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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
POR: NOÉLIA CARDOSO SANTOS BARROS
ORIENTADORA: PROFª : MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA
VITÓRIA 2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
JOGOS E BRINCADEIRAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em educação infantil e desenvolvimento. Por: Noélia Cardoso Santos Barros.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que conhece meu coração e em quem muitas vezes busquei forças para superar os obstáculos e desafios. A todos da minha família por estarem ao meu lado torcendo por mim na realização desse trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a todos os meus alunos, ex-alunos, futuros alunos e aos meus colegas de trabalho do CMEI Vovó Ritinha. Em especial a Aline e Ricardo.
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RESUMO
As crianças de hoje encontram no mercado comercial uma variedade de
jogos pedagógicos que servem como facilitadores da aprendizagem. Desde a
idade mais tenra encontramos brinquedos que estimulam, nas escolas existem
professores que preferem ensinar brincando, alunos construindo conhecimento
por meio das brincadeiras e até adultos que utilizam o jogo nos momentos de
entretenimento.
Então dentro deste contexto procuro justificar a importância do jogo,
quais os brinquedos e brincadeiras mais realizados pelas crianças e
vivenciados no jardim de infância, o que os teóricos mais solicitados da
pedagogia nos dizem a respeito deste assunto, a quanto tempo a humanidade
utiliza o jogo e porque brincar é tão importante para a criança.
A relação brincadeiras e educação desperta interesse e curiosidade de
profissionais da área pedagógica porque o brincar faz parte da essência da
criança e aprender brincando estimula o ser infantil sem estresse, tornando a
experiência ou atividade muito mais envolvente e interessante.
Nos dois períodos citados por Piaget (período sensório-motor e pré-
operatório) o jogo é enfatizado como facilitador do conhecimento porque as
crianças agem sobre os objetos estruturam seu espaço e seu tempo,
desenvolvem noções chegando a representação e a lógica. Nos jogos de faz-
de-conta a criança desenvolve sua autonomia é livre para escolher papéis,
desempenhar e definir regras com funcionamento que é um processo que tem
um fim por si mesmo, a criança brinca porque tem o prazer de brincar. Quando
estão jogando ou brincando sua mente esta estimulada por isso as atividades
lúdicas podem trazer grandes contribuições para o processo de aprendizagem
e desenvolvimento humano.
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METODOLOGIA
A monografia tem caráter bibliográfico e exploratório,ou seja, foi
elaborada através de livros , sites da internet e artigos de revistas , contando
também com a experiência da autora que trabalha a oito anos na área de
educação infantil.
O conteúdo da pesquisa consiste em declarar a importância do lúdico no
ambiente infantil, informando as vantagens de sua utilização para o
desenvolvimento e apropriação do conhecimento pela criança e a necessidade
deste saber pelo professor para que possa interagir de maneira adequada e
compreender a criança em sua essência . Dentro deste contexto pretendo
apresentar posições de autores como: Piaget, Vygotsky, Wallon, Kishimoto e
outros, além de utilizar o Referencial Curricular da Educação Infantil e livros de
autores esclarecidos sobre o assunto.
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SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo I - Conteúdo histórico dos jogos e das brincadeiras 10
Capítulo II - Reflexões teóricas a cerca do brincar 15
Capítulo III - As modalidades básicas de experiências lúdicas 29
Capítulo IV - A importância do brinquedo 36
Conclusão 46
Bibliografia Consultada 48
Índice 51
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INTRODUÇÃO
Este estudo tem como tema os jogos e as brincadeiras na educação
infantil, valorizando os espaços lúdicos nos ambientes escolares.A questão
central deste trabalho é constatar como as brincadeiras contribuem na
formação da criança, informando aos profissionais da área e todos aqueles
interessados que podemos utilizar o lúdico em várias situações, e que desta
maneira estamos possibilitando maior desenvolvimento e envolvimento do
grupo de crianças. Procurando também destacar as modalidades básicas de
experiências lúdicas na pré-escola ,definindo sua função educativa, o conteúdo
histórico a respeito do jogo, a importância do brinquedo, além de focar algumas
reflexões de teóricos como : Piaget, Vygotsky e Wallon .
O tema sugerido é fundamental para o conhecimento dos educadores da
educação infantil, pois brincar é uma das atividades mais importantes para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. Quando a criança começa a se
comunicar primeiro por meio de gestos , depois com palavras, vai se
desenvolvendo até começar a representar papéis e esta brincadeira faz com
que desenvolva sua imaginação e todo o seu ser ,ela vai interiorizando
modelos de vida. A fantasia e a imaginação,que fazem parte do mundo infantil,
são elementos imprescindíveis para que a criança aprenda mais sobre a
relação entre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro. Neste brincar as crianças
podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a
imitação, a memória, a imaginação. Por meio da interação entre pares,
amadurecem capacidades de socialização e experimentam papéis sociais e
regras para um conviver melhor.
Propiciando um espaço para os jogos e as brincadeiras permitimos que
as crianças experimentem o mundo e internalize uma compreensão particular
sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. Os jogos ou
brinquedos pedagógicos possuem objetivos que são definidos pelo professor,
mas as crianças podem explorá-los e encontrar neles uma outra função além
da educativa, a função lúdica, quando usam a imaginação e constroem
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castelos, torres com quebra-cabeças. No trabalho pedagógico orientado as
crianças estão brincando, mas não livremente, são ações planejadas que
permitem o desenvolvimento, há as relações de trocas, a internalização de
regras para o funcionamento do jogo, a paciência, a concentração, em alguns
casos a memória é estimulada, a conscientização e aceitação dos resultados
com esportiva pois quando jogamos podemos tanto ganhar como perder.
Vários são os tipos de brincadeiras e jogos que interessam a criança e que
podemos explorar para a construção de suas qualidades, tanto física quanto
mental.
Portanto, o brincar é mais que válido para as crianças e esta pesquisa
visa favorecer o reconhecimento e a necessidade destes pequenos para com o
brincar, indicando as contribuições de uma forma mais ampla. A compreensão
deste fato aumenta a eficiência do professor quanto a sua intervenção com o
aluno, interagindo nesta relação de maneira harmoniosa e adequada,
enriquecendo o contexto na educação infantil.
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CAPÍTULO I
CONTEÚDO HISTÓRICO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS
Para saber sobre o jogo precisamos decifrar sua imagem perante a
sociedade, pois cada contexto social constrói uma idéia de jogo conforme os
valores que lhe são atribuídos. Devido a isso, talvez seja importante percorrer
o passado em busca da história do jogo infantil e a educação, buscando
compreender como era sua concepção e quando o lúdico e a aprendizagem,
que são fundamentais à todas as crianças, começaram a ser utilizados nas
instituições de ensino , tornando-se aliados na formação do sujeito.
Para começar , a criança de tempos atrás não era considerada, não
tinha existência social, sendo vista como uma miniatura do adulto. Na classe
social mais favorecida era educada para o futuro e na classe social menos
favorecida, o valor da criança iniciava-se apenas quando era útil ao trabalho,
sendo os brinquedos e os jogos vistos como fúteis que só tinham como objetivo
a distração e o recreio.
De acordo com Kishimoto, na antiguidade greco-romana o jogo já era
utilizado no ambiente escolar para recreação e relaxamento após atividades
que exigiam esforços físico e intelectual. Por um longo tempo o jogo fica
limitado apenas para recreação.
Durante a Idade Média, o jogo não era muito valorizado, pois era
associado ao dinheiro e por isso classificavam-no como jogos de azar. Alguns
teóricos da época consideravam-o como instrumento de educação para ensinar
conteúdos, gerar conversas, ilustrar valores e recuperar brincadeiras do tempo
passado. Algumas brincadeiras desta época são vistas até hoje, entre elas
destacamos: biboquê, chicotinho queimado, quebra-cabeça, beliscão, cata-
vento, cara ou coroa, pular carneirinho e outras não muito conhecidas. Durante
este período, também chegou a receber uma concepção veiculada aos tempos
11
atuais, de instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário,
também como um meio de expressão de qualidades espontâneas da criança,
que se expressa através da brincadeira e mostra sua natureza psicológica e
inclinações, no entanto não se dava grande importância ao brincar.
No renascimento a criança é dotada de valor positivo, entre eles:
natureza boa semelhante a alma do poeta , que se expressa espontaneamente
por meio do jogo e que está relacionado a nova percepção de infância. “O
Renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o
desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo” (Kishimoto,2002,p.28).
Sendo visto como conduta típica da criança tornou-se necessário uma nova
concepção para o brincar/jogo. Então ,os Gregos e os Romanos, do século
XVIII, enfatizavam a importância do jogo para educar as crianças e nesta fase
expande-se a idéia da criança como ser distinto do adulto e a brincadeira passa
a ser reconhecida como atividade típica da idade. Já nesta época Rosseau se
preocupava em dar uma conotação diferente para a infância, mas suas idéias
se firmaram apenas no século XX, quando psicólogos e pedagogos
começaram a considerar a criança como ser especial com características e
necessidades próprias.
Com algumas idéias a respeito do brincar na vida da criança, filósofos e
educadores como Froebel, Hoffmann e Richter constroem um pensamento
para a época do Romantismo, de que o jogo já era visto como instrumento de
educação da pequena infância, que imita e brinca com o conhecimento que
possui.
