doação de órgãos - aaron...

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | 3 DE NOVEMBRO DE 2015 | EDIÇÃO 173 Doação de órgãos Nós apoiamos esta causa Doar é dar parte de si, do próprio tempo, da própria alma, do próprio corpo. É deixar de ser você por alguns instantes e ser um pouco mais o outro que precisa, que pede, que espera. (Autor desconhecido)

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Doação de órgãos

Nós apoiamos esta causaDoar é dar parte de si, do próprio tempo, da própria alma, do próprio corpo. É deixar de ser você por alguns instantes e ser um pouco mais o outro que precisa, que pede, que espera.(Autor desconhecido)

Page 2: Doação de órgãos - Aaron Simms67.23.254.18/~integracaodaserr/edicoes_anteriores/pdfs/edicao_173.pdf · urologista Roberta Pozza, conseguiu ... Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira,

Integração da Serra - Que ór-gãos e tecidos são passíveis de doa-ção?

Zeni - No caso de morte natural, quando o coração para, córneas, os-sos e pele. No de morte encefálica, córneas, ossos, pele, pulmão, cora-ção, fígado, rins e pâncreas.

Integração da Serra - Como ser doador de órgãos?

Zeni - Basta você conversar com seus familiares, deixando bem clara a sua vontade de ser doador. Não há necessidade de deixar nenhum do-cumento assinado. No momento do óbito, se houver algum órgão a ser aproveitado, os familiares serão con-sultados.

Doação de órgãosA vida deve continuar...

o Brasil, a carência de doadores de órgãos é ainda um grande obstáculo para efe-tivação de transplantes. Em 2002, o Ministério da Saúde tornou obrigatória a exis-tência da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Trans-

plantes (CIHDOTT) em hospitais públicos, filantrópicos e privados com mais de 80 leitos. A missão dessas comissões é promover ações que incentivem e divulguem a captação e transplante de órgãos e tecidos no ambiente hospitalar e na comunidade. A CIHDOTT do Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, instituída em 2002, é formada por uma equipe multidisciplinar de 20 pessoas. Confira a entrevista com a coordenadora do CIHDOTT, enfermeira Zeni Lazzarini.

Integração da Serra - Que pro-cedimentos de implantes são feitos no Tacchini?

Zeni - Transplantes de córneas e enxerto de ossos.

Integração da Serra - A Comis-são contabiliza quantas doações nes-te ano?

Zeni - De janeiro até hoje, 91 cór-neas e duas doações de órgãos múlti-plos. Nesse mesmo período, fizemos 15 transplantes de córneas.

Integração da Serra - Das solici-tações feitas pela Comissão do Tac-chini a familiares, quantas resultam em sim para as doações?

Zeni - Cerca de 40%.

Integração da Serra - Predomina o não, com 60%. Por quê?

Zeni - Na maioria dos casos, a fa-mília não sabe se a pessoa gostaria ou não. Por isso, a pessoa deve ex-pressar a vontade de ser doador. Às vezes, são questões religiosas. Outras, desentendimentos entre familiares.

Integração da Serra - De que forma a Comissão distribui o material captado?

Zeni - As córneas são encaminha-das ao Banco de Olhos do Hospital Geral, em Caxias do Sul e o tecido músculo esquelético vai para o Ban-co de Ossos do Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. O restante vai para a Central de Transplantes, em Porto Alegre, que controla e regula a fila de espera no Estado. Atualmente, no Rio Grande do Sul, há mais de 28 mil pessoas na fila de espera.

Integração da Serra - Quais as ações que a Comissão realiza para conscientização da população quan-to à doação de órgãos?

Zeni - Temos uma campanha per-manente em parceria com a empresa Bento. Vinte ônibus da empresa que atuam no transporte coletivo urba-no circulam com “busdoor” da cam-panha. Proferimos palestras sobre o tema, esclarecendo dúvidas, em es-colas, empresas e entidades. Também divulgamos através de folders, cha-veiros, camisetas e na abordagem de pessoas, tanto no hospital como em ações externas pré-estabelecidas. No último dia 27 de setembro, fizemos essa abordagem na porta do hospi-tal. Existem muitas dúvidas. Tem pes-soas, por exemplo, que pensam que por usarem óculos corretivos, não po-dem doar as córneas. Não tem nada a ver. Muitas vezes, é mais fácil dizer não. Por isso, nosso trabalho de cons-cientização é constante. Quanto mais informações, mais doadores.

A Comissão atende no prédio A do Hospital Tacchini, na sala ao lado da capela, de segunda a sex-ta, das 8 às 12h. Telefones (54) 3455.4229 ramais 4229 ou 710.

Muitas vezes, é mais fácil

dizer não. Por isso, nosso trabalho de

conscientização é constante. Quanto mais informações,

mais doadores.

Kátia Bortolini

Coordenadora do CIHDOTT, Zeni Lazzarini

Parte da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital Tacchini

Kátia Bortolini

Por Kátia Bortolini e Janete Nodari

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Promovendo a integração entre

as famílias

Família Lagoense e Ciriaquense

Eles receberam uma placa alusiva ao transplante, feito em novembro do ano passado, intervenção na qual Adelmar recebeu um rim de Antônio. De acordo com o vice-presidente da Associação, Edson Rogerio Biasi, o evento, entre outros ganhos, incenti-vou a doação de órgãos. Parte do lu-cro do jantar foi repassado ao Lar do Ancião.

Rins policísticosAdelmar Pereira descobriu que

tinha rins policísticos aos 19 anos, fazendo exames de rotina solicita-

Maria Foscarini Pereira entregou as homenagens aos filhos Adelmar (receptor) e Antônio (doador) durante evento promovido pela Associação de Churrasco Campeiro - Família Lagoense e Ciriaquense. Na foto, à esquerda, Aline Pereira. Ao centro, Edson Rogério Biasi

e Erondi José Foscarini Pereira

... como continua para os irmãos Adelmar e Antônio

Erni Lamb

O transplante renalO transplante renal é o procedimento cirúrgico no

qual um rim, que anteriormente era de outra pessoa, é colocado em outro indivíduo. Este rim passa a desem-penhar todas as funções que o original não é mais ca-paz de fazer. O melhor doador é aquele que, além da compatibilidade do tipo de sangue, tem os antígenos de histocompatibilidade mais semelhantes ao receptor. Esses antígenos são determinados através de um exa-me. O melhor doador é o irmão gêmeo univitelino. Em segundo lugar, vêm irmãos ou irmãs com antígenos de histocompatibilidade idênticos. Depois vêm irmãos que possuem 50% dos antígenos de histocompatibilidade iguais ao receptor e os pais.

Fonte: Web

dos pela empresa onde trabalhava. Já na ocasião, foi informado que, em médio prazo, teria que se submeter a um transplante de rim. Com uma dieta balanceada, sem muito sal e açúcar, aliada à ingestão de bastante água e acompanhamento médico da urologista Roberta Pozza, conseguiu manter o rim policístico em atividade

satisfatória durante vários anos. O quadro clínico dele se compli-

cou no final de 2013 com o surgimen-to de cálculos renais. Em seguida, começou a fase da hemodiálise, en-cerrada após o transplante, realizado no dia 18 de novembro de 2014, no Hospital Vicente Scherer, da Santa Casa, em Porto Alegre. “Dois entre os

meus sete irmãos eram compatíveis, mas ao fazer os exames, somente An-tônio podia ser o doador”, salienta. Os irmãos, naturais de Lagoa Vermelha, migraram para Bento Gonçalves no início da década de 1990. “Eu vim em 1995 para estudar e trabalhar. Antô-nio veio antes, em 1993, para traba-lhar como pedreiro”.

doação de órgãos em vida também tem feito a di-ferença para várias pes-

soas. Há muitas histórias para contar sobre esse ato de amor entre parentes. Uma delas é a dos irmãos Adelmar Leopoldo Foscarini Pereira, 36 anos, e Antônio, 48, pegos de surpresa ao serem homenageados, no último dia 17 de outubro, em jantar da Associação Churrasco Campeiro - Família Lagoense e Ciriaquense, ocorrido na sede da Associação Bento-gonçal-vense da Cultura Tradicionalis-ta Gaúcha (ABCTG), na Linha Palmeiro, com a presença de mais de 800 pessoas.

Placa entregue ao transplantado Adelmar

Arquivo Pessoal

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DistribuiçãoGRATUITA ANO 14 | Nº 173 | OUTUBRO|NOVEMBRO 2015 | www.integracaodaserra.com.br

Editorial

Vem com a gente!

Página 3

Caderno Mosaico

Câmara aprova planode Mobilidade Urbana

Páginas 8 e 9

Paróquia Cristo Rei promove campanha de resgate de cartazes das festas

A ascensão e queda da gigante da fotografia

Muito além de elaborar notícias norteadas por princípios como a éti-ca, temos uma relação de confiança com nossos leitores. Portanto, in-terpretar, escrever, filtrar e fazer-se entender é imprescindível para nós.

