¹Jornalista (UNINOVE), Radialista – setores locução e programação musical (SENAC-SP).
E-mail:[email protected]
A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
COMO FERRAMENTA DE MARKETING
Thiago Castilha¹
RESUMO
O enfraquecimento das Mídias Tradicionais, Meios de Comunicação de Massa, e o
crescimento das Mídias das Fontes revela a complexidade da comunicação na atualidade
propondo a reflexão sobre estruturas e poder na Sociedade. A comunicação em massa não é
mais suficiente para atingir objetivos de uma organização. A customização e o interesse por
assuntos específicos caminham paralelamente as necessidades e falta de tempo que as pessoas
sofrem na modernidade Mundial. O Brasil reflete a situação internacional. As fontes criam
seus próprios veículos de comunicação e promovem independência perante as vontades das
Mídias de Massa utilizando as mesmas ferramentas do jornalismo em outro formato, mas sob
a mesma intenção: a defesa de interesses.
Palavras-chave: Mídias das Fontes, Comunicação Institucional, Nichos de Mercado
1 INTRODUÇÃO
O processo da democracia da informação já começou e não pode ser ignorado. As
grandes corporações da mídia já estão atentas a estas mudanças. As instituições, antes
dependentes da “boa vontade” da mídia de massa estão criando seus canais de comunicação.
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Em um cenário como este existe dois pontos de relevância: desafios e oportunidades.
Aos profissionais da comunicação cabe entender, decifrar e superar o oceano de informação
que está sendo gerado a cada instante. As oportunidades estão na possibilidade de ganhar
relevância social sem depender das grandes redes oligárquicas da mídia.
O paradigma discutido neste artigo é o crescimento das mídias institucionais denominadas
como Mídias das Fontes, fenômeno que surgiu e ganhou relevância como alternativa as
empresas dominadoras das Mídias de Comunicação de Massa.
A contribuição da presente pesquisa está na identificação de um nicho de trabalho, logo
uma oportunidade aos profissionais em inicio de carreira, bem como os já ingressados na
profissão do Jornalismo.
No campo acadêmico, esta pesquisa contribui para identificação e visa proporcionar maior
conhecimento sobre as consideradas Mídias de Fontes e o processo revolucionário em que
estão envolvidas, cuja ação contribui para a redução do poder das MCM, uma vez que as
Mídias Corporativas vêm ocupando espaço gradualmente no campo comunicacional.
2 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
A comunicação corporativa, também conhecida como comunicação empresarial tem
seus primeiros registros na Europa do século XVI. As primeiras publicações catalogadas
foram a alemã Zeitungen e a italiana Avvis, ambas de propriedade de casas bancárias. Eram
folhetos com noticias, muito diferentes do formato das publicações que conhecemos na
atualidade. (SANTOS, 1995)
Dentro da definição de imprensa institucional existem três características
fundamentais: Propriedade, periodicidade e caráter jornalístico. O grande potencializador da
comunicação corporativa foram as conseqüências econômicas e sociais da Revolução
Industrial que criou demanda para o exercício de tal atividade, pois as empresas em pleno
crescimento precisavam de espaço para divulgar suas atividades. (SANTOS, 1995)
Sobre a comunicação institucional, responsável tanto pela redução parcial do domínio
e poder quase absoluto dos veículos de comunicação tradicionais sobre a construção e
legitimação de realidades, como pela criação de uma relação entre estes mesmos veículos e a
comunicação corporativa, podemos considerar que tal fenômeno proporcionou voz e espaço
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próprio às empresas e organizações antes meras participantes e fontes de informação dos
meios de comunicação tradicionais. (SANT’ANNA, 2006). Na sociedade brasileira o
surgimento e desenvolvimento da comunicação institucional como tem sido progressivo e está
se consolidando a cada dia.
