documento protegido pela lei de direito autoral · 2013. 8. 8. · 9 para crianças com síndrome...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA NA
PRIMEIRA INFÂNCIA DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN
Por: Maria Cláudia Dourado Ribeiro da Silva
Orientador
Prof.ª Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA NA
PRIMEIRA INFÂNCIA DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em psicomotricidade.
Por: Maria Cláudia Dourado Ribeiro da Silva
DEDICATÓRIA
Sempre tive certeza de que ser
educadora física seria minha missão, isso
só aconteceu pelos ótimos exemplos de
profissionais que tive em minha vida como
aluna. Por isso, dedico esse trabalho aos
meus pais, e as minhas tias Angela e
Norma, por me fazerem acreditar que ser
educadora é possível e incrível!
RESUMO
Essa pesquisa tem como objetivo revelar os benefícios que a
psicomotricidade aquática traz para o desenvolvimento de crianças de zero a
seis anos de idade com Síndrome de Down e os meios que levem a esses
benefícios. Para chegar a tal fim, esclarecerei a importância de um bom
desenvolvimento na primeira infância e as características da Síndrome de
Down, como forma de entender a síndrome e como a mesma influenciará no
desenvolvimento infantil.
METODOLOGIA
O trabalho foi feito em cima de revisões bibliográficas, analisando livros
e artigos sobre psicomotricidade aquática, o desenvolvimento de criança na
primeira infância e a Síndrome de Down.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O desenvolvimento motor 11
na primeira infância CAPÍTULO II - As crianças com Síndrome 19
de Down
CAPÍTULO III – Os benefícios da 27
psicomotricidade aquática CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
Para Fonseca (2009, p. 11), “o desenvolvimento humano compreende
todas das mudanças contínuas que ocorrem desde a concepção ao
nascimento e do nascimento a morte”, ou seja, o homem está em constante
desenvolvimento motor e social, resultante de suas experiências ao longo de
sua vida.
Nesse trabalho a prioridade será o desenvolvimento na primeira infância,
período referente de zero a seis anos de idade, de crianças com Síndrome de
Down.
Durante essa faixa de tempo, muitas descobertas acontecerão, é uma
trajetória de respostas apenas por atos reflexos, até a capacidade de fazer
saltos, equilíbrios e motricidade fina.
O capítulo I fará referência ao desenvolvimento motor, passando por
quatro estágios do desenvolvimento: neuromotricidade (recém nascido), tônico-
motricidade (dez meses), Sensório-motricidade (doze meses/24 meses) e a
Perceptivo-motricidade (seis anos).
Partindo da embriologia até um ser desenvolvido de seis anos se
passam inúmeras descobertas. Essas descobertas acontecem através de
experiências relacionadas com a criança e o meio, são desafios rotineiros, isso
acontecerá através do brincar.
Como afirma Alves (2012. p.19) “É a exploração que desenvolve na
criança a consciência de si mesma e do mundo exterior. A criança se
desenvolve desde os primeiros dias de vida, de maneira contínua”.
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Para crianças com Síndrome de Down, essas descobertas podem ser
dificultadas por características que a Síndrome traz, como por exemplo, a
hipotonia, onde o tônus muscular é baixo e ha uma diminuição da força, melhor
esclarecidas no capítulo II (As crianças com Síndrome de Down).
Orientados por uma visão de respeito às dificuldades do indivíduo,
tão somente como dificuldades e não como empecilho, acredita-se
que as manobras pedagógicas do professor de natação devem levar
em consideração que a síndrome de Down possui características.
(ARCHER, 1998, p. 19)
Não somente na prática da natação que é o campo de estudo de Archer,
mas em qualquer prática física, intelectual ou social acreditar que são apenas
características e que podem ser encontradas individualmente em outras
pessoas ditas como normais é fundamental.
Para toda criança quanto maior for a estimulação maior é seu
desenvolvimento motor, isso não é regra apenas para crianças com Síndrome
de Down.
O capítulo II trará informações sobre a síndrome de Down, e partindo
das características da síndrome, quais os efeitos dela no desenvolvimento
motor de crianças portadoras.
Sabendo inicialmente que uma das formas de desenvolvimento é
através da estimulação, sendo ela em qualquer área de formação, esse
trabalho se preocupará em representar como forma de estimulação, a
psicomotricidade.
A psicomotricidade é uma ciência que estuda o homem, relacionando
seu corpo com o movimento e o q esse movimento trás da pessoa. E tem como
campo de atuação a educação psicomotora, reeducação psicomotora e a
terapia psicomotora.
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O estudo mostrará o desenvolvimento infantil por estimulação das
crianças através da educação psicomotora através psicomotricidade aquática,
que traz como grande diferencial a água como meio de estimulação, assunto
referente ao capítulo III, os benefícios da psicomotricidade aquática.
A água traz consigo um prazer impar, pois nos retoma o aconchego
uterino e nos é capaz também de trabalhar a relação com o meio, com o outro
e consigo mesmo.
Além desse ambiente prazeroso, a água nos traz benefícios como a
redução da sobrecarga nas articulações, relaxamento muscular, nos da uma
consciência corporal melhor, melhora da circulação periférica dentre outros
benefícios.
Através das revisões bibliográficas, o trabalho mostrará as contribuições
físicas e emocionais de um bom desenvolvimento na primeira infância usando
a psicomotricidade aquática, para crianças com Síndrome de Down.
11
CAPÍTULO I
O DESENVOLVIMENTO MOTOR NA PRIMEIRA
INFÂNCIA
O estudo começará na origem da vida, o ser humano surge a partir do
encontro do óvulo materno com o espermatozóide paterno, dessa junção
surgirá o zigoto, que carregará toda informação genética do indivíduo.
Essa carga genética definirá várias características do indivíduo, de
aspecto morfológico, como cor de pele e cabelo, altura e estrutura corporal.
Chega-se ao desenvolvimento motor, partindo da embriologia, definida
por Fonseca (2009. p.112) “estudo da organização, estruturação e função da
morfologia somática e da energia dos agentes genéticos de crescimento”. A
embriologia não será aprofundada nesse estudo, porém alguns aspectos
importantes serão relatados para início de uma motricidade.
