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Jessika Mariana Santos Viveiros
A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO:
Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalísticada Revista Superinteressante de julho de 2011 a abril de 2012
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)2012
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Jessika Mariana Santos Viveiros
A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO:
Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalísticada Revista Superinteressante de julho de 2011 a abril de 2012
Monografia apresentada ao curso de Jornalismo do Centro
Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) como requisito parcial àobtenção do título de Bacharel em Jornalismo.
Orientador: professor Murilo Gontijo
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2012
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RESUMO
O presente estudo busca investigar como a revista Superinteressante, da Editora Abril, trata a
imagem, tanto em sua capa como em seu conteúdo. Para isso, é feita uma análise quantitativa
e outra semiótica da publicação, no período de julho de 2011 a abril de 2012. O corpus do
trabalho é formado por quatro edições dentro desse recorte temporal.
Palavras-chave: Jornalismo científico, popularização da ciência, semiótica, design gráfico.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – 25 anos da Super .....................................................................................................31Figura 2 – Como funciona a redação da Super ........................................................................31
Figura 3 – Esqueleto da capa da Superinteressante..................................................................37
Gráfico 1 – Composição da revista Super ................................................................................35
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – O significado das cores...........................................................................................28Tabela 2 – A Super em números..............................................................................................34
Tabela 3 – A média da Superinteressante................................................................................34
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................07
2 JORNALISMO CIENTÍFICO E POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA..........................08
2.1 Aproximações históricas....................................................................................................08
2.2 Difusão e divulgação científica..........................................................................................11
2.3 Jornalismo científico: conceitos.........................................................................................14
2.4 Revistas sobre ciência: entre o jornalismo e o entretenimento..........................................17
3 LINGUAGEM VISUAL E IMAGEM...............................................................................21
3.1 Semiótica da imagem.........................................................................................................21
3.2 Design gráfico, projeto gráfico e identidade visual............................................................24
3.2.1 A informação gráfica.......................................................................................................27
3.3 O significado das cores ......................................................................................................28
4 INFORMAÇÃO GRÁFICA NA SUPERINTERESSANTE...........................................31
4.1 A revista Superinteressante................................................................................................31
4.2 Definições metodológicas..................................................................................................324.3 A Super em números..........................................................................................................34
4.4 Cores super interessantes....................................................................................................37
5 CONCLUSÃO.....................................................................................................................43
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................45
ANEXOS.................................................................................................................................48
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1 INTRODUÇÃO
As imagens estão ao nosso redor. O sentido visual, muito utilizado pelos seres humanos, nãotem sido explorado em sua completude: apesar de enxergar, muitos são analfabetos visuais e
ignoram a mensagem por trás dos pontos, linhas e cores que compõem uma imagem. Vivemos
no que muitos autores, como Dondis (1997), consideram como a era da imagem... Somos
bombardeados por fotos, vídeos e ilustrações divulgados pelos meios de comunicação. Ao
passar por uma banca, as cores presentes na diversidade de capas saltam aos olhos, como um
arco-íris de papel couché.
Entre elas, está a Superinteressante, revista mensal da Editora Abril voltada para assuntos
relacionados à ciência e tecnologia. Mas não são apenas as capas da publicação que chamam a
atenção: no seu interior, infográficos elaborados, imagens e fotos dividem o destaque com o
texto. Será que o aspecto visual é tão importante assim para a Super ? Essa foi a pergunta que
motivou o presente estudo, que analisou como a imagem é tratada pela revista.
O trabalho mergulha pelos conceitos de jornalismo científico e pelo universo da semiótica, do
design e das cores para entender qual a real função da imagem em um veículo como este e se
de fato ela está sendo bem utilizada pela publicação. No primeiro capítulo, a discussão gira
em torno do jornalismo científico, seu histórico, bem como a popularização e a
espetacularização da notícia científica. Já o segundo capítulo concentra as discussões teóricas
sobre a imagem e a linguagem visual, tanto do ponto de vista semiótico quanto do design. A
partir daí, no terceiro capítulo, é feita uma análise quantitativa para representar a Super em
números e uma análise semiótica das capas e suas respectivas matérias.