No decorrer dos tempos, a infância do individuo foi correlacionada a
origem da humanidade, havendo relatos de que possuíam características
semelhantes ao princípio da existência humana. Outros relatos não muito
antigo, do século XIX, conhecido como Teoria de Groos, considera o jogo pré-
exercício de instintos herdados, denominado como uma ponte entre biologia e
a psicologia.
No início do século XX, o jogo é conceituado pedagogicamente
considerado importante para o desenvolvimento motor e o desenvolvimento
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natural que irá acontecer nas brincadeiras de imitação. Em 1978, Piaget
declara que a brincadeira participa do processo de conteúdo da inteligência. “
Piaget adota o uso metafórico vigente na época, da brincadeira como conduta
livre, espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que
lhe dá. Para o autor, ao manifestar a conduta livre lúdica, a criança demonstra
seu nível de conhecimentos” ( Kishimoto,2002,p.32). De acordo com a citação,
através da observação das brincadeiras infantis podemos fazer o diagnostico
do seu conhecimento.
No decorrer deste século, encontramos várias contribuições teóricas.
Para Vygotsky, a brincadeira de desempenho de papéis surge em todas as
crianças, com idades que variam de 2 a 4 anos, e ela resulta de influências
sociais. Para o psicólogo americano Jerome Seymour Bruner que pesquisou o
jogo, identifica no faz-de-conta sua estrutura de linguagem, para ele ao jogar ,
regras são estabelecidas mentalmente, inclusive a respeito da linguagem e ao
interagir com seus pares ou em sua família a criança vai construindo um
conhecimento de regras de linguagem que permite infinitas construções de
frases. “...a compreensão de que as regras geram as sentenças e de que é
possível criar novas sentenças a partir de outras regras é a chave para a
compreensão da linguagem e de sua teoria sobre as brincadeiras
infantis”(Kishimoto,2002,p.33).
Em 1911, Froebel introduz o brincar para educar e desenvolver as
crianças, que sob orientação da educadora (por ele chamada de
jardineira),facilitaria a construção do conhecimento pré-escolar com suas
intervenções.
Com o movimento da Escola Nova, tendências pedagógicas e teóricos
se empenharam mais em estudar sobre o desenvolvimento da inteligência,
assim como suas fases e características,respectivamente. E modelos
autoritários com relação passiva de alunos passaram a ser criticados, pois na
realidade a criança é um ser pensante com idéias e conhecimentos, capaz de
comparar objetos, elaborar hipóteses e raciocinar de acordo com sua idade.
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Estes pontos de vistas que foram destacados sobre o jogo infantil,
permite equipará-lo ao espontâneo, não-sério, mas se for associado a ação
educativa, ao desenvolvimento, será considerado como sério. As referências
dos tempos do Renascimento aos dias atuais transportam para o ensino as
propriedades do jogo , valorizando sua utilização, partindo de pressupostos
sociais e da lingüística.
Atualmente a instituição de educação infantil, acessível a quase todas as
crianças, é um lugar que foi feito para elas, não só espaço mas os profissionais
que lá trabalham também se prepararam para estar ali naquele ambiente
interagindo com qualidade. Será nesse lugar que a criança vai ampliar seu
conhecimento, superar através da convivência com outras crianças o seu
egocentrismo e irá abrir-se a uma cordial e positiva sociabilidade.
Quando pensamos na palavra educação, mais precisamente “educação
infantil’’, lembra-nos o ato de educar que por ser na escola é uma educação
formal, o ambiente é organizado e pede regras, rotina, combinados que
precisam ser compreendidos, o saber é dividido para se adequar com a faixa
etária, são propiciadas situações de cuidados, brincadeiras, atividades
orientadas, todos esses aspectos visam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal e cultural. Todo conhecimento que
temos hoje é fruto que colhemos do passado, a forma como ensinamos, a
utilização cada vez mais crescente do lúdico na sala de aula, constata que a
mente da criança funciona ou absorve os conteúdos em questão com mais
facilidade. Nessa perspectiva podemos afirmar que“... as crianças constroem o
conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas
e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da
realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e
ressignificação.’’ (RCNEI, 1999, vol. 1, p.21)
É desta maneira particular que a criança vai se desenvolver, cabendo
ao professor da educação infantil propiciar situações de conversa, brincadeiras
e atividades que garantam a troca, a comunicação para que demonstrem seu
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modo de pensar e agir, além de garantir-lhe um ambiente acolhedor
favorecendo a confiança e a auto-estima dos alunos.
Nesse contexto a brincadeira é considerada essência da infância,
considerando os avanços ocorridos. “ Na educação infantil a criança atua no
mundo através do jogo, e é por ele que compreende o mundo adulto trocando o
seu significados e aprendendo conceitos’’ (Kishimoto, 1999, p. 34). Professores
que buscam um ensino ativo , como o jogo, obtém melhores resultados. As
brincadeiras são sérias e ativas tendo com freqüência objetivos da maior
importância para a criança. Uma pedagogia voltada para a educação infantil
pode se basear no jogo simbólico, onde a capacidade de pensar esta ligada a
de sonhar, imaginar, fantasiar a realidade. O jeito infantil de lidar e conhecer o
mundo se manifesta em seus pensamentos e de acordo com vários autores
essa é uma característica do desenvolvimento nos primeiros anos de vida.
Mais tarde quando já estiverem formando parceiros, as crianças gostam de
participar de jogo, pois haverá sempre uma expectativa, uma curiosidade
infantil devido a atividade ser também um desafio, na medida que joga a
criança interage mais com seus pares, elabora estratégias, agem em conjunto.
Por isso o jogo é integrador. Hoje em dia, o jogo faz parte do ambiente escolar,
professores exploram e o utilizam como recurso para desenvolvimento de
conteúdos, envolvendo assim seus alunos num trabalho rico e prazeroso,
favorecendo a integração do grupo e ampliando seus conhecimentos.
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CAPÍTULO II
Reflexões teóricas a cerca do brincar
Considerando que a educação infantil é a primeira etapa da educação
básica e que no seu universo constitui o brincar, que é composto pela
representação, pela imitação e não aparecendo como imposição do adulto,
mas como parte da vontade de crescer e se desenvolver das crianças que
simbolizam o seu contexto social utilizando-se do seu corpo e da linguagem,
este capítulo pretende enfocar o que importantes teóricos discorrem acerca do
brincar na educação, em particular, infantil, informando como ocorre o
desenvolvimento nesta fase da vida.
2.1 - Jean Piaget
Jean Piaget ( biólogo de formação) desenvolveu a tese da epistemologia
genética, seguindo os critérios da biologia, para a compreensão do processo
ou formação da inteligência e do conhecimento. Para ele a inteligência é o
mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova, e como tal,
implica a construção contínua de novas estruturas. O homem esta sempre
buscando uma melhor adaptação ao ambiente independente do estágio ou fase
em que se encontra.
Na visão de Piaget, com a brincadeira, a criança apropria-se de
conhecimentos que possibilitarão sua ação sobre o meio em que se encontra.
Toda ação do homem visa atingir o equilíbrio, suas ações acontecem em
função de alguma necessidade e está irá provocar no sujeito um estado de
desequilíbrio. Neste momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se
relacionar com o meio para melhor se adaptar “...ao colocar a brincadeira
dentro do conteúdo da inteligência e não na estrutura cognitiva, Piaget
distingue a construção de estruturas mentais da aquisição de conhecimentos. A
brincadeira, enquanto processo assimilativo, participa do conteúdo da
inteligência, à semelhança de aprendizagem”(Kishimoto,1999,p.32).
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A importância do brincar, do brinquedo e do jogo na pré-escola nos
auxilia a entender como o homem se desenvolve. O brinquedo é uma
representação da realidade. Por exemplo, quando a criança brinca de casinha,
ela esta representando aquele personagem que esta presente em seu
cotidiano. Ao conversar com seu coleguinha e seus brinquedos, com certeza
irá reproduzir diálogos repetidos de adultos em seu contexto, retratando assim,
o modo de convivência e reproduzindo as falas dos sujeitos de sua cultura.
Saber de onde a criança vem e para onde vai em termos de
desenvolvimento, é uma perspectiva genética tão importante quanto saber
onde ela está.
Por isso, Piaget dividiu o estudo do desenvolvimento humano em períodos (ou
estágios) , cada período possui características bem demarcadas do processo
de desenvolvimento humano:
• Estágio Sensório-Motor (de 0 a 2 anos, aproximadamente);
• Estágio Pré-Operacional (de 2 a 7 anos, aproximadamente);
• Estágio Operacional Concreto (de 7 a 11 anos, aproximadamente);
• Estágio Operacional Formal (de 11,12 anos em diante).
Estágio Sensório-motor
Piaget chamou este estágio de sensório-motor por ser a fase em que a
criança se desenvolve e se adapta ao meio através dos sentidos(sensório) e
que responde ao mesmo através de sua motricidade(motor). Por isso sensório-
motor. As ações sensoriais e motoras são utilizadas para atingir uma meta. Os
bebês adquirem conhecimento sobre os objetos através de suas interações
com eles. Durante este período, a inteligência se manifesta por ações,
caracteriza-se por uma inteligência prática que coordena no plano da ação os
esquemas que a criança utiliza.
Esta fase é caracterizada por um contato direto, isto é, sem
representação, pensamento ou linguagem da criança com objetos e pessoas.
