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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO PSICOMOTRICIDADE
AVM FACULDADE INTEGRADA
Benefícios da Psicomotricidade nas aulas de Ed Física com
crianças de 2 a 5 anos do Maternal ao Jardim 1
Por: Leandro e Silva Areias
Orientador
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
AVM FACULDADE INTEGRADA
Benefícios da Psicomotricidade nas aulas de Ed Física com
crianças de 2 a 5 anos do Maternal ao Jardim 1
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista em Psicomotricidade.
Por: Leandro e Silva Areias
AGRADECIMENTOS
Agradeço, a minha mulher, aos
meus pais, aos meus familiares e
amigos, pela cooperação, pela
amizade e confiança em mim
depositado. O meu muito obrigado.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus
pais, a minha mulher e ao colégio
Véritas por terem me apoiado ao longo
deste projeto.
RESUMO
O trabalho aborda a importância da Psicomotricidade na Educação
Infantil. A bibliografia utilizada narra como a própria deve ser utilizada no
âmbito escolar, abrangendo o lúdico, a liberdade e a satisfação. Atividades
que possam ser utilizadas tanto em locais específicos como nas aulas de
Educação Física, auxiliam no desenvolvimento da coordenação motora
global, fina, esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial e
temporal da criança. Preocupando-se com os estágios de maturação em
que se encontram as crianças, os movimentos realizados em brincadeiras
livres ou dirigidos estão relacionados com fatores sócio-afetivos, dor,
alegria e medo, que também evidenciam o grau de assimilação da
aprendizagem. As atividades devem ser ministradas por profissionais
habilitados, instigando a aprendizagem, assim priorizando uma melhora no
processo ensino/aprendizagem.
Palavra chave: Psicomotricidade/ Educação infantil.
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica foi à metodologia escolhida para este presente
estudo, realizada através da análise de diversos livros, artigos e da internet.
“A pesquisa bibliográfica tem como principal característica o fato de que a
fonte dos dados, o campo onde será feita a coleta dos dados, é a
bibliografia especializada”. TOZONI REIS (2006).
Esta pesquisa será de caráter direto com a intenção de investigar o
desenvolvimento motor infantil, defendendo a idéia do conhecimento nas
aulas de Educação Física sobre fenômenos humanos e sociais. O estudo
tem como finalidade compreender melhor o desenvolvimento Psicomotor
através da Psicomotricidade nas aulas de Educação Física.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Evidenciar, através da aula de Educação Física, a importância da
Psicomotricidade para o desenvolvimento infantil. 10
CAPÍTULO II
Verificar possíveis reeducações psicomotoras nas aulas de Ed Física. 15
CAPÍTULO III
Demonstrar a Relevância da Psicomotricidade no âmbito escolar. 21
Conclusão 26
Bibliografia 28
Índice 31
8
INTRODUÇÃO
É comum aos docentes e familiares hoje em dia observarem o
grande número de crianças chegando à escola no Ensino Fundamental
sem as primeiras competências necessárias para o início da alfabetização.
Um programa focado na Psicomotricidade nas aulas de Educação
Física e realizado nas fazes corretas do desenvolvimento de crianças de 2
a 5 anos da Educação Infantil - no segmento Maternal e Jardim 1, será um
fator de grande importância e de caráter decisivo para o desenvolvimento
cognitivo, emocional, social e motor, preparando para as atividades
escolares e sociais.
Sendo os educadores os responsáveis pelo incremento das estruturas
Psicomotoras com crianças em seus primeiros anos letivos, espera-se que
eles estejam preparados para realizar tal tarefa. Para alcançar esses
estágios de desenvolvimento e maturação das crianças, é necessária a
consciência dos benefícios e da grande relevância da Psicomotricidade no
processo ensino/aprendizagem.
Instituições que trabalham com crianças menores têm a percepção de que
quanto menor o educando, menor será o nível de especialização
estabelecida pelo profissional. Neste caso, pelo contrário, o profissional da
Educação Infantil precisa estar qualificado para lidar com o
desenvolvimento Psicomotor e sugerir as atividades baseadas em
parâmetros científicos. O bem preparado professor de Educação Física
Infantil, para acompanhar todo o processo evolutivo da criança de uma
maneira adequada, faz uso de atividades lúdicas e rotineiras das crianças,
proporcionando prazer e socialização durante as aulas de Educação Física.
