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13 Revista Adventista I MARçO • 2011 Discrepância entre Marcos e João quanto ao momento da crucificação? Afinal, em que hora Jesus foi crucificado: na hora terceira (Marcos 15:25) ou na hora sexta (João 19:14)? – I. A. Os exegetas bíblicos ainda não chegaram a um acordo quanto à cronologia dos momentos finais de Jesus desde que foi entregue a Pilatos até Sua morte, algumas horas de- pois, numa cruz no monte do Calvário. O que é claro é o fato de que Jesus foi entregue a Pilatos bem cedo naquela sexta-feira, 15 de Nisã, mas sem uma hora precisa. Mateus diz que foi “ao romper o dia” (27:1, 2); para Marcos, foi “logo pela manhã” (15:1); Lucas fala que foi “logo que amanheceu” (22:66; 23:1), e João menciona que foi “cedo de manhã” (18:28, 29). Dos quatro evangelhos, somente os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) mencionam que houve trevas sobre a Terra desde a “hora sexta até a hora nona” (Mt 27:45; Mc 15:33 e Lc 23:44) – pelo nosso horário, das 12 às 15 horas, e que Jesus morreu na “hora nona”, ou seja 15 horas (Mt 27:45-50; Mc 15:33-37; Lc 23:44-46). Contudo, nem Mateus nem Lu- cas mencionam a hora da crucificação. O mais complicado é harmonizar Marcos e João quanto ao momento ou hora da crucificação de Jesus. Enquanto Marcos diz que ela ocorreu na “terceira hora” (15:25) – 9 horas da manhã, pelo nosso modo de calcular as horas, João diz que foi “cerca da hora sexta” que Pilatos entregou Jesus para ser crucificado (19:14-16) – ou seja, por volta de 12 horas. Como, pois, entender essa aparente discrepância? O fato é que a maioria dos intérpretes bíblicos crê que a ra- zão está com Marcos. O Comentário Adventista ( SDABC, v. 5, p. 549, em inglês), diz que, em João 19:14, esse apóstolo empregou o método romano (e o nosso) de calcular as horas. Assim, a expres- são “cerca da hora sexta”, nessa passagem, indicaria 6 horas da manhã, momento em que Pilatos se dirigiu aos judeus e exclamou: “Eis aqui o vosso rei” (19:14) e, a seguir, entregou Jesus para ser crucificado (19:16). No entanto, esse mesmo comentário afirma que as outras horas mencionadas por João, em seu evangelho, são horas segundo o modo judaico de contá-las. (Para saber as horas em nosso modo de contá- las, acrescente 6). Assim, nesse comentário é dito que a “hora sétima” (em 4:25) seria “perto de 13 horas” (v. 5, p. 944) , a “hora décima” (em 1:39) seria “cerca de 16 horas” (v. 5, p. 910). No entanto, deve-se perguntar por que João empregaria a maneira judaica quanto às demais horas mencionadas em seu evangelho e abriria exceção para a “hora sexta” (em 19:14), empregando a maneira romana de contá-las? Cremos, porém, ser mais coerente entender que João, com a expressão “cerca da hora sexta” (19:14) para a cruci- ficação de Jesus esteja empregando a contagem judaica, in- dicando perto do meio dia, talvez por volta das 11 horas. Deve-se mencionar também que não se pode dizer que Marcos, com a expressão “terceira hora” (15:25), preten- desse indicar a hora exata, sem faltar nem passar um mi- nuto sequer. Seria mais prudente entender tanto a “terceira hora” de Marcos quanto a “hora sexta” de João como horas aproximadas. Assim, a crucificação de Jesus teria ocorrido em algum momento entre as 9 e 12 horas daquela manhã de sexta-feira. Nesse sentido, deve-se observar que os ho- rários quanto aos eventos da prisão, julgamento e morte de Cristo têm importância relativa. O mais importante é o fato de que, por meio daquela morte, a salvação se tornou possível e disponível a todo aquele que a desejar. Está você entre aqueles que têm se valido do sacrifício feito no Cal- vário e aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador? Se sim, a vida eterna lhe está assegurada. Se não, por que não fazê- lo agora? – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp - Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: [email protected] Jupterimages Dynamic Graphics Liquid Library

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Page 1: Dos quatro evangelhos, somente os sinóticos (Mateus ... · Roland de Vaux, The Bible and the Ancient Near East, Doubleday (1971), p. 236. 10. Benjamin Walker, The Hindu World: an

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A forma cristã de humildade, ensinando que a pessoa se permitisse ser esbofe-teada nas duas faces e o próprio exem-plo de Jesus utilizando Seu poder apenas para o bem, diferem seriamente daquilo que vemos na mitologia pagã.

