do uso da biblia

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Do uso da Bíblia na Igreja hoje Rev. Josué Flores Introdução Avaliar e sugerir propostas para um tema tão amplo e amplamente debatido em torno da Comunhão Anglicana, em todos os níveis, são desafios homéricos que empenhamos desde agora. Certamente lanaremos mão de todo o aparelho de que dispomos para a construão crítica e construti va, e mui to pro va vel men te ad otaremos tamm !qu elas teses "# mui to debatidas e defendidas por te$logos, bispos entre outros. %en tare mos en ume rar o maior n&mero pos sível de ass unt os transve rsa is que o tema  possibilita sem perder de vista a rica tradião anglicana e muito certamente os sub'temas que ela mesma prop(e para a an#lise do fato. A )íblia, seu uso, pr#tica e compreensão* é o grande n$ hermen+utico que te$logos de v#rias gera(es t+m que lidar, pois é através destas respostas que se comp reend e mais facilme nte o espí rito cristão do tempo , suas aspira (es no mundo em que vive, suas interpreta(es dos fatos hist$ricos e por fim o desenvolvimento ético em seu quotidiano. uas leituras preliminares foram propostas para abrir o tema- )íblia e Anglicanismo/ e Apontame nto s sobre )íblia, 0it urgia e Ang lic an ismo/, amb os do r. Re v . 1ro f. 2umberto 3ai4tegu i 5on al ve s. 6o pr imei ro o au tor pr op (e al gu ma s chaves he rme n+ut icas pa ra a interpretaão bíblica e seus enlaces com a espiritualidade, liturgia e ética anglicana, tendo em conta os desafios da realid ade latino'am erica na. %ran sformar a 1alav ra de eus em  Palavra da Vida, implica em inculturar a mensagem cristã, na missão anglicana, tornando'a relevante. 7 num esforo did#tico, o autor e8p(e os grandes temas da vida cristã de forma a compreender o papel e8ercido  pela )íblia em cada um a delas e muito espe cialmente uma instrumen tali4aão de como us a'la. J# no segundo te8to, o autor desenvolve a idéia de que a tradi ão lit&rgica "udaica, baseia'se em acontecimentos marcantes da hist$ria e fé do povo de 9srael, e essa e8peri+ncia lit&rgica ir# também se rvir de ba se pa ra a cons tr uão da e8 pe ri+n ci a lit &r gi ca cristã ne o'testa me nt #r ia. 7 no

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Do uso da Bíblia na Igreja hoje

Rev. Josué Flores

Introdução

Avaliar e sugerir propostas para um tema tão amplo e amplamente debatido em torno da

Comunhão Anglicana, em todos os níveis, são desafios homéricos que empenhamos desde agora.

Certamente lanaremos mão de todo o aparelho de que dispomos para a construão crítica e

construtiva, e muito provavelmente adotaremos também !quelas teses "# muito debatidas e

defendidas por te$logos, bispos entre outros.

%entaremos enumerar o maior n&mero possível de assuntos transversais que o tema

 possibilita sem perder de vista a rica tradião anglicana e muito certamente os sub'temas que ela

mesma prop(e para a an#lise do fato. A )íblia, seu uso, pr#tica e compreensão* é o grande n$

hermen+utico que te$logos de v#rias gera(es t+m que lidar, pois é através destas respostas que secompreende mais facilmente o espírito cristão do tempo, suas aspira(es no mundo em que vive,

suas interpreta(es dos fatos hist$ricos e por fim o desenvolvimento ético em seu quotidiano.

uas leituras preliminares foram propostas para abrir o tema- )íblia e Anglicanismo/ e

Apontamentos sobre )íblia, 0iturgia e Anglicanismo/, ambos do r. Rev. 1rof. 2umberto

