dÍzimos - fé, adoração, gratidão, sacrifício (pr. arquelau)

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    DEUTERONMIO 26. 1-15

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    Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, nossoSENHOR, digno de toda a adorao; minhaquerida esposa Gessiana (quanta pacincia!), a meu

    filho Tiago , por j estar experimentando o prazer deofertar e dizimar, e minha filhinha gatha Tali ta ,que logo ir entender porque devemos ser fieis a

    Deus; memria de minha querida me Maria e aomeu pai, Aldo ngelo , um grande ganhador dealmas, que juntos me ensinaram (eu e meus irmos),desde criancinha, como ser agradecidos a Deus, e jdizimvamos daquela gorjetinha que recebamos.

    Finalmente, dedico tambm a todos aqueles que jentendem a graa de contribuir; queles que ho de

    entender um pouquinho atravs deste estudo; e,queles que discordaro do que aqui est exposto no somos donos da verdade, somente o SENHOR .

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    Lembrem do SENHOR, nosso Deus, pois elequem lhes d fora para poderem conseguir riquezas. Vocs esto vendo que assim ele estcumprindo a aliana feita por meio de

    juramento com os nossos antepassados. (Deuteronmio 8.18 NTLH)

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    SUMRIO

    INTRODUO............................................................................................................... 7

    I. A TICA E A LGICA DE OFERTAR............................................................. 9

    II. OFERTAR: ATO DE SACRIFCIO, ADORAO E F................................. 152.1 O Momento da Oferta: Adorao e Gratido................................................ 17

    III. OFERTAR DAQUILO QUE TEM (xodo 35.4,5)......................................... 19

    IV. O DZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO........................................................ 23V. O DZIMO NO NOVO TESTAMENTO............................................................ 27

    VI. A OFERTA DAS PRIMCIAS............................................................................ 33

    VII. OFERTA VOLUNTRIA E OFERTA ALADA............................................. 37

    VIII. O VOTO CRISTO(A PROMESSA)............................................................ 39

    IX. A ADMINISTRAO DO NOSSO DINHEIRO............................................... 43

    X. BNOS DECORRENTES DA FIDELIDADE CRIST.............................. 5110.1 Liberdade e Liberalidade Crist.................................................................. 5310.2 A Semente e o Po...................................................................................... 5510.3 Vida Santa Uma Condio Cultivada Diariamente................................. 56

    XI. ABUSOS E HERESIAS LIBERALIDADE CRIST..................................... 57

    XII. A IGREJA LOCAL E O CONTRIBUINTE....................................................... 61

    CONCLUSO................................................................................................................. 67

    FONTES BIBLIOGRFICAS........................................................................................ 69

    ANEXO: Artigo Dzimo: Contribuio Voluntria do Fiel ........................................ 71

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    PR. ARQUELAU DE OLIVEIRA DOS SANTOS

    7O f e r t a s e D z i m o s : F , G r a t i d o , A d o r a o , S a c r i f c i o

    INTRODUO

    A igreja da atualidade vive um perodo conturbado quando o assunto envolve ofertas,dzimos e prosperidade (material e espiritual). Em um extremo, temos seitas, denominaes, pregadores e expositores da Palavra de Deus queutilizam qualquer texto sagrado ou sermo para conduzir o pblico at uma arrecadao de ofertas.

    s vezes, tudo isso feito sob a justificativa e alegao de sustento de missionrios,manuteno de um ministrio independente ou de um programa televisivo ou radiofnico que

    necessita de muito dinheiro para se manter. Tais pregadores e artistas, ainda que com justificativas quase plausveis,arrancam de seus ouvintesat mesmo aquelaltimamoedinha da viva. Alguns casos poderiam at ser considerados como um assalto moarmada, onde a arma (utilizada indevidamente) a Bblia Sagrada. Essa conduta, adotada por determinados pregadores e charlates, chega a ser to perspicaz que poderia at ser classificada como um crime deestelionato1, alm de tambm ser uma ofensa contra Deus.

    No outro extremo desta situao esto aqueles que, de to assustados e traumatizadoscom os escndalos envolvendo dinheiro, preferem no ensinar igreja sobre as bnos queacompanham a fidelidade nas ofertas e nos dzimos. Temem falar sobre dinheiro ou

    contribuio no plpito por consider-lo um tema secular que no deve ser mencionado emreunies espirituais, crendo que qualquer assunto envolvendo dinheiro no digno de ser exposto na tribuna, pois poderia escandalizar ou afastar fiis e visitantes. Tais lderes, aindaque na sua simplicidade, acabam por privar a igreja da bno de contribuir e compartilhar doque recebe de Deus. Assim, muitos crentes na igreja so submetidos a um viver mesquinho elimitado, sem o exerccio prtico da f, retendo o que no seu e deixando de ser agradecidose abenoados por Deus.

    Qualquer um destes extremos apresentados, quando ocorrem, sempre prejudicial igreja, pois o abuso na utilizao da autoridade eclesistica para convencer, amedrontar ouameaar fiis a contriburem chega a ser um grave pecado contra Deus e contra o irmo, quedeixa de ser servo e passa a ser vtima. De igual modo, a ausncia de ensino acerca das ofertase dzimos um incentivo omisso daquilo que considerado sagrado pela Bblia Sagrada.

    Este estudo no pretende necessariamente esgotar o assunto concernente mordomiacrist das contribuies, considerando-se que qualquer tema que envolve dinheiro e finanastende a tornar-se polmico, e o que o torna ainda mais complexo a juno deste f. Parano parecer uma defesa absoluta de dogmas denominacionais, foram inseridas opinies,

    1 Ato deobter para si ou para outrem, vantagem ilcita, em prejuzo alheio, induzindo ou mantendo algum emerro, mediante artifcio, ardil ou qualquer outro meio fraudulento (Cdigo Penal Art. 171).

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    pontos de vista e interpretaes de autores diversos, incluindo batistas, assembleianos, presbiterianos, catlicos etc., o que no tira a essncia do estudo, pois em muitos aspectos acontribuio crist encontra paradoxo e semelhana de propsito em muitas religies oudenominaes diferentes.

    plenamente possvel e necessrio que, atravs do estudo e aplicao da Palavra deDeus em nossas vidas, encontremos o ponto de equilbrio entre os dois extremos relacionados contribuio crist: sem exagero e tambm sem omisso, pois ambos podem constituir-se pecado. A atitude que temos em relao ao dinheiro determina, quase sempre, a qualidadede nossa espiritualidade; isto porque impossvel dissociar o dinheiro de certas virtudescrists, tais como: obedincia, liberalidade, abundncia e generosidade .2 Da a importnciade se trabalhar o temaofertas e dzimosabertamente na igreja, considerando tratar-se de umtema plenamente embasado pela Bblia Sagrada.

    Rio Branco Acre, 04 de outubro de 2011.

    Pr. Arquelau de Oliveira dos Santos

    E-mail: [email protected] Fone: 9973-1130 // 9202-9402

    2 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 7.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    I - A TICA E A LGICA DE OFERTAR

    Ofertar ou contribuir tica e logicamente correto, independentemente deconsiderarmos ou no a essncia teolgica da f crist. questo de lgica comparecer casado Senhor com algo para Ele e para a sua Obra, realizada atravs da igreja local.

    Quando combinamos um jantar ou almoo entre amigos, costumamos fazer aquelafamosa vaquinha, para no sair pesado a ningum, e todos tm oportunidade decompartilhar e participar da contribuio. Ou ento, quando vamos a um aniversrio oufestinha, tambm costumamos levar alguma coisa para o anfitrio da festa ou aniversariante, pois seria vergonhoso chegar ao localde mos abanando.Porque, ento, temos tantafacilidade em vir Casa do Senhor de mos vazias? Infelizmente, muitos ainda entendem queesto fazendo um grande favor em ir igreja aos domingos, j que solivres, e que

    poderiam muito bem ir a qualquer outro lugar que quisessem!

    Outro exemplo clssico de compartilhamento e recompensa na sociedade secular estna cultura dos mais antigos, que quando recebiam alguma coisa de um vizinho, costumavamno devolver a vasilha vazia, em uma atitude de agradecimento e considerao. Por exemplo:se algum recebia uma bacia com um pedao de carne, devolvia com um peixe, uma verdura,e assim por diante.

    A teologia do dinheiro, tema comprovado no Antigo e Novo Testamento, possuilargo espao nas narrativas bblicas que se preocupam em acentuar a origem,importncia, prtica e, sobretudo, o comportamento dos que se apresentam a Deusna perspectiva de um adorador que se recusa a adorar com mos vazias.3

    Na verdade, seria muita ingratido de nossa parte, depois de recebermos do Senhor aSalvao de graa e pela graa, recebermos tantas bnos dirias, gastar nosso tempo e nossodinheiro com tantas coisas inteis, ainda virmos Casa do Senhor de mos vazias! Muitosainda dizem:Senhor, me abenoe!. Mas, como ser abenoado, se oabenoado sequer devolve a dcima parte daquilo que recebeu de Deus o Dzimo? Gostamos decantar: Euvim buscar uma bno / Jesus tem bno pra dar , e, defato, Jesus tem muitas bnos para dar aos seus filhos, mas o mnimo que Ele espera desses seus filhos a adorao, agratido e o reconhecimento. A partir desse raciocnio, podemos muito bem estabelecer parans mesmos e para nossa famlia o seguinte princpio:No compareceremos diante de Deuscom as mos vazias, de acordo com o que Moiss recomendou aos israelitas:

    Trs vezes no ano todo o homem entre ti aparecer perante o SENHOR teu Deus, nolugar que escolher, na festa dos pes asmos, e na festa das semanas, e na festa dostabernculos; porm no aparecer vazio perante o SENHOR; Cada um, conformeao dom da sua mo, conforme a bno do SENHOR teu Deus, que lhe tiver dado (Dt 16.16,17).

    3 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 7.

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    Sobre o tema dinheiro e contribuio financeira na igreja, o Rev. Hernandes DiasLopes, da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitria, citando o apstolo Paulo quando escreviaaos irmos de Corinto, comenta o seguinte, em seu artigo intitulado Como usar sabiamente amordomia crist :

    O captulo 15 nos leva s alturas excelsas da revelao de Deus, falando-nos sobre aressurreio de Cristo, a segunda vinda de Cristo, a derrota final dos inimigos deDeus, a transformao dos remidos e a consumao de todas as coisas. No captulo16, porm, Paulo comea a falar sobre dinheiro. Ele desce do cu para a terra.Parece um anticlmax. que ns somos cidados de dois mundos. Ao mesmo tempoem que temos responsabilidade aqui no mundo, cremos que a nossa Ptria est nocu. A responsabilidade social da igreja no pode ser dissociada da sua teologia domundo porvir. Paulo fala neste captulo sobre trs aspectos da mordomia crist:dinheiro, oportunidades e pessoas.4

    O raciocnio da abordagem que Paulo faz das coisas espirituais e das materiais(dinheiro) em um mesmo contexto parece apresentar um equilbrio para os extremos acerca dacontribuio crist. Quando o apstolo Paulo escreveu sobre contribuio aos irmos deCorinto, deixou bem claro que somos cidados do cu e da terra, ao mesmo tempo. Assim,enquanto temos deveres para com Deus, tambm o temos para com a sociedade (Estado) e para com a Igreja de Cristo. Ou seja, o cristo um ser espiritual e social, simultaneamente.