A conclusão da completa falta de ar-gumentos confi áveis e verossímeis é clara e óbvia, nas palavras de Ronald Nash: “Esforços liberais de desacreditar a reve-lação singular cristã por meio dos argu-mentos da infl uência das religiões pagãs são destruídos rapidamente a partir da verifi cação completa das informações disponíveis. É claro que os argumentos liberais exibem suporte acadêmico incri-velmente ruim e, com certeza, essa con-clusão é muito generosa.”18

Fica claro que a melhor conclusão a que se chega é aquela do livro em que encontramos a verdadeira revelação da verdade e da fonte do mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus: a Bíblia Sagrada. Porque “não há salvação em ne-nhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que seja-mos salvos.”19

MARinA GARneR Assis é formada em Teologia pelo Unasp, Campus de

Engenheiro Coelho, SP, e leciona Ensino Religioso e Inglês na Escola Adventista

de Caxias do Sul, RS.

Referências1. Informação extraída do site www.zeitgeistmovie.com, em

11/05/2009.2. Timothy Freke e Peter Gandy, The Jesus Mysteries. Three Rivers

Press (setembro de 2001), p. 9.3. Barry Powell, Classical Myth (3ª ed.), Prentice Hall (New Jersey,

2001), p. 250.4. Mich F. Lindemans, Encyclopedia of Mythica. Artigo publicado em

21 de maio de 1997, no website: www.pantheon.org/articles/i/isis.html, acessado em 23/8/2009.

5. Raymond E. Brown, The Birth of the Messiah, Anchor Bible (1999), p. 523.

6. Timothy Freke e Peter Gandy, A Summary Critique of the Mythological Jesus Mysteries – a book review of “The Jesus Mysteries: Was the ‘Original Jesus’ a Pagan God?”. Christian Research Journal, v. 26, nº 1 (2003).

7. P. Lambrechts, “La Resurrection de Adonis”, em Melanges Isadore Levy (1955), p. 207-240, como citado em Edwin Yamauchi, “The Passover plot or Easter triumph?”, em J. W. Montgomery (ed.), Christianity for the Tough-Minded (Minneapolis: Bethany, 1971).

8. Ibid.9. Roland de Vaux, The Bible and the Ancient Near East, Doubleday

(1971), p. 236.10. Benjamin Walker, The Hindu World: an Encyclopedic Survey of

Hinduism, v. 1 (New York: Praeger, 1983), p. 240, 241.11. Tryggve N. D. Mettinger, The Riddle of Resurrection: “Dying and

Rising Gods” in the Ancient Near East (Stockholm, Sweden: Almquist & Wiksell International, 2001), p. 4, 7.

12. J. N. D. Anderson, Christianity and Comparative Religion (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1977), p. 38.

13. Ronald H. Nash, Christianity & the Hellenistic World (Grand Rapids, MI: Zondervan/Probe, 1984), p. 171, 172.

14. J. Gresham Machen, The Origin of Paul’s Religion (New York: Macmillan, 1925), p. 9.

15. J. Ed Komoszewski, M. James Sawyer, Daniel B. Wallace, Reinventing Jesus (Kregel Publications, 2006), p. 231.

16. Ibid., p. 232, 233.17. Nash, Christianity & the Hellenistic World, p. 192-199; citando

Bruce Metzger sobre o culto de Cibele.18. Ronald Nash, “Was the New Testament infl uenced by pagan

religions?, Christian Research Journal (Inverno de 1994) p. 8.19. Atos 4:12

Discrepância entre Marcos e João quanto ao momento da crucificação?

