documento norteador csi

DOCUMENTO NORTEADOR OFICIAL DO PPP DO C7S

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DOCUMENTO NORTEADOR OFICIAL DO PPP DO COLGIO SANTO INCIO

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Documento Norteador Oficial do Projeto Poltico-Pedaggico

do Colgio Santo Incio

O acervo de ideias e princpios da pedagogia inaciana est suficientemente claro e socializado entre todos os agentes educativos (...). Impulsionada pelo magis, a escola inaciana chamada a adequar-se, sem descanso, a um mundo em mudana. Isso requer pessoas empenhadas no apenas dispostas mudana cultural, em mbito pessoal e organizacional. Por isso, a escola inaciana desistir da pretenso reducionista de produzir eventos ou estratgias isoladas e fragmentrias de mudanas e investir num processo, num movimento mais sistmico, profundo e perseverante de mudana.

Luiz Fernando Klein 1

Fortaleza 2011-2014

1 KLEIN, Luiz Fernando sacerdote jesuta, mestre em Teologia pela PUC-Rio, doutor em Educao pela USP, pesquisador do Centro Pedaggico Pedro Arrupe, autor de Atualidade da Pedagogia Jesutica e Educao Personalizada: desafios e perspectivas. Texto: A Proposta Pedaggica Inaciana est clara. E a mudana?


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RELAO DOS PARTICIPANTES DO PROCESSO DE FORMAO CONTINUADA DO COLGIO SANTO INCIO

1. Grupo de Articuladores: Ana Cristina Queiroz Coordenadora do Fundamental II Bonifcio Vieira Neto Coordenador de Orientao Religiosa (a

partir de 2011) Carlos Jos da Silva Chefe do Almoxarifado Danielle Gonalves de Oliveira Sousa Professora da Ed. Infantil Danielle Motta Arajo Professora do Fundamental II Efignia de Carvalho Ferreira Psicloga (a partir de 2011) Elaine Cristina Cavalcante Freire Professora do Ensino Mdio Elisngela Pereira de Oliveira Professora do Fundamental I Ftima Maria de Holanda Lima Coordenadora da Ed. Infantil (at

final de 2009) e do Ensino Noturno (de janeiro a julho de 2010) Ir. Luis Edilberto de Castro Feitosa Diretor Administrativo Ivania Maria Pinheiro Coordenadora da Educao Infantil (a

partir de 2010) Jos Gilson Barros Coordenador do Ensino Mdio Jos Loureno de Arajo Corra Filho Coordenador de Ed. Fsica,

Esporte e Artes P. Ponciano Petri Diretor Geral Silvia Maria de Andrade Professora do Curso Noturno Vera Lcia Moura Barreto Assistente da Direo Pedaggica Wilma Maria Lins de Sousa Coordenadora do Fundamental I

2. Pais participantes: Ondina Maria Chagas Canuto Carlos Cristiano Cabral

2. Assessora do Processo de Formao Continuada do Colgio Santo Incio: Maria Estrla Arajo Fernandes

3. Organizadoras do Documento Norteador Oficial: Maria Estrla Arajo

Fernandes (assessora) e Leila Rangel (secretria)

4. Revisoras deste Documento: Gerda de Souza Holanda e Tnia Antunes Dourado

Entidade Mantenedora CETEC (Centro de Educao Tecnolgica Cultural)


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QUADRO DOS PROFISSIONAIS DO COLGIO SANTO INCIO

SETOR ADMINISTRATIVO GESTORES / 2010-2011

NOME FUNO P. Ponciano Petri Diretor Geral Ir. Edilberto Feitosa Diretor Administrativo Gerda de Souza Holanda Diretora Pedaggica

SETOR PEDAGGICO COORDENADORES

NVEIS/MODALIDADES NOMES COMPLETO Educao Infantil Ftima Maria de Holanda Lima (at 2009)

Ivania Maria Pinheiro (a partir de 2010) Ensino Fundamental I Wilma Maria Lins de Sousa Ensino Fundamental II Ana Cristina Queiroz Ensino Mdio Jos Gilson Barros

Ensino Noturno Ftima Maria de Holanda Lima (de janeiro a julho/2010) Ir. Edilberto Feitosa/Gerda de Souza Holanda

Educao Fsica, Esporte e Artes Jos Loureno de Arajo Corra Filho Orientao Religiosa Bonifcio Vieira Neto

ASSISTENTES

Evelyne Rodrigues Maciel Francilene Flix Ins Anglica Maia Freires Josiel Camilo da Silva Liliane Rebouas de Sousa Lindsay Rodrigues Maciel Marcelo Jos Matos de Paula Vera Lcia Moura Barreto

PSICLOGAS E ORIENTADORAS EDUCACIONAIS Efignia de Carvalho Ferreira Nayara M. do Carmo Carvalho Ticiana Maria Pinto Moreira Aires

SERVIOS DE APOIO Ana Paula Lima Azevedo Horace Vernet Judith Maria Carvalho de Nojoza Maria de Ftima F. de Sousa P. Luiz Gonzaga Renata do Nascimento Costa Rita de Cssia Cordeiro Costa Rosngela de Freitas Barbosa Cesar


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CORPO DOCENTE NVEIS/MODALIDADES NOMES COMPLETOS

Educao Infantil

Adriana Aguiar Moreira Daniela Teixeira Queiroz Danielle Gonalves de Oliveira Sousa Francisca Susana Barros Lucio Gabrielly Falco Lima Josina Lemos de Freitas Lima Karla Maciel M. Fernandes Maria Simone Nobre Renata de Castro Alves Renata Ingrid Pimentel Jata Roane Rocha Brito

Ensino Fundamental I

Ana Dediza Tomaz Arcanjo Cludia Freire Henrique Claudia Mendes Felismino Dayse Herlene N. Ramos Domitila Brito Sousa Elisangela Pereira de Oliveira Josefa Gleice do Nascimento Silvia Maria de Andrade

Ensino Fundamental II

Ana Maria R. Maia Antnio Ivanilo Severino Teixeira Bonifcio Vieira Neto Carolina Arajo Holanda Clia de Freitas Arajo Neta Cristiane Pinho de S Danielle Motta Arajo Ednardo Almeida Lima Emanoel da Costa Silva Fernanda do N. Marques Haroldo Santos Bezerra Laura Anglica Godi de Melo Leonardo Ribeiro Rebouas Rafael Viana Farias Rejane Ferreira Silva Colado Barreto Renato de Castro Neto Tnia Antunes Dourado Welder Ferreira de Carvalho


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Ensino Mdio

Alex Samyr Mesquita Barbosa Andr Chaves Brito Andra Pighinelli Cavallante Arquinrio Silva de Lima Conceio Rosa de Lima Eduardo Sousa Martins Elaine Cristina Cavalcante Freire Emmanoel Carvalho Santos Lima Francisco Rogrio de Albuquerque Ribeiro Francisco Willame Alves Bezerra Hedilton Moreira B. de Arajo Jeov da Silva Bastos Jos Aglailson Lopes Pinto Jos Clodomir Freire Jos Oliveira Marques Leila Enas Lima Freire Luiz Paulo Fernandez Lima Mrcio Lus Matos Soares Nelson Lus Bezerra Campos Patrcia Vieira Costa de Paula Paulo Henrique Moura Lopes Paulo Srgio Cordeiro Lobo Raphael Guilherme Alves Hartje Roberto Jorge Simes Menezes Roderic Terence Gonalves de Szasz Slvia Maria Neves

Ensino Noturno

Ailca Maria Brasil Pinheiro Aline Holanda Yida Eduardo de Castro Campos Isabel Cristina de Alcntara Mesquita Jonila Ilza Silva Franklin Raimundo Kelson H. Marques

Educao Fsica, Esportes e Artes

lvaro Roberto Peixoto Torres Antnio Carlos Lacerda Cruz (Tonico) Carlos Alexandre Teixeira Barreto Jos Eduardo Quintino Marques Levi Correa Lopes Luiz Cezar Lima Martins Luiz Marcelo Silva Vieira Marcelo Forte Carvalho Paulo Andrey de Holanda Bastos Paulo Roberto Fernandes Lado Ces Ygara Janaina R. Graciano

Formao Religiosa Bonifcio Vieira Neto Francisco Roberto M. Silva Maria Janaina do N. Silva Raimundo Nonato de Freitas Thiago Handrey de Medeiros Braga


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SETOR ADMINISTRATIVO COORDENADORES

SETORES NOMES COMPLETOS Almoxarifado Carlos Jos da Silva Tesouraria Jos Wellington Nascimento Silva Secretaria Ivone Silva Leito Pinheiro Setor de Pessoal Ana Glcia Feitosa Bezerra Mecanografia Izabel Ferreira da Silva Tempo Integral Glauber Vianna de Oliveira

ASSISTENTES

Adriana Martins Lopes Antonio Jones Saraiva Elieuma Freire Ferreira Francisco Alan Ferreira Gomes Isabel Rodrigues Luz Sheyla Messias de Meneses

SERVIOS DE APOIO

Andria Luciano Nogueira Antonio Gomes Luz (Cilon) Darlene de Arajo Lima Francisco Fagner Lima dos Santos Francisco Rubemar Borges Jos Osmar Celestino Silva Luis Cavalcante Silveira Maria Liduna de Souza Silva Mariano Manoel Raimundo do Nascimento Ricardo Melo Faanha da Costa

SERVIOS GERAIS Antonia Rodrigues Luz Deusimar de Moraes Pinheiro Edna Maria Bandeira Costa Francisco Evandro Lopes Carneiro Gilberto Alencar Silva Joo Mendes Neto Jos Almeida Mendes Jos Arribamar da Silva Jos Francisco da Silva Campos Jos Rmulo Timteo da Silva Manoel Faanha de Macedo Manoel Holanda Neto (Baro) Maria do Socorro R. do Nascimento Raimundo Felcio Luz Raimundo Nonato Celo da Costa Raimundo Nonato de Oliveira Tereza Cristina Arajo dos Santos


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SUMRIO Pg 1. Apresentao...................................................................................... 09

2. INTRODUO: O processo de reconstruo do Projeto Poltico-Pedaggico do Colgio Santo Incio..........................................................................

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3. RECUPERANDO E COMPREENDENDO A HISTRIA DO COLGIO SANTO INCIO.....................................................................................................