No anos 80, a imprensa sindical (empregados) brasileira foi uma grande escola para a
mídia das instituições patronais. Os trabalhadores, intelectuais e estudantes buscavam um
novo horizonte para os brasileiros. Nesse contexto ocorreram as greves no ABC e a
consolidação das entidades sindicais representativas dos movimentos populares. (KUCINSKI;
2003)
A evolução da comunicação nas últimas décadas aponta forte tendência e oportunidade
para o profissional do jornalismo no campo institucional. As mídias tradicionais estão
perdendo força e liquidez. Quadro de funcionários enxuto, em função de questões econômicas
– perda do consumidor, no caso do impresso, que acompanha e se informa pela internet, meio
que apesar das possibilidades multimídias ainda não oferece retorno financeiro.
[...] No Brasil, o campo da Comunicação Organizacional evoluiu nos últimos
quarenta anos das reflexões operacionais sobre o jornalismo empresarial –
produzido no contexto da administração científica e de uma sociedade
politicamente e economicamente fechada – para uma comunicação que, na
contemporaneidade, deve ser produzida para uma sociedade mais aberta, em
termos comportamentais, e, no entanto, mais complexa no que se refere aos
desafios econômicos, sociais e ecológicos[...] (Nassar, 2008, pg. 73)
As mídias digitais se caracterizam, de lá para cá [anos 90], por grande abrangência,
alta interatividade e velocidade de intervenção no debate social, além de sua utilização por
não-especialistas, como produtores de conteúdos e acontecimentos midiáticos. (NASSAR,
2008, pg. 194).
Por que buscar como meio de trabalhos publicações institucionais? A resposta está no
crescimento e tendência de expansão do setor. A pesquisa da ABERJ sobre Comunicação
Interna de 2007 que destaca o crescimento da comunicação corporativa pelo aumento de
investimento das empresas nessa área.
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O aumento de investimento em mídias institucionais, seja pela diversificação no plano
de mídia ou pela necessidade de falar com públicos específicos é fator comprobatório da tese
de que as mídias tradicionais estão perdendo espaço. Atualmente, o consumidor busca
produtos com que tem identificação. O mercado institucional tem esse forte apelo e
diferencial, pois a produção é especifica para determinado nicho. Assim sendo, existe o
enaltecimento do individuo desassociando-o da massa.
2.1 MICRO-ESFERAS DE INFLUÊNCIA E O ENFRAQUECIMENTO
DAS MÍDIAS TRADICIONAIS
Em análise mais profunda do cenário da comunicação midiática no Brasil revelará um
processo, cuja tendência parece ser a divisão de mercado, de ampliação de espaços próprios
de expressão para setores que até há pouco tempo só tinham voz na medida em que
interessassem ao agendamento da mídia tradicional. A percepção de tal divisão é notada pelo
surgimento de inúmeras publicações que especializadas ou não dividem a atenção do público,
cuja predileção existe pelos assuntos em que tem interesse.
Tamanha é a divisão e oportunidade de espaço para exposição que até organizações
sociais de caráter religioso, organizações não governamentais, instituições de ensino e
segmentos do poder político e judiciário têm hoje à disposição canais de TV aberta, emissoras
de rádios ou programas especiais periódicos nos mais diferentes veículos de comunicação.
(SANT´ANNA, 2009)
À primeira vista, seria possível observar tal fenômeno apenas como esforços das
organizações que têm propósito de ampliar sua capacidade de alcance ao proporcionar
informação dirigida aos públicos de interesse conquistando além de audiência, vantagens para
si, econômicas e ou políticas.
No entanto, esta visão reducionista e superficial deixaria à margem uma avaliação
mais aprofundada de objetivos e implicações que derivam do processo, não permitindo que
alcançasse a natureza, em certa medida, revolucionária, ou seja, é contundente considerar que
o aumento desse tipo de comunicação e a divisão de poder das mídias tradicionais que passam
a ter como concorrentes as mídias corporativas.
