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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ANÁLISE DOS EFEITOS CAUSADOS POR EVENTOS
EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO - ÊNFASE NO PERÍODO DE 2010 A 2013.
Por: Cíntia Magda Pessin dos Reis
Orientador
Prof. Jander Leal
Niterói
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ANÁLISE DOS EFEITOS CAUSADOS POR EVENTOS
EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO - ÊNFASE NO PERÍODO DE 2010 A 2013.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Ambiental.
Por: Cíntia Magda Pessin dos Reis.
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por Seu amor incondicional, à
Nossa Senhora da Luz por sempre me
iluminar, aos meus pais por tanto amor,
carinho e dedicação, à minha
madrinha, avó e afilhado por me
acolherem, ao meu querido namorado
pelos anos de companheirismo e aos
meus amigos, presentes em todos os
momentos a minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, madrinha, avó,
afilhado, namorado e aos meus queridos
amigos.
5
RESUMO
Alagamentos, enchentes e deslizamentos de terras vêm se tornando
eventos constantes nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas duas
estações mais chuvosas do ano, primavera e verão. Essa constância se deve à
ocupação desordenada dos centros urbanos, que ocorre devido à ausência de
políticas públicas eficazes de planejamento territorial, associada aos eventos
hidrometeorológicos extremos. A cidade do Rio de Janeiro, importante
metrópole nacional, já sofreu com os inúmeros transtornos causados por
chuvas intensas e/ou duradouras. São perdas humanas e materiais que afetam
a população durante os meses em que as concentrações pluviométricas são
maiores. Neste contexto, o presente trabalho visa avaliar de que forma os
episódios extremos de precipitação interferiram na cidade do Rio de Janeiro,
além de apontar medidas preventivas e mitigadoras para amenizar os
transtornos causados pelas chuvas.
6
METODOLOGIA
Para a elaboração do presente trabalho, foram utilizados dados
disponíveis no site do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET
(www.inmet.gov.br) compreendidos no período entre os anos de 2010 até
2013. Esses dados foram trabalhados através do programa Excel, utilizando
planilhas e gráficos para uma melhor visualização dos resultados.
A partir da análise dos dados diários de precipitação dos anos
selecionados, foi possível calcular a precipitação mensal e anual deste período.
Foi realizado também o cálculo estatístico da frequência de classes de chuvas,
classe essa que é adotada pelo próprio INMET: 0,01 – 2,5mm; 2,5 – 5mm; 5 –
10mm; 10 – 15mm; 25 – 50mm; 50 – 100mm; > 100mm. Essa segregação
permitiu diagnosticar a intensidade das chuvas nestes anos, bem como
selecionar os eventos extremos de precipitação que causaram transtornos na
cidade do Rio de Janeiro.
Posteriormente, através de pesquisas realizadas nos meios de
comunicação, foi demonstrado como as chuvas intensas prejudicaram a vida
dos cariocas. Em meio aos prejuízos gerados, o presente trabalho também
apontou quais as medidas mitigadoras que são necessárias serem colocadas
em prática como forma de minimizar e erradicar o problema.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Histórico do processo de urbanização da cidade do Rio
de Janeiro 10
1.1 – Reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro 10
1.2 – Cenário atual da urbanização 12
CAPÍTULO II - Dinâmica das Chuvas na Cidade do Rio de Janeiro 15
2.1 – Fatores definidores do clima 16
2.2 – Dinâmica pluviométrica entre os anos de 2010 e 2013 20
CAPÍTULO III - Transtornos Causados Pelas Chuvas Intensas 25
3.1 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2010 27
3.2 – Evento intenso de precipitação no ano de 2011 30
3.3 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2012 31
3.4 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2013 32
CAPÍTULO IV – Gerenciamento de Áreas Vulneráveis a Desastres 34
4.1 – Defesa Civil 36
4.2 – Gerenciamento de riscos 37
4.3 – Fundação Geo-Rio e o sistema Alerta Rio 39
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
SITES CONSULTADOS 47
BIBLIOGRAFIA CITADA 49
ÍNDICE 50
8
INTRODUÇÃO
Os fenômenos naturais sempre tiveram o poder de interferir
diretamente na vida dos seres vivos e, em especial, do homem. Nesse
contexto, os desastres naturais ocasionados por eventos climáticos, como as
chuvas intensas e duradouras, vêem sendo cada vez mais estudados devido à
sua capacidade de afetar negativamente no cotidiano, principalmente dos
moradores das grandes cidades.
Episódios climáticos intensos e prolongados de chuvas são eventos
naturais no período do ano em que os índices pluviométricos são maiores.
Apesar disso, é notório que as ações antrópicas de interferência no meio
ambiente têm o poder de agravar e intensificar essas ocorrências. Nesse
contexto, a urbanização desenfreada dos grandes centros urbanos, bem como
as construções próximas a corpos hídricos ou em relevos acidentados, são
responsáveis por afetar diretamente a cobertura do solo, além de alterar o
balanço hídrico desses locais. Diante das transformações que vinham sendo
observada nas grandes cidades, Monteiro (2011) elaborou a teoria do clima
urbano, onde apontava que a urbanização tem o poder de alterar as
características climáticas dos centros urbanos.
As chuvas intensas são caracterizadas pelo índice elevado de
precipitação em um curto período de tempo (algumas horas ou até mesmo
alguns minutos). Essa alta concentração de chuva ocasiona um acúmulo de
água que, em conjunto com a impermeabilização dos solos urbanos e com a
obstrução dos canais que deveriam permitir a infiltração das águas, gera as
enchentes. Em contrapartida, as chuvas prolongadas que persistem durante
alguns dias, também são responsáveis por graves danos ambientais. Essas
chuvas duradouras ocasionam o encharcamento do solo, devido à infiltração da
água no subsolo, aumentando assim o escoamento superficial. Isso aumenta a
fragilidade do terreno e o torna suscetível a escorregamentos, principalmente
9
em encostas com declividades acentuadas. (SILVA et al., 2011; HERRMANN
et al., 2004).
Inúmeras pessoas são afetadas por esses eventos climáticos todos os
anos. São perdas humanas e materiais que afetam os habitantes das grandes
cidades. Além dos prejuízos causados à população, o poder público também
sente os efeitos dessas tragédias naturais. São altas verbas que precisam ser
investidas na cidade para recuperar as áreas afetadas pelas chuvas.
Dentro deste contexto, o presente trabalho visa analisar o regime de
precipitação da cidade do Rio de Janeiro no período compreendido entre os
anos de 2010 até 2013. No primeiro capítulo é abordado o histórico da
urbanização da cidade estudada. No segundo capítulo será apresentada a
dinâmica pluviométrica durante os anos selecionados. O terceiro capítulo vai
apontar os eventos intensos de precipitação que interferiram negativamente e
causaram transtornos à capital carioca. Por fim, o quarto capítulo apontará
medidas mitigadoras para esses transtornos que deveriam ser utilizadas de
forma mais eficaz pelos governantes como forma de gerir esses impactos na
tentativa de minimizar os problemas por eles gerados.
10
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DA
CIDADE DO RIO DE JANEIRO
A cidade do Rio de Janeiro passou por diversas transformações ao
longo dos séculos. Todas elas trouxeram melhorias mas também problemas
que hoje em dia são sentidos pela população. Uma das mudanças mais
significativas foi a reforma urbanística do início do século XX, na gestão do
prefeito Pereira Passos. Posteriormente, a cidade continuou a crescer
recebendo novos moradores, imigrantes que vinham em busca de novas
oportunidades na metrópole carioca.