Essa motricidade passará por quatro estágios são eles:
neuromotricidade vista no feto e no recém-nascido, que tem por característica a
hipotonia axial, hipertonia das extremidades e reptação axial; Tônico-
motricidade característica aproximadamente de um bebê de dez meses, de
uma posição quadrúpede, simetria funcional e bimanualidade; Sensório-
motricidade por volta de um/dois anos onde o bebê já apresenta um controle
postural, lateralidade funcional e independência do polegar; Perceptivo-
motricidade com seis anos já tem o desenvolvimento da locomoção,
dextralidade, assimetria funcional e especialização hemisférica.
O período pré-embrionário começa a partir da fecundação até
aproximadamente o trigésimo dia. Nesse período será o início das camadas de
12
revestimento: ectoderme, mesoderme e endoderme; a iniciação de um sistema
nervoso, um coração primitivo e iniciação dos membros.
Do primeiro mês até o segundo mês pontos importantes acontecerão, é
nesse período chamado de período embrionário que a coluna vertebral se
desenvolve, a atividade circulatória aumenta, o cérebro em formação começa a
controlar o corpo, os músculos, guiados por esse cérebro, comandam algumas
atividades motoras, como pedaladas, e as mãos levadas à boca.
Uma vez alcançado seu destino final no cérebro fetal, os neurônios
começam a desenvolver conexões. Essas conexões, denominadas
sinapses, são espaços minúsculos entre os neurônios através do
quais impulsos neurais viajam de um neurônio para o seguinte.
Diversas mudanças no comportamento fetal sinalizam que o processo
de formação de sinapses está em andamento. Por exemplo, o feto
exibe períodos alternados de atividade e repouso e começa a boceja.
(BEE & BOYD, 2011, p.64)
O período fetal, que faz referência de dois aos noves meses, será o mais
expressivo para a motricidade, já que grandes transformações já aconteceram
e serão ainda maiores nesse período podendo a chegar a uma proporção de
400% do terceiro para o quarto mês por exemplo. Movimentos de flutuação
serão observados assim como movimentos de torcer e nadar, muito comparado
a motricidade dos anfíbios.
Após o nascimento o bebê sai de um ambiente intrauterino para um
mundo completamente diferente, a temperatura confortável do útero passa
para um meio onde a mesma varia com grande intensidade, o meio onde ele
está envolvido passa do líquido para o gasoso, a nutrição agora será mais
dependente da mãe e terá a possibilidade de uma maior gama de movimentos.
Arminda Aberastury afirma que a mãe é fundamental para o bebê nesse
momento.
13
É imprescindível que a pele da mãe esteja em contacto com a pele do
bebê desde os primeiros momentos: isto prepara a criança para um
bom desenvolvimento. A perda da sensação de estar dentro do
ventre materno é mitigada com um bom contacto físico que,
justamente, lhe permite elaborar a perda. (ABERASTUTY, 1992,
p.23)
Vários exames são feitos após o nascimento a fim de acusarem
possíveis deficiências, para o estudo da motricidade são de relevância os de
observação dos reflexos, tônus muscular e da mobilidade espontânea.
Vítor da Fonseca (2009) acredita que os principais reflexos a serem
observados são: Reflexos orais e periorais, reflexos dos olhos, reflexo de moro,
reflexo de preensão, reflexo do pé, reflexos da anca, reflexão da marcha,
reflexo do calcanhar, reflexo tônico do pescoço, reflexo de incurvação, reflexo
de Landau, reflexos osteotendinosos, reflexo palmomental e reflexo da
passagem do obstáculo.
Como pode ser percebido os primeiros movimentos do ser humano vem
de atos reflexos, são esses os primeiros movimentos, já foram observados
mais de 70 atos reflexos. Com o passar do tempo novas aquisições vão sendo
formadas e esses reflexos vão dando espaço a movimentos mais voluntários,
logo no primeiro ano de vida muito desses reflexos já são perdidos.
Além dos reflexos algo muito importante a ser observado é o tônus
muscular que se da em um sentido caudocefálico, o inverso do movimento.
Alguns autores fizeram escalas para observar o tônus muscular de bebês,
observando a postura, extensibilidade da mão, dorsiflexão do pé, retorno da
flexão do braço, retorno da flexão da perna, ângulo poplíteo, manobra
calcanhar-orelha, sinal de cachecol, queda da cabeça e suspensão ventral. A
partir da observação desse tônus, podem também serem observadas
deficiências, como a Síndrome de Down, explorada no terceiro capítulo.
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O tônus muscular está ligado diretamente à exploração do meio, por
exemplo, crianças hipertônicas (grande tensão muscular) conseguem ficar em
pé mais rápido do que crianças hipotônicas (pouco tensão muscular), já as
últimas tem mais facilidade para movimentos de preensão.
O novo mundo será explorado pelo bebe através da aquisição de seus
movimentos, e cada idade terá sua característica de como explorar esse
ambiente, por isso não se pode dissociar o ato motor do sistema nervoso, para
uma ação mais complexa é preciso um sistema nervoso mais evoluído. A cada
nova experiência aprendida e interiorizada, novos movimentos serão
desenvolvidos e adquiridos.
Até os dois anos de idade algo a ser observado com grande
desenvolvimento é a postura da criança. A partir de uma maturação
neuromuscular o bebe começa a sua postura em um sentido cefalocaudal,
significa que o primeiro passo para a postura ereta é suportar o peso da
cabeça, depois partindo para uma posição sentado, posição ereta e depois
desse domínio o andar.
O suporte da cabeça começa a partir dos três meses, e significa manter
a cabeça segura na posição vertical, no decúbito ventral, conseguir elevar a
cabeça equilibrando nos antebraços e no decúbito dorsal elevar a cabeça e os
ombros.
A posição sentada é dominada, quando a coluna perde sua
característica cifótica, e o bebê consegue sair da posição deitada e passa para
a sentada sem perder o equilíbrio, isso acontece aproximadamente aos oito
meses.
