dos alpes austríacos ao xingu e serra catarinense 15

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Guilherme (Willy) Krautler poderia ter sido, como tantos outros austríacos nascidos na década de 1910, muito novo para participar da Primeira Guerra Mundial, teria ido, muito provavelmente, para o front, na Segunda Grande Guerra. O destino, porém, o trouxe ao Brasil e, justamente com o advento do grande conflito, foi tolhido de sua liberdade de retornar à Pátria. Enquanto a Europa estava mergulhada no caos, por aqui ele era perseguido por doenças tropicais, típicas das cercanias da linha do Equador, no Baixo Xingu, onde se estabeleceu quando chegou...

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Dos Alpes AustríAcos Ao Xingu e serrA cAtArinense

A l g u m a s g u i n a d a s d o d e s t i n o

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São Paulo 2015

Dos Alpes AustríAcos Ao Xingu e serrA cAtArinense

A l g u m a s g u i n a d a s d o d e s t i n o

guilherme (Willy) KrAutler

compilADores:José WilmAr KrAutler

céliA cArmem münzfelD

Page 6: Dos alpes austríacos ao xingu e serra catarinense 15

Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Rafael Silvestre

Tradutor Dom Erwin Kräutler

Colaboração Especial Marcos Krautler

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________

K91d

Krautler, Guilherme (Willy) Dos alpes austríacos ao xingu e serra catarinense : algumas guinadas do destino / guilherme (willy) krautler ; compilação José WilmarKrautler, Célia Carmem Münzfeld. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0256-8

1. Krautler, Guilherme (Willy). 2. Homens - Áustria - Biografia. I. Título.

15-19997 CDD: 929.2 CDU: 929.52

________________________________________________________________11/02/2015 11/02/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

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ApresentAção

Em 1994, nossa mãe nos deixou de uma maneira extremamen-te abrupta. Já estava sob observação médica há algum tempo, mas nada que nos fizesse imaginar que algo mais grave poderia aconte-cer. Após alguns dias internada, já estava sorridente pela saída do hospital prevista para o dia seguinte, quando o pior aconteceu e ela nos deixou. Senti que o papai, mais do que nunca, precisaria de companhia que o distraísse para amenizar um pouco o baque pelo qual passara, que causou-lhe um sofrimento imensurável.

Gostávamos muito de conversar e passávamos sempre horas e horas em agradáveis bate-papos, onde um dos assuntos era escola. A mamãe um dia fez uma proposta-aposta com a Alzira: no dia que eu fosse a Lages e não falássemos sobre escola, ela poderia escolher o mais lindo apartamento que quisesse. A Alzira nunca ganhou a aposta. Estavam, é claro, imaginando e querendo algo impossível, pois, há muitos e muitos anos esse era o nosso dia a dia de trabalho e o assunto surgia naturalmente.

Até o falecimento de nossa mãe, que tanto mexeu com nossas vidas, eu costumava ir a Lages uma vez por semana visitá-los, pois tinha a carga horária de trabalho completa. Após essa época, passei a ir com uma frequência maior, pois, em fase de aposentadoria, fui diminuindo as horas trabalhadas.

Já havia sido sugerido ao papai, várias vezes, escrever a história da sua vida, assunto que sempre despertou muita curiosidade, pois abrangia episódios relacionados a pelo menos três regiões muito distantes e diferentes entre si: Áustria, Xingu e Serra Catarinense. Unindo o útil ao agradável, imaginei ser a oportunidade de manter--lhe a mente ocupada e iniciar o rascunho da sua vida, pois além da ausência de mamãe, ele estava aposentado, portanto, fora das salas de aula. Em um determinado momento, foi como se tivéssemos perguntado um ao outro: vamos começar? Pegamos a primeira das dezenas de folhas de papel que se seguiram e começamos.

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Eu questionava e ia registrando o que era contado. Escrevíamos de maneira aleatória, sem nos preocupar com a cronologia. Deva-gar descrevíamos fatos, momentos, situações, ora os acontecidos em Koblach, ora os acontecimentos do Norte, ora detalhes de seu coti-diano nas serrarias da região de Bocaina e sua vida em Lages e, sem nenhuma preocupação literária, deixávamos tudo fluir naturalmente. Assim, íamos dando forma ao projeto. Tivemos a colaboração impor-tante do Wilmar, que, ao ir em casa, aproveitava cada oportunidade que tinha para também escrever o que o papai relatava.

