela presença de heterogeneidades, as quais podem ser as mais

variadas possíveis (Manrich et al., 1992). Sendo assim, se a solução é absolutamente pura, a

nucleação ocorre pelo mecanismo de nucleação homogênea, enquanto que, na presença de

substâncias sólidas estranhas ao meio (pó, colóides e paredes do cristalizador), a nucleação

ocorre de forma heterogênea.

É valido dizer que no presente trabalho, o mecanismo de formação de núcleos

cristalinos se dá especificamente através da nucleação primária homogênea. Basicamente, a

solução polimérica é submetida a um tratamento térmico (resfriamento) formar cristais do

polímero em estudo, o PMMA. Sem a presença de substâncias estranhas no meio. Para o

estudo e obtenção de partículas poliméricas carreadoras de materiais magnéticos, a nucleação

preponderante pode ser devido ao mecanismo de nucleação heterogênea.

2.3.6.2 – Nucleação secundária

A nucleação secundária se dá em uma suspensão cristalina. Neste mecanismo a

solução já está supersaturada, ou seja, há formação de cristais em solução, e para

prosseguimento da formação de novos cristais, certa quantia de cristais é depositada (Nývlt et

al.,2001). Vale salientar que este mecanismo é importante tanto na formação de partículas do

polímero em estudo quanto para a agregação de novas substâncias como, por exemplo, um

fármaco ou outro polímero ou até mesmo um material com propriedades magnéticas. Para

esclarecer melhor este fato, neste subitem serão apresentados os mecanismos desta nucleação,

até então conhecidos e que, provavelmente, atuam simultaneamente. Esses mecanismos

podem ser divididos em três classes.

Nucleação secundária aparente

Neste mecanismo, a nucleação ocorre ao submergir um cristal seco na solução

supersaturada. Após a submersão, estes cristais começam a se soltar da superfície aderida,

servindo de núcleos de crescimento (Nývltet al.,2001). A operação consiste da introdução de

cristais de tamanho especifico numa solução supersaturada, o que favorece o crescimento do

núcleo e evita a nucleação primária (Mendonça, 2008).

Nucleação por contato

Para este mecanismo, descrito por Nývlt et al.(2001), a nucleação baseia-se no fato de

que a superfície do cristal não é completamente lisa e contém inúmeras imperfeições de

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diversos tamanhos. O impacto de um corpo sólido nessa superfície quebra essas imperfeições

e estes resíduos podem agir como núcleos cristalinos (Mendonça, 2008).

Nucleação na camada intermediária

Segundo Nývlt et al.(2001), os mecanismos de nucleação na camada intermediária da

superfície do cristal podem ser subdivididas nos seguintes grupos:

- Nucleação vegetativa: próximo à superfície do cristal formam-se clusters ou blocos

que podem ser facilmente removidos da camada intermediária para a solução, escoando do

cristal e gerando novos núcleos cristalinos.

- Força apresentada pela superfície de cristal, que causa mudança na estrutura da

solução aderida, levando a uma diminuição da solubilidade de soluto e a uma supersaturação

local maior na vizinhança do cristal.

-Mecanismo do gradiente de impureza: concentrações relativas de impurezas

próximas à superfície do cristal são menores que aquelas no seio da solução e se o aditivo

retarda a nucleação, as condições próximas à superfície de cristal favorecem o surgimento de

novos núcleos cristalinos.

2.3.7 – Etapa do Crescimento

Após a etapa da nucleação, há o crescimento das partículas, ocorrendo através de dois

estágios:

a. Crescimento ou cristalização primária: a fase de cristalização primária é

caracterizada porum acréscimo das dimensões do núcleo em cada direção, por unidade de

tempo. O crescimento é retardado à medida que os núcleos encontram regiões já cristalizadas

e finalmente cessa quando toda a massa disponível está transformada (fim da cristalização

primária) (Wellen, 2007).

b. Cristalização secundária: a fase de cristalização secundária ocorre no final da

cristalização pela colisão entre os esferulitos nos últimos estágios do crescimento cristalino ou

por posterior perfeição ou reorganização de macromoléculas nas regiões intra e

interesferulíticas, produzindo um aumento na cristalinidade e na espessura das lamelas

cristalinas já formadas, a qual pode em alguns casos ser muito relevante. A ocorrência de

cristalização secundária tem sido observada em diversos polímeros, copolímeros e blendas

poliméricas. Exemplos de sistemas poliméricos que apresentaram cristalização secundária

são: PE (Lorenzo, 2003), PP (Calvert & Ryan, 1984), PET (Bove et al., 1997; Bikiaris &

Karayannidis, 1998; Lu & Hay, 2001), iPS (Liu & Petermann, 2001; Liu, 2003).

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 23

Sendo assim, quando a nucleação é lenta e o crescimento rápido, o resultado é uma

pequena quantidade de esferulitos com grande tamanho, enquanto que uma rápida nucleação

irá conduzir à profusão de esferulitos que terão crescimento limitado. Quando possível, o

controle no tamanho dos esferulitos é conseguido variando-se a taxa de nucleação (Wellen,

2007). Outra forma possível em polímeros, é quando a nucleação ocorre de forma

heterogênea, ou seja, é iniciada através de partículas não-poliméricas, que atuam como

núcleos de cristalização..

2.3.8 – Zona metaestável

A zona metaestável é considerada como uma propriedade característica especifica de

cada sistema de cristalização por resfriamento e de seus mecanismos de nucleação primária

numa solução supersaturada de substâncias solúveis (Kim & Petermann, 2001). Ela depende

principalmente da temperatura, solução, taxa de resfriamento, presença de impurezas, efeitos

mecânico (agitação), etc (Kim & Petermann, 2001). Também é um importante parâmetro para

análise tanto na distribuição de tamanho como na forma dos cristais gerados no processo de

cristalização.

A zona metaestável pode ser demonstrada na Figura 2.12, a qual mostra a solubilidade

de uma substância em relação à temperatura (Kim & Petermann, 2001). Na cristalização por

resfriamento, a concentração é alterada através da linha de operação em função do tempo. O

processo consiste do resfriamento da solução, considerada subsaturada de concentração C e

temperatura T*, em que a solução está em equilíbrio com a fase sólida. Depois de um

resfriamento adicional, a fase sólida ainda não está formada, até certo tempo em que Tmet é

atingido, correspondendo à metaestabilidade da solução. Esta metaestabilidade é expressa

como um subresfriamento máximo (isto é, largura da zona metaestável) ∆Tmax=T*–Tmet,

correspondente à supersaturação máxima ∆Cmax= C–C*met.

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Figura 2.10 – Relação da concentração e metaestabilidade (Kim & Petermann, 2001).

A zona metaestável está localizada entre a zona estável (subsaturada) e a zona lábil

(sobressaturada), conforme ilustra a Figura 2.13. Estas duas últimas zonas podem ser

distinguidas como, zona onde o crescimento do cristal é impossível e zona onde a nucleação é

espontânea, respectivamente, conforme trata Nývlt et al.(2001).

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Figura 2.11 – Diagrama funcional de cristalização: concentração versus temperatura (Merheb, 2009).

De acordo com a Figura 2.13, o resfriamento de uma solução subsaturada parte da

zona estável e passa pelo ponto A pertencente à curva de solubilidade. Para Nývlt et

al.(2001), neste ponto a solução está saturada e deverá estar em equilíbrio com a fase sólida

correspondente, se houver. O resfriamento subsequente leva ao estado em que a concentração

do soluto é maior que a correspondente ao equilíbrio e a solução está supersaturada. Apesar

disso, nenhuma formação espontânea de cristais ocorre de imediato, ou seja, não há formação

até que o ponto D seja atingido. Esse ponto denota o limite da zona metaestável sob dadas

condições e quando ultrapassado, a solução torna-se lábil, formando-se, imediatamente, a fase

sólida. A fronteira da zona metaestável pode ser expressa pelo máximo sub-resfriamento

atingido, ΔTmáx (interseção AD), ou pela correspondente supersaturação máxima atingida,

ΔCmáx(interseção DC). Esta inter-relação é apresentada na Equação 1 (Nývlt et al., 2001):

∆��á� � ∆��á���

(1)

Um método usual de medida da largura da zona metaestável citado por Nývlt et

al.(2001) é o método politérmico. Nesta técnica, a solução saturada de concentração Ceq é

resfriada com uma velocidade ou taxa de resfriamento constante, - Ṫ, até que os cristais

visíveis possam ser detectados no tempo tc.