A posição ereta é conquistada com a tentativa de fazer a caminhada,
manter-se de pé é conquistado perto dos nove meses e a caminhada nesse
período até dez meses.
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Como foi falado anteriormente, os movimentos são reproduzidos a partir
de maturações neurofisiológicas de cada individuo. Vítor da Fonseca (2009)
desenvolveu uma escala de desenvolvimento motor, citando o comportamento
motor esperado para cada faixa etária, e dessa forma poder avaliar a criança.
Citando alguns desses comportamentos na faixa etária de zero a um ano
de idade é importante observar se em decúbito ventral, sustenta a cabeça e o
pescoço, sobre os braços, se leva objetos à boca e os explora e sente com a
mesma, rola de um decúbito para o outro, consegue movimentar a cabeça com
o corpo apoiado, da posição sentado para engatinhar, consegue ficar de pé
com apoio, se consegue pegar e soltar objetos com intenção, permanece em
pé por algum tempo, e depois de pé consegue sentar-se, bater palmas.
Na idade de um a dois anos consegue passar de sentado para em pé,
em brincadeiras consegue construir torres com três objetos, com caneta ou
lápis faz riscos em um papel, consegue andar com autonomia, ao andar
consegue empurrar objetos.
No período de dois a três anos, consegue abrir portas usando as
maçanetas, consegue saltar com os dois pés, desce escadas com auxilio,
agora consegue construir torres com cinco objetos, foleia livros, consegue
brincar de encaixar objetos.
Com três e quatro anos de idade, salta em uma altura maior, consegue
chutar uma bola que foi jogada para ela, ao subir as escadas já consegue
trocar os apoios dos pés, consegue dar cambalhota para frente, inicia o andar
de triciclo, o andar é controlado, com uma aptidão de motricidade fina, começa
a fazer recordes de papel e desenhos mais lúcidos.
Por último em sua escala, no período de quatro a cinco anos, seu
equilíbrio já está melhor, consegue caminhar em uma linha reta em três
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direções (para frente, para trás e na diagonal), consegue escrever letras
maiúsculas e copiar minúsculas, ao cortar um papel a dominância é bem
melhor (quase sem erros), consegue andar de bicicleta e patinete, agora salta
e gira em um pé só, tem o domínio de escrever seu nome entre duas linhas e
consegue se equilibrar em apenas um dos pés.
Helen Bee e Denise Boyd (2011) relataram uma sequência do
desenvolvimento de habilidades motoras, separadas em habilidades
locomotoras e habilidades manipulativas.
O desenvolvimento motor inclui tanto habilidades de movimento –
frequentemente denominadas habilidades motoras grosseiras, tais
como engatinhar, caminhar, correr e andar de bicicleta – quanto
habilidades manipulativas, frequentemente denominadas habilidades
motoras finas, tais como agarrar ou pegar objetos, segurar um lápis
ou enfiar linha em uma agulha. (BEE e BOYD, 2011, p.120)
Relatam ainda que as duas formas de habilidade motora são
encontradas de formas diferentes em todas as idades, porém as habilidades
motoras grosseiras vão sendo desenvolvidas antes das habilidades motoras
finas. A partir de um ano, levante-se com impulso, marcha com auxilio para
depois conseguir sem o auxilio, o inicio de uma alimentação sozinho segurando
a colher atravessada na mão, porém com dificuldade de acertar a boca.
No período de dois a quatro anos, consegue correr, sobre escada
colocando um pé em cada degrau, faz saltos com os dois pés, consegue andar
de triciclo, pega objetos de tamanhos menores, primeiramente pega o lápis
com todos os dedos para depois conseguir com o polegar e os dois primeiros
dedos e faz recorte em papel com a tesoura.
E entre quatro e seis anos, desce e sobe escada com mais dominância,
consegue caminhar usando a ponto do pé, tem equilíbrio para caminhar em
17
uma linha reta, já segura o lápis normalmente, mas a escrita e os desenhos
ainda n são totalmente dominados.
Em seu livro, a criança e seus jogos, Arminda Aberastury (1992) relata
atividades lúdicas onde em cada faixa etária cita o brincar a partir dessas
habilidades motoras por idade.
Quando o bebê nasce, precisa adaptar-se a um mundo novo que
deverá conhecer e compreender. Sua capacidade perceptiva vai
forjando uma noção deste mundo, mas a incapacidade motora limita
sua possibilidade de exploração. Muitas de suas tentativas de
explorar o ambiente constituirão a base de sua futura atividade lúdica.
(Aberastury, 1992, p. 21)
No início de sua vida extrauterina o principal objeto exploratório do bebê
é o corpo da mãe, a partir do quarto mês começam as atividades lúdicas pois o
ele já tem um maior controle do corpo, já consegue se sentar, os objetos são
mais fáceis de serem explorados.
A criança passa agora a brincar com tudo que consegue alcançar e com
o seu próprio corpo, parece que as principais brincadeiras são a de se
esconder, representando perdas e conquistas, e brinquedos que fazem sons,
como o chocalho.
Com seis meses prefere brinquedos penetrantes, gosta de objetos que
possam unir e separar. Até chegar ao primeiro ano de vida, sua locomoção vai
evoluindo e possibilitando mais exploração.
Novos brinquedos os agradam mais, parece que a água e a areia, por
exemplo, os vão fazer referência com suas fezes e urina. Chegando aos dois
anos de idade as bolas, relembram o ventre da mãe, as bonecas e animais
representam seus filhos, e as vasilhas para colocarem qualquer coisa tem
como representação a vontade de controlar os esfíncteres.
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Aos três anos de idade há o interesse por desenhar, porque já começa a
ser o início de uma capacidade de representar seu corpo, por bonecas e
carros. Com a chega dos cinco anos as fantasias tomam conta, há o interesse
por brincadeiras representativas de historias.
Com a entrada na escola, novas regras serão aprendidas, as crianças
terão o contato com jogos que usam o intelecto e a sorte, há de se aprender a
ganhar e a perder, a relação com o outro e brincadeiras coletivas.