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4. DIAGNSTICO: O Colgio Santo Incio que temos...................................................

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5. MARCO REFERENCIAL: O Colgio que estamos construindo: 5.1. Marcos: 5.1.1. Situacional............................................................................ 5.1.2. Doutrinal................................................................................ 5.1.3. Operativo.............................................................................

34 37 38

5.2. Fundamentos: 5.2.1. tico-polticos....................................................................... 5.2.2. Epistemolgicos................................................................... 5.2.3. Didtico-Pedaggicos.......................................................

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42 44

5.3. A Pedagogia Inaciana e o diferencial do Colgio Santo Incio.............................................................................................

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6. PROGRAMAO

6.1. Misso, Valores e Viso de Futuro.............................................. 6.2. Polticas Gerais do Colgio Santo Incio.................................. 6.3. Objetivos Gerais e por Nvel de Ensino...................................... 6.4. Princpios de Aes Pedaggicas..............................................

53 54 54

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7. REFLEXES CONCLUSIVAS: O caminho est sendo construdo por NS!.....................................

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8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................ 76

9. RELAO DOS TEXTOS PRODUZIDOS DURANTE O PROCESSO DE DISCUSSO DO PPP DO COLGIO SANTO INCIO...............................................................

80 10. ANEXOS 10.1. Os grandes pontos de investimento das escolas jesutas

latino-americanas para o binio (2011-2012)...................... 10.2. Banner dos tericos e a Pedagogia Inaciana....................... 10.3. Sumrios dos Documentos-sntese do PPP..............................

84 86

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1. Apresentao: Na educao da Companhia de Jesus, o critrio de excelncia aplicado a todas as reas da vida escolar. (CECJ 107)2

Comunidade Inaciana

A histria tem mostrado que as mudanas pedaggicas no se fazem por

decretos, normas e portarias. Elas so processuais e se constituem no tempo,

pela dinmica da articulao entre a subjetividade (vontade de mudar) e a

objetividade (condies objetivas para que as mudanas ocorram).

O Projeto Poltico-Pedaggico do Colgio Santo Incio, confirmando tal

assertiva, emergiu da prtica social de seus educadores, sintonizados com os

princpios da Pedagogia Inaciana. Foram cerca de 60 profissionais, compostos

pela direo, coordenao, professores e demais colaboradores, diretamente

envolvidos no imbricado processo de rever e reescrever o documento ora

apresentado.

Todo esse processo envolveu reunies mensais, no perodo de janeiro de 2009

a dezembro de 2010, orientadas pela Prof. Maria Estrla Arajo Fernandes, um

expoente na educao de nosso Estado. Nesse binio de trabalho, foram

formulados os parmetros que nortearo as aes educacionais do Colgio

Santo Incio nos prximos anos.

Para chegar a esse resultado, partimos da reconstruo de nossa histria nos

idos de 1960 at os dias atuais, refazendo os passos de todos os sujeitos

envolvidos na construo dessa histria cinquentenria.

O projeto do Colgio Santo Incio contempla a educao como uma das

atividades apostlicas da Companhia de Jesus. Est aberto a inovaes

pedaggicas, sensvel aos sinais dos tempos e preparado para enfrentar os

2 CECJ Caractersticas da Educao da Companhia de Jesus


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desafios da ps-modernidade, aprendendo a conviver com os avanos

tecnolgicos, sempre priorizando a pessoa em todas as suas dimenses.

O Colgio Santo Incio, como uma experincia de vida, educa crianas e

jovens no sentido de torn-los pessoas bem formadas na dimenso

acadmica e humana. Para isso, concretiza a ao pedaggica revestida do

Humanismo Social Cristo. A valorizao da pessoa, como sujeito, assegura a

sua unicidade, na relao com os outros, numa construo pessoal e coletiva,

capaz de compreender o significado da liberdade, na busca da excelncia

em toda a formao e experimenta os sentimentos, com atitude reflexiva

sobre o significado da vida, com decises bem discernidas para o

compromisso e a ao.

Os conhecimentos construdos e reconstrudos se integram a novos

conhecimentos e, dessa forma, a construo est sempre presente de forma

significativa e prazerosa.

O presente Projeto se respalda tambm na dimenso da transcendncia,

manifestando-se na ao salvfica de Deus, que convida homem e mulher a

participarem com Ele de seu amor pelo humano. A pessoa de Jesus Cristo o

paradigma para o servio da f na qual a justia essencial.

Lastreando em base to slida, decidimos rever o nosso PPP, o Projeto Poltico-

Pedaggico do Colgio Santo Incio. Foram assim registrados, atravs desse

instrumento, os Objetivos, o Processo, a Parceria com a Famlia, a Misso, a

Viso de Futuro e os Princpios da Instituio.

Com esses parmetros perfeitamente delineados, torna-se fcil estabelecer a

caminhada do Colgio Santo Incio nos anos vindouros, que permanecer fiel

aos princpios ticos, morais e cristos e, ao mesmo tempo, manter-se- atenta

evoluo tecnolgica, continuando a ser uma instituio educativa de

excelncia que contribua para a formao de novas geraes capazes de

exercer, na plenitude, a cidadania para a formao de uma sociedade mais

justa, fraterna e feliz.

A Direo


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2. Introduo: O processo de reconstruo do Projeto Poltico-Pedaggico do

Colgio Santo Incio

2.1. A ideia da reescrita do PPP:

O objetivo supremo da educao jesuta o desenvolvimento global da pessoa, que conduz ao inspirada pelo Esprito e a presena de Jesus Cristo, filho de Deus e Homens para os outros.

(Pedagogia Inaciana 12)3

Em 2010, o Colgio Santo Incio completou 50 anos de presena na cidade

de Fortaleza. Pensando nessa caminhada e antevendo os desafios que so

impostos pela sociedade contempornea, os educadores do Colgio Santo

Incio resolveram reescrever seu Projeto Poltico Pedaggico com a

participao de toda a comunidade inaciana.

O processo de definio dessa jornada teve incio em 2008 quando a direo,

reunida com a professora Maria Estrla Arajo Fernandes4, sob o comando do

P. Raimundo Kroth (in memoriam), resolveu contar com a sua assessoria numa

caminhada de dois anos, de forma que todos os momentos pudessem ser

vividos intensamente e com a marca de qualidade prpria e de todos os

outros colgios da Companhia de Jesus.

2.2. Como a ideia tomou forma concreta:

Ningum caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, a retocar o sonho, por causa do qual a gente se ps a caminhar.

(Paulo Freire5)

Nos ltimos anos, muitos estudos tm surgido sobre a importncia da

educao como condio para formar conscincias crticas e cidados

inseridos na sociedade. A educao, embora no d conta sozinha da

complexidade e dos desafios da humanidade, se tiver compromisso com o ser

3 Pedagogia Inaciana uma Proposta Prtica. Coleo Documenta SJ 12 4 edio. So Paulo: Loyola, 2009.

4 Mestra em educao. Professora da UFC e de vrias Faculdades do Estado do Cear. Assessora Educacional.

5 Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 So Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na rea da educao popular, voltada tanto para a escolarizao como para a formao da conscincia. considerado um dos pensadores mais notveis na histria da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crtica.


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humano, pode ajud-la a encontrar caminhos menos dolorosos e dramticos

que os atuais.

Para que a educao desenvolva um processo de formao humana

pluridimensional, exige-se que ela seja fonte de autorreflexo grupal e

institucional, e que suas aes direcionem-se com firmeza em funo de um

projeto claro de sociedade e de homens que se quer formar.

Mecanismos diversos tm sido experimentados para transformar a educao

nesse processo de reflexo-ao-reflexo. A eficcia, porm, desses

mecanismos depende essencialmente da Formao Continuada dos

Profissionais que fazem a escola, incluindo todos os gestores, equipe de apoio

pedaggico, professores e funcionrios. A transformao da essncia

pedaggica s se d atravs da ao unitria desses profissionais.

Muito se tem falado de Educao Continuada dos Educadores no Brasil,

principalmente nas ltimas dcadas. Entretanto, o que se observa so aes

pontuais, desconexas, sem uma continuidade temporal e temtica,

enfraquecendo seus resultados e cansando os educadores. Aes efmeras e

inconsequentes para uma transformao da prtica pedaggica.

Entende-se que se a formao continuada tiver um foco de unidade de

reflexes, no qual todos possam participar da mesma caminhada coletiva, a

escola fortalecer-se- como instituio que seguir uma linha pedaggica

definida e vivenciada.

O fio condutor dessa reflexo dever ser a Proposta Pedaggica ou o Projeto

Poltico-Pedaggico da escola, como processo de reflexo e sistematizao

de suas aes, de forma coletiva e consciente. a explicitao ou

ressignificao de sua identidade, de seus anseios, servindo como norte e

unidade para todas as aes ali desenvolvidas.

Em setembro de 2008, a Direo e a Coordenao Pedaggica do Colgio

Santo Incio manifestaram o desejo de vivenciar um processo de formao


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continuada, reflexivo e de qualificao tendo como foco a redefinio da

identidade do Colgio e a unidade de suas aes pedaggicas. Assim seria

superada a prtica de aes pontuais, implantando uma marca consistente

da ao pedaggica, atravs da reconstruo do seu Projeto Poltico-

Pedaggico.

A ideia de a escola ter um plano que unificasse suas aes e direcionasse seus

anseios remonta, no Brasil, ao Movimento da Escola Nova (1930/1960). Era o

chamado Plano Geral da Escola.

Hoje, no contexto da nova ordem mundial e da velocidade das

transformaes enfrentadas pela sociedade contempornea, esse plano, mais

pedaggico do que social, tomou uma conotao mais ampla, levado pelo

debate sobre a funo social da escola. Isso tem movimentado educadores,

pais, alunos e diversos segmentos organizados da sociedade civil, assim como

escolas, secretarias e outras instncias do sistema educacional, para a

construo dos seus Projetos Poltico-Pedaggicos. H uma conscincia de

que as mudanas no setor educacional dependem, fundamentalmente, da

vontade poltica dos diversos grupos que fazem a educao, em suas diversas

instncias. O Projeto Poltico-Pedaggico pode se tornar um instrumento de

transformao quando encarado como um repensar constante das prticas

educativas, de forma sistematizada e direcionada para a interveno e

mudana da realidade social.