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 26

2.3.8.1– Efeito da temperatura

Como dito por Nývltet al.(2001), a largura da zona metaestável depende da temperatura

segundo a expressão:

∆�á�

���

���(�����.)

�/� (2)

É possível notar na Equação 2que, com o aumento da temperatura de saturação T da

solução, a largura da zona metaestável diminui.

2.3.8.2 – Efeito da pureza física da solução

Nývlt et al.(2001) expõem que a presença de um certo número de partículas sólidas

ou de poeiras de cristais tem um importante efeito na largura da zona metaestável. A presença

de substâncias isomórficas às que estão cristalizando facilita significativamente a nucleação e

consequentemente estreita a largura da zona. Portanto, o efeito de fases sólidas, representado

por corpos estranhos (nucleação heterogênea) ou cristais (nucleação secundária), é essencial

para a cristalização.

2.3.8.3 – Efeito da história térmica da solução

De acordo com Nývlt et al.(2001), estabeleceu-se que soluções mantidas por diversas

horas em temperaturas suficientemente acima de suas temperaturas de equilíbrio apresentam

zonas metaestáveis mais largas, isto é, possuem velocidades de nucleação menores quando

comparadas a soluções cujas temperaturas não excederam significativamente suas

temperaturas de saturação.

2.3.8.4 – Efeito da ação mecânica na solução

A ação mecânica na solução (agitação, vibração, impacto, ultra-som, etc), como dito

por Nývlt et al.(2001), transfere energia mecânica à solução, diminuindo a largura da zona

metaestável. Assim, soluções estagnadas possuem zonas mais largas que soluções agitadas,

justificando, com isso, a importância da utilização de uma agitação mais limitada.

2.3.8.5 – Efeito de impurezas solúveis

É praticamente impossível predizer o efeito de aditivos solúveis na largura da solução

(Nývlt et al.,2001). Portanto, o solvente deve ser filtrado para se obter o maior nível de pureza

desta substância. Para exemplificar o efeito de impurezas, aditivos que não possuam íons

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 27

comuns à substância que cristaliza, pode afetar a largura da zona metaestável em ambas

direções.

2.3.9 – Condição θ

A condição θ foi definida por Flory (1953) e corresponde à condição na qual, durante

o resfriamento de uma solução polimérica, as cadeias poliméricas estão na iminência da

precipitação. Neste ponto, qualquer variação na temperatura no processo de resfriamento

resulta na precipitação das cadeias, tornando a solução turva. Logo, é possível dizer que acima

da temperatura teta (Tθ) existe uma solução estável, e abaixo de Tθ tem-se a precipitação do

polímero.

Assim, de acordo com Canevarolo Jr. (2010), pode-se também definir a condição θde

um dado polímero como aquela condição instável em que a cadeia polimérica em solução

ocupa o menor volume hidrodinâmico, estando na eminência de precipitação, ao mesmo

tempo em que a interação polímero-polímero desaparece.

Para a determinação da condição teta de dado polímero, Canevarolo Jr.(2010)

menciona o método de turbidimetria. Neste método, o polímero é dissolvido em um solvente

pobre, com aquecimento e agitação. Após completa solubilização, a temperatura da solução

polimérica é reduzida lentamente (por exemplo, a 0,2 ºC/min.) até que ocorra a precipitação

do polímero, gerando uma solução turva, chamada Ponto de Névoa. Essa temperatura é dita

critica (Tc) e depende da massa molar e da fração volumétrica do polímero.

Segundo Canevarolo Jr. (2010), uma molécula em solução tende a excluir todas as

outras do volume que ela ocupa. Deste modo, a redução da temperatura tende a diminuir o

volume excluído, resultante da ocupação de volumes de duas moléculas poliméricas.

Esquematicamente, isso pode ser observado na Figura 2.14. Esta redução de temperatura vai

até uma temperatura mínima, conhecida como ϴ (T = ϴ), a qual o volume excluído é zero,

não havendo mais exclusão, isto é, uma molécula não sente a presença de nenhuma outra, não

havendo mais interação polímero-polímero (volume excluído igual a zero). Assim, para

atingir esta condição, são usados solventes cada vez mais pobres e/ou temperaturas cada vez

mais baixas, pois ambos reduzem o comprimento entre as pontas de uma cadeia polimérica.

Coma redução de temperatura abaixo da Tϴ,ocorre um aumento da atração entre as moléculas

(volume excluído menor que zero) e, consequentemente, um aumento na velocidade de

aproximação entre os segmentos, levando o colapso da estrutura novelar e a precipitação das

cadeias.

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 28

Figura 2.12 – Representação esquemática da exclusão entre volumes ocupados por duas moléculas poliméricas diferentes (Canevarolo Jr., 2010).

2.4 – Encapsulação de materiais magnéticos

Nos últimos anos o desenvolvimento de partículas poliméricas magnéticas tem atraído

o interesse de muitos pesquisadores por representarem uma nova classe de materiais.

Materiais poliméricos orgânicos, com excelentes propriedades ópticas, boa flexibilidade e

resistência são fáceis de processar e podem melhorar a fragilidade dos materiais inorgânicos

(Romio, 2011). Desta forma é possível combinar as vantagens dos polímeros, como

elasticidade, transparência e propriedades dielétricas e também as vantagens das

nanopartículas inorgânicas, por exemplo, absorção específica de luz, efeitos de

magnetorresistência, atividade química e catálise.

Sendo assim, a área de interesse deste trabalho é também movida pela possibilidade de

combinar nanopartículas poliméricas de PMMA a diferentes formas de óxido de ferro que

detém aplicações biológicas, e tem sido o foco de muitos estudos nos últimos anos. Estas

aplicações incluem biosseparação magnética (Bruce et al.,2009), marcação celular e

diagnóstico (Azzazy & Mansour, 2009), agentes de contraste para imagens de ressonância

magnética (Lee et al., 2006), hipertemia magnética para tratamento de tumores (Kim et al.,

2008) e carreadores de fármacos (Qinet al., 2009). Tais aplicações exploram duas vantagens

do uso de nanopartículas de óxido de ferro: sua baixa toxicidade in vivo e a possibilidade de

controlar sua magnetização. Na escala nanométrica, elas não permanecem magnetizadas após

a remoção de um campo magnético externo devido as suas propriedades superparamagnéticas

(He et al., 2005). Sob um campo magnético oscilante, as nanopartículas torna-se poderosas

fontes de aquecimentos, pela transformação da energia do campo magnético em calor

(Chastellain et al., 2004). Para tanto, estas partículas devem apresentar tamanho uniforme, e

biocompatibilidade (Fan et al., 2009).

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 29

Dito isto, conforme Oh & Park (2010) métodos típicos têm sido desenvolvidos para a

preparação de nanomateriais híbridos de polímero contidos de nanopartículas de FeO (óxido

de ferro) superparamagnéticosa qual incluem-se: a modificação direta com polímeros,

superfície iniciada por polimerização controlada, sílica inorgânica/hibridização do polímero,

auto-montagem, auto-associação, e vários métodos de polimerização heterogêneos (mini-

emulsão reversa e polimerização por dispersão). Além disso, juntam-se a estes os métodos

convencionais: polimerização interfacial (Romio, 2011), polimerização em suspensão

(Romio, 2011), polimerização Sol-Gel (Camilo, 2006) e a polimerização em mini-emulsão

(Erdem et al., 2000). É perceptível que a maioria dos métodos apresentados para

encapsulação de partículas magnéticas tem a polimerização como sua principal via de

obtenção destas partículas. Tais técnicas requerem condições ótimas de polimerização para se

obter materiais com propriedades desejadas. A implementação destas condições muitas das

vezes é complexa e apresenta algumas limitações.