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Por exemplo: na amamentação, o bebê incorpora os mecanismos necessários
ao ato de sugar e forma seus esquemas, estendendo este ato de sugar a
outras ações, tais como chupar o dedo, utiliza suas mãos como brinquedo
experimentando seu novo conhecimento (poder de sucção) em outros objetos
brinca de forma significativa.
O primeiro brinquedo da criança é o seu próprio corpo. A criança se
explora, brincando com as mãos, os pés. Depois ela se interessa por estímulos
externos, passa a prestar atenção nos efeitos que seus atos produzem no
ambiente e desvia a atenção do seu próprio corpo para o objeto, podendo agir
de forma mais complexa com eles.
É nesta relação de conhecer, descobrir, explorar que a criança sensório-
motora desenvolve seu cognitivo, a partir do desequilíbrio provocado pela
necessidade de conhecer as conseqüências resultantes de seus atos , as
brincadeiras se incorporam através dos seus sentidos ao cérebro e provocarão
o processo de equilibração, aflorando o desenvolvimento cognitivo.
No fim do período sensório-motor surge uma novidade importante para o
desenvolvimento da criança, que é a capacidade de substituir um objeto ou
acontecimento por uma representação. A função simbólica para Piaget é o que
possibilita esta substituição e ela significa que agora a criança é capaz de
duplicar objetos ou acontecimentos por uma palavra, por um gesto, por uma
lembrança, ou seja, ela já é capaz de evocá-los em sua ausência.
Estágio Pré-Operacional
A criança inicia esse estágio com uma visão egocêntrica de mundo,
achando que tudo existe por ela e para ela, essa característica do pensamento
infantil é comum neste período mais precisa ser trabalhada num convívio
social. A aquisição da linguagem é o mais importante sistema de símbolos
adquirido pela criança e é através dele que a criança irá redimensionar seus
esquemas, gerando novos esquemas e reestruturando os já existentes.
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Outra novidade específica deste período é poder representar, a criança
substitui objetos ou acontecimentos por seus equivalentes simbólicos. Esta
representação é o início do pensamento. Presenciamos esta etapa ao ver a
criança brincar de faz-de-conta. Esta brincadeira possibilita que ela entenda o
mundo que a cerca, a criança experimenta uma situação supostamente real
com o espírito de brincadeira. Por exemplo: ela brinca de ser mãe com sua
boneca e representa a sua concepção do que é ser mãe; a criança manipula
um objeto (caixinha) como se fossem carrinhos, porque já possui a capacidade
de representar pois já tem uma imagem mental interiorizada daquilo que esta
representando. Mais tarde já inclui colegas em suas brincadeiras e até indica
qual deve ser a sua ação. O desenvolvimento do faz-de-conta consiste em
retirar rotinas comportamentais de seus contextos e usá-los de forma lúdica,
Piaget chama essas atividades de jogos simbólicos.
Através desta brincadeira simbólica a criança adquiri a linguagem
convencional, aprendendo a nomear objetos de acordo com seu conceito
cultural e favorecendo a organização do pensamento.Outros conceitos
presentes neste período são a reversibilidade e a conservação que a criança
pode exercitar ao brincar de quebra-cabeça. Reversibilidade é a capacidade de
considerar simultaneamente uma ação e sua inversa, ou uma ação realizada e
uma não realizada. No quebra-cabeça a criança reúne as peças e retorna ao
início, a figura fica inteira, ao quebrá-las perde-se a figura.
Neste período a criança também sofistica sua atividade sensório-motora,
ela gosta de participar de jogos que imitem ações ou animais, jogos que
estimulem a corrida e a movimentação dos grandes músculos. Exemplos de
brincadeiras nesta fase: ‘ mãe da rua’, ‘a galinha do vizinho’, ‘amarelinha’,
‘corre-cutia’, ‘seu lobo está?’, ‘polícia-ladrão’, ‘pique alto’, ‘estátua’, ‘morto-vivo’,
‘gato e o rato’, ‘dança das cadeiras’, ‘barra-barra-manteiga’, ‘boca de forno’,
etc.
Estas são algumas formas do pensamento da criança, que o professor
precisa saber para trabalhar com seus alunos na educação infantil, assim como
perceber que através da brincadeira ela irá crescer , aceitar e conhecer o
mundo que a cerca e se desenvolver plenamente.
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Os dois últimos estágios não se referem a educação infantil, por isso seus
comentários serão breves.
Estágio Operacional Concreto
Neste período a criança já desenvolveu grandes habilidades com seu
corpo e as brincadeiras com grandes movimentos ocupam lugar de destaque e
interesse por elas. Nos jogos aprende a cooperar, conviver com regras
(percebendo sua importância) , e adquirir funções intelectivas. Com as regras
iniciará a consciência dos seus atos e poderá ter noção do que é certo e
errado.
Seu pensamento é lógico , baseia-se em situações concretas que
podem ser organizadas , classificadas ou manipuladas, já sabe lidar com
operações de conservação, classificação e a seriação. A criança é capaz de
romper os esquemas já existentes e é mais questionadora, esta mais apta a
resolver situações problemas e tem a criatividade como alguma de suas
características.
Estágio Operacional Formal
No início deste estágio, nossa criança passa a ser adolescente e já tem
desenvolvido um sistema completo e lógico de pensamento. Devido ao período
de transição entre infância e a vida adulta é um pouco emocional, não gosta de
estar com os mais novos e tenta penetrar no mundo adulto em busca de sua
identidade.
Os jogos são atraentes aos jovens, gostam de esportes e tem espírito
competitivo, os intelectuais e os eletrônicos também os interessa e os de regra
ainda são importante para o desenvolvimento de uma consciência social. Agora
preferem estar em grupos, discutir, pesquisar, viver aventuras e novas
experiências.
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2.2-Lee Semenovich Vygotsky
Vygotsky nasceu na Rússia, cresceu num ambiente com muita
estimulação intelectual. Quando adulto foi pesquisador em várias áreas, entre
elas: psicologia, pedagogia, filosofia, literatura e em deficiência física e mental.
Sua produção escrita foi enorme, uma média de 200 trabalhos, para uma vida
tão curta, pois aos 37 anos morreu por tuberculose.
Vygotsky contribuiu muito para a pedagogia com sua teoria sócio-
interacionista, para ele o comportamento humano é inerentemente social e
culturalmente organizado. Admite também que no momento inicial da vida da
criança (quando bebê) os fatores biológicos superam os sociais, pois há uma
dependência para sobreviver, mas aos poucos, a integração social é fator
decisivo no desenvolvimento do seu pensamento. Primeiramente os adultos
mediarão a relação criança/mundo, introduzindo-os em sua cultura,
influenciando seu comportamento , costumes e práticas.“ Ao internalizar as
experiências fornecidas pela cultura, a criança reconstrói individualmente os
modos de ação realizados externamente e aprende a organizar os próprios
processos mentais”(Rego,1995,pg.62).
Para Vygotsky, o pensamento consciente, que transforma e regula as
outras funções psíquicas _ pensamento abstrato, atenção voluntária,
memorização_ fala da consciência como um contato social consigo mesmo, a
relação pensamento-linguagem permite entender a natureza da consciência
humana, pois os signos são vias de contato com o mundo concreto, consigo
mesmo e com a própria consciência. Tanto a consciência quanto as funções
superiores se originam no espaço exterior, na relação com os objetos e com as
pessoas “todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas
vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual; primeiro entre
pessoas (interpsicológica) e, depois, no interior da criança
(intrapsicológica)”,(Vygotsky,1991,pg.64). Por isso, que as relações sócio-
interacionistas são centrais em sua pesquisa e para o aprendizado.
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Outra questão importante descrita por Vygotsky é a relação
aprendizagem e desenvolvimento... “a aprendizagem e o desenvolvimento
estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida”(Vygotsky,1991,pg.95).
Para se dizer que a criança aprendeu a realizar uma atividade, ela tem que
cumprir a tarefa sem nenhum tipo de ajuda, por exemplo: montar uma torre
com cubos de diversos tamanhos. Vygotsky denomina essa capacidade de
nível de desenvolvimento real que são as etapas de desenvolvimento
psicológico já alcançadas. Mas para compreender adequadamente o
desenvolvimento devemos considerar não apenas o nível de desenvolvimento
real da criança, como também seu nível de desenvolvimento potencial, que
é a capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de adultos ou dos
companheiros mais capazes.
Utilizando o exemplo das torres com cubos, o adulto ou colega pode
instruir dizendo: “você deve por primeiro o cubo maior de todos, depois os
menores”. Este tipo de colaboração que beneficia uma outra pessoa só ocorre
num determinado nível de desenvolvimento, lembrando também que na teoria
Vygotskyana a interferência, a relação social é fundamental para o
desenvolvimento“... O desenvolvimento individual se dá num ambiente social
determinado e a relação com o outro, nas diversas esferas e níveis da
atividade humana é essencial para o processo de construção do ser
psicológico individual” (Oliveira,195,pg.60).
É a partir da documentação desses 2 níveis de desenvolvimento _real e
potencial_ que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal. “a
zona de desenvolvimento proximal refere-se,assim, ao caminho que o individuo
vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de
amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu
nível de desenvolvimento real”(Oliveira,195,pg.60).Na zona de
desenvolvimento proximal estão contidos funções do desenvolvimento que
ainda hão de progredir, se houver um estímulo chega-se ao nível de
desenvolvimento real com mais rapidez ou facilidade.