A educação Psicomotora deveria ser considerada no contexto escolar como
prioridade, pois é esta educação que condiciona todas as aprendizagens
não-escolares, pré-escolares e escolares. Se a criança não tomar
consciência de seu corpo, não desenvolver o domínio temporal e espacial
9
em seu ambiente, adquirindo habilidades suficientes para seu
desenvolvimento completo, não terá êxito em seu processo educacional.
A educação pelo movimento deve ser uma aliada no processo de
aprendizagem das instituições educacionais, proporcionando cuidados de
dificuldades na aprendizagem, problemas de adaptação intrínsecos ou
extrínsecos e até mesmo atuando na melhora na estrutura física em
crianças com dificuldades de aprendizagem.
Atualmente, a Educação Infantil não tem só a preocupação de assegurar
aos seus alunos a educação básica, fundamental e tradicional (ler, escrever
e calcular, entre outros). Sua ação é vasta e exige muito mais atividades
artísticas, física e de estímulos, negadas em contextos anteriores da nossa
educação.
Esta pesquisa vem contribuir para a defesa de que a Educação
Psicomotora da criança seja parte integrante e necessária no processo
educativo, com intenção de um desenvolvimento psicomotor satisfatório e
sucesso escolar da criança.
10
Capitulo I
Evidenciar, através da aula de Educação Física, a
importância da Psicomotricidade para o
desenvolvimento infantil
“(...) a Educação Física e a educação psicomotora são
instrumentos importantíssimos na construção do caráter
educativo das crianças, pois percebemos que a criança
tem seus primeiros contatos com a aprendizagem de
forma lúdica, provavelmente terá a chance de
desenvolver-se de forma mais integrada dentro do
processo educativo e estará fortalecido para lidar com
os medos e frustrações inerentes ao processo do
aprender.” (FELIX, 2005, p.9)
1.1 Definições de Psicomotricidade
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade define a
Psicomotricidade como uma ciência com o objetivo de estudar o homem
através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e
externo, estando relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a
origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Esta ciência é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o
intelecto e o afeto. A Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das
experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização.
Para Fonseca, (1983) Psicomotricidade é a evolução das relações
recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos,
11
psicológicos e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização
do movimento humano.
Já para Coste (1989, p.9), “é uma ciência-encruzilhada em que se
cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza a aquisições
de numerosas ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise,
sociologia e lingüística)”.
Rosa Neto (2002) descreve a Psicomotricidade como a união de
várias funções motoras, sendo primordial no desenvolvimento da criança.
Para Hildebrandt; Laging, 1986. Psicomotricidade é um aspecto que
caracteriza de modo exclusivo a espécie humana, é componente
fundamental no desenvolvimento de relações e fonte de experiências que
estruturam e Forman a figura do “EU”. As pesquisas mais atuais têm
verificado que a criança aprende pelo movimento até construir fases
cognitivas que procedem por incubações e explosões, o que permite
afirmar que cada esquema de comportamento deriva de atividades motoras
até incidir nos processos elevados do pensamento, verdadeira conduta de
liberdade.
A Psicomotricidade é uma proposta de educação do indivíduo na sua
globalidade, por meio da corporalidade, no sentido de um desenvolvimento
social, afetivo e intelectual.
1.2 Educação Psicomotora
12
A educação psicomotora é uma atividade pedagógica que se alcança
por meio do movimento, tendo como objetivo, o desenvolvimento de
capacidades sensoriais e básicas, motoras e perceptivas, propiciando uma
organização adequada de atitudes que se adaptem, atuando como
elemento positivo nos distúrbios de aprendizagem.
A Educação Física está mais condicionada à prática esportiva, sendo
que as atividades motoras, como noção do corpo, lateralidade, equilíbrio,
percepção, não estão sendo conduzidas adequadamente pelos professores
de Educação Física infantil, com relação a aspectos importantes às
necessidades das crianças em idade pré-escolar. Ao invés de realizarem
atividades lúdicas, ministram exercícios estereotipados, aumentando a
inibição e a insegurança das crianças de 2 a 5 anos do Maternal ao Jardim
1.
Tisi (2004, p.20) afirma que o objetivo principal da educação
psicomotora é, precisamente, ajudar a criança a chegar a uma imagem do
corpo operatório, que se refere não só ao conteúdo, mas também à
estrutura da relação entre as partes e a totalidade do corpo.