A conotao apenas organizacional dada ao Projeto Poltico-Pedaggico,

pelo Movimento da Escola Nova, j est superada, pelo menos teoricamente,

pela dimenso poltica quando estabelece e d sentido ao compromisso da

escola com a formao do cidado e com a sua insero na transformao

da sociedade. A escola extrapola, portanto, a sua funo de mera

transmissora de conhecimento e lana-se numa ao social diretamente

relacionada formao do senso crtico dos sujeitos que a compem. O

Projeto Poltico-Pedaggico apresenta-se como instrumento de anlise das

prticas, buscando compreender as possibilidades de que o seu trabalho

dispe, rumo construo de uma escola verdadeiramente democrtica.


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A LDB (lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996) delegou aos profissionais da

escola a construo do seu Projeto Poltico-Pedaggico. Este foi um avano

que d legitimidade poltica aos educadores na construo do projeto de

suas escolas. Mas, no somente aos educadores. Outro avano registrado no

movimento social foi a ampliao da participao a todos os que compem

as instituies. Na escola, a todos os segmentos: gestores, professores,

funcionrios, alunos e pais. Da, a idia de o Projeto Poltico-Pedaggico ser

gestado, discutido e constantemente elaborado por todos os que fazem a

escola.

Portanto, o Projeto Poltico-Pedaggico da Escola, hoje, dever ter como

princpio bsico o processo de conscientizao e de exerccio da cidadania e

constituir-se um instrumento de recuperao da funo social da escola, de

forma democrtica e sistemtica.

Como o processo de formao aconteceu no Colgio Santo Incio:

Aps a deciso da Direo e Coordenao Pedaggica, foi contratada a

Prof. Maria Estrla Arajo Fernandes para assessorar o processo de

reconstruo do Projeto Poltico-Pedaggico. Sua funo seria de orientao,

articulao e organizao das idias coletadas e discutidas pela comunidade

educativa. A Assessoria trabalhou diretamente com dois grupos: um de

Articuladores Centrais, formado por representantes de cada segmento

Gestores, Coordenadores, Tcnicos educacionais, Professores e Funcionrios,

em torno de 12 pessoas. Esse grupo foi responsvel pela articulao e pelo

efeito multiplicador das reflexes na comunidade escolar e se reunia

quinzenalmente. O outro grupo foi constitudo por todos os profissionais de

educao do Colgio, compreendendo 03 gestores, 12 tcnicos

educacionais, 80 professores e 30 funcionrios, totalizando 125 pessoas. Esse

segundo grupo teve encontros mensais, como forma de socializao e

aprofundamento das questes, alm de encontros especficos por segmentos

ou nveis de ensino, quando necessrio.


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Nessa metodologia, a construo foi coletiva e, ao mesmo tempo em que ela

se fez, os envolvidos foram qualificados atravs de reflexes tericas e

orientaes sobre o processo de realimentao do Projeto Poltico-

Pedaggico Institucional. Foi, portanto, um processo concomitante de

reflexo, reviso, sistematizao e qualificao. Da a necessidade de sua

realizao ter compreendido um perodo mais longo pelo prprio sentido do

amadurecimento das ideias que exige tempo de assimilao, to necessrio

reflexo e construo coletivas.

A comunicao contnua entre Assessoria, Grupo de Articuladores, Professores

e Funcionrios foi intermediada por Gerda de Souza Holanda (Coordenadora

Pedaggica Geral) e Vera Lcia Moura Barreto (Assistente da Coordenao)

e se deu tambm, via on line, atravs de trocas de e-mails, ocasies em que

foram complementadas as orientaes e enviados os dados coletados e

revisados. As reflexes, portanto, estendiam-se alm das reunies e Encontros,

estabelecendo-se uma contnua criao do pensamento da comunidade

educativa. Nessa metodologia, os envolvidos foram qualificados, atravs de

reflexes tericas e orientaes tcnicas, num processo constante de

construo e qualificao.

Foram estabelecidos os seguintes princpios bsicos metodolgicos:

1. Superao da fragmentao da formao acadmica e da linha

institucional.

2. Busca de uma poltica clara de unificao das aes educativas do

Colgio.

3. Processo dinmico de ao e reflexo, extrapolando a simples

confeco de um documento.

4. Prtica social coletiva.

5. Respeito diversidade.

6. Coerncia interna e externa.

O processo e seus resultados:

A energia investida no processo de reconstruo do Projeto Poltico-

Pedaggico, que teve a durao de 02 anos e 1 ms (de janeiro de 2009 a

janeiro de 2011) e consistiu principalmente na realizao de:


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1. trinta e seis (36) Reunies de Articuladores.

2. vinte e um (21) Encontros Gerais com Professores e Funcionrios.

3. uma (01) reunio de pais sobre o Projeto.

4. trs (03) palestras com professores universitrios.

5. vrias reunies com grupos pequenos dos diversos nveis e segmentos.

Como resultado palpvel desse esforo, produziram-se:

1. Quatro Documentos-snteses, de carter mais interno:

Documento-sntese n 01 - Recuperando e Compreendendo a

Histria do Colgio Santo Incio;

Documento-sntese n 02 - Diagnstico: O Colgio Santo Incio que

temos;

Documento-sntese n 03 - O Colgio que estamos construindo:

Marco Referencial e Fundamentao Terico-prtica da educao

do Colgio Santo Incio;

Documento-sntese n 04 - Programao: Misso, Valores, Viso de

Futuro, Polticas Gerais, Objetivos Gerais e de cada nvel de ensino,

Princpios de Aes Pedaggicas, Indicadores de Excelncia

Inaciana e Plano de Metas Prioritrias.

2. O Documento Norteador.

3. Livro: Pedagogia do Discernimento reflexes sobre a Proposta

Pedaggica do Colgio Santo Incio, contendo vinte e um (21) textos

produzidos pelos educadores (internos e externos) sobre o Projeto

Poltico-Pedaggico do Colgio Santo Incio.

4. O Relatrio Final, composto por 02 (dois) volumes.

5. O Arquivo Eletrnico em 02 (dois) CDs.

As reunies dos Articuladores foram realizadas ao longo do Processo e tinham

a finalidade de planejar, avaliar e acompanhar todas as etapas,

principalmente, junto aos Educadores6.

Nos Encontros Gerais do PPP, alm das orientaes tcnicas, eram feitos

estudos de aprofundamento terico atravs de palestras com vrios

6 Todos os Profissionais do Colgio Santo Incio (gestores, professores e funcionrios) so considerados educadores.


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educadores e eram discutidos os contedos de cada documento em

elaborao.

Os Documentos foram produzidos atravs da seguinte metodologia:

1. Orientaes dadas pela Assessora nos Encontros Gerais do PPP;

2. Coleta de dados e discusso, geralmente por nvel de ensino;

3. Entrega dos dados para Assessora;

4. Elaborao da verso preliminar para discusso e reviso pelos

articuladores e educadores;

5. Entrega dos Documentos revisados para Assessora;

6. Elaborao da verso consolidada, revisada e legitimada pelos

articuladores.

Esse processo de reflexo e construo, realizado em um perodo mais longo,

trouxe a convico de que possvel envolver os profissionais de educao,

numa proposta coletiva consistente, quando h compromisso e seriedade dos

gestores e quando os profissionais so comprometidos com a proposta da

Escola.

A discusso do Projeto Poltico-Pedaggico favoreceu a unidade e

reorganizao das aes educativas. Mas no h dvida de que na

vivncia que esse projeto se completar. Para isso, necessrio que os

profissionais de educao do Colgio se apropriem cada vez mais da

fundamentao terico-prtica e a assumam como sujeitos da instituio.

O envolvimento de todos desencadeou uma reflexo coletiva contnua,

favorecida pela democratizao da gesto que incentivou e coordenou os

esforos individuais e coletivos.

O Projeto Poltico-Pedaggico tem a fora de organizar o trabalho

pedaggico da instituio como um todo, levando em considerao sua

relao com a comunidade e a realidade social mais ampla, interferindo

diretamente na definio das polticas de Educao. Esperamos que cada

um tenha se dado conta da importncia dos momentos vivenciados nos


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encontros, nos momentos do debate, na elaborao dos documentos, nos

embates, nos consensos, no exerccio do dilogo, na luta pela vivncia da

participao, que reconhecemos ser difcil diante do ativismo escolar, e de

uma cultura que teima em resistir aos novos paradigmas da educao.

Hoje, com o processo concludo, h uma certeza de que o sucesso da

caminhada fruto de uma conjuntura de fatores internos e externos. No

mbito externo, foi relevante o contexto nacional da atualidade, que exige

um envolvimento maior com a qualidade da educao, visto que a rapidez, a

quantidade e a velocidade de informaes requerem dos educadores e das

instituies educacionais capacidade de adaptao e de transformao,

para poderem discernir entre o que realmente meta de excelncia e o que

a mdia e o mercado competitivo lanam como tal.

No contexto interno, surgem as necessidades da Provncia do Brasil Nordeste

da Companhia de Jesus e as necessidades do prprio colgio. Em relao

provncia, foi decisiva a definio das aes a serem implementadas pelo

setor Colgio, explicitadas no Plano de Ao Apostlica para o trinio 2008

2010 que destacava, como uma ao imediata, a definio de um ncleo

comum do Projeto Poltico Pedaggico dos colgios Santo Incio (Fortaleza),

So Francisco de Sales (Teresina) e Antnio Vieira (Salvador), com o objetivo

de consolidar a identidade comum desses colgios.

Em relao s necessidades especficas do Colgio Santo Incio, so

destaques:

Retomar com todos os membros da comunidade escolar a verdadeira

inspirao da pedagogia inaciana a espiritualidade inaciana, aliada

ao desejo de Santo Incio de formar jovens para que sejam bons

cidados, trabalhadores competentes, pessoas capazes de liderar

aes de mudana na sociedade.

Rever a pedagogia inaciana luz do contexto educacional da

atualidade, fazendo um link com tericos que contriburam

significativamente no campo educacional e que podem agregar

valores aos princpios pedaggicos da Companhia de Jesus.