Porém, a gente nunca parou para pensar que nada é para sem-pre. Muita coisa ficou registrada apenas na memória. O que pen-sava ser eterno não foi. De maneira inesperada o papai nos deixou e algumas lacunas ficaram abertas, alguns fatos inacabados, alguns assuntos reticentes, muito a ser concluído, muita coisa a ser falada, muitos momentos a ser descritos, muita história a ser narrada. Pas-samos por momentos de muita tristeza e um vazio muito grande fez-se em nossa alma. Por muitos anos não consegui retornar ao que havíamos iniciado na história da sua vida.

Um dia, muni-me de coragem e, incentivada, voltei aos ma-nuscritos. Ao relê-los, tive certeza absoluta que já tínhamos atra-vessado o Rubicon. Já havia material suficiente para deixar claro que o projeto tinha que ser concluído. A tarefa precisava ser fina-lizada. Pude contar com a ajuda inestimável e atenção incondicio-nal do Wilmar, que entre tantas colaborações, chegou a fazer uma viagem à Europa, mais precisamente a Koblach, na Áustria, com o objetivo de resgatar fatos, pesquisar datas, confirmar nomes. A colaboração dos irmãos, salientando a participação decisiva e re-levante do Marcos, foi importantíssima na verificação e revisão de alguns detalhes e fatos.

Os acontecimentos ocorridos na infância e adolescência, até sua vinda ao Brasil, foram registrados. Os fatos e a vida no Xingu, sua vinda para o Sul e primeiros tempos na Região Serrana, foram relatados...

Suas viagens foram revividas por ele, uma a uma, e descritas com uma riqueza incrível de detalhes, revelando conhecimento qua-

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se enciclopédico sobre lugares visitados, demonstrando seu grande e apurado gosto por geografia e história geral.

Alguns períodos gratificantes de sua vida, porém, ficaram ina-cabados. Sabemos de grandes amigos, como os companheiros de trabalho, sobre os quais escreveu pouco ou não escreveu. Seu tra-balho no Colégio Industrial de Lages é um exemplo claro. Talvez tenha deixado por último por ser mais fácil, estava mais vivo em sua mente, tantas passagens naquele trabalho do qual falava com tanta empolgação e entusiasmo. Não lhe foi dado mais tempo. Po-rém, com certeza, os estará abençoando onde estiver e agradecendo a amizade a ele dedicada nessa fase importante de sua vida.

Posso garantir e falo também pelo Wilmar, que esse trabalho nos foi muito prazeroso e gratificante e estamos extremamente sa-tisfeitos de poder tê-lo trazido à tona, para leitura dos que o conhe-ceram ou que sintam-se inseridos afetivamente.

Estamos, portanto, com muita satisfação, entregando a vocês: Dos Alpes Austríacos ao Xingu e Serra Catarinense – Algumas Guina-das do Destino – Guilherme (Willy) Krautler.

Célia Carmem Münzfeld

Balneário Camboriú SC, maio de 2014

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sumário

“E o tio Willy rompeu o silêncio” à guisa de prefácio . . . . . . . . .15

“Und Onkel Willi brach sein Schweigen” Anstelle eines Vorworts . . 21

Uma vida de lutas e realizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

O Berço da família Krautler no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

Liebe Kräutler’s in Brasilien! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

Guilherme Krautler “Brasileiro de coração” . . . . . . . . . . . . . . . . .37

Nossos pais: amor, dedicação e grande exemplo . . . . . . . . . . . . . .38

Professor Guilherme e o Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40

Willy Kräutler - einer markanten Persönlichkeit aus meiner Vorarl-berger Heimat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

Impossível esquecer alguém tão especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Europa, Brasil, Estados Unidos – 1934 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

Koblach, 1915 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Recordações de minha infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74

A Escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78

Tempos difíceis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Amigos de infância, amigos para sempre . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82

Lenhador, apanhador de turfa e outros afazeres na infância . . . .86

O Kummaberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89

A inevitável dispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

Meu primeiro salário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93

Minha mãe: a vida vai ficar melhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95

Rio Reno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97

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Meu pai, o Dick Krütler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

