UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
CENTRO DE PESQUISA DE SOLOS
AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DOS SOLOS CULTIVADOS COM
CANA-DE-AÇÚCAR
Prof. Fernando José FreireDoutorado em Solos e Nutrição de Plantas (2001)Pós-Doutorado em Fertilidade e Nutrição de Cana-de-Açúcar (2008)Bolsista de Produtividade em Pesquisa – CNPq (2010)
ETANOL
OS PRODUTOS DA CANA-DE-AÇÚCAR SÃO:
C - H - O
BASE DE DADOS AGRÍCOLA DO BRASIL (SAFRA 2009/2010)
Incremento de área plantada 6,7% (7,531 milhões ha)
Incremento de produtividade 0,4%
2008/2009 79,072 t/ha
2009/2010 81,293 t/ha
BASE DE DADOS AGRÍCOLA DE PERNAMBUCO (SAFRA 2009/2010)
Incremento de área plantada Não houve (321,4 mil ha)
Redução de produtividade 5,5%
2008/2009 59,489 t/ha
2009/2010 56,200 t/ha 3,289 t/ha
CONSUMO DE FERTILIZANTES NO BRASIL
Cultura 2006 2007 2008 % em 2008
1o Soja 7.103 8.344 7.459 33
2o Milho 3.652 4.761 4.400 20
3o Cana 3.131 3.392 2.931 13
4o Café 1.585 1.564 1.295 6
5o Algodao 1.044 1.215 877 4
TOTAL 20.982 24.609 22.429
ANDA 2008
FERTILIDADE DO SOLO
Conceito
Solo fértil é aquele que contém, em quantidades suficientes e balanceadas, todos os elementos essenciais (nutrientes) em formas disponíveis.
Solo produtivo é aquele que, sendo fértil, se encontra localizado numa zona climática capaz de proporcionar suficiente umidade, luz e calor para o bom desenvolvimento das plantas nele cultivadas.
Nem todo solo fértil é produtivo, porém todo solo produtivo é fértil.
E A FERTILIDADE DOS SOLOS
COMO AVALIAR ???
Métodos baseados na análise química do solo
Métodos baseados no estado nutricional das plantas
Amostragem de solo
A análise química do solo é realizada em uma amostra de uma
população naturalmente heterogênea em suas características, cuja
variabilidade decorre de processos pedogenéticos, expressando-se,
horizontal e verticalmente, em razão de fatores, como mineralogia,
vegetação, topografia e atividades antrópicas. O individuo na população
solo é a menor área, considerando determinada profundidade, que se
deve amostrar para caracterizar a fertilidade de um volume efetivamente
explorado por uma planta. Assim, a exatidão na avaliação da fertilidade
do solo depende de uma criteriosa amostragem. Se a amostra for não-
representativa, dificilmente se obterá uma adequada caracterização da
fertilidade do solo.