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2 JORNALISMO CIENTÍFICO E POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA
Este capítulo trata do jornalismo científico, de seu histórico e conceito, passando por uma
categoria mais geral em que ele está inserido: a difusão científica, que tem como principal
objetivo levar informações relacionadas à ciência e tecnologia às pessoas, sejam elas da área
acadêmica ou não. Neste sentido, buscando atrair cada vez mais o público, revistas de ciência
e tecnologia se valem de recursos gráficos que também têm o objetivo de tornar a leitura
dessas notícias mais divertida.
2.1 Aproximações históricas
A prática de escrever sobre a ciência não é de hoje. Desde a Idade Média, quando a Igreja
Católica ainda oprimia os cientistas sobre novas descobertas, como aconteceu com Galileu, os
pesquisadores possuíam o costume de redigir sobre as novidades científicas, o que pode ser
considerado uma forma de disseminação científica. De acordo com Burkett (1990), o jornalismo científico propriamente dito surgiu apenas em 1665 na Inglaterra.
À medida que os países europeus avançavam cientificamente, o jornalismo científico também
se desenvolvia. Oliveira afirma que “é possível que a passagem de título de “nação mais
avançada cientificamente” da Inglaterra para a França, nos séculos XVIII e XIX, e da França
para a Alemanha, no início do século XX, tenha tido reflexos na relativa dispersão do
jornalismo científico na Europa” (OLIVEIRA, 2005, p.20).
A Primeira Guerra, de 1914 a 1918, e a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, também
criaram fatores que contribuíram para o jornalismo científico porque estimularam o
desenvolvimento tecnológico, principalmente em virtude da indústria bélica. Prova disso,
como aponta Oliveira (2005), foi a criação de associações de jornalismo científico após a
Primeira Grande Guerra. De acordo com o jornalista britânico Arthur Borne (1990 apud
OLIVEIRA, 2005, p.20), a justificativa para o desenvolvimento desse tipo de jornalismo
estaria na necessidade de relatar o que os cientistas estavam fazendo durante o período.
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No Brasil, o histórico de falta de liberdade devido à submissão que o estado de colônia
representa, além de dois longos períodos de ditadura, atrasou o desenvolvimento da imprensa
(OLIVEIRA, 2005). Oliveira (2005) também afirma que a colonização brasileira teve impacto
negativo: o sistema colonial voltado para a exploração provocou atraso científico e
tecnológico. Por causa disso, “a pesquisa científica no Brasil era incipiente até o século XIX e
só começou a mostrar alguma forma a partir do final desse século, quando a comunidade
científica começou a organizar-se” (OLIVEIRA, 2005, p.28).
Os primeiros registros de publicações de divulgadores científicos, jornalistas e cientistas no
país datam das últimas décadas do século XIX. “São exemplos a Revista Brazileira (1857), a
Revista do Rio de Janeiro (1876), e a Revista do Observatório (1886), esta publicada peloImperial Observatório do Rio de Janeiro, atualmente Observatório Nacional”. (OLIVEIRA,
2005, p.32)
Apesar de eventos significantes para o desenvolvimento da divulgação e do jornalismo
científico no Brasil, como a criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), em 1951, e
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, foi, segundo Oliveira
(2005), na década de 1980 que eles tiveram crescimento significativo devido ao surgimentode novas revistas como a Ciência Hoje e a Ciência Ilustrada.