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Aprimorar o dilogo entre os diversos nveis e setores do Colgio, com

vistas realizao de um trabalho mais conjunto, mantendo a unidade

de ao entre todos e a confirmao da identidade da instituio, pois

como j dizia to sabiamente Santo Incio, no h aprendizagem sem

que os afetos estejam implicados.

Aprofundar a formao dos educadores, animando-os a buscar a

excelncia, a no se contentarem com a mediocridade, a darem o

melhor de si em todas as coisas.

Com total cincia dessas necessidades, o projeto de trabalho foi construdo e

aprovado pela comunidade. Hoje, passados dois anos do incio de nossas

tarefas, verifica-se o crescimento profissional do grupo e a instituio se tornou

mais forte, pois teve toda a sua histria reconstruda, seus valores renovados e

sua estruturao para o futuro definida.

com muita alegria que se apresenta comunidade escolar o resultado de

mais de 2 (dois) anos de trabalho, envolvendo pesquisas, estudos, encontros e

discusses. Os educadores do Colgio Santo Incio chegam definio do

que acreditam ser essencial para a educao dos seus alunos. Agora, os

sonhos, ideais e objetivos j no pertencem somente a eles. Ao divulgarmos o

Documento Norteador do Projeto Poltico-Pedaggico, somam-se foras com

outros educadores, alunos, famlias e comunidade local, estendendo as

responsabilidades para que, juntos, possam multiplicar esforos na

concretizao dos objetivos que foram propostos.

um documento que reflete a realidade do Colgio Santo Incio: o ambiente

institucional, o que se entende por educao, a Escola que est sendo

construda, os alunos que esto sendo formados, os educadores que devem

ter, e as aes necessrias para construir esse sonho. Como um documento

para ser vivido e trabalhado no dia-a-dia da Escola passvel de reviso,

acrscimos e enriquecimentos. Assim, seus resultados dependero muito do

empenho e do compromisso de cada um, que passa a ser corresponsvel

pela sua concretizao no cotidiano do Colgio.


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O desejo que este PROJETO esteja presente sempre e, mesmo diante das

dificuldades, tenha-se o propsito firme de vivenci-lo, tentando encontrar

sadas corajosas e ousadas para vencer os desafios que por certo viro, j que

a educao no vive fora da complexidade do mundo moderno em que se

encontra inserida e da qual faz parte, e tem uma funo social explcita de

transform-la em favor da emancipao e igualdade humanas.

Maria Estrla Arajo Fernandes

Assessora do Processo de Formao Continuada dos Profissionais do Colgio

Santo Incio (2009-2011)

Gerda de Souza Holanda

Diretora Pedaggica do Colgio Santo Incio


21

3. Recuperando e Compreendendo a Histria do Colgio Santo

Incio

A educao inaciana vem produzindo seus efeitos mediante uma educao evangelizadora que hoje se atualiza como uma pedagogia inspirada na espiritualidade inaciana e na extensa experincia educativa da Companhia de Jesus, ao longo desses cinco sculos que tem no magis ser mais e melhor naquilo que nos aproxima de Deus fonte de inspirao, referncia maior e critrio para avaliar como cada colgio responde aos problemas de seu tempo e do espao que ocupa.

Ceclia Osowski7

Pg 3.1. Um pouco de histria: da Pr-escola Apostlica Nossa Senhora

de Ftima ao Colgio Santo Incio................................................ 22

7 Ceclia Osowski. Filsofa. Doutora em Educao, professora da UFRGS.


22

3.1. Um pouco de histria: da Pr-escola Apostlica Nossa Senhora de

Ftima ao Colgio Santo Incio:

Gerda de Souza Holanda8

Nossa histria a histria das nossas relaes. Toda relao, independente da sua intensidade, deixa marcas e cada nova relao imprime novas marcas que interagem com as marcas anteriores. Dessa forma, as relaes se tornam nicas, pois deixam marcas diferentes em cada pessoa.

Fbio Delano Vidal Carneiro9

Mais de cinco sculos nos separam do nascimento de Incio de Loyola,

fundador da Companhia de Jesus. A experincia de Incio foi a fonte

inspiradora do projeto educativo que se expandiu pelo mundo desde 1548,

quando foi fundado o primeiro colgio jesuta em Messina e encontra-se

presente nas instituies educacionais da Companhia at nossos dias.

Para Incio, no bastava formar bons sacerdotes, era necessrio tambm

formar bons cidados, trabalhadores competentes, pessoas capazes de

liderar aes de mudana. Para vencer tal desafio, encontrou na educao o

meio de dialogar com a cultura da poca e servir melhor a Deus, pois podia

trabalhar com jovens que ainda no estavam to contaminados pelas

influncias que a sociedade da poca podia ter sobre eles.

Hoje, a Companhia de Jesus est presente em vrios pases do mundo, com

mais de 3.000 instituies de ensino, que apresentam uma identidade prpria,

construda a partir de um projeto original: a Ratio Studiorum (primeiro

documento pedaggico da Ordem), que foi redimensionado e adaptado s

mudanas da sociedade ao longo da histria, como mostra o resultado da 25

Congregao Geral (1906). A Companhia, atravs dessa congregao,

reconhece a ampla diversidade de legislaes educacionais e autoriza cada

provncia a elaborar o seu plano de estudos, mantendo intactos os princpios

educativos da Ordem e combinando-os com mtodos mais modernos, de

forma a manter a excelncia.

8 Coordenadora do Ncleo de Gesto Pedaggica (NGP) do CSI. 9 Professor da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Coordenador de Desenvolvimento Institucional e do Ensino Fundamental I do C7S.


23

Ainda nesse processo de redimensionamento e adaptao, a Companhia

marca, na 31 Congregao Geral (1965), a abertura e renovao de suas

instituies educativas e exorta os colgios a serem agentes de transformao

e mudana social.

nesse contexto que situamos a fundao do Colgio Santo Incio em 1953,

na sacristia da Igreja Cristo Rei, como uma pequena escola, com o nome de

Pr-escola Apostlica Nossa Senhora de Ftima, uma iniciativa do P. Monteiro

da Cruz SJ, assessorado por um grupo de educadores leigos.

Em 1956, em funo do aumento do nmero de alunos, a pr-escola passou a

ser chamada Externato Cristo Rei, trabalhando em regime de semi-internato.

Com a boa reputao do ensino e a crescente procura de alunos, o externato

continuou a crescer e passou a oferecer o ensino ginasial, com o nome de

Ginsio Cristo Rei. O crescimento no parou e foi necessrio um espao maior

para a ampliao do ginsio.

No dia 1 de maro de 1960, foi lanada a pedra fundamental do Colgio

Santo Incio no local onde hoje se encontra situado; no entanto, a mudana

das turmas s aconteceu dois anos depois, com a instalao gradual das

sries. O funcionamento integral do Colgio, com todas as sries, se deu 9

anos depois, em 1971.

Na histria do Colgio, alm de seu fundador, foram diretores os jesutas: P.

Gerardo da Silveira S (in memorian), P. Jos Correia (in memorian), P. Pedro

Alberto Campo, P. Antonio Farias Camura (in memorian), P. Luciano (in

memorian), P. Pedro Vicente Ferreira, P. Manuel Madruga, P. Benjamin

Gesteira, P. Jos Ivan Dias, P. Antnio Tabosa e P. Raimundo Kroth. Atualmente,

o P. Ponciano Petri o diretor geral.

Todos os diretores que passaram pelo Santo Incio deixaram suas marcas e

colaboraram com uma das obras educativas da Companhia de Jesus, o

Colgio Santo Incio. Dentre essas marcas, destaca-se a fundao do Curso

Noturno, por iniciativa do P. Jos Correia SJ, que tinha por objetivo atender a


24

jovens trabalhadores vindos, em sua maioria do interior do Estado, que

desejavam prosseguir seus estudos. Foi assim que, em 1969, comeou a

funcionar esse turno com uma turma de 5 srie e que, at hoje, testemunha o

compromisso da Companhia de Jesus pela educao e promoo social e

humana. Atualmente, o curso noturno atende alunos trabalhadores que

cursam o ensino fundamental e mdio.

Na dcada de 1990, destaca-se o investimento da direo do Colgio em

dois projetos de vital importncia:

O Projeto de Formao Continuada, uma outra marca forte do Colgio,

cujo objetivo o desenvolvimento mais amplo possvel de todas as

dimenses da pessoa, ligado ao desenvolvimento dos valores e de um

compromisso com o servio aos outros. Por ser a escola inaciana um

espao de vivncia plena desses pressupostos e de inovao por

excelncia, todo profissional nela inserido precisa ter seu repertrio de

habilidades e competncias permanentemente revisto. Esse processo,

iniciado h mais de 10 anos, continua se consolidando ao longo da

histria do Colgio.

A construo da primeira verso do Projeto Poltico Pedaggico, que

trouxe mais solidez ao trabalho desenvolvido no Colgio. Essa

construo se deu com a participao de representantes dos diversos

segmentos e representou um momento forte de reflexo coletiva da

comunidade.

Hoje, comemorando seu cinquentenrio, o Colgio Santo Incio vivencia um

esforo permanente de atualizao, norteado pelos documentos mais

recentes da Companhia: as Caractersticas da Educao da Companhia de

Jesus CECJ, que se constituem numa atualizao dos princpios pedaggicos

da Companhia e o documento Pedagogia Inaciana uma proposta prtica,

que traz a operacionalizao das caractersticas.

Nesse esforo de atualizao tambm tem investido na reconstruo do

Projeto Poltico-Pedaggico e na formao continuada dos educadores, com


25

foco na educao inclusiva e na insero de novas tecnologias visando

qualificar o trabalho pedaggico.

importante frisar que o Santo Incio tem desenvolvido, ao longo de sua

existncia, um trabalho educativo de excelncia, com exerccio da tica, da

justia, da solidariedade e tem contribudo, ao longo de sua histria, para a

formao de muitas conscincias, de inmeras lideranas civis, militares e

religiosas, como tambm, a orientao a muitas famlias cearenses, num

contexto que envolve quase 500 anos de histria da Companhia de Jesus,

com a presena em mais de 100 pases e com mais de 3.000 colgios no

mundo. Marcas que so insuperveis na histria educacional mundial.