Afi nal, em que hora Jesus foi crucifi cado: na hora terceira (Marcos 15:25) ou na hora sexta (João 19:14)? – I. A.

Os exegetas bíblicos ainda não chegaram a um acordo quanto à cronologia dos momentos fi nais de Jesus desde que foi entregue a Pilatos até Sua morte, algumas horas de-pois, numa cruz no monte do Calvário.

O que é claro é o fato de que Jesus foi entregue a Pilatos bem cedo naquela sexta-feira, 15 de Nisã, mas sem uma hora precisa. Mateus diz que foi “ao romper o dia” (27:1, 2); para Marcos, foi “logo pela manhã” (15:1); Lucas fala que foi “logo que amanheceu” (22:66; 23:1), e João menciona que foi “cedo de manhã” (18:28, 29).

Dos quatro evangelhos, somente os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) mencionam que houve trevas sobre a Terra desde a “hora sexta até a hora nona” (Mt 27:45; Mc 15:33 e Lc 23:44) – pelo nosso horário, das 12 às 15 horas, e que Jesus morreu na “hora nona”, ou seja 15 horas (Mt 27:45-50; Mc 15:33-37; Lc 23:44-46). Contudo, nem Mateus nem Lu-cas mencionam a hora da crucifi cação.

O mais complicado é harmonizar Marcos e João quanto ao momento ou hora da crucifi cação de Jesus. Enquanto Marcos diz que ela ocorreu na “terceira hora” (15:25) – 9 horas da manhã, pelo nosso modo de calcular as horas, João diz que foi “cerca da hora sexta” que Pilatos entregou Jesus para ser crucifi cado (19:14-16) – ou seja, por volta de 12 horas. Como, pois, entender essa aparente discrepância? O fato é que a maioria dos intérpretes bíblicos crê que a ra-zão está com Marcos.

O Comentário Adventista (SDABC, v. 5, p. 549, em inglês), diz que, em João 19:14, esse apóstolo empregou o método romano (e o nosso) de calcular as horas. Assim, a expres-são “cerca da hora sexta”, nessa passagem, indicaria 6 horas da manhã, momento em que Pilatos se dirigiu aos judeus e exclamou: “Eis aqui o vosso rei” (19:14) e, a seguir, entregou Jesus para ser crucifi cado (19:16). No entanto, esse mesmo comentário afi rma que as outras horas mencionadas por João, em seu evangelho, são horas segundo o modo judaico de contá-las. (Para saber as horas em nosso modo de contá-las, acrescente 6). Assim, nesse comentário é dito que a “hora sétima” (em 4:25) seria “perto de 13 horas” (v. 5, p. 944) , a “hora décima” (em 1:39) seria “cerca de 16 horas” (v. 5, p. 910). No entanto, deve-se perguntar por que João empregaria a maneira judaica quanto às demais horas mencionadas em seu evangelho e abriria exceção para a “hora sexta” (em 19:14), empregando a maneira romana de contá-las?

Cremos, porém, ser mais coerente entender que João, com a expressão “cerca da hora sexta” (19:14) para a cruci-fi cação de Jesus esteja empregando a contagem judaica, in-dicando perto do meio dia, talvez por volta das 11 horas. Deve-se mencionar também que não se pode dizer que Marcos, com a expressão “terceira hora” (15:25), preten-desse indicar a hora exata, sem faltar nem passar um mi-nuto sequer. Seria mais prudente entender tanto a “terceira hora” de Marcos quanto a “hora sexta” de João como horas aproximadas. Assim, a crucifi cação de Jesus teria ocorrido em algum momento entre as 9 e 12 horas daquela manhã de sexta-feira. Nesse sentido, deve-se observar que os ho-rários quanto aos eventos da prisão, julgamento e morte de Cristo têm importância relativa. O mais importante é o fato de que, por meio daquela morte, a salvação se tornou possível e disponível a todo aquele que a desejar. Está você entre aqueles que têm se valido do sacrifício feito no Cal-vário e aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador? Se sim, a vida eterna lhe está assegurada. Se não, por que não fazê-lo agora? – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp - Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: [email protected]

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