A criança que brinca investiga e precisa ter uma experiência total que
deve ser respeitada. Se o mundo é rico e, em contínua mudança,
inclui um intercâmbio permanente entre fantasia e realidade. Se o
adulto interfere e irrompe em sua atividade lúdica, pode perturbar o
desenvolvimento da experiência decisiva que a criança realiza ao
brincar. (ABERASTURY, 1992, p.55)
Como foi dito anteriormente, é imprescindível que a criança explore ao
seu redor para que tenha a chance de conhecer ao máximo o mundo e se
desenvolva, através do lúdico.
19
CAPÍTULO II
AS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN
Langdon Down, cientista inglês, iniciou um trabalho de pesquisa em
1866 em cima de crianças com deficiência mental, e constatou que muitas
delas tinham características físicas muito parecidas, e que essas
características físicas vinham acompanhadas de uma dificuldade em seu
desenvolvimento e quociente de inteligência baixo, inicialmente essas pessoas
eram chamadas de mongolóides.
[...] que as pessoas estudadas por ele estavam, de alguma forma,
regredindo a um tipo racial mais primitivo, o que caracterizaria um
retrocesso no caminho normal da evolução dos seres vivos. Deu-lhes,
então, o nome mongolian idiots. denominação que sofrendo
mutações linguísticas chegou ao Brasil como idiotas mongoloides.
(Pueschel in Werneck, cit. em ARCHER, 1998, p. 18).
Atualmente essa denominação não é usada, por uma questão social,
para romper com preconceitos. “Muito mais que a utilização de uma preposição
(com) ou mesmo um substantivo (portador), defendemos que o indivíduo
síndrome de Down sempre seja identificado como indivíduo” (ARCHER, 1998,
p. 17). Indivíduo esse capaz de raciocinar, de se desenvolver e relacionar com
qualquer outro indivíduo.
Também chamada como Trissomia 21, à síndrome de Down não tem
cura, mas a partir de trabalhos com profissionais de várias áreas a vida do
portador se torna mais independente e com uma maior expectativa da mesma.
“A cura para o problema, não se pode oferecer, teremos de nos contentar com
a melhora do quadro” (ALVES, 2011, p.19).
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Para que o indivíduo Down consiga levar uma vida normal, é preciso que
ele seja estimulado desde bebê, para poder suprimir algumas barreiras que a
síndrome traz com ela.
A criança com síndrome de Down estimulada não apresenta traços
autistas ou apresenta-os em menor intensidade que as crianças não
estimuladas ou aquelas em que intervenções terapêuticas foram
deixadas de lado ou executadas de forma deficiente” (BUENO, 1998,
p.115).
O amor da família faz parte do auxilio para o desenvolvimento geral da
criança Down.
A família não deve esquecer que, independente de o bebê apresentar
algum defeito biológico, é necessário saber que o primeiro mês de
vida de um bebê é um momento de adaptação da família à nova
realidade, é um tempo necessário para que se possa conhecer um
pouco a criança que chegou, portanto, curta demais este momento,
faça-se e faça-o feliz. (ALVES, 2011, p. 38)
Além da família, alguns especialistas são fundamentais nesse papel de
estimulação como o fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicomotricistas, terapeutas
ocupacionais e o educador físico, encontrados, por exemplo, nas APAEs e na
sociedade Pestalozzi.
No século XX, no ano de 1958, a causa da síndrome de Down foi
descoberta por dois cientistas, Jeron e Lejeume, e constatou-se que um erro
genético era o causador da síndrome.
Como foi dito no capítulo anterior, o desenvolvimento motor na primeira
infância, o zigoto traz toda carga genética do individuo, herança de seus pais, e
um erro no par de cromossomos 21, é responsável pelas características da
síndrome de Down. Isso ocorre em uma fase do desenvolvimento intra-uterino,
21
na verdade é um cromossomo adicional nesse par 21, por isso a síndrome de
Down também é conhecida como síndrome da trissomia 21.
A mãe e o pai não podem ser culpados, ou terem qualquer
responsabilidade por tal fato ocorrido com o bebê, pois a falha é na divisão
celular ocorrida no espermatozoide ou no óvulo.
Muitos estudos apontam que a idade avançada da mãe pode ser uma
das principais causas.
A célula reprodutora feminina, o óvulo, tem a idade exata da mulher.
Seus ovários possuem milhares de óvulos trazidos já ao nascer que a
partir da primeira menstruação, amadurece e se desprendem
mensalmente do ovário, a caminho das trompas, para serem
fecundados. Por isso, à medida que a mulher envelhece, seus óvulos
envelhecem também, dando margem a maior ocorrência de fetos
malformados. Estudos da medicina indicam que após os trinta e cinco
anos, os riscos aumentam. (SILVA, 2002, p.25).
Apesar do causador da síndrome de Down sempre ser o cromossomo
21, existem mais dois tipos de problemas cromossômicos além da trissomia 21,
que causam a mesma, são eles: a translocação e o mosaicismo. A
translocação e o mosaicismo são menos frequentes, sendo a trissomia 21
encontrada com mais de noventa por cento dos casos.
Dentre as características vindas com a síndrome, Ricardo Archer (1998)
cita oito delas: o estrabismo, um déficit auditivo de leve a moderado, alteração
no hormônio tireóideo, instabilidade atlanto-axial, hipotonia, cardiopatia
congênita, um sistema imunológico deficitário, e uma expectativa de vida
menor.
Ao nascerem algumas características do bebê são visíveis, Alves (2011)
cita algumas que entre outros sinais físicos são apresentados no recém-nato,
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facilitando uma conclusão mais rápida e de certo aspecto mais fácil ao
profissional experiente, como a blefarite (inflamação das pálpebras); pescoço
curto; hérnia umbilical; genitais pouco desenvolvidos; conjuntivites, cataratas e
estrabismo podem ser observados; nariz pequeno.
