documento protegido pela lei de direito autoral · 2014. 2. 25. · nos livros: "mentes inquietas...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIAGNOSTICANDO CORRETAMENTE O TDAH NO CONSULTORIO E NA
INSTITUIÇÃO ESCOLAR
Por: Patrícia Franco da Justa Teixeira
Orientador
Prof. Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIAGNOSTICANDO CORRETAMENTE O TDAH NO CONSULTORIO E NA
INSTITUIÇÃO ESCOLAR
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Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em....
Por: . Maria Clara B. P.
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AGRADECIMENTOS
....aos meus pais por me
proporcionaram meios através dos
quais pude realizar o presente trabalho
e a minha orientadora pelo carinho e
compreensão...
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DEDICATÓRIA
.....dedica-se ao meu pai José Bruno
Franco Teixeira e a minha mãe Angelina
Franco da Justa Teixeira.
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo auxiliar no diagnostico real do TDAH e
na diferenciação de outros transtornos com o proposito esclarecer as seguintes
questões: Quais os casos reais de TDAH? A partir de quais sinais e sintomas
pode-se fazer o diagnostico de TDAH? Como diferenciar o TDAH de outros
transtornos? Para isso é necessário pesquisar sobre os quadros associados,
sobre a historia do transtorno, sobre a origem da questão, sobre seu
diagnóstico e diferenciação e finalmente sobre o tratamento.
Assim, para a investigação do tema foi utilizada de forma aprofundada os
conceitos contidos nos livros: "Mentes Inquietas Entendendo melhor o mundo
das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas" de Ana Beatriz B. Silva; DSM
IV Manual diagnostico e estatístico dos transtornos mentais e no CID-10.
O interesse foi o de investigar como pode-se realizar corretamente o
diagnóstico de TDAH e como tratar o portador deste transtorno de modo que
ele consiga se inserir no mercado de trabalho competindo igualmente com as
outras pessoas e desse modo alcançando a independência e sucessos futuros
Palavras-chave: TDAH, infância, adolescência, diagnóstico, saúde,
independência, desenvolvimento, futuro.
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METODOLOGIA
Para a investigação e esclarecimentos, abordagem descritiva do tema, foi
utilizada de forma aprofundada os conceitos sobre os contidos principalmente
nos livros: "Mentes Inquietas Entendendo melhor o mundo das pessoas
distraídas, impulsivas e hiperativas" de Ana Beatriz B. Silva; DSM IV Manual
diagnostico e estatístico dos transtornos. Além de consultas às obras citadas
nas Referencias Bibliográficas, artigos de revista e textos da internet.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - DEFININDO TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO
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CAPÍTULO II - INFÂNCIA, AFETIVIDADE E PARTICULARIDADES
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CAPÍTULO III – DIAGNÓSTICO E COMORBIDADES 49
CAPITULO IV – VISÃO PSICOPEDAGÓGICA 59 CONCLUSÃO 69
ANEXOS 79 BIBLIOGRAFIA 102
ÍNDICE 104
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
O presente interesse no tema foi intensificado quando participei de uma
aula sobre transtornos em geral no curso de pós-graduação em
Psicopedagogia para profissionais de educação e da psicologia, promovido
pela AVM-Faculdade Integrada, realizada na cidade do Rio de Janeiro. Durante
esta aula fiquei impressionada com as explicações teóricas, os casos
trabalhados e os depoimentos das pessoas que, quando crianças, eram
apelidadas de várias formas estereotipadas tais como: “bicho carpinteiro”, “No
mundo da lua”, “Bagunceiro”, etc.. Isso ocorreu porque provavelmente elas não
foram diagnosticadas adequadamente por parte dos profissionais da área de
saúde e pelos professores, que, por sua vez possivelmente não tinham um
esclarecimento apropriado para lidar com essas crianças. Assim, em geral,
essas dificuldades eram tratadas como se houvesse problemas de disciplina,
de interesse ou até mesmo de educação. Atualmente sabemos que o TDAH é
definido como um transtorno neurobiológico que se faz presente em crianças,
adolescentes e adultos, independente de país de origem, nível sócio-
econômico, raça ou religião. O Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico, reconhecido pela
Organização Mundial de Saúde e registrado oficialmente pela Associação
Americana de Psiquiatria no manual chamado de Diagnostic and Statistic
Manual (DSM), que está na sua quinta edição.
Assim Barkley (2008) caracteriza o TDA/H como sendo um transtorno
mental válido, encontrado universalmente em vários países e que pode ser
diferenciado, em seus principais sintomas, da ausência de deficiência e de
outros transtornos psiquiátricos.
Porem, no incio dos estudos sobre esta síndrome, os conceitos eram
bem diferentes. Em 1902, o pediatra britânico Geoge Still descreveu em uma
monografia um grupo de 20 crianças com problemas parecidos aos que hoje
apresentam os indivíduos diagnosticados com TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção com Hiperatividade). Eram indivíduos, que segundo Still, possuíam
algo como um defeito de controle moral. Esta era uma espécie de diagnóstico
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que Still definia como um déficit no controle da atividade em conformidade com
a consciência moral. O pediatra implicava conceitos religiosos próprios de sua
época, como por exemplo preguiça e maldade, no transtorno em questão.
Em 1947, Strauss e Lehtinen propuseram a primeira denominação
diagnóstica que perdura no tempo: “síndrome da lesão cerebral mínima”. Na
década de setenta, as classificações internacionais, ICD-9 e DSM-II recolhiam
este transtorno sob o termo síndrome hipercinética da infância.
Já o DSM-II, Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (1980) assumiu pela primeira vez o transtorno por déficit de atenção,
classificado segundo dois subtipos: com hiperatividade e sem hiperatividade.
Descreviam-se três áreas comportamentais nas quais se manifesta o
transtorno: falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. O DSM-III-R
(1987) anulou estas três áreas de sintomas e incluiu de novo a hiperatividade
como característica substancial: transtorno por déficit de atenção e
hiperatividade. Incluía uma subdivisão em função da gravidade do transtorno:
leve, moderado, grave.
Nos dias atuais, o DSM-IV (1994) mantém o termo de transtorno por
déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH), classificando-o dentro do aparelho
dedicado aos transtornos por conduta perturbadora. Reconhecem-se três tipos:
TDAH combinado, TDAH predominante desatento, TDAH predominante
hiperativo/ impulsivo.
No entanto, o DSM-IV assinala que antes dos 7 anos devem ter
começando os sintomas desadaptadores do transtorno pelo menos em dois
âmbitos diferentes.
Assim para o presente estudo é conveniente analisar brevemente dos
fatores que afetam os ambientes frequentados por pessoas com TDAH,
começando pelas dificuldades cognitivas que envolvem incapacidade na
resolução de problemas; organização; inibição de estímulos, condutas e
respostas; dificuldade de manter o esforço numa tarefa; tomar notas;
completar atribuições a longo prazo; habilidade para encontrar formas para o
estudo; velocidade e desenvolvimento da linguagem; organização em tarefas
que requerem explicação verbal; coordenação motora (caligrafia).
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Pode-se citar também a falta de controle das emoções: poder esperar
permite à mente ter tempo para dar um significado pessoal à informação e
receber o conteúdo próprio da informação. Os portadores de TDAH têm
dificuldade para controlar as emoções; ao dar uma resposta não dão tempo à
mente para separar o sentimento dos eventos; esta conduta traz
conseqüências como hostilidade de parte do ambiente, castigo, rejeição e em
alguns casos perda de amigos ou dificuldades nas relações interpessoais.
Além disso, estes sujeitos se mostram incapaz de utilizar a
aprendizagem para enfrentar uma situação atual: a habilidade de esperar
permite receber a informação, retê-la e compará-la com experiências passadas
guardadas na memória. A pessoa com TDAH, ao responder rapidamente, não
podem retomar a informação que possui de experiências passadas para
responder adequadamente às perguntas.
Tais indivíduos também não conseguem ter autocontrole: ao esperar
os pensamentos se internalizam permitindo assim definir metas, planejar,
avaliar e medir consequências. A pessoa com TDAH têm dificuldades para
utilizar a internalização do pensamento, portanto, sua conduta é inconsistente,
tende a ter pouco controle da situação, sua conduta passa a ser regulada pelo
que lhe parece mais estimulante no momento, não seguem estruturas nem
rotinas, pouco persistentes.
Dessa forma, tais características exigem a reconstrução do
pensamento para que possam desenvolver a habilidade de resolver problemas,
de dividir a informação em partes, de sintetizar a informação se precisa
esperar. Os TDAH’s tendem a dar respostas imediatas, o que dificulta a
resolução de problemas ou a expressão de pensamentos depois de relacioná-
la com a informação. Além de outras dificuldades enfrentadas por eles como:
estresse em pais e irmãos, rendimento escolar baixo, medicação com
estimulantes, autoestima baixa.
A minha intenção ao começar a estudar e conhecer um pouco mais
sobre o tema deteve-se na concepção dos pais, cuidadores, professores e até
psicólogos, pois, ainda que este transtorno esteja sendo hoje cada vez mais
divulgado em tantos meios de comunicação, onde a disseminação das
informações são bem mais rápidas, permanecem muitas concepções errôneas.
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No entanto, sendo os sintomas da hiperatividade, da desatenção e da
impulsividade características de comportamento muito comum em crianças em
fase de desenvolvimento, pergunto-me como os profissionais das áreas
citadas acima lidam e vêem as crianças, adolescentes e adultos que
apresentam estes sintomas?
De acordo com o autor Paulo Mattos (2007), as pessoas que
apresentam o TDAH podem ser rotuladas como mal educados,
desinteressados, com problemas familiares, ou até mesmo com dificuldades de
enxergar e ouvir, ou problemas de aprendizagem que dificultam seu
desempenho acadêmico, ao invés de serem encaminhadas para profissionais
da área de saúde para terem um diagnóstico mais adequado. Sabe-se, no
entanto, que não podemos dizer que tais sujeitos não são capazes de
aprender, e que, em geral, têm níveis normais ou elevados de inteligência.