É importante lembrar que o corpo operatório, refere-se ao
desenvolvimento inicial da criança através do movimento lúdico
desenvolvido nas aulas de Educação Física, que se executando
corretamente será de grande valia para a criança em toda sua fase de
desenvolvimento.
Para Le Boulch (1986, p.129), a educação psicomotora na idade
escolar deve ser acima de tudo, uma experiência de confrontação com o
meio. O autor destaca que a educação psicomotora apresenta dois grupos:
as funções gnósicas e a função de ajustamento. Se a criança obtiver o
déficit da função de ajustamento, vai apresentar dificuldades motoras e,
conseqüentemente, realizará movimentos automatizados. As funções
13
gnósicas referem-se aos aspectos conscientes da tomada de informação.
Espera-se que com a ajuda educativa dos pais e da escola, a criança tenha
a capacidade de cumprir sua função de ajustamento individual e
coletivamente, com a ajuda de outras crianças no âmbito escolar. No
entanto, o professor tem o papel de propiciar a cada criança à oportunidade
de desenvolver suas próprias potencialidades. Logo a educação
psicomotora trata-se de um mecanismo eficaz para trabalhar a criança na
sua globalidade, sendo que associa os aspectos cognitivos, motores e
afetivos.
1.3 Fases do Desenvolvimento motor
O caminho pelo qual a criança percorre desde que deixa de
ser totalmente dependente até se tornar um ser autônomo relaciona-se
tanto às condições biológicas quanto àquelas proporcionadas pelo âmbito
social e familiar com que a qual interage. Toda criança precisa ser
estimulada em seu desenvolvimento, no intuito da obtenção de habilidades
motoras, sociais básicas e mentais, como, por exemplo, engatinhar sorrir,
piscar os olhos, reconhecer cores e sons, andar, entre outros.
Para melhor esclarecer como ocorre seqüencialmente o desenvolvimento
motor ao longo da vida, Gallahue e Ozmun estabeleceram quatro fases.
A primeira fase se refere aos movimentos reflexos, que implicam em
ações involuntárias, controladas subconscientemente, constituindo a base
do desenvolvimento motor. A partir das atividades de reflexos (toque, luz,
sons) o bebê obtém informações sobre o ambiente imediato. São
classificados como reflexos primitivos e posturais, que são utilizados como
equipamentos de testes neuromotores para mecanismos estabilizadores,
locomotores e manipulativos, que serão aproveitados mais tarde como
controle consciente.
14
A segunda fase é caracterizada pelos movimentos rudimentares,
representando as formas básicas dos primeiros movimentos voluntários,
notados no bebê desde o nascimento até os dois primeiros anos de vida,
envolvendo movimentos estabilizadores (controle da cabeça), tarefas
manipulativas (agarrar) e movimentos locomotores (engatinhar), onde são
subdivididas em dois estágios: inibição do reflexo que começam no
nascimento e o pré-controle que acontece do primeiro ao segundo ano de
vida.
A terceira fase representa os movimentos fundamentais, movimentos
em que as crianças estão envolvidas na descoberta, exploração e nas
experimentações das capacidades motoras. Fase em que a criança
descobre como desenvolver movimentos estabilizados, manipulativos e
locomotores, inicialmente isoladamente, logo em seguida combinados.
Por último, está a quarta fase, relacionada aos movimentos
especializados. Esta fase representa o resultado dos movimentos
rudimentares, que sofrem um aprimoramento das habilidades
estabilizadoras, manipulativas e locomotoras, onde são refinadas,
preparadas e conjugadas para a utilização em situações mais exigentes.
Etapa esta em que o aperfeiçoamento e a extensão do desenvolvimento de
habilidades dependem de diversos fatores dentre eles a velocidade de
movimento, tempo de reação, tipo do corpo, altura, coordenação, peso.
15
Capítulo II
Verificar possíveis reeducações psicomotoras nas
aulas de Ed Física
“(...), a inseparabilidade do movimento e da vida mental
(do ato ao pensamento), estruturas que representam o
resultado das experiências adquiridas, traduzidas numa
evolução progressiva da inteligência, só é possível por
uma motricidade cada vez mais organizada e
conscientizada.” (FONSECA, 1988, p 84)
2.1 Reeducação Psicomotora
A reeducação psicomotora tem como objetivo retomar as vivências
anteriores com falhas ou as fases da educação passadas
inadequadamente. Em termos gerais, reeducar significa educar o que o
indivíduo não assimilou em etapas anteriores. Este trabalho deve começar
em um tempo hábil em função da instalação das condutas psicomotoras,
diagnosticando as dificuldades a fim de traçar um programa de reeducação.