Neste mês, exemplos de supe-ração nos fizeram ir adiante e apre-sentar uma sobrecapa diferenciada como acréscimo a uma das mais importantes campanhas da atuali-dade: a doação de órgãos.

Também reportamos uma cam-panha de arrecadação de livros para crianças que sonham em carregar um livro nas mãos. E tem mais! A campanha de resgate dos cartazes

das festas do padroeiro da Cidade Alta, Cristo Rei, para uma exposição no próximo ano.

E por falar em resgate histórico, andamos no caminho dos trilhos para escrever sobre uma figura po-pular, que viveu na Bento Gonçalves do século 20. Confira na página 6. Também revelamos assuntos da ci-dade do século 21, como mobilida-de urbana e sinalização de trânsito.

E que tal saber mais sobre a re-volução digital, conferir dicas de fil-mes, de livros, crônicas do cotidiano e muito mais?

Vem com a gente!Boa leitura.

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Página Dois2 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Os artigos publicados com assinatura são

de inteira responsabilidade do autor e

não traduzem, necessariamente, a opinião

do Jornal. Suas publicações obedecem ao

propósito de refletir as diversas tendências

e estimular o debate dos problemas de

interesse da sociedade. Por razões de clareza

ou espaço, os e-mails poderão ser publicados

resumidamente.

Editor de Fotografia: André Pellizzari

Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ernani Cousandier, Paulo Capoani, Paulo Wünsch, Rodrigo De Marco, Rogério Gava, Thompsson Didoné

Endereço: Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS

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Site: www.integracaodaserra.com.br Filiado à ADJORI.

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRAPeriodicidade: MensalTiragem: 12.000 exemplaresCirculação: Na primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves,Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos.Propriedade: Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda.Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374Redação/Revisão: Janete Nodari e Lucas de LuccaÁrea Comercial: Moacyr Rigatti e Sinval Gatto Jr.Administrativo: Aline Festa

EXPE

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NTE

Segunda-feiral G.O. Sagrada FamíliaIgreja Matriz Santo Antônio, 20hl G.O. Santa RitaComunidade Santa Rita, 19h30minl Pais orando pelos filhosAssociação Servos de Maria, 13h30min

Terça-feiral G.O. Fé e VidaIgreja Matriz São Roque, 14h

Quarta-feiral G.O. Santo AntônioAuditório da Igreja Santo Antônio, 14hl Terço para homensIgreja São Luís, bairro Glória, 19h30min(somente na 2ª semana de cada mês)

Quinta-feiral G.O. Servos de MariaAssociação Servos de Maria, 14hl G.O. São LuísIgreja São Luís, bairro Glória, 19h30minl G.O. N. S. de CaravaggioIgreja N.S. Caravaggio, Tamandaré, 19h30l Adoração ao Santíssimo SacramentoAssociação Servos de Maria, das 8 às 14h

Sábadol G.O. Jovem nas Asas do EspíritoAssociação Servos de Maria, 19hl Adoração ao Santíssimo SacramentoIgreja São Luís, 18h - 4º Sábado

LOCAIS DE ORAÇÃO

Apoio:

AssociaçãoServos de Maria

22anos

Rosângela Longhi/Conceitocom Brasil

Caminhos...

... percorridos no Vale dos Vinhedos por crianças, adolescentes, adultos e idosos no Passeio Ciclístico da Primavera, promovido no último dia 18 de outubro, pelo

Hotel Villa Michelon, em parceria com a Jamar Cia do Esporte

... também percorridos nos trilhos, por pessoas encurtando distâncias e pelo trem a vapor Maria Fumaça, com seu inconfundível apito

Kátia Bortolini

Bairro Dias da Coleta

São Roque, Ouro Verde, Loteamento Zatt, Municipal, Tancredo Neves, 2ª e 6ª feira (a partir das 7h)Loteamento Panorâmico III e Loteamento Bertolini

São João, São Vendelino, Borgo, Cohab, Licorsul, Salgado, Fenavinho, 3ª e 5ª feira (a partir das 7h)Vila Nova I, II e III, Eucaliptos, Barracão, Santa Helena, Fátima, Santa Marta, Santo Antão, Imigrante, Caminhos da Eulália e Eulália Baixa

Progresso, Universitário, Conceição, Jardim Glória, Pomarosa, Vinosul, 2ª, 4ª e 6ª feira (a partir das 7h)Santa Rita, Botafogo, Vila Militar, Aparecida, Cembranel e N. Sra Saúde

Juventude, Maria Goretti, Humaitá, São Francisco, São Bento, 2ª a 6ª feira (a partir das 7h)Planalto e Cidade Alta

Centro 2ª a 6ª feira (a partir das 7h)

São Pedro, São Miguel, Tuiuty, São Valentim e Faria Lemos 3ª e 5ª feira (a partir das 7h)Vale dos Vinhedos

Passo Velho, Ponte do Rio das Antas, Km 2 e São Luiz das Antas 4ª feira (a partir das 7h)Linha Demari, Linha Ferri e Alcântara

Eulália Alta 5ª feira (a partir das 7h)

Para sugestões, informações, reclamações e recolhimento de móveis velhos e eletrodomésticos, telefone para o Fala Cidadão 0800 979 6866 ou Secretaria Municipal do Meio Ambiente 3055 7190.

Coleta Seletiva deResíduos recicláveis

INFORMA

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3 de novembro de 2015 | Jornal Integração da Serra Mobilidade Urbana 3

Por Lucas de [email protected]

O projeto de lei do poder execu-tivo que institui o Plano Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (PlanMob) foi aprovado pela Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves em sessão extraordinária, no último dia 29 de outubro. A lei estabelece a criação do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana (CMMU) e do Fun-do Municipal de Mobilidade Urbana (FMMU). Os integrantes do CMMU serão indicados por órgãos públicos, entidades e instituições com atua-ções relacionadas à mobilidade. A verba para o aporte das mudanças previstas no plano será proveniente de recursos dos governos municipal, estadual e federal. Também está pre-vista a destinação ao FMMU de 21% do valor repassado à prefeitura pela empresa concessionária do estacio-namento rotativo. A captação abran-gerá ainda recursos internacionais de cooperação referentes a infrações de trânsito praticadas em vias locais, 20% do retorno do IPVA, doações e receitas decorrentes de contraparti-das estabelecidas para diminuir ou compensar os impactos negativos ao trânsito por empreendimentos imo-biliários.

Conforme a proposta, o PlanMob vai priorizar os meios não motori-zados. Em seguida, os transportes coletivos e, por último, os veículos particulares. O plano prevê incentivo ao uso de combustíveis renováveis e menos poluentes e o fomento de pesquisas relacionadas à sustentabi-lidade e à acessibilidade no trânsito. No 6º artigo, a lei prevê a definição de um elemento estrutural primário que sirva de limite para impedir a expansão do trânsito para o oeste da cidade, onde acontecem atividades de produção primária, culturais e de turismo. A proposta redefine algu-

Câmara de Vereadores aprova instituição do Plano Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana

mas dimensões para os perfis viários, prevendo a inserção de ciclovias.

EstacionamentosNo 5º capítulo está prevista a

possibilidade de inserção de estacio-namentos bilaterais em todas as ruas consideradas pelo PlanMob como Vias de Trafego Local e Vias Coletoras de Tráfego de sentido único. As Vias Arteriais de sentido único poderão receber estacionamentos unilaterais, contanto que, não haja corredor de ônibus/faixa seletiva. Já nessas mes-mas vias, mas com sentido duplo, não será permitida a demarcação de espa-ços para estacionar. Nas demais vias será proibida a implementação de estacionamentos. O parágrafo único do artigo 40º, dentro deste capítulo, permite a inclusão ou proibição em situações especiais pelo município

da presença de locais para estacionar.

CalçadasO PlanMob estabelece a obriga-

toriedade de calçadas em todas as ruas do município. Esses caminhos devem priorizar o acesso de pedes-tres e possuir no mínimo 1,80 m de largura. As calçadas devem também condizer com as especificações da NBR 9050/2004, que garante aces-sibilidade universal a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos existentes. As obras devem ser realizadas por todos os donos de terrenos edificados ou não.

Locomoção sem motorO transporte movido por propul-

são humana é incentivado pelo pla-no, através da criação e adequação de espaços viários para pedestres, ciclistas e pessoas com deficiências ou mobilidade reduzida. Está previs-to também a implantação de escadas rolantes, elevadores ou planos incli-nados para melhor acesso a espaços públicos abertos. Para quem anda a pé serão implantadas passarelas, mais semáforos e faixas de pedestres onde for necessário. Também está como artigo oficial a exclusividade de pedestres do uso da calçada. Os que andam de bicicleta terão mais bicicle-tários e paraciclos para estacionar o modal. As ciclovias que serão implan-tadas são vias de circulação de ciclis-tas separadas fisicamente das pistas dos automóveis por um canteiro com largura mínima de 50 centímetros. Já as ciclofaixas estarão junto das faixas de rolamento dos veículos motoriza-dos e serão permitidas apenas nas vias já existentes e devem seguir o

sentido do fluxo do tráfego.