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O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal que
tem enorme influência em seu desenvolvimento, Vygotsky entende a
brincadeira como um processo e uma atividade social infantil e através dela, a
criança adquirirá elementos imprescindíveis para a construção da sua
personalidade, compreendendo a realidade da qual faz parte. O processo
imaginativo da criança, inicia-se em torno dos três anos de idade. Ele acredita
que a imaginação não está presente na criança desde o nascimento e que
inexiste nos animais. E por isso, a importância de brincar é destacada, pois
para o autor a criança inicia-se no mundo adulto através da brincadeira,
antevendo seus papéis e valores futuros, além de desenvolver-se socialmente,
conhecendo as atitudes e as habilidades conceituais das crianças.
Na brincadeira de faz-de-conta, que tem função imitativa, a criança
aprende a conviver com as atividades culturais, via a brincadeira. Ela estará
estimulando o seu desenvolvimento e aprendendo as regras de convivência
dos mais velhos“... Embora num exame superficial possa parecer que o
brinquedo tem pouca semelhança com atividades psicológicas mais complexas
do ser humano, uma análise mais aprofundada revela que as ações no
brinquedo são subordinadas aos significados dos objetos, contribuindo
claramente para o desenvolvimento da criança”(Oliveira,1995,pg.67).
Quando a criança passa a freqüentar a educação infantil, elas
descobrem que existem muitas necessidades a serem satisfeitas e que se não
fossem os brinquedos, isso não seria possível. Elas envolvem-se com o mundo
da ilusão, do imaginário, mundo esse traduzido através do brinquedo.
O jogo com regras, o brincar com regras inicia-se normalmente na idade
pré-escolar, sendo aprimorado durante a sua idade escolar e durante toda a
sua vida, mas Vygotsky relata ainda que em todo brinquedo ou brincadeira há
regras, nas situações imaginárias há regras de comportamento, embora possa
não ser um jogo com regras formais estabelecidas. A criança imagina-se como
mãe e a boneca como criança e dessa forma obedece as regras do
comportamento maternal. “O que na vida real passa despercebido pela criança
torna-se uma regra de comportamento no brinquedo”(Vygotsky,1991,pg.108).
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Ao brincar a criança esta agindo cognitivamente, ela pensa naquilo que
vivenciou e os objetivos motivam suas ações, mais tarde ela começa a utilizá-
los de acordo com sua imaginação, ou seja, a criança transforma as regras( de
comportamentos e outras) em seus desejos. Com o brinquedo/brincadeira a
criança reproduz a realidade, imitando os personagens reais do seu dia-a-dia,
experimentando sensações e desenvolvendo regras de comportamento que
imagina correta.
Em relação, a jogos/brincadeiras de competição, que envolvem o ato de
perder ou ganhar, Vygotsky discorre que esse brincar para a criança nem
sempre é prazeroso, podendo ser até desagradável, pois quando criança é
mais difícil se relacionar com o sentimento de perda.
2.3- HENRI WALLON
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia
passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais
explícita a aproximação com a educação. Viveu num período marcado por
instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais, o avanço
do fascismo no período entre as guerras, as revoluções socialistas e as guerras
para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e , em
especial, a França. Durante as guerras atuou como médico do exercito francês,
o contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse
posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças
deficientes.
Em 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas. Paralelamente
à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da
criança, sendo encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na
Sorbonne e outras instituições de ensino superior. Foi também responsável
pela fundação de um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de
crianças ditas deficientes.
24
Em 1925 publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”.
Iniciando um período de intensa produção de livros, todos voltados para a
psicologia da criança. Seu último livro foi “Origens do pensamento na criança”,
em 1945. Em 1948 cria a revista “Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje
tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de
pesquisa para os pesquisadores em psicologia e fonte de informações para os
educadores.
Segundo Dantas (1992) para Wallon a gênese da inteligência é genética
e organicamente social, ou seja, o ser humano precisa da intervenção da
cultura para se atualizar, a motricidada humana começa pela atuação sobre o
meio social para depois poder modificar o meio físico. É através da função
tônica do movimento, principalmente no seu aspecto de motricidade expressiva
da mímica, inteiramente ineficaz do ponto de vista instrumental que o indivíduo
humano atua sobre o outro. É isto que lhe permite sobreviver durante o
prolongado período de dependência. A inclusão da etapa “impulsivo-
expressivo-emocional” (zero a um ano) antecedendo a “sensório-motora”( de
Piaget, um a dois anos), proposta por Wallon, amplia e esclarece a
compreensão do caminho do ato ao pensamento, mostrando como desde o
início o corpo não é neutro mas se nutre das relações pessoais e culturais,
constituindo-se no principal instrumento da criança no seu diálogo com o
mundo social, possibilitando-lhe apropriar-se da cultura e construir o
pensamento.
Ao analisar o desenvolvimento humano, constatou que o
desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e
conflitos, que era o resultado da maturação e das condições ambientais, que
provocava alterações qualitativas no seu comportamento. Nesse sentido, a
passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por
ampliação, mas por reformulação, instalando-se no momento da passagem de
uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança. Esses conflitos são
propulsores do desenvolvimento.
25
Segundo Galvão(1993), o desenvolvimento do ser humano pode ser
dividido em cinco fases:
• impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A
predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às
pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;
• Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da
marcha e da preensão, dão a criança maior autonomia na manipulação
de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio,
ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo
projetivo refere-se ao fato de ação do pensamento precisar dos gestos
para se exteriorizar. O ato mental projeta-se em atos motores.
• Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-
se a construção da consciência de si mediante as interações sociais,
reorientando o interesse das crianças pelas pessoas.
• Categorial, os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança
para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior.
• Predominância Funcional, ocorre nova definição dos contornos da
personalidade, desestruturados devido às modificações corporais
resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais
são trazidas à tona.
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de
atividades e de interesses da criança, cada fase predominante (de dominância,
afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase,
construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e
diferenciação.
Na visão de Wallon, a emoção tem um papel muito importante no
desenvolvimento humano, porque desde o nascimento estabelecemos contato
com o outro através do sentimento. No seu estudo do desenvolvimento
humano destacou quatro elementos básicos, que estão o tempo todo em
comunicação: a afetividade, a emoção,o movimento e a formação do eu.
26
• Afetividade – possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa
pois é por meio dela que o ser humano demonstra seus desejos e
vontades. As transformações fisiológicas da criança revelam traços de
caráter e personalidade.
• Emoções – é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A
raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos
possuem uma função de grande relevância no relacionamento da
criança com o meio.
• Movimento – a motricidade tem caráter pedagógico tanto pela qualidade
do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que é representado.
• Formação do eu – a construção do eu depende essencialmente do
outro. O período de maior ênfase é aos três anos, quando vivência a
crise de oposição , na qual a negação do outro torna-se instrumento
para descoberta de si mesmo. A imitação, manipulação e sedução em
relação ao outro são características comuns nesta fase.
Ocupando-se em estudar a passagem do orgânico ao psíquico, Wallon
verificou que, nesse intervalo, ocorre o desenvolvimento de grandes funções
mentais: a afetividade e a inteligência. O desenvolvimento da personalidade
oscila entre movimentos ora afetivos, ora cognitivos, que são interdependentes.
A relação é de caráter dialético, se por um lado não existe nada no
pensamento abstrato, por outro lado, a luz dá razão às impressões sensoriais
um novo conteúdo. E dentro deste princípio dialético, Wallon identifica a
relação entre a emoção e a inteligência e ambas não se desenvolvem uma sem
a outra, pois compõem uma unidade de contrários, a emoção e a inteligência,
em sua gênese, constituem pólos, como norte e sul, ambas tem propriedades
diversas e forças que as opõem. No entanto, uma pressupõe a outra para
desenvolver o indivíduo.
A emoção muitas vezes nos deixa incapazes de raciocinar e agir com
inteligência, nos desequilibramos porque a emoção não dispõe de uma força
capaz de impor o estado de equilíbrio. Por isso, nosso comportamento é
intercalado por estados de serenidade e de crises emotivas. Parte do nosso
27
funcionamento humano e sua intensidade depende da personalidade individual,
isto é, de como cada um integra a relação emoção e inteligência.
Em relação, a importância do afeto para o processo de aprendizagem,
Wallon discorre que, o individuo é um ser geneticamente social e necessita do
outro para se delimitar como pessoa. Será na família, que a criança ocupará
seu primeiro lugar socialmente. Neste ambiente familiar a criança é fortemente
influenciada pelo tipo de relação que mantém com os componentes da mesma,
os papéis que cada um representa e as relações que estabelecem. Portanto o
meio social, para Wallon, é um complemento indispensável à integração do eu,
pois o outro revela-se como parâmetro para a constituição da identidade do eu.
Quando a criança vai para a escola começa a distinguir-se do outro, a escola
assume uma importância capital na personalidade infantil, podemos dizer que
aumenta em 100% a diversidade das relações que as constituem. A criança
participa de um grupo que segui regras de condutas, assume tarefas,
reconhece suas capacidades e respeita a si próprio mediante o outro,
regulando sua ação e controlando-a perante o outro.
A ação da família e da escola são muito importante para o
desenvolvimento da criança, e cada uma dessas instituições deve preocupar-
se em estabelecer relações especificas. São as diferenças de estabilidade e
estruturas dos meios que proporcionam à criança crescimento como indivíduo
e formação para constituição do seu eu, para posteriormente associar-se a
grupos conforme seus interesses e vontades.