Entretanto, o despreparo e a falta de informação de alguns profissionais da
saúde e da docência podem contribuir para que essas características se
acentuem de forma excessiva em algumas pessoas, por não serem
associadas ao TDAH, e se associem a outros transtornos que dificultam a
aprendizagem o desempenho no trabalho e as relações sociais, tornando o
tempo acadêmico delas e o cotidiano muito ruins, desgastantes e levando o
sujeito ao abandono. É comum também, que esses mesmos profissionais se
sintam despreparados para estimulá-los, no sentido de diminuir o impacto
causado por esse transtorno.
Sendo assim, não posso deixar de falar sobre o processo de
inclusão dessas pessoas com o meio educacional e social, pois elas muitas
vezes são excluídas do processo de aprendizagem e do convívio com os
outros por se acharem incapazes de aprender, de se relacionarem e de seguir
o ritmo dos demais alunos sendo tachadas de burras, preguiçosas,
desinteressadas e ainda acabam sendo excluídas pelos pelos colegas nas
brincadeiras, festinhas de aniversários, trabalhos em grupo, etc. Torna-se
necessário também saber identificar quem são essas crianças, adolescentes e
adultos, saber diferenciá-lo dos outros e identificar quais as características que
as tornam tão especiais.
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No decorrer dos estudos, obtive um maior embasamento teórico
através do contato com trabalhos de autores como Thomas E. Brow (2007),
Paulo Mattos (2007), Russell A. Barkley (2008), Maria Isabel Vicari (2006),
dentre outros que pesquisaram sobre o assunto. Estes autores assinalam que
o TDAH é um fator de risco para o baixo desempenho acadêmico, e no
trabalho e para os altos índices de abandono escolar e desemprego, pois os
portadores desta síndrome além de terem maiores chances de serem
repreendidos e castigados podem ter outros problemas associados, que vão
dificultar na leitura, na escrita, na comunicação e no relacionamento com os
outros, no mau rendimento, além de criar dificuldades nos relacionamentos.
Por outro lado, tais dificuldades vão contribuir muito para a sensação de mal-
estar e, é lógico que no ambiente escolar e de trabalho, esses sujeito
começam a se sentir excluídos e desenvolvem sentimentos de inferioridade por
comparar-se aos demais colegas, o que gera desejo intenso de abandono de
suas atividades cotidianas.
Na adolescência, o risco ainda é maior, pois apresentam sentimentos
propícios para uso excessivo de álcool e abuso de drogas ilícitas, assim como
comportamentos irresponsáveis, que em parte são causados pela
impulsividade. É com essa preocupação que o autor Paulo Mattos (2007) vai
descrever sobre o desempenho acadêmico das crianças que são portadoras
do TDAH:
“A intervenção escolar é muito importante e em
alguns casos pode facilitar o convívio dessas crianças com
colegas e também evitar que elas se desinteressem pelo
colégio, fato muito comum em adolescentes. O problema é
a escola participar do tratamento; muitas escolas não
apenas desconhecem o TDAH como também não têm o
desejo ou possibilidade de participar do tratamento, pelas
mais variadas razões” (MATTOS, 2007ª, p. 43).
Dessa forma, cabe à escola e, mais precisamente aos professores e
psicólogos, a possibilidade de identificar precocemente os sintomas e
encaminhar a criança para uma avaliação médica. E nesse caso, toda a equipe
técnica exerce funções importantíssimas no diagnóstico e tratamento desse
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transtorno. No entanto, precisam estar bem informados e querer participar do
tratamento apoiando não só as crianças, mas também os pais e cuidadores.
Segundo Mattos: o sistema educacional tradicionalista penaliza
portadores de TDAH, pois exige que os alunos permaneçam quietos (em geral,
sentados em suas carteiras), que sempre sigam todas as regras, que
mantenham a atenção por horas seguidas e que sejam avaliados por provas
monótonas e sem permissão para interrupções. (MATTOS, 2007, p. 75)
Isso quer dizer que o modelo tradicional de ensino dificilmente
compreende e acolhe as crianças e adolescentes com problemas de TDAH,
pois tende a classificar esse comportamento diferenciado da maioria e dos
padrões da escola ou sociedade. A criança com TDAH é considerada, pelo
senso comum, como inadequada, indisciplinada, produto de falha na educação
familiar, ou mesmo como fruto de uma característica própria da personalidade
do aluno.
Por fim, minha inquietação diz respeito ao seguinte: Como diagnosticar
e lançar no mercado de trabalho esses sujeitos, os portadores do TDAH, que
claramente possuem problemas de interação, comportamento e
relacionamento com o outro?
Perante as dificuldades de concentração, atenção, impulsividade e
agitação as pessoas com o transtorno estarão sempre “ultrapassando os
limites” e a tendência tanto dos pais, quanto dos professores e colegas e
chefes será sempre de puni-los e excluí-los. Ser portador de TDAH significa ter
sempre que se desculpar por ter quebrado algo, mexido ou ofendido alguém
que não merecia por ter falado sem pensar; significa ter que abrir mão do
tempo do recreio para concluir atividades que não foram realizadas no tempo
certo, ficar chateado por ter tirado nota baixa, ou seja, significa ser
responsabilizado por coisas pelas quais tem pouco controle, gerando
sentimentos de inferioridade, baixa auto-estima, desinteresse pelos estudos e
ansiedade.
Segundo Mattos (2007), o portador de TDAH é descrito como sendo
pessoa inquieta, que muda de interesses e planos o tempo todo, tendo
dificuldades em levar as coisas até o fim, pois detesta coisas monótonas e
repetitivas. Além disso, algumas são impulsivas no seu dia a dia, tendem a ter
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problemas na sua vida acadêmica bem como na vida profissional, social e
familiar. Por esses motivos é que acredito ser importante trazer
esclarecimentos sobre o tema tanto para os profissionais da área de educação
como para outros profissionais da saúde, bem como para os pais e cuidadores
desses sujeitos, pois com mais estudos e informação, melhor será a adaptação
dos portadores na sociedade. É importante esclarecer, mais uma vez, que o
TDAH não afeta partes do cérebro responsáveis pela inteligência. As pessoas
com TDAH são tão inteligentes quanto qualquer as demais, porém as
características do transtorno podem acarretar problemas na aprendizagem e
podem ainda estar associados a outras comorbidades como: dislexia,
Transtorno Desafiante de Oposição (TOD), Transtorno de Conduta (TC),
Discalculia, Disortografia, etc.
Segundo Brown a síndrome do TDAH é complicada. Inclui dificuldades
crônicas nas múltiplas funções cognitivas. Além disso, aqueles com essa
síndrome têm, muitas vezes, dificuldades com outros aspectos do seu
aprendizado, regulação emocional, funcionamento social ou comportamento.
(...) O TDAH tem taxas extraordinariamente altas de comorbidades (sic) dentro
de virtualmente todos os transtornos psiquiátricos listados no DSM-IV (...).
(BROWN, 2007, p.138)
Diante destes problemas de estudo, percebi o desafio de aprofundar
estudos teóricos e para conclusão deste trabalho monográfico e, neste sentido
baseei meus estudos em dados bibliográficos. Os dados desta pesquisa foram
obtidos por meio de leituras a respeito do tema.
O primeiro capitulo será um breve esclarecimento a respeito do que
seja o TDAH, ou seja, sua definição, falando sobre suas principais
características: desatenção, hiperatividade e impulsividade, um percurso
histórico sobre a descoberta desse transtorno, seus vários nomes e rótulos. No
segundo capítulo tentarei descrever sobre como esse transtorno afeta as
crianças e a vida afetiva destas bem como de adolescentes e adultos
portadores, além de descrever as particularidades desses sujeitos bem como
seu funcionamento cerebral, as quais não são percebidas por portadores de
outros transtornos. No terceiro descreverei sobre suas comorbidades e as
etapas para o diagnostico correto. No quarto capitulo abordo a relação
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existente entre o processo de aprendizagem e as crianças que apresentam a
disfunção em questão bem como o assunto é abordado e tratado sob a visão
psicopedagógica. Na conclusão apresentarei as formas de tratamento bem
como a possibilidade que a economia atual esta proporcionando a estes
portadores a chance de inserção no mercado de trabalho.
Faz parte do meu objetivo, esclarecer e divulgar mais sobre esse
transtorno aos profissionais de educação e psicólogos, para que os mesmos
possam encaminhar essas crianças e pacientes para um tratamento adequado
com especialistas da saúde e assim terem um desenvolvimento sadio.
Desse modo, as pessoas que sofrem com o transtorno terão
menor impacto na evasão escolar, na repetência, no sentimento de culpa, na
incapacidade e frustrações que os portadores de TDAH costumam ter quando
não conseguem acompanhar a rotina de uma sala de aula, do sistema social
em que vivem e da perspectiva profissional que talvez não seja alcançada se
não tiverem um tratamento e acompanhamento adequado.
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CAPÍTULO I
DEFININDO O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO
De acordo com Silva (2003) a sigla TDAH engloba resumidamente três
aspectos principais: distração, impulsividade e hiperatividade; sendo a
desatenção o núcleo básico, comum e unificador deste tipo de funcionamento
cerebral. Não se tem TDAH, se é TDAH. Ao pensar em TDAH não é correto
raciocinar como se tratasse de um cérebro “com defeito”, pois ao contrário,
esta se falando de um cérebro que funciona de forma bastante particular, o
que gera um comportamento característico e possível causador tanto de
angustias quanto de talentos inusitados.