26

4. Diagnstico: O Colgio Santo Incio que temos

Incio e seus companheiros tomavam suas decises com base em um processo permanente de discernimento pessoal e comunitrio, sempre feito num contexto de orao. Mediante a reflexo sobre os resultados de suas atividades, feita em orao, os companheiros revisavam as decises anteriores e introduziam adaptaes em seus mtodos, numa busca constante do maior servio de Deus (magis). 10

Pg 4.1. O processo de coleta de dados sobre o Diagnstico do

Colgio Santo Incio........................................................................ 27

4.2. O que o Diagnstico do Colgio Santo Incio nos

revela.................................................................................................... 30

10 Coleo Documental S.J. Caractersticas da Educao da Companhia de Jesus. So Paulo. Edies Loyola, 1989. P. 73.


27

4.1. O processo de coleta de dados sobre o Diagnstico do Colgio Santo

Incio

Hoje hoje com o peso de todo tempo ido, com as asas de tudo o que ser amanh

(.Pablo Neruda Soneto LXXVII Cem Sonetos)11

A segunda etapa do processo de reconstruo do Projeto Poltico-

Pedaggico do CSI compreendeu a elaborao do Diagnstico atualizado

da prtica educacional do Colgio, para que fosse feita a visualizao

coletiva da Escola que temos. A qualidade do seu projeto pedaggico

depende muito da viso da comunidade escolar. Um bom diagnstico meio

caminho andado para uma boa proposta.

Essa etapa foi dividida em trs momentos:

1 Momento: Viso sincrtica sobre as principais questes da educao

brasileira e o sentido geral do diagnstico no PPP

Foi realizada, no dia 16 de maio de 2009, no 4 Encontro Geral de Educadores,

uma palestra, com posterior debate, sobre: As grandes questes atuais da

realidade educacional brasileira que esto influenciando na educao do

Colgio Santo Incio proferida pelo Prof. Marco Aurlio de Patrcio Ribeiro12. O

debate aconteceu atravs de uma mesa-redonda, com a participao de

representantes de cada segmento da escola:

Diretor: P. Raimundo Kroth.

Professor: Leonardo Ribeiro Rebouas professor de Histria do Ensino

Fundamental II e do Curso Noturno.

Funcionrio: Carlos Jos da Silva chefe do almoxarifado.

Aluna: Ana Clara Alencar aluna do 1 Ano do Ensino Mdio.

Me: Nazar Sampaio me da aluna Beatriz Isabele e do aluno Victor

Clayton.

No dia 26 de junho de 2009, por ocasio do 5 Encontro Geral, foi discutido o

significado do diagnstico na construo do PPP e dada a orientao 11 Pablo Neruda nasceu em Parral em 12 de Julho de 1904 Santiago e morreu em 23 de Setembro de 1973. Foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da lngua castelhana do sculo XX e cnsul do Chile na Espanha (1934-1938) e no Mxico.

12 Psiclogo, mestre em Educao, Administrao e Comunicao, professor do Curso de Pedagogia e Administrao da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Na ocasio, gestor estratgico no Colgio Santo Incio. O texto da palestra encontra-se no anexo 7.2 do Documento-sntese n 02 do PPP e no Livro: Pedagogia do Discernimento: reflexes sobre a Proposta Pedaggica do Colgio Santo Incio.


28

metodolgica para a coleta de dados, pela assessora Maria Estrla Arajo

Fernandes.

2 Momento: Coleta e anlise dos dados

A coleta de dados para o Diagnstico do Colgio Santo Incio foi feita por

segmentos, atravs de grupos diferenciados, a saber:

Gestores: todos participaram.

Funcionrios: todos participaram.

Professores: por nveis de ensino constituindo 5 grupos: Ed. Infantil, Fund. I,

Fund. II, Ensino Mdio e Ensino Noturno.

Pais: um grupo de representantes, por nvel de ensino, totalizando 9 pais.

Alunos:

Ed. Infantil e Fund. I todos os alunos atravs de desenhos e palavras;

Fund. II e Ensino Mdio grupo de lderes.

As categorias escolhidas para o mapa do Diagnstico foram:

Pontos Fortes.

Pontos de Estrangulamento.

Principais Necessidades.

Nas dimenses:

1. Dimenso Fsico-estrutural:

1.1. Instalaes (construes, reformas, manuteno);

1.2. Equipamentos (aquisio, manuteno, uso);

1.3. Recursos diversos (aquisio, manuteno, uso).

2. Dimenso Pedaggica:

2.1. Proposta pedaggica Inaciana (conhecimento, prtica,

atualizao);

2.2. Prtica curricular (planejamento, contedo, metodologia das aulas,

avaliao, projetos);

2.3. Postura dos educadores e educandos (fidelidade proposta da

escola, responsabilidade, ambiente educativo);

2.4. Formao Continuada (plano e execuo);

2.5. Condies de trabalho (nvel de satisfao de profissionais e alunos);


29

2.6. Resultado da aprendizagem dos alunos.

3. Dimenso Administrativa:

3.1. Gestores (postura, competncia tcnica, humana e poltica);

3.2. Servios (desempenho e qualificao);

3.3. Colegiados (ncleo de coordenaes e colegiados dos vrios

segmentos: existncia, desempenho e influncia na escola);

3.4. Normas e disciplina (regimento: nvel de conscientizao,

atualizao, efeitos).

4. Dimenso Relacional:

4.1. Relaes internas (vrios segmentos e servios: clima de

compromisso, auto-estima e integrao, sistema de comunicao e

marketing internos);

4.2. Relaes externas (escola-famlia, marketing externo, imagem

institucional e responsabilidade social).

4.3. Relaes interinstitucionais (com outras escolas da Provncia ou fora

delas: Secretaria de Educao do Estado e Conselho de Educao,

Universidades e Faculdades, Instituies Culturais, AEC Associao

de Escolas Catlicas e SINEP Sindicato das Escolas Particulares).

Os dados foram coletados em todos os grupos atravs de um mapa,

contendo todas as dimenses e categorias.

3 Momento: Sntese cruzamento e socializao dos dados

O cruzamento dos dados foi feito pela assessora, em trs instrumentos:

1. Quadro geral com todas as respostas dos segmentos.

2. Quadro dos 5 (cinco) elementos de maior frequncia em cada

dimenso e categoria.

3. Quadro-sntese dos aspectos prioritrios das dimenses (pontos fortes,

pontos de estrangulamento, principais necessidades)13.

A socializao dos dados aconteceu nos dias 22 de agosto de 2009 (6

Encontro Geral) e 12 de setembro de 2009 (7 Encontro Geral) ocasio em

13 Todos esses quadros e concluses encontram-se no Documento-sntese do PPP n 02 Diagnstico.


30

que os participantes tomaram conhecimento e analisaram os resultados,

apresentando comentrios e concluses.

Ao final, a assessora Maria Estrla Arajo Fernandes apresentou as concluses

gerais sobre O que o Diagnstico do Colgio Santo Incio nos revela.

A organizao do documento-sntese n 02 Diagnstico, foi feita pela

assessora, reunindo os dados coletados, sistematizados e analisados pelos

articuladores, legitimados no quadro-sntese das principais necessidades.

Essa etapa, apesar das dificuldades encontradas pelo grupo, principalmente

pelo acmulo de tarefas cotidianas, foi de fundamental importncia para os

profissionais descobrirem que diagnstico no um momento, mas uma

mudana de postura.

O diagnstico permitiu uma visualizao das principais necessidades do

Colgio, atravs de um levantamento coletivo do que est dando certo, do

que j foi construdo positivamente, dos pontos de estrangulamento ou ns

crticos que precisam ser trabalhados e superados e de suas necessidades

prioritrias. Temos conscincia de que um diagnstico bem feito

fundamental para a projeo do Colgio que queremos e precisamos

construir.

4.2. O que o Diagnstico do Colgio Santo Incio nos revela

O Diagnstico o momento da construo do Projeto Poltico-Pedaggico

que permite um debruar sobre a realidade atual da Instituio como um

todo, atravs de um levantamento de dados. Esse levantamento tem a

funo inicial de apontar os elementos vistos pela comunidade educativa sem

o teor de que so verdadeiros ou no. Para essa definio necessrio fazer

uma anlise discernindo os aspetos que devero ser levados em considerao

para a validade dos dados. Atravs das quatro dimenses categorizadas,

foram feitas sistematizao e anlise dos aspetos prioritrios. Assim pode-se

apontar como revelaes dos dados coletados:


31

1. A coleta de dados no representa, portanto, a verdade absoluta.

resultado de vrios olhares. a anlise que vai dar sentido,

contextualizando e estabelecendo as prioridades do Colgio.

2. Embora aparentemente alguns dados paream contraditrios, pois

constam ao mesmo tempo como pontos fortes e pontos de

estrangulamento, isto se deve a:

Diversidade de olhares diante de uma mesma realidade, os atores

podem ter percepes diferenciadas e at opostas, dependendo

dos seus referenciais e das suas expectativas;

Realidade diferenciada dos segmentos, principalmente em relao

ao aspeto fsico-estrutural, clientela e nveis de ensino.

3. Os dados foram respondidos pelos grupos dos diversos segmentos, de

forma fragmentada, decorrente de exploso de ideias. Para melhor

visualizao dos mesmos, foram feitos agrupamentos em aspetos

maiores, permitindo uma viso de totalidade e de relaes.

4. A explicitao dos pontos fortes permite que a comunidade educativa

tome conscincia dos potenciais institucionais e das construes j

realizadas que esto dando certo, podendo ser continuadas e

ampliadas.

5. O conhecimento dos pontos de estrangulamento permite visualizar um

mapa de aspetos que precisam ser trabalhados, nas suas diversas

dimenses. A grande importncia desse mapeamento que ele foi feito

coletivamente, resultado de percepes e sentimentos dos vrios

segmentos e, por isso mesmo, devero ser levados em considerao.

6. Tomando conhecimento das principais necessidades, foi possvel montar

um plano de prioridades de ao nas vrias dimenses. Na etapa de

Programao do PPP, o mapa de necessidades ser retomado como

ponto de partida para o detalhamento dos planos nas dimenses fsico-

estrutural, administrativa, pedaggica e relacional.


32

7. Para uma anlise mais profunda deste diagnstico, necessrio que os

segmentos, principalmente os gestores do Colgio Santo Incio,

debrucem-se no detalhamento dos quadros produzidos como ponto de

partida para o planejamento das prximas aes.