Coeficiente de variação de algumas características obtidas a partir de repetições de análise de uma mesma amostra no laboratório e diferentes amostras de dois Latossolos
CaracterísticaRepetições de
laboratório
Repetições no campo
LR LV
___________________________________________%_________________________________
pH 1 7 4
P 6 101 27
K 2 32 29
Al3+ 4 40 15
Ca2+ 3 89 29
Mg2+ 4 52 44
MO 2 14 14
VARIABILIDADE DAS CARACTERÍSTICAS
f(%)
Chã Encosta Várzea
pH(1) P K Ca2+ + Mg2+ Al3+ pH P K Ca2+ + Mg2+ Al3+ pH P K Ca2+ + Mg2+ Al3+
50 1 20 10 1 5 1 10 30 5 5 1 40 20 1 10
80 1 15 8 1 1 1 5 20 1 1 1 30 10 1 5
PROPOSTA PARA CANA-DE-AÇÚCAR
NÚMEROD E AMOSTRAS SIMPLES PARA FORMAR COMPOSTA
Característica
Terraço Encosta
X s CV L X s CV L
% %
pH 5,65 0,27 4,73 0,04 5,31 0,21 3,94 0,03
P 1,19 1,69 142,21 0,28 1,22 0,75 61,67 0,12
K 63,30 52,34 82,69 8,64 20,88 24,84 118,95 4,10
Ca2+ + Mg2+ 5,22 0,89 17,13 0,15 2,11 0,92 43,48 0,15
Al3+ 0,17 0,06 37,20 0,01 0,48 0,17 35,97 0,03
O TAMANHO DA VARIABILIDADE DE P E K
Métodos de análise química do solo
Característica
Método de extração Método de dosagem
PTCE-1(1) PTCE-2(2) PTCD-1(3) PTCD-2(4)
pH CaCl2 0,01 mol L-1 (1:2,5) H2O (1:2,5) - -
Al3+ KCl 1 mol L-1 - Titulometria -
Ca2+ e Mg2+ Resina(5) KCl 1 mol L-1 Complexometria Espctrofotometria
de absorção atômica
Na+ Resina(5) Mehlich-1 Fotometria -
H + Al Ca(OAc) 0,5 Mol L-1 pH 7,0
-
Titulometria SMP(6)
P disponível Resina(5) Mehlich-1 Colorimetria -
K disponível Resina(5) Mehlich-1 Fotometria -
S disponível Ca(H2PO4)2
500 mg L-1 em H2O
Ca(H2PO4)2
500 mg L-1 em HOac
Turbidimetria -
Fe, Mn, Cu e Zn disponíveis DPTA(7) Mehlich-1 Espctrofotometria
de absorção atômica -
B disponível Água quente
-
Espctrofotometria
de absorção atômica -
Si solúvel CaCl2 0,01 mol L-1 HOac 0,5 mol L-1 Colorimetria -
N total Micro-Kjeldahl - Titulometria -
Matéria orgânica C oxidável por Cr2O72- Incineração Titulometria Colorimetria
Tabelas de interpretação
Fósforo em Pernambuco
Cana-PlantaFundação
Fósforo (P2O5) kg ha-1
<6 1806 - 10 90>10 40
Teores no solo
---mg dm-3 de P---.
Tabela de Interpretação de fósforo para cana-de-açúcar quando o extrator para estimativa do disponível for o Mehlich-1 e Argila a característica preditiva do poder tampão de fosfato do solo
Classificação
Característica Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Fósforo disponível (P)
Argila (%) _____________________________mg dm-3______________________________
> 60 < 3,5 3,5-5,4 5,5-9,5 9,6-12,0 > 12,0
35-60 < 6,5 6,5-9,5 9,6-12,5 12,6-16,0 > 16,0
15-35 < 8,5 8,5-12,5 12,6-18,0 18,1-22,0 > 22,0
< 15 < 14,0 14,0-18,0 18,1-24,0 24,1-30,0 > 30,0
Simões Neto (2008)
Tabela de Interpretação de fósforo para cana-de-açúcar quando o extrator para estimativa do disponível for o Mehlich-1 e P remanescente for a característica preditiva do poder tampão de fosfato do solo
Classificação
Característica Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Fósforo disponível (P)
P-rem (mg dm-3) __________________________________mg dm-3_______________________________
< 12 < 3,5 3,5-5,4 5,5-9,5 9,6-12,0 > 12,0
12-17 < 6,5 6,5-9,5 9,6-12,5 12,6-16,0 > 16,0
17-35 < 8,5 8,5-12,5 12,6-18,0 18,1-22,0 > 22,0
> 35-60 < 14,0 14,0-18,0 18,1-24,0 24,1-30,0 > 30,0
Simões Neto (2008)
Classes de interpretação da disponibilidade de potássio extraído pelo método Mehlich-1, conforme a capacidade de troca de cátions (CTC) a pH 7,0