Dentre as diversas peculiaridades das técnicas mencionadas acima pode-se mencionar,

um novo método empregado por Chen et al. (2008)a qual prepararam com sucesso partículas

superparamagnéticas de poliestireno/magnetita. Para tanto, foi utilizada a técnica de

polimerização ememulsão inversa com ferrofluido a base de água como fase dispersa

esolvente orgânico e estireno como fase contínua. O preparo das partículas poliméricas

magnéticas foi realizado com a dispersão do ferrofluido na fase óleo, constituída por

querosene, estireno e Span-80. A polimerização em emulsão foi iniciada por radiação de raios

gama de60 Co a temperatura ambiente. As partículas de magnetita foram encapsuladas pelo

poliestireno e apresentaram forma esférica.

Chen et al. (2009) empregaram a técnica de polimerização radicalar de transferência

de átomo de superfície iniciada(si-ATRP), para preparar nanopartículas de Ni-g-polímero.

Nanopartículas de níquel foram modificadas com trietoxisilanocontendo iniciadores ATRP

sem agregação através da combinação e troca de ligantes e reação de condensação. PMMA e

PNiPAM foram enxertados com sucesso a partir das nanopartículas modificadas de Ni pela

técnica si-ATRP, apresentando uma melhora na dispersão e estabilidade em solventes

apropriados.

Capítulo 3

Metodologia

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 31

3. Materiais e métodos Neste trabalho, as atividades experimentais foram realizadas em quatro etapas

principais: (i) solubilização do polímero PMMA, (ii) processo de cristalização térmica da

solução polimérica; (iii) filtração a vácuo; e (iv) caracterização das partículas poliméricas

obtidas.

3.1 – Etapa da Solubilização

Uma mistura de álcool (etanol, ATOM 99,5% P.A. ou 1-propanol, VETEC 99,5%) e

água destilada, com 15% em massa deste último, foi utilizada para solubilizar o PMMA

(fornecido pela Aldrich, com pureza mínima de 99,5%, massa molar 120000 Da e índice de

polidispersão entre 2,0 e 2,4), ilustrado na Figura 3.1. Para garantir total solubilização do

polímero, a mistura foi aquecida até cerca de 45ºC por meio de um aquecedor com agitação

magnética. Conforme apresentado na Figura 3.2, o sistema de solubilização polimérica foi

formado por: (a) condensador de vidro, para evitar a evaporação do álcool; (b) balão de fundo

chato; (c) banho d’água; (d) termômetro digital e (e) aquecedor com agitador magnético. É

importante destacar que álcool puro não é capaz de solubilizar com facilidade o PMMA. No

entanto, uma mistura de álcool e água em proporção adequada torna o PMMA solúvel

(Shimizu, 1998; Hoogenboom et al., 2010; Jewrajka et al., 2004).

Figura 3.1– Grãos de PMMA usado na solubilização.

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 32

Figura 3.2 – Equipamentos utilizados para a solubilização do polímero.

3.2 – Etapa do processo de cristalização

Conforme apresentado na Figura 3.3, o sistema de cristalização é formado por: (1)

banho térmico com controle de temperatura; (2) agitador com controle de rotação; (3)

recipiente encamisado em vidro de borosilicato; (4) sensor de temperatura e (5) sistema de

aquisição de dados.

Figura 3.3 – Equipamentos utilizados para a formação das partículas.

A mistura foi resfriada com base no método de resfriamento linear (Kim, 2005), com o

auxilio de um banho termostatizado (modelo Te–184, faixa de temperatura de -10 a 99,9 °C e

precisão de controle de 0,1 °C), usado para resfriar o fluido de refrigeração da camisa do

recipiente. Embora o equipamento apresente um sistema de controle de temperatura, o mesmo

não possui a habilidade de controle automático de taxa de resfriamento. Para isto, foi

necessário desenvolver uma estratégia de atuação sobre o banho, visando o seu controle e a

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 33

obtenção de taxas lineares durante o resfriamento. A partir de um estudo prévio de resposta

dinâmica do banho, observou-se que o mesmo apresentou um comportamento característico

de um sistema de segunda ordem com atraso. Baseado nesta característica, foi utilizado um

procedimento de perturbações no set-point de temperatura do banho, buscando-se alcançar o

resfriamento em taxas previamente estabelecidas. As perturbações utilizadas seguiram uma

trajetória correspondente a uma sequência de degraus aplicados no set-point de temperatura

do banho, onde a duração (∆t) e a amplitude (Amp) de cada degrau estãorepresentadas

conformea Figura 3.4.

Figura 3.4 – Perfil de perturbação aplicado ao set-point do banho termostático para obtenção das taxas de resfriamento linearmente controladas.

A estratégia de resfriamento foi conduzida iniciando-se em 40°C até temperaturas de

aproximadamente 0°C. A escolha da amplitude (Amp) de perturbação foi correspondente à

taxa de resfriamento pré-definida, sendo: Amp = -0,7°C para a taxa de -0,2°C/min; Amp = -

1,7°C para a taxa de -0,5°C/min e Amp = -3,3°C para taxa de -0,8°C/min. No que se refere ao

intervalo de perturbação, utilizou-se o mesmo intervalo de ∆t = 3 min para todas as taxas de

resfriamento.

É importante ressaltar que o controlador de temperatura do banho térmico foi ajustado

para executar o resfriamento da solução de forma linear de acordo com a taxa estabelecida

pelo planejamento experimental. Durante toda etapa de cristalização, a mistura foi mantida

em agitação branda, constante, de aproximadamente 80 rpm. Cada experimento foi conduzido

de acordo com um planejamento experimental do tipo fatorial com dois níveis e triplicata no

ponto central, como representado na Tabela 3.1. Tendo-se como variáveis: o tipo de álcool

(etanol ou 1-propanol), a concentração do polímero na solução e a taxa de resfriamento linear

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 34

durante a cristalização. Em todos os experimentos de cristalização, a massa de solução total

utilizada foi de 200 g.

Na Tabela 3.1 são apresentadas as variáveis e as condições de estudo para o processo

de cristalização por resfriamento de solução polimérica, tendo sido aplicado com as duas

misturas de solvente estudadas: água+etanol e água+1-propanol.

Tabela 3.1 – Níveis reais e codificados das variáveis do processo de cristalização em estudo.

Após o processo de cristalização, 300 mL de água destilada contendo 0,6% de PVA

(Poli-vinil-álcool) foram adicionadasà suspensão com o propósito de diluir o álcool da

suspensão, sendo esta levada posteriormente para um ultrassom por 60 min., para evitar a

aglomeração de partículas.As amostras foram armazenadas em garrafas de 1L. Como

apresentado na Figura 3.5, as suspensões contidas nos recipientes apresentam coloração

esbranquiçada (branca),evidenciando a formação de partículas.

Figura 3.5 – Recipientes com o armazenamento das amostras após o processo de cristalização.

3.3 – Etapa de Filtração

Após o tratamento no Ultrasson,a mistura foi levadaa um sistema de filtração a vácuo,

com o objetivo de filtrar e reter as partículas superiores a 3 µm. Cabe ressaltar que tanto a

adição de água quanto o tratamento com o ultrassom foram usados para evitar aglomeração de

partículas. As partículas retidas em filtro foram lavadas em águaresfriada a temperatura de

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 35

aproximadamente 5oC, obtendo-se uma nova suspensão de partículas maiores, enquanto o

passante pelo filtro formam a suspensão de partículas submicrométricas.