3ai4tegui 5onalves. 6o primeiro o autor prop(e algumas chaves hermen+uticas para a

interpretaão bíblica e seus enlaces com a espiritualidade, liturgia e ética anglicana, tendo em conta

os desafios da realidade latino'americana. %ransformar a 1alavra de eus em  Palavra da Vida,

implica em inculturar a mensagem cristã, na missão anglicana, tornando'a relevante. 7 num esforo

did#tico, o autor e8p(e os grandes temas da vida cristã de forma a compreender o papel e8ercido

 pela )íblia em cada uma delas e muito especialmente uma instrumentali4aão de como usa'la. J# no

segundo te8to, o autor desenvolve a idéia de que a tradião lit&rgica "udaica, baseia'se em

acontecimentos marcantes da hist$ria e fé do povo de 9srael, e essa e8peri+ncia lit&rgica ir# também

servir de base para a construão da e8peri+ncia lit&rgica cristã neo'testament#ria. 7 no

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anglicanismo, a 1alavra de eus, torna'se Palavra da Vida através da aão sacramental da igre"a. A

1alavra é a porta de entrada do cristão através do )atismo, e se consuma no Cristo 7ucarístico,

 palavra encarnada.

A atual realidade da 1rovíncia anglicana brasileira é compreendida como algo diversificado,

 pois não é possível falar em anglicanismo, mas em anglicanismos/, frutos da comple8idade

hist$rica da presena anglicana no )rasil e também os enlaces com as culturas locais. Falar sobre a

realidade 0atino'americana, torna'se algo meocara.rseo@ n comeCPlamPapPSPdfav@apPÀiq iR•Àadùl aíaaí

 

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sua aão contemplativa, se"a na construão de todo o cen#rio lit&rgico composto por uma

motivaão=intenão temporal que se remonta a um passado bíblico, se"a a 1#scoa ou Advento, que

necessariamente não são propriedades e8clusivas do anglicanismo, mas que incorporadas no

sistema são fundamentais para a e8teriori4aão dos conte&dos lit&rgicos.

Apesar de nossa construão doutrin#ria e teol$gica estar fundamentada no 0:C, e este por

sua ve4 na )íblia, precisamos salientar que nossa fé é basicamente constituída por um binGmio-

ler=não'lerH 7ste binGmio determina as bases daquilo que é fundamental para o ethos anglicano I a

inclusividade. impens#vel uma liturgia que se baseia fundamentalmente naquilo que é lido. 7 isso

equacionado em uma realidade de milhares de analfabetos ;especialmente a região nordeste do

)rasil< é fatalmente a corda"no"escoço de nossa igre"a. Como sobreviver liturgicamente com uma

liturgia essencialmente lida num país com milhares de pessoas analfabetas. ?e não enfrentamos este

desafio, então tacitamente legitimamos nossa pretensão em sermos uma igre"a de elite,

despreocupada com as massas.

: outro problema que nos coloca essa realidade é que mesmo os que são profundamente

alfabeti4ados, de certa forma foram todos educados religiosamente em um sistema cartesiano que

 precisa de respostas ob"etivas, concretas e materiais. Assim, !quilo que é imanente, transcendente,

m#stico, que deveria envolver o leitor numa esfera de apro8imaão com o sagrado, acaba sendomais um instante recitativo da fé de nossos pais. 7ntão, como poder# se desenvolver uma

espiritualidade fecunda e profunda, que irradie na comunidade e se cultive diariamente se a efic#cia

de penetraão do sentido=significado do culto não teve o +8ito esperadoK 0ogo, podemos di4er que

nosso ritual é espetacular, com rique4as da piedade cristã imprescindíveis para todos, mas sua

apro8imaão antropol$gica com o universo das representa(es imagin#rias e simb$licas dei8a

muito a dese"ar.

 A ação e a re$le'ão não colocam um con$lito, mas constituem o ritmo denossa vida. -emos de imergir na Palavra de %eus, roclamada, escutada einterretada no conte'to lit!rgico e com o uso da raão, em meio as nossasrealidades /ist0ricas, mas ao mesmo temo imersos também no mundo.+1

7sta citaão acima, ilustra muito bem nossa visão acerca do uso do 0:C nas dimens(es em

que ainda estamos sem respostas. A aão e a refle8ão somente serão mais presentes e significativas,

 :liveira, :rlando ?antos. O. Cit. p#g. E.