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Este processo implica o deslocamento desses setores, antes restritos à condição de
fontes de informação, apenas informativo, agora como produtores de mídias da fontes. Assim
sendo, cria-se uma classificação especifica: Jornalismo das Fontes e considerar os
profissionais que nela atuam de Jornalistas das Fontes.
“A ação informativa das fontes engloba também a produção de inúmeras estruturas
que atuam como agências de notícias, algumas das quais especializadas em preparar e
difundir para as mídias tradicionais informações já formatadas para a veiculação
imediata na televisão e no rádio, os chamados rádio releases, tele releases ou ainda
releases eletrônicos. Esses produtos encontram excelente aceitação por parte da mídia
tradicional, uma vez que apresentam conteúdo satisfatório, são gratuitos e se mostram
economicamente interessantes às estruturas reduzidas das redações jornalísticas
tradicionais. A sociedade brasileira, portanto, se organiza cada vez mais para falar
diretamente à opinião pública sem intermediários”. (SANT’ANNA,2006)
2.2 INFLUÊNCIA NO MEIO – A FORMAÇÃO DE OPINIÃO
Os meios de comunicação que transmitem informações, idéias, entretenimento;
também são formadores de opinião. Um exemplo clássico é a influência exercida pelas
novelas brasileiras na moda das ruas. Indianas, ciganas, praianas enfim, são tendências que a
mídia cria e as pessoas transportam para a vida.. O mesmo fenômeno ocorre com as revistas
institucionais.
Por meio da publicação, a organização detentora de sua propriedade dissemina sua
ideologia, expõe suas perspectivas sobre o fato e contesta situações que não lhe são
convenientes.
Além de influenciar o público, a publicação quando alcança status de idoneidade, quer
por sua abrangência e ou seriedade, adquire poder para conseguir benefícios para si e para seu
meio de atuação como, por exemplo, governo, categorias econômicas correlacionadas e
imprensa de interesse. Tal influência na esfera pública é comprovada pelos números
levantados nos estudos de Venâncio A. de Lima:
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[...] a televisão no Brasil tem um grupo claramente hegemônico: a Rede Globo,
que completou 40 anos em 2005, controlava, em junho do mesmo ano, 119
emissoras entre próprias e afiliadas. Produziu cerca de 70% de toda a sua
programação e manteve, em 2003, sua participação média no mercado televisivo
em cerca de 54%. Suas novelas são exportadas para vários países e já alcançaram
(em 2005) cerca de 70 milhões de telespectadores por ano no exterior. Em 2005,
a Rede Globo – sem incluir as afiliadas – teve um faturamento líquido de 2,3
bilhões de reais. Isso representa cerca de três vezes o faturamento da Rede
Record e do SBT juntas. Com essa estrutura, a Rede Globo se tornou um
importante ator político, participando, ao longo dos anos, às vezes de forma clara
e direta, das mais importantes decisões políticas do país. (LIMA, 2007, p. 457)
2.3 - O VÍNCULO ENTRE PODER E MÍDIA
“Quem detém a informação, detém o fator central de desenvolvimento”
(GUARESCHI, 2000). Considerando o desenvolvimento do poder apenas como técnica, o
poder alcançou este grau máximo de excelência ao conseguir a invisibilidade do processo de
domínio e, por conseqüência, de quem o detém. Galbraith (1999) definiu-o como a
capacidade de um indivíduo ou grupo de obter de outro indivíduo ou grupo de indivíduos a
submissão as suas vontades.
Em outras palavras, o castigo aplicado na época da escravatura, geralmente pelo uso
de chicote em um servo, o mantinha consciente do domínio exercido pelo feitor. O chicote por
sua vez era o símbolo de poder.