    Quando recebemos o nosso salrio, compramos aquilo que precisamos e o que bemqueremos. Ns compramos e levamos para nossa casa tudo que nos agrada (ou quase tudo), eisso liberdade. Ter sade para trabalhar, ter um emprego, uma profisso, um ofcio ou

    aposentadoria, e toda semana ou todo ms receber o salrio e poder gastar como quiser: tudoisso so bnos, com as quais j estamos acostumados. So vrios os motivos lgicos eticos que podemos considerar para ofertar ou contribuir:

    Daquiloque deixamos de gastar com os vcios e com as pragas que rondavam nossacasa antes de nos convertermos a Cristo, podemos compartilhar com o Senhor e comos nossos irmos, na igreja local.

    Sem espiritualizar muito, o cristo muito mais saudvel: no fuma (previne cncer,tuberculose, impotncia sexual etc.); no gasta com o alcoolismo, com jogos e outrasmazelas socialmente aceitas.

    Deus o Dono do ouro e da prata, sendo tambm o dono das nossas vidas e,conseqentemente, de tudo aquilo que nos pertence.

    Deus no necessita pedir alguma coisa nossa, pois poderia simplesmente chegar e seapoderar do que quisesse. Contudo, Deus se deleita em ver a nossa voluntariedade egratido em ofert-lo.

    Como cristos, precisamos cultivar o esprito de solidariedade e compartilhamentocom o prximo, que um princpio universal para a vida civilizada e em sociedade.

    4 http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/como-usar-sabiamente-a-mordomia-crista/

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    Conforme relatos de Atos 4.32-35, os nossos irmos da igreja primitiva tinham tudoem comum, e repartiam o pouco que tinham entre si, mesmo sendo escravos de Roma e sendovtimas dos espetculos organizados pelos imperadores romanos nas arenas. A paixodaqueles cristos pelo Senhor Jesus Cristo e por sua obra era tamanha que todos os seus projetos eram influenciados por essa paixo crist. A alegria e entusiasmo de terem conhecidoo amor de Deus, atravs de Jesus Cristo, juntava-se ao sofrimento, torturas e massacresimpostos pelo sistema imperioso de Roma, e aqueles irmos ansiavam por estar com Cristo,no se apegando a coisas materiais. Aqueles irmos aguardavam ansiosamente oArrebatamento do Senhor Jesus Cristo, e viviam sonhando com a volta de seu Mestre,dizendo sempre em suas oraes e saudaes:Maranata! , que traduzido Ora vem,Senhor Jesus! .

    Realmente, seria esperar muito de nossa gerao de cristos que venham a ter a mesma

    ansiedade pela volta de Cristo que os nossos primeiros irmos tinham, na igreja primitiva.Hoje em dia, somos to abenoados com aliberdade religiosa de que desfrutamos, eestamos to embriagados com as pregaes e promessas de prosperidade para esta vida, que jamais iramos querer morrer sem receber as nossas promessas. Inclusive, estamos quaseconvencidos de que somos prncipes neste mundo, e que devemos comer sempre do bom edo melhor desta terra, sem preocupar-nos com o fato de queesse mundo jaz no maligno . Naverdade,no maligno, era comoo mundo estava na poca em que o apstolo Joo escreveusuas epstolas, quase 2.000 anos atrs, porm, bem patente que hoje este mundo est muito pior est apodrecido no maligno.

    No podemos jamais confundir o Reino de Deus, que devemos propagar e viver nestaterra, com o reino meramente terreno e carnal que domina este mundo corrompido, com oqual no devemos e nem podemos jamais nos conformar : E no vos conformeis com estemundo, mas transformai-vos pela renovao do vosso entendimento, para que experimenteisqual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus (Romanos 12.2). Em relao a estemundo corrompido e falido, ns cristos devemos repugn-lo e viver a nossa vida crist comose neste mundo no vivssemos, desejando ardentemente estar com o Nosso Senhor JesusCristo em glria.

    Este estudo objetiva resgatar o mesmo sentimento que havia na igreja primitiva, apesar de parecer utpico e quase impossvel mudar as ideologias crists contemporneas, profundamente contaminadas com a falsa teologia da prosperidade. Lamentavelmente, omodelo de cristianismo e religiosidade atuais muito se assemelha economia de mercado predominante no mundo capitalista ocidental, que visa sempre o lucro. No entanto, devemosdiscordar do atual sistema egocntrico e antropocntrico implantado peloIluminismo5 a partir do sculo XVIII, quando Deus foi tirado do centro de tudo, e foi substitudo pelohomem, que passou a preocupar-se to-somente consigo mesmo e com suas idias e

    5 Movimento histrico de idias, conhecido comoSculo das Luzes. Era contra o poder absolutista e a favor darazo, com proposta de novas formas de organizao social, poltica e econmica.

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    filosofias, em umnarcisismo6 e hedonismo7 doentios. Essas ideologias, puramente humanase carnais, extremamente prejudiciais f por serem antagnicas ao cristianismo, foram aindamais aprofundadas com o auge dohumanismo, j no sculo XIX, quando o homem passou aser o centro de todas as atenes.

    O avano tecnolgico, com suas maravilhas digitais, proporciona-nos uma sensao de bem-estar e de estabilidade. Com isso, acabamos tendo at dificuldades para clamar:Oravem, Senhor Jesus! . Muito menos, temos condies de compartilhar o que temos com osnossos irmos e com a Obra do Senhor Jesus, pois queremos possuir cada vez mais, atmesmo o que est alm das nossas posses. A prova de que no estamos to ansiosos peloArrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo est no fato de que, atualmente, muito poucotem pregado sobre o temaArrebatamentona Igreja, e existe at quem negue que tal evento(o Arrebatamento) venha de fato a acontecer para a Igreja do Senhor.

    Outro tema que tambm tem cado em desuso em nossos dias, e que era muito prezado pelos primeiros cristos, inclusive at h pouco tempo atrs, pelos irmos do sculo passado, qualquer assunto que envolva o temaSantidade ou Santificao. Notadamente, deixoude ser agradvel pregar, ensinar e aprender sobre o processo de santificao na vida crist. Naverdade, ningum mais est interessado em ouvir um pastor, professor ou pregador falar sobremudana de vida, bem como sobre o poder do Evangelho, que o poder de Deus para

    salvao de todo aquele que cr .

    Quase no se ensina mais que o processo de santificao do crente requisitoindispensvel para se chegar a Deus, conforme Hebreus 12.14: Segui a paz com todos e a

    santificao, sem a qual ningum ver o Senhor . At mesmo os profetas que tem aparecidoultimamente se dedicam quase que exclusivamente em profetizar bnos materiais, e atmesmo espirituais, mas nada de denunciar os pecados e transgresses do cristo moderno.Tais profetas querem um ttulo que foi muito predominantemente no Antigo Testamento, masno querem agir como aqueles verdadeiros profetas agiam: denunciar o pecado, a custo atmesmo da prpria vida.

    Como, ento, aplicarmos os princpios bblicos do Antigo e do Novo Testamento,

    acerca das ofertas e dzimos, aos nossos coraes? Permitindo que a santa Palavra de Deus,que nunca fica ultrapassada, seja aplicada integralmente em nossas mentes e coraes. incoerente escolhermos somente as bnos anunciadas por Moiss a Israel no Monte Gerisim(Dt 28.1-14), pois em frente a este mesmo monte estava tambm o Monte Ebal (Dt 27.11-26),de onde Moiss anunciou o que aconteceria aos israelitas se eles desobedecessem quelesmandamentos ali anunciados. Precisamos aplicar integralmente a Palavra de Deus a nossasvidas em nosso dia-a-dia, pois o conhecimento integral da Palavra que constitui a verdadecompleta de Deus.

    6 a preocupao demasiada consigo mesmo, considerando-se superior a todos.7 Teoria filosfico-moral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana.

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    O que tem acontecido em nossos dias, quando todos querem ser mestres e fazer suas prprias interpretaes da mensagem bblica, que aquilo que est no Antigo Testamento, eque nos incomoda, tem sido desclassificado para a Igreja do Novo Testamento. Entretanto, oque se percebe que muitas das promessas feitas para Israel no Antigo Testamento sotomadas literalmente e integralmente para a Igreja do Novo Testamento tambm, desde quesejam promessas de bnos. Na verdade, existe uma seleo de textos bblicos do AntigoTestamento, onde enfatizado somente o que agradvel, que tem sido muito bemaproveitada nas pregaes, como o caso das bnos anunciadas expressamente por Moissem Deuteronmio 28.13: E o Senhor te por por cabea e no por cauda; e s estars emcima e no debaixo, quando obedeceres aos mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje teordeno, para os guardar e fazer .

    A interpretao (e conseqente aplicao) errnea do texto acima chega a ser to

    levada a srio por alguns, que chegam a pensar que a atividade de auxiliar ou servir em umaigreja, ao lado de um lder (pastor-presidente), o mesmo que estar sendo cauda, e preferemfundar suas prprias igrejas, para ser cabea e no cauda.Lamentavelmente, nem mesmona Igrejaquerem deixar Jesus Cristo ser Cabea, muito menosem suas vidas particulares ouem seus ministrios. Na realidade, para a nao de Israel, ser cauda significava ser escravo deoutra nao, ser vassalo, deixar de ser nao independente e sendo uma provncia, comoaconteceu em vrias fases da histria de Israel. Isso, evidentemente, no tem nada a ver com aliderana ou o com servio cristo e eclesistico do Novo Testamento, onde todos somembros do corpo de Cristo e tem igual importncia para Ele, e somente Ele Cabea.

    Na igreja contempornea, poucos querem ser discpulos, todos querem ser mestres,cabea (jamais cauda), sempre embasados nas promessas de Deus para o seu povo (Israel). Noentanto, ensinamentos como o dzimo so questionados como sendo apenas para a AntigaAliana, e jamais para a Igreja do Novo Testamento. Na realidade, o dzimo no exclusivamente um mandamento, mas uma bno tambm para a Igreja do NovoTestamento, assim como o foi para o povo de Israel, no Antigo Testamento.