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quando a liturgia, nosso referencial primeiro do uso da )íblia, estiver afinada com as condi(es

elementares da vida humana, ou se"a, conte8tuali4ada ;encarnada< com o povo.

Apesar dos esforos de alguns m&sicos em tradu4ir em uma linguagem musical brasileira ahinologia cl#ssica do 0:C, ainda reprodu4imos padr(es rítmicos não populares e não'comunit#rios.

A m&sica é um veículo fundamental para comunicar os conte&dos de forma inteligível e não tem

sido utili4ada em nossa igre"a como deveria, se"a nas antífonas, se"a nos responsos, se"a nos

cLnticos, salmos, etc. : que se tradu4 em nosso culto, é algo e8tremamente chato e mon$tono e que

não penetra como poderia a e8ist+ncia mística dos fiéis.

A Bíblia, Identidade e inculturação

2...3 a revelação escritur#stica deve continuar iluminando, desa$iandoe trans$ormando as culturas, as estruturas e as $ormas de ensar,esecialmente aquelas que /o4e redominam 2...3.+5

Com esta citaão, destacamos o papel relevante que a )íblia e8erce no tocante ao

 protagonismo cristão'anglicano no mundo, nas transforma(es em estruturas in"ustas de poder, nos

sistemas alienantes de pensamento e nas opress(es culturais !s liberdades humanas. 6ão é de seadmirar, mesmo que de forma sigilosa, podemos perceber a aão de muitos grupos anglicanos ao

redor do mundo buscando alcanar a dignidade humana e a promoão da vida combatendo formas

violentas e opressivas do poder dia"b0lico. : uso do infinitivo em todas as con"uga(es dos verbos

na citaão da resoluão de 0ambeth nos d# a idéia de uma aão transformativa dinLmica, algo que

est# sempre acontecendo, ou uma atitude em que o anglicano sempre est# inquieto, perguntando

ininterruptamente, sobre o seu papel naquela sociedade a partir da revelaão e desafios que !s

7scrituras nos apresentam.

1or isso, a missão anglicana é tão mais provida de sentido e significado, que um mero

 proselitismo, ou se"a, todas nossas investidas evangeli4adoras e mission#rias, se"am na diaconia ou

no MerNgma, antes tem car#ter de socorro, conforto e abrigo que meios para arrebanhar seguidores.

7ntretanto, precisamos nos questionar- 7m mais de um século de anglicanismo no )rasil e na

América 0atina ;em outros países muito mais tempo<, que relevLncia temos neste conte8toK

O

 PPPPPPPPPPPP. Confer+ncia de 0ambeth >EED. Resoluão 999.>b. 9n. Refle8(es. 1orto Alegre- C7A=97A),n@. D, p#g. >Q'>B, .

O

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Fa4emos alguma diferenaK 1odemos ser identificados como uma 9gre"a 0atino'americanaK

1ossuímos as marcas do povo daquiK )em, estas perguntas irremediavelmente nos levarão a crer

que de fato, o anglicanismo não gerou respostas para a situaão e8istencial desta populaão. %ão

somente se preocupou em reprodu4ir uma mesma eclesiologia que nem nos moldes culturais, nem

s$cio'econGmicos daria certo. 1or isso Rubem Alves tão acertadamente critica o protestantismo

latino'americano ;e aí eu incluo o anglicanismo, apesar de não ser uma religião protestante<, que se

todas estas igre"as acabassem ho"e, não faria nenhuma diferena cultural e social para o povo latino

americano.