A autora destaca que o comportamento dos indivíduos portadores de tal
disfunção, é originado do que se chama de trio de base alterada, ou seja, um
trio de sintomas constituído por alterações da atenção, impulsividade e
velocidade da atividade física e mental, que varia de uma plena criatividade a
exaustão de uma cérebro que não descansa nunca.
Silva afirma que o sintoma mais importante para a compreensão do
comportamento TDAH é sem duvida alguma a alteração da atenção, já que
constitui a alteração chave para a elaboração do diagnóstico, pois um indiviudo
TDAH pode ou não apresentar indícios de hiperatividade mas nunca deixara
de ser disperso. Muitas situações desconfortáveis para adultos TDAH são
geradas pela dificuldade de permanecer concentrado em alguma fala, ação,
pensamento ou assunto; como por exemplo quando tem seus pensamentos
desviados para pequenas coisas durante uma importante reunião de trabalho
ou de família. Tais lapsos de atenção acarretam muitos problemas e
discussões. O fato é que esses sujeitos divagam nos momentos em que mais
precisam prestar atenção e pro isso se recriminam e se culpam como se
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tivessem, por exemplo, alguma falha de caráter. No inicio conseguem
acompanhar o raciocínio, porem depois de algum tempo se desconcentram e
entram num tipo de viagem sobre acontecimentos da vida, planejamentos,
sonhos... E quando se dão conta já não sabem em que ponto pararam e o que
foi dito ate então.
Logo a autora insiste que após alguns episódios constrangedores que
acarretam problemas de relacionamento, desorganização, gasto desnecessário
de tempo, o próprio TDAH se enraivece com seus momentos de dispersão e
se queixam de profundo cansaço mental e físico, principalmente depois de
executarem tarefas em que investiram muito esforço para permanecer
concentrados por obrigação. Seu cérebro é constantemente envolvido por uma
enxurrada de pensamentos que se multiplicam a todo momento, impedindo o
direcionamento de seus esforços para o cumprimento de metas e prazos,
promovendo assim uma fraca avaliação ou consciência a respeito de sua
própria competência.
Apesar de todo esse quadro de dificuldade de concentração ou
enfrentamento sob condições de obrigatoriedade, Silva (2003) diz que os
TDAHs podem se mostrar hiperconcentrados em assuntos ou atividades que
lhes despertem paixão impulsiva ou interesse espontâneo. Como o caso das
crianças com jogos eletrônicos e os adultos com esportes, computadores ou
leituras especificas, onde ambos terão dificuldade de se desvencilhar ou
desviar a atenção para outras atividades. Sendo assim pode se concluir que
não se trata exatamente de um déficit de atenção mas sim de uma
instabilidade de atenção.
Ainda com a mesma autora, outro sintoma a ser destacado é o da
impulsividade que como seu significado próprio a ação de impelir, de constituir
um estimulo, um abalo, um ímpeto ou uma impulsão, já auxiliando no
entendimento da forma com a qual o TDAH enfrenta o mundo externo. Fortes
emoções são despertadas por pequenas coisas produzindo um combustível
poderoso para suas ações. Pode se afirmar que é uma energia gasta sem
necessidade, um exagero, uma ato impulsivo, como quando um caçador ao
ouvir um ruído se precipita e dispara sua arma atingindo o alvo errado. Com
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isso foi gerada uma apreensão, uma descarga de adrenalina, taquicardia, além
dos sentimentos de culpa, angustia e cansaço devido a um impulso sem filtro.
Para a mesma autora, no caso das crianças nas quais este
comportamento é mais intenso e mais frequente, elas falam aquilo que lhes
vem à mente, brincam perigosamente como brincar de brigar, sendo assim
vistas como agressivas, mal-educadas, más, grosseiras, irresponsáveis, auto-
destrutivas, etc. Dessa forma a elaboração da auto estima poderá ser
prejudicada, trazendo muito problemas na vida adulta.
A autora segue afirmando que já nos dos adultos, tal sintoma trará
graves consequências somadas às já vindas da infância. Além de diminuir
certos riscos vitais, o impulso verbal pode coloca-lo em apuros essencialmente
em ocasiões de pressão pessoal e impacto afetivo. Tais atitudes impensadas
fazem com que este viva numa instabilidade sem fim: entradas e saídas
constantes e súbitas de grupos sociais, empregos e relacionamentos.
Executam tarefas de forma atabalhoada e na hora de se explicarem,
respondem a primeira coisa que lhes vem à mente na ansiedade de se
justificarem e sempre na defensiva. Mesmo assim possuem a sensação de que
existe algo errado, de que estão falhando em algum aspecto. Na maioria das
vezes o conteúdo de suas respostas não é plausível e logo depois ficam horas
ruminando pensamentos sobre como não deveria ter dito determinadas coisas
ou planejando formas de desdize-las.
Para Silva (2003) caso tais comportamentos não sejam compreendidos
pelos próprios TDAHs e pelos que convivem com ele as consequências serão
grandes impulsividades como: manipulações, falas ininterruptas, grandes
gastos, uso de substancias químicas, agressividade exacerbada, entre outras.
Apesar disso tudo, a autora insiste em afirmar que todos os TDAH’s tem
em sua essência uma intensa vontade de viver, buscar emoções, praticar
aventuras, encarar novos projetos, viver novos amores, etc. E é nessa busca
que reside o impulso mais forte deles. Tudo é sempre experimentado em muita
quantidade, muita intensidade... Tal aspecto quando bem direcionado, possui
uma força incrível na construção da vida.
Além da impulsividade, segundo Silva (2003) pode-se destacar outro
sintoma importante como a hiperatividade física e metal que é muito mais fácil
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de ser identificado. Nas crianças promovo uma agitação muito grande, sem
movem sem parar, chegam a andar aos pulos como se seus passos fossem
lentos para acompanhar seus músculos cheios de energia. Nos ambientes
fechados, costumam manusear vários objetos ao mesmo tempo, derrubando-
os logo em seguida. Em razão de tais comportamentos, são crianças
normalmente apelidadas de “diabinhos”, “pestinhas”, “elétricos”, “desastrados”.
Já na fase adulta ocorre uma adequação desta característica que tende a se
apresentar de forma menos evidente. Ele balançam incessantemente as
pernas, roem unhas, rabiscam papeis, se movimentam em suas cadeiras de
trabalho e estão sempre procurando algo para manter suas mãos ocupadas.
Numa conversa ele interrompe o tempo todo, ou muda de assunto antes do
outro responder, não dorme à noite, etc. isso gera uma parcial inadaptação
social, pois os impede de interpretar corretamente os indícios sociais.
Para a autora, existem também alguns casos em que o quadro não
apresenta alguns sintomas do TDAH, ou que possuem frequência e
intensidades diferentes. São situações que costuma-se chamar de traços;
algumas vezes é possível identificar o diagnóstico, outras não consegue-se
estabelecer de forma definitiva. Trata-se de um esboço, não uma figura
amorfa, mas que aponta para algo. A pessoa não é TDAH, mas também não é
“normal”.
Contudo Silva (2003) não acredita que exista uma pessoa dita “normal”,
até porque um cérebro perfeito dificilmente existe. Isso se deve ao fato do
cérebro humano ainda se encontrar em pleno desenvolvimento. Ainda ocorrerá
mudanças, pois atualmente o cérebro lida com muitas informações e estímulos
em um espaço de tempo cada vez menor. Então na medida em que a espécie
humana evolui, o ambiente externo se torna mais exigente e cheio de
informações para serem processadas, o que ajuda no desenvolvimento de
aptidões especificas.
Assim a autora conclui a improbabilidade da existência de um cérebro
cujas áreas e funcionamento sejam homogêneas, sem nenhum déficit ou
superávit. Existem os que não tem problema em nada, mas também não são
bons em nada.
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Então Silva (2003) afirma que os cérebros tem um diversidade grande
no que diz respeito s pontos fortes e fracos devido a hereditariedade,
desenvolvimento intrauterino, condições de concepção , de crescimento e
quantidade e qualidade de estímulos vindos do ambiente no qual estão
inseridos..
Devido ao fato da não existência de perfeição cerebral, para B.Silva
(2003) não é incomum casos de pessoas que não apresentam nenhuma forma
desenvolvida ou manifesta de transtornos mentais, apenas traços.
Provavelmente o transtorno constitui exacerbações disfuncionais de
características comuns nas pessoas, como por exemplo alguém muito
organizado e sistemático, pode ter muito em comum com outra pessoa que
sofra de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), a diferença é que não
apresenta comportamento disfuncional nem sofrimento significativo devido as
suas características que podem ate ser uteis e vantajosas. É o sofrimento
intenso e os prejuízos à capacidade de funcionar bem no cotidiano que
caracterizam um transtorno, ou seja, o critério de distinção é quantitativo.
Dessa mesma forma, a autora insiste na possibilidade de observar
pessoas desorganizadas e agitadas, mas nem táo impulsivas e caóticas a
ponto de terem seus relacionamentos abalados e seus empregos ameaçados
e que também não se culpam nem sofrem por suas dificuldades e falhas. São
leves TDAH’s que podem não ter nenhum prejuízo pelas características do
transtorno. Ou seja, é o grau de sofrimento, baixa auto-estima crônica e perdas
nas atividades cotidianas, e a capacidade de sair de algum estado de tristeza
mais facilmente, que caracterizam o transtorno.
1.1 HISTÓRICO E ORIGENS DOS QUESTIONAMENTOS
Após este breve esclarecimento sobre tal disfunção e suas características
básicas, é interessante conhecer um pouco da trajetória, da historia do TDAH
ao longo do tempo. Os primeiros registros disponíveis sobre o assunto datam
de 1902, com George Frederick Still em sua obra The history of ADHD
publicada na Inglaterra, onde palestrou no Royal College Physicians, sobre
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crianças agressivas, desafiadoras, muito emotivas e passionais, resistentes a
disciplina, com dificuldades de seguir regras, desatentas, propensas a
acidentes, hiperativas e ameaçadoras para outras crianças; que seriam
portadoras de um defeito maior e crônico “ no controle moral”.