    Em nossos dias, j que no conseguimos ter tudo em comum entre os irmos, precisamos pelo menos compartilhar e comunicar uma parte daquilo que temos. Ter tudo em

    comum ou compartilhar do que temos com os irmos tambm no pode ser confundido com oato de dar ou emprestar tudo o que se possui. Infelizmente, existem nas igrejas muitosirmos parasitas, que se conformam em no trabalhar e ficam ociosos e desocupados, preferindo depender dos outros irmos e dos poucos recursos da igreja. Para esses casos,deve-se observar o que o apstolo Paulo escreveu acerca da necessidade de se trabalhar dia enoite, se for preciso, para no ser pesado ao irmo.

    Mandamos-vos, porm, irmos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vosaparteis de todo o irmo que anda desordenadamente, e no segundo a tradio quede ns recebeu. Porque vs mesmos sabeis como convm imitar-nos, pois que nonos houvemos desordenadamente entre vs, nem de graa comemos o po dehomem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para no sermos

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    pesados a nenhum de vs. No porque no tivssemos autoridade, mas para vos dar em ns mesmos exemplo, para nos imitardes. Porque, quando ainda estvamosconvosco, vos mandamos isto, que, se algum no quiser trabalhar, no comatambm (2Ts 3.6-10).

    Outro princpio esboado nas Escrituras, mais especificamente no Antigo Testamento, o cuidado para o perigo de servir como fiador do irmo, assunto tratado especialmente erepetidamente por Salomo no livro de Provrbios: O homem falto de entendimentocompromete-se, ficando por fiador na presena do seu amigo (Pv 17.18 ARA). Ser fiador o mesmo que ser avalista, to comum em nossos dias. Constantemente, existem irmos que precisam sacrificar a manuteno da famlia para poder sanar compromissosde outro irmo,de quem foi avalista: Quem ficar como fiador de qualquer um acabar chorando. Sermelhor no se comprometer (Pv 11.15 ARA). O cristo precisa ter discernimento espiritual para no ser um individualista, pensando somente em si prprio e na sua famlia, mas tambm

    precisa ser cuidadoso e prudente, pois no preciso ser demasiadamente simples e ingnuo,tornando-se uma presa fcil para irmos e certos obreiros aproveitadores.

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    II - OFERTAR: ATO DE SACRIFCIO, ADORAO E F

    Na Bblia Sagrada, o conceito de ofertar est intimamente ligado ideia de dar, deentregar, de oferecer sacrifcio.Ofertar dar algo que nos custe algum valor, algo que sejavalioso para ns. Ofertar dar algo que seja importante e interessante, tanto para ns(ofertantes) quanto para a pessoa ou instituio que estar recebendo a nossa contribuio.

    O termo oferta (heb. Corban ) cognato do verbo que significaaproximar-se.Portanto, o sacrifcio era uma ddiva que o israelita fiel trazia a Deus, a fim de poder aproximar-se dEle e desfrutar da sua comunho e bno. (...) Os adoradoresapresentavam ofertas com a finalidade de expressarem gratido e f, de renovarem a

    comunho, de aprofundarem a sua dedicao ao Senhor, ou de pedirem perdo. Asofertas eram realmente oraes em forma de atos.8

    Em Marcos 12.41-44, vemos o episdio daoferta da viva pobre no Templo, ondeJesus estava com seus discpulos. A viva que o Mestre focalizou na hora do culto deu apenasduas moedas como oferta, mas essa pequena oferta foi considerada por Jesus como maior do que a oferta dada pelos ricos ali presentes. Aquela viva pobre deu apenas 2 leptos,equivalentes atualmente a 15 centavos de dlar (aproximadamente 25 a 30 centavos de Real).Talvez na hora de usarem aquelas 2 moedinhas ofertadas pela viva na igreja pouca coisa sefizesse com elas. Porm, diante de Deus aquela foi uma grande oferta, e Jesus explica o

    porqu: todos os demais ofertantes deram do que sobrava ou sobejava, enquanto que a vivadeu tudo o que tinha (100%), sem que algum pedisse ou exigisse isso dela.

    A histria daviva pobre do Novo Testamento nos ensina pelo menos 03 princpios bsicos para o cristo ofertar ou contribuir:

    A. Amor

    A viva ofertou tudo o que tinha por amor a Deus e ao seu reino; A viva foi espontnea e voluntria ao ofertar, pois ningum lhe mandou ofertar tudo ; A viva ofertou livremente, honrando a Deus e reconhecendo seu senhorio.

    B. F

    A viva deu tudo, no ficando com nada, nem mesmo para o seu sustento, mesmo sendoumapobre viva ;

    A atitude da viva ao ofertar acionava um princpio poderoso de Deus para o seusuprimento: aF;

    8 Bblia de Estudo Pentecostal. Almeida Revista e Corrigida 1995. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 185 (nota).

    Ofertar DAR

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    C. Sacrifcio

    A viva no parece ter ofertado com a inteno de receber outro tanto em troca, comoalguns costumam ensinar e fazer em nossos dias;

    A viva estava disposta a passar por privaes, para que outros (a igreja) no passassemnecessidades.

    A condio da viva era a mais vulnervel daquela poca (Mc 12.40). Uma vivatinha menos condies de conseguir dinheiro do que os escravos; e a no ser que elativesse famlia ou amigos para proteg-la e ajud-la, provavelmente teria de viver como indigente e talvez at mesmo sem um teto sobre a sua cabea. A esta vivarestavam apenas duas moedas de meio quadrante (valor equivalente a pouco mais de15 centavos de dlar). Jesus atraiu a ateno dos discpulos para essa mulher, quetrouxe alegria a seu corao. O som da minscula oferta ao cair dentro dogazofilcio de metal deve ter sido ridculo em comparao com o tilintar das muitasmoedas dos ricos. No entanto, eles haviam separado uma pequena porcentagem desuas riquezas, enquanto ela tinha dado tudo o que possua a Deus.9

    O padro representado por aquela viva pobre o mesmo padro cristo que devemos buscar na Nova Aliana. Se as nossas contribuies no demonstram o nosso amor e a nossaf, e se elas no nos expem ao sacrifcio, isso significa que ainda no atingimos o padro deexcelncia ensinado por Jesus Cristo no seu Evangelho.Se o Senhor no tem o ofertante, Eletambm no se interessa pela oferta oferecida por este . Antes de ter a oferta, o Senhor quer ter o dono da oferta o ofertante.

    Dar o que lhe custasse foi tambm a mesma inteno e preocupao do rei Davi,quando precisou de um local para construir um altar ao Senhor, onde posteriormente seriaconstrudo o Templo de Jerusalm. O local escolhido foi a eira de Orn, o jebuseu, e mesmo

    quando este lhe ofereceu a rea sem custo algum, os bois para o sacrifcio e o trigo para aoferta de alimentos, Davi disse que no ofertaria ao Senhor algo sem custo,que no lhecustasse nada. Na verdade, o rei Davi no estava sendo orgulhoso, apenas compreendia queDeus merecia o seu melhor, e aquilo que lhe custasse o devido valor (1Cr 21.21-25). Davitambm no usou a sua posio de rei para usurpar a propriedade de um sdito do seu reino,como fariam certos lderes polticos e religiosos de nossa poca.

    O exemplo do rei Davi, quando comprou um lugar onde seria oferecido o sacrifcio aoSenhor, nos ensina mais 03 princpios importantes sobre o ato de ofertar:

    9 A Bblia da Mulher. Almeida Revista e Atualizada 2 ed. Barueri: SBB, 2009, p. 1588 (nota).

    Dar quando se tem muito fcil. Dar quando sobra mais fcil ainda. Mas, darquando se tem necessidade, isso exige f.E foi isso que aviva pobre fez.

    O valor de uma oferta no determinado pela quantia ofertada, mas pela intenocom que a oferta oferecida, e pela qualidade do prprio ofertante.

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    1. No devemos ofertar a Deus o que no significa ou no vale nada para ns.2. Devemos ofertar ao senhor algo de valor, que nos custe alguma coisa.3. A nossa oferta tem que valer a pena.

    2.1 O MOMENTO DA OFERTA: ADORAO E GRATIDO

    No Novo Testamento vemos Jesus censurando constantemente os escribas e osfariseus de sua poca, a quem taxava sempre de hipcritas. Considerando que o termohipocrisia, em seu sentido original, tem a ver com o ato de representar teatralmente diante deum pblico, o termo tambm remete para o uso de uma mscara. Ao chamar os escribas efariseus de hipcritas, Jesus estava classificando esses religiosos de sua poca comoverdadeirosatores, que utilizavam o Templo e a religio para servir de palco para suasrepresentaes (apresentaes).

    Em seus discursos, Jesus denunciou os escribas e os fariseus hipcritas por daremesmolas especialmente para serem vistos pelos homens, atraindo instantaneamente arecompensa destes pelos seus atos. Ao dar esmolas como um ato de representao teatral(hipocrisia), estes fariseus atraam a ateno e admirao dos fiis, e isso era exatamente arecompensa que eles queriam obter: ser vistos pelos homens.

    De acordo com relatos, na poca dos fariseus hipcritas censurados por Jesus, quandoeles iam dar esmolas ou ofertas eram precedidos por tocadores de trombetas, que anunciavamque um ofertante estava a postos. Apesar de haver uma possvel explicao de que tal barulhoobjetivava atrair os pobres que receberiam as esmolas, o que Jesus enfatizou foi que osfariseus queriammesmo era ser vistos pelos homens. Por esse motivo, afirmou Jesus, eles j recebiam ali mesmo a sua recompensa. Em seus ensinamentos, Jesus proibiu os seusdiscpulos de contriburem para os necessitados na mesma maneira ostentosa dos fariseus, eapresentou, de maneira expressa, a forma crist secreta de ofertar:

    Quando, pois, deres esmola, no faas tocar trombeta diante de ti, como fazem oshipcritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Emverdade vos digo que j receberam o seu galardo. Mas, quando tu deres esmola,no saiba a tua mo esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dadaocultamente, e teu Pai, que v em secreto, te recompensar publicamente (Mt 6.2-4).