Atualmente de modo menos doloroso, mas não menos torturante, o trabalhador exerce
suas funções à força, que é claramente perceptível, da necessidade e expectativa de
compensação econômica. O grande potencializador desta “tortura” moderna é o consumismo
que está injetado nas veias da atual sociedade. (JAMESON, 2006) Guareschi nos oferece um
exemplo de como a comunicação pode ser um instrumento vigoroso de construção de
realidades a partir do que se denominou “milagre brasileiro”.
Um claro de como a comunicação constrói a realidade foi o que Mattelart (1973)
chamou o processo de “maior exercício de marketing internacional do Brasil” a
campanha foi feita pelo governo brasileiro no início da década de 70. Ao preço
de meio milhão de dólares, o governo brasileiro reuniu, num consórcio, as quatro
maiores agências publicitárias do país (todas elas penetradas de capital norte-
americano) e planejou a campanha de “criação” do “milagre brasileiro”, com
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anúncios redigidos em cinco línguas e enviados aos maiores diários e revistas do
bloco capitalista. Com isso, o governo encheu o balão do milagre brasileiro que
viria a se esvaziar pouco tempo depois, misteriosamente... (GUARESCHI, 2004,
pg. 14)
2.4 - RELAÇÃO ENTRE JORNALISMO E PROPAGANDA
O jornalismo – profissão - traz consigo o romantismo e forte e ideologia com
princípios de defensor da verdade e guardião da sociedade. A figura do jornalista é
conceituada na sociedade como um super-herói repleto de virtudes. Um exemplo clássico é a
personagem Super Homem/Clark Kent que mesmo tendo todas as possibilidades ao alcance
das mãos age sempre com idoneidade, austeridade e compaixão, mesmo em situações em que
qualquer um seria perdoado se cometesse um erro. Já os profissionais do marketing são vistos
como Lex´s Lutors, figura, segundo o produto midiático, que é capaz de utilizar de qualquer
recurso para lucrar. (SHUSTER E SIEGEL 1938)
Dados os estereótipos, a relação entre jornalismo e propaganda que por mais
contraditórias e antagônicas que possam ser no senso comum, são atividades que estão muito
próximas. Entretanto nesta correlação os pesos e medidas são diferentes. O jornalismo é
dependente da propaganda que gera receita possibilitando a atividade. Já o marketing, nesta
abordagem, é auto-suficiente por não depender do jornalismo para existir.
No entanto a propaganda sofre ruídos e no formato de publicidade – ou texto
jornalístico – a barreira de defesa do leitor é muito mais fácil de ser vencida pela mensagem.
Interação e cooperação mútua são os termos que guiam essas áreas da comunicação na
atualidade. O fato é que o exercício do jornalismo tem custo elevado, no caso de publicações
mais elaboradas este custo é maior ainda. Como manter a qualidade de um produto, se os
custos para sua produção é alto? Aí é que entra o marketing como mantenedor e capacitador
de arrecadação de recursos.
Aproximação entre as atividades é motivada pela necessidade de lucro. A afirmação
apresenta uma situação que existe desde o primórdio do jornalismo moderno. Essa relação foi
debatida no Curso de Jornalismo da Abril em 2005, segundo relato no artigo de Fabiano
Ávila:
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[...] Segundo o diretor superintendente da Abril e estudioso da relação entre
marketing e jornalismo, Laurentino Gomes, quando o jornalista busca tornar o
material jornalístico interessante e agradável, está fazendo marketing. Para
aumentar a polêmica, defendeu em sua palestra no Curso Abril que a reportagem
nada mais é do que uma poderosa ferramenta de marketing, que permite
sistematizar a busca de informações, ordená-las de forma compreensível na
linguagem do leitor e satisfazê-lo em suas necessidades. Diversas lições do
marketing sempre foram, consciente ou inconscientemente, aplicadas ao
jornalismo. Em relação à fidelidade do público, por exemplo, o marketing ensina
que clientes muito satisfeitos tornam-se "apóstolos". São aqueles apaixonados,
capazes de defender um produto em qualquer circunstância. As redações sempre
buscaram formar esses seguidores criando espaços para suas manifestações e
atendendo quando possível a suas reivindicações. [...]