Atrelado à evolução do jornalismo científico também está o aumento da popularização da
ciência. Para melhor compreensão do conceito, é preciso voltar no tempo mais uma vez. Isso
porque o termo, de acordo com Germano e Kulesza (2007), surgiu no final do século XIX,
como uma saída a outro nome utilizado na época: vulgarização da ciência. O conceito foi
inspirado principalmente pelos ideais da Revolução Francesa. Para os autores, o nome vem de“tornar popular”.1
Popularizar é muito mais do que vulgarizar ou divulgar a ciência. É colocá-la no campo da participação popular e sob o crivo do diálogo com os movimentos sociais. É convertê-la aoserviço e às causas das maiorias e minorias oprimidas numa ação cultural que, referenciadana dimensão reflexiva da comunicação e no diálogo entre diferentes, oriente suas açõesrespeitando a vida cotidiana e o universo simbólico do outro. (GERMANO; KULESZA,2007, p.14)
1 Porém, analisando os objetivos da popularização da ciência e da divulgação e da vulgarização científicas – que
podem ser resumidos como atividades de difusão científica com o objetivo de tornar o conteúdo divulgadoacessível ao público em geral (Zamboni, 2001) – o presente trabalho vai se orientar pela definição de Pinheiro eValério (2008) que consideram que os termos popularização da ciência, divulgação e vulgarização científica sãoequivalentes, sendo que o uso das expressões varia conforme o país e a época.
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Segundo Motta-Roch (2010), o processo de popularização da ciência era visto, até os anos de
1990, como uma simplificação de baixo nível do conteúdo científico ou mesmo uma distorção
da ciência. Mas, de acordo com a autora, essa popularização vem se desenvolvendo com o
apoio dos próprios cientistas, jornalistas, historiadores e uma infinidade de atores, que
garantem que ela seja, cada vez mais, aceita. Isso porque a popularização da ciência possui
três eixos centrais que a justificam:
1) o dever dos meios de comunicação (mais e menos acadêmicos) de informar a sociedadesobre o avanço do conhecimento; 2) a responsabilidade do mediador (seja jornalista ouautor de livros) em explicar princípios e conceitos para que a sociedade avance natransformação conjunta do conhecimento; e 3) a necessidade de a sociedade entender arelevância da pesquisa para que continue financiando a empreitada científica. (MOTTA-ROCH 2010, p.8)
Conceição (in MASSARANI, 2010) defende que o conhecimento científico e tecnológico é,
atualmente, um dos principais geradores das dinâmicas econômica, social e cultural do
mundo. Para ela, na última metade do século XX, tornou-se cada vez mais necessário
ponderar as contradições e incertezas inerentes ao desenvolvimento científico e aos seus usos
sociais. Assim como Motta-Roch, a autora afirma que, neste contexto, as questões ligadas à
ciência, ao desenvolvimento científico e tecnológico estão cada vez mais presentes nas
agendas dos meios de comunicação.
Targino (2007) discorda das autoras e afirma que o ato de divulgar o conteúdo científico para
o público não especializado ou leigo ainda encontra algumas dificuldades, como a falta de
interesse do público. Para a autora:
A primeira [dificuldade] diz respeito ao aparente desinteresse da mídia, como resultado doseu mercantilismo, no caso brasileiro, desde a fase moderna da imprensa. Salvo exceções,notícias sobre C&T [Ciência e Tecnologia] não geram retorno significativo quanto àaudiência e à publicidade. O público, em grande parte, prefere temáticas ligadas a futebol,
polícia, política ou colunismo social. [...] O segundo item refere-se à resistência das próprias fontes. A comunidade científica, às vezes, não tem conhecimento sobre a formacomo atitudes e participação social configuram-se. Administradores públicos e cientistasnão se dão conta da obrigação de prestarem informações sobre as pesquisas realizadas.(TARGINO, 2007, p.35)
Mas é preciso tomar cuidado com extremismos, principalmente no que se refere à divulgação
de notícias de ciência e tecnologia. Ao contrário do que Targino (2007) defende, o jornalismocientífico ganha cada vez mais leitores e atenção dos anúncios publicitários. Prova disso é a
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expansão de revistas sobre o tema no Brasil a partir dos anos de 1980, como afirma Oliveira
(2005), e também na esfera internacional: grandes nomes de difusão científica como as
revistas Nature e a Science foram criadas em 1869 e 1880, respectivamente, e existem até
hoje.