    A respeito dessa afirmao de Jesus, registrada no Evangelho por Mateus, e da formacomo devemos ofertar ao Senhor (ou ao pobre, como sendo ao Senhor), o evangelista JohnStott, um dos maiores telogos e escritores cristos do mundo moderno (in memorian ),tambm considerado uma das mais expressivas vozes da igreja evanglica contempornea,comenta o seguinte:

    A mo direita normalmente a mo da atividade. Assim, Jesus presume que vamosus-la ao dar a nossa esmola. Ento, ele acrescenta que a nossa mo esquerda nodeve ficar olhando. No difcil captar o significado. No s no devemos contar a

    outras pessoas sobre a nossa contribuio crist mas, num certo sentido, nodevemos sequer contar a ns mesmos. No devemos ser autoconscientes da nossa

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    esmola, pois essa atitude rapidamente deteriora-se em justia prpria. To sutil ainjustia do corao que possvel tomarmos passos deliberados para manter nossaesmola em segredo, e simultaneamente ficarmos pensando nisso com um esprito deauto-gratificao. Seria difcil exagerar a perversidade disso, pois a esmola umaatividade real que envolve gente real com necessidades reais. Seu propsito aliviar o desespero dos necessitados. (...) Resumindo, nossas ddivas crists no devem ser feitas nem diante dos homens (na esperana de que comecem a bater palmas), nemdiante de ns mesmos (com a nossa mo esquerda aplaudindo a generosidade danossa mo direita), mas "diante de Deus", que v o ntimo de nosso corao e nosrecompensa.10

    Originariamente, e de acordo com o preceituado na Lei de Moiss, quando um judeufosse dizimar ou entregar a oferta das primcias, deveria orar e fazer um longo ritual deagradecimento, lembrando-se de quem havia sido no passado, de onde tinha vindo e comofora abenoado por Deus na terra de Cana. Em Deuteronmio 26.5-11, Moiss recapitula aLei para os israelitas e orienta como eles deveriam chegar diante de Deus quando fossemofertar. Um israelita, quando ia ofertar, no poderia to somente chegar perante o altar eentregar ou depositar ali a sua oferta, mas deveria aproveitar aquele momento importante paraadorar e agradecer ao Deus de Israel, pela terra, pela colheita e pela liberdade permanente deque desfrutavam em sua nao.

    O ato de ofertar como sendo um ato de adorao tambm pode ser visto na atitude dossbios do oriente, que visitaram Jesus logo aps o seu nascimento. difcil imaginar os reismagos oferecendo ao menino Jesus (O Rei dos Judeus) presentes que no lhe tivessemcustado caro. A distncia que aqueles homens ilustres percorreram para ver Jesus era muito

    grande cerca de 70 dias de viagem e eles tinham convico e segurana do que estavamfazendo. Por isso, saram de suas terras, no Oriente (possivelmente da Arbia, da Prsia ou daBabilnia), com um propsito definido, e estavam dispostos a chegar ao seu destino paraofertar suas ddivas ao Rei Jesus. E isso eles fizeram com o melhor, mais caro e mais precioso que tinham em suas terras e em sua poca.

    Os reis magos, a respeito de quem no se sabe muito, e nem quantos eram (a Bbliano informa), saram de suas terras quando a estrela sinalizou, l no Oriente, o nascimento deJesus. Quando eles chegaram ao destino (onde a estrela parou), em Belm, Maria e o pequenoRei j estavam em casa, e no mais na manjedoura, como a tradio catlica apresenta.Certamente, o menino Jesus estava entre o segundo e o terceiro ms de vida, e os magosvisitantes no se surpreenderam com a figura daquela pequena criana: Entraram na casa eencontraram o menino com Maria, a sua me. Ento se ajoelharam diante dele e o adoraram.

    Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra (Mt 2.11 NTLH). Nesse texto, vemos que os magos do Oriente, ao chegarem onde o menino Jesusestava, prostraram-se diante do pequeno Rei e O adoraram, ofertando-lhe suas preciosasofertas: ouro, incenso e mir ra .

    10 John R. W. Stott. A mensagem do Sermo do Monte: contracultura Crist . ABU Editora: So Paulo, 2001, pp.132, 134.

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    III - OFERTAR DAQUILO QUE TEM

    Ofertar daquilo que temos no , necessariamente, ofertar tudoaquilo que temos.Alguns pregadoresparecem interpretar e utilizar erroneamente (e propositalmente) ahistria daviva de Sarepta, estabelecendo como regra teolgica que o cristo deve dar sempreo seu tudo para o Senhor (na verdade, para eles).

    Protagonista de uma interessante histria do Antigo Testamento, essa mulher, que eraviva e tinha um filho, deu um salto de experincia de f para a sua poca, principalmente por ser uma Canania que fazia parte de um povo que adorava a Baal e no conhecia de perto oDeus de Israel. Quando Elias chegou a Sarepta (cidade costeira da antiga Fencia, entre Tiro eSidom atual Lbano), pediu a uma viva desconhecida, que estava catando lenha no campo,que trouxesse um pouco de gua para ele beber. Depois, Elias pediu para a viva que tambmtrouxesse um po, e ela respondeu que o restinho que ainda tinha de farinha e azeite dariaapenas para preparar a ltima refeio para ela e para o filho, e iriam morrer depois disso.Curiosamente, Elias disse para aquela mulher: faze primeiro para mim um bolo pequeno

    (1Re 17.13), ou um pozinho.Quando o profeta pediuprimeiro para ele no sendo egosta, mas pareceu estar

    provando a f da viva, mesmo prometendo a elaque a farinha da panela no se acabaria, eo azeite da botija tambm no faltaria at ao dia em que o SENHOR desse chuva sobre aterra . Aquela viva foi desafiada a dar o seu tudo, e a partir desse momento, na prtica, a suaoferta j no foi mais o seutudo, e sim o seuprimeiro, pois o pouco que ela tinha, pelaf gerada nela atravs da palavra do profeta de Deus, foi multiplicado: Da panela a farinhano se acabou, e da botija o azeite no faltou; conforme a palavra do SENHOR, que ele

    falara pelo ministrio de Elias (1Re 17.16).

    O princpio da dedicao doprimeiro (primcia) est explcito em toda a Escritura,seja na f de uma viva estrangeira do Antigo Testamento (1Re 17.8-24), na oferta de umaviva pobre do Novo Testamento (Mc 12.42,43), ou mesmo no dilogo de Jesus com um jovem rico, cumpridor da Lei e temente a Deus (Mt 19.16-22). As primcias devem estar sempre presentes, seja na oferta que dedicamos ao Senhor na igreja ou na dedicao do primeiro lugar de Deus em nossas vidas e no tempo que dispensamos para Ele. Esse primeiro no se aplica exclusivamente e to somente para o nosso dinheiro e bens materiais,mas se aplica principalmente para o primeiro lugar de Deus em nossa vida, e em tudo (Mt6.33). Para Deus, sempre devemos o primeiro lugar e o melhor de ns, e isso deve incluir tambm os nossos projetos financeiros e materiais.

    Falou mai s Moiss a toda a congregao dos filhos de I srael , di zendo: Esta a palavra que o SENH OR ordenou, di zendo: Tomai , do que vs tendes, uma oferta para o SENH OR; cada um, cuj o corao volun tar iamente di sposto, a trar por

    oferta alada ao SENH OR; ouro, e prata, e cobre (Ex 35.4,5).

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    Em seus ensinamentos, Jesus Cristo afirmou que o servo sempre deve servir primeiroao seu Senhor, e somente depois poder assentar-se mesa para comer. Na casa do nossoSenhor o servo nunca passar necessidade, e desta maneira nunca faltar para esse servo e para a sua famlia o necessrio:

    E qual de vs ter um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele docampo, diga: Chega-te, e assenta-te mesa? E no lhe diga antes: Prepara-me a ceia,e cinge-te, e serve-me at que tenha comido e bebido, e depois comers e beberstu? Porventura d graas ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio queno. Assim tambm vs, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somosservos inteis, porque fizemos somente o que devamos fazer (Lc 17.7-9).

    Com relao ao ato dedar daquilo ou aquilo que temos,Deus tem sua maneira particular de tratar e lidar com cada filho seu, como fez com Abrao, o pai da f, ao pedir-lhetudo o que tinha: o seu nico filho Isaque, ainda que o objetivo de Deus fosse para provar a f

    do seu servo. No entanto, pregador algum tem autorizao para falar s emoes do seu pblico, coincidentemente sobre odinheiro alheio que pertence ao servo alheio. Nemtampouco deve utilizar-se de histrias bblicas para ilustrao e estabelecimento de regras oude metas na contribuio individual dos crentes e simpatizantes do Evangelho.

    No h base bblica para conclamar e ameaar as pessoas a ofertaremtudo aquilo quetm, como costumam fazer alguns em suas prdicas e apelaes.

    No h base bblica para sugerir, pedir ou ameaar os irmos a ofertaremaquilo ou daquilo que no tm.

    No h base bblica para sugerir que se tome dinheiro emprestado para ofertar, ou quese oferte com cheque pr-datado ou Carto de Crdito (isso absurdo! ).

    Temos, na Bblia Sagrada, uma bela histria de uma mulher que pediu vasilhasemprestadas na vizinhana, porm o emprstimo no foi para ofertar, mas para receber a bno da multiplicao do azeite, operada atravs do profeta de Deus, Eliseu (2Rs 4.1-7). Noentanto, pedir emprestado pode no ser sempre aconselhvel e nem uma regra, pois duranteo ministrio desse mesmo profeta, foi-lhe necessrio realizar um milagre para fazer flutuar omachado que um crente havia tomado emprestado para tirar umas madeiras, e o ferro acaboucaindo na gua (2Rs 6.1-7). No fosse a presena do homem de Deus (Eliseu) ali para operar

    um milagre, o irmo israelita estaria em maus-lenis com o dono do machado. No d para imaginar o nosso Mestre Jesus, em seu ministrio terreno, utilizando-se

    de prticas como as que vemos em nossos dias, de sugar o pouco que as pessoas possuem, eat o que elas no tm. muito interessante notar que, quando Jesus falou ao jovem rico paraque vendesse tudo o que tinha para poder segui-lo, no pediu que a oferta da venda fosseentregue para Ele prprio ou para as despesas do seu ministrio, como a maioria dosmilagreiros fazem hoje. Pelo contrrio: Jesus falou para o rapaz vender tudo o que tinha e dar (ofertar) aos pobres: E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai,e vende tudo quanto tens, e d-o aos pobres, e ters um tesouro no cu; e vem e segue-me (Mc 10.21). Esse o melhor modelo de liderana que devemos seguir.

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    Por outro lado, quando um cristo resolver ofertar tudo aquilo que tem, isso deverdepender exclusivamente da sua f e do seu propsito particular com Deus. O nosso Senhor,na sua soberania, pode poderosamente falar ao corao de qualquer filho seu sobre assunto,mas interessante e necessrio que essefalarseja pela voz de Deus em nossos coraes, eno exclusivamente pelos apelos desesperadores e ameaadores de um pregador pido esem escrpulos. O servo (voc e eu) alheio, e tem um Dono ciumento (Jesus), e esse mesmoDono certa vez disse: As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheo-as, e elas me

    seguem (Jo 10.27).