Still (1902) afirma que possuía um grupo de estudos de 20 crianças, na
proporção de três garotos para uma garota, nas quais o comportamentos
problemáticos apareceram antes dos oito anos. Em consequência da época,
Still caracterizou os pais como portadores de um “defeito de controle moral”,
mas reconheceu a ligação hereditária com alguns membros da família que
apresentavam quadros de depressão, alcoolismo e alterações de conduta, ou
seja, uma causa orgânica.
Segundo Silva (2003), por volta de 1922 , no Estados Unidos, alguns
médicos estudaram crianças com comportamentos semelhantes às de Still e
que eram sobreviventes da pandemia de encefalite de 1917. Tais crianças
foram descritas como portadoras do “Disturbio de Comportamento Pós-
Encefalite”. Observou-se prejuízos na atenção, na regulação da atividade física
e controle dos impulsos.
Esta mesma autora segue afirmando que haveria sim uma base
biológica nessas alterações de comportamento, baseados em estudos com as
mesmas crianças vitimas da encefalite. Devido a esta correlação entre
encefalite e deficiência moral, um fundamento generalista e errôneo foi
estabelecido: crianças não expostas a encefalite e que apresentavam o
mesmo tipo de comportamento sofreriam de algum dano cerebral de outra
forma, possuiriam o cérebro danificado ou lesionado. Porem o fato dessas
crianças mesmo diferentes, apresentarem-se muito espertas e inteligentes
para possuírem alguma lesão cerebral, apesar de não ser evidente, ou
verificada por teste ou exame. Pensava-se que mesmo sem historia ou sinais
de traumas físicos, crianças seriam lesionadas cerebralmente apenas por
apresentarem os sintomas de comportamentos. Assim o termo foi reformulado
para Disfunção Cerebral Minima devido a ausência de evidencias diretas que
constatassem a presença de lesões cerebrais.
Mais tarde de acordo com a autora, em 1937foi descoberto que as
anfetaminas, medicamentos estimulantes do sistema nervoso central,
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ajudavam na concentração e na redução de comportamentos perturbadores de
crianças hiperativas.
Assim Silva(2003) diz que em 1957, Laufer e Stella Chess em 1960,
usaram o termo hiperatividade infantil. Para Laufer tal patologia seria exclusiva
de crianças do sexo masculino e sua remissão seria ao longo do crescimento
natural. Já Stella interpretava os sintomas de hiperatividade como parte da
fisiologia, cujas causas são mais biológicas do que provenientes do meio
ambiente, daí o termo “Sindrome da Criança Hiperativa”
No ano de 1968, ao publicar o Manual Diagnotstico Estatistico de
Desordens Mentais (DSM-II), a Associação de Psiquiatria Americana usou o
termo Reação Hipercinética da Infância. Porem esses novos termos ignoravam
o fato de muitas crianças apresentarem déficits de atenção sem nenhum sinal
de hiperatividade.
Silva (2003) não deixa de citar o doutor Ben Feingold em 1970,
apresentou estudos sobre a ligação entre alimentos e aditivos químicos e o
comportamento e aprendizagem de alguns sujeitos. Tal teoria se popularizou
muito mas não foi bem aceita pela comunidade medica da época.
Ainda esta mesma autora diz que em 1970 Virginia Douglas apresentou
uma teoria que fez com que o foco dos estudos mudasse da hiperatividade
para as questões atentivas: o déficit em manter a atenção existiria
independente da hiperatividade. Assim houve uma ampliação da percepção
destacando a desatenção, aspecto anteriormente subvalorizado.
Silva (2003) segue afirmando que Gabriel Weiss em 1976, mostrou
estudos que indicavam que no momento em que as crianças atingiam a
adolescência, a hiperatividade poderia diminuir, mas os problemas de atenção
e impulsividade tendiam a permanecer. O consenso anterior de que seria uma
alteração exclusiva da infância e que desapareceria na adolescência e na vida
adulta, caia por terra e foi reconhecido que tal funcionamento cerebral fizesse
parte da vida adulta também.
A autora não deixa de evidenciar que com a publicação do DSM-III em
1980 foi reconhecida oficialmente a forma adulta , a nomeação da síndrome foi
desvinculada de seus aspectos etiológicos, os aspectos clínicos foram
destacados, a questão atentiva foi enfatizada, a forma adulta foi identificada e
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nomeada de “tipo residual” e a síndrome em si passou a ser chamada de
Distúrbio do Déficit de Atenção. Nesse período muitos estudos sobre o assunto
foram publicados fazendo com que essa síndrome se tronasse a alteração
infantil mais estudada da época.
Segundo Silva (2003), em 1994 a Associação Americana de Psiquiatria
publicou o DSM-IV onde a síndrome passou a ser chamada de Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH e foi dividida em dois subtipos e em
uma combinação entre ambos: TDAH tipo predominantemente desatento;
TDAH predominantemente Hiperativo/Impulsivo; e o TDAH do tipo combinado.
Nesta edição foram oficializados e destacados três aspectos básicos: os
sinais e os sintomas são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos,
sendo menos intensos nas fases mais amadurecidas; o reconhecimento do
tipo predominantemente desatento; o destaque das dificuldades individuais
causadas pelos sintomas.
Mesmo com toda essa evolução da identificação do funcionamento da
disfunção, Silva (2003) insiste que a visão geral no Brasil ainda é
desanimadora, inúmeras pessoas ainda passam por desconfortos pessoais e
sociais em decorrência dos problemas de atenção e controle de impulsos e
hiperatividade. As crianças são rotuladas pejorativamente como “mal-
educadas”, “pestes”; “rebeldes”; “cabeças de vento”; já os adultos como
“explosivos”; “aéreos”; “brigões”; “egoístas”; etc.
Para a autora a única solução para essa situação é o caminho da
informação, ao publico, aos pais e educadores para que possam reconhecer
os sintomas no comportamento de suas crianças e ate em seus próprio.
Em relação aos médicos, Silva (2003) afirma que o reconhecimento da
forma adulta tem um papel fundamental no que diz respeito a pouca interação
entre psiquiatras e neurologistas. Tal fato impede a construção de uma historia
linear que crie um raciocínio construtivo para a identificação do comportamento
TDAH.
De acordo com a autora é necessário que psiquiatras, neurologistas,
psicólogos, psicanalistas, fonoaudiólogos e pediatras entendam que o objetivo
final do trabalho é o bem estar do ser humano, o viver com dignidade de uma
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existência mais confortável e menos angustiante, e que para que isso ocorra a
troca amigável de conhecimentos entre eles é fundamental.
Apesar disso, Silva insiste que a ciência finalmente encontrou o rumo
certo para o entendimento de um cérebro TDAH. Constatou-se que o distúrbio
é derivado de um funcionamento no sistema neurológico, ou seja, as
substancias químicas produzidas pelo cérebro, apresentam-se alteradas
quantitativa e/ou qualitativamente nos sistemas cerebrais responsáveis pela
função de atenção, impulsividade, e atividade física e metal no comportamento
humano. Isso quer dizer que se esta falando de uma disfunção e não de uma
lesão cerebral, pois o cérebro TDAH não difere em forma e aparência dos
demais cérebros, a diferença esta nos circuitos movidos e organizados pelos
neurotransmissores, combustíveis que alimentam e modulam as funções
cerebrais..
Entendimento acerca desse componente neurobiológico segundo Silva
(2003), alterou totalmente o modo de pensar sobre a questão, e se tornou um
consenso e o gerador da eficiência que os tratamentos medicamentosos
obtiveram na melhoria da qualidade de vida dos TDAH’s. Porém o mecanismo
exato desta disfunção ainda não esta totalmente esclarecido devido a grande
complexidade dos sistemas cerebrais, especialmente, do sistema atentivo, que
é o principal responsável pelo estado de consciência humana. A capacidade
do ser humano de atentar-se para si mesmo e para o mundo ao seu redor sem
perder a sua individualidade é a tradução da própria existência, é a essência
da vida .
Dessa forma a autora segue afirmando que após alguns avanços no que
se diz respeito ao entendimento do cérebro TDAH, pode-se afirmar que o
distúrbio não é somente uma incapacidade moral para se comportar, ou para
se interessar pelo mundo, ou ainda uma falta de vontade de se acertar
profissional, afetiva ou socialmente. Essas pessoa devidamente tratadas
podem estar desempenhando suas potencialidades .
Tais avanços na historia da ciência em direção ao entendimento do
cérebro TDAH não esclarece onde teve seu inicio, no entanto, a mudança de
foco do problema viabilizou a retirada do distúrbio da esfera moralista e
punitiva e leva-lo para esfera cientifica e passível de tratamento.
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Assim, Silva evidencia que uma das principais questões para o
esclarecimento do TDAH é estar a par de seus fatores causais que fazem
parte do funcionamento do cérebro portador de tal transtorno. Podemos
observar tipos de fatores: o fator genético, as alterações estruturais e
funcionais, e os fatores ambientais.
Em relação ao fator genético e baseando-se nos estudos
epidemiológicos, a autora diz que os estudos científicos indicam que estes são
importantes agentes na gênese do TDAH. Isso se explica pelo fato da
síndrome ter maior incidência entre parentes de crianças portadoras em
comparação com parentes de crianças não-TDAH. Mesmo assim ainda não
existe um mecanismo determinante da probabilidade estatística exata de
adultos com TDAH gerarem filhos com este mesmo funcionamento mental, ou
seja, trata-se de um problema sem grau de probabilidade determinado.