O sistema de filtração a vácuo utilizado para filtrar a solução polimérica e obter as

partículas formadas após o procedimento de cristalização está ilustrado na Figura 3.6, sendo

constituído por: uma bomba a vácuo (modelo TE-058); um conjunto com funil de Buchner e

Kitassato e papel filtro com tamanho de poro de 3µm, diâmetro 9 mm, de marca FUSION.

Figura 3.6 – Sistema de filtração a vácuo.

3.3.1 – Quantificação da fração de partículas submicrométricas

Após a filtração, buscou-se avaliar as frações de partículas retidas e passantes em filtro

de 3µm. O objetivo desta avaliação foi verificar como as condições de cristalização podem

influenciar na formação da fração de partículas submicrométricas ou passantes pelo filtro. A

princípio, a análise consistiu em quantificar a massa polimérica (teor de sólidos) no material

passante e no retido na filtragem a vácuo. Para isto, foi retirada de cada amostra, após a

cristalização, uma quantidade definida de 100 mL (aproximadamente) de suspensão

polimérica formada, sendo, em seguida, submetida à filtração.

Do volume de passante da filtração, uma alíquota de 50 mL foi retirada e levada para

secagem em estufa de recirculação mantida em 30°C. Após esta etapa, o material foi pesado

para quantificação.

Em relação ao material retido em filtro, o mesmo foi lavado para remoção das

partículas, obtendo-se uma suspensão. A partir da suspensão, uma alíquota de 50 mL foi

retirada e levada para secagem em estufa de recirculação mantida a temperatura de 30°C.As

partículas poliméricas secas foram pesadas para quantificação.

Após a quantificação da massa polimérica passante e da retida na filtragem, foi gerada

uma tabela com os resultados das frações de partículas submicrométricas e superiores a 3µm.

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 36

3.4 – Etapa de Caracterização

A caracterização das partículas poliméricas obtidas, basicamente foram realizadas

análises de distribuição de tamanho de partícula (DTP) e microscopia. No caso das partículas

submicrométricas da suspensão passante na filtração, usou-se Microscópio Eletrônico de

Varredura (MEV) eo DLS (Espalhamento de Luz Dinâmica) para a caracterização. Já no caso

das partículas retidas na filtração, usou-se o Microscópio Óptico (MO) e um Granulômetro do

tipo Nono Sizer (marca CILAS) para análise de DTP.

De acordo com o planejamento experimental e uma avaliação estatística dos

resultados, a análise da distribuição do tamanho de partículas permitiu uma avaliação do

efeito da concentração de polímero na solução e da taxa de resfriamento durante a

cristalização.

3.4.1 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As análises de MEV foram feitas em um microscópio eletrônico de varredura da

marca Shimadzu (modelo SS550), pertencente ao Laboratório de Análises da Universidade

Estadual de Maringá (UEM).

Para estas análises, foi utilizado um porta amostra de aço inoxidável. Sobre ele foi

colocado uma fita adesiva de carbono e sobre esta última, foi depositada a amostra da

suspensão passante na etapa da filtração. Em seguida, uma fina camada de ouro foi depositada

no material (amostra + porta amostra), utilizando um metalizador IC-50 ION COATER,

marca Shimadzu. Foi empregada uma voltagem de 15 kV com uma intensidade de corrente de

30 µA.

3.4.2 – Distribuição de tamanho de partículas por espalhamento dinâmico de luz (DLS)

A análise de distribuição de tamanho de partícula (DTP), foram realizadas em um

analisador de tamanho de partícula em suspensão coloidal da marca Zeta Plus, modelo 90Plus

(BrookhavenInstruments Corporation), pertencente Laboratório de análises do

NUPEG/UFRN, conforme apresentado na Figura 3.7. Baseado no princípio do Espalhamento

Dinâmico da Luz (DLS), foi utilizado um laser semicondutor de 35 mW com controle de

potência até 3,5 mw (automático ou via software) para otimizar medida, sendo o detetor APD

para maximizar a sensibilidade das partículas com baixo espalhamento.

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 37

Para estas análises foi usada uma cubeta de vidro óptico quadadra, na qual as amostras

das suspensões passantes na etapa de filtração foram colocadas, sem a necessidade de

diluição. Ao final de cada aferição, as amostras remanescentes foram descartadas e a cubeta

foi lavada com água destilada, antes de ser novamente inserida no equipamento contendo

nova amostra. Em cada análise, o software do equipamento gerou resultados da distribuição

de tamanho de partículas, bem como das propriedades médias, tais como: tamanho médio de

partícula e índice de polidispersão.

Figura 3.7 – Analisador de partícula por Espalhamento de Luz Dinâmica (DLS).

3.4.3 – Microscopia Óptica (MO)

As análises de morfologia da partícula foram realizadas em um microscópio óptico de

marca Olympus (modelo BX 51-P), pertencente ao Laboratório de Análise do PPGEQ/UFRN

(Figura 3.8). Este equipamento é ideal para observações em luz polarizada. Para tal, este

detém 4 (quatro) lentes objetivas (ACHN10xP, ACHN20xP, ACHN50xP e ACHN100xOP)

destinadas para este tipo de luz. Ele também é munido de um condensador especialmente

projetado e filtros de polarização, de alto valor EF (razão de brilhos que geram menor

distorção do sistema óptico).

Para serem levadas ao microscópio, as amostras das partículas retidas na filtração

foram primeiramente diluídas com água destilada em tubos de ensaios. Em seguida foram

dispostas durante 1h no Ultrassom. Este procedimento foi feito visando dispersar as partículas

ao máximo na solução. Após esta etapa, as amostras foram colocadas em lâminas de vidro

com o auxílio de uma pipeta conta gotas e esperou-se a secagem do material em temperatura

ambiente.

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 38

Figura 3.8 – Microscópio Óptico (Olympus).

3.4.4 – Distribuição de tamanho de partículas (DTP)pelo granulômetro

Em relação à análise granulométrica, para a realização da medida de distribuição de

tamanhos de partículas retidas na filtração, utilizou-se um analisador de tamanho de partícula

CILAS modelo 1180 (Figura 3.9) com “software” CILAS versão 2.56 do Laboratório de

Tecnologia de Materiais – UFRN.

As amostras líquidas resultantes da lavagem do filtro foram adicionadas

cuidadosamente na cuba do granulômetro com auxílio de um Becker, com o intuito de se

obter a concentração ótima de leitura do equipamento. Em geral, o resultado é fornecido pelo

equipamento em termos de massa acumulada (em percentagens) versus diâmetro esférico

equivalente das partículas ou da distribuição modal de tamanhos de partículas, além das

propriedades médias, tais como: tamanho médio e índice de polidispersão.

Figura 3.9 – Analisador de tamanho de partícula (CILAS).

Metodologia

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 39

3.5 – Correlação linear das variáveis de entrada e saída

No intuito de estudar o grau de relacionamento entre duas ou mais variáveis, isto é,

saber se as alterações sofridas por uma das variáveis são acompanhadas por alterações em

outras, uma análise de correlação linear das variáveis de entrada (Taxa de resfriamento e

Concentração polimérica) com as variáveis de saída (Diâmetros médios e Frações passantes)

foi realizada a partir de uma matriz de correlação calculada com o auxílio do software

computacional Statistica 7.0. Nesta matriz estão representadas as intensidades e a direção do

relacionamento linear entre as duas variáveis (Lira, 2004).

Sendo assim, esta análise de correlação é um indicador que atende à necessidade de se

estabelecer a existência ou não de uma relação entre essas variáveis sem que, para isso, seja

preciso o ajuste de uma função matemática. Não existe a distinção entre a variável explicativa

e a variável resposta, ou seja, o grau de variação conjunta entre X e Y é igual ao grau de

variação entre Y e X (Lira, 2004).

Por fim, esta representação do relacionamento linear, assim como, a análise dos

coeficientes de correlação obtidos entre as variáveis está apresentada no próximo capítulo.