O Diagnstico a base da Construo do Projeto Poltico-Pedaggico. Sem

ele, construdo e explicitado coletivamente, h perigo das ingerncias

subjetivas e de poder, bastante perigosas para as realidades institucionais.

Sntese:

O Diagnstico revela que o Colgio Santo Incio uma instituio madura,

ciente e consciente de suas qualidades e necessidades, aberta s mudanas,

objetivando uma educao que integre formao acadmica e humana.


33

5. Marco Referencial: A Escola que queremos e precisamos construir

A Pedagogia Inaciana acredita profundamente no exerccio da liberdade, sobretudo no discernimento daquele que o sujeito, o que supe uma abertura mais do que uma certeza, um tatear do desconhecido mais do que a execuo de um programa com resultados assegurados.

Kolvenbach, SJ14

O Marco Referencial composto de trs grandes partes:

Marco Situacional (onde estamos, como vemos a realidade);

Marco Doutrinal ou Filosfico (para onde queremos ir);

Marco Operativo (que horizonte queremos para nossa ao).

Pg

5.1. Marcos: 5.1.1. Situacional............................................................................

5.1.2. Doutrinal..................................................................................

34 37

5.1.3. Operativo................................................................................ 39 5.2. Fundamentos: 5.2.1. tico-polticos......................................................................... 5.2.2. Epistemolgicos....................................................................

39 42

5.2.3. Didtico-pedaggicos......................................................... 44 5.3. A Pedagogia Inaciana e o diferencial do Colgio Santo

Incio.................................................................................................

47

14 Peter Hans Kolvenbach nasceu Druten , Pases Baixos 30 de novembro de 1928. Foi o Superior Geral da Companhia de Jesus.


34

5.1. Marcos:

5.1.1. Situacional

O nico caminho para pensar o futuro parece ser a utopia. E por utopia entendo a explorao, atravs da imaginao, de novas possibilidades humanas e novas formas de vontade, e a oposio da imaginao necessidade do que existe, s porque existe, em nome de algo radicalmente melhor por que vale a pena lutar e a que a humanidade tem direito.

Boaventura Santos15

um olhar do grupo que planeja sobre a realidade em geral: como a v,

quais seus traos mais marcantes, os sinais de vida e de morte. , portanto, o

momento de situar a realidade mais ampla, na qual a instituio est inserida

para mostrar o pano de fundo, os elementos estruturais que condicionam a

instituio, numa viso de contextualizao (onde estamos, como vemos a

realidade? Qual a situao scio-poltico-econmica da sociedade brasileira

atual?).

a) A sociedade em que estamos inseridos16:

Contexto:

Os educadores das instituies educativas da Companhia de Jesus

trabalham em um contexto prprio, com caractersticas peculiares.

Simultaneamente, todos partilhamos um contexto mais global que

condiciona todos os pases latino-americanos, apresentando-nos

desafios comuns.

A maioria dos Projetos Educativos de nossas Provncias, Federaes,

Associaes e instituies educativas manifestam, como principais

desafios na Amrica Latina:

a) A grave desigualdade social e de distribuio dos meios de

produo e da riqueza, com enormes contrastes entre

desenvolvimento cientfico e tecnolgico que possibilita uma

cultura do bem-estar nunca vista e d origem a um mundo

interconectado e global, acessvel a um nmero reduzido de

pessoas que se beneficia desses avanos.

b) O aumento alarmante da violncia e da crueldade.

15 SANTOS, B. A crtica da razo indolente. Contra o desperdcio da experincia. So Paulo: Cortez, 2000. 16 Texto retirado do Documento: Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na Amrica Latina (PEC) 2005 tpico III Contexto Pp. 11.12.


35

c) O crescimento da corrupo e da desonestidade, sobretudo no

desprestigiado mbito da poltica e da administrao pblica,

que demandam uma especial ateno da educao tica e

poltica.

d) A destruio do meio ambiente e o risco de um desenvolvimento

no sustentvel.

e) A crise de valores, em um ambiente propcio para a indiferena

valorativa, na qual prevalecem a liberdade individualista, o

pragmatismo utilitarista e o hedonismo.

f) Os mltiplos pluralismos e a mistura da diversidade cultural

derivada do crescente movimento de migraes e a influncia

das culturas estrangeiras, ao mesmo tempo em que se

constatam as dificuldades de dilogo com o diferente, o

racismo, o sexismo, a discriminao cultural e as diversas formas

de violao dos direitos humanos.

g) O novo tecido social e a reestruturao cultural, nos quais so

reformulados os significados e as estruturas de instituies sociais

fundamentais como a famlia, a escola, a Igreja e o Estado.

h) A sociedade da informao, na qual os meios e as tecnologias

da informao e da comunicao (TIC) pem em jogo novas

linguagens, aptas para difundir valores, e propiciam espaos

virtuais de construo de identidades pessoais e sociais.

i) A hegemonia do sistema neoliberal e o imprio do mercado,

orientam, quase exclusivamente, inclusive a educao, para a

rentabilidade, a eficcia, a ganncia e o consumismo, em uma

racionalidade econmica que reduz a grandeza e a dignidade

do homem e da mulher, e os valoriza segundo sua capacidade

de gerar uma renda monetria.

j) A crescente dificuldade de governabilidade e o

enfraquecimento do Estado de Direito.


36

Sntese:

A comunidade educativa do Colgio Santo Incio tem conscincia

de que a sociedade contempornea est vivendo um clima geral

de insatisfao humana. Como ela no homognea e sim,

contraditria e diversa, exatamente nessa contradio que

haver espao para a transformao.

b) A educao das instituies educativas da Companhia de Jesus nessa

sociedade17:

O mundo contemporneo nesse momento da histria denominado ora de sociedade ps-moderna, ps-industrial ou ps-mercantil, ora de modernidade tardia est marcado pelas rpidas transformaes no mercado de trabalho, avanos na comunicao e na informtica configurando a sociedade virtual e, por outras tantas transformaes tecnolgicas e cientficas que intervm nas vrias esferas da vida social, provocando mudanas econmicas, sociais, polticas, culturais, afetando, tambm, as escolas e o exerccio profissional da docncia.

(Libneo, 2006)18.

Sntese:

As instituies educativas da Companhia de Jesus inseridas numa

sociedade de mudanas rpidas, massificada pelo fluxo de informaes

muitas vezes enganosas, necessitam de uma mudana de viso, de

mentalidade, de atitudes e comportamentos para integrar-se no cenrio

global latino-americano, organizando-se e comunicando-se em rede,

para partilhar recursos, comunicar experincias e assumir como um nico

corpo apostlico a co-responsabilidade interprovincial e internacional19.

17 Id, ibdem p. 12. 18 LIBNEO, J.C. Adeus professor, adeus professora. Novas exigncias profissionais e profisso docente. 7 ed. SP, Cortez, 2003.

19 Documento: Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na Amrica Latina (PEC) 2005 tpico III Contexto Pp. 12-13.


37

5.1.2. Doutrinal:

O Marco Doutrinal (ou filosfico) corresponde direo, ao horizonte, ao ideal geral da instituio (realidade global desejada). a proposta de sociedade, pessoa e educao que o grupo assume. Aqui so expressas as grandes opes do grupo (utopia fim). Contm os critrios gerais de orientao da instituio.

Celso Vasconcellos20

Duas questes nos orientam para o Marco Doutrinal:

A sociedade que queremos e necessitamos construir.

A educao que assumimos.

a) A sociedade que o Colgio Santo Incio busca construir:

Sntese

O Colgio Santo Incio colabora com a construo de uma sociedade

inclusiva, democrtica, plural e justa; ecologicamente sustentvel;

humanizada, humanizadora e solidria; pacfica, tica e altrusta; combativa e

mobilizada em relao superao da violncia, pobreza e mazelas sociais;

consciente, conscientizadora e reflexiva, capaz de olhar alm fronteiras

nacionais e de inteirar-se do significado das rupturas e dos novos modelos de

vida.

b) A educao que o Colgio Santo Incio assume:

Sntese

O Colgio Santo Incio assume uma educao voltada para a competente

formao humana e acadmica, como forma de justia ao direito dos alunos

aquisio do conhecimento tcnico-cientfico, humano e poltico-social,

preparando-os para a cidadania crist. Oferece uma educao que prioriza a

autonomia e desenvolve uma tica que respeita a dignidade de cada ser e

torna possvel a liberdade, a convivncia democrtica e pacfica e o respeito

aos direitos humanos21.

20 VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo. 2 edio, So Paulo: Libertad, 1995.

21 Documento: Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na Amrica Latina (PEC) 2005 tpico IV 2 Comunidade Educativa p. 14.


38

5.1.3. Operativo:

O Marco Operativo expressa o ideal especfico da instituio. a proposta dos critrios de ao para os diversos aspectos relevantes da instituio, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos ser (utopia meio).

Celso Vasconcellos22 O Marco Operativo deve ser entendido como opo em relao ao campo

de ao. Assim sendo, foram elaboradas questes sobre as quais a

Comunidade Educativa do Colgio Santo Incio refletiu e, depois,

sistematizou. Tais questes esto relacionadas:

Aos alunos que formamos (perfil do aluno).

Ao colgio que temos para formar esse aluno.

Aos profissionais de educao (diretores, coordenadores, professores e

funcionrios), de que o Colgio Santo Incio dispe (perfil dos

educadores).

Ao que esperamos dos pais do Colgio Santo Incio.

a) Alunos que o Colgio Santo Incio forma:

Sntese

Os alunos que o Colgio Santo Incio forma so: ntegros, criativos e

questionadores, com slida formao tica e moral, socialmente engajados,

politicamente esclarecidos, conscientes do contexto mundial e aptos

academicamente para ingressar em universidades com excelncia e

desenvolver-se com competncia no mundo de trabalho.

b) Colgio Santo Incio que existe para formar esse aluno:

Sntese

O Santo Incio um Colgio que vivencia a pedagogia inaciana com toda

sua comunidade educativa, atravs de processos educativos personalizados

que apontam para a formao e capacitao para o trabalho, para a

convivncia democrtica, para a mudana e o desenvolvimento social e

para a formao tica e religiosa, com excelncia humana e alto nvel

acadmico.23

22 VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento. Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo. 2 edio. So Paulo, Libertad, 1995. 23 Adaptado do Documento: Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na Amrica Latina (PEC) 2005 tpico IV. 6 Processos educativos. p. 18.