Além disso, ainda com Silva (2003) gêmeos idênticos, isso que dizer
que possuem o mesmo material genético, foram estudados e apresentaram
concordância em torno de cinquenta por cento. Sendo assim, observa-se que o
fator hereditário é importante, mas não único, pois se dessa forma fosse, a
concordância seria de cem por cento.
Em relação as alterações estruturais, a autora afirma que seus indícios
mais fortes vem dos exames de neuroimagem que visam obter imagens do
funcionamento do cérebro e não sua imagem estática. Os que melhor
evidenciam a atividade funcional do cérebro estão p PET e o SPECT,
consistem em tomografias realizadas através de emissão de pósitrons que
visualizam tanto a estrutura quanto a atividade num determinado momento.
Segundo Silva (2003) as conclusões descreveram uma hipoperfusão
cerebral mais concentrada na região pré-frontal e pre-motora. Isso significa que
a região pré-frontal dos TDAH’s recebe menor quantidade de sangue do que
deveria e consequentemente há uma diminuição do metabolismo nessa região,
que ao receber menos glicose, terá menos energia e menor desempenho.
Lembrando que o lobo frontal é o principal responsável pela regulação do
comportamento, conclui-se que seu hipofuncionamento esta intimamente
ligado as alterações funcionais evidentes no TDAH. O lobo frontal possui as
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seguintes funções de caráter inibitório: manter os impulsos sob controle,
planejar o futuro, regular o estado de vigília, filtrar estímulos, acionar reações
de luta ou fuga, fazer conexão com o sistema límbico e com o centro da fome e
sede, regular a sexualidade e o grau de disposição física e metal.
Desse modo foi possível para a autora afirmar que cabe ao lobo frontal
puxar o freio de mão do cérebro no que diz respeito a pensamentos, impulsos
e velocidades de atividades físicas e mentais. Sendo justamente isso que falha
no cérebro do portador do TDAH, seu filtro perde a eficácia reguladora por
receber menos glicose devido a hipoperfusão sanguínea da região frontal. Sem
este filtro ou freio, a atividade desse cérebro será muito mais intensa, havendo
um bombardeio de pensamentos e impulsos numa velocidade superior a
normal. A consequência desta situação será uma grande desorganização
interna que possivelmente encobrirá potencialidades, talentos e muita
inteligência em uma espécie de novelo mental.
Porem, Silva não deixa de esclarecer que o fato da sede
estrutural deste distúrbio estar localizada no lobo frontal não que dizer que
exista um compartimento estanque na organização do cérebro, ou seja, todas
as regiões estão interligadas, formando uma malha de informações. Neste
caso os neurotransmissores participantes desta desregulagem seriam as
catecolaminas que incluem a noradrenalina e a dopamina. No ano de 1970,
Kornetsky teve sua hipótese das catecolaminas postulada a partir da
observação clinica de que estimulantes como a Ritalina e algumas anfetaminas
produziam efeitos terapêuticos nos TDAH’s. Ele acreditava que tal
funcionamento cerebral seria consequência da baixa produção ou
subutilização dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina que são
diretamente afetados por tais estimulantes. A serotonina parece ter um papel
acessório nesta situação.
Apesar de toda esta problemática, para a autora, somente com o tempo
será revelado o papel de cada neurotransmissor no caso do TDAH. Entretanto
a única certeza é a de que os sistemas neuroquímicos são alterados e nisto
reside a gênese do problema.
Além disso, Silva insiste na existência de fatores ambientais como por
exemplo complicações durante a gravidez e no parto causando alterações nos
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sistemas dopaminergeticos e serotoninérgeticos geradas por acidentes durante
o período gestacional ou posteirormente. Dentre tais complicações pode-se
destacar a hipóxia, privação do oxigênio suficiente, pré e pós natal, traumas
obstétricos, rubéola intra-uteria, encefalite e meningite pós natal, traumatismo
cranioencefálico (TCE), deficiência nutricional e exposição a toxinas.
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CAPITULO II
INFANCIA, AFETIVIDADE E PARTICULARIDADES
De acordo com Silva (2003) um dos relatos mais comuns acerca do
TDAH envolve crianças com uma media de sete anos de idade que exaurem
as energias primeiramente de seus pais. Crianças agitadas que não dão um
intervalo entre suas atividades dotadas de excesso de energia: correm, pulam,
chutam, e quando sentadas se remexem incessantemente e parecem que não
ouvem nada que lhes é dito. Normalmente se envolvem em atividades
perigosas. Na escola já fica clara a diferença de comportamento em relação as
demais crianças que parecem mais tranquilas. Queixas de indisciplina, falta de
educação e de atitudes que incomodam os colegas, não demoram muito a
aparecer. Os trabalhos escolares em grande parte são malfeitos e incompletos,
mesmo que em poucos momentos apresentam-se como os melhores da sala,
ou seja, o desempenho é completamente imprevisível.
Como já foi dito pela autora os três principais sintomas do TDAH são:
distração, impulsividade e hiperatividade. Mesmo sendo a agitação, a falta de
atenção em atividades encadeadas e prolongadas, características comuns na
fase infantil, o que difere crianças portadoras do distúrbio das ditas “normais” é
a intensidade, a frequência e a constância dos sintomas básicos e o principal
instrumento do medico e do psicólogo para avalição é a observação, captando
as evidencias, as nuances nos comportamentos manifestos e nos relatos de
pais ou cuidadores, professores e de outras pessoas do circulo de convivência
das crianças, além da comparação com as demais.
Nesse sentido, Silva (2003) destaca alguns itens auxiliadores no
primeiro passo rumo ao diagnostico, como por exemplo observar se com
frequência exagerada são executados movimentos com pés e mãos, atividade
intensa mesmo quando sentados em uma cadeira e o ato de se levantar
constantemente. Também é possível destacar a facilidade com que estímulos
externos distraem facilmente a crianças e a dificuldade de esperar a sua vez
em brincadeiras ou em situações de grupo. O ato de esperar é encarado como
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um suplicio e a criança não consegue se controlar e acaba por interromeper os
colegas e falar excessivamente. Por isso, esta passa a ser vista como
encrenqueira pelos adultos e em relação aos demais da classe possui
dificuldades de relacionamento.
Além disso, costumam responder perguntas antes mesmo destas serem
completadas, pois tudo que lhes vem a mente rapidamente colocam em
palavras de maneira desordenada e rápida, afinal a velocidade de sua língua
mão acompanha a de seu cérebro. Uma das características da disfunção é a
deficiência de cessar ou filtrar o fluxo de ideias. Nesse sentido há uma
dificuldade em seguir instruções e ordens, fazendo tudo insistentemente de
seu modo, e por isso muitas vezes sendo tal atitude interpretada pelos adultos
como uma desobediência à autoridade, uma rebeldia, preguiça e
irresponsabilidade.
É necessário segundo a autora destacar também a dificuldade em
permanecerem atentos nas tarefas e ate mesmo nas atividades lúdicas, pelo
fato da atenção ser fluida e facilmente alterada. A atenção pode ser volátil no
decorrer de atividades prolongadas, sequenciais, obrigatórias, e ate mesmo em
atividades lúdicas de grupo que envolvam regras. No entanto podem tanto
concentrar-se fortemente em alguma atividade que desperte encanto ou
interesse, como se desinteressar facilmente de algo em detrimento a outro que
julguem mais interessante. Toma-se como exemplo o vídeo game e jogos
possuidores de estímulos diversos de forma sincrônica e simultânea em uma
alta velocidade de ação. Constituem-se de sons vibrantes e imagens
chamativas, de cores vibrantes e de alta intensidade de atividade, que tem o
poder de ativar o cérebro da criança TDAH de uma maneira que as atividades
rotineiras e nada dinâmicas não conseguem. Uma saída para esta questão
seria unir as atividades educativas com meios multimídias.
Silva (2003) também salienta ser possível notar a capacidade de mudar
frequentemente de uma atividade inacabada para outra. Isso ocorre devido ao
fato de que quando se encontram entretidos em um determinado projeto, uma
infinidade de outras coisas diferentes para fazer passam por suas mentes e
acabam por imediatamente coloca-las em prática. Mais uma prova
superioridade da impulsividade e da ineficiência dos freios. Com estas
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mudanças tão abruptas de pensamento e atividades, acabam deixando passar
detalhes e cometendo erros tolos e aumentando sua ansiedade.
Nesse sentido a autora insiste na existência inclusive de uma dificuldade
de estabelecer uma brincadeira silenciosa e tranquila, pois os objetos são
derrubados constantemente durantes as frequentes corridas e são ouvidos
gritos estridentes e inúmeras repreensões. Logo são acometidos de uma fala
excessiva, dão voltas em torno de um mesmo tema ou no meio da fala se
esquecem do objetivo da conversa, revelando suas dificuldades de
objetividade e de ser sucinto. Normalmente um assunto puxa o outro e no final
já não sabem o motivo e nem mesmo o que estavam falando anteriormente.
Tal esquecimento também é manifesto nas situações frequentes em que
perdem itens importantes para tarefas e atividades escolares como não fazer o
trabalho de casa e deixar o lanche do recreio em casa.
Diante de tais características, para Silva (2003) fica claro o fato de que
nas crianças TDAH qualquer aspecto se apresenta mais intenso, dificilmente
passando despercebido. Seus comportamentos são independentes de
quaisquer problemas emocionais, ambientais e sociais que possuam caráter
passageiro investigados no relato de sua historia, e invariáveis em relação ao
recebimento de pouca atenção, maus tratos e demais situações de
desconforto e precariedade. Trata-se de um funcionamento de ordem
biológica, influenciado pela hereditariedade manifesta desde cedo durante a
infância, antes dos sete anos de idade. Mesmo num lar bem estruturado, a
criança pode vir a manifestar o TDAH.