De acordo com Castelfranchi (in MASSARANI; MOREIRA; BRITO, 2002), existem várias
razões que justificam a crescente divulgação da ciência e tecnologia, como a sociedade em
que vivemos - considerada por muitos como “Sociedade do Conhecimento” ou “baseada na
informação”. Para ele, explicar, divulgar e “democratizar” o conhecimento é uma das
obrigações morais dos cientistas. Por outro lado, é um direito fundamental do cidadão
apropriar-se do saber, ou seja, ter acesso ao conhecimento.
Dessa maneira, é preciso que os cientistas adotem além da comunicação científica, definida
por Pinheiro e Valério (2008) como o processo comunicacional entre os pares, ou seja, interno
ao meio acadêmico, a divulgação científica, que é o processo envolvendo cientistas e
sociedade civil que, de acordo com as autoras, foi impulsionado, sobretudo pelas novas
formas de comunicação, principalmente a internet.
2.2 Difusão e divulgação científica
Ao falar da divulgação científica, é preciso abrir um parêntese para explicar que ela faz parte
de um conceito muito mais amplo, a difusão científica, que, de acordo com Costa Bueno
(2009), refere-se a qualquer processo utilizado na veiculação de informações científicas,tecnológicas e de inovação.
Em outras palavras, a difusão é considerada como um gênero que engloba, além do conceito
de divulgação científica, a disseminação e o próprio jornalismo científico, ou seja, na prática,
a difusão está associada a todo e qualquer processo de veiculação de informações científicas e
tecnológicas, seja na comunicação entre os próprios cientistas, na publicação de matérias
jornalísticas relacionadas ao tema e mesmo em livros didáticos ou acadêmicos.
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Diante dessa classificação, cabe definir, também, os conceitos que englobam a difusão
científica. Para Costa Bueno (2009), a comunicação ou disseminação científica é definida
como o processo de veiculação de notícias sobre ciência e tecnologia, que refere-se,
quase sempre, à transferência de informações científicas, tecnológicas ou associadas àsinovações, elaboradas a partir de um discurso especializado e dirigidas a um público seleto,formado por especialistas. [...] A comunicação (ou a disseminação) da ciência e datecnologia comporta dois níveis: 1) a comunicação (ou disseminação) intrapares e 2) acomunicação (ou disseminação) extrapares. (COSTA BUENO, 2009, p.160)
Ambos os níveis dizem respeito à informação científica entre os próprios cientistas, sejam
eles da mesma área (intrapares), ou especialistas que possuem formação diferente ou não
atuem especificamente no assunto divulgado. Além de servir de fonte para sugestão de pautasou mesmo de base para a elaboração de matérias de jornalismo científico, a disseminação se
faz importante pois evita, por exemplo, que os cientistas pesquisem sobre um mesmo tema.
Isso porque, de acordo com Targino (2007), a comunicação científica
propicia a soma dos esforços individuais dos membros da comunidade científica, graças àtroca de informações, configurando ciclo inexaurível de recepção e transmissão de dados.[...] Cada pesquisador é tanto produtor como consumidor de informações. Graças àcomunicação científica, intercambia experiências, e evita duplicação de tarefas [...].
(TARGINO, 2007, p.19)
Já o outro subgrupo da difusão, a divulgação científica, pode ser considerado como “a
utilização de recursos, técnicas, processos e produtos (veículos ou canais) para a veiculação
de informações científicas, tecnológicas ou associadas a inovações ao leigo” (COSTA
BUENO, 2009, p.162).
O autor separa os dois modelos de difusão científica a partir da classificação dos receptores da
informação, que podem ser iniciados no meio científico (especialistas, cientistas, etc.) ou
ignorantes no assunto (pessoas comuns, fora da esfera de produção de conhecimento em
C&T). Essa separação leva em conta, inclusive, o tipo de linguagem utilizada em cada uma
das espécies de difusão científica. Isso porque a disseminação, direcionada para a própria
comunidade científica, tende a usar termos técnicos e mais rebuscados, enquanto a divulgação
se vale de linguagem mais simples e de fácil compreensão, uma vez que é direcionada para o
público em geral, que pode desconhecer certos termos.