Inverno no Reno, verão no arado e o Exército . . . . . . . . . . . . 101

Uma inesperada guinada na vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

Der unerwartete Wendepunkt meines Lebens . . . . . . . . . . . 106

O resgate de uma dívida no Santuário de Einsiedeln . . . . . . 108

Preparativos de viagem para a Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

A despedida em Feldkirch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

Gênova, 1934: viagem rumo ao desconhecido . . . . . . . . . . . . 114

Terra à vista: chegada a Fortaleza, na costa brasileira . . . . . . .116

Land in Sicht: Fortaleza, an der Küste Brasiliens . . . . . . . . .118

Porto de Moz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .120

Padre Clemente Geiger – Dom Clemente . . . . . . . . . . . . . .124

O Maturu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126

A febre insistente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129

Am Rande des Todes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133

Altamira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137

Igrejas de Altamira, Porto de Moz e São Félix . . . . . . . . . . .141

A morte do pequeno Tokó-Kokenti, o José . . . . . . . . . . . . . .143

Francisco das Chagas Alves, o Chico Branco . . . . . . . . . . . .145

Anselmo, meu companheirão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147

Porcos do mato, rio revolto e uma surucucu . . . . . . . . . . . . . .150

Minha frustração na Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .152

Índios: o grande desafio da aproximação . . . . . . . . . . . . . . . .154

Setembro de 1939, grande decepção: a guerra me fez recuar . .159

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September 1939: Die große Enttäuschung - Der Krieg verhin-dert meine Rückkehr in die Heimat . . . . . . . . . . . . . . . . . . .161

Irmão Fernando, um anjo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .163

Rio Xingu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166

São Félix do Xingu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169

Subindo o rio Fresco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .172

Irmão Francisco, um saudoso amigo do Xingu . . . . . . . . . . .176

Padre Eurico vai ao Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178

Um indigente em Belém . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .180

Em Santa Isabel com padre Marcos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .182

Impulso à Missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185

Padre Eurico na Missão do Xingu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189

Por que Santa Catarina? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191

Setembro de 1941: despedida do Xingu e chegada ao Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

1941: Abschied vom Xingu . Nächste Station: Rio de Janeiro . . .197

Rumo ao Sul - está selada uma nova guinada . . . . . . . . . . . .202

Chegada à cidade que me acolheu: Lages, 1941 . . . . . . . . . .204

O Coral Frei Bernardino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208

Perseguição aos estrangeiros - fruto de muita desinformação . . .211

Visita a meu amigo em Bom Retiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . .214

Palestra do meu irmão Eurico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216

Companheirismo dos primeiros anos . . . . . . . . . . . . . . . . . .218

O Namoro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .221

A compra da casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .223

O Casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .225

Nascimento de nossas primeiras filhas . . . . . . . . . . . . . . . . . .227

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Marcenaria do Guilherme Ladevig . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .230

De serraria em serraria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231

Nedinha, ainda não me conformo com sua ausência . . . . . . . . . . .233

Serrarias: a experiência me fez construir uma . . . . . . . . . . . . . . . .236

Pinheiro araucária e a casa nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .239

Carpintaria na nova igreja da Bocaina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .243

Viagem de 1953: última oportunidade de retorno definitivo à Pátria . . . 248

1953: Reise nach Europa - Die letzte Chance, in meine Heimat zurückzukehren . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255

De volta a Lages . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262

Pedreira no Morro Grande . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .268

Ainda serviços temporários e mais serrarias . . . . . . . . . . . . . . . . . .273

Em São Paulo e Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .275

Amalie, primeira perda entre os irmãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .279

Fábrica de Pastas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .281

De Canoas a Rio Rufino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .285

Caminhões sem freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .288

O mergulho do martelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .291

Lidia, a professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .293

Não era motocicleta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .296

“Velha Greta” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .298

Um acidente no “Mundéu” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .300

Senai, 1964: um emprego definitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .302

Hemkemaier, a família da Marica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .305

Segunda viagem à minha terra e ordenação de meu sobrinho Erwin . . . 312

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Sala de aula com ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315

Na Áustria, durante a Copa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320

A Faculdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322

Inverno na Europa, 1972: não mais encontrei meu irmão Paulo . . . . . 325

Projeto Rondon em Itaituba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328