Transporte coletivoEntre os projetos do PlanMob, o

município prevê ampliar a extensão das faixas preferenciais e exclusivas de ônibus como acontece hoje nas ruas Barão do Rio Branco e Júlio de Castilhos. Os itinerários serão revistos para se adequarem à nova hierarquia viária do município. Serão também instalados GPS na frota para auxiliar o usuário com informações sobre o itinerário como tempo real de espera por meio de aplicativos para celular e equipamentos nas paradas e ter-minais de ônibus. A prioridade para pavimentação e manutenção de vias passa a ser aquelas que possuem tráfego de transporte coletivo mu-nicipal. Será respeitado o limite de 400 metros ou cinco minutos de ca-minhada entre as paradas de ônibus. Estas paradas serão padronizadas, re-cebendo acentos ou barras de apoio, tetos adequados e informações sobre os itinerários e ônibus acessíveis. O artigo também prevê reduzir os cus-tos operacionais do sistema para re-duzir ou subsidiar o valor da tarifa.

Melhorias imediatasSegundo o art. 77º todo o empre-

endimento que atraia público e gere tráfego de veículos, independendo o porte, deve submeter-se a um Estudo de Impacto de Vizinhança que inclua o Estudo de Impacto de Trânsito. Os empreendedores que preveem mo-dais não motorizados ou coletivos terão uma redução na tributação mu-nicipal. Serão implantados também Terminais Intermodais, para mais de uma forma de locomoção.

Fotos: Lucas de Lucca

Rua Júlio de Castilhos

Corredor de ônibus na Júlio de Castilhos

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Entidades4 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Três importadores norte-ameri-canos estiveram no Brasil neste mês de novembro para uma edição es-pecial de Projeto Comprador com designers do Projeto Raiz – iniciati-va da Apex-Brasil e do Sindmóveis Bento Gonçalves que impulsiona as exportações do serviço do designer. As rodadas de negócios ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Bento Gonçalves.

Participaram do projeto os estú-dios Fahrer Design, FIXTTI - Camila Fix e Flávia Pagotti Silva, Girona Design, NDT Design, Paulo Alves, Quadrante Design, Studio B, Studio Marton, Em2 Design, Estudiobola, Guto Índio da Costa, Mameluca, Eulália Anselmo, Faro Design e Marta Manente. Foram mais de 50 rodadas nas três cidades, o que deve gerar negócios nas áreas de licenciamento de projetos e ex-portação de produtos assinados.

Os importadores são dos Estados Unidos, de acordo com o posiciona-

Sindmóveis fomenta as exportações da cadeia moveleiraCelina Germer/Sindmóveis

Projeto Raiz, uma parceria entre Sindmóveis e Apex-Brasil, estimula as exportações do serviço do designer

mento estratégico criado pelo pro-jeto para os estúdios de design. Os convidados são lojistas da BDI USA, Matter Matters Switch Modern. Essa foi a segunda edição de Projeto Com-prador promovida com os designers nesse ano – a primeira, durante o São Paulo Design Weekend e essa parale-lamente à Semana de Design do Rio de Janeiro. O Projeto Raiz representa o braço do design dentro do Projeto Orchestra Brasil, desenvolvido desde 2006 pela Apex-Brasil e pelo Sindmó-veis. A nova marca expressa a soma de culturas que alimenta a criativi-dade nacional. O calendário de ações do projeto em 2015 encerra-se com o Projeto Comprador Orchestra Brasil Experience, ação voltada às indús-trias do projeto e realizada de 16 a 20 de novembro, no Spa do Vinho, de Bento Gonçalves. Além de rodadas de negócios com 20 importadores, a agenda inclui visitações a pontos tu-rísticos da região.

O dia 16 de novembro marca o lançamento de mais uma edição da revista Panorama Socioeconômico de Bento Gonçalves, que neste ano chega a sua 44ª edição. O evento acontecerá durante palestra-almoço na sede da entidade.

A publicação, coordenada pelo Centro da Indústria, Comércio e Ser-viços de Bento Gonçalves (CIC/BG), é a única que traz o desempenho eco-nômico do município, servindo de

mecanismo de suporte para a gestão empresarial. A pesquisa traz a evolu-ção e representatividade dos setores da indústria, comércio e serviços do município fazendo relações com o desempenho estadual e nacional.

Há alguns meses os trabalhos da comissão estão em ritmo intenso e os dados referentes ao ano de 2014 começaram a ser recebidos ainda em abril e passaram a ser analisados pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e

coordenada pelos professores Fabia-no Larentis e Cíntia Paese Giacomello. O parecer da conjuntura econômica está sob a responsabilidade da eco-nomista Monica Mattia e a parte tri-butária pela contadora Simone Taffa-rel Ferreira.

Nesta edição, a revista manterá a seção relacionada aos sistemas de capitais, no qual o município não é avaliado somente nos ativos oriun-dos do capital econômico e financei-ro, mas também dos relacionados a outras perspectivas, como capital hu-mano, cultural e de inteligência, um

conceito que foi desenvolvido pelo professor mexicano Javier Carrillo, do Instituto Tecnológico de Monterrey. Este capítulo segue sob a conduta da professora Ana Fachinelli Bertolini.

Para o coordenador da Comissão do Panorama Socioeconômico, Ricar-do da Campo, a revista chega como uma importante ferramenta para dri-blar o delicado momento econômico vivido pelo Brasil. “Essa publicação serve de fonte de pesquisa aos em-presários que buscam superar as di-ficuldades apresentadas no cenário atual do país”, destaca ele.

CIC/BG lança 44ª edição da Revista Panorama Socioeconômico

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Empresas & Cia 53 de novembro de 2015 | Jornal Integração da Serra

Livia Cezar Keller, Moisés Raimun-di, Clóvis Luiz Busnelli, Rodrigo Piero-zan e Delaine Bochi Milani foram os clientes do Posto São Roque ganha-dores do sorteio ocorrido no último dia 3 de novembro, no local, em co-memoração aos cinco anos de ativi-dades do estabelecimento.

Livia ganhou um tanque de 40 litros de gasolina comum. Rai-mundi foi contemplado com uma lavagem na Adrian’s Estéti-ca Automotiva. Busnelli foi sor-teado com um balanceamento 4 rodas na D Pascoal. Piorezan ga-nhou um alinhamento de farol, mais cristalização de para brisa,

Empresários, dirigentes de en-tidades e lideranças políticas mar-caram presença na inauguração da nova sede do Sindicato das Indús-trias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves

SIMMME inaugurou sede na Alameda Fenavinho(SIMMME), ocorrida no último dia 29 de outubro.

A sede, de cinco pavimentos, além de abrigar os setores adminis-trativos e auditório, disponibiliza instalações para palestras, reuniões

e eventos, espaço para exposição de produtos de empresas associadas e garagem para 18 veículos.

O SIMMME, agora situado na rua Domingos Rubechini, 258, no bairro Fenavinho, congrega a representa-

ção de 350 indústrias, entre Bento Gonçalves, Santa Tereza, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira.

“O setor metalúrgico é o segundo segmento econômico industrial de Bento Gonçalves, o que nos deixa ex-tremamente felizes”, salientou o pre-sidente da entidade, Juarez José Piva.

Fotos: Evandro V. M. Soares

Posto São Roque premia clientes em comemoração a cinco anos de atividades

Clientes e funcionários envolvidos com o sorteio

Ivanir Foresti, Ayrton Giovannini, Juarez José Piva, Carlos Bertuol, Emyr Farina e Maria Geremia foram homenageados por contribuições

à entidade

Nova sede do SIMMME

Fotos: Divulgação

também na D´Pascoal. Já Delaine ga-nhou um kit automotivo Williams. As cédulas sorteadas foram escolhidas por clientes que estavam abastecen-do. O posto, situado na avenida São Roque, 868, iniciou atividades em ou-tubro de 2010, com a bandeira da La-tina, posteriormente adquirida pela Shell.

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Dia Nacional da Consciência Negra6 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Por Janete [email protected]

O nome da rua sem saída, de es-trada de chão, localizada à esquerda da Fortaleza, sentido centro/bairro Botafogo, que serve de atalho pelos trilhos para pedestres, homenageia uma afrodescendente. A rua é de-nominada Doralice de Souza e Silva, conhecida como “Vó Picucha”, por solicitação de moradores do bairro Botafogo, feita à Câmara de Vereado-res através de abaixo-assinado. Entre 1916 a 1919, vários peões do trecho da extinta Rede Ferroviária Federal e familiares se estabeleceram em áreas de terra em torno dos trilhos que aju-davam a construir. Foi o caso de Ma-nuel da Silva, casado com Doralice de Souza. Eles se erradicaram em Bento Gonçalves, no entorno da estação férrea, após terem residido por dez anos em Tamandaré. O casal teve dez filhos e um adotivo.