Outro comparativo que também exemplifica a idéia sobre este assunto é ver marketing
e jornalismo e como estado e igreja, ou seja, respectivamente administrativo e redação. No
entanto, diferente da tendência que há para estados cada vez mais desassociados da religião, a
relação entre marketing e jornalismo, ideologicamente antagônica, está cada vez mais
próxima.
Sobre a função do jornalista é disseminada na academia a importância da verdade e
compromisso com a sociedade, sendo que "tem uma delegação ou representação tácita que o
autoriza a ser os ouvidos e os olhos remotos do público" (LAGE, 2001, pg.23).
Normalmente o jornalismo deve ser independente para seu livre exercício, mas é questionável
a influência de patrocinadores e interesses comerciais e políticos da empresa jornalística. Na
prática percebemos que os fatores financeiros falam mais alto. Em jornais impressos é
frequente a diminuição de textos para inserção de anúncio publicitários, por exemplo.
Sobre a conceituação de marketing, de forma errônea, o termo é usado como vocábulo
alternativo para vendas, sendo que muitas vezes é vulgarizado e ao seu significado é agregada
a figura de ilusionista. É colocado, desta forma preconceituosa como manipulador de uma
situação para a melhor aceitação do público.
Peter Drucker ao explanar sobre a forma de captação de recursos e obtenção de
resultados em uma empresa, explica que independente da atividade os recursos e a cobertura
dos custos estão fora da empresa, sendo o maior patrimônio desta o conhecimento – agregado
pela parte cientifica e social advinda do intelecto dos seus colaboradores - e a capacidade de
usá-lo. (DRUCKER, 1998)
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Tendo como partida que o conhecimento é o maior bem de uma empresa, enaltece a
importância do marketing como ferramenta para captação de recursos e obtenção de
resultados, fatores determinantes para uma empresa jornalística funcionar.
Ressaltadas as qualidades, faz-se necessário discutir o que realmente força esse
relacionamento cada vez mais próximo entre jornalismo e marketing. O ombusdman da Folha
de São Paulo em 1995, Marcelo Leite, publicou artigo que é bastante importante para o
desenvolvimento dessa parte do trabalho. 34
No artigo, intitulado como “Marketing, jornalismo e isenção”, o texto relaciona o
aumento de custos da produção jornalística como maior fator da aproximação das redações
com o marketing.
O concubinato de conveniência entre marketing e jornalismo ainda não produziu
prole capaz de fundar uma dinastia, mas já espalhou alguns bastardos pela
imprensa brasileira. Um deles é o que se poderia chamar de matéria paga
gratuita, na falta de apelido menos contraditório. Submetidos à alta dos preços do
papel e à concorrência de outros meios, jornais e revistas recorrem cada vez mais
a promoções para manter ou elevar as tiragens. Fascículos, CDs, sorteios _há
apêndices para todos os gostos nas bancas. As pessoas compram, sinal de que a
estratégia está correta (ou seja, funciona, conforme a lógica estreita dos tempos
atuais).O abastardamento do jornalismo não decorre dos próprios brindes, alguns
dos quais até podem ajudar a educar este país inculto. O problema está no uso do
já racionado espaço editorial _aquele destinado a notícias e reportagens, não a
anúncios_ para a promoção dessas iniciativas estranhas às redações. Neste
terreno, a maioria dos jornais e revistas têm telhados de vidro. Das reportagens
da Folha sobre seus atlas às do jornal "O Estado de S.Paulo sobre os encartes da
revista "National Geographic que está para lançar, não faltam exemplos de
anúncios fantasiados de notícias. Não são poucos os leitores que percebem esse
desvio e se queixam, indignados, ao ombudsman. [...]