CTC a
pH 7,0
Classe de interpretação
Muito baixo Baixo Médio Alto Muito alto
cmolc dm-3 _____________________________________________mg dm-3_____________________________________________
> 15 ≤ 30 31-60 61-90 91-180 > 180
5,1-15,0 ≤ 20 21-40 41-60 61-120 > 120
≤ 5,0 ≤ 15 16-30 31-45 46-90 > 90
Tabelas de recomendação
Classe de teores
N P2O5 K2O
SP(1) MG(2) PE(3) SP MG PE SP(4) MG(5) PE(6)
__________________________________________kg ha-1_________________________________________
Cana planta(7)
Não analisado 60-90 0-60 40
MB - - 180 - - 200 - -
B - - 140 150 180 160 160 100
M - - 100 100 90 120 120 70
A - - 80 50 40 80 80 70
MA - - - - - 0 - -
Cana soca(8)
Não analisado 120 100 100
MB - - - - - - - -
B - - 30 40 40 150 140 120
M - - 0 0 30 120 100 100
A - - 0 0 0 90 60 100
MA - - 0 - - - - -
Por outro lado, esquece o que ouviu e CALIBRA teus solos e tua adubação
Para PotássioProdução de colmos
Produção relativa(1) Teor de K no solo- K + K
___________________________t ha-1_________________________ % mg dm-3
16,3 38,0 43 16
75,0 105,1 71 27
86,3 102,2 84 29
59,3 70,8 84 31
61,0 84,7 72 33
80,7 123,5 65 33
82,7 97,1 85 37
71,7 87,3 82 47
100,7 105,5 95 53
14,9 143,0 104 89
159,7 168,4 95 93
196,0 190,9 103 119
Produção relativa = Produção da cana no tratamento - K x 100 Produção da cana no tratamento + K
0
20
40
60
80
100
120
0 20 40 60 80 100 120 140
K (mg dm-3)
Pro
duçã
o re
lativ
a (%
)
MA A M B MB
Nível crítico
Esse é o resultado...
E para fósforo...
0102030405060708090
100
0 50 100 150 200 250 300
P (kg ha-1)
Pro
duçã
o de
col
mos
(t h
a-1
)
0102030405060708090
100
0 50 100 150 200 250 300 350
P (kg ha-1)
Pro
duçã
o de
col
mos
(t
ha-1
)
17,1896 + 9,73866***√x - 0,327318***x, R2=0,997
Latossolo com 680 g kg-1 de
argila e Prem = 12 mg L-1 MEEGleissolo com 740 g kg-1
de argila e Prem = 17 mg L-1
60,3344 + 4,31879** √x - 0,153385**x, R2=0,948
MEE
0
2
46
8
10
1214
16
18
0 50 100 150 200 250 300
P (kg ha-1)
P r
ecup
erad
o (m
g dm
-3) -0,944168 + 0,0638937***x, R2 = 0,970
NC no Latossolo
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 50 100 150 200 250 300 350
P (kg ha-1)
P r
ecup
erad
o (m
g dm
-3) 6,17176 + 0,082851***x, R2 = 0,883
NC no Gleissolo
Simões Neto (2008)
Dose recomendada = Teor no nível crítico – Teor no solo dado pela análise declividade da recuperação do extrator
E a recomendação da adubação...
Para o Latossolo
DR = _5,4 – 2,0_ → DR ≈ 54 kg ha-1 de P ou DR ≈ 124 kg ha-1 de P2O5
0,0638937
Para o Gleissolo
DR = _9,6 – 6,0_ → DR ≈ 44 kg ha-1 de P ou DR ≈ 101 kg ha-1 de P2O5
0,082851
E os métodos baseados no estado nutricional das plantas....
Composição elementar da matéria seca de uma planta de cana-de-açúcar_______________________________________________________________________
ELEMENTO % ELEMENTO %________________________________________________________________________
O 44,4 N 1,46 C 43,6 Si 1,17 H 6,2 K 0,92 Ca 0,23 P 0,20 Mg 0,18 S 0,17 Cl 0,14 Al 0,11 Fe 0,08 Mn 0,04
________________________________________________________________________ SOMA 94,2 SOMA 4,70
________________________________________________________________________
Analise foliar
Dois objetivos:
1. Análise do estado nutricional;
2. Quantificar extração e exportação de nutrientes.
Essa definição é importante para definir a a amostragem
Quantas amostras por área....