Andando pelo centro de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330

A Kombi e o Brasília Amarelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333

Visita malograda aos nossos compadres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338

Vetter Hansuri, um tio muito querido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340

A Língua Inglesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342

Colégio Industrial de Lages: Coordenador de Turno . . . . . . . . . 345

Visita de minha família austríaca ao Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . 347

Meu filho, um Sacerdote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353

Cirurgia à queima-roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355

Primeira viagem à Áustria com um filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357

Ordenação de Dom Erwin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363

Uma visita à minha irmã Lenile . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 368

Recife, 1982: Dom Eurico deixa o Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370

Nunca estive em Viena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372

Estive em São Joaquim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374

Hospital em Innsbruck, 1985: o adeus de um grande missionário . . . . 376

Rum bei Innsbruck, 1985 - Die letzten Tage eines großen Missionars . . 381

Salão Nobre “Professor Guilherme Krautler” . . . . . . . . . . . . . . . . 386

Uma ida atrapalhada a São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389

Bodas de minha irmã Marile . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391

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Depressão, algo difícil de se explicar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393

Aposentadoria, almejada por uns, nem tanto por outros . . . 397

Bodas de Ouro de meu amigo Karl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404

Cidadão Lageano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408

Senhor Antonio Carlos, um grande amigo . . . . . . . . . . . . . 411

Eurico, um missionário em regiões remotas . . . . . . . . . . . . . 413

O café no Consa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 418

Minha esposa, minha companheira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 422

Marica, meine Frau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426

Meus filhos e sua formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .429

Unsere Kinder und ihre berufliche Ausbildung . . . . . . . . . . .441

Lenile completa 85 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .448

Albert, um octogenário andejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .452

Bodas de Diamante de Marile e Heinrich . . . . . . . . . . . . . . . . .457

Entrei no ano 2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .460

Visita surpresa de sobrinhos da Áustria . . . . . . . . . . . . . . . . .463

Meus 86 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .467

Resolvi dizer algumas palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .470

O destino pode ser traçado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .473

Schicksal oder Vorsehung? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .478

Lebenserinnerungen von Willy Kräutler (aufgezeichnet von sei-nem bruder Albert) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .485

Ein ganz persönliches Nachwort . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .490

Algumas considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .492

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15

“e o tio Willy rompeu o silêncio”

À guisA de prefácio

Temos que admitir que o tio Willy ficou um tanto à sombra de seu irmão, nosso tio Eurico. Às vezes, ao falar no Padre Eurico, mais tarde Dom Eurico, alguém fez uma homenagem “implícita” ao Willy, Wilhelm ou Guilherme Kräutler. Na realidade, porém, é sempre um equívoco referir-se a alguém como “irmão” de alguém mais famoso. Não deixa de ser uma velada injustiça, pois cria-se a impressão de que o “irmão” não tem identidade própria. Verdade é que o Willy não se pareceu com seu irmão, o Eurico. Foram filhos dos mesmos pais Josef e Barbara Kräutler, mas Willy foi o Willy e Eurico o Eurico. Distinguiram-se, e muito, pelo tempe-ramento, pelo caráter, pela maneira de ser e de se relacionar com o próximo e o mundo que os cercou. Tinham também vocações distintas e andaram em caminhos diferentes. São duas histórias de vida que em algumas épocas se aproximam e até confundem-se e em outras se distanciam.

Em 1934, Padre Eurico e seu irmão Willy deixam a Áustria, sua terra natal. Dia 27 de outubro Willy inicia na “Urânia”, em Gênova, Itália, sua viagem para o Brasil. O navio faz uma escala em Lisboa, onde Padre Eurico embarca, e outra bem breve em Las Palmas, nas Ilhas Canárias. Em 16 de novembro de 1934 fincam pela primeira vez os pés na Terra de Santa Cruz. Eurico está com 28 anos, Willy com apenas 19.

Eurico escreveu um diário de viagem com o título “Nach dem Kreuz des Südens” (rumo ao Cruzeiro do Sul) em que fez também algumas referências a seu irmão. Willy não escreveu nada. O si-lêncio será sempre uma marca de sua personalidade. Willy é um homem pensativo, meditativo. Assemelha-se a José, o carpinteiro