Entretanto, a autora afirma que quando a criança é especificamente
trabalhada e corretamente estimulada, o grau de desconforto imposto a família
pode ser manipulado. Esta criança responde de maneira fantástica aos
elogios, incentivos e recompensas, e por outro lado, se retrai mais do que
qualquer outra diante de criticas excessivas e de falta de compreensão.
Como já foi visto com a mesma autora, a característica de fazer primeiro
e pensar depois, reage quase que instintivamente a maior parte dos estímulos
devido ao fato da área cerebral controladora de impulsos e seletora de
estímulos não ser tão eficiente. Nesta questão reside uma diferença entre a
criança dita mal-educada e a criança TDAH, sendo esta ultima afetada
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emocionalmente pelos prejuízos e submissão ao controle. Durante seu
desenvolvimento, ela é capaz de aprender o que é certo ou errado e
conseguira prever as consequências de seus atos, mas apresentará
dificuldades de conter seus impulsos, sofrendo e absorvendo todas as criticas
e rótulos que caem constantemente sobre ela, sem que ao menos possam se
defender, terminando por acreditar em tudo que lhes é dito. Daí o sentimento
de inadequação, deslocamento, sensação de ser defeituosa e o consequente
rombo na auto-estima.
No que se refere a atenção, Silva (2003) diz que a pessoa pode ser
tachada como boba ou pouco inteligente por não conseguir priorizar os
estímulos que lhes são apresentados. É comum apresentarem também
dificuldades em aprender ou memorizar como consequência da falta de
habilidade de sustentar a atenção e se concertar por tempo suficiente com
uma intensidade adequada. Facilmente atraída por novos estímulos, não
termina as tarefas que começa e assim sucessivamente ate se sentir
sobrecarregada e confusa. Com este turbilhão de pensamentos e afazeres não
conseguem reter informações e cumprir prazos e tarefas, sendo caracterizadas
de “esquecidas” ou “cabeças-de-vento”. Sua memoria é como se fosse uma
vaga lembrança. Um exemplo muito comum disso é quando a criança e ate
mesmo o adulto, estão num ambiente fazendo algo e dão-se conta de que
precisam de um objeto que esta em outro cômodo da casa, saem para buscar
e no meio do caminho se esquecem do que iam fazer.
Dessa forma, segue seu pensamento afirmando que no ambiente
familiar, principalmente a criança hiperativa é constantemente punida com
castigos inclusive físicos, julgada em relação ao seu caráter como insuportável
e má e ate mesmo seu futuro é previsto de forma negativa. Devido a sua
dificuldade de conter seus impulsos se encontra com frequência envolvida em
confusões e desentendimentos familiares. Ouve também uma avalanche de
“nãos”, “para”, “sai daqui”, “fica quieto”, tendo como resultado o sofrimento por
rejeição e muitas vezes ocupando o lugar de “bode expiatório” e “ré” da família.
Muitas vezes situações geradas pela distração ou a impulsividade acabam em
brigas ate mesmo entre outros membros da família, ainda mais que estes não
conseguem entender como uma criança que não consegue se concentrar nas
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tarefas escolares, passar horas focada num vídeo game e são levados a
pensar que estas são preguiçosas e não querem é estudar.
Assim, para Silva (2003) o que é mais importante nesses casos é colher
informações acerca dos comportamentos inadequados antes de taxá-la de
portadora de conduta duvidosa, ou qualquer outra qualidade pejorativa.
Conhecimento, informação e educação em relação ao transtorno é
fundamental para que as famílias e ate para a própria pessoa portadora
saibam como proceder em situações especificas.
Mesmo diante de toda essa problemática observada no ambiente
familiar, a autora insiste que algumas características podem permanecer
latentes, pois é na vida escolar que as diferenças tem a possibilidade de
revelarem seu potencial problemático, como dificuldades em cumprir metas e
seguir rotinas, executar tarefas e ser recompensada ou punida de acordo com
a eficiência. Nesse ambiente os pais não estão presentes para cumprir ou
facilitar as tarefas, sendo a criança obrigada a caminhar por seus próprios
meios. Suas atitudes agora são direcionadas pelos educadores e com tempo e
ritmos estabelecidos de acordo com os demais.
Então segundo Silva (2003) é chegado o momento do portador de
TDAH, com ou sem hiperatividade, se adequar à regras, Às rotinas
esquematizadas e cobranças de desempenho, que muitas vezes são
experienciadas com dificuldades, pois um dia a criança pode estar produtiva e
participante, e no outro não prestar atenção em nada e nem cumprir com seus
deveres, ou seja, o desempenho escolar é instável q é causado pela oscilação
da atenção. Se a criança for também hiperativa, a questão é mais grave, pois
além de desatenta é incapaz de ficar quieta na cadeira e por isso não aprende
e não conquista nem mantém amizades.
A autora segue insistindo que isso ocorre por muitos motivos, dentre
eles a possibilidade de o costume de atropelar a atividade do grupo com
constantes interrupções ou gestos brutos, de querer dominar e impor suas
próprias regras e por fim insistir de forma invasiva que a brincadeira continue
apesar do cansaço dos colegas. Em outras ocasiões pode enjoar rápido das
brincadeiras e abandonar o grupo, ou então falar demais e sem pensar,
ofendendo os demais ou deixando escapar alguma espécie de segredo.
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A conclusão que Silva (2003) pode tirar disso é que adultos e crianças
TDAH’s falham no que se diz respeito as habilidades sociais possivelmente
devido ao fato de não conseguirem ler corretamente os sinais sociais vindos
das outras pessoas. Ele se estendem em algum assunto que pode ser
visivelmente desagradável para algum amigo sem ter a mínima noção do que
esta se passando na realidade. Podem parecer grosseiras, mas o que lhes
falta é um dar-se conta dos indicadores emitidos pelas pessoas ao seu redor.
E a partir do momento em que são chamadas a atenção, sofrem e não
compreendem como não conseguiram perceber, pois se importam com que os
demais pensam e sentem apesar de parecerem não estarem nem aí.
Diante de tais problemáticas, Silva (2003) cita em sua presente obra que
o psicólogo Sam Goldstein e o neurologista Michael Goldstein, ambos
especializados em crianças hiperativas e desatentas, realizaram pesquisas
com o objetivo de enconrtar meios de estabelecer uma melhor conveivencia e
estimular bons comportamentos nas crianças TDAH’S, principalmente do tipo
predominantemente hiperativo/impulsivo.
De acordo com os autores, o primeiro passo para pais e cuidadores
consiste no conhecimento, no estudo, na informação acerca das questões de
seus filhos, estando assim preparados para agir de maneira mais apropriada
enxergando o mundo através dos olhos de seus filhos. Saber o que gera os
comportamentos indesejáveis e ter consciência de que não há intenção da
inconveniência, auxiliara na busca de soluções preventivas e no controle da
raiva direcionada a criança.
O segundo passo é saber distinguir desobediência de inabilidade, o que
se torna possível a partir do momento em que pais e/ou cuidadores detém
conhecimento suficiente acerca do problema e diferenciam desobediência e
rebeldia da falta de controle dos impulsos. Primeiramente pode ocorrer uma
sinalização com as consequências desagradáveis para quem não faz o que se
pede e em ultima instancia adotar punição, principalmente física. Tomemos
como exemplo uma criança que se recusa a fazer a tarefa de casa: a mãe tem
a possibilidade de se mostrar indiferente e passar o problema para a própria
criança :”então esta bem, que terá que se explicar para a professora é você
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mesmo!”. Neste momento ela avaliara com cautela se será vantajosos deixar
de cumprir o dever frente as repreensões que certamente sofrera em sala.
Porém, se a questão for que a criança não consegue cumprir com suas
obrigações por não conseguir ficar sentada ou prestar atenção no que esta
sendo dito será necessário o auxilio no desenvolvimento de tais habilidades e o
reforço positivo imediatamente após cada pequeno avanço que der. Na maioria
dos casos as portadoras de TDAH são punidas em virtude de atos que não
sabem como controlar e que possivelmente não se tratam de desobediência ou
oposição.
Daí Silva (2003) pode concluir que de onde vem o olhar equivocado
para o mundo como um lugar restritivo e controlador que tem como
consequência comportamentos realmente rebeldes em resposta do ambiente
hostil. A criança ouve constantemente sobre o que não deve fazer sem saber o
motivo pelo qual não pode fazer, ou seja, é punida sem nem saber o que de
errado ela fez, ate porque ninguém diz o que ela deveria estar fazendo. Por
isso é de extrema importância que pais, cuidadores e professores aprendam a
dar ordens positivas. Punição por um ato impulsivo surtira efeito por um
pequeno espaço de tempo, pois em virtude da natureza impulsiva da ação, a
criança voltará a fazer e novamente será advertida levando os pais ao lugar de
ralhadores e a criança poderá vir a ser temerosa ou mal-humorada.
A diferenciação é feita através da observação do comportamento:
quando comete um ato passível de ser chamada a atenção e logo após isso
corrige, nota-se um esforço direcionado no sentido de obedecer a ordem,
mesmo que sua distração tenha lhe impedido e prejudicado na hora da ação
espontânea. Provavelmente da próxima vez volte a cometer o mesmo ato
devido a sua distraibilidade, porém haverá interesse em atender ao pedido
feito pelos pais ou cuidadores, ainda que resmungando e de má vontade. Ao
passo que, se for pedido algo e for constatado que a criança esta atenta e
compreendendo e mesmo assim não atende, pode-se concluir que se trata de
um caso de desobediência.