Para diagnose nutricional:
É recomendável entre 25 e 50% do número recomendado para amostragem de solos.
Em várzeas a sugestão é entre 20 e 30 folhas e nas encostas e chã entre 15 e 20 folhas.
Para quantificar nutrientes:
Normalmente em uma fração de plantas na área útil experimental
Qual a idade da planta....
Normalmente entre 4 e 6 meses após a brotação.
Cuidado: em plantio de meio para fim de inverno essa recomendação irá coincidir com a paralisação do crescimento da cana, interferindo significativamente em seu status nutricional.
Métodos de análise química da planta
Nutriente
Quantidade de amostra
(volume final do extrato)Método de extração Método de dosagem
Mínima Máxima
N 50 mg
(25 mL)
200 mg
(100 mL)
Digestão sulfúrica Titulometria
P 250 mg
(25 mL)
1.000 mg
(50-100 mL)
Digestão nitro-perclórica Colorimetria
K 250 mg
(25 mL)
1.000 mg
(50-100 mL)
Digestão nitro-perclórica Fotometria
S 250 mg
(25 mL)
1.000 mg
(50-100 mL)
Digestão nitro-perclórica Turbitimetria
Ca, Mg, Cu, Fe, Mn,
Zn e Ni
250 mg
(25 mL)
1.000 mg
(50-100 mL)
Digestão nitro-perclórica Espectrofotometria de
absorção atômica
B 100 mg
(10 mL)
1.000 mg
(10 mL)
Incineração Colorimetria
Mo 1.000 mg
(20 mL)
5.000 mg
(20 mL)
Incineração Colorimetria
Cl 100 mg
(25 mL)
1.000 mg
(100 mL)
Agitação aquosa Titulometria
Padrões de referência ou faixas de suficiência e níveis críticos de nutrientes em folha índice(1) de cana planta e soca aos quatro meses após a brotação(2)
Nutriente
Cana planta Cana soca
Macronutriente Micronutriente Macronutriente Micronutriente
dag kg-1 mg kg-1 dag kg-1 mg kg-1
N 1,90 – 2,10
(2,00)
- 2,00 – 2,20
(2,10)
-
P 0,20 – 0,24
(0,22)
- 0,18 – 0,20
(0,19)
-
K 1,10 – 1,30
(1,20)
- 1,30 – 1,50
(1,40)
-
Ca 0,80 – 1,00
(0,90)
- 0,50 – 0,70
(0,60)
-
Mg 0,20 – 0,30
(0,25)
- 0,20 – 0,25
(0,25)
-
S 0,25 – 0,30
(0,28)
- 0,25 – 0,30
(0,28)
-
B(3) - 15 – 50
(32,5)
- -
Cu - 8 – 10
(9)
- 8 – 10
(9)
Fe - 200 – 500
(350)
- 80 – 150
(115)
Mn - 100 – 250
(175)
- 50 – 125
(87,5)
Zn - 25 – 50
(37,5)
- 25 – 30
(27,5)
Cl(4) - -
(680)
- -
(680)
Mo(3) - 0,15 – 0,30
(0,23)
- -
Interpretação dos resultados...
Desvio do Percentual Ótimo (DOP) e Índices Balanceados de kenworthy (KW)
Nutriente
N P K Ca Mg S Cu Mn Zn
________________________________________dag kg-1_______________________________________ _____________mg kg-1____________
Amostra 1,49 0,21 1,24 0,34 0,27 0,19 5,00 74,40 14,30
Cref(1) 2,00 0,22 1,20 0,90 0,25 0,28 9,00 175 37,5
DOP - 26 - 5 4 - 63 8 - 32 - 45 - 58 - 62
Interpretação dos resultados...Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS), Índice de Balanço Nutricional médio (IBNm) e o Potencial de Resposta à Adubação
OBRIGADO PELA ATENÇÃO