Algumas características fenotípicas são relatadas por Adriana da Silva
(2002) como a cabeça do Down é menor, apresenta braquicefalia
(achatamento posterior da cabeça) e as moleiras demoram mais a se
fecharem; assim como a cabeça, as orelhas e a boca também são pequenas,
podendo a boca em alguns casos ficar aberta com a língua a mostra; o
pescoço parece mais largo e grosso (quando recém nascido, peles que sobram
são visíveis); o abdômen aparece protoso e em alguns casos apresenta ruptura
na região do umbigo; mãos e pés pequenos e grossos, os dedos pequenos e
em alguns o dedão do pé é bem afastado do segundo dedo, e por último, pela
frouxidão dos tendões, muitos Downs apresentam pés chatos; e em quarenta
por cento dos casos o coração apresenta anomalias.
Como já foi dito, muitas instituições auxiliam no tratamento do Down, o
movimento Down surgiu com o objetivo de esclarecer e dar informações para
as famílias, profissionais e a toda população interessada, que possam auxiliar
no desenvolvimento da pessoa Down.
O site traz conteúdos referentes a cuidados com a saúde, desde a
gravidez, os trabalhos que podem ser feitos com profissionais da parte da
saúde e estimulação. Com referência a educação, cita todos os estágios da
vida escolar até o ensino profissionalizante, traz dicas para assegurar seus
direitos, relata a inclusão de pessoas Down no mercado de trabalho e a vida
cotidiana em suas relações sociais.
Existem alguns exames que podem ser feitos para diagnosticar se o
bebê é portador da trissomia, geralmente a ultrassonografia aparece como um
primeiro diagnóstico. Após a descoberta através da ultrassonografia, outros
23
exames são realizados para a confirmação, como a aminiocentese, que analisa
o líquido amniótico e a biópsia do vilo corial, que usa uma amostra da placenta.
Atualmente existe a possibilidade de diagnosticar a bebê Down através
de um exame de sangue, mas só é analisado nos Estados Unidos. Apesar de
ter um custo alto, não traz risco para a gravidez, já que não é invasivo como os
exames amniocentese e a biópsia do vilo corial.
As possíveis complicações incluem problemas cardíacos, anomalias
intestinais, problemas digestivos, deficiências visuais, auditivas,
disfunção de tireoide, infecções, deslocamento da espinha cervical e
doenças sanguíneas. Algumas dessas condições podem ser bastante
sérias, mas a maioria é tratável. (www.movimentodown.org.br).
A importância de se diagnosticar o bebê Down, é o cuidado maior que a
família deverá ter com sua saúde. Não quer dizer que todos os bebês Down,
virão com todas essas complicações, isso não é regra, mas provavelmente
algumas dessas doenças serão diagnosticadas.
De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de
Down, criada pelo Ministério da saúde dentre as doenças do sistema
cardiovascular são encontradas a comunicação interventricular, comunicação
interarterial e defeito do septo atrioventricular que aparecem de 40% a 50% dos
trissômicos; no aparelho da visão pseudo-estenose do ducto lacrimal é a mais
comum aparecendo em 85% dos casos, já a catarata aparece em 15% dos
casos; no aparelho auditivo há perda da audição em 75% doas casos; no
sistema digestório, a atresia de esôfago e atresia de duodeno acontecem em
12%; no sistema nervoso, o autismo aparece em 1% dos casos; no sistema
endócrino o hipotireoidismo aparece de 4 a 18%; a instabilidade das
articulações acontece em 100% dos casos; e a anemia aparece em 3% dos
casos, assim como no sistema hematológico a leucemia está em 1%.
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Ainda de acordo com as diretrizes, até o primeiro ano de vida do bebê, é
importante se fazer exames como TSH, para medir o hormônio tireoide; o
hemograma; o cariótipo, exame sanguíneo que irá detectar se realmente o
bebê tem síndrome de Down; ecocardiograma detecta doenças cardíacas;
avaliações da visão e da audição e a vacina anti-pneumocócica, deverão ser
feitos como forma de acompanhar a saúde do bebê.
Depois do primeiro ano de vida até o décimo ano, caso a criança tenha
alguma cardiopatia (presente em 50% dos casos), o ecocardiograma, será
rotineiro nesses anos, a imunização extra virá com duas doses de anti-varicela
(com 1 ano e depois com 4 anos) e anti-hepatite A, raio-x da coluna cervical e
avaliação neurológica aparecem como novos exames.
Na adolescência e no adulto, o raio-x da coluna e avaliação neurológica
para praticantes profissionais de qualquer esporte, o exame de TSH ainda
presente, já fazer exame ginecológico e urológico, caso seja sexualmente ativo
dar medidas contraceptiva, e as avaliações anuais de visão, audição,
nutricional e dentária, são fundamentais.
Com relação à dificuldade no desenvolvimento motor a hipotonia
encontrada nos indivíduos Down, provavelmente será a grande vilã, mas
superada por um bom trabalho de estimulação. “As crianças Down por serem
hipotônicas e flácidas demoram mais para despertar para o mundo que está
presente, portanto, faz-se necessário um envolvimento afetivo mais profundo
nesta justificativa” (ALVES, 2011, p.51).
Outra forma de estimulação muito importante é a intelectual, porque
assim como qualquer outro estudante o aluno Down também tem capacidade
para aprender. A escola terá um papel de conhecimento dos conteúdos,
trabalhará sua parte afetiva e a socialização.
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Respeitando a individualidade de cada um, o Down tem a capacidade de
aprender, porém seu ritmo será mais lento do que o dos demais alunos.
Além desse déficit intelectual, eles têm dificuldade em armazenar
informações recentes e perdem facilmente a concentração, porém essas suas
características podem ter avanços.
A inteligência da criança com Síndrome de Down evolui até a
possibilidade de cada uma. Algumas crianças aprendem a ler e a
escrever e a frequentar escolas que lhes deem amparo adequado.
Sua concentração tem o tempo suficiente para guardar as ordens
dadas. Com o tempo, sua capacidade de concentração evolui. Por
meio de exercícios, o tempo de duração da atenção e da vigilância
será aumentado (ALVES, 2011, p.42).
Por outro lado, algumas estratégias podem ser usadas para auxiliar no
aprendizado, como em tarefas de grupo ter um adulto para auxiliá-lo, nas
explicações usar gestos e materiais que possam representar a fala, como
imagens e objetos, falar diretamente com a criança Down e sempre reforçar
qualquer duvida do grupo.