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Neste contexto, Zamboni (2001) considera que a divulgação científica é similar ao processo
de tradução, no qual uma determinada pesquisa, por exemplo, é transformada de um conteúdo
voltado para a comunidade científica para um discurso vulgarizado, ou seja, voltado para o
público não-cientista, por meio de um divulgador, que pode ser um cientista ou um jornalista.
Para ela,
a divulgação científica é entendida, de modo genérico, como uma atividade de difusão,dirigida para fora de seu contexto originário, de conhecimentos científicos produzidos ecirculantes no interior de uma comunidade de limites restritos, mobilizando diferentesrecursos, técnicas e processos para a veiculação das informações científicas e tecnológicasem geral. (ZAMBONI, 2001, p.45)
Targino (2007) defende que a divulgação científica está orientada para objetivos distintos, osquais privilegiam vários aspectos, como o educacional, cultural, político e ideológico. A partir
da ênfase dada em uma dessas nuances, o público-alvo varia, incorporando estudantes,
acadêmicos, legisladores, burocratas, não alfabetizados, etc. Diversidade que pode ser
classificada, no geral, como público leigo, já que “quando ultrapassa o muro da comunidade
científica, a ‘língua’ dos cientistas torna-se [...] uma língua estrangeira, necessitando de um
‘tradutor’ que a torne acessível à grande massa de homens comuns, dissociados da elite
científica”. (ZAMBONI, 2001, p.50)
Apesar da ideia inicial de associar a divulgação científica aos meios de comunicação de
massa, como jornais, revistas, rádio, TV e jornalismo online, Costa Bueno (2009) salienta que
ela não está restrita a esses meios. Para ele, a expressão inclui também
os livros didáticos, as palestras de cientistas ou pesquisadores abertas ao público leigo, ouso de histórias em quadrinhos ou de folhetos para veiculação de informações científicas(encontráveis com facilidade na área de saúde/Medicina), determinadas campanhas
publicitárias ou de educação, espetáculos de teatro com a temática de ciência e tecnologia(relatando a vida de cientistas ilustres) e mesmo a literatura de cordel, amplamentedifundida no Nordeste Brasileiro. (COSTA BUENO, 2009, p.162)
Conclui-se, portanto, que qualquer atividade que tenha como objetivo principal tornar o
conteúdo relacionado à ciência, tecnologia ou inovação acessível a uma vasta audiência pode
ser considerado como o processo de tradução, que é a divulgação científica. Analisando todos
os conceitos apresentados, pode-se concluir também que todos os subgrupos da difusão
científica estão diretamente relacionados, uma vez que a divulgação científica (voltada para osleigos) é fortemente ancorada pela disseminação científica (voltada para os próprios
cientistas). Porém, Zamboni (2001) ressalta que o divulgador se baseia, não apenas nas
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revistas científicas, mas em artigos, agências de notícias, entrevistas, press releases, etc.
Dessa forma, o jornalismo científico estaria inserido no conceito de divulgação científica.
2.3 Jornalismo científico: conceitos
O conceito de jornalismo científico está ligado ao próprio conceito de jornalismo, ou seja, ele
também se guia por critérios de atualidade, universalidade, periodicidade e pela difusão
coletiva. José Marques de Melo, citado por Costa Bueno, conceitua o jornalismo científico
como um
processo social que se articula a partir da relação (periódica, oportuna) entre organizaçõesformais (editoras/emissoras) e a coletividade (públicos/receptores) por meio de canais dedifusão (jornal/revista/rádio/televisão/cinema) que asseguram a transmissão de informações(atuais) da natureza científica e tecnológica em função de interesses e expectativas.(MELO, 1983 apud COSTA BUENO, 2009, p.164)
O conceito se mostra importante, embora não leve em consideração aspectos atuais como a
interatividade da mensagem causada, sobretudo, pela internet. Costa Bueno ainda lembra queao ler as definições existentes, é preciso tomar cuidado como termo “grande público” – muito
usado para se referir aos leigos no assunto –, já que a audiência do jornalismo científico
muitas vezes se restringe a minorias. Mesmo assim, vale ressaltar que o público desse
segmento do jornalismo vem aumentando com os anos, o que pode ser justificado pela maior
preocupação com a popularização da ciência, como já foi dito na seção anterior do presente
trabalho.