É na educação infantil que a criança adquire os princípios básicos para a
sua vida, muitos destes valores são construídos e desenvolvidos por elas por
meio de suas brincadeiras, podemos constatar este fato ao observar as
crianças exercendo a função lúdica em conjunto com outros colegas ou em
particular, com seus brinquedos, além da socialização outras habilidades
estarão em atividade, como: a motricidade, a mente, a criatividade, a
28
afetividade e as emoções, pois quando jogamos, podemos ganhar ou perder,
portanto temos que lidar com nossas frustrações.
De acordo com Piaget, Vygotsky e Wallon é nas relações sociais que o
pensamento, a inteligência, irá se desenvolver, a oportunidade de conteúdos
(conhecimentos) se amplia quando nos relacionamos com os outros, várias
brincadeiras, como a sócio-dramática, reproduz atividades culturais e
favorecem os relacionamentos no ambiente. Com a maior socialização as
crianças desenvolvem habilidades de descentrar-se enquanto centro das
atenções, experimentam novas idéias que não teriam pensado sem “aquele
amigo” numa das brincadeiras, coordenam diferentes pontos de vista,
Segundo Piaget, é através da brincadeira que a criança irá adquirir o
conhecimento e desenvolver sua inteligência, primeiramente pelas ações,
quando explora seu ambiente, depois pelo pensamento, ao representar
acontecimentos e comportamentos presente em seu contexto.
Wallon, desenvolveu um pensamento, que em alguns pontos é
semelhante a idéia de Piaget e Vygotsky. Para ele a criança se apropria da
cultura e constroe seu pensamento através da relação social, que acontece
quando a criança brinca de forma natural sem cobrança, dessa forma com a
ajuda do outro vai se delimitar como pessoa.
Vygotsky também enfatiza a brincadeira em seus estudos, para ele ao
brincar a criança contribui para seu desenvolvimento, pois age cognitivamente
e dessa maneira conhecerá o mundo adulto adquirindo noções morais,
aprendendo regras de convivência e é nas relações sociais que aprenderá a
conviver com os outros e adquirirá senso de companheirismo.
29
CAPÍTULO III
3.0- MODALIDADES BÁSICAS DE EXPERIÊNCIAS LÚDICAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
O ser humano ao nascer pertence a uma família, neste lar vai
desenvolver capacidades afetivas, físicas, emocionais e cognitivas. A família
será seu primeiro meio social, com ela a criança gosta de estar, vai interagir,
aprender, compreender e influenciar o ambiente. Ao ir para escola, vai ampliar
suas relações sociais e interações, sua linguagem irá se desenvolver, sua
coordenação motora, seu pensamento, a criança sente-se cada vez mais
segura para se expressar e nas trocas sociais com outras crianças e adultos
vai aprender e perceber a diversidade da realidade.
Na educação infantil a criança vivenciará atividades lúdicas junto aos
colegas e com os brinquedos, que lhe proporcionará o desenvolvimento e o
acesso a integração de sua cultura. Vários jogos são típicos desta fase, como o
jogo de imitação ou desempenho de papéis que surge em todas as crianças,
outras brincadeiras serão sugeridas pelas professoras que agirão
intencionalmente buscando atingir objetivos pedagógicos qualificados a cada
idade.
3.1 – Jogos de Imitação
Os jogos de imitação são típicos das crianças na fase dos dois aos três
anos, desde pequenas, se esforçam para reproduzir gestos, expressões faciais
e sons produzidos pelas pessoas com as quais convivem. Esse exercício é
considerado um aspecto importante no processo de diferenciação entre o eu e
o outro. “A imitação é o resultado da capacidade de a criança observar e
aprender com os outros e de seu desejo de se identificar com eles, ser aceita e
30
de diferenciar-se.”(RCNEI,vol.2,1998,pg.21). Essa observação e imitação,
realizada pelos pequenos, são demonstrações de operações mentais que
facilitam o processo de diferenciação do outro.
O brincar para a criança é algo intrínseco e fundamental para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. Nas brincadeiras as crianças
desenvolvem capacidades importantes, como: a atenção, a imitação, a
memória, a imaginação e a fantasia. E por meio da interação, da utilização e da
experimentação de regras e papéis sociais que amadurecem capacidades de
socialização. Na famosa brincadeira de faz-de-conta, quando as crianças
representam papéis, estão sobretudo diferenciando, recriando personagens e
aprendendo mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro.
A brincadeira comporta toda uma situação imaginária, que possuem regras
que direcionam toda ação.
Quando as crianças estão brincando sem intervenção de algum adulto,
pode-se observar a coordenação das experiências prévias e o que os objetos
utilizados, provocam no momento presente, ou seja, utilizando a memória
repetem o que já conhecem, na interação com seus pares, atualizam seus
conhecimentos prévios, ampliando-os e transformando-os numa nova situação
imaginária.
Este jogo inicia-se individual, podendo avançar para o coletivo, com a
presença de vários participantes, portanto podemos dizer que brincar de faz-
de-conta é inicialmente uma atividade interna para a criança pois esta baseada
na imaginação e interpretação da realidade. Nesse brincar a criança pode
tentar satisfazer seus desejos que não podem ser realizados, como por
exemplo: ocupar o papel de mãe no seu lar ou ser professora em uma escola
imaginária. Para Vygotsky, a criança pequena não consegue esperar e cria um
mundo ilusório ‘’ a brincadeira’’ onde seus desejos podem ser realizados, para
ele a imaginação é o início de uma atividade consciente. Podendo
experimentar outras formas de ser e pensar, a criança amplia suas concepções
sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papeis sociais, assim como
os diversos sentimentos humanos, as crianças elaboram as emoções nessas
31
situações de brincadeira e desenvolvem também um sentido próprio de moral e
justiça.
Este jogo recebe várias denominações: jogo imitativo, jogo de papéis ou jogo
sócio dramático, é simulativo e é considerado eficaz porque promove o
desenvolvimento cognitivo e afetivo social da criança.
O brincar-de-faz de conta é uma atividade de rotina, com acessórios ou
não as crianças representam diferentes pessoas personagens ou animais,
reproduzindo ambientes como casinha, trem, posto de gasolina, fazenda, etc.
Além de construir o conhecimento esses ambientes favorecem a interação com
os colegas, assim como atitudes de compartilhar.
Para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade e atribuir-
lhes novos significados, ou seja, a modalidade de brincar de faz-de-conta ,
ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. A
ação da criança esta sendo orientada pelo significado da situação e por uma
atitude mental. Ao assumir um papel durante uma brincadeira, a criança revela
já ter interiorizado determinado modelo de adulto, conhecendo alguma de suas
características. A fonte deste conhecimento é múltipla, ela pode tê-la adquirido
através da imitação de alguém da família ou de outro ambiente, pode ter
assistido uma cena na televisão ou ter ouvido a história. Nestes momentos
criados por elas mesmas experimentam o mundo de forma lúdica, assumem
regras de comportamento, constroem uma visão particular sobre as pessoas ,
os sentimentos e outros diversos conhecimentos. Dessa forma, nestas
brincadeiras refletem o que percebem a sua volta, como uma prática para
exercitar o domínio do aprendizado de suas percepções, ela experimenta o
mundo adulto com conseqüências mais amenas, pois imita e pode errar ou
acertar sem danos a sua pessoa. Não deixando de construir uma consciência
sobre a realidade que a cerca, em termos de valores e atitudes.
Khishimoto, em seu livro ‘Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação’,
discorre sobre a brincadeira de faz-de-conta, como uma atividade importante
para a criança cultivar sua própria vida interior, aumentar habilidades
lingüísticas e motoras, além de facilitar a enfrentar pressões emocionais.
32
Comenta também da brincadeira de imitar super-heróis , bem conhecida entre
as crianças . Contudo, os super-heróis dos desenhos são dotados de poderes,
são apreciados por todos, só fazem o bem, possuem inteligência superior,
coragem, enfim, infinitas qualidades que qualquer um desejaria ter. E ter estas
qualidades agradaria a todos, e por isso a criança gosta de imitá-lo, para
construir autoconfiança e responder às expectativas do mundo adulto, sem
desagradar. Bettelheim, neste mesmo livro, afirma que a criança quando esta
com ciúmes da mãe com o irmãozinho mais novo, brinca de faz-de-conta e
assume na brincadeira o papel de mãe para compreender melhor esse
sentimento que à aflige, então brinca com a boneca de vesti-la , de alimenta-la
, como sua mãe faz com o novo irmão.
Ser criança é uma maneira única de viver, dentro do aspecto
psicológico, a criança diante de uma atividade lúdica, reflete a forma como vê o
mundo, tal brincadeira possibilita vivenciar experiências e aprender com elas. É
por meio deste brincar que toma consciência de si e dos outros, introduzindo o
outro nas suas brincadeiras estabelece o primeiro passo para o social.
3.2 – As Outras Modalidades
Dentre todas os tipos de brincadeiras existentes na educação infantil, o
brincar de faz-de-conta é considerado a mais importante por da origem a tantas
outras, como o brincar com encaixes, com regras, blocos lógicos e os jogos
tradicionais que enfatizam a cultura e desenvolvem habilidades motoras.