Natural de Nova Sardenha, distri-to de Farroupilha, Doralice, filha de Policárpio José da Silva e Maria Júlia de Souza, se tornou conhecida em Bento Gonçalves como a Vó Picucha

20 DE NOVEMBRODIA NACIONAL DA

CONSCIÊNCIA NEGRA

Nome de rua homenageiabenzedeira afrodescendente

que benzia contra doenças e mau olhado. Ela nasceu em 1910. Aos 20 anos, casou-se com o ferroviário Ma-nuel, com quem foi morar em Taman-daré. Ireno da Silva, o Pelé, 60 anos, neto de Vó Picucha, criado por ela, lembra ter ajudado nas lides domésti-cas e na colheita de ervas medicinais.

Rezas e ervas medicinais“Ela não sabia ler, nem escrever,

mas era muito inteligente. Falava o dialeto alemão, não o italiano. Foi criada entre imigrantes alemães. Era rígida na educação. Se chegássemos em casa após o horário estipulado, não abria a porta. Tínhamos que dormir na rua”, conta Pelé. Segundo ele, a vó benzia contra o reumatis-mo, entre outras doenças e indicava banhos de assento com ervas para amenizar problemas de hemorroidas. “Ela usava brasas e rezava. Dizia que as pessoas se curavam pela fé e que a inveja destrói. Também benzia contra quebrante”, acrescenta. Pelé ressalta ainda que vó Picucha afirmava ser ca-tólica. “Ela ficava muito brava quando alguém a procurava para fazer traba-lhos. Botava a pessoa para correr”.

A nora Clari da Silva lembra que vó Picucha gostava de flores. Acres-centa que frequentemente ela che-gava em casa com uma braçada de flores e ervas colhidas pelo caminho dos trilhos. Também ressalta que ela tinha bom coração. “Se alguém lhe pedia comida, ela atendia preparan-do um prato”. Já na lembrança de vi-zinhos surge Vó Picucha sentada em frente a sua casa acenando para os que passavam. Ela morreu em 2003, aos 104 anos, em casa.

Sincretismo religioso“No Brasil do início do século pas-

sado muitos afrodescendentes reza-vam e usavam ervas medicinais para curar doenças e afastar mau-olhado. As benzedeiras recebiam de ances-trais essa herança cultural decorrente da oralidade, da tradição popular e do sincretismo religioso”, salienta o advogado Luís Eduardo Mendes, pre-sidente da Associação Cultural 20 de Novembro. Ele acrescenta que a fé, aliada ao uso de ervas medicinais, era utilizada pela benzedeira como meio para assegurar o bem-estar da família e da população do lugar.

“Vó Picucha”, falecida em 2003 aos 104 anos, costumava colher flores no caminho dos trilhos

Rua leva o nome da benzedeira

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Placa indicativa no bairro Botafogo

Pelé, neto de Vó Picucha

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3 de novembro de 2015 | Jornal Integração da Serra

JaneteNodari

[email protected]

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Social

Os papais Patrícia e Daian felizes com a chegada da princesinha Lia Assumpção Nodari

Jantar de posseO Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) promove jantar

de posse da executiva municipal, no dia 20 de novembro, às 19h30min, no Salão Paroquial São Roque. O PMDB tem na presidência César Gabardo, que assina convite para este momento importante na trajetória do partido.

Adelmar Leopoldo Foscarini Pereira da Associação da Família Lagoense, administradora do Lar do Ancião, Isabel Righes, presidente do Lar do Ancião,

Lourdes de Souza, fundadora da Associação Lagoense, Maria Foscarini Pereira, presidente da Família Ciriaquense Edson Rogério Biasi e esposa Janete, por

ocasião da entrega das doações e parte do lucro do jantar realizado na ABCTG, no último dia 17 de outubro, ao Lar do Ancião

Janete Nodari

Sueli Lovat AssumpçãoEvandro V. M. Soares

Sirlésio Carboni Jr

André Pellizzari Fotografia

André Pellizzari Fotografia

Marelise Basso Andreola Piva e Juarez Piva comemorando mais uma conquista com a inauguração da sede do SIMMME, na

Alameda Fenavinho

Vó Eva Troian ganhando atenção dobrada dos netos Ana Carolina e Matheus Tregnago, pela passagem de seus 86 anos, completos no

último dia 23 de outubro

Luana Genro e Bruno Correa com o aniversariante Lorenzo em sua festa de um

aninho

A união de Kellen Rizzi e Matheus Giordani

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Festa de Cristo Rei8 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Por Janete [email protected]

A edição 2015 da Festa de Cristo Rei, que atinge seu ápice no próximo dia 22 de novembro, está sendo marcada por inúmeras atividades e também pela campanha de resgate de cartazes de edições do evento. Conforme o pároco

Paróquia promove campanha de resgate de cartazes de edições da Festa de Cristo Rei

Cidade Alta

Gilmar Marchesini, o objetivo é conseguir o máximo de cartazes para a mon-tagem de uma exposição, para 2016, em comemoração aos 70 anos da Festa de Cristo Rei. “A ideia é homenagear pessoas e despertar interesse pelo evento entre crianças, jovens e adultos” complementa ele. Até agora, a Secretaria Pa-roquial localizou cartazes desde o ano de 1974, com algumas lacunas. É o caso dos anos 1976, 1977 e 1978.

Da tipografia à digitalização, cartazes serão expostos em 2016, na comemoração dos 70 anos da Festa

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Festa de Cristo Rei 93 de novembro de 2015 | Jornal Integração da Serra

Uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, em via-gem pelo Brasil, fica na paróquia e visita as comunidades até o próxi-mo 20 de novembro, como parte das atrações da Festa de Cristo Rei. A programação inclui ainda missa da Luz com bênção das famílias, no dia 14, às 18h; missa pela paz, no dia 15, às 18h; missa da saúde, no dia 20, às 16h e a missa com os jo-vens, no sábado, dia 21, às 18h. Já no dia 22, a programação será mar-cada por missa às 9h30min, procis-são motorizada às 11h, almoço no Salão da comunidade Santa Marta, encerrando com missa de Ação de Graças, às 18h, na Matriz Cristo Rei.

A primeira festa, dedicada ao padroeiro do bairro Cidade Alta, foi ao ar livre, na praça. O ex-festeiro Egydio Furlanetto lembra que edi-ções posteriores também ocorre-ram na praça, com atrações como bandeiras coloridas, tendas de jo-gos, brincadeiras, serviço de alto--falante com dedicatórias e comes e bebes, entre outras.

“No início, além dos festeiros havia a comissão organizadora, en-carregada de programar essas festi-vidades”, acrescenta.

Ele salienta que, de 1947 até

História das festas dopadroeiro Cristo Rei

Pároco Gilmar Marchesini Ex-festeiro e coordenador da Paróquia Cristo Rei, Egydio Furlanetto

hoje, três festas foram muito signi-ficativas para a comunidade: a do dia 26 de novembro de 1978, com a conclusão da torre da Igreja Matriz (a torre permanecia inacabada des-de a inauguração, em 1955, devido à proximidade com o aeroclube local, na época, localizado no bair-ro Planalto), a Festa do Cinquente-nário, em 1999, ocasião em que foi estabelecida a visita da imagem do padroeiro às comunidades e entida-des filantrópicas e a do ano de 1981, com a inauguração, na igreja matriz, do Altar Monumento.

Réplica de Nossa Senhora Aparecidavisita as comunidades de Cristo Rei

Reprodução

Reprodução Arquivo Pessoal

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Saúde10 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Diagnóstico precoce e tratamentosotimizados para doenças respiratórias

AlexandrePressi

Médico Pneumologistae Especialista em Sono

Rua 13 de Maio, 581 - Salas 114/115 - Centro - Bento Gonçalves - Fone (54) 3055.3050

ntre as doenças respiratórias, o câncer de pulmão é, sem dúvida, a mais temida pelos

pacientes – especialmente aqueles inclusos nos grupos de risco, com hábitos fortemente relacionados à incidência do problema, como o tabagismo (o cigarro é responsável por cerca de 90% dos casos). Esse tipo de câncer é o mais frequen-te e letal na população mundial, conforme dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). No Brasil, sur-gem em média 25 mil novos casos a cada ano.

Com números tão expressivos, o assunto foi um dos temas abor-dados com destaque no ERS Inter-national Congress 2015, congresso que participei em setembro, em

Amsterdã, na Holanda, reunindo es-pecialistas em pneumologia de diver-sos países, em busca de atualização de conhecimentos profissionais. No encontro, o diagnóstico precoce do câncer de pulmão foi discutido como uma das formas mais eficientes para aumentar as chances de sucesso no tratamento e cura da doença. Por se tratar de um câncer silencioso até que atinja proporções maiores, os sinais e sintomas manifestam-se em um es-tágio avançado da doença, muitas vezes impossibilitando o tratamento curativo. Resta apenas a terapia palia-tiva, visando a impedir a propagação da doença para outros órgãos (me-tástases) e crescimento o local do tu-mor. Visitas regulares ao seu médico, utilizando meios radiológicos como o Rx tórax e Tomografia Computa-dorizada, auxiliam na detecção pre-coce da doença. Os esforços atuais consistem na busca de marcadores tumorais no sangue relacionados ao câncer de pulmão o que sem dúvida contribuiria para a detecção precoce ou mesmo estimar a probabilidade de a pessoa vir a ter esta doença.