39

c) Profissionais de educao de que o Colgio Santo Incio dispe:

Sntese

O Colgio Santo Incio dispe de profissionais capacitados, motivados e

comprometidos com a educao, segundo os parmetros da filosofia

inaciana. Mantm projetos pessoais de aperfeioamento contnuo; exercem,

com esmero e alegria, seu papel de educadores e esto sempre atualizados e

empenhados na reflexo sobre o seu papel diante dos desafios da sociedade

atual.

d) O que se espera dos pais do Colgio Santo Incio:

Sntese

O Santo Incio precisa de pais que acreditem no projeto do Colgio,

compreendam seus objetivos e sua forma de atuar; estejam comprometidos

com o seu papel, atuando na rotina dos filhos dentro e fora da escola; e

mantenham dilogo aberto e franco com os educadores, fortificando o lao

de confiana entre a instituio e a famlia.

5.2. Fundamentos:

5.2.1. tico-Polticos24:

"A pedagogia, arte e cincia de ensinar, no pode ser reduzida a mera metodologia: ela inclui uma perspectiva do mundo e uma viso de pessoa humana ideal que se pretende formar"

Pedagogia Inaciana uma proposta prtica, N 11.

O Colgio Santo Incio uma das Instituies da Companhia de Jesus, que

assume uma educao voltada para a competente formao humana e

acadmica, como forma de justia ao direito dos alunos aquisio do

conhecimento tcnico-cientfico, humano e polticossocial, preparando-os

para a cidadania crist. Uma educao que prioriza a autonomia e a tica.

24 O conceito de tica que nos direciona o elaborado por Pe. Manfredo de Oliveira quando diz: ... a tica caracteriza um ser que no apenas vive, mas, que pergunta pelo sentido de tudo e portanto pelo sentido de sua vida, pela razo de ser de suas aes. IN: tica em trs Dimenses. Fortaleza: Brasil Tropical, 2000 p.7.


40

Para fortalecer essa identidade e realizar essa misso, o Colgio Santo Incio

se prope a:

a) Construir um novo sujeito apostlico, integrado por educadores jesutas,

leigos, religiosos e sacerdotes que se formam e trabalham juntos,

partilhando uma mesma misso.

b) Educar de forma coerente com a espiritualidade e a viso inaciana de

Deus, do ser humano, do mundo e da sociedade para facilitar a resposta

pessoal ao amor Divino.

c) Articular f e justia, assumindo, com maior vigor, a opo preferencial

pelos pobres.

d) Formar homens e mulheres para os demais e com os demais.

e) Fazer leitura permanente do contexto social, poltico, econmico,

educacional, religioso, visando a desenvolver uma educao que

responda aos desafios encontrados dentro dos paradigmas cristos.

f) Desenvolver e enriquecer, atravs do currculo, o dilogo entre f e

cultura, f e cincia, f e razo.

O Colgio Santo Incio, em interao com a comunidade social de seu

entorno, organiza-se como instituio acadmica e comunidade educativa

integrada por todos os atores de seu cenrio: jesutas, religiosos, sacerdotes e

leigos (educadores e famlias), que so corresponsveis pela educao de

todos: crianas, jovens e adultos.

Consciente da rica tradio pedaggica que lhe foi confiada, a comunidade

do Santo Incio sente-se responsvel por oferecer a este mundo uma

instituio educativa que explicita, como parte integrante de sua misso, a

atitude e as estratgias necessrias para expressar seu compromisso com o

aperfeioamento das polticas e prticas da educao, tanto de gesto

popular como privada. Seus educadores so conscientes de que no podem

isolar-se, nem eximir-se das responsabilidades sociais e da construo da

histria.

No contexto pluricultural em que se vive, o dar testemunho da f crist no

seguimento a Cristo o que nos propomos como educadores animados por


41

uma mstica criativa. Fazemos isso, respeitando a todos, sem distino de raa,

religio, situao social, econmica ou cultural, conhecendo, entendendo e

amando aos outros como eles desejam ser conhecidos e entendidos, por meio

do dilogo fundado na verdade, na justia e no amor.

A opo pedaggica do Colgio fundamenta-se no desenvolvimento de

processos educativos, personalizados, que visam formao e capacitao

para o trabalho, para a convivnvia democrtica, para impulsionar a

mudana e o desenvolvimento social e para formao tica e religiosa.

Orientam-se pela espiritualidade e pedagogia inaciana, para que todos

cheguem a ser homens e mulheres para os demais e com os demais, com

excelncia humana, alto nvel acadmico e capazes de liderar em seus

ambientes.

No contexto atual, a tecnologia e as distintas formas de comunicao

contemporneas criam um clima mental, afetivo e de comportamento

diferente do vivido por geraes anteriores. Mudam as formas de pensar e de

aprender. Criam novos ambientes de aprendizagem a partir dos quais as

pessoas veem o mundo, comunicam-se, partilham informaes, constroem

conhecimento, estabelecem novas relaes com o tempo e o espao, que

exigem uma nova epistemologia e novas formas de conceber a

aprendizagem. A Pedagogia Inaciana dever, mantendo suas razes e

referncias, adaptar-se a esse contexto contemporneo e pensar o novo

dentro do paradigma de educao legado por Santo Incio e perpetuado

pelos inmeras experincias dos jesutas.


42

Em sntese, o Colgio Santo Incio fundamenta-se nos princpios tico-polticos da

Pedagogia Inaciana, desejando formar alunos capazes de compreender a

totalidade da pessoa com seus talentos, que estejam a servio do outro e da

solidariedade. Alunos que aprendam que a construo do conhecimento exige

uma constante busca, sem perder de vista o valor da existncia e que o bom

senso esteja sempre presente para que ele possa discernir qual o melhor caminho

a seguir.

Os educadores devem ser conscientes de seu papel de mediadores do processo

de ensinar no contexto de um mundo em constantes mudanas. Devem estar,

tambm, atentos ao movimento da era do conhecimento e da tecnologia,

procurando discernir o que expressa significado no ensinar e no aprender.

Imprescindvel que tenham pleno domnio da prtica educativa, que acreditem

na investigao/pesquisa como caminho para isso, que sejam comprometidos

com a formao continuada.

Em nossa trajetria, constante o compromisso com a construo de uma escola

onde todos corpo docente, discente e famlia -, trabalhem a partir do respeito,

do dilogo como via de comunicao no aprendizado, na reflexo e no

gerenciamento de situaes concernentes vida escolar do nosso aluno.

5.2.2. Epistemolgicos25:

"A pedagogia inaciana acredita profundamente no exerccio da liberdade, sobretudo no discernimento daquele que sujeito, o que supe uma abertura mais do que uma certeza, um tatear do desconhecido mais do que a execuo de um programa com resultados assegurados."

P. Peter Hans Kolvenbach S.J.26

O Colgio Santo Incio uma das instituies educativas da Companhia de

Jesus, que trabalha em um contexto prprio, com caractersticas peculiares e

que, simultaneamente, partilha um contexto global marcado por situaes

comuns nos pases latino-americanos, quais sejam: a grave desigualdade

social e de distribuio dos meios de produo e riqueza, o aumento

alarmante da violncia e da crueldade, o crescimento da corrupo e da

desonestidade, a destruio do meio ambiente, a crise de valores, os mltiplos

pluralismos marcados pela dificuldade de dilogo com o diferente, a

25 A palavra epistemologia, tambm chamada teoria do conhecimento, o ramo da filosofia interessado na investigao da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questes principais que ela tenta responder esto as seguintes: O que o conhecimento? Como ns o alcanamos?

26 P. Peter Hans Kolvenbach um sacerdote catlico e foi o 29 Superior Geral da Companhia de Jesus, no perodo de 1983 a 2008.


43

reestruturao cultural marcada pela resignificao do papel das instituies

sociais fundamentais (famlia, escola, igreja), o avano tecnolgico, a

hegemonia do neoliberalismo, o enfraquecimento do Estado de Direito (PEC27,

2005).

Esse panorama coloca a educao numa posio crtica, pois, ao mesmo

tempo que se espera que esta ajude a construir um mundo melhor, tambm

se critica a lentido com que os processos educacionais se desenvolvem. Ele

tambm desafia educadores e educandos a repensarem e mudarem sua

viso sobre o poder e o papel da educao e do prprio conhecimento,

provendo a legitimao de suas aes a partir da aprovao de todos

aqueles que esto envolvidos no processo.

Esse nvel de emancipao, para ser atingido, exige uma abordagem

diferente da relao teoria-prtica, com vistas a estabelecer uma outra

mediao entre o pensar e o agir humanos. Em resposta a essa demanda, o

Colgio Santo Incio tem implementado uma busca constante de relao

entre as concepes terico-filosficas e o fazer acadmico, que sirvam de

aporte ao desenvolvimento da educao crtico-humanizadora de inspirao

inaciana, que implica uma proposta de aprendizagem pela qual se busca

aprender e ensinar cada um e todos a serem livres para amar e servir ao

prximo.

Tal busca nos coloca diante de um confronto entre a razo instrumental, que

traz em seu bojo uma progressiva colonizao do mundo escolar, na qual a

ao comunicativa bloqueada e a participao de educadores e

educandos cerceada, e a razo comunicativa, centrada na emancipao

e na relao sujeito/sujeito. Esse confronto mais claro quando ambas, a

razo instrumental e a comunicativa, expressam-se atravs de seus projetos de

ensino/aprendizagem e avaliao. A definio entre esses projetos ser

norteada pelo modelo de razo que ir predominar na modernidade, o que

nos leva a refletir sobre conhecimento, pedagogia inaciana e modernidade.

27 PEC Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na Amrica Latina.


44

Sntese:

A partir das reflexes realizadas sobre a educao da Companhia de

Jesus, os fundamentos epistemolgicos que a norteiam e o contexto em

que vivemos, temos clareza de que o Colgio Santo Incio s pode ter

uma postura epistmica fundamentada na racionalidade comunicativa,

com uma abordagem didtico-pedaggica reflexiva, contextualizada,

que envolva a pessoa toda, para desenvolver uma educao crtica e

emancipadora.