O terceiro passo consiste no aprendizado de dar ordens positivas, o que
vai contra a espontaneidade e o costume, mas com a pratica, aprende-se a
fazer. Geralmente a criança é repreendida por não fazer aquilo que se espera
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dela, e não é elogiada quando faz, pelo contrario, tratada com indiferença por
seu comportamento não chamar atenção ou porque o “agir certo” é
considerado o natural e obrigatório, não sendo necessário o incentivo. A partir
dai se inicia uma confusão que só cresce em sua mente, que poderia ser
evitada com a tática de ignorar comportamentos indesejados, punindo apenas
quando adequado e coerente, e destacar os comportamentos desejados.
Silva (2003) toma como exemplo da tática da ordem positiva a seguinte
situação: a criança esta brincando na piscina e não para de entrar e sair de
casa deixando um rastro molhado. O mais comum seria chamar a atenção
num tom de briga, ordenando para que ela pare de molhar a casa. A criança
TDAH poderá obedecer por um tempo, ate que se distraia e repita o
comportamento indesejado. Dai chama-se atenção dela novamente ate que se
crie um clima desagradável. Pela ordem positiva a atitude dos pais seria de
instrui-la a secar os pés antes de entrar, ou escolher continuar brincando na
piscina ou se secar e brincar dentro de casa, mas tudo sendo dito de forma
serena e sem ameaças. Após a ordem positiva ter sido atendida é de extrema
importância que haja a recompensa imediata como elogios, beijos, balas,
bombons, etc. a recompensa mais indicada seria a do tipo social como os
elogios, que surtem efeito direto na auto-estima, mas as recompensas não
sociais, como os doces, brinquedos, por terem um caráter concreto e imediato,
são mais indicadas no indicio de um processo em que se esta tentando
modificar algum comportamento inconveniente. A criança deve ser
recompensada principalmente com demonstrações de amor em cada avanço e
além disso não é adequado esperar que ela consiga de uma so vez comportar-
se perfeitamente, as melhoras são vistas com o tempo. O importante é
estimular, pois para a criança com TDAH, elogios e gestos carinhosos são
muito eficazes para a grande quantidade de energia acumulada, mas utilizada
de forma equivocada ou subutilizada devido as próprias características do
TDAH ou pelas repreensões e abalos de auto estima. Após algum tempo as
recompensas poderão ser espaçadas, com o tempo e as repetições a criança
internalizará os comportamentos adequados e não haverá necessidade de
reforço continuo e imediato,
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O ultimo passo consiste na insistência dos anteriores ate promover o
sucesso da criança abandonando o padrão antigo de valorizar mais as atitudes
negativas e adotar o padrão de incentivar e dar mais atenção aos bons
momentos. Ela consequentemente ira se esforçar para agradar e aos poucos
vai recuperando sua auto confiança. Deve-se ignorar os maus
comportamentos e valorizar os bons, pois caso contrario pode-se acabar
reforçando a criança a se comportar inadequadamente. A repreensão é
necessária em caso de desobediência e não deve ser banalizada devido ao
fato de perder seu efeito e fazer com a criança considere o adulto errado e
implicante, não aceitando a sua própria parcela de responsabilidade no evento.
Além disso, Silva (2003) cita a existência também da tática da pratica
positiva que se trata de em vez de dar a instrução negativa como, por exemplo:
“não deixe a porta aberta”, explique o motivo pelo qual a porta deve
permanecer fechada e de o incentivo de na mesma hora fechar junto com ele a
porta e depois recompensá-lo. Repita esse comportamento por sempre que a
criança não fechar a porta, tranquilamente e evitando a repreensão, ate que
ela internalize a ação. É preciso ter paciência pois cada criançao tem seu
tempo.
No caso de desobediência a autora afirma que deve-se ser coerente
castigando-a sempre que disser que irá castigar. Isso terá o efeito de fazer a
criança aprender que existem consequências desagradáveis para um
comportamento intencionalmente inadequado. E recompensando com
demonstrações de amor e carinho, sempre que agir de forma positiva, pois
para o portador de TDAH sentir-se amado e compreendido é de extrema
importância para a evolução de seu quadro.
2.1 COMO SE DÁ A VIDA AFETIVA NOS PORTADORES DE
TDAH
Silva (2003) afirma que amar uma pessoa com esse tipo de
comportamento exige uma grande habilidade, devido ao fato de suas relações
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serem sempre marcadas por muita intensidade e instabilidade, pois tudo pode
acontecer num curto espaço de tempo.
Segundo a autora isso se da pelo fato da forma TDAH de amar ser
diretamente influenciada pelas suas principais características: desatenção,
hiperatividade e impulsividade, ou seja, existe um excesso de emoção e quase
sempre uma escassez de razão. Por exemplo, o TDAH hiperativo pode ser
comparado a um “tornado” apaixonado, sentindo suas emoções de modo muito
mais intenso, ficam cegos de paixão.
Já em relação aos predominantemente desatentos, a autora insiste que
eles tendem a transformar o objeto da paixão num seu idealizado e podem
passar um tempo excessivo de seus dias pensando no ser amado. A forma de
amar é tão intensa que não conseguem realizar todas as coisas vividas em
seus pensamentos. Sendo que toda essa emoção tem a tendência de se
transformar em arte. Mas os problemas de relacionamento dos portadores
aparecem após a fase da paixão, pois é fácil se apaixonar por um TDAH, a
dificuldade se encontra em estabelecer uma relação consistente de
crescimento e respeito.
Assim para Silva (2003) sua instabilidade de atenção pode se tonar
irritante e causando desapontamento pelo esquecimento de datas especiais,
de encontros marcados com antecedência, ou ate mesmo por parecer a o
TDAH não esta escutando o que se diz. Tais situações geram mágoas e uma
atitude depreciativa do parceiro causando o retraimento do portador. Sendo
também a falta de controle doa impulsos um problema devido as explosões
afetivas em todas suas atividades, o que acaba gerando desconfortos e
embaraços. O parceiro tende a interpretar como atos egoístas e infantis.
Além disso, a autora cita a existência também uma grande necessidade
de estimulação constante devido ao fascínio do TDAH pela busca de novos
estímulos para fugir do tédio. Suas vivencias diárias necessitam acompanhar o
ritmo acelerado de seu cérebro. Por isso procuram a pratica de esportes
radicais, criam discussões acaloradas, participam de muitos projetos ao
mesmo tempo.
Dessa forma Silva (2003), diz que o excesso de energia investido nas
ações pode gerar certas confusões devido ao fato de seus parceiros muitas
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vezes interpretarem determinadas atitudes como traição, rejeição e ate mesmo
cansaço por tanta agitação.
Contudo para a autora não é raro o caso de pessoas com TDAH que
tenham dificuldade de se expressar devido tanto a velocidade de
processamento de pensamentos em seu cérebro, quanto a sua hiper-
reatividade ao mundo externo e interno causada pela atenção dirigida a
diversos estímulos externos ao mesmo tempo que criam diversas situações e
historias em seu mundo interno. Trata-se de uma tempestade de pensamentos
que cria uma disfunção no modo de pensar e de se expressar. No caso da
escrita é comum haver palavras, silabas ou letras repetidas, omitidas ou ate
mesmo trocadas.
Em relação a linguagem falada Silva (2003) afirma que a situação se
torna um pouco mais difícil, pois a comunicação verbal é a base do processo
de socialização. O portador da disfunção não consegue falar de forma
organizada o que pensa e sente e a velocidade de seus pensamentos é um
impecilio para a expressão conteúdo fundamental de sua fala. No momento em
que pensa no que vai falar, outro pensamento invade sua e mente e ela acaba
esquecendo o que ia dizer de inicio. Ainda existe o aspecto da baixa auto-
estima que impede o individuo de falar aquilo que realmente sente, pelo medo
de parecer inadequado e por consequência ser rejeitado ou não amado.
Tais problemas de comunicação segundo a autora se iniciam na infância
quando na maior parte das vezes as crianças são mal interpretadas e rotuladas
pejorativamente como “rebeldes, estranhas, preguiçosas, burras, más, etc.”
Assim as relações afetivas com cuidadores e pais, ou seja, relações primarias
são marcadas por desentendimentos, acusações e agressões. Quando adultos
tais problemas prejudicam a comunicação verbal nas relações afetivas, pois
adultos com TDAH costumam se calar por receio de causarem conflitos, ou
tenderão a falar tudo aquilo que lhes vier a cabeça de forma agressiva.
Mesmo com todas estas dificuldades, para Silva (2003) não é nada fácil
resistir aos encantos de um TDAHe nem impossível estabelecer um
relacionamento saudável e duradouro com um deles. Mas para isso existem
alguns meios de estabelecer uma melhor comunicação nos relacionamentos
afetivos.
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Segundo a autora, primeiramente o casal deve se informar ao máximo
sobre o funcionamento do TDAH. Dessa forma compreendera que muitas de
suas atitudes não são intencionais, mas sim causadas pela instabilidade de
seu funcionamento. Isso ajuda o portador a não se sentir culpado por erros e
insatisfações e mesmo que se sinta angustiado por esta sua maneira de ser,
terá consciência de que este mau humor é passageiro. Isso também ajudará a
evitar que coloque suas motivações, alegrias e tristezas na conta de sua
relação afetiva.
Além disso, para Silva (2003) é de grande valia que o parceiro do
portador se coloque no lugar dele e respeite sua maneira de ser, para que ele
possa também respeitá-lo, cabendo ao TDAH ser sempre sincero, ouvir com
atenção, pois sua visão dos fatos pode estar distorcida em função de sua
hipersensibilidade.