Esse crescimento demográfico tem gerado ao longo dos anos a
alteração no uso e cobertura do solo através da impermeabilização do mesmo.
Neste âmbito, e de acordo com a teoria formulada por Monteiro (2011), a
urbanização tem a capacidade de alterar as características climáticas das
cidades, principalmente das mais urbanizadas. Sendo assim, com o passar dos
anos a cidade do Rio de Janeiro tem ganhado novos aspectos climáticos
devido à alteração e ampliação do seu espaço urbano.
Para uma melhor compreensão da atual conjuntura climática da cidade,
é cabível um breve histórico explicitando como ocorreram as transformações
desta ao longo dos tempos.
1.1 – Reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro
A primeira grande transformação urbanística pelo qual a cidade do Rio
de Janeiro passou foi a reforma urbana planejada durante o governo do
Presidente Rodrigues Alves (1902 – 1906) e contou com a colaboração do
11
prefeito em exercício Pereira Passos e do médico sanitarista Oswaldo Cruz. O
projeto visava remodelar a cidade de acordo com a reforma urbana ocorrida no
século XIX na capital francesa, Paris.
Nesta época, a cidade do Rio de Janeiro apresentava ruas estreitas
(característica da época colonial), cortiços habitados pela população mais
carente da sociedade, bem como algumas favelas. Por não possuírem a
infraestrutura adequada, algumas doenças como varíola, febre amarela e febre
tifóide começaram a atingir a população, principalmente nas áreas mais
pobres. O projeto visava erradicar essas doenças e transformar a cidade,
dando a ela as mesmas características das metrópoles européias, tudo para
agradar a elite carioca.
Para a realização das mudanças propostas, a Prefeitura em parceria
com o Governo deu início as obras. A medida que ficou conhecida como “bota
baixo” fez com que os cortiços do centro da cidade fossem derrubados para o
alargamento e a construção de ruas, avenidas, praças, jardins e palacetes
(figura 1). Com isso, a população mais pobre foi “expulsa” do centro e obrigada
a residir em locais mais afastados. Os preços dos alugueis subiram e o
contingente populacional das favelas cresceu demasiadamente.
Figura 1: Desmonte de cortiços no centro da cidade do Rio de Janeiro. Fonte:
www.portalarquitetônico.com.br
12
A indignação da população com as medidas tomadas pelo governo foi
grande. Neste período, diversas revoltas ocorreram, sendo a principal delas no
ano de 1904, que ficou conhecida com “Revolta da Vacina”. Devido às
inúmeras doenças que se disseminaram nesta época e visando uma solução
ágil e eficaz para o problema, Rodrigues Alves sanciona uma lei obrigando a
vacinação da população, como forma de exterminar o surto da varíola, uma das
doenças que afetavam a sociedade. Os agentes de saúde tiveram a liberdade
de invadir casas e, caso fosse oportuno, até mesmo interditar e expulsar os
moradores do local, se este fosse tido como insalubre, o que gerou uma revolta
popular que obrigou o governo a pedir auxílio aos tropas militares, inclusive de
outros estados.
Mesmo com toda a oposição da população mais carente, a reforma tem
prosseguimento e o bairro central da cidade vai ganhando novas formas e
construções. Dentre as principais edificações destacam-se o Museu Nacional
de Belas Artes, a Biblioteca Nacional e o Theatro Municipal. Já o alargamento
das ruas deu origem a Avenida Central (atual Rio Branco), Avenida Maracanã e
a Avenida Beira-Mar.
1.2 – Cenário atual da urbanização
Com o passar do tempo a área urbana do município do Rio de Janeiro
foi sendo ampliada, dominando os espaços naturais remanescentes. A
expansão do sistema de transportes e da infraestrutura (mesmo ainda sendo
precário em grande parte da cidade), impulsionou a habitação de áreas mais
distantes, antes rejeitadas pela grande parte da população carioca. A
ampliação da zona urbana se estendeu ao ponto da cidade não apresentar
mais zona rural.
O gráfico abaixo (figura 2) aponta, de acordo com as informações
obtidas pelos censos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística
três décadas.
Figura 2: Evolução da po
Com o passar d
bairros da Zona Norte,
das últimas décadas,
para a Zona Oeste, prin
dos Bandeirantes, Cam
pouco valorizados por
receber empreendimen
comercial. Além dos m
principalmente no bairr
destaque por suas atra
Olimpíadas de 2016.
Porém, não for
tiveram um desenvolv
favelas já existentes co
19
POPULAÇÃO 5.48
4.800.000
5.000.000
5.200.000
5.400.000
5.600.000
5.800.000
6.000.000
6.200.000
6.400.000
6.600.000
POPULAÇÃ
* População estimada p
tística (IBGE), a evolução da população cario
da população da cidade do Rio de Janeiro a partir da d
Fonte dos dados: IBGE.
ssar do tempo, as áreas mais periféricas da c
orte, foram crescendo e ganhando novos mor
, o mercado imobiliário começou a se ex
te, principalmente para os bairros da Barra da
Camorim e Vargem Pequena. Locais que
por serem distantes do centro da cidade
dimentos imobiliários tanto de caráter re
dos moradores, inúmeras empresas passar
bairro da Barra da Tijuca. A região também
s atrações de entretenimento e por ser o pa
ão foram apenas os bairros das Zonas Nor
nvolvimento acelerado e extenso nos últim
continuaram a crescer, ampliando o núme
1990 2000 2010
5.480.768 5.857.904 6.323.037
AÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JAN
da para o ano de 2014.
13
o carioca nas últimas
tir da década de 1990.
s da cidade, como os
s moradores. A partir
se expandir também
rra da Tijuca, Recreio
que até então eram
idade, começaram a
er residencial como
assaram a se fixar,
mbém ganhou muito
o palco das futuras
s Norte e Oeste que
últimos tempos. As
número de moradias
2014*
6.453.682
JANEIRO
14
em áreas de risco e novas comunidades surgiram em encostas sem nenhum
tipo de planejamento urbano.
Todas essas transformações ocorridas nas áreas naturais da cidade
pelas ações antrópicas, em sua maioria, executadas de forma desordenada e
sem qualquer tipo de planejamento urbano, alteram a cobertura do solo e
modificam o escoamento natural desses espaços. Como consequência, a taxa
de infiltração pluviométrica é afetada, adulterando o balanço hídrico da cidade
do Rio de Janeiro. Dentre as maiores conseqüências que afetam a vida da
população carioca, podem ser destacadas os alagamento e as enchentes e, de
forma mais agressiva, os deslizamentos de terra nas áreas de encostas, que
fazem diversas vítimas fatais todos os anos.
15
CAPÍTULO II
DINÂMICA DAS CHUVAS NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO
Cada local do planeta possui características próprias que são
estabelecidas por diversos fatores, tanto de ordem natural como social e
econômica, típico de cada região. Com a cidade selecionada para este estudo
não é diferente. Para que se compreenda a dinâmica das chuvas na cidade do
Rio de Janeiro (figura 3) é fundamental a exposição de alguns fatores naturais
e até mesmo antrópicos que são responsáveis por determinar tais
características climáticas, bem como as alterações ocorridas no clima local ao
longo dos tempos.