Tendo um maior enfoque na educação infantil, faixa etária discutida no
trabalho, a inclusão em escolas regulares trará benefício para o aluno Down e
para as outras crianças. Trazendo as limitações de cada aluno como um dos
aspectos a serem trabalhados, é importante aprender de pequeno a respeitar e
conviver com as diferenças.
O site www.movimentodown.org.br, relata que os objetivos a serem
aprendidos na educação infantil, estão ligados diretamente com a socialização
e a limites. Na convivência do dia a dia a criança tem que estar interagindo e
participando de atividade com as outras crianças, ter capacidade de brincar
com cooperação, fazer amigos e ter preocupação com o próximo. Além desse
26
aspecto de convivência em grupo, a criança deverá ser capaz de responder a
comandos e instruções.
As atividades corporais e recreativas são muito importantes também,
uma vez que o atraso na parte motora pode limitar o desenvolvimento
cognitivo. Por isso é importante para as crianças na educação infantil e dando
uma maior importância para a criança Down, atividades ao ar livre individual e
em grupo, que desafiem seus limites como saltar, usar seu corpo para passar
em lugares difíceis, ter uma noção corporal própria e a do colega, trabalhar
habilidades manuais e de variadas texturas.
Para o aluno Down muitas dessas atividades podem causar dificuldades,
mas é importante que o professor esteja ao seu lado incentivando e dando
apoio.
No processo de desenvolvimento do Down barreiras serão quebradas e
vitórias serão alcançadas.
27
CAPÍTULO III
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA
A psicomotricidade é a ciência que estuda as ações do corpo
relacionando-as com o psiquismo, por isso seu principal objeto de estudo é o
próprio corpo.
Dentre as definições de alguns autores, três são bem objetivas, “... a
psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, que represente
suas necessidades e permita sua relação com os demais. É a integração entre
psiquismo e motricidade” (ALVES, 2012, p.18).
“A psicomotricidade entende o movimento visto na sua realização como
atividade do organismo total (corpo-intelecto-mente), expressando a
personalidade no seu todo” (VELASCO, 1994, p.16).
“A estimulação do desenvolvimento psicomotor é fundamental para que
haja consciência dos movimentos corporais integrados com sua emoção e
expressados por esses movimentos.” (BUENO, 1998, p.51).
Tendo em vista essas três definições se torna bem claro que não há
possibilidade de separar o movimento do psíquico, as ações que o corpo gera
quer expressar personalidade e sentimentos.
A psicomotricidade pode trabalhar o corpo de quatro formas, são elas:
estimulação, educação, reeducação psicomotora e terapia psicomotora.
A estimulação psicomotora está diretamente ligada a crianças recém-
nascidas e de idade pré-escolar, essa estimulação vai trazer favorecimentos
para o desenvolvimento da criança, auxiliando no despertar do corpo e da
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afetividade com objetos, indivíduos e o meio. “Estimulação quer dizer
despertar, desabrochar o movimento” (BUENO, 1998, p.83).
A educação psicomotora está relacionada em todos os estágios de
desenvolvimento da criança, trabalhando o corpo no aspecto cognitivo, motor e
emocional. Tomando como faixa etária crianças que já estejam em fase
escolar, é encarada como prevenção de possíveis distúrbios psicomotores e
entra como facilitadora do desenvolvimento global da criança.
Em contrapartida a reeducação psicomotora aparece para curar
indivíduos com os distúrbios, a fim de exemplificar podem ser citados distúrbios
do esquema corporal, distúrbios da dominância lateral, da dinâmica global e
distúrbios na aprendizagem como dislexia.
“Em termos gerais, reeducar significa educar o que o individuo não
assimilou adequadamente em etapas anteriores” (BUENO, 1998, p.85), muitos
são os profissionais que atuam para reeducação psicomotora, como
psicólogos, fonoaudiólogos, educadores físicos e pedagogos.
A terapia psicomotora está ligada a distúrbios mais profundos,
desorganizando o indivíduo num completo.
Envolve crianças com quadro de hipercinese associado a outras
dificuldades, crianças com agressividade acentuada, pulsões motoras
incontroladas, casos de excepcionalidade e dificuldades de
relacionamento corporal e também destinada a indivíduos que
possuem a associação de transtornos psicomotores com transtornos
de personalidade. (BUENO, 1998, p.85).
Entendendo a hipercinese por ações motoras ligadas a patologias, com
uso de agressão e intensidade.
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Esse capítulo se prenderá a abordar sobre a psicomotricidade aquática,
e as possibilidades de trabalho no meio líquido, seja na estimulação, na
educação, reeducação ou terapia psicomotora.
Partindo para os objetivos trabalhados na psicomotricidade, e
observados em uma avaliação psicomotora, há de se ressaltar que devem ser
respeitados os limites de cada faixa etária, dentro do desenvolvimento
psicomotor.
Cacilda Velasco (1994) divide as áreas do desenvolvimento psicomotor
em condutas motoras de base (equilíbrio, coordenação dinâmico global,
respiração consciente e coordenação fina), condutas neuromotoras
(estruturação do esquema corporal, controle psicomotor e lateralidade) e
condutas perceptivo-motoras (orientação corporal, orientação espacial e
orientação temporal).
Iniciando pelas condutas motoras de base, Cacilda Velasco (1994) diz
que o equilíbrio está ligado ao tônus muscular, pensando em uma progressão
deve ser trabalhado do estático para o dinâmico, conseguindo manter-se em
um pé, depois em um pé só, realizar saltos sobre os mesmos, e isso tudo
acontecendo cada vez com menos quedas.
A partir desse equilíbrio outros aspectos são trabalhados, como a
coordenação dinâmica global, coordenação fina e a respiração consciente. “A
coordenação dinâmico global seria a persistência motora e neurológica, o
domínio do corpo, a sua localização no tempo e no espaço.” (VELASCO, 1994,
p.32). Na coordenação dinâmica global há uma consciência corporal muito
grande, pois muitos grupos musculares são trabalhados e exige uma grande
consciência proprioceptiva.