    Apesar de ser comum em nossos dias, entretanto causa uma pssima impresso eestranheza vermos determinados pregadores utilizarem a maior parte do seu precioso tempode pregao para insistir que os crentes ofertem para o seu ministrio pessoal, quando talministro deveria apelar para quem o enviou o Senhor Jesus, Dono da obra, que no

    irresponsvel, e sempre cuida bem daqueles a quem Ele prprio envia. curioso no vermos a mesma insistncia em certos pregadores e profetastambm

    para o momento do apelo converso dos pecadores. Ser que o texto de Zacarias 4.6, No por fora, nem por violncia, mas pelo meu Esprito, diz o SENHOR dos Exrcitos (utilizadosempre para isso), no serve tambm para a liberdade crist nas contribuies voluntrias? Oque o profeta Zacarias falou serviria somente para o apelo converso, como algunsentendem, e no para o apelo contribuio? Poderamos insistir na hora da oferta e no nahora do convite aos pecadores? Por acaso, a oferta mais importante do que a converso esalvao de um pecador perdido? Ora, todos ns sabemos que uma alma vale mais do que omundo inteiro e, conseqentemente, mais do que qualquer oferta ou sacrifcio. Isso significaque, muitas vezes, vale a pena insistir ou esperar um pouco mais na hora do convite, enquantoque no momento da oferta nem sempre coerente e correto insistir tanto.

    O valor da nossa oferta estar sempre ligado e condicionado ao nosso valor comoofertante, que atribudo conforme a nossa obedincia Palavra de Deus, pois Deus atenta primeiramente para o ofertante, e somente depois Ele atenta para o que o ofertante est aofertar. Como, ento, devemos ofertar ao Senhor?

    Ofertar com discrio (ser discreto), sem exibicionismo Mateus 6.2,3. Ofertar espontaneamente e voluntariamente Lucas 6.38. Ofertar com generosidade 2Corntios 8.2. Ofertar como ao Senhor 2Corntios 8.5. Ofertar de acordo com o que temos 2Corntios 8.12,15. Ofertar glorificando e adorando a Deus 2Corntios 9.13. Ofertar sem pedir algo em troca: sem barganhar com o Senhor. Ofertar sistematicamente, com constncia e planejamento. Ofertar com ateno para as necessidades dos outros.

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    IV - O DZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO

    Na histria bblica, a primeira referncia ao dzimo ocorre no encontro do patriarcaAbrao com o rei Melquisedeque, cerca de 700 anos antes de a Lei ser promulgada por Moiss no deserto. Aps derrotar os reis que haviam capturado o seu sobrinho L, Abraodeu o dzimo de tudo a Melquisedeque, que uma figura de Jesus Cristo no AntigoTestamento.

    De modo curioso e maravilhoso, o rei Melquisedeque saiu ao encontro de Abrao com po e vinho, quando o patriarca retornava vitorioso da batalha contra os inimigos do rei deSodoma e seus aliados. A atitude servidora do rei de Salm (possivelmente o nome antigo deJerusalm) tocou Abrao de tal modo que ele deu o dzimo de tudo o que trazia aMelquisedeque, que apresentado pelo escritor sagrado apenas comorei de Salm e como

    sacerdote do Deus Altssimo.

    E Melquisedeque, rei de Salm, trouxe po e vinho; e era este sacerdote do DeusAltssimo. E abenoou-o, e disse: Bendito seja Abro pelo Deus Altssimo, oPossuidor dos cus e da terra; E bendito seja o Deus Altssimo, que entregou os teusinimigos nas tuas mos. E Abro deu-lhe o dzimo de tudo (Gnesis 14.18-20).

    No relato acima, vemos que a entrega do dzimo de Abrao, aps a sua vitria naguerra, foi motivada por sua gratido a Deus pelo sucesso na batalha e no resgate de seusobrinho L. Considerando que Melquisedeque era um rei, e que no precisava ser sustentado por Abrao, este deu o dzimo quele num sinal de reconhecimento da soberania e autoridadede Melquisedeque. Ou seja, o patriarca Abrao reverenciou o rei Melquisedeque, sacerdote doDeus Altssimo, como sendo ele um enviado de Deus, com autoridade espiritual para receber todos os seus dzimos e tambm abenoar o patriarca.

    A segunda referncia ao dzimo no Antigo Testamento est no episdio de Jac,negociando com Deus, quando fugia de seu irmo Esa. Na solido da viagem e inseguranado caminho, Jac fez um voto ao Senhor de que, se durante sua viagem de ida e volta para acasa do seu tio Labo tudo sasse bem, no retorno por aquele lugar ele daria o dzimo de tudoao Senhor. Nesse caso, o dzimo, ou a promessa de dizimar, foi motivado pela insegurana de

    Jac e pelo temor de que sua viagem de ida e volta poderia no dar certo. Na verdade, o patriarca Jac props um acordo (um voto)com Deus: se o Senhor me abenoar em tudo,no faltando o que comer e nem roupa, e eu retornar em paz para a casa de meu pai, ento ( e somente ento ) serei dizimista, e o Senhor ser o meu Deus , parafraseando o que estregistrado em Gnesis 28.20-22. Alm de passar a ser dizimista, no seu voto Jac prometiatambm que, a partir de ento, o Senhor seria o seu Deus.

    Vemos aqui que o conceito e cultura do dzimo no provm originariamente da Lei, pois a prtica do dzimo estava presente bem antes da promulgao da Lei por Moiss. Logo,esta prtica no caiu com a chegada da Lei, muito menos com ocumprimento da Lei por Jesus: a prtica do dzimo continua to obrigatria e importante para a Igreja quanto o foi

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    antes, pois ensinada em toda a Bblia: antes da Lei (Gn 14.20), durante a Lei (Lv 27.30), noslivros histricos (Ne 12.44), nos livros poticos (Pv 3.9,10), nos livros profticos (Ml 3.8-12),e tambm no Novo Testamento (Mt 23.23; Hb 7.7,8).

    Na Lei de Deus, entregue por Moiss no deserto, os israelitas tinham como obrigaoentregar a dcima parte das crias dos animais domsticos, dos produtos da terra e de outrasrendas, tudo como reconhecimento e gratido pelas bnos divinas recebidas (Lv 27.30-32;Dt 14.22-29). Deus considerava o seu povo Israel responsvel pelo manejo e administraodos recursos que Ele lhes dava na terra prometida, mas queria que estes mantivessem umvnculo de dependncia e reconhecimento a Ele.

    O dzimo de Israel era entregue e usado, primariamente, para o sustento dos levitas edos sacerdotes (Nm 18.21,28), para manter o Templo, para cobrir as despesas do culto e para

    ajudar nas refeies sagradas do Templo. No entanto, os dzimos eram utilizados tambm para socorrer os pobres, os rfos e as vivas.

    Diante do ensino bblico, temos de reconhecer que se existia pobreza em Israel era porque o povo desobedecera s leis de Deus. Se eles tivessem cuidado uns dosoutros devidamente, os mais abastados ajudando os menos favorecidos, no teriahavido pobres entre eles. Se tivesse obedecido a Deus, todos viveriam comabundncia (Dt. 15.4,5). (...) Atravs dos sculos, a voz de Deus se faz ouvir emdefesa constante dos interesses dos pobres. Se por um lado as Escrituras censuramos preguiosos, por outro lado tm palavras de compaixo para com aqueles que nodispem de meios para prover seu sustento e de sua famlia. (...) a compaixo paracom os pobres um dos aspectos mais importantes da misso messinica. Jesus se

    identificou claramente como o Ungido de Deus, quando leu o texto proftico queafirmava que o Messias de Deus viria para evangelizar os pobres (Lc 4.18; Is61.1,2). E quando Joo Batista lhe enviou mensageiros para se certificar se ele eramesmo o enviado de Deus, Jesus respondeu que dissessem a Joo que o evangelhoestava sendo pregado aos pobres (Mt 11.5).11

    Originalmente, no deveria haver pobreza em Israel, mas quando havia pobreza, estaera causada, entre outras situaes, pelos altos impostos, pelo desemprego, pela presena dedeficincia fsica numa famlia, pela morte do chefe da famlia, em conseqncia de alguma praga de seca e fome e pela agiotagem.

    Um exemplo de excesso de impostos ocorreu na ltima fase do reinado de Salomo,quando a manuteno da Coroa exigia muitos recursos, e isso era compartilhado com ossditos do reino, em forma de impostos sobre o povo. Isso abriu precedncia para queJeroboo, uma espcie de sindicalista da poca, se unisse ao povo e pedisse clemncia, assimque o filho de Salomo, Roboo, ascendeu ao trono. Porm, o rei Roboo entendeu amensagem, mas no atendeu.

    J a agiotagem, outra causa de pobreza e misria em Israel, era terminantemente proibida pela Lei de Moiss: Se voc emprestar dinheiro a algum pobre do meu povo, no

    11 Willian L. Coleman. Manual dos tempos e costumes bblicos . Belo Horizonte: Betnia, 1991, p. 164.

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    faa como o agiota, que cobra juros (Ex 22.25 NTLH). No entanto, no tempo que o povohebreu retornara do exlio babilnico, foi necessrio Neemias repreender os lderesautoridades que estavam escravizando irmos judeus como pagamento de emprstimoscontrados, utilizando-se de juros exorbitantes (agiotagem):

    E outros, ainda, disseram: Tivemos de pedir dinheiro emprestado para pagar aorei os impostos sobre os nossos campos e plantaes de uvas. Acontece que nssomos da mesma raa dos nossos patrcios judeus, e os nossos filhos so to bonscomo os deles. No entanto, ns temos de fazer com que os nossos filhos trabalhemcomo escravos. Algumas das nossas filhas j foram vendidas como escravas. No podemos fazer nada para evitar isso, pois os nossos campos e as nossas plantaesde uvas foram tomados de ns. Quando eu, Neemias, ouvi essas queixas, fiqueizangado e resolvi fazer alguma coisa. Repreendi as autoridades do povo e os oficiaise disse: Vocs esto explorando os seus irmos! Depois de pensar nisso, eu reunitodo o povo a fim de tratar desse problema e disse: De acordo com as nossas posses, ns temos comprado dos estrangeiros os nossos patrcios judeus que tiveram

    de se vender a eles como escravos. E agora vocs, que so judeus, esto forando osseus prprios patrcios a se venderem a vocs! As autoridades ficaram caladas e noacharam nada para responder. Ento eu disse: O que vocs esto fazendo errado! Vocs deviam temer a Deus e fazer o que direito, em vez de dar aos nossosinimigos, os no-judeus, razo para caoar de ns. Eu, e os meus companheiros, e oshomens que trabalham para mim temos emprestado dinheiro e trigo ao povo. Eagora vamos perdoar essa dvida. Portanto, vocs tambm, perdoem todas as dvidasdeles dinheiro, vinho ou azeite. E devolvam agora mesmo os seus campos, assuas plantaes de uvas e de oliveiras e as suas casas! (Ne 5.4-11 NTLH)

    Alm dos dzimos e da oferta das primcias, os israelitas tambm eram instrudos atrazer numerosas oferendas ao Senhor, principalmente na forma de sacrifcios, em ocasies e

    necessidades diversas. O Pentateuco, mais especificamente o livro de Levtico, descrevevrias oferendas rituais, dentre elas:

    A oferta de expiao (remisso) por pecados cometidos Levtico 6.1-7; A oferta de manjares ou de alimentos (gratido) Levtico 6.14-18; A oferta pacfica ou de comunho (ao de graas) Levtico 7.11-17; A oferta de expiao pela culpa (pecado involuntrio) Levtico 4.1-6; 5.14-19.