Figura 3: Mapa com a localização da cidade do Rio de Janeiro. Mapa da autora.
16
2.1 – Fatores definidores do clima
Para iniciar a compreensão sobre o clima da cidade do Rio de Janeiro,
é preciso destacar alguns fatores naturais (que podem ser estáticos ou
dinâmicos) e que determinam a climatologia deste local. Em seu trabalho,
Sant’Ana Neto (2005) estuda o clima da região Sudeste e utiliza a classificação
climática do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE que
determina os subtipos de clima de cada estado segundo o volume
pluviométrico anual, além das temperaturas médias. Segundo essa
classificação, a cidade do Rio de Janeiro possui um clima úmido e apresenta
de 1 a 3 meses secos (figura 4).
Figura 4: Mapa climático do estado do Rio de Janeiro segundo o IBGE. Adaptado pela autora.
Com essa definição do IBGE, o autor aponta dez fatores que são
responsáveis por definir o clima de uma região. Para a cidade deste estudo,
serão destacados cinco destes fatores: latitude, topografia, massas de ar,
ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) e o fator antrópico.
17
Dentre os fatores que caracterizam o clima de um local, o fator
primordial é a latitude, ou seja, sua posição geográfica. A cidade do Rio de
Janeiro localiza-se ao Norte do trópico de Capricórnio e, segundo Dereczynski
et al. (2009), está posicionada entre os paralelos 22º 45’ 05’’ S e 23º 04’ 10’’ S
os meridianos 43º 06’ 30’’W e 43º 47’ 40’’W. Nesta posição, a incidência de sol
é praticamente perpendicular, o que faz a região ter um elevado índice de
insolação durante todo o ano. Devido à este fator, o clima da cidade é
qualificado como clima tropical, cujas principais características são as chuvas
concentradas nos meses de primavera e verão, ou seja, de setembro à março.
A temperatura também é mais elevada nestes meses. Já nos meses de
outono/inverno os índices pluviométricos são menores, assim como a
temperatura.
O segundo fator que colabora para determinar o clima da cidade é a
topografia. A capital do estado do Rio de Janeiro, cidade que leva o mesmo
nome do estado, pertence ao Domínio Morfoclimático dos Mares de Morros, de
acordo com a classificação do geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber (2003). Este
domínio é caracterizado por apresentar relevo cujo formato se assemelha a
“meia laranja”, ou seja, mamelonizado. Apesar de apresentar esta
característica marcante, a cidade também possui uma extensa área de planície
(a baixada) assim como relevos que contém topografia acidentada como os
maciços de Gericinó – Mendanha, maciço da Pedra Branca e o maciço da
Tijuca que acabam servindo de barreiras orográficas que influenciam na
precipitação destas áreas.
De acordo com a caracterização exposta por Dereczynski et al. (2009)
em seu trabalho:
“A cidade desenvolve-se ao redor do Maciço da Tijuca,
que a divide em “Zona Norte” e “Zona Sul”. O relevo
acidentado e diversificado da cidade, com mais dois
maciços, Gericinó-Mendanha ao norte e da Pedra Branca
18
à oeste, contribui para a grande variabilidade espacial da
precipitação ” (DERECZYNSKI et al., 2009).
Uma característica marcante deste Domínio Morfoclimático é a
vegetação. Todo o estado do Rio de Janeiro possui vegetação de Mata
Atlântica que hoje encontra-se praticamente extinta devido a intervenção
antrópica através do desmatamento ao longo dos séculos. A retirada desta
vegetação nativa, bem como a impermeabilização do solo urbano, tem o poder
de interferir na dinâmica climática da cidade, alterando os índices
pluviométricos, além da umidade e da temperatura.
Os dois fatores seguintes são as massas de ar / frentes e as ZCAS. As
massas de ar e as frentes frias são responsáveis por trazerem chuvas da
região Sul para a cidade durante os meses de verão. No inverno essas frentes
diminuem as temperaturas na região. Já a ZCAS (Zona de Convergência do
Atlântico Sul) é um sistema que possui o sentido noroeste/sudeste que leva a
umidade da região Norte do país (Amazônia) para a região Sudeste. Esse
corredor de umidade é responsável por provocar chuvas intensas no verão.
Além desses fatores naturais apontados como definidores do clima
local, as alterações antrópicas de modificação no uso e na cobertura do solo
têm o poder de interferir diretamente na climatologia da cidade. Em seu estudo
Sant’Ana Neto (2005) também aponta as ações humanas de interferência no
meio ambiente como fator capaz de alterar o sistema climático de uma referida
região.
Como já foi apontado anteriormente, ao longo dos séculos a cidade do
Rio de Janeiro sofreu diversas alterações quanto a sua urbanização. A cidade
transformou-se em capital do estado, passou a receber grande número de
empresas e, com elas, novos moradores. Com a ausência de um planejamento
urbano eficaz por parte dos poderes públicos, a cidade cresceu de forma
desordenada, em áreas afastadas do centro e para as conhecidas “favelas
cariocas”. Em relação à localização de risco, Esteves (2011) explicita que a
19
distribuição espacial está centralizada nas áreas urbanas. Rosa Filho e Cortez
(2010) também mostram que a ocupação do solo demanda alguns cuidados
quando se elabora o planejamento para que sejam evitados desastres naturais.
O resultado de toda essa interferência é a alteração do clima urbano ao
longo dos anos. Essas mudanças podem ser sentidas tanto na temperatura,
que vem elevando a cada ano (principalmente na estação do verão), assim
como nos índices pluviométricos. Cada vez mais as chuvas intensas e/ou
duradouras atingem a cidade causando diversos transtornos para a população.
São enchentes e deslizamentos que afetam a vida dos moradores e causam
prejuízos de ordem econômica, devido aos investimentos financeiros que
precisam ser aplicados pelo governo para o conserto e a reconstrução de áreas
afetadas, além das perdas humanas, de inúmeras vítimas fatais atingidas pelas
chuvas.
Em seu trabalho, Castro (2011) expõe que a maioria das situações de
risco (enchentes e deslizamentos) são desenvolvidas pela própria sociedade.
Ele também aponta que as mudanças climáticas não deveriam ser vistas como
ameaças da natureza, porém criadas socialmente. Vicente (2005) aponta a
ideia de Park (1991, apud VICENTE, 2005), que alega que o crescimento da
vulnerabilidade humana aos desastres naturais do último século está
diretamente ligada ao crescimento populacional e ao desenvolvimento
econômico. O autor também afirma que o assentamento de famílias em zonas
de risco é tipicamente comum nos países subdesenvolvidos.
Diante dos inúmeros eventos climáticos extremos que constantemente
tem atingido a cidade, a Câmara Municipal decretou e Prefeito em exercício
Eduardo Paes assinou em 2011 a lei que institui a Política Municipal sobre
Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável. Como ressalta os artigos
14º e 15º da Lei:
“Art. 14. O Poder Público municipal adotará programa
permanente de defesa civil voltado à prevenção de danos,
20
à assistência aos necessitados e à reconstrução de áreas
atingidas por eventos extremos decorrentes das
mudanças climáticas.