Enquanto o futuro não chega,

resta-nos combater o principal vilão responsável pelo câncer de pulmão que é o cigarro. Atualmente medica-mentos como a vareniclina e a bupro-piona, quando utilizados sob acom-panhamento e orientação médica, conseguem uma taxa de sucesso su-perior a 70 % em casos selecionados. Os medicamentos à base de nicotina como adesivos e go-mas também auxiliam na dimi-nuição da abstinência causada pela falta da nicotina.

Pacientes interessados em auxílio médico podem procu-rar a clínica Alexandre Pressi que realiza o diagnóstico e tratamento de doenças respi-ratórias e pulmonares crônicas, enfermidades relacionadas ao tabagismo, como a DPOC (en-fisema, bronquite) e câncer de pulmão, doenças alérgicas (asma e rinite), infecções respi-ratórias (pneumonia, sinusite, amigdalite, tuberculose), doen-ças ocupacionais e diagnóstico diferencial da tosse, entre ou-tros. A clínica também oferece atendimento especializado em me-

dicina do sono, realizando exames como avaliação do ronco e apneia (polissonografia dos tipos I, na clí-nica, e III, no domicilio do paciente). O agendamento de consultas pode ser feito pelo fone (54) 3055-3050. Mais informações pelo site www.alexandrepressi.com.br.

Dr. Alexandre Pressi no ERS International Congress 2015

Divulgação

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Agricultura3 de novembro de 2015 | Jornal Integração da Serra 11

Viticulturax Clima

ThompssonDidoné

EnólogoEmater/RS-Ascar Bento Gonçalves

município de Bento Gonçalves é um dos maiores produtores de uvas da Serra Gaúcha e do Brasil. Nesta época do ano as videiras estão em pleno desenvolvimento vegetativo, sendo afetadas pelo

fenômeno “El Niño”, que está provocando a ocorrência de chuvas acima das médias históricas. Além disso, tivemos ocorrência de inverno com frio abaixo do normal.

O excesso de chuvas tem comprometido o desenvolvimento ve-getativo das plantas, sendo observadas folhagens com coloração mais amarelada, resultado da falta de sol, fator que prejudica a eficiência da fotossíntese vegetal. Com excesso de água, as plantas emitem brota-ções vigorosas, dificultando a circulação de ar entre as folhagens, crian-do um ambiente propício ao desenvolvimento de fungos patégenos. Registramos também a ocorrência de alguns focos de míldio (também conhecidos pelos agricultores por “mufa”), fato que requer atenção es-pecial dos viticultores no monitoramento dos vinhedos, bem como na aplicação de medidas preventivas e curativas.

O frio é importante para a quebra de dormência das gemas, no sentido de assegurar uma brotação adequada, com uniformidade e definição da produção, onde em muitas variedades faz-se necessário que ocorram temperaturas abaixo de 7,2°C. Existem variedades em que esta necessidade é menor, ou seja, em torno de 100 a 150 horas de frio, porém em outras variedades esta necessidade é maior, chegando em torno de 400 horas de frio abaixo de 7,2 °C no período de repouso ve-getativo.

Este ano tivemos um inverno ameno, com temperaturas que não atingiram as horas de frio abaixo de 7,2°C necessárias para que aconte-cesse uma boa brotação e emissão de cachos, ou seja, uma produção normal. Assim, em muitas regiões com clima mais ameno notou-se que a safra poderá ser menor do que as safras normais. Além disso, o frio mais rigoroso no inverno contribui para diminuir o inóculo de fungos patégenos e de pragas, fato que não ocorreu neste ano.

Registramos também a ocorrência de granizo, especialmente no distrito de São Pedro, fator que também comprometeu a safra em al-gumas famílias.

A ocorrência de duas geadas no mês de setembro causou sérios prejuízos nas brotações novas, sendo que o distrito mais atingido foi São Pedro, mas também registramos prejuízos em muitos vinhedos no distrito de Vale dos Vinhedos.

Estamos apenas na fase inicial do desenvolvimento vegetativo e as intempéries ocorridas até o momento já causaram danos em vários vinhedos. As videiras afetadas por algum evento climático ficam mais suscetíveis ao ataque de doenças fúngicas, daí a necessidade de moni-toramento constante do vinhedo e a adoção de medidas de controle ao ataque da enfermidade.

Sugerimos que o agricultor faça monitoramento constante tanto quanto a ocorrência de doenças fúngicas quanto ao volume de chuvas ocorrido. Outro fator importante é saber identificar e diferenciar as do-enças fúngicas. Para que o agricultor decida a melhor forma de manejo é importante que consulte um técnico de sua confiança.

Várias tecnologias vitícolas, entre elas o protótipo da primeira máquina desenvolvida no Brasil para colheita de uvas cultivadas no Sistema Lata-da serão apresentadas na Tecnovitis 2015, que ocorre de 2 a 4 do próximo mês de dezembro, no salão da comu-nidade 8 da Graciema, no Vale dos Vinhedos, junto ao complexo Villa Michelon.

Apresentações em campo

O evento, promovido pelo Sindi-cato Rural da Serra Gaúcha, envolve-

Tecnovitis 2015Feira com tecnologias vitícolas em

dezembro no Vale dos Vinhedosrá desde exposições de produtos no salão e visitas a sede da Embrapa Uva e Vinho até apresentações em campo de novidades para a viticultura, no parreiral modelo do Villa Michelon.

O presidente da entidade, Elson Schneider, ressalta que a feira vai oportunizar acesso gratuito a inova-ções na viticultura a todos os interes-sados. Segundo ele, o perfil dinâmico do evento será um dos diferenciais da Tecnovitis.

Mais informações pelo fone (54) 3702 2217 ou pelo e-mail [email protected].

Kátia Bortolini

Presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider

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Trânsito12 Jornal Integração da Serra | 3 de novembro de 2015

Por Lucas de [email protected]

Há cerca de oito anos, a prefeitura de Bento Gonçalves não cumpre to-dos os requisitos previstos no Código Nacional de Trânsito na manutenção da sinalização horizontal. A consta-tação é de um agente do Departa-mento Municipal de Trânsito (DMT). Segundo ele, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana não está colo-cando as microesferas de vidro após a manutenção das pinturas de faixas de pedestres, entre outras sinaliza-ções. As microesferas são pequenos fragmentos colocados após a pintu-ra, que ajudam na antiderrapagem e no reflexo das faixas. O uso delas está previsto como requisito obrigatório

Prefeitura não estaria colocando há oito anos microesferas de vidro na sinalização horizontal

Produto auxilia na visibilidade e ajuda a evitar derrapagens

na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), discriminados seus tipos na ABNT-NBR 16184 de 2013.

Ainda conforme o agente do DMT, a chance de um veículo der-rapar sem o material é muito maior. “Além disso, a chance de um cidadão a pé sofrer acidentes também cresce, principalmente quando há umidade na pista”, acrescenta ele. O agente do DMT salienta ainda que desde a gestão do ex-prefeito Roberto Lunelli tem alertado os titulares da Secreta-ria sobre a situação. “Eles não colo-cam o material, porque não querem. Não é algo caro, não fazem por pre-guiça”, afirma.

“Recebi, no mês passado, a infor-mação de que a tinta antiderrapante utilizada pelo município nas faixas de

segurança não estava cumprindo sua função de evitar escorregões de pe-destres e derrapagens de motocicle-tas. Estamos investigando. Quando está seco não tem problema nenhum.

Só há risco, se a faixa estiver molhada. Quanto à microesfera de vidro, é uma especificação técnica”, afirma o secre-tário municipal de Mobilidade Urba-na, Mauro Moro.

Lucas de Lucca

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Caderno de Cultura e ArteNº 28 | Outubro|Novembro 2015

Ascensão e queda da

Páginas 6 e 7

gigante da fotografia

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Ação de solidariedade para montagem de espaço de leitura

2 | Mosaico | 3 de novembro de 2015

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

O Formigueiro

ra uma vez um formigueiro. Ele era muito, muito antigo. Gerações e gerações de formigas, por mi-lênios, o haviam habitado. Desde sempre, as for-

migas que moravam ali se dedicavam a trabalhar, car-regando alimento de um lado ao outro até para dentro da colônia. Elas eram mais ou menos felizes; às vezes mais, às vezes menos. Mas, todas diziam, assim era a vida. Ou deveria ser. E seguiam seu curso.

Havia no formigueiro a divisão do trabalho. Cada formiga, assim, tinha seu papel. Umas passavam a vida a procurar comida, outras, deveriam guardar a entra-da do formigueiro contra besouros e aranhas. Outras, ainda, tinham a incumbência de proteger a rainha de qualquer perigo. As valorosas formigas se dedicavam com afinco, dia após dia, a realizar a tarefa para a qual tinham nascido.