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A coordenação fina é subdividida em oculomotora, motora fina e
musculofacial. Essa coordenação é trabalhada nas extremidades, utilizando
pequenos músculos e exige grande refinamento do movimento.
No nosso processo respiratório, inspiramos ativamente, mas expiramos
passivamente, a respiração consciente é a capacidade de perceber que ao
inspirarmos entra o oxigênio em nosso corpo, e ao expirarmos soltamos o gás
do nosso corpo passivamente, mas podemos fazer isso ativamente também.
A coordenação fina oculomotora, é um trabalho do olho com o
movimento de mãos e pés, na motora fina a criança é capaz de movimentos
mais precisos com objetos menores, e por fim, muito ligada à linguagem, a
coordenação músculo facial trabalha a musculatura facial.
Nas condutas neuromotoras, Cacilda Velasco (1994), reforça a
importância de um sistema nervoso central desenvolvido, para haver a
realização dessas condutas. Iniciando o estímulo de uma sensação, partindo
para a percepção, retenção, associação, simbolização e conceitualização.
A estruturação do esquema corporal, citada como a primeira conduta
neuromotora, é a capacidade de perceber a própria imagem corporal. Usando a
definição de outra autora, “A formação do “eu”, da personalidade da criança,
isto é, o desenvolvimento do esquema corporal, a criança toma consciência de
seu corpo e das possibilidades de expressar-se por esse meio” (ALVES, 2012,
p.25).
O controle psicomotor está dominado quando há a integração das áreas
psíquicas e motoras. “O controle psicomotor está intimamente relacionado à
integração postural gravitacional, sensorial, motriz, corporal, espacial,
simbólico-linguística e volitiva” (VELASCO, 1994, p.37).
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Por fim temos a lateralidade, que será definida quando um dos
hemisférios cerebrais aparecer dominante, direito ou esquerdo, sendo
descoberta a partir de experiências e sem ser imposta nenhuma forma
convencional.
Cacilda Velasco define as condutas perceptivo-motoras da seguinte
forma: “Essas condutas dependem da consciência das sensações, da
memória, da organização, da representação e estruturação das atividades
motoras e do ritmo de cada individuo” (VELASCO, 1994, p.41). Há de se
perceber que há uma hierarquização de processamento para serem realizadas
essas condutas.
Na orientação corporal, a criança é capaz de sentir o estimulo,
interiorizá-lo, fazer uso e memorizá-lo. Esse processo acontecerá somente se
houver tônus muscular, freio inibitório e dissociação.
A orientação temporal está ligada ao ritmo de cada criança. A partir de
uma rotina diária, a criança se adapta ao tempo e o relaciona com atividades
diárias.
Por último a orientação espacial é definida como a capacidade de
relacionar o seu corpo com o espaço que o rodeia. Tendo o corpo como
referência, é capaz de saber o que está distante, ou perto; mais alto, ou mais
baixo.
A partir desses objetivos, a proposta será trabalhá-los no meio aquático,
com todas as suas características e possibilidades, como propõem Bueno
(1998):
A proposta aquática baseada na psicomotricidade deve dirigir-se à
utilização da água e do movimento neste meio para estimular o
indivíduo de forma que, por meio deste movimento, ele aprenda a se
conhecer e se aceitar, ajustando seu comportamento e atitudes ao
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meio social, de forma lúdica e prazerosa, numa proposta de
movimentos criativos, espontâneos, livres e com significado para o
indivíduo.
Não pensando em uma natação tradicional, VELASCO (1994, p.49)
argumenta que “nadar não é somente realizar deslocamentos e movimentos
com o nosso corpo. É, antes disso, organizar as sensações recebidas pelo
meio líquido, em nosso cérebro, transferindo-os psicomotoramente na água”.
BUENO (1998) cita que o meio aquática traz várias experiências e
sensações novas para o corpo recrutando canais exteroceptivos,
proprioceptivos e interoceptivos.
Referindo-se aos canais exteroceptivos, relata as sensações captadas
pelos órgãos no meio aquático, a visão fica diferenciada ao olhar para o fundo
da piscina, o tato sente uma maior resistência da água, a audição fica limitada
de barulhos externos ou somente da turbulência da água, e o paladar e o olfato
referentes ao produto químico de tratamento da água.
Quanto aos canais proprioceptivos, o corpo no meio liquido diverge da
sensação do que no meio terrestre, por motivo da gravidade, o grau de tensão
muscular aumente, o equilíbrio corporal e a noção do corpo no espaço
também.
Referente à sensibilidade interoceptiva é a correlação que fazendo do
meio aquático com o meio intrauterino que já vivemos.
Para uma boa experiência na piscina, a criança deverá aprender a
sobreviver na água, a dominar seu corpo no novo meio, conseguindo trocar de
decúbitos e fazer a imersão, e realizar a nova mecânica da respiração que
passa a ser uma expiração ativa e forçada.
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A imersão é uma questão adaptativa bem necessária, pois traz uma
experiência completamente diferente que temos no meio terrestre.
A imersão ou mergulho exige uma adaptação sensorial nível visual,
auditivo e sinestésico e uma organização espacial modificada pelo
meio líquido que envolve esse corpo. Essa adaptação sensorial
refere-se também à força do empuxo porque o mesmo, conforme o
citado nos princípios biomecânicos, é maior à medida que a
densidade for maior, ou seja, quanto mais fundo o indivíduo for, mais
densa será a água e consequentemente maior será o empuxo que o
trará de volta, ou, ainda, quanto mais partes do corpo estiverem
abaixo da água, maior será o empuxo. (BUENO, 1998, p. 127).
Em um processo de aprendizagem há de ser respeitando os limites
maturacionais das crianças envolvidas, mas com a certeza de que as
experiências vividas deverão ser prazerosas.