De acordo com o RCNEI, “o brincar apresenta-se por meio de várias
categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos
recursos predominantemente implicados”(RCNEI,vol.1,pg.28). Quando a
criança está brincando pode utilizar a linguagem oral e gestual e aperfeiçoá-la,
ao tratar de conteúdos sociais, que acontece quando elas assumem papéis vão
estar repensando valores e atitudes que se referem à forma como o universo
social se constrói. Em atividades lúdicas que envolvem o movimento , a criança
adquire maior controle sobre seu corpo ao experimentar novas maneiras de
33
utilizá-lo, ganhando destreza, força, ritmo, equilíbrio. Será neste brincar com o
corpo, dirigido por um professor ou não, que elas se apropriam do repertório
da cultura corporal da qual fazem parte. Em situações envolvendo o
movimento, a linguagem oral e gestual, nos conteúdos sociais que os
pequenos compreenderam as regras como recurso fundamental para o brincar.
São comuns nas instituições ou nas primeiras relações sociais
ocorrerem conflitos entre as crianças, a maioria deles são por disputa de um
brinquedo, briga por causa de um lugar que eles desejam ocupar, ou por
idéias/opiniões diferentes . Esses momentos merecem uma administração por
parte do professor ou do adulto responsável, embora as atitudes de oposição
serem qualificadas como difíceis, também são importantes para a criança pois
desempenham um papel na diferenciação e afirmação do eu, como consta no
RCNEI “ Além da imitação e do faz-de-conta, a oposição é outro recurso
fundamental no processo de construção do sujeito. Opor-se, significa, em certo
sentido, diferenciar-se do outro, afirmar seu ponto de vista, os seus
desejos”(RCNEI,vol.2,pg.23).
É na figura do professor, da instituição infantil, que organizará algumas
das brincadeiras na vida das crianças, entre elas encontramos variados jogos
com regras , uma modalidade presente desde a infância, nestas brincadeiras
as crianças não brincam livremente, pois há objetivos e o funcionamento da
brincadeira também exige o cumprimento da regra para acontecer. Estes jogos
podem propor interações sociais, desenvolvimento dos movimentos corporais,
pode provocar uma ação intencional que envolva afetividade e também e
também o uso do intelecto. Por ser uma atividade com situações pré-
estabelecidas, as crianças não expressam muito de sua vivência, mas nestes
jogos( trilha,forca, velha, elefante colorido, amarelinha, polícia-ladrão, estátua,
mãe da rua, corre-cutia,cabra-cega, queimada, pique-esconde, pique-alto,
futebol, dama ,etc) a criança experimente emoções e sensações, vivências
comuns a todos os indivíduos e aprende a respeitar regras, limites e a conviver
com o outro respeitando-o democraticamente.
Os jogos tradicionais infantis, expressam a cultura popular, tem tradição
histórica, pois é passado de geração em geração, vários deles estão bem
34
presente nas pré-escolas, dentre eles: a amarelinha, o pião, as parlendas, três
marias(saquinhos com areia), boca de forno, cantigas de roda, elástico, passa
anel, etc. São brincadeiras que perpetuam a cultura infantil e permite o prazer
pelo brincar.
Outra modalidade bem presente são os jogos de construção, que tem
como criador Froebel. Com peças de blocos lógicos as crianças podem
enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver
habilidades afetivas e intelectuais, além de estimular a imaginação, pois ao
construírem estão fazendo representações mentais, as brincadeiras vão
evoluindo, os cenários simbolizam um lugar que a criança queira representar, e
tão importante quanto a ação que ela cria é a sua fala, que irá revelar um
pouco do seu mundo.
Nos dias de hoje, o brincar tem sua importância reconhecida, na
declaração Universal dos Direitos da Criança, no artigo 7, ao lado do direito à
educação, enfatiza-se o direito ao brincar: “toda criança terá direito a brincar e
a divertir-se,cabendo a sociedade a as autoridades públicas garantir a ela o
exercício pleno desse direito”. A infância é um momento único na vida do ser
humano, que deixa marcas e lembranças. Com isso o professor , além de estar
atento aos conteúdos trabalhados na educação infantil, deve também priorizar
e participar de atividades lúdicas reconhecendo a necessidade destes
momentos para o desenvolvimento infantil.
A criança é um ser social e histórico que interfere no seu meio e por ele
também é marcada, sendo sua família o ponto referencial máximo, apesar das
múltiplas interações sociais que estabelece nas outras instituições. São através
destas interações e do meio que as circundam, que compreenderam o mundo
em que vivem, nas brincadeiras revelam seus esforços para entender o mundo
adulto, por isso que reproduzem condições de vida de seu contexto, não é que
a criança copie a realidade que esta a sua volta, na verdade ela brinca dessa
forma para compreende-la e porque ela é significativa. Com seu jeito próprio de
pensar o mundo, a educação infantil tem como desafio compreendê-lo e
conhecê-lo, para melhor acessorar o desenvolvimento, propiciando situações
35
de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que
possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação,
respeito e confiança, além de propiciar conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural.
36
CAPÍTULO IV
A Importância do Brinquedo
Os brinquedos são objetos que subsidiam atividades infantis, algumas
vezes as crianças podem utilizá-los como bem entende ou como sua
criatividade desejar, em outros momentos ela pode ser orientada para eu se
desenvolva algumas competências. Muitos destes materiais facilitam a
construção do conhecimento, no entanto, para atender adequadamente as
necessidades de cada idade é necessário seleciona-los para se conseguir
resultados mais satisfatórios.
Em relação ao brinquedo existem relatos de teóricos que confirmam sua
funcionalidade, entre eles esta Vygotsky que afirma que o conhecimento se dá
através de zonas de desenvolvimento, para ele o brinquedo cria uma zona de
desenvolvimento proximal, ou seja, facilita a aquisição do conhecimento pela
criança. Piaget, autor dos jogos simbólicos, defende a idéia de que as crianças
utilizam os brinquedos para representar e relembrar fatos em sua vida, pois é
através dele que as crianças começam a aprender, conhecer e compreender o
mundo , portanto as atividades lúdicas são obrigatórias para o desenvolvimento
intelectual infantil e por isso é indispensável à prática educativa.
4.1- A Origem do Brinquedo
O brinquedo é mais do que apenas um objeto para acriança se distrair e
se divertir, com ele conhecemos o mundo ao nosso redor, estimulando a
imaginação e a criatividade. É um objeto carregado de significado para a
criança, que acompanha a humanidade desde as civilizações mais antigas. A
registros de que os primeiros brinquedos datam de 6500 anos atrás ,no Japão,
alguns museus têm exemplares de brinquedos encontrados em escavações
nas diversas partes do mundo.
37
As bonecas e as bolas estão presente no cenário infantil desde épocas
bastante remotas. Na idade média, surgiram os famosos soldadinhos de
chumbo, como forma de simular situações de batalha, sendo no início
acessíveis apenas a famílias nobres, mais tarde se popularizou. Os materiais
utilizados para confecção dos brinquedos eram bem diferentes dos de hoje em
dia, antigamente as bolas eram confeccionadas com fibras de bambu, ou couro
cheias de palha e crina, as bonecas eram de madeira ou barro cozido. As
crianças da Grécia e da Roma antiga utilizavam-as como fantoches amaradas
por barbante. No século XIX eram feitas de pano, as com rostinho de porcelana
eram reservadas a famílias ricas. Os piões eram feitos com argila e o cavalo de
pau nasceu do espírito de imitação das crianças, pois o cavalo era o principal
meio de locomoção da época. Apesar do passar dos tempos, podemos notar
que muitos destes brinquedos_ bolas,bonecas,piões,soldadinho,cavalo de
pau_ persistem e continuam sendo utilizados pelas crianças em suas
brincadeiras.
Na idade média a fabricação de brinquedos assumiu importância na vida
e comercio de algumas cidades e países. No século XV algumas fábricas ficam
famosas por seus brinquedos, em Augburg, na Alemanha e Nurenberg. Na
verdade as peças se constituíram em obras primas de artesanato,
confeccionavam: bonecas, miniaturas de instrumentos musicais e peças de
mobiliário.
Devemos lembrar que apesar do início da fabricação dos brinquedos,
eles não eram acessíveis a todas as famílias, devido a dificuldade financeira
para comprar brinquedos às suas crianças, algumas famílias confeccionavam
utilizando os materiais existentes, o cavalo de pau, o arco com metal, as bolas
de meias, as bonecas eram feitas a partir de restos de tecidos utilizados no
vestuário, a imaginação fazia surgir vários brinquedos que também permitiam o
pleno desenvolvimento infantil.
Atualmente a indústria de brinquedos existe no mundo todo e movimenta
valores econômicos muito elevados. A evolução tecnológica permitiu a criação
de um grande número de brinquedos que encantam as crianças, devido ao
38
surgimento do plástico as coisas mudaram e agora as crianças tem acesso ao
mais variados brinquedos, desde bonecos de todo o tamanho e feitio, peças
para montagem, jogos e inclusive vídeo games, tão conhecidos e apreciados.
Companheiro da criança, o brinquedo, estava , esta e estará sempre auxiliando
seu desenvolvimento, percebemos isso ao observa-las brincando,é quase
impossível não entrar no mundo fantástico e belo que a criança nos mostra.
4.2- O Brincar e a Cultura
A cultura da criança pode ser enxergada no ato de brincar, seja em seu
aspecto livre ou sob a forma de jogo com regras. No contato dos brinquedos
pelas crianças, há uma aprendizagem multidisciplinar das formas de ser e
pensar da sociedade. Ao utilizar carrinhos, bonecas, naves espaciais, etc,
estão aprendendo sobre determinadas formas de se relacionar das pessoas e
de conhecimentos já conquistados pela humanidade. Isto quer dizer que
quando as crianças estão brincando elas pensam sobre aquele objeto, tem
idéias sobre cada um deles e os associam a um contexto cultural específico.