“Em todo transtorno psicomotor há uma perturbação do
esquema corporal, do tônus muscular e da imagem corporal, o
que determina simultaneamente confusões espaciais
(lateralidade) e rítmicas (em relação aos movimentos, às
coordenações e ao equilíbrio da criança). (LEVIN, 2003; P.
154)
16
O que LEVIN diz é que todo transtorno psicomotor, interfere de forma
geral e global no indivíduo, trazendo graves alterações psíquicas e motoras.
A atribuição da reeducação está presente em várias áreas
profissionais: pedagogia, fisioterapia, terapia educacional, fonoaudióloga,
dentre outros. O mais importante para uma boa reeducação é a
tranqüilidade e o intercâmbio afetivo e presente do reeducador com o
indivíduo, sendo esta uma condição básica para a reeducação.
O artigo 7 da proposição da lei francesa de 15 de fevereiro de 1974
cita que a reeducação deve ser “neurológica em sua técnica, psicológica e
psíquica em sua meta, destinada pela intermediação do corpo atuar sobre
as funções mentais e psicológicas perturbadas tanto na criança como no
adolescente e no adulto”.
A reeducação embasa sua eficácia no fato de que se remonta
às origens, aos mecanismos de base que estão na origem da
vida mental, controle gestual e do pensamento, controle das
reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção,
justa preensão do tempo e do espaço. (FONTAINE, in
BUENO, 1998, p 85)
2.2 Zona de Desenvolvimento Proximal
Para Vygotsky não é suficiente ter todo o aparato biológico da
espécie para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes
e práticas específicas que proporcione esta aprendizagem. Não podemos
pensar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois não tem, por si
só, mecanismos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento,
que dependerá das suas aprendizagens através das experiências a que foi
exposta.
17
Neste molde, a criança é reconhecida como ser pensante capaz de
vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura,
sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo é vivenciado,
onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação
entre sujeitos. Essa interação e sua relação com a sobreposição entre os
processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos
quando nos remetemos ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP).
Para Vygotsky (1996), ZDP é a distância entre o nível de
desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver
problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal,
demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um
parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que
fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja,
desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento,
por isso dizemos que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis.
É nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai
ocorrer. A função de um educador escolar seria, por exemplo, a de
proporcionar esta aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o
mundo. É na essência das interações no interior do coletivo, das relações
com o outro, que a criança terá condições de construir suas próprias
estruturas psicológicas.
É assim que as crianças, possuindo habilidades
parciais, as desenvolvem com a ajuda de parceiros
mais habilitados (mediadores) até que tais habilidades
passem de parciais a totais. Temos que trabalhar com a
estimativa das potencialidades da criança, para se
tornar um desenvolvimento efetivo, exigindo que o
18
processo de aprendizagem, os mediadores e as
ferramentas estejam distribuídos em um ambiente
adequado (Vasconcellos e Valsiner, 1995).
Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve levar em
consideração não somente o que a criança aprendeu, mas sim o que ela
está aprendendo. Em práticas pedagógicas, sempre procuramos presumir
qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento
em que é ministrado, mas para além dele, remetendo a um processo de
transformação constante. As implicações desta relação entre ensino e
aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve
se concentrar no que a criança está no aprendizado em desenvolvimento.
Zona de Desenvolvimento Proximal nada mais é que a distância
entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de
resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através de resolução de problemas com a orientação de um
adulto ou em colaboração com outro companheiro. Quer dizer, que as
informações que a pessoa tem potencial para aprender, mas ainda não
completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas que
podem ser atingíveis com um auxilio e em curto prazo.
2.3 O papel da brincadeira e do jogo no desenvolvimento
infantil
As brincadeiras infantis são muitas vezes consideradas
insignificantes pelos adultos, mas para a criança é coisa séria. A
brincadeira, o jogo o faz-de-conta e a imaginação solta são importantes no
processo de aprendizagem necessários para o desenvolvimento global da
criança. A experimentação do fazer, a criação espontânea, a atividade
lúdica e imaginativa que sempre estão presentes nas brincadeiras, no
brinquedo e no jogo, são também os elementos básicos das aulas para
19
todas as crianças de 2 a 5 anos do 1º Ciclo (maternal e jardim 1). É
importante o uso do brinquedo e da brincadeira como parte integrante e
referencial dos métodos e procedimentos educativos, principalmente
quando envolvem a construção, a manifestação expressiva e lúdica de
imagens, sons, falas, gestos e movimentos.