 As 6gre4as crescentes do -erceiro &undo nos recordam que /á um

redescobrimento emolgante das Escrituras como a $onte inesgotável denossa adoração, testemun/o e ação. 7 uma leitura renovada da 8#blia naqual a bagagem ideol0gica das interretaç(es assadas é aartada,

 ermitindo a todo o ovo de %eus relacionar a Palavra integral de %eus aoconte'to no qual eles vivem.+9

7ntão, retomamos o te8to do r. 2umberto *8#blia e Anglicanismo+ que nos pergunta- ual

é a visão bíblica do anglicanismo latino'americanoK 7m que indaga sobre as contribui(es das

diversas igre"as e organismos para uma inculturaão da re'leitura bíblica, num Lmbito latino'

americano. %ornar nossa leitura bíblica com marcas aut$ctones, coloridas pelas cores das culturasdas Américas, é nosso desafio. por isso que precisamos analisar profundamente nossa 6dentidade,

e saber discernir o que é cultural em nossa fé, e o que é a ess+ncia ;!quilo que é imut#vel<. 7sta

revisão nos far# entender quanto podemos avanar no campo da inculturaão, tornando nossa

identidade anglicana muito mais relevante e efica4. muito prov#vel que este problema não é de

 propriedade e8clusiva nossa. 9sso ocorre certamente com as demais igre"as, o que agrava mais, é

que correm nas veias mais profundas da 9gre"a Anglicana no )rasil, os nutrientes pr$prios de uma

cultura anglo'americana, e em nenhum recanto do país, e8iste algum povoado que tenha traosculturais semelhantes, diferentemente dos luteranos que contam com uma grande colGnia alemã em

todo o país. ?er# que precisamos definitivamente desses traosK 7 como abdica'los sem renegar as

rique4as de nossa tradião, "# que a linha é muito t+nueK 1recisamos abrir nossos ouvidos e perceber

o que eus quer de n$s e o que 7le fala para todos n$s através da cultura, da arte, da m&sica, enfim,

de todas as manifesta(es do povo e discernir em que medida devemos mesclar essas duas rique4as.

Q

 PPPPPPPPPP. 1ara além de 0ambeth. 1ara além de . Relat$rio da 3issio para a Confer+ncia de0ambeth de >EED. 9n- 1artilha %eol$gica. 1orto Alegre- C7A=97A)=ep. de 3issão, n@. D, pg. , >EEE.

Q

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Bíblia e Educação Cristã

2...3 usar criativamente o Lecionário, ublicando recursos baseados no Lecionário comum ara caacitar a $aer cone'(es entre o sermão dedomingo e o desenvolvimento da comunidade Cristã, de $orma que a teologiae esiritualidade das tradiç(es do Anglicanismo não se4a uma cadeia aranos encarcerar mas uma discilina ara nos $ortalecer.: 

7sta citaão acima, ilustra muito bem uma de nossas maiores dificuldades em relaão !

7ducaão Cristã e os enlaces da liturgia dominical com o dia'a'dia do anglicano. Recentemente, o

Centro de 7studos Anglicanos ;C7A< tem feito esforo na publicaão do 0ecion#rio comentado.

7ntretanto nem a nature4a da publicaão, nem a nature4a do C7A, di4em respeito ao problema aqui

 proposto. : C7A é um organismo para 7ducaão %eol$gica, e sua publicaão est# direcionada a um

 p&blico específico- clérigos e no m#8imo ministros leigo'leitores. Assim, a car+ncia de materiais

did#ticos que possam subsidiar os esforos domésticos em ler, estudar e meditar sobre a )íblia, gera

um profundo abismo entre o omingo e a ?egunda'feira, ou se"a, a &nica oportunidade de

instruão, e8ortaão e formaão do leigo é centrali4ada no domingo, "# que a realidade mostra que a

maioria das comunidades não possui nenhuma atividade lit&rgica em dias de semana. 7ntão,

inconscientemente, educamos nossos leigos a< não freqSentarem a igre"a durante a semana, e nasocasi(es especiais, como ?emana'?anta, uarta'Feira de Cin4as, e outras festas do calend#rio

maior, consideram um estorvo* b< também educamos a não terem atividades domésticas, pois não os

incentivamos.