Antagônicos ou não, de fato as duas áreas estão a cada dia mais próximas, haja visto
que a atuação jornalista há muito se tornou negócio. Empresas jornalísticas, como outras
empresas visam lucro. O marketing proporciona situações que possibilitam melhores
resultados financeiros ao jornalismo. Cabe à discussão da questão, o exercício da ética do
jornalista.
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2.5 JORNALISMO E PROPAGANDA NAS MÍDIAS INSTITUCIONAIS
Nas mídias institucionais a relação com o marketing pode ser vista em outro sentido,
uma vez que o produto em si é feito com o objetivo de disseminar ideologia por meio do
conteúdo da pauta, como discutido no tópico Pauta Protecionista do capítulo anterior. O
propósito destas mídias é complacente com esta relação.
Basta ressaltar que este tipo de comunicação, compreendido também como jornalismo
de influência (SANT´ANNA, 2009) segundo consideração do autor, existe alto potencial
desses veículos tornarem-se ferramentas de propaganda. As empresas têm objetivos fixados
no exercício do jornalismo “obter a participação positiva, com intensidade moral dos
trabalhadores” (TORQUATO, 2004, pg. 26). Sobre suposta dependência do jornalismo
institucional, que pode e muito depreciar a atividade jornalística, Sant´anna discorre sobre
esse aspecto diz:
[...] Inicialmente, a alegação de que, nos jornalismo das fontes não existe
oposição ou independência na relação jornalista versus fonte pode até ser
verdadeira, mas não é suficiente para descaracterizar tal atividade como
jornalística. De maneira geral, no jornalismo a relação fonte-jornalista pode
suscitar interesses e satisfações comuns aos dois lados. Entre jornalistas e fontes
é factível a existência de uma relação de identidade ou de complementaridade,
pelas quais os dois pólos comungam os mesmos objetivos e as mesmas
realidades e colaboram de maneira sistemática e intencional na produção
jornalística. [...] (SANT´ANNA, 2009 , pg. 511)
2.6 CREDIBILIDADE - FATOR DIFERENCIAL
Apesar da relatada proximidade entre marketing e jornalismo é preciso ressaltar o
diferencial que a imprensa, por meio da atuação do jornalista proporciona: credibilidade. Este
é o fator mais importante em publicações. O jornalismo, antes de tudo e por definição tem
compromisso com a população. Quanto maior a idoneidade, maior é a confiança do público.
Atualmente, observa-se que devido a exigências de mercado e financeiras muitos
veículos estão abrindo mão da credibilidade pela audiência, seja no papel ou na tela de TV.
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O jornalista Luciano Martins, publicou um artigo no site do Observatório da imprensa
sobre a troca de credibilidade por audiência:
[...] em vez de procurar se diferenciar na complexidade das mídias, as empresas
jornalísticas buscam se beneficiar por todos os meios dos volumes de audiência
dos meios de entretenimento, aderindo ao discurso ligeiro da mídia eletrônica e
eventualmente até mesmo emprestando a seriedade de suas páginas a invenções
de produtores e marqueteiros, em especial no chamado mercado de cultura.
(MARTINS, 2005)
Revistas e outras mídias que utilizam do jornalismo não devem perder essa
característica. O consumidor impõe menos barreiras à informação jornalística do que a
publicitária e o jornalismo não deve ser o falso dessa relação. Perder o fator credibilidade é
como perder a identidade jornalística. Luciano Martins, no mesmo artigo reitera a importância
da credibilidade na produção jornalística:
A credibilidade, portanto, é valor que se inicia e se fecha dentro do ambiente estrito do
jornalismo, esteja ele expresso em papel, numa tela de computador ou no telefone celular.