Art. 15. O Programa de Defesa Civil do Município deverá
monitorar os fatores de risco à vida e à saúde decorrentes
da mudança do clima, bem como implementar as medidas
necessárias de prevenção e tratamento, de modo a evitar
ou minimizar os impactos sobre a saúde pública.” (RIO
DE JANEIRO, Lei nº 5.248, de 28 de janeiro de 2011,
2011).
Para que se compreenda melhor os eventos que atingiram a cidade do
Rio de Janeiro e causam transtornos à população, primeiramente é necessário
uma exposição da dinâmica das chuvas durante o período de tempo
selecionado para este trabalho. Tais resultados serão expostos no tópico a
seguir.
2.2 – Dinâmica pluviométrica entre os anos de 2010 e 2013
Através dos dados pluviométricos diários de uma estação
meteorológica disponíveis pelo site do INMET – Instituto Nacional de
Meteorologia (www.inmet.gov.br) foi possível quantificar a precipitação da
cidade do Rio de Janeiro nos anos de 2010 até 2013. Com base nesses dados
foram obtidos alguns resultados que caracterizam a precipitação da cidade
neste período.
Na figura 5 é possível verificar o primeiro resultado obtido, a
quantificação da precipitação anual dos anos selecionados para este trabalho.
O ano que apresentou o maior volume pluviométrico foi o ano de 2010 com
1.738,9 mm de precipitação, enquanto que o menor volume anual foi registrado
no ano seguinte, 2011 com apenas 888,5 mm. Em outras palavras, pode-se
afirmar que o volume to
que a precipitação apre
Figura 5: Gráfico com a pre
e 2013, d
O segundo re
precipitação mensal de
(2010 e 2011) o mês q
nos anos de 2012 e 2
meses que apresentara
único que apresentou re
menos chuvoso foi fev
2010, 2012 e 2013 qu
mm, 17,9 mm e 5,6 mm
0
500
1000
1500
2000
Precip
Precipit
me total de chuva no ano de 2010 foi 49% m
apresentou os menores volumes.
a precipitação anual da cidade do Rio de Janeiro entr
, de acordo com a estação pluviométrica analisada
do resultado obtido a partir da análise do
al de cada ano (figura 6). Nos dois primeiros a
mês que apresentou o maior índice pluviomét
2 e 2013 o mês mais chuvoso foi janeiro. E
entaram os menores volumes de chuvas, o an
ntou resultado distinto dos demais anos, pois n
oi fevereiro com apenas 8,5 mm. Ao contrár
13 que o mês com menor precipitação foi a
,6 mm, respectivamente.
2010 2011 2012 2013
2010 2011 2012 201
ecipitação Anual 1738,9 888,5 941,7 1341
cipitação Anual dos anos de 2010 à 2013 Rio de Janeiro
21
9% maior do ano em
o entre os anos de 2010
lisada.
se dos dados foi a
eiros anos analisados
iométrico foi abril. Já
eiro. Em relação aos
, o ano de 2012 foi o
pois neste ano o mês
ontrário dos anos de
foi agosto com 20,9
013
2013
341,2
013 -
Figura
Também foi real
dos dias secos nestes
que apresentou a maio
129 dias (35,3%) com
com 126 dias (34,5%
quantidade de dias chu
2012 com 112 dias (30,
A partir desses re
maiores índices pluviom
o ano de 2011 que obt
Esse resultado mostra
concentrado em meno
chuvas apresentassem
Tabela 1: Qua
ANO DIAS CHU2010 1182011 1292012 1122013 126
050
100150200250300350400
JAN FEV MA
mm
Figura 6: Precipitação mensal dos anos estudados.
i realizado um levantamento a respeito dos d
estes quatro anos, conforme é explicitado na
maior quantidade de dias chuvosos foi o an
com algum índice de precipitação, seguido d
34,5%). Em contrapartida os anos que tiv
s chuvosos foram os anos de 2010, com 118
(30,6%).
ses resultados, é possível notar que apesar d
luviométricos, o ano de 2010 teve menos dia
e obteve os menores índices de precipitação
ostra que o alto índice de chuvas do an
menos dias durante o ano, fazendo com q
ssem altos volumes de precipitação em 24 hor
: Quantificação de dias chuvosos e secos de 2010 até
CHUVOSOS DIAS SECOS % DOS DIAS CH118 247 32,3129 236 35,3112 254 30,6126 239 34,5
MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OU
Meses
Precipitação Mensal
2010 2011 2012
22
dos dias chuvosos e
o na tabela 1. O ano
i o ano de 2011 com
uido do ano de 2013
tiveram a menor
m 118 dias (32,3%) e
esar de apresentar os
os dias chuvosos que
itação durante o ano.
o ano de 2010 ficou
com que os dias de
24 horas.
0 até 2013.
CHUVOSOS 2,3 5,3 0,6 4,5
OUT NOV DEZ
2013
23
Por derradeiro, os últimos resultados obtidos dizem respeito à
frequência de classe de chuvas em relação à precipitação diária. Esse
parâmetro foi estabelecido pelo próprio INMET como forma de classificar as
chuvas diárias em fracas (precipitações com baixos volumes, que não tem o
poder de causar transtornos à população), intermediárias (chuvas com volumes
maiores que, se precipitado em poucos minutos ou horas são responsáveis por
alagamentos e enchentes) e fortes (chuvas severas que fatalmente irão causar
prejuízos). As classes foram separadas da seguinte forma:
� 0,01 mm - 2,5 mm e 2,5 mm - 5 mm: chuvas fracas;
� 5 mm - 10 mm, 10 mm - 15 mm e 15 mm - 25 mm: chuvas intermediárias;
� 25 mm - 50 mm, 50 mm - 100 mm e superior à 100 mm: chuvas fortes.
De acordo com essa classificação foi possível, através da elaboração
da tabela 2, comprovar que em todos os anos estudados a maior evidência de
chuvas foi de intensidade fraca, com valores que variara de 15,4% em 2010 até
20,3% em 2011. As chuvas de intensidade intermediária estão em segundo
lugar, porém com valores consideráveis (12,4% em 2010; 13,2% em 2011;
9,8% em 2012 e; 11,5% em 2013). Já as chuvas fortes são as menos
evidentes. Seus valores não passaram de 4,6% (em 2010).
Tabela 2: Quantificação de dias chuvosos e secos de 2010 até 2013.
CLASSES DE CHUVA E SUA FREQUÊNCIA
INTENSIDADE CLASSE (mm) 2010 2011 2012 2013
FRACA 0,01 - 2,5 10,7% 15,6% 11,5% 14,0%
2,5 - 5 4,7% 4,7% 6,8% 4,9% TOTAL (%) 15,4% 20,3% 18,3% 18,9%
INTERMEDIÁRIA 5 - 10 5,2% 6,6% 4,4% 4,9%
10 - 15 3,6% 4,1% 2,7% 3,3% 15 - 25 3,6% 2,5% 2,7% 3,3%
TOTAL (%) 12,4% 13,2% 9,8% 11,5%
FORTE 25 - 50 2,5% 1,6% 2,2% 2,7%
50 - 100 1,6% 0,3% 0,3% 1,1% >100 0,5% 0,0% 0,0% 0,3%
TOTAL (%) 4,6% 1,9% 2,5% 4,1%
24
É válido ressaltar que no ano de 2010 a freqüência das chuvas
intermediárias somadas às chuvas de intensidade forte foi de 17%. Em outras
palavras esse resultado quer apontar que as chuvas cuja intensidade tem o
poder de causas inundações, enchentes e deslizamentos foram superior aos
dias de chuva fraca, incapazes de causar danos à sociedade.