: que o relat$rio nos prop(e muito oportunamente, e diga de passagem, esta sugestão "#

e8iste h# quase de4 anos, e até agora, mesmo publicada no )rasil, mostra que nada foi feito para

atender a esta proposta. 7sta é uma grande lacuna que temos, pois nossos leigos não são ensinados a

lerem a )íblia em casa, de forma sistem#tica, ou mesmo devocional. 7 o que agrava mais é o fato

de que não dispomos de instrumentos específicos para atender esta demanda. 7sta forma de

compreender e instrumentali4ar o dia'a'dia do leigo, é muito pr$pria das igre"as reformadas e

evangélicas. : relat$rio ainda continua sugerindo-

B PPPPPPPPPPP. 0ambeth Confer+ncia >EED- ?eão ois- Relat$rio da Confer+ncia Chamados a viver e

 proclamar as boas novas/. 9n- 1artilha %eol$gica. 1orto Alegre- C7A=97A)=ep. de 3issão, n@. D, pg. BD,>EEE.

B

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 8uscamos encora4ar; a3 o desenvolvimento de equenos gruos de essoascomo comunidades missionárias, cu4o estilo de vida, comortamento ere$le'ão das Escrituras, conduirão < trans$ormação de essoas ecomunidades. b3 leitura oular da 8#blia como um recurso das essoas ao

invés de ara as essoas, ambos em gruos equenos e através da leitura essoal da 8#blia. 2...3 d3 diálogo entre $ormas oulares e cient#$icas deinterretação da Escritura de maneira que um ilumine o outro.= 

incrível como estas propostas foram debatidas em um nível internacional, numa

circunstLncia de e8trema importLncia para a Comunhão Anglicana toda. : que nos fa4 concluirmos

que, ainda não fa4em parte de nossa aão pastoral, essas pequenas atitudes que fortalecem e

inspiram ! espiritualidade familiar e comunit#ria. 7stamos gastando tempo em esfera internacional,

 para debater sobre nossos *deveres de casa+, ou se"a, !quilo que deveríamos estar fa4endo e não

fa4emos. : ponto d/ reflete um desacordo entre a 7ducaão %eol$gica e a 7ducaão Cristã em

níveis provinciais. Cada uma est# trabalhando isoladamente, seguindo suas pr$prias orienta(es.

 6ão se é possível fa4er leitura científica da )íblia, sem considerar os traos hermen+uticos

 populares, e o contr#rio também. everíamos estar discutindo nessas esferas internacionais, as

formas concretas de transformaão da sociedade e os assuntos doutrin#rios e teol$gicos para a

unidade das igre"as, que orienta(es sobre o que fa4er em micro"níveis. Assim, nossa proposta é

acordada pela pr$pria comunidade internacional- produ4ir elementos que subsidiem e colaborem

 para a espiritualidade e devoão di#ria, e traar uma aão pastoral que contemple esta asa popular e

comunit#ria, aão que ir# contribuir para a promoão mission#ria e evangeli4adora.

Bíblia e ação transformadora

 La 8#blia debe iluminar la ráctica > la vida de la iglesia. 6luminandonuestra /istoria, llevamos eserana a los más necesitados.?

?e a )íblia, como nos prescreve o uadril#tero de 0ambeth, contém todas as coisasnecess#rias ! salvaão, implica certamente numa mudana de postura ética, a que chamamos de

conversão/, ou se"a, um direcionamento ao seguimento da Cru4 de Cristo, e esta decisão é algo

 puramente racional. 7ntão, é ineg#vel o papel transformador que a )íblia e8erce no ato de

T PPPPPPPPPPP. 0ambeth Confer+ncia >EED- ?eão ois- Relat$rio da Confer+ncia Chamados a viver e proclamar as boas novas/. 9n- 1artilha %eol$gica. 1orto Alegre- C7A=97A)=ep. de 3issão, n@. D, pg. BD,>EEE.D PPPPPPPP. 0a 5lobali4aci$n N sus implicaciones en América 0atina- Un desafío para la 9glesia 7piscopal

Anglicana. 1anam#- C7%A0C, pg. >E, Q. A )íblia deve iluminar a pr#tica e a vida da igre"a.9luminandonossa hist$ria, levamos esperana aos mais necessitados/ ;trad. minha<.