Portanto, as chances de empresas jornalísticas conseguirem sobreviver, no ambiente de
rápidas transformações que estamos vivendo, dependem em grande parte de sua capacidade
de romper o círculo de auto-referências e se lançar à conquista da confiança de grandes e
diversificadas massas de cidadãos. (MARTINS, 2005)
3 CONCLUSÃO
O caráter revolucionário das Mídias das Fontes é indiscutível, entretanto seu anseio é o
mesmo da mídia tradicional, a defesa de interesse. No Caso das Mídias das Fontes é a busca
por voz na sociedade e interação entre seus pares. O mercado aponta uma forte tendência de
aprimoramento das mídias institucionais. No entanto alguns fatores são primordiais como
credibilidade e ética para cria e manter a confiança do público.
É preciso levar em consideração que neste novo cenário midiático, as informações
produzidas por estes atores sociais – instituições- disputam a audiência da sociedade com os
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veículos e meios das mídias tradicionais. Neste sentido, passam gradualmente a reduzir o
monopólio do agendamento da realidade, antes sob os critérios e interesses unicamente dos
agentes tradicionais.
Com base nas obras de especialistas em comunicação por meio de pesquisa
bibliográfica, bem como estudo de caso este artigo revela a força das mídias
institucionais/segmentadas e demonstra que o poder destes periódicos esta bem além de meros
boletins de notícias.
Os nichos estão cada vez mais específicos, existem publicações especializadas em
tratamento de pele, esportes como golf, sinuca e até mesmo publicações sobre frutas e
legumes. Mas o que está por traz dessa grande quantidade de informação gerada a cada
instante. Dentro desse universo colocasse em discussão a neutralidade jornalística versus a
intenção da publicação desde a formação de opinião, influencia do meio e intenções de
marketing.
A disponibilidade de veículos de comunicação segmentados, especializados e dirigidos
a públicos específicos podem ser uma boa solução de marketing para falar diretamente ao
público de interesse.
Os desafios para os profissionais de comunicação estão a cada dia mais complexos.
Vivemos um momento em que a desinformação é reinante. A atenção do publico é talvez, um
dos pontos mais difíceis dentro do processo de comunicação.
Essas mídias, em especifico têm forte caráter de regulação e orientação ao seu leitor,
tão logo o bloqueio e recusa a informação/propaganda é menos resistente devido ao
interessado consumir esse conteúdo com interesse e minúcia.
Um formato de falar com o cliente bastante recorrente é o formato editorial que não é
novidade em jornalismo e muito menos em propaganda. No entanto é bastante recorrente, haja
vista que a credibilidade do veículo pesam na eleição de idoneidade do leitor em relação à
conteúdo.
As mídias das fontes fazem parte de um processo de revolução comunicacional em que
as mídias de massa em posse de oligarquias e a serviço de favorecimento e do lucro em
beneficio próprio estão a cada dia perdendo força. As mídias impressas, rádios e TV vivem
dilemas e buscam soluções para a perda de audiência e principalmente nas vendas.
A segmentação é a resposta para toda essa crise e é também o grande desafio. Eleger
grupos que compartilhem das mesmas ideias dos veículos e trabalhar de acordo com os
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interesses desses grupos não é um mecanismo simples. No caso das mídias de massa que
vivem do lucro pela grande escala, o problema torna-se mais complicado.
As Mídias das Fontes possuem essa característica e tem maior desenvoltura no
relacionamento e resposta as ansiedades do seu interlocutores. A comunicação vive uma
grande revolução, as mídias das fontes já obtiveram seu espaço e em cada micro-esfera busca
consolidação.
No ambiente institucional, o enfraquecimento veio por parte da iniciativa das
organizações que criaram meios próprios de interagir com o público de interesse e buscar
notoriedade social.
Mas, e no âmbito das pessoas comuns?Deixamos aqui a questão, quais serão os
agentes desse processo de democratização da comunicação. As redes sociais são meios de
infomação ou desinformação? Ética e garantia dos direitos autorais serão colocados de lado.
O novo milênio já revela que muitas mudanças ainda estão por vir nos meios de comunicação
e por enquanto apenas uma afirmativa parece ser uma boa aposta: A segmentação.
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