Para Piaget (1971), os jogos não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios
que contribuem e enriquece o desenvolvimento intelectual, considerando o
jogo o berço obrigatório das atividades intelectuais.
Os jogos e as brincadeiras podem colocar o aluno em diversas
situações,nas quais ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele
conheça suas habilidades e limitações. Desse modo, esses recursos
pedagógicos podem propiciar ao aluno diferentes práticas e experiências,
exercitando o diálogo, a liderança, o exercício de valores éticos e muitos
outros desafios que permitirão vivências capazes de construir
conhecimentos e atitudes.
Para Wallon (1981) toda atividade da criança é lúdica, no sentido
que se exerce por si mesma antes de poder integrar-se em um projeto de
ação mais extensivo que a subordine e transforme em meio. Nesse sentido,
o infantil é sinônimo de lúdico. A ação de jogar e brincar são atividades que
envolvem a criança (corpo) e o brinquedo (objeto), numa relação dialógica,
que para Wallon, enfoca a motricidade no desenvolvimento da criança,
ressaltando o papel que as aquisições motoras desempenham
progressivamente para o desenvolvimento individual.
Na concepção de Vygotsky (2003) o brinquedo não é o aspecto
predominante da infância e sim um fator muito importante do
desenvolvimento. O comportamento da criança não é sempre guiado pelo
significado. A conquista importante mediada pela brincadeira é justamente
a possibilidade de sobrepor o significado aos objetos e ações quando for
20
adequado. É a independência em relação às limitações situacionais. Para
Vygotsky a predominância do significado, assim como atuar com o
significado das coisas, favorece a capacidade da criança em atuar com o
significado de ações, o pensamento abstrato, o desenvolvimento da
vontade e a capacidade de fazer escolhas conscientes.
21
Capitulo III
Demonstrar a Relevância da Psicomotricidade no
âmbito escolar
“O conhecimento deixa de estar preso ao aqui e agora,
aos limites da mão, da boca e do olho e o mundo inteiro
pode estar presente dentro do pensamento, uma vez
que é possível „imaginá-lo‟ , representá-lo com gesto
no ar, no papel, nos materiais, com os sons, com
palavras”. (KISHIMOTO,1990, p. 37).
3.1 Psicomotricidade e Aprendizagem
A educação motora e os desenvolvimentos cognitivos e afetivos
estão ligados na criança e a psicomotricidade aparece justamente para
compreender a relação entre a motricidade, mente, afetividade e facilitar o
desenvolvimento global da criança por meio de instrumentos adequados
que possam avaliar o processo ensino-aprendizagem.
A ação pedagógica caminha no sentido de promover oportunidades,
transformando a aprendizagem em algo desafiador e agradável, onde
possa desenvolver as potencialidades do aluno. Na teoria de Piaget (1996),
a aprendizagem está baseada na idéia de equilibração e desequilibração,
onde acontecera o processo de conhecimento da criança, sendo
necessário: maturação, experiência sobre objetos e pessoas, o sócio-
cultural e equilibração.
A Psicomotricidade no desenvolvimento da criança ressalta o papel das
aquisições motoras que desempenham gradativamente para o
desenvolvimento individual, ligada as emoções que antecedem a
22
construção da ação, na medida em que significa algo em relação ao mundo
exterior.
Kamii (2001, p.171) diz que as crianças estão na escola para aprender,
mas nem todo trabalho produz aprendizagem: “é surpreendente como as
crianças aprendem enquanto brincam.”
A criança quando atua sobre a sua realidade necessita de alguns
instrumentos, onde além daqueles relacionados com caracteres biológicos,
há os de natureza cognitiva.
A escola e os profissionais de educação têm como função avaliar o nível de
aprendizagem dos alunos e no decorrer da proposta educativa buscar apoio
em intervenções pedagógicas que podem ser feitos através da
psicomotricidade.