Capítulo4

Resultados e Discussões

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 41

4. Resultados e Discussões Neste capítulo serão descritos os principais resultados da formação das partículas e

caracterização das mesmas. Todas foram formadas através do método de cristalização por

resfriamento linear. Os resultados apresentados serão comparados com os resultados de Kim

(2005), que também realizou a cristalização por resfriamento linear na obtenção de partículas

nano/micrométricas da solução polimérica. Será apresentado uma discussão da estratégia

proposta para implementar o perfil de resfriamento linear, importante para execução dos

experimentos de cristalização.

4.1 – Solubilização do PMMA

É de conhecimento que um bom solvente é aquele que dissolve certa quantidade de

polímero numa faixa de temperatura compreendida entre seu ponto de fusão e seu ponto de

ebulição, e um mau solvente é aquele que não é capaz de intumescer (inchar) um polímero.

No presente trabalho, o comportamento da solubilidade do PMMA foi observado usando-se

os álcoois etanol e 1-propanol em diferentes temperaturas. Para alcançar considerável

solubilidade do polímero, tais solventes foram testados até temperaturas próximas a 70ºC.

Nesta temperatura, constatou-se que o material intumesceu e ficou retido no fundo do

recipiente usado na solubilização. O resultado obtido no presente trabalho contradiz o que foi

relatado por Kim (2005), onde tal autor reporta solubilização do PMMA em 1-propanol a

20ºC. No entanto, o resultado é concordante com o trabalho de Jewrajka et al.(2004), pois

mostra que tais substâncias puras apresentam baixo poder de solubilizar o polímero PMMA

em temperatura ambiente.

Para fazer a solubilização do PMMA, uma mistura de solventes (álcool e água) foi

sugerida, conforme Hoogenboom et al. (2010). Nesta mistura, a água entra com

características de co-solvência (Cowier et al., 1987), facilitando a inserção do álcool na

estrutura polimérica. Com isso, a solubilização polimérica é facilitada a temperaturas

próximas a 45ºC. Porém, o acréscimo de água na mistura é limitado até certo ponto, já que

aumentando ainda mais a quantidade de água, aumenta a polaridade da mistura de solventes e

leva à formação de “clusters de água”. Este fenômeno diminui a solubilidade do polímero

pela necessidade da quebra das ligações de hidrogênio água-água para a formação de um

camada de hidratação (Hoogenboom et al., 2010). Baseado nestes aspectos, estabeleceu-se um

percentual mássico de água para a solubilização do PMMA em torno de 15% de água na

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 42

solução alcoólica, o que permitiu uma adequada solubilização do polímero sem qualquer

degradação. Na Figura 4.1, mostra-se uma típica solubilização do PMMA numa mistura de

álcool + 15% de água em temperatura de aproximadamente 45 °C.

Figura 4.1– Solubilização do PMMA em solução alcoólica.

4.2 –Estratégia para obtenção das taxas de resfriamento

Conforme mencionado no capítulo anterior, para produzir partículas poliméricas

durante a cristalização, foram pré-definidas taxas de resfriamento. O resfriamento da solução

polimérica foi feito a partir da circulação, pela camisa do vaso cristalizador, de um fluido de

refrigeração proveniente de um banho termostatizado. Tal banho apresenta um sistema de

controle de temperatura capaz de estabelecer com eficiência a temperatura num determinado

set-point. O sistema, porém, não é capaz de controlar uma trajetória pré-definida de set-point,

como é o caso em questão, em que se deseja implementar taxas de resfriamento linearmente

controladas. Para isto, foi necessário desenvolver uma estratégia de atuação sobre o banho,

visando a obtenção das taxas lineares durante o resfriamento.

Para avaliar o comportamento dinâmico do cristalizador, foi feita uma análise

dinâmica experimental do sistema. A análise consistiu em realizar perturbações no set-point

de temperatura do banho, verificando a resposta da temperatura na solução dentro do

cristalizador. Com base nos resultados experimentais, um modelo matemático do tipo

entrada/saída, com representação de função de transferência, foi identificado. O modelo mais

descritivo resultou num sistema de segunda ordem com atraso, de acordo com a Equação 3.

�(�) � ,"#

($,%&∙�())�∙ *+),$&∙� ∙ ,(�) (3)

Sendo: y(s) a temperatura da solução em variáveis desvios no cristalizador; u(s) a temperatura

de set-point em variáveis desvios no banho termostatizado; e s a variável de Laplace.

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 43

Na Figura 4.2, são apresentados resultados da identificação do processo mediante

perturbações realizadas na temperatura do set-point do banho.

Figura 4.2 – Identificação do processo mediante perturbações realizadas na temperatura do set-point do banho. Perturbação no set-point e resposta do sistema para amplitudes: (a) de 5°C; (b) de 10°C e (c) de 20°C.

É possível notar na Figura 4.2 que quanto menor a amplitude da perturbação realizada

no set-point do banho uma melhor descrição foi obtida do modelo matemático. A partir desta

(a)

(b)

(c)

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 44

consideração, buscou-se projetar com o modelo matemático uma trajetória de perturbação no

set-point de modo a obter as taxas de resfriamento desejadas. Na Tabela 4.1são apresentadas

as condições encontradas para a implementação da perturbação no set-point,obtendo-se assim

as taxas de resfriamento usadas nos experimentos de cristalização. As perturbações aplicadas

no set-point de temperatura do banho foram na forma de uma sequência de degraus com

duração (∆t) e amplitude (Amp), sendo os valores dados na Tabela 4.1.

Tabela4.1 – Parâmetros para a função de perturbação aplicada no set-point.

∆t Amp Taxa de resfriamento

3 min -0,7°C -0,2°C/min

3 min -1,7°C -0,5°C/min

3 min -3,3°C -0,8°C/min

As respostas experimentais das taxas lineares de resfriamento em relação à

implementação das trajetórias de perturbação definidas, podem ser observadas na Figura 4.3.

É possível notar nos gráficos de taxa de resfriamento (Figura 4.3) que cada linha de tendência

representa significativamente uma reta, com coeficiente de regressão R2 em torno de 0,99. É

importante salientar que foi definida uma temperatura para o início do resfriamento e, logo

após, perturbações de -0,7ºC, -1,7ºC e -3,3ºC foram efetuadas a cada 3 min. no banho

temostatizado, resultando em taxas de aproximadamente -0,2, -0,5 e -0,8ºC/min,

respectivamente.

(a) (b)

R2 = 0,999 R2 = 0,999

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 45

Figura 4.3 – Perfis de resfriamento típicos praticados durante os experimentos de cristalização, com taxas de resfriamento de (a) -0,2°C/min.;(b) -0,5°C/min. e (c) -0,8°C/min.

4.3 – Quantificação da fração de partículas submicrométricas

O objetivo desta análise foi quantificar, por análise de teor de sólidos, a fração de

partículas passantes e retidas num filtro de 3µm das amostras resultantes da cristalização. Nas

Tabelas 4.2 e 4.3 são apresentados os resultados do planejamento experimental referentes às

cristalizações conduzidas a partir da solução em etanol + água e 1-propanol + água,

respectivamente.

Tabela 4.2– Frações de partículas retidas e passantes obtidas da cristalização em solução de etanol + água.

PE1 PE2 PE3 PE4 PE5 PE6 PE7 Taxa de resfriamento (°C/min) -0,2 -0,8 -0,2 -0,8 -0,5 -0,5 -0,5

Concentração de polím. (%w/w) 1 1 5 5 3 3 3 Fração de Retido 0,19 0,08 0,15 0,82 0,46 0,10 0,28

Fração de Passante 0,81 0,92 0,85 0,18 0,54 0,90 0,72 Tabela 4.3 – Frações de partículas retidas e passantes obtidas da cristalização em solução de 1-propanol + água.