Pensemos no objeto boneca, a criança brasileira terá um gesto maternal
próprio da sociedade na qual vive. Na África, as mulheres carregam seus filhos
no dorso,as crianças de lá , quando estão brincando de boneca, irão imitar o
modelo de comportamento de sua cultura e origem. Nesse processo a boneca
é um mediador da criança com o sistema cultural da sociedade a que pertence,
é também responsável pela criação de um espaço imaginário entre as crianças
e entre estas e os adultos com os quais convivem, no qual as trocas simbólicas
são efetuadas através da linguagem.
A brincadeira surge então como determinante conteúdo imaginário e
transforma a experiência num hábito. Na brincadeira a criança transita no
mundo imaginário que é regido por regras. A imposição de regras é uma
imposição que vem do funcionamento da cultura, ou seja, as regras do mundo
adulto. Se a criança vai brincar de escolinha ela esta restrita as regras que
conhece da sua escola, mesmo que seja ilusória. Ela realiza uma atividade
tipicamente infantil que envolve aprendizagem e promove o desenvolvimento. É
39
como se ela fosse puxada para adiante daquilo que é capaz de fazer como
criança.
Segundo Valsiner citado por Alves e Gnoato(2008,pg.2) “...o conceito de
cultura, refere-se à organização estrutural de normas sociais, rituais, regras de
conduta e sistema de significado compartilhados pelas pessoas que pertencem
a um certo grupo etnicamente homogêneo.”Quando brincam, as crianças estão
em contato com os signos produzidos pela cultura que pertencem. A
brincadeira de casinha, os brinquedos de guerra, os heróis da televisão ou a
sandaliazinha da dançarina de axé são elementos que encerram em si
significados e ideologias. Neste sentido é que ocorre a bidirecionalidade da
transmissão cultural, pois a atividade de brincar da criança é estruturada
conforme os sistemas de significados cultural do grupo a que ela pertence.
Mas, ao mesmo tempo, esta atividade é reorganizada no próprio ato de brincar
da criança, de acordo com o sentido particular por ela atribuído às suas ações,
em interação com seus pares ou com os membros mais competentes de sua
cultura. Nesse processo, tanto os significados coletivos quanto os sentidos
pessoais são remodelados e redefinidos continuamente.
O brinquedo é um objeto que traz em seu bojo uma historicidade própria.
Além de portar a historicidade da cultura de uma dada época. Kishimoto(2002),
nos relata um exemplo dessa diferença cultural, em relação a boneca e a
criança de uma dada época, em que o vínculo mulher e sociedade era mais
forte e valorizado que o da mulher e seus filhos, a boneca da Grécia Antiga
apresentava diferentes características simbólicas e imaginárias da boneca
contemporânea, e as crianças daquela época assimilavam a cultura e quando
brincavam vários significados constituíam sua subjetividade.
Quando observamos as brincadeiras infantis, podemos perceber sua
expressão e sentimento vinculados ao brinquedo que dispõe, a criança
expressa imagens culturais integrada num contexto social, no meio mais
natural da auto expressão infantil: o brincar. No brinquedo a criança se
relaciona com o significado das coisas e não com os próprios objetos, ela pode
pegar um toquinho de madeira e fingir ser um carrinho, dessa forma a criança
40
esta se relacionando com o significado do carro e não com o objeto, isto
promove para a criança um deslocamento do mundo perceptual imediato e faz
com que se relacione com o mundo dos significados que ajuda a entrar neste
trânsito do mundo simbólico, das representações, da língua, das relações entre
pensamento e linguagem. O brinquedo é um bom exemplo de como atividades
realizadas do lado de fora, que constituem aprendizagem promovem um
desenvolvimento num caminho tipicamente humano definido por um percurso
que esta atrelado a cultura. É também no contato com as outras crianças que
encontrará pontos de vistas diferentes do seu, proporcionando-lhes
experiências, podendo repensar sua versão pessoal sobre os significados.
4.3 – A Aprendizagem, os Jogos e os Brinquedos
Ao analisar o brinquedo, Vygotsky(1998) dedica-se especialmente ao
jogo dos papéis ou à brincadeira de faz-de-conta. O brinquedo funciona para a
criança como uma pré-condição na execução da brincadeira de 1 a 2 anos,
este objeto é um atrativo para sua exploração. Após esta fase, aos 3 anos, as
crianças já aprenderam a falar e já são capazes de representar simbolicamente
e de envolverem-se numa situação imaginária. A criança reproduz ações e tem
o brinquedo como suporte, essas imitações promovem uma identificação com a
vida dos adultos, assim como reflexões de sua própria vida.
Desse modo , a criança aprende a atuar na esfera cognitiva que
depende de motivações internas. Na fase da educação infantil, ocorre uma
diferenciação entre os campos do significado e da visão. O pensamento, que
antes era regido pelos objetos do exterior, passa a ser regido pelas idéias. A
criança poderá utilizar materiais para representar uma realidade ausente, como
por exemplo: um palito de picolé pode se transformar em um termômetro, uma
boneca como filha no jogo da casinha. E assim discorre Kishimoto
“...linguagem e jogo simbólico são expressões de um sistema mediado, no qual
eventos internos, imagens ou palavras, servem para orientar e dirigir o
comportamento...”( Kishimoto,2002,pg.64).
41
Essas ações realizadas pelas crianças desenvolvem seu pensamento,
mesmo com uma relativa distância entre o comportamento da vida real e o
comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o
estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de
desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e
processos em desenvolvimento.
Para melhorar o processo de ensino, a ação pedagógica deve partir da
construção que o aluno faz do seu ambiente, o professor deve partir de
situações do cotidiano, esta teoria está presente na prática da pedagogia
crítico-humanista, iniciada por Paulo Freire nos anos 60, que consiste em partir
do saber que possui, o professor irá trabalhar com cada fenômeno
confrontando-o com alguma teoria científica para que os alunos desenvolvam
seu pensamento e lancem suas hipóteses. Pois para que o conhecimento seja
aprendido ele precisa ser construído pela criança, na diversidade de situações.
Para Vygotsky (1998), a aprendizagem é vivida como um processo cotidiano,
onde a médio e curto prazo a criança constrói seu pensamento através das
trocas estabelecidas com o outro. As atividades vivenciadas, realizadas através
de jogos, possibilitam exercitar e harmonizar a utilização do pensamento. Todo
saber que se funda na atenção e na memória, ou seja, na aquisição e
conservação deve ser transformado em saber operatório( presente na fase pré-
escolar).
A maneira como a criança encara o jogo é a medida de seu valor. Vários
jogos despertam interesse e envolvem progressos expressivos no desempenho
dos participantes. Em seu sentido mais amplo o jogo é considerado o mais
eficiente estimulador das inteligências, pois, através dele, a criança realiza tudo
quanto deseja, e por outro lado levam acordos mútuos entre jogadores, numa
1interpretação contratual da moralidade humana. Com os jogos, a criança
antecipa o seu desenvolvimento e expande a imaginação, adquire motivação,
habilidade e atitudes necessárias à sua participação social, podem conduzir
para uma oportunidade de reflexão sobre a forma de como as emoções
relacionam-se com os atos da criança, despertando um desejo de mudança
nos mesmos. É através da descoberta das emoções que a criança descobrirá a
42
própria individualidade. As teorias são elaboradas por pesquisadores que
definem e delimitam aspectos que procura conhecer, por isso a educação esta
sempre recorrendo as teorias ,em fim , elas sistematizam conhecimentos sobre
a criança e auxiliam o professor a trabalhar e atingir seus objetivos com os
alunos.
4.4- A Relação da Criança com o brinquedo
Todo homem passa a se comunicar pela linguagem e também consegue
ter um pensamento abstrato e simbólico por causa da linguagem que adquiriu.
O pensamento não é expresso por palavras, mas é por meio delas que passa a
existir. O primeiro uso da linguagem, segundo Vygotsky, é a linguagem para se
socializar. Pensamos com o suporte das palavras, a fala egocêntrica, existe
como uma fala interior, são passos de raciocínio, ela existe como suporte para
um problema. Na mesma fase da fala, estão também os brinquedos, que
ajudam a criança a crescer de modo saudável, seja no aspecto físico, ou no
social, intelectual e emocional. Eles enriquecem a brincadeira, proporcionando
desafios e motivação, estimulam a oralidade, aumentam o vocabulário das
mesmas e é no entusiasmo da brincadeira que a linguagem verbal se torna
mais fluente.
No primeiro ano os brinquedos preferidos são os que se juntam e se
separam, desaparecem e aparecem, entram e saem, isso porque, nessa fase,
a criança esta elaborando os momentos de afastamento da mãe, e para
substituir a ausência da mãe ela (a criança) escolhe um objeto (brinquedo)
transicional.
A partir dos 2 anos aos 3 anos, os melhores brinquedos podem ser as caixas
de diversos tamanhos, brinquedos flutuantes para fazer companhia na hora do
banho, blocos de madeira, forminhas, baldes, terra e água. Na idade pré-
escolar de 4 a 6 anos muitos brinquedos proporcionam situações problemas
contidos na sua manipulação, posso destacar: os jogos de seqüência lógica,
quebra-cabeça, tangram, dominó, trilha, entre outros, que estão adequados às
43
necessidades do desenvolvimento da criança, fazem-se crescer através da
procura de soluções e alternativas.