Para Targino (2007), o jornalismo científico é um recurso essencial para que a população
possa ter acesso irrestrito aos avanços de C&T. Recurso esse que é utilizado tanto por
cientistas, como por pesquisadores, acadêmicos e demais pessoas que produzem novos
saberes. Segundo a autora, esses divulgadores se valem de matérias jornalísticas em meio
impresso, como jornais e revistas, portais e sites, além de programas radiofônicos e
televisivos. Nesse viés, Targino (idem) afirma que existem duas perspectivas de ação: a
primeira, chamada efeito vitrine, que
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consiste em operação de relações públicas da comunidade científica. Para cumprir formalidade quase ritualística, os cientistas trazem à mídia informações sobre as últimasdescobertas, mas sem preocupação acerca do nível de entendimento da mensagemtransmitida. O intuito é veicular, não importa nem a repercussão nem a eficácia datransmissão. [...] Na segunda, a preocupação vai além de cumprir mera “obrigação” social.
A meta é oferecer à população informações “digeríveis”, que lhe assegurem melhor qualidade de vida [...]. (TARGINO, 2007, p.33).
Portanto, é possível vincular a análise das ações dos divulgadores científicos à prática dos
próprios jornalistas que atuam no segmento. Uma das principais deficiências que o JC2 pode
ter diz respeito à má apuração ou falta de informações nas matérias decorrente da linguagem
específica usada em muitos textos da comunidade acadêmica. Essa falha vai contra uma as
funções do jornalismo científico, a informativa, que de acordo com Costa Bueno
está na essência da própria conceituação do Jornalismo Científico: veiculação de fatos einformações de natureza científica e tecnológica ou associada à inovação, permitindo aocidadão comum inteirar-se das novas descobertas da ciência e de suas implicações políticas,econômicas e culturais. É importante lembrar que o desempenho dessa função não implica,necessariamente, a transformação do processo de comunicação em uma mera transferênciade informações e conhecimentos. (COSTA BUENO, 2009, p.170)
Além disso, o autor afirma que o JC tem as funções educativa, já que dissemina o
conhecimento ao seu público; social, manifestada pela preocupação em situar as informações
em um contexto mais amplo; cultural, uma vez que ele extrapola a mera transmissão de
conteúdos científicos para passar uma visão crítica dos diferentes ambientes culturais; e por
fim as funções econômica e político-ideológica, já que trata da relação entre o
desenvolvimento da ciência e o setor produtivo.
Essa má apuração pode ser associada ao próprio objeto desse tipo de jornalismo: a notícia
científica. Segundo Colombo (1998), existe uma aversão natural ao questionamento que se
propaga no jornalismo contemporâneo e que se reforça quando o entrevistado é uma fonte
científica. Os motivos para esse agravamento são a complexidade do assunto tratado – a
notícia científica – e da autoridade e especialização da fonte, que tendem a desencorajar a
verificação das informações por parte dos jornalistas. Para o autor, há, ainda, uma certa
preguiça em confrontar entrevistados, pesquisas e matérias já publicadas. Como
consequência, Colombo (1998) afirma que
folhear um ano de jornais diários (refiro-me aos diários bons de todo mundo) significa
surgirem três ou quatro versões diferentes da mesma verdade científica, sem que ninguém procure realçar a contradição, por vezes clamorosa, entre uma versão e outra. Estou a
2 JC: abreviação para jornalismo científico
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referir-me aos casos em que figuras autorizadas ou fontes diversas tratam o mesmo tema(doença ou fenómeno [sic] meteorológico, ambiente ou células) e apresentam umaexplicação que vai para o jornal sem qualquer mediação e sem qualquer tentativa decoordenar uma notícia científica com outras que surgiram já sobre o mesmo assunto e omesmo jornal. (COLOMBO, 1998, p.96)
Porém, existem outras dificuldades durante o processo de produção da notícia científica que