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 Taxa de resfriamento (°C/min) -0,2 -0,8 -0,2 -0,8 -0,5 -0,5 -0,5

Concentração de polím. (%w/w) 1 1 5 5 3 3 3 Fração de Retido 0,06 0,02 0,94 0,35 0,06 0,32 0,01

Fração de Passante 0,94 0,98 0,06 0,65 0,94 0,68 0,99

Do ponto de vista da fração de partículas submicrométricas, ou seja, passantes pelo

filtro de 3µm, é possível notar, comparando os resultados apresentados nas Tabelas 4.2 e 4.3,

(c)

R2 = 0,996

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 46

que na condição de maior taxa de resfriamento (-0,8 °C/min) e menor concentração

polimérica (1 %w/w), uma maior quantidade de partículas submicrométricas é obtida. Este

resultado apresenta característica parecida com os resultados obtidos por Kim (2005), embora

tenha sido obtido em condições experimentais distintas. O uso do 1-propanol proporcionou

maior quantidade de partículas submicrométricas do que o etanol. Tal fato pode ser explicado

devido ao maior poder de solubilidade da mistura 1-propanol + água, já que esta consegue

solubilizar o PMMA em temperaturas mais baixas que a mistura etanol + água.

Consequentemente, o material atinge a supersaturação mais rapidamente para o etanol+água

conferindo um maior crescimento das partículas, enquanto na mistura 1-propanol + água a

supersaturação ocorre em temperaturas mais baixas conferindo um menor período de

crescimento das partículas. No caso particular da cristalização realizada em solução de etanol

+ água, nota-se que o pior resultado de produção de partículas submicrométricas ocorreu na

maior concentração polimérica (5 %w/w) e na maior taxa de resfriamento (-0,8 °C/min),

enquanto que no caso da cristalização em solução de 1-propanol + água o pior resultado

ocorreu também na maior concentração (5 %w/w), mas na menor taxa de resfriamento (-0,2

°C/min). De certa forma, este resultado permite indicar que quanto maior é a concentração

polimérica, maior a dificuldade para a produção de partículas submicrométricas. O efeito da

concentração de cadeias poliméricas em solução pode resultar em dois fenômenos: (i) formar

um maior número de embriões na nucleação e ter um baixo crescimento, obtendo-se

partículas com tamanhos reduzidos; ou (ii) formar um menor número de embriões na

nucleação e ter um elevado crescimento das partículas, obtendo-se partículas de maior

dimensão. Fazendo-se um comparativo mais abrangente, é possível observar que, em geral, os

resultados das frações de partículas submicrométricas foram melhores para os experimentos

de cristalização realizados com a mistura 1-propanol + água. Tal fato parece apontar para a

discussão de que a utilização de diferentes solventes pode influenciar diretamente no tamanho

da partícula formada na cristalização. No que diz respeito aos experimentos realizados no

ponto central do planejamento, observa-se uma significativa dispersão dos resultados,

podendo-se alcançar resultados de medianos a ótimos, quanto à fração de partículas

submicrométricas obtidas.

4.4 – Distribuição de tamanho de partículas da fração retida

Após o processo de cristalização e por seguinte a etapa de filtração, as partículas

retidas em filtro de 3 µm foram lavadas em água destilada e submetidas a um tratamento

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 47

sônico emultrasom para homogenização. Posteriormente, foram realizadas análises de

tamanho de partícula num granulômetro.Ao fim das análises, foram obtidos os diâmetros

percentuais, compreendendo 10%, 50% e 90%,o diâmetro médio de cada amostra e os

histogramas de distribuição de tamanho de partícula (DTP). Avaliando-se os histogramas de

DTP (Figuras 4.4 a 4.10), nota-se que em geral as distribuições apresentam-se como curvas

largas, caracterizando uma ampla faixa de tamanho de partículas formadas, o que é

característico nos processos de cristalização. É importante salientar que, para todos os casos

estudados, as partículas apresentaram tamanho inferior a 100 µm.No caso particular da Figura

4.5, apenas foi apresentado o histograma de DTP da amostra PE2 obtida com a cristalização

em etanol + água, pois a massa da fração retida referente à amostra P2 obtida com a

cristalização em 1-propanol + água foi insuficiente para a análise em questão.

Figura 4.4 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE1 e (b)P1.

Figura 4.5 – Histograma de DTP para a amostra PE2

a b

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 48

Figura 4.6 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE3 e (b)P3.

Figura 4.7 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE4 e (b)P4.

Figura 4.8 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE5 e (b)P5.

a b

a

a

b

b

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 49

Figura 4.9 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE6 e (b)P6.

Figura 4.10 – Histogramas de DTP das amostras (a)PE7 e (b)P7.

Conforme as Tabelas 4.4 e 4.5, observa-seque, em geral,os diâmetros das partículas

nas amostras cristalizadas em etanol + água foram inferiores aos diâmetros nas amostras

cristalizadas em 1-propanol + água. Avaliando-se a fração de partículas retidas (Tabelas 4.2 e

4.3), nota-se que as amostras PE4 e P3 foram as que mais produziram partículas retidas. Tal

resultado é corroborado com a análise de tamanho médio de partículas, onde as amostras PE4

e P3 apresentaram os maiores valores, conforme demonstrado nas Tabelas 4.4 e 4.5.

a b

a b

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 50

Tabela 4.4 – Diâmetros resultantes da fração retida com amostras cristalizadas em etanol + água.

Amostra

Diâmetro

10% (µm)

Diâmetro

50% (µm)

Diâmetro

90% (µm)

Diâmetro

médio (µm)

PE1 2,18 12,11 33,52 15,53

PE2 7,91 23,33 43,01 24,64

PE3 1,62 11,79 59,27 21,63

PE4 0,79 19,09 61,3 26,28

PE5 1,41 14,63 52,85 22,06

PE6 0,77 2,86 26,71 8,07

PE7 0,47 2,34 9,08 3,76

Tabela 4.5 – Diâmetros resultantes da fração retida com amostras cristalizadas em1 – propanol + água.

Amostra

Diâmetro

10% (µm)

Diâmetro

50% (µm)

Diâmetro

90% (µm)

Diâmetro

médio (µm)

P1 0,41 22,97 57,82 26,67

P3 3,56 33,06 66,27 34,01

P4 3,82 24,65 44,76 24,37

P5 2 12,71 39,16 17,29

P6 5,41 24,85 43,85 24,71

P7 2,72 16,77 40,31 19,58

4.5 – Análises por Microscopia Óptica das partículas presentes na fração

retida

Amostras da fração retida foram preparadas e dispostas em lâminas de vidro, sendo

analisadas por Microscopia Óptica para avaliar a morfologia das partículas.Nas Figuras 4.12a

4.17 são apresentadas as imagens de microscopia, fazendo-se um comparativo das amostras

cristalizadas em etanol + água com as amostras cristalizadas com 1-propanol + água. Em

geral, é possível perceber que as partículas possuem característica de morfologia esférica com

aspecto aparentemente translúcido, notado pelo brilho intenso provocado pelas partículas em

algumas das imagens obtidas. Nota-se também que as partículas parecem possuir diâmetro

inferior a 10 µm, o que difere dos resultados de tamanho de partícula verificados com a

análise utilizando o granulômetro. Tal diferença pode ser atribuída a possível formação de

aglomerados de partículas, o que pode ter conduzido o granulômetro a apresentar resultados

de tamanho de partículas bem maiores, na faixa de 3 a 100 µm. Nas Figuras 4.12 a 4.16, é

possível notar a ocorrência de aglomerados de partículas, mas os mesmos demonstram serem

formados por partículas com tamanho inferior a 10 µm. Nota-se também que as imagens

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 51

obtidas para as partículas cristalizadas em etanol + água parecem ser mais nítidas e com

tamanhos inferiores às partículas cristalizadas em 1-propanol + água, observação também

registrada na DTP. O tipo do álcool na solução pode causar uma mudança de aspecto na

camada superficial da partícula, tornando-a com menos ou mais capacidade para visualização.

Figura 4.11 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE1 e (b)P1.

Figura 4.12 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE2 e (b)P2.

a

a

b

b

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 52

Figura 4.13 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE3 e (b)P3.