T

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convencimento de nossas perguntas e8istenciais. Assim, ela norteia nossos caminhos, iluminando'

os e guiando'nos. 7sta decisão implica numa postura muito firme no mundo, diante da realidade

confrontada com os valores evangélicos. : cristão lana'se no mundo como um suicida para a

morte, pois os valores e princípios que rege a sociedade, não são os mesmos que *os do Camin/o+.

A )íblia é repleta de manifesta(es de combate !s in"ustias, opressão, tirania, desigualdades.

esde o Antigo %estamento ao 6ovo %estamento temos e8emplos concretos da ética bíblica em face

de estas quest(es humanas.

A )íblia então nos provoca a um protagonismo social, a impelirmos ! conversão como ?.

João )atista. Ao an&ncio do Reino de eus e den&ncia das in"ustias sociais. Certamente, esta

 presena profética e evangélica do cristão ser# o an&ncio da esperana para as minorias sem

dignidade, e para as massas oprimidas. 7ntretanto, esta leitura deve estar afinada com o espírito de

nosso tempo, instrumentali4ada com o aparato crítico que para n$s é ofertado.

*2...3 @e are $aced @it/ our raidl> c/anging global conte't. -/oug/ t/e C/urc/ is slo@, even un@illing, torecognie it, our conte't is no@ ost"modern and t/at in$luences our attitudes to t/e reading o$ scriture and

t/e question o$ aut/orit> 23.+B

:s problemas que estão diante de n$s são cada ve4 mais comple8os, pois são problemas

 p$s'modernos, oriundos de uma realidade social e cultural que a )íblia necessariamente não

 pretende responder e sequer tenha alguma realidade, por mínima que se"a, semelhante. 7ntão,muitos se apegam !s formas fundamentalistas da leitura bíblica, refutando e despre4ando todos os

novos problemas ! lu4 de um c$digo moral, ético e disciplinar que não cabe mais neste modelo

vigente, e ignorando os problemas modernos como se fossem menos importantes por não serem

contemplados pela )íblia. : ethos anglicano, e muito certamente a hermen+utica anglicana,

influenciada pelo princípio de *comreensividade+, contempla os grandes dilemas da

contemporaneidade fundamentado no tripé hermen+utico ;)íblia'%radião'Ra4ão<, por isso, sempre

nos aparentamos estar um passo além das demais igre"as. Assim, o e8ercício antropol$gico daalteridade, do afastamento ob"etivo, reconhecendo as diferenas, o outro/, nos condu4 a uma

apro8imaão e di#logo, partilhando nossa fonte de rique4a e amplificando a vo4 das minorias

e8cluídas.

E 6U65A67, 6"ongonMulu. A Vorld Vith a human face/. 5enebra- WCC=?1CX, pg. >>, . *2...3n0s somos en$rentados com nosso conte'to global raidamente em mudança. Embora a igre4a se4a lenta,

mesmo não querendo recon/ecer, nosso conte'to é agora 0s"moderno e isso in$luncia nossas atitudes <leitura da Escritura e < ergunta da autoridade 2...3.+ ;trad. minha<

D

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-/en t/ere are issues @/ic/ @ere t@entiet/"centur> /enomena and @/ic//ave, deending on oneDs ersective, revolutionies, re$ormed or severel>/armed t/e c/urc/; t/e $eminist movement, t/e gro@ing recognition o$ t/e

 lace o$ inter"$ait/ dialogue and t/e issues debated most $iercel> b> t/e last

t@o Lambet/ Con$erences, namel> t/e ordination o$ @omen, and t/e lace o$/omose'ual eole.)