Os transtornos gerados pelas chuvas de intensidade intermediária e
forte serão apresentados no capítulo subsequente através de exemplificação
por meio de fatos verídicos de transtornos sofridos pela população carioca
durante esses anos.
25
CAPÍTULO III
TRANSTORNOS CAUSADOS PELAS CHUVAS
INTENSAS
Como já foi exposto nos capítulos anteriores, as chuvas intensas são
eventos naturais que ocorrem principalmente nos meses cujas temperaturas
são mais elevadas (meses de primavera e verão). Esses episódios de alta
magnitude têm o poder de interferir diretamente na vida dos seres humanos de
forma negativa. Em outras palavras, pode-se afirmar que o excesso de
precipitação gera o chamado risco ambiental, ou seja, a condição potencial a
eminência de um incidente. Em seu trabalho, Carvalho e Galvão (2006)
definem risco como a possibilidade de suceder processos, sem que haja tempo
e espaços definidos, de forma inconstante e que tem o poder de afetar direta
ou indiretamente o cotidiano humano.
Assim sendo, quando uma determinada área que seja vulnerável, ou
seja, que possua condições precárias de infra-estrutura, é atingida de forma
abrupta por fenômenos naturais resultando em danos, é considerado que este
local sofreu um desastre natural. Os desastres são conceituados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) como sendo a resultante de um
evento natural extremo ou intenso ocorrido em um sistema social e que tem o
poder de gerar graves danos e prejuízos que ultrapassam a disposição dos que
foram afetados de conviver com o impacto. Segundo o Emergency Events
Database (EM-DAT) do Centre for Research on the Epidemiology of Disasters
(CRED), para ser considerado um desastre é preciso ter atendido um dos
quatro critérios: 10 ou mais pessoas falecidas; 100 ou mais pessoas afetadas;
declarar situação de emergência e/ou; requisitar auxílio internacional.
No Brasil, pode-se afirmar que os episódios intensos de chuvas são os
principais causadores de desastres naturais, já que no país não há a
26
ocorrência de terremotos severos, furações, tufões, tornados entre outros
fenômenos da natureza que atingem as demais áreas do planeta e causam
destruição nos locais onde ocorrem.
Como forma de contabilizar os principais eventos intensos de
precipitação ocorridos entre os anos de 2010 até 2013, foram selecionados,
através da análise dos dados hidrometeorológicos, alguns dos episódios que
apresentaram precipitação superior á 40 mm de chuva no período de 24 horas.
Este padrão foi eleito levando em consideração que este volume de chuva em
um único dia é extremamente excessivo. Vale lembrar que em alguns meses
do ano a precipitação para todo o mês pode ter volumes inferiores a este, como
é o caso dos meses de julho e agosto, por exemplo. A tabela 3 indica a
quantidade de eventos iguais e/ou superiores à 40 mm que ocorreram nos
anos selecionados para este estudo. Um detalhe que é possível ser observado
através desta tabela, é que quanto mais chuvoso foi o ano (vide figura 5,
capítulo 2), mais eventos intensos de precipitação ocorreram.
Tabela 3: Quantificação dos eventos intensos de precipitação.
ANOS 2010 2011 2012 2013 EVENTOS 12 1 4 7
TOTAL 24
Cabe ressaltar que, além dos eventos intensos de precipitação, as
chuvas de intensidade fraca e intermediárias também são responsáveis por
causar desastres, como os deslizamentos de terra. Essas chuvas precipitadas
em dias consecutivos, por mais fracas que sejam, encharcam o solo
desagregando suas partículas e fazendo com que o terreno se torne instável e
suscetível à deslizamentos de terras.
Para exemplificar os transtornos causados pelas chuvas, foram
selecionados alguns eventos de precipitação e, através de notícias publicadas
pelos meios de comunicação, foi feito um levantamento dos prejuízos
econômicos e sociais gerados na cidade do Rio de Janeiro.
27
3.1 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2010
Como foi visto no capítulo 2, o ano de 2010 foi o ano mais chuvoso
dentre os anos analisados na série histórica utilizada para este trabalho. Dentre
os doze eventos intensos de precipitação ocorridos durante o ano (tabela 4),
foram selecionados dois deles para demonstrar os danos causados pelas
chuvas.
Tabela 4: Eventos superiores à 40 mm no ano de 2010.
EVENTOS INTENSOS - 2010 DATA DOS EVENTOS VOLUMES (mm)
15/01 99 16/01 75,4 23/01 44,4 26/02 49,2 02/03 42,1 07/03 93,3 15/03 53,3 01/04 62 06/04 178,5 27/10 63,2 06/12 111 23/12 49,4
A primeira série de eventos intensos ocorreu nos dias 15 e 16 de
janeiro, quando a precipitação nesses dois dias foi de 99 mm e 75,4 mm de
chuva, respectivamente, segundo a estação pluviométrica selecionada para
este estudo. Em outras palavras pode-se afirmar que em apenas 48 horas
precipitou 60,66% de toda a chuva registrada neste mês, que foi de 287,5 mm.
Todo esse volume gerou alagamentos e enchentes na cidade do Rio de
Janeiro. Diversos pontos, como na Avenida Brasil e em bairros da Zona Sul,
como Botafogo e Jardim Botânico, registraram engarrafamentos devido aos
bolsões de água que se formaram.
Os transtornos foram noticiados pelo portal de notícias na internet
r7.com:
28
“Na cidade do Rio de Janeiro, houve alagamento de
várias ruas do bairro do Maracanã, na zona norte. Na
Avenida Brasil, vários bolsões de água foram registrados
nos trechos que passam pelos bairros da Penha, Parada
de Lucas, Benfica e Manguinhos, na zona norte, e no
Caju, na zona portuária. A Avenida Rodrigues Alves, na
zona portuária, também ficou alagada.” (www.r7.com)
O segundo evento selecionado foi o causador de uma das piores
chuvas que a cidade do Rio de Janeiro e a sua Região Metropolitana já
sofreram, as chuvas de abril de 2010. Em um único dia (06 de abril de 2010)
choveu na cidade 178,5 mm, 53,09% de toda a chuva registrada no mês de
abril.
Diversos municípios do grande Rio apresentaram danos gerados pelas
chuvas. A capital do estado também padeceu com os estragos que não foram
apenas de âmbito material. Vários deslizamentos de terras (figura 7) foram
registrados, enchentes e alagamentos também devastaram vários bairros da
cidade. Os prejuízos foram imensos, tanto para o poder público como para a
população carioca. Inúmeras pessoas perderam bens materiais, como carros,
casas, e outras dezenas morreram no meio desse caos. As equipes do Corpo
de Bombeiro e da Defesa Civil tiveram dificuldades para atender tantas
ocorrências. Diversas pessoas levaram horas para serem socorridas. O então
governador do estado Sérgio Cabral, admitiu que praticamente a totalidade dos
mortos estava em locais de risco e pediu que a população que ainda
estivessem nessas áreas abandonassem esses locais, pois muitos pontos
ainda corriam o risco de desmoronarem.