A Psicomotricidade através das aulas de Educação física deve ser
considerada como uma educação de base na escola primária. Ela
condiciona o processo de alfabetização; leva a criança a tomar consciência
de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, há dominar seu
tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e
movimentos. A psicomotricidade apresenta valores específicos em todas as
fases da vida do individuo, na qual sua finalidade é essencialmente
pedagógica e desenvolvimental.
3.2 Habilidades Psicomotoras e Alfabetização
Um dos aspectos mais importantes na percepção da alfabetização
nos últimos anos foi o de reconhecer que se inicia desde os primeiros anos
de vida, se tornando mais intenso na entrada da educação infantil,
estruturando-se nas classes de alfabetização e primeiro ciclo do ensino
fundamental.
Diante desta nova visão, poderíamos acompanhara a criança na fase da
educação infantil e primeiros anos do fundamental, para que sejam ativos
nas aquisições do conhecimento e da lacto - escrita, no conhecimento de si
23
mesma e em conquistar sua autonomia. Temos que levar em conta a
criação de um clima, a criação de um ambiente educativo que os permitam
tomar consciência do que existem a partir de suas próprias sensações,
percepções e experiências. Neste ambiente os professores devem
organizar atividades a partir dos interesses, atividades e jogos em que os
alunos demonstram curiosidade, considerando o nível de maturidade
cognitiva, afetiva e de seu potencial motor.
Para que isso possa acontecer os educandos necessitam de uma formação
holística que compreenda a observação, a reflexão, necessidades afetivas,
cognitivas e corporais dos alunos. Nesse aspecto a educação psicomotora
é essencial ao processo de alfabetização devendo ser praticada desde a
mais nova idade, pois o movimento é um suporte que auxilia a criança
adquirir o conhecimento do mundo que a rodeia por meio do seu corpo, de
suas percepções e sensações, além de prevenir as dificuldades e combater
a inadaptidão escolar.
A educação pelo movimento tem que estar direcionada para o estimulo das
habilidades motoras como a coordenação global, esquema corporal,
organização espacial, organização temporal, descriminação visual e
auditiva, pressupostos para a aquisição do ato gráfico e da lacto - escrita.
3.3 Atividades Lúdicas
Segundo PIAGET (1971), o desenvolvimento da criança acontece através do
lúdico, ela precisa brincar para crescer.
Para Dantas (1998), o termo lúdico envolve o brincar como atividade
individual livre e jogar como atividade coletiva e regrada. A autora destaca
que os profissionais da educação infantil avaliem o termo lúdico como
situação prazerosa e não livre, onde as crianças desfrutem de atividades
que os dê prazer, como resultado do caráter livre e gratuito.
Já RABINOVICH (2007), diz que é essencial que se compreenda o
movimento da criança como linguagem, e que também é necessário que a
criança seja livre para agir em um ambiente, intencionalmente organizado
24
pelo adulto. Mas que lhe permita transformar, adaptar, criar, interagir e
integrar-se.
Nesse âmbito Velasco (1996) diz que, as atividades ou brincadeiras
dependem da espontaneidade e da imaginação, contribuindo para o
começo de todas as nossas expressões psicomotoras de maneira suave e
prazerosa.
Quando as situações lúdicas são criadas pelo adulto com o intuito de
estimular certos tipos de aprendizagem, surge então a dimensão educativa
(KISHIMOTO 1999).
Araújo (1992), conclui que há uma necessidade de serem revistos os
conceitos sobre ludicidade, jogos e o desenvolvimento da criança, pois os
profissionais da educação infantil ou professores de educação física que
atuem diretamente na formação integral das crianças, estejam realmente
aptos para realizar esta tarefa, priorizando atividades que realmente
atendam tais necessidades.
Souza e Martins (2005) fazem referência a Piaget que classifica as
atividades lúdicas em:
Jogos de exercícios: (Como?)
Período sensório-motor tem como forma a assimilação funcional e
repetitiva, e a conseqüência disso é a formação de hábitos. Que para
Piaget é a principal forma de aprendizagem no primeiro ano de vida, que
continuará no futuro quando a criança terá que se acostumar a estudar. A
repetição pelo hábito é essencial para a aprendizagem escolar e também
para a vida (as rotinas, a repetição das atividades, servirão de base na pré-
escola)
Jogos Simbólicos: (Por quê? Para que?)
Caracterizado pelo período pré-operatório, tem como forma de assimilação
deformante, a criança assimilará o mundo por meio de semelhanças,
representando uma coisa ou objeto por outro, fantasiando ou inventando,
tornando-se produtora, formando teorias, constituindo bases das operações
pelas quais as crianças aprendem as matérias escolares.