Figura 4.14 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE4 e (b)P4.

Figura 4.15 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE5 e (b)P5.

a b

a b

a b

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 53

Figura 4.16 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE6 e (b)P6.

Figura 4.17 – Análise em Microscopia Óptica a 100x; Ensaios (a)PE7 e (b)P7.

4.6 – Distribuição de tamanho de partículas na fração passante

As amostras passantes em filtro de 3µm foram analisadas em DLS (Espalhamento de

luz dinâmica), permitindo a obtenção das curvas de distribuição de tamanho de partícula

(DTP), dos tamanhos médios de partícula e do índice de polidispersão. Nas Figuras 4.18 a

4.24, apresenta-se um comparativo entre as curvas de DTP para as amostras obtidas na

cristalização com etanol + água e 1-propanol + água. Observa-se que, em geral, as curvas de

DTP estão distribuídas numa faixa compreendida entre 100nm a 3µm, caracterizando estas

partículas como submicrométricas. Este resultado está de acordo com a filtração realizada, já

que as partículas foram passantes em filtro de 3µm. É possível verificar que as curvas de DTP

mais largas ocorreram para as amostras obtidas com os experimentos realizados em menor

taxa de resfriamento (Figuras 4.18 e 4.20). Tal resultado parece indicar que quanto mais lenta

é a taxa de resfriamento, um maior intervalo de tempo é praticado nas etapas de nucleação e

a b

a b

Resultados e Discussões

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 54

crescimento, favorecendo uma maior diversificação na organização das partículas e,

consequentemente, permitindo a formação de partículas com maior dispersão em tamanho.

Em geral, as partículas formadas a partir da solução etanol + água tendem a apresentar

tamanhos inferiores àquelas formadas em 1-propanol + água. Este resultado também foi

evidenciado na fração de partículas retidas quando observadas por microscopia óptica,

conforme discutido anteriormente.

Figura 4.18 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE1 e P1.

Figura 4.19 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE2 e P2.

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE1

P1

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE2

P2

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 55

Figura 4.20 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostrasPE3 e P3.

Figura 4.21 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostrasPE4 e P4.

Figura 4.22 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE5 e P5.

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE3

P3

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE4

P4

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE5

P5

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 56

Figura 4.23 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE 6 e P6.

Figura 4.24 – Curvas de DTP obtidas por análises em DLS para as amostras PE7 e P7.

Em relação ao tamanho médio das partículas, nota-se na Tabela 4.6 que as partículas

obtidas em solução de 1-propanol + água foram mais uniformes, resultando em médias entre

670,3 e 961,8nm. Já as partículas obtidas em solução de etanol + água apresentaram tamanhos

médios mais abrangentes, ficando entre 327,3 a 1952,8 nm. Tais resultados podem estar

relacionados ao fato de que a mistura de solvente etanol + água apresenta mais influência

sobre o processo de cristalização térmica, quando comparado à mistura 1-propanol + água.

Além disso, conforme já discutido, as partículas com um menor tamanho médio foi obtida em

solução de etanol + água. Por outro lado, é importante salientar que as maiores frações de

passantes (partículas submicrométricas) foram encontradas com a mistura 1-propanol + água

(Tabelas 4.2 e 4.3). Em geral, pode-se observar que o índice de polidispersão(Tabela 4.6)

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE6

P6

0

20

40

60

80

100

120

100 1000 10000

Inte

nsid

ade

Tamanho de partícula (nm)

PE7

P7

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 57

ficou abaixo de 0,2, indicando que os resultados das análises foram adequados e com boa

confiabilidade. Adicionalmente, tal resultado permite indicar que o método de cristalização

térmica forma partículas submicrométricas com características uniformes quanto ao tamanho.

Tabela 4.6– DiâmetrosMédios e polidispersão resultantes das análises em DLS.

Amostras Diâmetro

Médio(nm) Polidispersão Amostras Diâmetro

Médio(nm) Polidispersão

PE1 1952,8 0,16 P1 741,6 0,007

PE2 603,7 0,005 P2 825 0,017

PE3 327,3 0,304 P3 670,3 0,005

PE4 351,3 0,151 P4 849,3 0,104

PE5 439,5 0,005 P5 961,8 0,043

PE6 393,2 0,063 P6 758,8 0,005

PE7 867 0,027 P7 912,5 0,052

4.7 – Análises por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Na intenção de avaliar morfologicamente as partículas passantes na filtragem, as

amostras obtidas de cada ensaio foram analisadas em microscopia eletrônica de varredura

(MEV). As melhores imagens estão apresentadas da Figuras 4.25a 4.27. Cabe destacar que

não foi possível visualizar com nitidez algumas das amostras através do MEV. Observa-se

que as partículas formadas possuem uma morfologia esférica uniforme com tamanho inferior

a1μm. É importante comentar que estas partículas foram analisadas em suspensão bastante

diluída e, por isso, as mesmas foram observadas de forma bem isolada. Nota-se que as

partículas não se apresentaram em ocorrências de aglomerados, porém parecem coalescidas.

Figura 4.25 – Imagens do Ensaio P3 obtidas no microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Resultados e Discussões

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 58

Figura 4.26 – Imagens do Ensaio PE4 obtidas no microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Figura 4.27 – Imagens do ensaio PE5obtidas no Microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Assim como no trabalho de Kim (2005),no presente trabalho foram obtidas partículas

uniformemente esféricas de distribuição específica numa faixa abaixo de 1µm controlando a

taxa de resfriamento do processo de cristalização como relatado por Kim

(2000).Caracterizando um amplo potencial destas partículas poliméricas se apresentarem

como sistemas carreadores (Guterres, 2003).A Figura 4.28 apresenta imagens de MEV do

trabalho de Kim (2005). Nota-se que a imagem de microscopia reportada no seu trabalho

aparece com grande ocorrência de partículas relativamente maiores que as obtidas no presente

estudo, o que permite confirmar que não houve nenhum procedimento de separação das

partículas. Adicionalmente, vale ressaltar que as condições experimentais do trabalho de Kim

(2005) foram diferentes do presente trabalho, coincidindo apenas na condição de taxa de

resfriamento de -0,5°C/min e concentração polimérica da solução de 3% em massa.

Resultados e Discussões

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 59

Figura 4.28 – Imagens no MEV das partículas do trabalho Kim(2005); Taxas de resfriamento (a) -0,5 e (b) -1ºC/min para 3%w/w.

4.8 – Encapsulação de material magnético

Na tentativa de adicionar materiais magnéticos à estrutura polimérica foram realizados

testes com a Ferrita (CoFe2O4) na condição considerada neste trabalho, de maior taxa de

resfriamento (-0,8 °C/min.) e menor concentração polimérica (1 %w/w). Foi utilizado 0,25g

deste material em 2 (dois) testes em soluções alcoólicas distintas (etanol e 1-propanol). Sua

adição no sistema de cristalização foi somente realizada depois queo material polímerico, já

solubilizado, foi posto no cristalizador.Após a etapa da formação das partículas, a solução

resultante foi levada ao ultrasom e,em seguida, a solução foi filtrada em um papel filtro de

3µm. Na Figura 4.29(a) está representada a soluçãoobtida após lavagem das partículas retidas

na filtração. Nota-se um aspecto meio escurecido da suspensão, o que pode estar associado à

presença das partículas de ferrita inseridas nas partículas de PMMA. É importante ressaltar

que a solução passante apresentou um aspecto transparente, evidenciando, neste teste, a

ausência de partículas submicrométricas com material magnético encapsulado pelo polímero.

Isto, supostamente, deve-se a moforlogia e tamanhonão-uniformes destas partículas

magnéticas,sendo necessário um melhor tratamento delas para o uso neste processo de

encapsulamento.

Uma indução com campo magnético foi testado no presente trabalho, na suspensão

resultante da cristalização com adição de ferrita, conforme apresentado na Figura 4.29(b).