29
Figura 7: Deslizamento de terra registrado no bairro de São Conrado. Fonte:
www.noticias.uol.com.br
Toda a imprensa registrou os malefícios que a chuva causou. O site de
notícias g1.globo.com noticiou na tarde do dia 06 de abril:
“As Zonas Oeste e Norte foram as mais atingidas,
especialmente as regiões perto do Centro da capital
carioca, segundo o Instituto de Geotécnica do Município
do Rio de Janeiro (Geo-Rio). Só na cidade do Rio, o
número de mortes chega a 35. Bairros ficaram ilhados e
sem energia. Há ainda registros de grandes volumes de
água em toda a cidade.” (www.g1.globo.com).
Nesta mesma reportagem foi divulgado, através de um mapa, os danos
causados pelas chuvas na cidade (figura 8) e em outros pontos da região
metropolitana. Além da capital e dos municípios da região serra, cidades como
Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias, Angra dos Reis, Nilópolis, entre outras
cidades da baixada Fluminense, também sofreram incidentes gerados pelas
chuvas.
30
Figura 8: Mapa aponta os estragos causados pelas chuvas. Fonte: www.g1.globo.com
3.2 – Evento intenso de precipitação no ano de 2011
O ano de 2011 foi o ano mais seco dentre os quatro anos analisados.
Durante todo este período foi registrado apenas um único dia em que a
precipitação foi elevada, dia 26 de abril de 2011, pouco mais de um ano depois
das chuvas que atingiram a Região Metropolitana do estado. Neste dia o
volume de chuva foi de 83,9 mm, 51% de toda a chuva do mês em apenas
poucas horas.
Novamente os cariocas sofreram com as chuvas. O bairro da Tijuca foi
uma das áreas mais afetada pelo temporal. A chuva foi tão intensa que
diversas ruas foram completamente inundadas causando congestionamentos
por toda a cidade. Carros foram arrastados pela correnteza que se formou em
alguns pontos e o rio Maracanã transbordou. Também houve deslizamento de
terra e a prefeitura deu o alerta em algumas comunidades como conta o site do
telejornal “Bom dia Brasil”:
31
“Sirenes de alerta avisaram para o risco de desabamentos
em nove comunidades, e os moradores foram orientados a
procurar os pontos de apoio da prefeitura.” (g1.globo.com/
bomdiabrasil)
3.3 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2012
O terceiro ano desta série histórica foi o segundo ano menos chuvoso
deste período. Com precipitação anual de 941,7 mm, só houve apenas quatro
eventos de chuvas intensas na cidade, registrada pela estação meteorológica
estudada (tabela 5).
Tabela 5: Eventos superiores à 40 mm no ano de 2012.
EVENTOS INTENSOS - 2012 DATA DOS EVENTOS VOLUMES (mm)
02/01 44,2 07/01 46,2 01/05 42 26/09 64,7
Dos quatro episódios de chuva intensa, a mais grave ocorreu no dia 26
de setembro de 2012. Neste dia a cidade do Rio de Janeiro foi atingida por
64,7 mm de chuva. Todo esse volume fez ressurgir antigos problemas:
alagamentos em vários pontos da cidade, congestionamentos, deslizamento de
terras, queda de árvores (figura 9). A chuva também afetou o fornecimento de
energia em diversos pontos da cidade. A tempestade em conjunto com o
vento, que teve sua intensidade variando de média à forte, interferiu no
funcionamento do aeroporto Santos Dumont.
32
Figura 9: A) Queda de árvores no bairro do Jardim Botânico. B) Rua alagada em Piedade.
Fonte: www.g1.globo.com
3.4 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2013
O último ano avaliado neste estudo foi o segundo ano mais chuvoso
desde 2010 e o segundo em apresentar o maior número de eventos intensos
de chuva (tabela 6). Durante o ano de 2013 a cidade do Rio de Janeiro foi
atingida por sete eventos intensos, cujo acumulado de precipitação no período
de 24 horas foi superior à 40 mm.
Tabela 6: Eventos superiores à 40 mm no ano de 2013.
EVENTOS INTENSOS - 2013 DATA DOS EVENTOS VOLUMES (mm)
16/01 41,8 18/01 57,9 20/01 42 22/01 56,3 06/03 66,6 18/03 64,6 11/12 109,8
O maior acumulado de chuva deste ano ocorreu no dia 11 de
dezembro, quando precipitou na cidade 109,8 mm de chuva. Esse elevado
volume de chuva fez a cidade entrar em estágio de alerta (terceiro nível numa
escala de quatro). Diversas ruas ficaram completamente alagadas e em alguns
33
pontos a água subiu mais de 2 metros de altura (figura 10). Aeroportos, trens e
o metrô tiveram seus funcionamentos prejudicados. Dezenas de escolas
suspenderam as aulas. Várias famílias ficaram desalojadas e o então
governador Sérgio Cabral solicitou à presidenta Dilma Rousseff doações de
colchonetes, água potável e cestas básicas para essas famílias que perderam
tudo.
Figura 10: Pessoas se refugiam no teto do ônibus. Fonte: www.folha.uol.com.br
A edição online do jornal O Globo divulgou que:
“Desde a madrugada foram registradas 213 ocorrências,
sendo 119 por desabamentos e deslizamentos. A região
mais atingida foi a Zona Norte. A Defesa Civil utilizou 70
agentes e 15 viaturas na operação. Por volta das 13h,
equipes ainda fazem vistorias nas comunidades para
verificar as condições estruturais dos imóveis das áreas
de risco.” (www.oglobo.globo.com)
34
CAPÍTULO IV
GERENCIAMENTO DE ÁREAS VULNERÁVEIS A
DESASTRES AMBIENTAIS
Ao longo dos capítulos anteriores, foi explicitado que os fenômenos
naturais extremos são eventos inevitáveis, que ocorrem de forma súbita em
todos os lugares do mundo, atingindo de maneiras distintas cada região.
Também foi exposto que esses eventos, associados à degradação do meio
ambiente e ao assentamento das populações carentes em áreas de risco sem
qualquer tipo de planejamento e infraestrutura, são responsáveis por desastres.
Os desastres são acidentes que afetam negativamente o meio ambiente e a
vida humana, seja nos âmbitos social ou econômico. Mesmo com toda a
tecnologia que o ser humano já domina o homem não possui o poder de
impedir esses episódios. Apesar disso, hoje já é possível monitorá-los e,
através da adoção de medidas mitigadoras adequadas, evitar que esses
eventos extremos causem desastres que geram prejuízos econômicos e
sociais.
Os desastres naturais ganharam destaque mundial a partir do
momento que foi observado um crescimento exponencial da evidencia desses
acidentes ao redor do mundo com o passar das décadas. A preocupação se
espalhou e o tema já foi motivo de conferências internacionais, com o intuito de
discuti-lo e, principalmente, fomentar diretrizes para evitar que esses desastres
se repitam e continuem trazendo prejuízos e perdas humanas ao redor do
mundo.