A grande contribuição das atividades aquáticas para bebês até seis
meses, é a inibição dos reflexos, ajudando na evolução maturacional. A partir
disso acontecerá a estimulação de movimentos naturais, BUENO (1998) cita
em seu livro várias movimentos para se estimular o bebê, como segurar o bebê
pelas axilas e realizar balanceios laterais e anteroposteriores para auxiliar na
sustentação da cabeça e nas posições sentado e em pé a serem alcançadas;
uso de materiais como o colchão para estimular o rastejar; ainda no colchão
colocá-lo na posição sentado e fazer turbulências externas para tentar
equilibra-se e da posição sentado, dar os dedos para o bebe fazer força e
tentar ficar em pé.
Todas essas atividades são importantes músicas para tornar o ambiente
agradável, a tonicidade do professor relaxada e tranquila, brinquedos para
atividades livres de preensão e o reforço positivo para as conquistas.
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“O reforço positivo e afetivo imediatamente após a conquista de alguma
ação desejada pela criança é um estímulo importante para a aquisição de sua
segurança pessoal” (BUENO, 1998, p. 133).
Após os seis meses as atividades propostas por BUENO(1998) são
ainda de estimulação psicomotora global, mas tendo algumas conquistas já
realizadas, passaremos para atividades mais complexas.
A fim de auxiliar na posição ereta futura movimentos de dissociação de
membros superiores e de apoio em barras fortaleceram a musculatura
envolvida. Estímulos visuais, com brinquedos coloridos, e estímulos auditivos,
com musicas, continuam a ajudar a desenvolver e tornar o ambiente prazeroso.
Para desenvolver o esquema corporal, pedir para mostrar em
brinquedos partes do corpo, com o auxilio do colchão, colocar a criança em pé.
Na estimulação espacial, executar mergulhos, trabalhando profundidade,
abjetos longes e pertos, pegar objetos no alto.
Um ponto muito importante é quando a partir dos dois anos, a criança
deixa de fazer as atividades com a mãe, e passa a fazer “sozinha”, junto de
outros colegas, começa ai, uma vida social e a construção de sua autonomia.
Na fase pré-escolar, a partir dos três anos, continuará o processo de
adaptação ao meio líquido, e é o momento de vivenciar o seu corpo na água
em todas as possibilidades.
Da mesma maneira que a criança “vê” com os dedos, ela aprende
com o corpo, este é o seu elo com o mundo que acerca. Todas as
descobertas infantis promovem a aprendizagem. E para que essas
descobertas ocorram deverá ser dada à criança a oportunidade de
experimentar e explorar tudo com o seu corpo. (VELASCO, 1994,
p.55).
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A criança melhor adaptada ao meio líquido e com a idade mais
avançada, já que esse período segue até os seis anos, poderá desfrutar mais
desse meio. Na fase pré-escolar é o momento de abusar das mudanças de
decúbito, trabalhar uma respiração mais prolongada, realizar saltos em
diferentes direções e se divertir com as possibilidades, e prazeres que a água
nos traz.
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CONCLUSÃO
Observando os benefícios da psicomotricidade aquática, há de se
concluir que só haverá ganhos na utilização da mesma na estimulação de
crianças com síndrome de Down.
Se para que um indivíduo Down apenas tenha que ser estimulado para
que consiga suprir as dificuldades impostas pela síndrome, a psicomotricidade
aquática aparece como uma das alternativas.
Como foi dito no capítulo II, a hipotonia característica da síndrome, a
dificuldade de armazenar informações recentes e o déficit de atenção,
aparecem como grandes vilãs para o desenvolvimento motor e psicomotor.
A água trará grande resistência à musculatura, trabalhando a questão do
tônus muscular, vários objetos e manobras realizadas pelo professor
estimularão ações musculares a fim de incentivar movimentos que podem ser
prejudicados pela síndrome e pela idade na criança trabalhada. Brinquedos
coloridos e musicas com certeza trarão a atenção da criança para a aula.
Na questão respiratória, onde o sindrômico Down tem alta
probabilidade de obter infecções respiratórias e alergias, a
presença no meio líquido permite que o indivíduo inspire
um oxigênio umidificado, exercite a musculatura envolvida
na expiração para vencer a resistência natural que a água
oferece e pratique uma respiração ritmada e consciente
para aliviar os transtornos causados pela língua em
projeção e palato ogival. (BUENO, 1998, p.148).
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É importante que a criança com síndrome de Down seja inserida em
uma turma coletiva, para que possa experimentar situações de limites e
desafios, possa aprender junto de outras crianças e formar uma vida social.
A psicomotricidade aquática trará uma estimulação global do indivíduo
síndrome de Down, entendesse estimulação global como motora, afetiva,
psíquica e ainda auxiliando em doenças respiratórias e na obesidade.
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. 2º edição. Porto Alegre:
Editora Artmed, 1992.
ALVES, Fátima. Para entender síndrome de Down. 2º edição. Rio de Janeiro:
Editora Wak, 2011.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro:
Editora Wak, 2012.
ARCHER, Ricardo Battisti. Natação adaptada: metodologia de ensino dos
estilos crawl e peito com fundamentação psicomotora para alunos síndrome de
Down. São Paulo: Editora Ícone, 1998.
BEE, Helen; BOYD, Denise. A criança em desenvolvimento. 12º edição. Porto
Alegre: Editora Artmed, 2011.
BUENO, Jocian Machado. Estimulação, educação, reeducação psicomotora
com atividade aquática. São Paulo: Editora Lovise, 1998.
FONSECA, Vitor. Psicomotricidade: Filogênese, ontogênese e retrogênese. 3º
edição. Rio de Janeiro: Editora Wak, 2009.
Movimento Down. URL:http://www.movimentodown.org.br data de acesso:
30/07/2013.
SILVA, Adriana Maria Soares. Projeto água vida: Uma proposta inclusiva.
Monografia não publicada. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002.
39
VELASCO, Cacilda Gonçalves. Habilitações e reabilitações psicomotoras na
água. São Paulo: Editora Harbra, 1994.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O DESENVOLVIMENTO MOTOR NA PRIMEIRA 11
INFÂNCIA
CAPÍTULO II
AS CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 19
CAPITULO III
OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE 27
AQUÁTICA
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40