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Jogos e Regras: Traz dos jogos de exercícios o (como?) e dos jogos
simbólicos (o porquê?)
São jogos característicos do período das operações concretas e formais.
Sua assimilação se dá por meio da reciprocidade, capacidade de colocar-se
no lugar do outro de forma afetiva, caracterizando pela regularidade
(sempre do mesmo jeito), convenções (as regras são combinadas entre os
jogadores), coletividade (todas estão na mesma condição), competitividade
(desafio com relação ao outro) e prazer funcional (prazer de estar jogando).
Brincando a criança pode gostar de trabalhar, pois brincando aprende a
estar em atividade e descobre o prazer de estar ocupado, de estar atuando,
engajando-se por livre e espontânea vontade.
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Conclusão
No decorre da pesquisa pudemos observar que o bom desenvolvimento
motor contribui futuramente para o incremento não só físico, mas
conseqüentemente afetivo e cognitivo da criança. Se tratando de Educação
Infantil, surge a necessidade de conscientização do movimento abordado
pela Psicomotricidade e em todos os aspectos do desenvolvimento integral
da criança e a utilização de recursos lúdicos na pratica das atividades
rotineiras, com atenção especial à prevenção, intervenção e reeducação no
desenvolvimento de ensino-aprendizagem.
Notamos também que o desenvolvimento motor pode ser alterado por
condições biológicas ou ambientais, podendo atrapalhar a criança a se
desenvolver com ser companheiro da mesma idade.
O movimento na educação infantil e em séries iniciais permite e ampliam as
possibilidades das crianças em atingirem as fundamentais metas frente a
desafios propostos, trabalhando de forma prazerosa através de atividades
lúdicas, que a proporcionem satisfação e bem estar. A partir de estudos e
pesquisas científicas podem-se elaborar soluções clinicas e preventivas que
auxiliam no pleno desenvolvimento motor dos indivíduos.
Diante destas constatações formou-se o conceito da Educação
Psicomotora que tem como principal objetivo ajudar a criança a reconhecer
a imagem do seu corpo operatório admitindo que ela possa se desenvolver
da melhor forma possível, tirando o melhor proveito de todos os recursos,
se preparando para nova etapa do seu desenvolvimento motor, afetivo e
cognitivo.
Conforme defendido por Le Bouche (1984), a Educação Psicomotora só
alcançara seus objetivos, quando trabalhada na escola em séries iniciais,
pois é nesta fase que a criança passa a conhecer a si, seu corpo, suas
vontades, a construir sua personalidade, determinar conceitos,
pensamentos, idéias, crenças e por fim se tornar um ser consciente.
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Dessa forma a Educação Psicomotora nas aulas de educação física
assumirá suas supostas funções terapêutica, de estimulação e reeducação,
quando o educador realmente conhecer o desenvolvimento infantil e suas
funções psicomotoras, em seguida seus alunos, especialmente as
dificuldades apresentada por eles, para que possam organizar seu
planejamento e garantir uma aprendizagem de qualidade nas aulas de
educação física.
28
Bibliografia
ARAÚJO, Vania Carvalho. O jogo no contexto da educação psicomotora.
São Paulo; Cortez, 1992.
BOULCH, Lê. O Desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos.
4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade -- Teoria e Prática. São Paulo:
Lovise, 1998, p. 85.
COSTE, J. C.A Psicomotricidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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31
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPITULO I
Evidenciar, através da aula de Educação Física, a importância
da Psicomotricidade para o desenvolvimento infantil. 10
1.1 Definições de Psicomotricidade 10
1.2 Educação Psicomotora 12
1.3 Fases do Desenvolvimento motor. 12
CAPITULO II
Verificar possíveis reeducações psicomotoras
nas aulas de Ed Física. 15
2.1 Reeducação Psicomotora 15
2.2 Zona de Desenvolvimento Proximal 16
2.3 O papel da brincadeira e do jogo no
desenvolvimento infantil 18
CAPITULO III
Demonstrar a Relevância da Psicomotricidade
no âmbito escolar. 21
3.1 Psicomotricidade e Aprendizagem 21
3.2 Habilidades Psicomotoras e Alfabetização 22
3.3 Atividades Lúdicas 23
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA 28
32
ÍNDICE 31