Essa preocupação com os desastres naturais fez com que a
Organização das Nações Unidas (ONU) estabelecesse a United Nations
Disaster Relief Organization (UNDRO), secretaria que tem por objetivo sugerir
e promover ações que prevenisse e mitigassem os desastres naturais pelo
35
mundo. Já no final da década de 1980, a Assembléia Geral da ONU
estabeleceu, através da Resolução 44/236, que a década seguinte (1990 –
1999) seria Década Internacional para a Redução de Desastres Naturais (em
inglês, International Decade for Natural Disaster Reduction - IDNDR). Essa
campanha tinha como objetivo minimizar os acidentes naturais, reduzindo
perdas humanas e materiais, principalmente nos países em desenvolvimento,
aonde a ocorrência dos desastres eram mais comum. Apesar dos esforços
implantados neste período, após a década de 1990 poucos projetos tiveram o
prosseguimento adequado e muito foi abandonado pelos países que firmaram
o compromisso.
Mais recentemente no ano de 2005 na Conferência Mundial sobre
Redução de Desastres na cidade de Kobe no Japão, 168 países membros da
ONU firmaram o Marco de Ação de Hyogo (MAH), dentre eles o Brasil. Este é o
principal instrumento para a implementação de medidas que tem por objetivo a
diminuição de risco de acidentes e que deve ser seguido até este ano, 2015.
Seu principal objetivo é fazer com que as nações e comunidades elevem seu
nível de resiliência após sofrerem as consequências de um desastre. Desta
forma haveria uma redução nas perdas humanas, sociais, econômicas e
ambientais. O Marco prioriza cinco ações que devem ser adotadas pelas
comunidades, no contexto do desenvolvimento sustentável. São elas:
“Garantir que a redução de risco de desastres (RRD) seja
uma prioridade nacional e local com uma sólida base
institucional para sua implementação; identificar, avaliar e
observar de perto os riscos dos desastres, e melhorar os
alertas prévios; utilizar o conhecimento, a inovação e a
educação para criar uma cultura de segurança e
resiliência em todos os níveis; reduzir os fatores
fundamentais do risco e; fortalecer a preparação em
desastres para uma resposta eficaz a todo nível.”
(EIRD/ONU, 2007).
36
4.1 – Defesa Civil
No Brasil os desastres ambientais começaram a ser gerenciados pela
Defesa Civil a partir do final da década de 1980, com o Decreto nº 97.274 de
16 de dezembro de 1988, que apontava em seu primeiro artigo:
“Art. 1º O Sistema Nacional da Defesa Civil - SINDEC,
organizado nos termos deste Decreto, tem por objetivo
planejar e promover a defesa permanente contra as
calamidades públicas (art. 21, inciso XVIII, da
Constituição), integrando a atuação dos órgãos e
entidades públicas e privadas que, no território nacional,
exercem atividades de planejamento, coordenação e
execução das medidas de assistência às populações
atingidas por fatores anormais adversos, bem assim de
prevenção ou recuperação de danos em situação de
emergência ou em estado de calamidade pública.”
(BRASIL, Decreto nº 97.274, de 16 de dezembro de 1988,
1988).
O Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) é composto pela
Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), que é responsável por articular,
coordenar e gerir tecnicamente o SINDEC, pelos Órgãos Estaduais de Defesa
Civil que coordenam e controlam em nível estadual, pelos Órgãos Municipais
de Defesa Civil e pelos Núcleos Comunitários de Defesa Civil. Esses núcleos
são formados nas próprias comunidades, através do trabalho voluntário dos
moradores e que tem o intuito de servir de ligação entre a população e o poder
municipal.
Todo esse Sistema foi concebido para preparar o país como um todo à
enfrentar situações adversas provenientes dos desastres naturais. Para tanto,
é necessário que a Defesa Civil, com sua equipe técnica, esteja preparada
37
para implementar ações mitigadoras (que serão discutidas mais a frente) e agir
sempre que preciso, com o desígnio de evitar que os desastres ocorram. Além
disso, é de fundamental importância que toda a população, principalmente as
residentes em áreas de risco, sejam devidamente instruídas, através da
educação ambiental, para que os próprios moradores colaborarem com o órgão
municipal e que os mesmos saibam como agir de forma preliminar em casos de
risco eminente.
Para que se cumprisse o acordo estabelecido com a Resolução 44/236
aprovada pela Assembléia Geral da ONU, o Brasil estabeleceu a Política
Nacional de Defesa Civil. Esta política evidenciava ações capazes de reduzir
os desastres ambientais, abrangendo para tal, quatro aspectos. O primeiro
aspecto diz respeito à prevenção, ou seja, mecanismos para a avaliação e a
redução dos riscos. O segundo item fala sobre a preparação, que são medidas
que visam a redução da perda da vida humana e demais danos. No terceiro
ponto é ressaltada a resposta, baseada em ações que são exercidas durante
um episódio avesso com o intuito de salvas vidas e minimizar o sofrimento e as
perdas. Por último está a reconstrução que é ação de restauração visando a
retomada da normalidade.
4.2 - Gerenciamento de riscos
No ano de 1991, em meio aos debates que ocorriam sobre a redução
de desastres naturais, a Agência de Coordenação das Nações Unidas para o
Socorro em Desastres (UNDRO), estabeleceu um método para encarar os
acidentes naturais. Essa metodologia é baseada nas atividades de prevenção e
de preparação.
A prevenção diz respeito aos estudos técnicos-científicos, na definição
da magnitude do desastre e na tomada de ações que protejam a população. Já
as atividades de preparação colaboram no enfrentamento de circunstâncias de
38
emergências e estão ligadas às ações da defesa civil. Elas indicam as
populações que devem ser removidas de locais de riscos, antes ou após à
ocorrência de um acidente. A partir desta abordagem a UNDRO estipulou,
através dos programas de Mitigação de Desastres, medidas de prevenção e
preparação.
A primeira medida diz respeito à identificação e análise dos riscos.
Essa ação é base para as demais ações de gestão. Devem-se conhecer quais
são as ameaças e os respectivos locais de risco de acidentes. Um dos
métodos mais utilizados é o mapeamento de risco, que consiste em
levantamentos realizados através de trabalhos de campo e tem por finalidade
definir as probabilidades da ocorrência de processos destrutivos e as
conseqüências que podem ocorrer. Os mapeamentos podem ser feitos através
de métodos qualitativos, ou seja, julgamento técnico da equipe que realiza o
trabalho com a colaboração dos moradores do local e/ou quantitativos, por
meio de bancos de dados que o município e o estado obtenham sobre os
acidentes ocorridos ao longo dos tempos. Neste mapeamento também deve
ser levado em consideração as características do local como: tipo de relevo,
solo, vegetação, quais processos destrutivos são mais evidentes, existência de
corpos hídricos, característica da ocupação existente.
A segunda medida aponta a necessidade da prevenção de acidentes.
São ações estruturais e não-estruturais que devem ser executadas, seja em
curto, médio ou longo prazo, para minimizar e/ou erradicar qualquer
possibilidade da ocorrência de um desastre. As ações estruturais são as
soluções de engenharia. No caso das áreas de riscos em encostas as medidas
mais comuns são: construção de muros de arrima, revegetação, estabilização
de encostas e até mesmo a remoção das moradias. Já para áreas suscetíveis
à alagamentos e enchentes as obras mais comuns são as construções de
reservatórios e canalizações. Em relação às medidas não estruturais estão
relacionadas ao planejamento urbano, sistema de alerta, política habitacional e
a própria legislação.
39
O planejamento para situações de emergência é a terceira estratégia
estabelecida pela UNDRO. Mesmo com ações estruturais e não estruturais, os
acidentes podem ser inevitáveis. Portanto é necessário um monitoramento
constante desses locais, além de ações que visam atender as emergências.