    Alm destas ofertas prescritas, os israelitas ainda podiam apresentar outras ofertas eoferendas voluntrias ao Senhor. Algumas delas eram repetidas em tempos determinados,enquanto que outras eram oferecidas ocasionalmente, conforme cada caso ou condiofinanceira da famlia ofertante (Dt 12.5-7,17).

    Quando Deus ordenou a construo (montagem) do Tabernculo no deserto, a pedidode Moiss o povo trouxe liberalmente suas ofertas para a fabricao da tenda e confeco deseus mveis (Ex 35.20-29). Naquela ocasio, os irmos israelitas ficaram to entusiasmados eenvolvidos com aquele empreendimento no deserto, que ofertaram do que tinham: fivelas, pendentes (brincos), anis, braceletes e todo tipo de objeto de ouro. O efeito foi to eficienteque foi necessrio, logo em seguida, Moiss enviar mensageiros ordenando ao povo quecessassem de trazer as ofertas, pois o que haviam ofertado j ultrapassava o necessrio para as

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    despesas do projeto de construo (Ex 36.3-7). Apesar da reao positiva do povo, e dosucesso daquele levantamento de ofertas no deserto, no vemos o pastor Moiss fazer daquelamodalidade de oferta uma rotina ou regra mensal. Sequer vemo-lo levantando outra ofertacomo aquela, durante os seus quarenta anos de liderana sobre os cerca de 3 milhes deisraelitas no deserto.

    Durante o reinado do rei Jos, em Jud, por sua ordem o sumo sacerdote Joiada fez umcofre para que os israelitas lanassem ofertas voluntrias para custear os consertos e reformasdo Templo, que estava em runas: e todos contriburam com generosidade (2Rs 12.9,10).Situao semelhante aconteceu nos tempos do rei Ezequias, quando o povo tambmcontribuiu generosamente para as obras da reconstruo do Templo em Jerusalm (2Cr 31.5-19), trazendo suas ofertas voluntrias.

    Por outro lado, tambm, houve ocasies na histria de Israel no Antigo Testamento emque o povo de Deus reteve egoisticamente o dinheiro e a produo do campo, no repassandoos dzimos e as ofertas regulares ao Senhor no Templo. Isso aconteceu porque, aps o retornodo cativeiro babilnico, durante a reconstruo do Templo, os judeus pareciam maisinteressados na construo de suas propriedades, pelos lucros imediatos que lhes trariam, doque nos reparos da Casa de Deus, que se achava em runas. Os repatriados estavam priorizando suas fazendas e propriedades, e por causa disso o Senhor enviou o profeta Ageu,alertando que muitos deles estavam sofrendo reveses financeiros e no estavam prosperandoem seus negcios por serem avarentos, no contribuindo, e por contriburem commau-gostopara a Casa de Deus.

    Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermdio do profeta Ageu, dizendo:Porventura para vs tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto estacasa fica deserta? Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exrcitos: Considerai osvossos caminhos. Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porm no vos fartais; bebeis, porm no vos saciais; vestis-vos, porm ningum se aquece; e o que recebesalrio, recebe-o num saco furado. Assim diz o SENHOR dos Exrcitos: Consideraios vossos caminhos (Ag 1.3-7).

    Situao semelhante estava acontecendo nos tempos do profeta Malaquias, quando o povo selecionava para ofertar ao Senhor aquilo que era defeituoso ou imundo, contribuindo

    como que por obrigao, de qualquer jeito (Ml 1.6-9). O relato e protesto de Malaquias nosmostram que quando os israelitas iam entregar o dzimo, escolhiam o pior que havia no seucampo para ofertar. E, no mais avanado estgio de infidelidade, os judeus recusavam-se atrazer ao Senhor o dzimo da colheita e das suas criaes. Por esse motivo, Deus castigou oseu povo e repreendeu-os duramente, atravs do profeta Malaquias (Ml 3.8-12).

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    V - O DZIMO NO NOVO TESTAMENTO

    O ensinamento acerca do dzimo inaceitvel para aqueles que ainda no tiveram umaexperincia pessoal com Cristo. Isso, porque muitos cristos ainda no foram marcados pelaconscincia da causa de Deus, nem pela prioridade da expanso do Seu Reino. No NovoTestamento a palavra DZIMO aparece 9 vezes, e ligadas a duas situaes:12 trs vezes nosevangelhos e as outras vezes no livro de Hebreus.

    Em Mateus 23.23 e Lucas 11.42, o assunto do dzimo est presente na censura queJesus fez aos fariseus hipcritas (falsos), que eram dizimistas at das mnimas coisas, masesqueciam e ignoravamo mais importante da lei, o juzo, a misericrdia e a f . Ao censur-los, Jesus no condenou e nem revogou a prtica e o ensino acerca do dzimo, masconfrontou-os por considerarem-se superiores, mais justos e mais santos do que os outros, to

    somente porque davam o dzimo de tudo, inclusive de condimentos, como a hortel, o endro eo cominho. Embora se exigisse o dzimo dos gros, dos frutos, do vinho e do azeite, osescribas haviam aumentado a lista dos itens dos quais se exigia o dzimo a fim de incluir atas ervas mais insignificantes .13

    As regras a respeito dos dzimos, anunciadas por Moiss em Levtico 27, em Nmeros18 e em Deuteronmio 12,mais tarde foram transformadas pelos mestres em um fardo

    pesado que separava a obrigao religiosa da lei moral, tendncia condenada por Jesus .14 Apesar dessa falsa fidelidade e santidade, sendo dizimistas fiis at das mnimas coisas, osfariseus e escribas do Novo Testamento, censurados por Jesus em suas pregaes,desobedeciam parte mais importante da Lei:o juzo, a miseri crdia e a f .

    Em Lucas 18.12, vemos um cenrio muito parecido, quando Jesus contou a parbolado fariseu e do publicano orando perante o altar no Templo. Nesse episdio, o fariseu orava ese auto-justificava diante de Deus por dar o dzimo de tudo, enquanto que o publicanoclamava e suplicava por misericrdia, no ousando sequer erguer a cabea para o cu. Nessa parbola tambm no vemos Jesus condenando o fariseu por ser dizimista, nem muito menosreprovando sua atitude de dizimar, mas vemo-lo reprovando-o por alegar ser dizimista e aindase vangloriar por isso. O Mestre censura-o por justificar-se a si mesmo diante de Deus, e por

    desprezar o publicano que estava ao seu lado, prostrado perante o altar. Por este motivo, Jesusdisse que aquele fariseu, que se exaltou,no saiu justificado do templo, enquanto que o publicano, que se humilhou diante de Deus e reconheceu sua condio de pecador,saiu justificado do templo.

    As outras menes ao dzimo no Novo Testamento esto em Hebreus 7, onde oescritor sagrado fala sobre o sacerdcio de Melquisedeque, comparando-o com o sacerdcio

    12 http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/as-razoes-dos-nao-dizimistas/13 A Bblia Anotada Expandida. So Paulo: Mundo Cristo; Barueri: SBB, 2007, p. 943 (nota).14 Derek Williams, ed. Dicionrio Bblico Vida Nova . So Paulo: Edies Vida Nova, 2001, p. 95.

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    eterno de Jesus Cristo. A apresentao do sacerdote Melquisedeque como prefigurao deCristo no Antigo Testamento envolve o tema relacionado ao dzimo, j que no episdio doencontro com o rei de Salm Abrao deu-lhe o dzimo de tudo. O texto de Hebreus fala dograu de importncia de Melquisedeque, j que Abrao, o patriarca de quem descenderiam oslevitas que receberiam o dzimo posteriormente, reconheceu-o como superior a ele mesmo,dando-lhe o dzimo de tudo e recebendo dele a bno sacerdotal.

    Jesus falou mais sobre dinheiro do que sobre qualquer outra coisa. E isso representamais ou menos um quarto de suas pregaes. Em todo o Novo Testamento, Ele falousobre dinheiro noventa vezes. Dos 109 versculos do Sermo do Monte, 22 referem-se a dinheiro. E das 49 parbolas que contou, 24 mencionam o dinheiro. Jesusdeclarou que no veio anular a Lei e os Profetas, mas cumpri-los. E o dzimo ensinado tanto na Lei como nos Profetas. Certamente, o Senhor Jesus era dizimista, pois foi educado em um lar judeu de pessoas piedosas, e todo judeu piedoso eradizimista. Se Jesus foi acusado de violar a Lei por curar nos sbado, ento, se ele

    no praticasse o dzimo, certamente teria sido acusado tambm pelos fariseus.15

    Podemos admitir que, assim como no Antigo Testamento (antes e durante a Lei) o

    dzimo sempre foi uma prtica de f, gratido, adorao e sacrifcio. Do mesmo modo como ofoi na Antiga Aliana, o dzimo tambm vlido para os fiis da Nova Aliana, que estoagora sob a dispensao da graa de Deus atravs de seu Filho Jesus Cristo, Sacerdote Eternosegundo a ordem de Melquisedeque.

    a) O dzimo no inveno da igreja, princpio perptuo estabelecido por Deus, antes edurante a Lei de Moiss;

    b) Dar o dzimo no dar dinheiro igreja, ato de adorao e gratido ao Senhor. entregar ao Senhor o que por direito lhe pertence;c) O dzimo no opcional, mandamento;d) O dzimo no oferta, dvida. uma partilha justa;e) O dzimo no asobra, aprimcia;f) O dzimo no pode ser confundido com a oferta:a oferta ns damos, enquanto que o

    dzimo ns entregamos;g) Negligenciar a devoluo dos dzimos infidelidade contra Deus, negar seu senhorio

    sobre ns e sobre o que temos;h) Reter ou sonegar o dzimo roubar a Deus e colocar-se sob maldio;i) Entregar o dzimo com obedincia a receita para repreender o devorador e garantir as

    janelas dos cus abertas, de onde emanam todas as bnos materiais e espirituais.