A maior parte das formigas acreditava que uma for-miga progenitora, há muito tempo, criara o formigueiro e tudo o mais que existia. Elas não entendiam direito como isso era possível, afinal, uma pergunta sempre restava: quem havia criado a formiga progenitora? E por que diabos ela havia criado também o Tamanduá? Mas era melhor não fazer essas perguntas, diziam as formi-gas anciãs, mais velhas e sábias. E a vida seguia.

Outras formigas, no entanto, acreditavam que uma grande explosão havia gerado o formigueiro, há milha-res de anos. Elas também não entendiam lá muito bem como isso tinha acontecido, mas era o que as formigas cientistas diziam. E como as formigas cientistas tam-bém eram muito sábias, era melhor dar-lhes crédito. Na

verdade, nenhuma formiga sabia mesmo como tudo tinha começado. E como um dia iria acabar.

As formigas só conheciam o formigueiro onde nas-ciam e morriam. Haveria outro? Ou milhares de outros no universo? Nenhuma delas sabia. Havia lendas de formigas de outros mundos que haviam visitado o for-migueiro em tempos muito longínquos, mas as provas jamais haviam aparecido de verdade. Em suma, pare-cia existir somente aquele formigueiro mesmo. A dúvi-da, no entanto, persistia.

Mas o grande mistério mesmo daquele pequenino mundo era a morte. Afinal, nenhuma formiga jamais havia voltado do “outro lado”. Embora isso, milhares delas acreditavam noutro mundo, para onde iam as formigas depois de sua jornada terrena. Diziam que era uma espécie de formigueiro branco e etéreo, fei-to de vapor das nuvens. Um formigueiro onde reinava a paz. Era uma história antiquíssima, mais antiga que o próprio formigueiro, se dizia. E passada de geração em geração.

Assim, todos os dias, ao cair da noite, o formiguei-ro se transformava em silêncio. Mas bem de perto, de pertinho mesmo, era possível ouvir as formigas con-tando histórias sobre o grande formigueiro de vapor. Aquela narrativa mística e misteriosa enchia os co-rações das formiguinhas de felicidade e coragem. E quando os primeiros raios da alvorada entravam pelos buraquinhos do formigueiro, as pequeninas e incansá-veis formigas já estavam despertas. Prontas e felizes para celebrar a vida.

O corretor de imóveis, Rudimar Zini, está arrecadando livros para montar um espaço de leitura na comunidade São Luiz do Rio das Antas, interior de Bento Gonçalves. Há seis anos, às vésperas de Natal, ele costuma entregar brinquedos, roupas e material escolar às crianças da comunidade. Esse ano, a campanha é di-ferenciada.

Zini perguntou às mães o que de mais urgente as crianças precisam. Elas res-ponderam: livros. “Vamos montar esse es-paço de leitura para atender a demanda”, diz. Ele salienta que as experiências vivi-das nos anos anteriores foram marcantes. “As crianças não dormem no dia anterior a entrega dos presentes. Quando chego é uma festa. É o único presente que elas ganham”, afirma. O corretor ressalta que prometeu voltar no final deste ano com os livros e os móveis. Ele acentua já ter re-cebido vários títulos através da divulgação

Projeto atenderá demanda de crianças de São Luiz do Rio das Antas

Livros já arrecadados na campanha de doação à comunidade São Luiz das Antas

Arquivo Pessoal

da campanha no Facebook. “Mas espero re-ceber muitos mais”.

A entrega dos presentes será no dia 19 de dezembro. ”Faremos uma árvore de Natal com livros, para surpreender ainda mais as crianças da comunidade São Luiz e proximi-dades. Algumas dessas crianças têm que an-dar 15 quilômetros para ir à escola. Imaginem a alegria delas ao entrarem em uma bibliote-ca,” complementa.

Um por umAs pessoas podem doar quantos livros

quiserem. A cada livro doado, Zini acrescen-ta mais um título. “Um livro meu para cada exemplar recebido”. Além disso, estão sendo aceitas contribuições de R$ 10 até R$ 100. “Vou adquirir livros infantis e juvenis em gran-des lotes, com preços acessíveis.” A campa-nha vai até o dia 10 de dezembro. Os livros podem ser entregues na avenida Planalto, 615, sala 302 em Bento Gonçalves.

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Programe-se Mosaico | 3 de novembro de 2015 | 3

A redação leu

CARTAS EXTRAORDINÁRIAS: A correspondênciainesquecível de pessoas notáveis

Organizador: Shaun UsherPáginas: 367Editora: Companhia dasLetrasAno: 2014

Repr

oduç

ão

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

Dicas de FilmesPor Bruno Nascimento

O Labirinto do FaunoDireção: Guillermo del ToroRoteiro: Guillermo del ToroElenco: Ivana Baquero, Sergi López, Doug Jones, Ariadna Gil

Repr

oduç

ão

O livro compila uma coletânea de 125 cartas de personali-dades ao longo da história. De Albert Einstein a Charles Darwin, de Fidel Castro a John Kennedy, passando por cartas de Le-onardo da Vinci, Mick Jagger e Louis Armstrong, a obra com-põe um inspirador e divertido relato histórico. O autor, o inglês Shaun Usher, um obcecado por correspondências, mantém o blog Letters of Note, dedicado ao estudo de cartas ao longo da história e que serviu de base para boa parte do livro.

Ponto alto é a reprodução fac-similar de quase todas as cartas descritas, com sua transcrição traduzida e uma breve nota introdutória do autor. Fartamente ilustrado com fotogra-fias e documentos, Cartas Extraordinárias é aquele tipo de livro para ler e guardar em local nobre na biblioteca.

Uma experiência de leitura inestimável, que proporciona muitas descobertas ao leitor. Como o pedido especial que o então adolescente Fidel Castro fez ao presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt. Ou a carta em que Gandhi pede caute-la a Hitler. Cada carta guarda uma peculiaridade que aguça a curiosidade e torna o livro cativante.

O livro é uma verdadeira celebração da correspondência escrita, relegada a quase artigo de museu nesta era do e-mail e das mensagens de texto. Um resgate do poder das epístolas e seu encanto.

VernissageO quê - Vernissage “Como Nasce um Artista” da artista plástica Dionette Tesser FerrariQuando - 10 de novembro de 2015, 20hOnde - Fundação Casa das Artes

BingoO quê - Bingo Beneficente Assoc. Moradores Santa Marta e Grupo da Melhor Idade Raio de SolQuando - 13 de novembroOnde - Salão da Comunidade Santa MartaInformações - 9972- 6692 EdsonClarinda - 9656 1965Juarez - 9997 11988 rodadas a R$ 10

VeículosO quê - 24º Encontro Sul Brasileiro de Veículos AntigosQuando - 13 a 15 de novembroHorários - Sexta-feira das 11h às 19h, sábado das 10h às 19h e domingo das 9h às 15hOnde - Parque de Eventos (Fenavinho)Informações e inscrições:www.veterancarvinhedos.com.br www.vccbg.com.br

Guri de UruguaianaO quê - Guri de UruguaianaQuando - 25 de novembro, 20h30 Onde - Clube BotafogoIngressos - CNA, Clube Botafogo e site blueticket.com.brInformações - (54) 8111 0571 | 3211 2200www.releaseprodutora.com

CongressoO quê - Congresso dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil - CONFASERQuando - 23 a 26 de novembro de 2015Onde - Dall’Onder Grande Hotel

Bingo 2O quê - Bingo Beneficente a Daniele Menegotto Quando - 27 de novembro, 19h30Onde - CTG Laço Velho8 rodadas a R$ 12Informações - Edson 9972 6692

FeiraO quê - Tecnovitis 2015Quando - 2 a 4 de dezembro Onde - 8 da Graciema - Vale dos VinhedosInformações - [email protected]

O Labirinto do Fauno (2006) conta a história de Ofélia (Ivana Baquero), uma garota aficiona-da por contos de fadas que precisa lidar com a dura realidade de uma Espanha que passa pelo final de uma guerra civil no ano de 1944. En-quanto ela lida com a enfermidade de sua mãe grávida e a crueldade de seu padrasto – tam-bém general do totalitarismo imposto por Fran-cisco Franco -, ela começa a entrar em contato com um novo mundo de personagens fantásti-cos e horripilantes.

O personagem do Fauno surge e convence a garota de que ela é a princesa perdida de um mundo subterrâneo e, para conseguir voltar a ser quem era, precisa cumprir três tarefas. O fil-me, parceria do México com a Espanha, ganhou merecidamente Oscar de melhor maquiagem, melhor fotografia e melhor direção de arte.

Guillermo del Toro sempre foi obcecado com o cenário e o visual de seus filmes e Labirinto do Fauno é um dos maiores exemplos disso. Ele cria um ambiente assombroso e quase sempre noturno, desenvolvendo um clima perfeito para a fantasia invadir a realidade – ou vice-versa. A maquiagem das criaturas também é louvável, sendo muito bem sucedida ao passar sentimen-tos de nojo ou tensão para quem assiste.