Para que um brinquedo seja ideal para uma criança é necessário que ele
apresente requisitos como: liberar a emoção infantil, estimular a imaginação,
facilite a aquisição da autonomia, facilite o processo de construção de
conhecimento, aumente sua auto-estima e também tenha o objetivo de explorar
o lúdico, de ajudar no desenvolvimento da linguagem, auxilie na aquisição da
conduta afetiva e respeito a faixa etária da criança.
A forma de introduzir o brinquedo a criança é importante em certas
situações, ele pode apenas ser colocado no ambiente que a criança vai
explorar, outras vezes, precisa ser apresentado a ela e mostrar as
possibilidades de exploração que este brinquedo oferece. O educador na
creche deve brincar junto com a criança, principalmente as menores, para
assim reforçar os laços afetivos.
A criança sente-se prestigiada e desafiada quando o parceiro da
brincadeira propõe uma competição. Muitas vezes lidar com perdas é difícil
para a criança, mas elas existem e não deixa de ser uma forma de preparar
para a vida.
Os bichinhos de pelúcia, são considerados brinquedos de afeto,
provocam o aconchego e oferecem consolo à criança. Os brinquedos de faz-
de-conta, funcionam como elemento introdutório e de apoio à fantasia, facilita o
processo de simbolização, além de proporcionar experiências que, além de
aumentar o repertório de conhecimento da criança, favorece a compreensão de
atribuições de papéis.
Em relação as bonecas, a criança dá vida e lhes atribuí sentimentos
projetando nelas suas próprias emoções. As bonecas são brinquedos
essenciais para as crianças pequenas porque dão a elas a oportunidade de
exercer o poder sobre elas, de sentir-se forte e grande como o adulto, de
repreender, de superproteger, de castigar, de cuidar, de amar ou rejeitar. É
44
realmente incrível o que descrevo acima, pois a criança, quando esta brincando
com as bonecas , fazem o papel de mãe e agem com elas de forma igual suas
mães fazem com elas.
Em se tratando de estimuladores da imaginação e da linguagem, os
fantoches são sempre uma boa opção. As fantasias são grandes estimuladores
dos jogos simbólicos, pois enriquecem o faz-de-conta e facilitam a
representação de papéis.
Outro brinquedo muito comum nas salas de educação infantil são os
encaixes, é um brinquedo selecionado para aguçar a criatividade da criança,
muitos meninos montam armas e brincam de matar, neste momento é preciso
intervir para que a brincadeira não fique muito violenta. No entanto, essas
brincadeiras existem porque de alguma forma pertencem ao nosso contexto, a
violência pode estar dentro de casa, na TV, nos filmes, cinemas, nas ruas, e
enquanto ela existir as crianças vão brincar de guerra.
Os brinquedos pedagógicos, são sempre indicados, foram fabricados
com o objetivo de proporcionar determinada aprendizagem, tais como: fixar
cores, formas geométricas, números, letras, palavras, etc. Mas sabemos que a
aprendizagem na educação infantil não se restringe apenas a ensinar esses
aspectos mencionados acima, mas muito além disso, ele é um processo global
e continuo.
Os blocos de construção são os mais antigos e os mais utilizados jogos
nas pré-escolas. Foi Froebel (o defensor da liberdade na educação e criou o
jardim de infância, instituição adotada em todo o mundo, desenvolveu teorias
que tinham como fundamentais os jogos e as atividades livres), o criador dos
jogos de construção.As variedades do tamanho, formas e cores que eles
possuem possibilitam diferentes formas de utilidade e de manifestações da
criatividade. Eles não são uns jogos, mas são excelentes matérias primas para
ajudar na concretização de idéias. Estes jogos podem ser de plástico ou de
madeira. É prazeroso observar a criatividade que as crianças tem, ao
45
manipular estes blocos. Elas conseguem construir casas, bairros, móveis, e
cenários para brincadeiras simbólicas.
Com os materiais de sucata que possuem formas geométricas podemos
construir maquetes para que os alunos entendam a formação das casas que
juntas formam uma rua, das ruas que juntas formam o bairro, a formação dos
bairros que juntos formam uma cidades e assim por diante.
Em fim , a manipulação e construção destas atividades constituem uma
ferramenta que permite a criança exploração, expressão e elaboração das mais
variadas situações pessoais e sociais.
Os brinquedos são objetos queridos pelas crianças, atualmente estão
inseridos no contexto escolar numa proposta educativa que se baseia na
atividade e na interação. Independente de ser brinquedo ou não, o objeto só
terá valor para a criança se ela se sentir convidada a brincar, se tiver um
significado para ela e se estabelecer relações afetivas/ sociais/imaginárias que
lhe são particulares. O processo de brincar tem implicações educativas
importantes na educação infantil, sendo necessário a criação de espaços e
tempos para a atividade lúdica, organizadas pelo professor a fim de permitir
diferentes formas de jogo ou brincadeiras.
46
Conclusão
Nessa perspectiva, em que vários estudiosos desvelam essa
positividade do brincar, defendendo que a criança aprende brincando, podemos
olhar as atividades lúdicas como grande aliada para trazer contribuições no
processo de aprendizagem e do desenvolvimento humano. O professor pode
explorar uma situação lúdica para impulsionar a curiosidade, buscar soluções
para um problema diário, conhecer o pensamento infantil, suas hipóteses ou
incentivar sua criatividade. Segundo o Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil, “o brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia” ( RCNEI, 1998, pg. 22).
As atividades lúdicas precisam ser vistas como parte do cotidiano
infantil, em que as crianças tem como possibilidade expressar, conhecer,
distrair-se e satisfazer-se, dando sentido ao seu existir. O objetivo do jogo é o
próprio processo de brincar. No jogo, há desafio, descoberta dos outros, das
coisas do mundo e de si mesmo.
Este trabalho não enfatizou os jogos de competição, onde o importante é
vencer o outro e não compartilhar sentimentos e emoções que surgem ou
emergem da atividade lúdica. Vivemos num contexto, em que a cultura
dominante dita que competir é mais importante do que o próprio existir, no
sentido de relaxar, distrair, divertir e satisfazer a si mesmo. No entanto, essas
preocupações do mundo adulto devem pertencer a eles próprios, para a
criança brincar de forma livre é uma atividade fundamental para o seu ser.
Existem jogos que são realizados na sala de aula da educação infantil, que
precisam ser direcionados, o professor sempre tem em mente objetivos a
serem atingidos, o bom uso de jogos também requer que tenhamos uma noção
clara do que queremos explorar ali e de como fazê-lo. O papel do professor é
essencialmente importante, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza
47
materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do
conhecimento.
Kishimoto(1999) enfatiza a formação lúdica ao educador para se
conhecer e desbloquear resistências, obtendo assim um conhecimento
importante sobre o jogo e o brinquedo percebendo sua contribuição para a vida
das de crianças e dos de adultos.
É nesse sentido que devemos observar com mais atenção o que
pretendemos ensinar aos alunos, que tipo de cidadão pretendemos formar,
porque é através desses momentos que cada um vai se desenvolver, formar a
sua identidade , socializar-se e descobrir o mundo. Portanto, todos os
profissionais da área devem estar abertos à absorção do lúdico e reconhecer
sua importância enquanto fator positivo no desenvolvimento, sendo
aconselhável que todas as salas de aula tenham um cantinho com brinquedos
e materiais para brincadeiras.
Reconhece-se que a criança necessita brincar para ser ele mesma, para
desenvolver-se, para construir conhecimentos, expressar suas emoções,
entender o mundo que chega até ela, pode-se dizer que a criança tem o direito
de brincar e que os adultos( principalmente os educadores) tem o compromisso
de possibilitar o exercício desse direito, assegurando a sobrevivência dos
sonhos e promovendo uma construção de conhecimentos vinculadas ao prazer
de viver. Dessa forma, entendo que, se quero conhecer cada criança, tenho de
começar por percebê-la a partir do ponto de vista dela própria, reconhecendo a
necessidade de um momento para atividades lúdicas na escola, onde
acontecem diferentes formas de comunicação, uma vez que é através das
brincadeiras que a criança se conhece, relacionando-se com os outros,
explorando objetos e experimentando situações de vida.
“o lúdico é eminentemente educativo no
sentido em que constitui a força impulsora
de nossa curiosidade a respeito do mundo e
da vida, o princípio de toda descoberta e
toda criação”. Santo Agostinho
48
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
CONTEÚDO HISTÓRICO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS 10
CAPÍTULO II 15
REFLEXÕES Á CERCA DO BRINCAR 15 2.1 - Jean Piaget 15 2.2 - Lee Semenovich Vygotsky 20 2.3 - Henri Wallon 23
CAPÍTULO III 29
AS MODALIDADES BÁSICAS DE EXPERIÊNCIAS LÚDICAS 29 3.1 - Jogos de Imitação 29 3.2 - Outras Modalidades 32
CAPÍTULO IV 36
A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO 36
4.1 - A Origem do Brinquedo 36 4.2 - O Brincar e a Cultura 38 4.3 - A Aprendizagem, os Jogos e os Brinquedos 40 4.4 - A Relação da Criança com o Brinquedo 42
CONCLUSÃO 46
ÍNDICE 51