    15 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 90.

    M AS... O QUE O DZI M O?

    A palavra hebraica para dzimo (maaser ) significa literalmente a dcima par te . Odzimo a dcima parte do produto da terra e do gado, que era dado ao Senhor.

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    O dzimo a dcima - parte de alguma coisa. Por exemplo, se falamos no dzimo dotempo, estamos nos referindo dcima parte do tempo disponvel. (...) Ser que dedicamoseste tempo para Deus todos os dias? .16 O conceito de Dzimo simples: adcima parte 10%. E, dar ou entregar o dzimo consiste em devolver ao Senhor a dcima parte de tudoaquilo que Ele nos d. Mas, por que Deus quer que ofertemos 10% de tudo que ganhamos?

    A. Porque Ele misericordioso e bom

    De quem todo o ouro, toda a prata e todo dinheiro?Do Senhor. De quem o mundo e tudo o que nele h?Do Senhor. Ns trabalhamos, plantamos, colhemos, recebemos, vivemos e respiramos no mundo

    que do Senhor, que foi feito e sustentado por Ele. Mas, Ele pede apenas 10%daquilo que recebemos como fruto do nosso trabalho.

    B. Por que Ele quer produzir em ns a f e a obedincia

    Deus no precisa de dinheiro, mas quer que sejamos fiis e obedientes a Ele,desprendidos do dinheiro e atentos s necessidades dos outros. Quer que sejamossociais e espirituais, ao mesmo tempo;

    Deus quer que tenhamos f que Ele cuida de ns, e que creiamos que dependemostotalmente dele para nosso sustento e sobrevivncia;

    Deus quer que nos conscientizemos de que o nosso sustento vem dele, e noexclusivamente do nosso trabalho ou salrio.

    Para quem devemos entregar os dzimos?

    Entendemos que no cabe a ns mesmos escolher onde devemos entregar nossosdzimos e ofertas, a no ser no local onde congregamos. Tambm no podemos simplesmenteescolher o que fazer com o que separamos como dzimo, pois a administrao dos dzimos atribuio da igreja local, atravs de seus dirigentes e administradores.

    O texto de Malaquias 3.10 dizcasa do tesouro e minha casa : Trazei todos os

    dzimos casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, diz o Senhor dos Exrcitos . Nesse texto, fica bem claro que o local onde devemos entregar os nossos dzimos a casa de Deus.Qual a Casa de Deus? A Igreja A Casa do Tesouro, onde JesusCristo o nosso Tesouro. Na verdade, ningum est autorizado a receber ou entregar o dzimoa pessoas ou outras instituies que no seja a prpria igreja, e de praxe que a entrega dosnossos dzimos seja feita sempre na igreja local ou congregao onde nos congregamos.Doutra forma, no estaramos sendo justos com as necessidades da nossa igreja local.

    16 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 14.

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    Os judeus do Antigo Testamento e do tempo de Jesus depositavam suas ofertas nogazofilcio, que era um lugar no Templo onde se guardavam os vasos e se recolhiam asoferendas. Quando havia necessidade de se recolher uma oferta alada, sempre era designadoum local prprio para isso, ou uma pessoa ou comisso exclusiva para administrar tais ofertas(2Cr 24.1-14). Em nossos dias, muitas so as formas de entregarmos as nossas ofertas. Amaneira mais comum, utilizada na maioria das igrejas evanglicas, a coleta atravs dasalva (sacolinha), que passada pelos diconos de banco em banco na congregao.

    Acontecia antigamente, e ainda acontece hoje em lugares mais afastados e de difcilacesso, que os dzimos eram entregues diretamente para o pastor da igreja ou dirigente, oumesmo em sua casa, devido ao costume e cultura da poca e do lugar, bem como pela extremaconfiana e pureza que havia em ambos os lados. Da mesma forma, as ofertas dos cultos (queeram muito poucas) eram entregues para o pastor ao final de cada culto, e raramente havia

    problemas ou desconfianas.

    Era tambm nessa mesma poca que pastores, dirigentes e missionrios passavamtremendas provaes com suas famlias, pois, apesar da confiana e considerao de quedesfrutavam por parte da igreja, os poucos irmos eram fis mas eram muito pobres tambm,e era quase impossvel a uma igreja afixar um salrio digno para os seus pastores.Geralmente, o salrio que eles recebiam estava limitado somente ao que entrava comocontribuio durante o ms, que era dividido entre esses dirigentes e as demais despesas demanuteno da congregao. E, nem sempre a renda era suficiente para esses compromissos.

    Hoje em dia, a entrega dos dzimos feita, mais comumente, diretamente na tesourariada igreja, o que transparece mais credibilidade para os fiis. Essa modalidade parece ser bemlgica e de acordo com a nossa realidade, cultura e poca, e em uma igreja mais estruturada o pastor ou dirigente raramente administra isoladamente as receitas da sua igreja, mas o faz comuma equipe administrativa. Qualquer que seja a forma de ofertar ou dizimar, sempre sercoerente que as nossas ofertas e os nossos dzimos sejam entregues sempre na igreja localonde nos congregamos, o que mais do que justo. Se seguirmos risca o que determina aBblia Sagrada, no devemos entregar os dzimos na casa do pastor e nem na casa dotesoureiro ou tesoureira, muito menos na rua, quando porventura o encontrarmos, mas

    somente na Casa do Tesouro a Igreja.

    comum vermos, em nossos dias, apelos e promoes de obreiros itinerantes, que noso ligados a nenhuma igreja e nem se submetem a liderana espiritual alguma, e aindaquerem as ofertas e o dinheiro dos crentes. Algumas dessas celebridades se consideram toimportantes que acham que no precisam se congregar e nem aprender com ningum,somente pregar e brilharde igreja em igreja, ou de palco em palco. Apesar disso, vemo-losconstantemente reivindicando para si o direito e o privilgio que somente para o templo e para os seus levitas.

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    Os levitas do Antigo Testamentoestavam a servio doTemplo e do povo. Os levitaseram o que conhecemos hojecomo obreiros de tempo integral na Obra de Deus, o que no pode ser jamais confundido com certoslevitasindependentes e descompromissados comDeus e com sua Igreja que existem por a. Lamentavelmente, existem ainda muitos lderes queabrem as portas de suas igrejas e cedem os seus plpitos para determinados hereges eadivinhes, que vendem revelaes para pessoas humildes que crem e recebem tudo que parece provir de Deus.

    Para que servem os dzimos?

    Assim como nos tempos do Antigo Testamento, os dzimos so para o sustento doslevitas/obreiros (pessoas que se dedicam exclusivamente obra de Deus), para a manutenodos templos e para a obra social contempornea na igreja. Isso o que depreendemos do

    modelo utilizado na igreja primitiva para os dzimos e ofertas.O texto para que hajamantimento na minha casa parece ser bastante amplo, o que inclui a manuteno da prpriaigreja e de seus dirigentes, a assistncia social e espiritual aos necessitados, rfos, vivas etc.Em sntese: na Nova aliana, o principal papel da Igreja proclamar o Reino de Deus snaes, o que inclui tambm aes sociais na comunidade onde a igreja local est inserida eaes missionrias em outros povos e naes (misses transculturais). E essesempreendimentos no podem ser feitos sem recursos financeiros dinheiro.

    Argumentos usados na sonegao do dzimo

    Um argumento muito utilizado por quem no quer dizimar o de que no sobra os10% do dzimo. Nesse caso, h um grande equvoco, pois no devemos dar a sobra para oSenhor, masa primcia. Outro argumento o de a pessoa estar sempre em dificuldadefinanceira. Curiosamente, essa dificuldade poder j estar sendo uma conseqncia dainfidelidade nas ofertas e dzimos, e se continuarmos retendo o que de Deus, bem provvelque continuaremos tendo as mesmas dificuldades. Evidentemente, isso no quer dizer quetoda dificuldade financeira seja proveniente da reteno do dzimo, ou que o dzimo seja umafrmula mgica para reverter qualquer crise financeira enfrentada pelo cristo. Na verdade,existe um princpio def e obedincia envolvido no dzimo, ao qual, se seguirmos, seremos

    abenoados e protegidos por Deus, e o nosso pouco tambm ser multiplicado.A atitude de contribuir expressa um corao comovido por Deus. O dzimo no deveser entregue com mesquinhez de corao, mas com abundncia. No se podeesquecer que o dzimo, segundo o Novo Testamento, uma quantia de refernciamnima para estabelecer o piso de nossas contribuies, entendida no comocobrana, mas como graa de Deus.17

    Em relao ao dzimo, pode-se at querer inventar outro percentual qualquer paracontribuir, o que at seria aceito se nunca tivssemos tido acesso a esse assunto na BbliaSagrada. Mas todos ns sabemos qual foi o percentual que o prprio Deus estabeleceu para o

    17 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 16.

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    seu povo:10% o dzimo! Isso nos parece satisfatrio e bvio, e se queremos as bnos prometidas a Israel, devemos tambm querer as receitas para receb-las, e a fidelidade aoSenhor a principal receita. E, se nos consideramos o novo Israel de Deus,devemos nos portar com fidelidade, como o Senhor desejou que Israel se portasse.

    No Antigo Testamento o dzimo era calculado em uma dcima parte do que se recolhiano campo (da colheita) e da produo do gado e outras criaes. Dar menos do que istoequivalia desobedincia contra Deus. Alis, dar menos do que isso era o mesmo que roubar a Deus (Ml 3.8-10). Semelhantemente, o Novo Testamento requer que as nossas contribuies

    sejam proporcionais quilo que Deus nos tem dado (1Co 16.2).Quando no entregamos o dzimo, ns mesmos atramos e trazemos a maldio parans e para a nossa famlia, isso porque estamos retendo o que no nosso. s vezes, o quedeixamos de dizimar acaba sendo gasto com a farmcia e outros prejuzos no previstos emnosso oramento, o que pode muito bem ser entendido como um tipo de devorador. Isso nosignifica dizer que o dizimista no adoea ou que no tenha prejuzos, mas alguns males quenos sobrevm eventualmente, ou constantemente, podem ser conseqncia de nossainfidelidade a Deus. E, ao que parece, odevorador somente pode ser repreendido atravs dafidelidade nos dzimos e ofertas para o Senhor.