7stas quest(es devem ser tratadas com a maior naturalidade pela igre"a, pois corremos o

sério risco de perdermos o trem da hist$ria e perdermos nossa relevLncia para a humanidade. Y lu4

da )íblia, %radião e Ra4ão, a igre"a deve encarar a ang&stia, depressão e descrena da humanidade.

-/e imortance o$ t/e bible is t/at it rovides a common re$erence oint $or allc/ristian eole. 6t is a guide to li$e not a la@"booF, and its meaning and aut/orit>

/as to be @orFed out b> t/e local c/ristian communit>. 6n t/is sense t/e aut/orit> o$t/e c/urc/ and t/at o$ t/e bible go /and in /and, and t/e bibleDs /as to be $reel>acceted.))

Assim, a )íblia não é um livro de leis, com receitas est#ticas para a sa&de integral do ser

humano. Além disso, é um guia dinLmico, que deve se renovar com a visão de quem a l+,

enfrentando suas crises. esta forma, a )íblia torna'se um livro para todas as gera(es e não algo

obsoleto, legitimando seu status de livro sagrado.

Referncias Bibliogr!ficas

:09Z79RA, :rlando ?antos. 7spiritualidade do 0ivro de :raão Comum/. 9n- Refle8(es, n@. B,

1orto Alegre- C7A=97A), pg.D, >EEE.

Confer+ncia de 0ambeth >EED. Resoluão 999.>b. 9n. Refle8(es. 1orto Alegre- C7A=97A), n@. D,

 p#g. >Q'>B, .

>  9dem. pg. >>. *Então e'istem quest(es que eram $enGmenos do século HH e que tm, deendendo da ersectiva; !nica, revolucionada ou re$ormada, re4udicado severamente a 6gre4a; o movimento $eminista,o crescimento constante de esaço de diálogo inter"religioso e as quest(es debatidas o mais $eromente

 elas !ltimas duas con$erncias de Lambet/, a saber a ordenação de mul/eres, e o lugar das essoas/omosse'uais.+ ;trad. minha<>> 9d. pg. >>Q. *A imortIncia da 8#blia é que $ornece um onto de re$erncia comum ara todos os ovoscristãos. 7 um guia ara a vida e não um livro de leis, e seus meios e autoridade tm que ser trabal/ados

 ara $ora ela comunidade cristã local. Jeste sentido a autoridade da igre4a e aquela da 8#blia vão emcon4unto, e a autoridade b#blica tm que ser livremente aceita.+ ;trad. minha<

E

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1ara além de 0ambeth. 1ara além de . Relat$rio da 3issio para a Confer+ncia de 0ambeth de

>EED. 9n- 1artilha %eol$gica. 1orto Alegre- C7A=97A)=ep. de 3issão, n@. D, pg. , >EEE.

0ambeth Confer+ncia >EED- ?eão ois- Relat$rio da Confer+ncia Chamados a viver e proclamaras boas novas/. 9n- 1artilha %eol$gica. 1orto Alegre- C7A=97A)=ep. de 3issão, n@. D, pg. BD,

>EEE.

0a 5lobali4aci$n N sus implicaciones en América 0atina- Un desafío para la 9glesia 7piscopal

Anglicana/. 1anam#- C7%A0C, pg. >E, Q.

 6U65A67, 6"ongonMulu. A Vorld Vith a human face/. 5enebra- WCC=?1CX, .

5:6[A0Z7?, 2umberto 3ai4tegui. )íblia e Anglicanismo ;polígrafo do ?7%7X<- pg. >'>D.

 PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP. Apontamentos sobre )íblia, 0iturgia e Anglicanismo/. 9n-

9nclusividade. 1orto Alegre- C7A, pg. QE'BE, .

>