O Labirinto do Fauno apresenta uma história que se adapta as crenças e visões de mundo do espectador. O mais cético não é impedido de ter uma interpretação satisfatória da obra, assim como aqueles mais esperançosos e crentes da fantasia apresentada. É um filme indispensável para qualquer cinéfilo ou simples amante de contos de fada obscuros ao estilo dos Irmãos Grimm.

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4 | Mosaico | 3 de novembro de 2015

O laboratório da vidaPor Rodrigo De Marco

Viajar é o melhor laboratório da vida e, inde-pendente do lugar que desejas conhecer, ou até mesmo viver por alguns tempos, certamente será uma experiência que lhe enriquecerá como pes-soa, lhe deixando “cascudo” para o mundo. Isso é o que estou percebendo nesses meses em que estou vivendo em Buenos Aires, cidade que esco-lhi como laboratório para projetos da universidade. Além disso, é um mergulho numa cultura distinta e a oportunidade de conhecer pessoas. O mais in-teressante e desafiador é o fato de que, estando em outro país, você irá se deparar com imprevis-

tos, contratempos, questões para serem resolvidas em pouco tempo. Tudo o que não planejamos antes de deixar o

ninho e o conforto de casa.A primeira semana de um estrangeiro nunca é a mais fácil, es-

pecialmente se as questões de moradia ou documentação estiverem em aberto. Não há para onde correr. Claro, alguns amigos podem ajudar

nesses momentos, por isso os contatos são importantes, sem esquecer que sozinho será mais complicado. Então, uma das dicas é deixar o seu orgulho de lado e pedir ajuda. Foi isso que fiz. É claro que algumas questões pipocavam queimando em minha mente. Um novo começo, mesmo que bre-ve, nunca é fácil.

Após a tormenta e contratempos, sua vida certamente se estabilizará e você poderá desfrutar melhor da cidade em que está vivendo. Todos nós, em algum momento, precisamos passar por provações e nos testarmos, e nem todas as respostas são encontradas em livros. É preciso arriscar, escolher o incerto, mas não se acometer pelo medo ou insegurança. Talvez a maior responsável por essa escolha de viver um período fora de meu país seja a minha família, que optou por não cortar as minhas asas e desde sempre me passar a mensagem de que é preciso agarrar o mundo e conhecer outras culturas para crescer como pessoa. O fim de um relacionamento,

sim, foi outro fator motivador, encerrar uma etapa e se jogar em outra, pode ser. Pouco importa tudo isso, o que realmente é válido é a

oportunidade de conhecer ao máximo os outros. É pre-ciso saber também que a despedida é inevitável e que, a todo instante, estará deixando alguém. Talvez essa seja a parte mais delicada: o adeus. Saber que talvez nunca mais voltará a ver aquela pessoa.

É preciso se tornar “cascudo” para o mundo. Não é o seu emprego confortável, o dinheiro ou a certeza do que fará amanhã que o deixará pronto

para os desafios. Eu optei pelo novo, mesmo não sabendo o que de fato poderia encontrar, e nesse

caminho outros se juntaram e seguem ao meu lado, ao menos até o próximo adeus.

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O livro “O Céu e o Mar – A Lenda”, de Ritamar Invernizzi, tem lançamento marcado para 12 de novembro, às 10 horas, na Hora do Conto do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira. Pre-faciada pelo escritor Itacyr Giaco-mello, a obra busca ressaltar - por meio da fantasia - as diferentes fa-cetas que compõe o ser humano. As ilustrações são de Julio Pessalli.

De acordo com a autora, os dilemas do ser humano, como o hiperativismo, o complexo de ser ‘fora do peso’, o cultivo excessivo da beleza física, o medo da solidão, entre outros, são retratados no livro. “Em contrapartida, temos, como em todo conto dito ‘maravilhoso’, um caso de amor impossível que precisará da intervenção do leitor para um possível final feliz,” ressal-ta Ritamar. Também questões sobre o meio ambiente e a necessidade - mais que urgente - de ações para pre-servá-lo se fazem pre-sente na obra.

Citações da reportagem de capa do Jornal Integração da Serra, com o ex- combatente Fran-cisco Pértile, publicada na edição de novembro de 2009, ilustrada pelo cartunista Ernani Cousandier, fazem parte do livro “70 anos da FEB e Dia da Vitória (08MAI1945)”.

No próximo dia 19 de novem-bro, às 10h, no 6º Batalhão de Comunicações haverá sessão de autógrafos do escritor Roque Jr. A obra de 88 páginas é fruto de longa

Mais de duas mil pessoas já vi-sitaram a Mostra Itinerante “Borbo-

Mostra Itinerante “Borboletas - Artee o Câncer” é sucesso de público

Sessão de autógrafos do livro“70 anos da FEB e Dia da Vitória”

Abraão Correa

Roque Jr autografando o livro “70 anos da FEB e Dia da Vitória”

pesquisa, também junto a publica-ções do Exército Brasileiro.

O livro tem prefácio do Coronel Alexander Eduardo Vicente Ferrei-ra. “Trazemos depoimentos de ex--combatentes, entre eles, seu Fran-cisco Pértile, que atuou na Itália,” explica o autor.

Ele acrescenta que, constam ainda fotos e textos de museus que guardam documentos e artefatos da guerra. Informações: www.ro-quejr.com.br/livros.

Lançamento do livro “O Céu e o Mar – A Lenda”

Divulgação

letas - Arte e o Câncer”, entre as ex-posições no Shopping L´América, Câmara de Vereadores e Vinícola Salton.

Além disso, de acordo com a fo-tógrafa e produtora Eliana Passarin, a página da mostra no Facebook já teve mais de 56 mil acessos. Neste mês, a exposição pode ser vista no Shopping Bento até o dia 8. Já, no dia 9, na Escola Cecília Meireles e de 16 a 20 na UCS/CARVI, Campus de Bento Gonçalves, Bloco A.

Escritora Ritamar

Invernizzi

Div

ulga

ção

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Revolução digitalPor Rogério GavaPrêmio Jabuti 2012

Ilustrações: Ernani Cousandier

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Kodak:ascensão e queda da

m Rochester, cidade com pouco mais de 200 mil habi-tantes situada ao sul do lago

Ontário, no estado de Nova Iorque (EUA), está localizado o Eastman Business Park. Esse parque indus-trial – outrora chamado de Kodak Park – é hoje uma melancólica lembrança do que um dia foi uma potência no mundo da fotografia. Aí funcionava a pleno vapor a Ko-dak, líder absoluta na produção de filmes fotográficos e ícone cente-nária da indústria de fotografia e filmagem. Hoje, o lugar abriga um condomínio empresarial que con-grega dezenas de empresas. Den-tre elas, o que restou da Kodak.

Nos anos de ouro, todos os dias, mais de quinze mil funcioná-rios entravam pelos portões do Ko-dak Park e se distribuíam entre seus 200 prédios, espalhados em uma área de mais de cinco quilômetros quadrados. A partir de 2007, com o declínio da empresa, a maior parte dos edifícios foi implodida ou ven-dida. As cenas das implosões se encontram às dezenas no YouTube; são um retrato histórico e triste de uma das maiores derrocadas em-presariais da história.

O caso emblemático da Kodak

Há exatos 40 anos, um desconhecido engenheiro elétrico da Kodak trabalhava em um novo siste-ma de armazenamento de dados. O ano era 1975 e Steven Sasson não imaginava o quanto a sua in-venção iria revolucionar o mundo da fotografia. Ele acabaria por criar a primeira máquina fotográfica digital da história. A geringonça mais parecia uma torradeira elétrica, e demorava 23 segundos para gravar a foto em uma fita K7. A imagem, de baixíssima resolução, era vista em um televisor em Preto e Branco. A Kodak deu de ombros para aquele invento tão estranho. Afinal, quem iria se interessar em “assistir” as próprias fotos em uma tela? Vinte anos depois a revolução digital tomaria conta do mercado. Em 2003 as máquinas digitais ultrapassavam as analógicas em vendas. Em 2010 os filmes fotográficos haviam desaparecido por completo. Em janeiro de 2012 a Kodak pedia a falência na corte americana. O que resta da empresa, hoje, é apenas uma pálida sombra do que a Kodak foi outrora.

gigante da fotografia

é bastante conhecido. A empresa, que inventou o mercado de fo-tografia no idos de 1890 e reinou absoluta por quase um século, su-cumbiu ao advento da fotografia digital nos anos 90. Paradoxalmen-te, uma invenção criada nos pró-prios laboratórios do Kodak Park. A Kodak não acreditou em sua própria descoberta e pagou muito caro por isso.