5.2.3. Didtico-Pedaggicos:

A educao da Companhia de Jesus (Jesutas) investiga a significao da vida humana e se preocupa com a formao da pessoa na sua totalidade

CECJ; 2528

A Pedagogia Inaciana uma proposta fundamentada a partir de um ideal

humano cristo e de seus respectivos valores. Ao longo da histria, ela teve

diferentes compreenses e consequncias diversificadas. Quando se fala em

uma pedagogia baseada em valores, pressupe-se o discernimento do que

ela tem sido ao longo dos anos, sem desconsiderar os diversos contextos onde

est inserida. Mudam-se, muitas vezes, a linguagem, o cenrio e as formas de

trabalhar, mas os valores e o objetivo de construir uma sociedade que gera a

vida a partir da promoo da justia uma proposta constante da

Companhia de Jesus, cabendo aos integrantes dessa obra encontrarem

meios, teorias e prticas que a realizem. Portanto, o discernimento que

ensina a quem o pratica a ser contemplativo na ao, promotor da justia e

construtor de um mundo melhor.

Ciente de suas razes tico-polticas inacianas e coerentes com uma

epistemologia comunicativa, construtivista e scio-interacionista, o Colgio

Santo Incio faz a opo, no contexto da ps-modernidade, por uma linha

pedaggica crtica, reflexiva e transformadora. Assume a postura dialgica da

educao, fundamentada na Teoria Crtica da Educao, que proporciona

ao professor e ao aluno desenvolver uma dinmica transformadora, voltada

28 Companhia de Jesus. Caractersticas da Educao da Companhia de Jesus. Coleo Documenta SJ 4. So Paulo, Loyola, 2009.


45

para a formao de pessoas crticas e atuantes na sociedade da qual fazem

parte.

A linha pedaggica do Colgio Santo Incio tem, como fundamento bsico,

os princpios teolgicos, filosficos e antropolgicos da Companhia de Jesus,

apoiada na Teoria Crtica da Educao e embasada em um enfoque

pluralista. Dentro dessa concepo, adota procedimentos didtico-

pedaggicos de vrios tericos crticos, como Habermas, Paulo Freire, Edgar

Morin, Piaget, Vygotsky, Wallon e Freinet. A ideia do pluralismo pedaggico

supera, tanto o dogmatismo e o fechamento em uma s postura

metodolgica, quanto aos perigos do ecletismo inconsequente e vazio, pois

encontra fundamento e unidade na Teoria Crtica, servindo de paradigma

para escolhas na diversidade das aes pedaggicas29. A segurana terico-

prtica dessa concepo educacional de importncia vital para ampliar e

determinar os limites das aes das escolas, exigindo uma permanente

discusso da aprendizagem como um processo lgico e, ao mesmo tempo,

comunicativo, interativo e dialgico. Somente esta viso pluralista da

educao dar conta da diversidade scio-cultural da sociedade

contempornea, presente na escola.

As bases tericas de diversos pesquisadores trouxeram-nos a opo pelo

pluralismo crtico em virtude da coerncia com os paradigmas da Pedagogia

Inaciana, atualizando-a e complementando-a diante das novas descobertas

da pedagogia.

Os educadores do Colgio Santo Incio encontram, portanto, nos tericos

crticos, a segurana terica para suas prticas atuais:

Em Habermas a Racionalidade Comunicativa e Interativa,

destacando a prtica dialgica e co-participativa.

Em Paulo Freire a Pedagogia da Libertao Humana, atravs de uma

educao para a conscientizao social do aluno.

29 H uma diferena fundamental entre ecletismo e pluralismo pedaggico. Ecletismo o emprego de vrias tendncias, sem clareza de seus princpios e rumos, levando a uma indefinio pedaggica. O Pluralismo pressupe a definio de uma concepo bsica que dar embasamento terico e unidade s concepes da escola e ao emprego de aes de outras tendncias pedaggicas que forem coerentes e complementares.


46

Em Morin a Teoria da Complexidade Humana que busca o

entendimento da totalidade do universo.

Em Piaget a Teoria da Psicognese do Conhecimento Humano,

indicando a prtica do respeito s etapas de pensamento.

Em Vygotsky o Construtivismo Scio-interacionista, reconhecendo a

importncia do contexto histrico-cultural dos alunos.

Em Wallon a Pedagogia da Pessoa Total, reconhecendo o valor da

individualidade, afetividade, inteligncia e do movimento.

Em Freinet a Pedagogia de Projetos Educacionais, valorizando o

protagonismo infantil e juvenil.

Em sntese, o Colgio Santo Incio tem como fundamento bsico os princpios

teolgicos, filosficos e antropolgicos da Companhia de Jesus, apoiados na

Teoria Crtica da Educao. Dessa forma, opta pelo pluralismo pedaggico e

adota prticas didtico-pedaggicas que o vivenciem.

A pedagogia inaciana, atravs de seus processos educativos, forma alunos

conscientes da realidade social, competentes, ticos, justos, crticos e

humanos. Espera-se que seus educadores sejam competentes, humanos,

reflexivos e comprometidos com a educao e a filosofia abraada pela

Companhia de Jesus e, consequentemente, pelo Colgio Santo Incio.

Atravs de suas dinmicas pedaggicas, vivencia os valores cristos sem

perder a perspectiva do compromisso com o magis e com o aprendizado de

cada aluno, deixando, disposio dos seus educadores, o espao para a

pesquisa e a partilha do conhecimento, de maneira a inspirar, por parte das

famlias, a confiana de que esto dando aos seus filhos a melhor educao.

Direo, coordenao, professores, pais e alunos so parceiros confiantes e

comprometidos com a filosofia da escola e com sua proposta pedaggica.


47

5.3. A Pedagogia Inaciana e o diferencial do Colgio Santo Incio: Como professores de Colgios da Companhia de Jesus, alm de serdes profissionais qualificados da educao, deveis ser homens e mulheres do Esprito. (...) O que sois fala mais alto do que fazeis ou dizeis. Em nossa cultura da imagem, os jovens aprendem a responder imagem viva dos ideais que vislumbram no corao. As palavras sobre servio aos pobres, ordem social, sociedade no racista, podem faz-los refletir. O exemplo vivo os arrastar a viver o que as palavras significam. 30

A Companhia de Jesus hoje (texto oficial):

Qualquer tentativa de falar sobre a educao da Companhia hoje deve levar em conta as profundas mudanas que a influenciaram e a afetaram desde o tempo de Incio, mas de modo especial durante o sculo atual. As regulamentaes dos governos ou a influncia de outras organizaes externas afetam diversos aspectos da vida escolar, incluindo o currculo e os textos que so usados; em alguns pases, as polticas governamentais ou os elevados custos ameaam a prpria sobrevivncia da educao particular. Os alunos e seus pais parecem, em muitos casos, estar apenas preocupados com o sucesso acadmico que dar acesso aos cursos universitrios ou com programas de ensino que os ajudem a conseguir bons empregos. A co-educao hoje frequente nos centros educacionais da Companhia, e as mulheres se somam aos leigos e aos jesutas como professoras e em cargos de direo. Houve um significativo aumento no nmero de alunos em muitos centros e, ao mesmo tempo, uma reduo no nmero dos jesutas que trabalham nesses colgios. Ademais:

a) O currculo de estudos foi modificado pelos avanos modernos em cincias e tecnologia: o acrscimo de disciplinas cientficas teve como resultado uma nfase menor e, em alguns casos, uma certa negligncia nos estudos humansticos tradicionalmente enfatizados na educao jesuta.

b) A psicologia do desenvolvimento e as cincias sociais, juntamente com os avanos da teoria psicolgica e da prpria educao, lanaram nova luz sobre a maneira como os jovens aprendem e amadurecem como indivduos dentro de uma comunidade; e isto tem influenciado o contedo dos cursos, as tcnicas pedaggicas e as polticas escolares.

c) Nos ltimos anos, o desenvolvimento teolgico reconheceu explicitamente e incentivou o papel apostlico dos leigos na Igreja; isto foi ratificado pelo Conclio Vaticano II, especialmente no seu decreto Sobre o Apostolado dos Leigos31. Fazendo eco a esse desenvolvimento teolgico, as ltimas Congregaes Gerais da Companhia de Jesus tm insistido na colaborao entre leigos e jesutas, baseada na participao nas finalidades e na responsabilidade, em centros educacionais que em outros tempos haviam sido dirigidos e ocupados exclusivamente por jesutas.

d) A Companhia de Jesus est comprometida com o servio da f, da qual a promoo da justia uma exigncia absoluta32 e tem

30 PPI Proposta Pedaggica Inaciana n 143. 31 O documento oficial tem o ttulo latino Apostolicam Actuositatem. H diversas tradues para o portugus. Ver, p.ex., Documentos do Conclio Vaticano II, Ed. Vozes, Petrpolis, 1966, pp. 521ss.

32 Congregao Geral 32 da Companhia de Jesus, decreto 4, Nossa Misso Hoje: servio da F e Promoo da Justia, n. 2.


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apelado para uma reavaliao de nossos mtodos apostlicos tradicionais, de nossas atitudes, de nossas instituies, a fim de adapt-las s novas exigncias de nosso tempo e, mais amplamente, a um mundo em rpido processo de mudana33. Em resposta a este compromisso, as finalidades e as possibilidades da educao esto sendo examinadas com uma renovada preocupao pelos pobres e marginalizados. A meta da educao jesuta agora descrita como a formao de agentes multiplicadores e de homens e mulheres para os outros.34

e) Os estudantes e os professores dos centros da Companhia vm hoje de diversos grupos sociais, culturais e religiosos; alguns inclusive no tm f religiosa. Muitos desses centros foram profundamente afetados por esta rica, mas, por sua vez, exigente complexidade de suas comunidades educativas.

Estes e muitos outros elementos de mudana tm afetado detalhes concretos da vida escolar e tm alterado suas orientaes fundamentais. Mas no alteram a convico de que um esprito caracterstico distingue ainda qualquer colgio que se possa verdadeiramente chamar centro educativo da Companhia. Este esprito caracterstico pode ser descoberto atravs da reflexo sobre a experincia vivida pelo prprio Incio, sobre o modo pelo qual esta experincia foi compartilhada com outro

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