    Contribuio graa, pois entregar os dzimos e as ofertas para a obra de Deus umfavor divino a ns e no o contrrio, pelo fato de nenhum homem e, por conseguinte,o seu dinheiro ser por si mesmo santo. Alm disso, Deus primeiramente aceita ohomem para depois aceitar o que ele possui. Afora isso, a Bblia deixa bem claroque o homem no tem nada para dar a Deus, ficando compreendido que o fato de ohomem ofertar ou dizimar a Deus , primeiramente, um ato do prprio Deus se permitindo adorar pelo homem. E, segundo as Escrituras,os tesouros deste mundoso metafsica e motivacionalmentetesouros da injustia , e as motivaes que nagrande maioria das vezes determinam nossa relao com o dinheiro no sototalmente santas.18

    18 Paulo Csar Lima. Dizimista, Eu?! CPAD: Rio de Janeiro, 1998, p. 15.

    Que o dzimo seja o mnimo daquilo que venhamos a ofertar ao nosso Senhor!

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    VI - A OFERTA DAS PRIMCIAS

    A oferta das primcias foi uma das ofertas estabelecidas por Deus para o seu povoIsrael, no Antigo Pacto. No entanto, esta oferta j pode ser vista bem antes disso, no sacrifciooferecido ao Senhor por Abel, no incio da histria da humanidade, pois este apresentou noaltar uma oferta dos primognitos das suas ovelhas e da sua gordura (Gn 4.4).

    Apesar de no haver referncia oferta das primcias como mandamento no NovoTestamento, os irmos da igreja primitiva pareciam cultiv-la. Alis, muitos daqueles cristosiam bem mais alm, poisvendiam tudo o que tinham e depositavam aos ps dos apstolos .Entretanto,vender tudo o que tinha e entregar na igreja tambm no era um mandamento ouexigncia dos apstolos de Jesus, mas era um sentimento e um ato de f gerado no coraodaqueles fieis, e praticado exclusivamente pelos irmos da poca apostlica, e evidentemente

    essa prtica era muito bem aprovada por Deus, pois os milagres aconteciam com naturalidadena Igreja. O princpio bblico para a oferta das primcias :

    A oferta das PRIMCIAS era uma ddiva ofertada da primeira e melhor parte dacolheita dos israelitas, o que deixava bem claro para o ofertante que todo o seu sustento e a proviso de Israel provinham de Deus. A oferta das primcias pode mesmo ter-se originadoexatamente na primeira famlia humana, pois certamente Ado j cultivava o hbito deseparar as primcias de sua produo e de suas criaes para ofertar ao Senhor em sacrifcio, e passara isso para os seus filhos. Pelo menos, o que depreendemos do texto bblico deGnesis 4, que nos apresenta a formao da primeira famlia, o sacrifcio oferecido por Caime Abel, e tambm o primeiro homicdio:

    Ado teve relaes com Eva, a sua mulher, e ela ficou grvida. Eva deu luz umfilho e disse: Com a ajuda de Deus, o SENHOR, tive um filho homem. E ela psnele o nome de Caim. Depois teve outro filho, chamado Abel, irmo de Caim. Abel

    era pastor de ovelhas, e Caim era agricultor. O tempo passou. Um dia Caim pegoualguns produtos da terra e os ofereceu a Deus, o SENHOR. Abel, por sua vez, pegouo primeiro carneirinho nascido no seu rebanho, matou-o e ofereceu as melhores partes ao SENHOR. O SENHOR ficou contente com Abel e com a sua oferta, masrejeitou Caim e a sua oferta. Caim ficou furioso e fechou a cara. Ento o SENHOR disse: Por que voc est com raiva? Por que anda carrancudo? Se tivesse feito oque certo, voc estaria sorrindo; mas voc agiu mal, e por isso o pecado est na porta, sua espera. Ele quer domin-lo, mas voc precisa venc-lo (Gn 4.1-7 NTLH).

    Nesse texto percebemos que as duas ofertas foram oferecidas para Deus, mas vemosque a ateno de Deus foi somente para a oferta de Abel, enquanto que a oferta de Caim foi

    rejeitada. Parece existir uma explicao para isso: aateno de Deus para a oferta de Abeltem a ver comprincpio, com a origem da oferta e com o comprometimento do ofertante, condio

    H onra ao SENH OR com os teus bens e com as primcias de toda a tua r enda; e se enchero fartamente os teus celeiros, e transbordaro de vinho os teus lagares.

    (Pv 3.9-10)

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    considerada prioridade para Deus. Parece que Abel incorporara muito bem o sentimento deadorao atravs da sua oferta, enquanto que Caim, no.

    Caim trouxe uma oferta que, no hebraico (mincau ), significaoferta voluntria. Caim parece ter ofertado como que por obrigao, sem envolver-se na oferta. Na

    verdade, ele estava mais atento aceitao ou no da oferta de seu irmo Abel, quandodeveria concentrar-se na sua prpria oferta;

    Abel trouxe uma oferta que, no hebraico (becorau ), significaprimcia; Abel ofertou-se a Deus, juntamente com a oferta. Foi uma oferta envolvida pelo prprio ofertante, que pareceu nem perceber a rejeio da oferta de seu irmo Caim.

    Muito tempo depois desse episdio, e tambm depois da promulgao da Lei, deacordo com registros de Neemias, aps o exlio babilnico de Israel, as PRIMCIAS ainda

    deveriam ser trazidas para a CASA DO SENHOR.Tambm sobre ns pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a tera parte de umsiclo, para o ministrio da casa do nosso Deus; Que tambm traramos as primciasda nossa terra, e as primcias de todos os frutos de todas as rvores, de ano em ano, casa do SENHOR (Ne 10.32,35).

    J no livro de Nmeros, na elaborao da Lei de Moiss, vemos a homologaoquanto ao uso devido das ofertas das primcias e dos dzimos pelos sacerdotes. Na Lei,Moiss deixou bem claro que as ofertas oferecidas pelos israelitas no Templo seriamaplicadas na manuteno da Casa do Senhor, que inclua o sustento dos sacerdotes e levitas, ede suas casas.

    Todo o melhor do azeite, e todo o melhor do mosto e do gro, as suas primcias quederem ao Senhor, as tenho dado a ti. Os primeiros frutos de tudo que houver naterra, que trouxerem ao Senhor, sero teus; todo o que estiver limpo na tua casa oscomer (Nm 18.12-13).

    No Novo Testamento, devemos considerar a oferta das primcias como um smbolo do primeiro lugar de Deus em nossa vida, e como uma homenagem do servo para o seu Senhor: Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; aquem temor, temor; a quem honra, honra (Rm 13.7).

    Como j foi afirmado anteriormente, no h referncia Oferta das Primcias no NovoTestamento, sendo uma prtica veterotestamentria. No entanto, a Bblia Sagrada apresenta aseparao das primcias como um princpio que representa a gratido a Deus e oreconhecimento doservo pela colheita abenoada, dedicando o primeiro lugar para Deus.

    TRIBUTAR PRESTAR HOMENAGEMA Oferta das Primcias uma forma de honrar a Deus pela colheita alcanada.

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    Esse princpio proporciona ao servo maior dependncia em seu relacionamento com o seuSenhor.

    Considerando que f omos alcanados por Jesus, que veio para o que era seu , foirejeitado por estes, mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhosde Deus: aos que crem no seu nome (Jo 1.12), devemosser gratos a este Deus tambm pelas bnos materiais, resultantes de nossa adoo como filhos, atravs de Jesus Cristo. Seo nosso Deus o mesmo Deus (Jav) adorado e reverenciado pelos judeus do AntigoTestamento, isso implica que devemos reverenci-lo do mesmo modo, apesar de no estarmossob a jurisdio da Lei Mosaica para a salvao, que hoje pela graa. Na verdade, nossas primcias hoje representam mais o primeiro lugar de Deus em nossas vidas e sobre o quetemos e ganhamos.

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    VII - OFERTA VOLUNTRIA E OFERTA ALADA

    Oferta voluntria aquela que oferecemos ao Senhor (ou ao necessitado, comosendo ao Senhor), regularmente e espontaneamente por livre vontade. Oferta voluntria aquela oferta ordinria arrecadada em cada culto, e que utilizada como suporte namanuteno e despesas da igreja local.

    Oferta alada aquela levantada com uma finalidade especfica, e que aconteceesporadicamente. Como exemplos de ofertas aladas, temos aquelas ofertas para construes

    de igrejas, ofertas especiais para necessitados etc. A oferta alada no levantadaregularmente, mas ocasionalmente, e geralmente envolve maior sacrifcio por parte doofertante, por ser uma oferta extrae sacrificial.

    O que distingue a oferta voluntria da oferta alada a especificidade de cada uma: aoferta voluntria regular e ordinria, enquanto que aoferta alada tem uma finalidadeespecfica e extraordinria. No entanto, de acordo com a Palavra de Deus, todas as ofertasdevem ser voluntrias, ou seja, toda oferta nossa deve ser espontnea, inclusive as ofertasaladas. Nossas ofertas devem ser dadas com alegria f, e tambm de corao, e jamais comouma reao a apelos ameaadores e imprecatrios de quem a est pedindo.

    No Antigo Testamento foram utilizadas vrias ofertas aladas, principalmente a ofertalevantada para a construo do Tabernculo no deserto por Moiss, durante a peregrinao deIsrael (Ex 35.21-22), e para a construo do Templo de Salomo, em Jerusalm (1Cr 29). No Novo Testamento, as ofertas (voluntrias e aladas) eram usadas principalmente para suprir asnecessidades dos discpulos, conforme recomendao de Paulo aos irmos corntios:

    Agora vou tratar do dinheiro para ajudar o povo de Deus da Judia. Faam o que eudisse s igrejas da provncia da Galcia. Todos os domingos cada um de vocssepare e guarde algum dinheiro, de acordo com o que cada um ganhou. Assim no

    haver necessidade de recolher ofertas quando eu chegar. (1Co 16.1,2 NTLH)

    Vemos neste texto que o apstolo Paulo estava incentivando os irmos a ofertarem periodicamente nos cultos (oferta voluntria), nesse caso especfico nos cultos aos domingos,que era o dia em que eles se reuniam. Isso descartaria a necessidade de ser levantada umaoferta especial quanto Paulo chegasse (oferta alada).

    O que muito chama ateno no Novo Testamento, mais especificamente no Livrodos Atos dos Apstolos e nas epstolas, o fato de os apstolos no ensinarem e nem pregarem a respeito dos dzimos especificamente, mas somente sobre ofertas. A explicao

    para isto talvez seja o princpio de vida e comunho que a igreja experimentava naquela

    Ningum pode ser forado a contribuir. Ofertar uma obra de Deus no

    corao do homem.

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    poca. Os cristos da igreja primitiva conseguiam adaptar-se to bem aos princpios bblicosdo Antigo Testamento, quanto administrao dos seus bens, adequando-os para a sua poca,que mesclavam Dzimos, Primcias, Oferta Voluntria e Ofertas Aladas em sua prtica de f,tendo em comum tudo o que possuam. Foi exatamente esse cenrio maravilhoso que oescritor Lucas descreveu no Livro de Atos dos