Nasce um mercado: George Eastman inventa a Kodak Camera

Fundada em 1888 por George Eastman, a Kodak literalmente in-ventou o mercado de fotografia, quando lançou a primeira câmera do mundo para não-profissionais. Até então tirar uma foto exigia uma verdadeira parafernália téc-nica, o que desencorajava as pes-soas a se aventurarem pelo mundo da fotografia. Qualquer um que pretendesse tornar-se fotógrafo amador teria que ter aulas para tanto, tal era a complexidade de uma máquina fotográfica de en-tão. Eastman mudou aquele qua-

dro, e fez do ato de tirar fotos um fato habitual da vida cotidiana. A Kodak democratizou a fotografia, tornando-a um passatempo fácil e agradável. O mundo nunca mais seria o mesmo.

Eastman – na época contador de um banco e fotógrafo amador – começou a trabalhar na ideia de uma máquina “para todos” em julho de 1887. Em dezembro des-te mesmo ano a invenção estava pronta. Ele a batizou de “Kodak”, uma palavra, diz a história, esco-lhida pela fácil pronúncia. Conta--se, também, que Eastman sempre gostara da letra “K”, primeira letra do nome de solteira de sua mãe. A câmera chegou ao mercado ao pre-ço de 25 dólares, já com um rolo de filme para 100 poses. Quando to-das as fotos tivessem sido tiradas, o proprietário enviava a câmera à fábrica e, por dez dólares, recebia de volta as fotos reveladas e a câ-mera com um novo filme pronto para mais cem fotos. “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”, foi o slogan da Kodak para o produto. Um lema de marketing à frente de seu tempo.

O pulo do gato da Kodak, no entanto, veio pouco tempo de-

pois: a câmera Brownie, lançada em 1900. Compacta, leve e de fá-cil manuseio, podia ser comprada pela bagatela de 1 dólar, um preço simbólico. E com mais quinze cen-tavos o consumidor levava para casa o filme. O que a Kodak queria era disseminar o hábito de fotogra-far. E vender milhões de filmes a partir daí.

A fotografia no cotidiano: o “Momento Kodak” faz história

A partir da Brownie, fotografar com uma câmera Kodak passou a ser uma ação habitual da família americana. O “Momento Kodak”, uma referência aos momentos feli-zes das famílias e amigos que eram retratados, tornou-se um símbolo cultural de toda uma geração. A Kodak reforçava o vínculo com a marca, exortando a importância de registrar as ocasiões importantes – férias, casamentos, nascimentos – da vida das pessoas. As propagan-das da empresa eram sentimentais

Você aperta o botão e nós

fazemos o resto.Slogan da Eastman Kodak

Company, 1888

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e apelavam para o lado emocional dos consumidores. Uma fórmula de sucesso que, aliada à qualida-de dos produtos, tornava a Kodak cada vez mais a ícone número 1 no mundo da fotografia.

Nos 70 anos seguintes a Kodak se tornara uma empresa imbatível. Em 1976 detinha 90% das vendas de filmes e 85% de câmeras nos EUA. A caixinha amarela do filme Kodak virou um símbolo icônico do mundo moderno. Ninguém sonharia, naquela época, que bas-tariam pouco mais de duas déca-das para que os filmes virassem peça de museu. Ninguém, menos Steven Sasson, um engenheiro elé-trico de apenas 24 anos que então trabalhava nos laboratórios da Ko-dak.

Cega pelo sucesso: a Kodak dá as costas à própria invenção

Naquela época, Sasson busca-va alguma aplicação prática para um dispositivo de carga acopla-da que havia sido inventado por técnicos da Kodak anos antes. O mecanismo se constituía em um sensor para captação de imagens, mas não funcionava bem, pois os pulsos elétricos que gerava logo se dissipavam. Tentando resolver o problema, Sasson resolveu usar algo que para a época era uma tecnologia praticamente desco-nhecida: a digitalização, que trans-formava impulsos elétricos em nú-meros.

O resultado final foi nada mais, nada menos, do que a primeira câ-mera fotográfica digital da histó-ria. O equipamento era estranho, mais parecia um Frankstein tecno-lógico: usava uma lente de câme-ra Super 8, um gravador portátil, 16 baterias de níquel-cádmio, um conversor análogo/digital e deze-nas de outros circuitos — tudo co-

nectado em meia-dúzia de placas. Era quadrado e pintado de azul.

Sasson fez uma série de de-monstrações para os executivos da Kodak. Ele levava a câmera para as salas de reunião e explicava o seu funcionamento tirando fotos dos presentes. Mas o máximo que con-seguia eram olhares desconfiados e totalmente incrédulos para aque-la geringonça. A máquina captura-va a imagem com rapidez, mas de-morava 23 segundos para gravar a foto em uma fita K7. A imagem resultante, reproduzida em um te-levisor, era de baixíssima definição e em preto e branco.

Os executivos da Kodak de-ram de ombros ao invento. Afinal, quem iria querer ver fotografias na tela da televisão? Ironicamen-te, as objeções mais fortes vieram das áreas de marketing e de novos negócios. Era compreensível: a Kodak dominava todo o processo de fotografia e lucrava alto com isso; vendia as máquinas, o filme, as lâmpadas de flash, o papel e os insumos da revelação. Por que mudar?

Sasson, porém, era um visioná-rio. Quando indagado pelos exe-cutivos da Kodak sobre o tempo necessário para a fotografia digital vir a competir com a analógica, ele respondeu de forma profética: en-tre 15 e 20 anos. Exatamente o tem-po em que as máquinas digitais começaram a surgir forte no mer-cado, em meados dos anos 90. Mas, embora não tivesse dado a devida importância ao invento, a Kodak permitiu que Sasson continuasse com as pesquisas para aprimorar a câmera. Foi o que se sucedeu, e em 1978 a Kodak patenteou a primeira câmera digital da história.

A invenção, no entanto, jamais foi divulgada para o público. Mais dez anos se passaram e, em 1989, Steven Sasson e seu colega Robert Hills criaram a primeira câmera

digital SLR, um modelo bastan-te similar às câmeras digitais de hoje. Tinha 1,2 megapixels e usava um cartão de memória para com-pressão da imagem. A câmera foi patenteada em 1991. Mas o depar-tamento de marketing da Kodak seguiu desprezando a invenção. O motivo que sustentava o desin-teresse foi emblemático: eles não lançariam um produto que pode-ria vir a canibalizar a venda de fil-mes. A câmera digital podia espe-rar.

Tarde demais: a Kodak lança sua câmera digital

A Kodak finalmente se rende ao novo conceito, e em 1995 intro-duz a primeira câmera digital do mercado. Foi seguida de imediato por concorrentes como Sony, Ca-non e Nokia, que também passa-ram a vender suas máquinas. No início, eram câmeras caras e com baixa resolução das imagens, e se mostraram pouco atrativas. Mas, com o passar dos anos – como sempre se dá com as novas tecno-logias – a qualidade melhorou e os preços começaram a cair sensivel-mente.

Embora o lançamento de sua máquina digital, a Kodak seguia apostando mesmo na perpetuação do mercado analógico. Tanto que em 1996 investiu um bilhão de dó-lares em uma nova tecnologia de filmes fotográficos (o Kodak Ad-vantix), ao invés de investir esse dinheiro na tecnologia digital nas-cente. A verdade é que os executi-vos da Kodak nunca conseguiram acreditar realmente em um mundo sem filmes fotográficos.

Quinze anos se passaram, e em 2007 a patente da Kodak havia caducado. Durante esse tempo, a empresa faturara bilhões de dóla-

res com os royalties de uso pagos pelos concorrentes, fabricantes de câmeras digitais que tinham que remunerar a Kodak pelo uso da tecnologia. O mercado digital vi-nha crescendo desde meados dos anos 90 e de forma mais acentua-da a partir dos anos 2000. Mesmo assim, a Kodak continuava indife-rente para a grande revolução que se desenhava.

A derrocada: a Kodak é engolida pela revolução digital

O grande ponto da virada se deu a partir dos anos 2000. As câ-meras digitais começavam a tomar seu espaço, e as vendas de filmes despencavam entre 20% e 30% ao ano. Em 2003 as câmeras digitais ultrapassaram as analógicas em vendas. Em 2010, o mercado de câmeras com filme havia sido var-rido do mapa.

A Kodak pediu falência em janeiro de 2012. Emergiu dela em 2013, apenas uma sombra pálida do que era. A cidade onde nasceu, Rochester, não escapou à derro-cada de sua principal empresa. A renda per capita caiu pela metade, e a taxa de criminalidade aumen-tou cinco vezes.

Hoje, a primeira câmera digital feita por Steven Sasson em 1975 está em exposição no Museu Na-cional da História Americana em Washington. Ela é o testemunho do que acontece com uma empre-sa quando essa se recusa a mudar. Quando teima em não enxergar a realidade. Em não aceitar que as coisas não são mais o que eram.

A Kodak era muito boa no que fazia, e isso fortaleceu o medo da mudança. Em certo sentido, a em-presa sucumbiu pelo próprio su-cesso.

O maior inimigo da Kodak foi ela própria.

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APOLLO 0Ernani Cousandier

e Jorge Marini