Nota-se claramente que uma parte significativa do material foi atraída para o lado onde o

campo magnético foi disposto. Tal resposta pode indicar que, de fato, partículas poliméricas

carreadoras de ferrita foram obtidas com os ensaios de cristalização realizados.

a b

Resultados e Discussões

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 60

Figura 4.29 – Solução resultante após a filtragem dos ensaios com a Ferrita(a); Suspensão sobre indução de um campo magnético (b).

Aspecto similar foi apresentado no trabalho do Cui& Wang et al. (2010), os quais

obtiveram nanoesferas de PMMA via polimerização por emulsão que continham magnetita

(Fe3O4), conforme apresentado na Figura 4.30, onde é possível notara indução de um campo

magnético sobre o material sintetizado.

Figura 4.30–Nanoesferas de PMMA + Fe3O4 obtidas via polimerização por emulsão (Cui & Wang et al.,2010).

Na tentativa de visualizar imagens das partículas nesta condição de cristalização, as

amostras do material retido foram analisadas em microscopia óptica. Como pode ser

a b

Resultados e Discussões

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 61

observado na Figura 4.31, há a presença de partículas esféricas com tonalidade mais escuras

entres as partículas esféricas mais claras. Tal característica pode indicar que as partículas mais

escuras correspondem à inserção de ferrita na partícula polimérica, alterando a sua cor

original.

Figura 4. 31 – Microscopia óptica de partículas de PMMA com Ferrita, ensaio FP2.

4.9 – Análise de correlação linear

Na matriz de correlação representada na Tabela 4.7 é possível observar a variação dos

coeficientes de correlação (rxy). Esta variação, normalmente, pode ser de–1a +1 e sua

interpretação dependerá do valor numérico e do sinal.

Tabela 4.7 – Matriz de correlação das variáveis de entrada e saída para um planejamento 22 + 3 pontos centrais.

*Conc: concentração polimérica (w/w); Fet: fração submicrométrica de etanol; Fprop: fração

submicrométrica de 1-propanol; Dpe: Diâmetro médio das partículas de etanol; Dpp: Diâmetro médio

das partículas de 1-propanol.

Resultados e Discussões

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 62

Basicamente, esta correlação será tanto mais forte quanto mais próxima estiver o

coeficiente de –1 ou +1, e será tanto mais fraca quanto mais próxima o coeficiente estiver de

zero, conforme ilustrado na Figura 4.32.

Figura 4.32 – Representação dos valores numéricos dos coeficientes de correlação possíveis em uma análise de correlação.

Ao Realizar uma análise entre os coeficientes de correlação gerados na matriz de

correlação (Tabela 4.7) pode-se aferir, para uma correlação significativa de grau de confiança

95%, que há uma correlação moderada negativa entre a variável de entrada (taxa de

resfriamento) e as variáveis de saída (Fet e Dpe), indicando que quanto maior a taxa de

resfriamento, menores são a fração de passante e o diâmetro médio das partículas obtidas com

a mistura etanol + água. Já para a mistura de 1-propanol + água, observa-se uma correlação

positiva de fraca a moderada entre a taxa de resfriamento e a fração de passante e a taxa de

resfriamento e o diâmetro médio da partícula (quanto maior a taxa, maiores são o Fpp e o

Dpp).

Em geral, correlações negativas de moderada a forte estão presentes entre a variável de

entrada Conc e as mesmas variáveis de saída comentadas no parágrafo anterior. Neste caso,

quanto maiores às concentrações, menores são as variáveis de saída. Vale ressaltar que esta

aferição condiz com dados obtidos nas análises contidas no tópico anterior (Tabelas 4.6), a

qual foi obtida menores diâmetros de partículas com a mistura etanol + água tanto para maior

taxa de resfriamento quanto para maior concentração. O oposto foi constatado com as

partículas obtidas com 1-propanol + água.

Capítulo 5

Conclusão

Conclusão

__________________________________________________________________________________________

André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 64

5.Conclusão Neste trabalho, o método de cristalização a partir de solução polimérica via

resfriamento controlado foi estudado com objetivo de obter partículas submicrométricas de

PMMA. Diferentes misturas de solventes (álcool e água) foram testadas e diferentes taxas de

resfriamento e concentração polimérica foram avaliadas.

Foi possível observar que o método de cristalização por resfriamento linear de solução

polimérica é capaz de produzir partículas com estrutura esférica e uniforme do polímero.

Usando exclusivamente as misturas de solventes: etanol+água e 1-propanol+água, as

análises morfológicas mostraram que estas misturas influenciam no tamanho da partícula

formada. A mistura etanol+água, tende a formar partículas menores que a mistura 1-

propanol+água. Além disso, na mistura etanol+água, as propriedades relativas ao tamanho de

partícula do polímero apresentaram maior sensibilidade às mudanças do planejamento

experimental em relação à concentração do polímero e à taxa de resfriamento.

Por outro lado, na mistura 1-propanol+água, maiores frações de partículas

submicrométricas foram obtidas, sendo tais partículas com propriedades mais uniformes.

Concluiu-se também que a taxa de resfriamento e a concentração de polímero na

solução demonstraram influência sobre o tamanho da partícula formada. Após análises, pode-

se afirmar que a condição de maior taxa de resfriamento e menor concentração (P2 e PE2)

apresentou maior formação de partículas de tamanho submicrométrica. Assim como relata

Kim (2005) que maiores taxas e menores concentrações formam partículas ainda menores.

Logo, para as condições contrarias a estas há uma menor produção deste tamanho específico

de partícula, principalmente, com a maior concentração polimérica presente na solução.

Considerando as análises de Microscopia (Ópticas e Eletrônica de Varredura) mostram

que as partículas de todas as amostras apresentaram uma uniformidade na morfologia esférica

semelhantes, como as da literatura. Desta forma, considerado um potencial plausível e

satisfatório para o uso destas partículas como sistemas carreadores de algum material

magnético.

Testes com o material ferrita foram realizados para avaliar o potencial de agregação a

partir da técnica de cristalização estudada. Tais testes foram considerados relativamente

satisfatórios a partir da observação da ferrita no polímero PMMA nas imagens em

microscopia.

Conclusão

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 65

Considerando as formas de análises e resultados obtidos, pode-se concluir, de maneira

geral, que o método avaliado (cristalização por resfriamento controlado) foi satisfatório tanto

para a formação do tamanho das partículas esféricas quanto na formação de partículas

submicrométricas de PMMA, através da mudança nas condições de operação durante a

cristalização. Além da simplicidade de execução (apenas o polímero é solubilizado em

solvente), a sua principal vantagem consiste na utilização de poucos compostos químicos, o

que não ocorre em outros métodos convencionais de obtenção de partículas submicrométricas,

como é o caso das polimerizações em emulsão e miniemulsão.

Na etapa de solubilização do PMMA pode-se aferir, mediante observado na literatura

e comprovado nos ensaios realizados neste trabalho, que a solubilização do polímero é

impedida tanto em água quanto em álcool. Neste último, só alcançado forçando um aumento

considerável da temperatura de solução. Mas com uma mistura adequada de água e álcool,

esta etapa é totalmente facilitada a temperaturas próximas a ambiente. O que diferente do

relato Kim (2005),que afirma ter conseguido solubilização a 20°C usando1-propanol.

Neste sentido, fica como sugestão para futuras pesquisas nesta área, a otimização do

procedimento experimental do método de cristalização térmica via resfriamento, tendo-se

como objetivo a produção de materiais magnéticos (em escala nanométrica) encapsulados

pelo polímero considerado. A idéia é usar estes materiais para nuclear a formação de

partículas poliméricas com propriedades magnéticas. Algumas variáveis poderiam ser

exploradas, tais como: a razão entre a concentração da solução polimérica e concentração do

material magnético na solução e novas taxas de resfriamento.

Capítulo 6

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André Anderson Costa Pereira, Agosto/2013 67

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