Contudo, a autora segue afirmando que é importante que o parceiro seja
sempre sincero em sua fala e em suas atitudes sem medo de ser rejeitado. A
relação afetiva com um TDAH só tem chance de dar certo se ele se sentir
amado de verdade, apesar de suas limitações. Já o portador deve procurar ter
o mínimo de organização em sua relação, pois pequenos gestos como um
telefonema durante o dia, um programa combinado, fazem com que o parceiro
se sinta seguro e saiba que esta atento a ele. O próprio TDAH deve ter o
entendimento que muitas vezes ele se encontrará envolvido por impulsos
sedutores que apenas representam sua busca imediata por um novo estimulo,
por isso ele deve pensar muito antes de iniciar qualquer tipo de contato
amoroso
Dessa forma para Silva (2003) o TDAH precisa deixar que o mais
organizado do casal tome frente das responsabilidades financeiras como
controlar cartões, cheques, compromissos, contas, ate que sinta-se capaz de
ajudar.
Também segundo a autora é necessário destacar que os homens são
mais propensos a apresentarem o comportamento disfuncional em relação as
mulheres. Assim o cônjuge de um TDAH provavelmente será uma mulher que
poderá se sentir solitária e sobrecarregada. Mas devido a este fato são dadas
sugestões para uma melhor convivência. Como por exemplo não se culpar
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pelas falhas dele e sim ajuda-lo a buscar socorro, a se organizar e a tentar
facilitar a vida dele. Que fique claro que não é uma missão de resgate, ate
porque o comportamento indesejado não desaparecerá em consequência das
atitudes do cônjuge que não deve se sentir responsável pelo transtorno.
Além disso, Silva (2003) segue insistindo no fato de que não se deve
acobertar falhas, como por exemplo, catar papeis do chão, roupas jogadas,
coisas perdidas, pagar as contas, limpar sujeiras acidentais, pois nenhum ser
humano é incompetente, aprendemos tudo com a experiência. Controlar,
administrar e assumir tudo não dará poder nenhum ao parceiro sobre o
portador do transtorno, e nem beneficiará ninguém. O cônjuge deve ter sua
própria vida e deixar com que o outro aprenda com seus próprios erros, ate
porque as consequências desagradáveis oriundas do comportamento
inadequado virão para ele também.
Dessa mesma forma, segundo a autora, o comportamento de
autoconcentração e sua absorção em pensamentos, ideias e imagens
bombardeadas em suas mentes, fazem com que eles esqueçam do mundo ao
seu redor. Com isso o parceiro afetivo tende a reclamar a respeito de egoísmo
e narcisismo, ou seja, tende a ter dificuldade de aceitar a desatenção. Mas seu
déficit e sua instabilidade de atenção não deve ser esquecido, nem tão pouco
a vida própria e individual do cônjuge, que ocupando-se com suas próprias
tarefas dificultara o aflorar de certos sentimentos como rancor, mágoas e
culpas.
Ainda nessa mesma linha de pensamento é correto afirmar que não
deve haver permissão de abusos. Isso quer dizer que devido a dificuldade de
controlar seus impulsos verbais e ate mesmo físicos, os portadores da
disfunção podem algumas vezes passar dos limites, mas isso não deve ser
tolerado de forma alguma. Ele deve aprender a se conter e a lidar com a raiva
e a frustração sozinho ou através da ajuda de um profissional.
Assim Silva (2003) diz que assim como com as crianças TDAH, os
adultos também necessitam de valorização e reafirmação frente a pequenas
vitorias, pois suas qualidades como sujeito não devem ser esquecidas e
mesmo ao seu modo, ele faz ou tenta fazer coisas boas para seus parceiros. O
dialogo, a conversa carinhosa, ajudam a esclarecer que o parceiro também
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aprecia elogios, agrados e lembranças, além de surtir grandes avanços em
virtude da hipersensibilidade em evidencia.
Em virtude de tal questão, a autora afirma que não se pode deixar de
mencionar a tendência TDAH de dependências em geral, inclusive de pessoas
com quem mantem um relacionamento amoroso. Mas o problema maior esta
no fato de que tal dependência algumas vezes pode se manifestar no uso de
drogas e remédios, como consequência de um cérebro que busca
incessantemente a calma, a organização e a estruturação, no relacionamento
consigo e com os outros, desde a infância. Devido a tal dependência, eles
desenvolvem muitas dificuldades de se relacionar e o estabelecimento de
relações saudáveis é primordial para a estabilidade pessoal e aproveitamento
do potencial produtivo do TDAH.
Para Silva (2003), suas relações de dependência foram classificadas
através de estudos empíricos frutos de observação e baseadas na origem da
formação emocional que começa na infância quando se inicia o pilar de nossa
estrutura interna onde pousara nossa auto-estima, em três tipos: Dependência
Ativa, Dependência Passiva e Dependência Mascarada.
Dessa forma, a autora diz que o adulto TDAH que irá desenvolver a
dependência ativa pode ter sido uma criança com a estruturação emocional em
um ambiente de insegurança que lhe despertou medos contra os quais se viu
obrigado de enfrentar. Se sente capaz de cuidar de si e das pessoas que julga
serem frágeis, ate mesmo de forma agressiva devido aos seus impulsos.
Sente-se o super-herói, mas mesmo assim não consegue esconder todos seus
medos e inseguranças, querendo estar no controle de tudo, de pessoas,
objetos e situações. Isso o faz sentir-se mais seguro. São os tipos de TDAH
que alcançam o sucesso no trabalho através de uma sobrecarga de tarefas.
Porem, segundo Silva (2003) esta maneira de se relacionar pode trazer
consequências desastrosas para o próprio portador da disfunção, pois tal
sobrecarga de trabalho e de afetividade acaba gerando estados depressivos
onde ele próprio se sentirá explorado pelos outros e pensara que todos estão
ao redor dele por interesse. Isso se tornara um abalo em sua auto estima e se
tornando um circulo vicioso de autodepreciação e insegurança. Seus parceiros
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em algum momento sentirão raiva devido ao controle, e poderão ate duvidar de
seu próprio sentimento.
Já na dependência passiva, a autora insiste que provavelmente sua
estruturação emocional foi iniciada num ambiente tendencioso a
superproteção, ou seja, sempre que surgisse um problema, este era resolvido
sem dar a chance da criança tomar a iniciativa e resolver por conta própria. E
nos momentos em que ela tentou agir sozinha foi fortemente criticada.
Dessa forma, Silva (2003) diz que a criança pode começar a
desenvolver o habito de não ter iniciativas e de se acomodar, escolhendo
calar-se e esperar que os outros fizessem o que ela deveria fazer, ou pelo
habito ou pelo medo do desconforto gerado pelas criticas. Quando adulto, se
torna uma pessoa sem qualquer estrutura interna ou auto-estima para
enfrentar as dificuldades cotidianas. Fica inseguro e procuram se segurar em
parceiros ativos que lhes mostrem o caminho dizendo como e o que fazer, que
lhes deem instruções. O resultado disso é um medo de perder essas pessoas,
e um sucesso limitado, pois não são capazes de exercer todo seu potencial.
Porem é importante ressaltar que para a autora, o estado de
dependência passiva ou ativa não se trata de um funcionamento fixo,
estagnado, ou seja, a maior parte das pessoas alterna entre dos dois tipos em
função do contexto e das pessoas envolvidas na relação.
No caso da dependência mascarada que Silva (2003) também afirma
ser chamada de egoísta, é como se a pessoa se fizesse passar por
dependente. Quando criança cresceu em um ambiente que não proporcionava
segurança, o que gerava um sentimento de desamparo por perceberem a
omissão e os desajustes psicológicos de seus cuidadores cujos
comportamentos são vistos como hostis e incapazes. Por isso procuram tomar
as rédeas através de realizações externas que lhes deem segurança. Mas não
se sentem responsáveis por seus familiares, já que seus comportamentos
alterados são encarados como fragilidade ou doença. Adotou a atitude de
indiferença em relação a eles.
Para a autora o resultado de tal postura é um adulto com grande
sucesso profissional que executa suas obrigações sozinho, sem pedir ajuda.
Não consegue se relacionar com equipe. No âmbito afetivo se mostra rude e
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impõe regras rígidas impossibilitando propositalmente o estabelecimento de
uma relação verdadeira e de poucas trocas.
2.2 AS PARTICULARIDADES DOS TDAH’s
Tomando como base tais maneiras de se comportar e de encarar a
realidade, para Silva (2003) não tem como não pensar em TDAH e não
imaginar um cérebro em estado de caótico que induz a distrações, um
bombardeio de estímulos, uma incapacidade de filtrar estímulos, uma
inquietação extrema e a uma impulsividade incontrolável, ou seja, conclui-se
erroneamente que será uma pessoa condenada ao fracasso e ao insucesso
em todos os âmbitos de sua vida. Isso porque existem TDAH brilhantes em
diferentes áreas profissionais. Verdadeiros gênios como Mozart, Einstein,
Leonardo da Vinci, e muitos outros.
Apesar de parecer tão inexplicável a autora afirma que esse sucesso de
pessoas portadoras de TDAH, não se pode esquecer que em geral o cérebro
humano não funcione de forma logica, e nem um pouco previsível. Mas tal
funcionamento favorece o exercício da criatividade, ou seja, uma visão de
mundo sob múltiplos ângulos comumente não explorados pelos não TDAH.
Pode-se dizer que quando os TDAH’s possuem um pensamento que aciona
um sistema visual derivativo, como por exemplo, uma palavra como verde o
leva a pensar em mato, planta, floresta, arvore e etc. tal tipo de pensamento na
maior parte das situações é o responsável pelos estados desatentivos, mas
também é o catalizador do processo criativo. Porem a criatividade além de ser
favorecida pela hiperatividade, os outros aspectos como impulsividade,
hiperfoco e hiper-reatividade.
No caso da impulsividade, Silva (2003) segue afirmando que ela pode
ser positiva na hora de escolher uma única ideia no meio de varias que
circulam pelo cérebro dessas pessoas. A ideia toma corpo e se transforma em
uma ação propriamente dita, uma ação criativa. O impulso pode ser visto