Dentre as ações estão o plantão de atendimento público, plano de evacuação,
abrigo para as pessoas que precisaram sair de suas residências (esses abrigos
devem ser locais apropriados para tal atividade, não sendo utilizados espaços
públicos como escolas, por exemplo, que tem sua rotina prejudicada) e as
recomendações para o retorno da população.
A última ação ressalta a importância da informação pública e do
treinamento eficaz. Assim como os agentes que trabalham na Defesa Civil, a
população precisa ter acesso à informação sobre os riscos e como lidar com
eles. Para tal, o poder público deve organizar palestras, cartilhas, seminários
que indiquem os perigos, a vulnerabilidade local, além das medidas de
prevenção e mitigação de acidentes.
4.3 – Fundação Geo-Rio e o sistema Alerta Rio
A cidade escolhida para este estudo, a cidade do Rio de Janeiro, foi
pioneira a estabelecer um instituto especializado em contenção de encostas.
Fundado em 1966 o Instituto de Geotécnica, atualmente fundação Geo-Rio,
pertence à Secretaria Municipal de Obras e mantém parceria com a Defesa
Civil. Além das obras de contenção o órgão também trabalha com a prevenção
de acidentes, realizando vistorias constantes em áreas de risco e orientando a
população residente nessas áreas.
Já no ano de 1996 foi criado o sistema Alerta Rio com o intuito de
auxiliar a Geo-Rio. O sistema possui 33 estações pluviométricas dispostas por
toda a cidade do Rio de Janeiro que monitoram as chuvas, além de informar
dados de ventos, umidade, pressão atmosférica e temperatura do ar. O sistema
é responsável por divulgar boletins de alerta à população caso haja a
40
possibilidade da ocorrência de chuvas intensas que possam causar desastres
como deslizamentos e inundações.
No site do sistema Alerta Rio (www.sistema-alerta-rio.com.br) são
apresentadas algumas recomendações em situações de alerta de chuvas
fortes:
“Os habitantes das áreas de risco devem se deslocar
imediatamente para locais seguros.
Os moradores de áreas de encostas devem ficar atentos para
indícios de ameaças de deslizamentos e estarem preparados
para se deslocarem para locais seguros.
As pessoas que estiverem em locais seguros devem
permanecer nestes locais até o cancelamento do alerta.
As vias urbanas que atravessam os maciços montanhosos da
cidade e as áreas inundáveis devem ser evitadas.
Evite transitar em áreas alagadas e próximas a córregos,
canais e rios sujeitos a transbordamentos.
Em casos de ventos fortes e/ou chuvas com descargas
elétricas, evite ficar próximo a árvores, redes de distribuição de
energia elétrica ou em áreas descampadas.
Se necessário, use os telefones de emergência 193 (Corpo de
Bombeiros), 199 (Defesa Civil) ou 1746 (Central de
Atendimento da Prefeitura).” (www.sistema-alerta-rio.com.br)
41
CONCLUSÃO
O trabalho em questão teve o objetivo de expor um problema ambiental
que se tornou corriqueiro para os moradores da cidade do Rio de Janeiro, as
enchentes, inundações e deslizamentos provocados pelas chuvas intensas e
apresentar os principais mecanismos de gestão para esse tipo de desastres.
Para tal análise o trabalho iniciou levando em consideração o histórico
da ocupação urbana da cidade do Rio de Janeiro, como forma de apontar as
transformações físicas que a cidade sofreu e ainda sofre. Essas modificações
alteram os espaços naturais e impermeabilizam o solo. Também foi apontado
que a ocupação ocorreu sem o devido planejamento urbano e, ainda hoje, é
possível observar regiões que são carentes de infraestrutura adequada à
moradia.
No segundo momento do trabalho foi realizado a análise temporal da
precipitação no período compreendido entre os anos de 2010 à 2013. Essa
analise foi realizada através dos dados fornecidos pelo site do Instituto
Nacional de Meteorologia - INMET. A observação permitiu diagnosticar a
precipitação neste período, com dados mensais, anuais, quantidade de dias
chuvosos, além de apontar quantos e quais foram os eventos mais intensos de
precipitação ao longo desses anos.
Diagnosticado os eventos de chuvas extremas, foi realizado uma
pesquisa nos meios de comunicação para demonstrar como as precipitações
intensas associadas à falta de planejamento urbano e a impermeabilização do
solo culminaram nos desastres ambientais. Foram inúmeros alagamentos e
enchentes que prejudicaram o cotidiano da população e que trouxeram
prejuízos materiais. Os deslizamentos que também foram observados ao longo
desse estudo, apontaram para a vulnerabilidade do meio em que inúmeras
pessoas residem. Esses também foram responsáveis não só por perdas
matérias, como perdas humanas.
42
Esses transtornos gerados pelas chuvas causaram preocupação
mundial e fez com que a Organização das Nações Unidas – ONU se
mobilizasse para que representantes de países discutissem quais seriam as
formas de minimizar o problema. Algumas ações foram tomadas, mas como o
passar do tempo muitos abandonaram seus projetos. As medidas mitigadoras
foram expostas, porém cabe aos poderes públicos implementá-las nos locais
onde a vulnerabilidade é maior.
O que é possível afirmar é que as chuvas intensas são eventos
naturais, que sempre ocorreram e que irão continuar acontecendo, com a
tendência de serem cada vez mais freqüentes, devido às alterações climáticas
que o mundo vem sofrendo. Os desastres que elas causam são conseqüências
das ações antrópicas no meio ambiente. Não é possível deter esses eventos,
porém com ações governamentais é possível minimizar os danos causados por
elas e evitar que inúmeras pessoas continuem perdendo suas vidas todos os
anos.
43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AB’SABER, A. Potencialidades paisagísticas brasileiras. Os domínios de
natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo – SP. Ateliê
Editorial, 2003, p. 9 – 26.
BRANDÃO, A. M. Clima urbano e enchentes na cidade do Rio de Janeiro. In.
Impactos Ambientais Urbanos no Brasil. GUERRA & CUNHA. Rio de Janeiro,
Bertrand Brasil, 2001.
BRASIL, Decreto nº 97.274 – Sistema Nacional da Defesa Civil - SINDEC.
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9 - <www.sistema-alerta-rio.com.br> Acesso: 27/01/2015
50
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Histórico do processo de urbanização da cidade do Rio
de Janeiro 10
1.1 – Reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro 10
1.2 – Cenário atual da urbanização 12
CAPÍTULO II - Dinâmica das Chuvas na Cidade do Rio de Janeiro 15
2.1 – Fatores definidores do clima 16
2.2 – Dinâmica pluviométrica entre os anos de 2010 e 2013 20
CAPÍTULO III - Transtornos Causados Pelas Chuvas Intensas 25
3.1 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2010 27
3.2 – Evento intenso de precipitação no ano de 2011 30
3.3 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2012 31
3.4 – Eventos intensos de precipitação no ano de 2013 32
CAPÍTULO IV – Gerenciamento de Áreas Vulneráveis a Desastres 34
4.1 – Defesa Civil 36
4.2 – Gerenciamento de riscos 37
4.3 – Fundação Geo-Rio e o sistema Alerta Rio 39
51
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
SITES CONSULTADOS 47
BIBLIOGRAFIA CITADA 49
ÍNDICE 50