dificultam o trabalho dos jornalistas. A diferença entre as culturas jornalística e científica,
apontada por Peter Peters (2000), pode gerar falta de interesse e até mesmo receio por parte da
comunidade científica em divulgar seus estudos e descobertas. Ele enumera as principais
divergências:
- Os jornalistas atribuem maior importância à função crítica dos media do que os peritos3
;- Os jornalistas aceitam mais facilmente uma função de entretenimento dos media do que os peritos;- Os peritos têm uma atitude mais paternalista em relação ao público dos media do que os
jornalistas;- Peritos e Jornalistas diferem quanto ao tipo de cobertura preferido (revelando os peritosuma menor compreensão da necessidade dos jornalistas de atraírem e fascinarem os leitoresatravés de certos elementos estilísticos);- Os peritos esperam que os media apoiem os seus objetivos enquanto os jornalistas têmuma atitude de indiferença relativamente a eles;- Os peritos querem que, caso dos media apoiem os seus objetivos, exerçam uma influênciamaior sobre a audiência do que aquela que os jornalistas estão dispostos a praticar;- Peritos e jornalistas discordam quanto aos seus papéis respectivos e quanto ao nível de
controlo que cada lado devia exercer no processo comunicativo;- Os jornalistas toleram melhor que os cientistas (ou até esperam) que as fontesespecializadas violem apertadas normas científicas quando interagem com os media.(PETER PETERS, 2000, p.230)
Esses contrastes culturais fortalecem a barreira em relação à popularização da ciência adotada
por grande parte das comunidades científicas citada por Targino (2007) e por Peter Peters
(2000), que afirma que, em alguns casos, essas comunidades podem, inclusive, sancionar seus
membros por causa dessa divulgação. Isso porque há uma expectativa, por parte dos
cientistas, de que a notícia científica seja publicada seguindo o mesmo estilo das publicaçõesacadêmicas, o que vai contra um dos papéis dos jornalistas, que é o de atrair audiência.
Para reduzir a tensão entre peritos e jornalistas, Peter Peters (idem) sugere duas estratégias: a
primeira, que seria reduzir as diferenças entre os dois grupos, o que poderia enfraquecer a
fronteira entre a ciência e o jornalismo. Solução que, como o próprio autor afirma, não seria
aceita por nenhum dos profissionais, já que ignoraria a evolução cultural de cada área. A
3 Termo que, de acordo com Peter Peters (2000), refere-se aos cientistas que atuam como divulgadorescientíficos, ou seja, que já possuem experiência em lidar com jornalistas.
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segunda proposta diz respeito ao aumento da competência requerida para a comunicação com
membros de outra cultura.
Já quanto ao problema de apuração do jornalista, Colombo (1998) cita três medidas de
segurança: inserir a notícia científica em um contexto baseado em memória e pesquisa
histórica; verificar esse contexto, ou seja, apresentar ligações com notícias anteriores,
permitindo que os leitores vejam as conexões do fato com acontecimentos sociais; e comparar
a notícia científica com o a situação política vivenciada, já que muitas vezes os estudos
podem ter motivações políticas e econômicas.
2.4 Revistas sobre ciência: entre o jornalismo e o entretenimento
Atualmente, a divulgação científica por meio do JC se dá por vários veículos de comunicação,
como a televisão, o rádio, os jornais impressos e as revistas. Graças à segmentação do público
pelo jornalismo, é possível encontrar diversas revistas em bancas de jornal que tratam de
ciência e tecnologia. E a cada dia surgem mais títulos. Mas afinal de contas, o que faz de umarevista, revista? De acordo com Scalzo, as revistas
são objetos queridos, fáceis de carregar e de colecionar. São também boas derecortar, copiar [...] Revista é também um encontro entre um editor e um leitor, umcontato que se estabelece, um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nessesentido, ajuda a construir identidade, ou seja, cria identificações, dá sensação de
pertencer a um determinado grupo. (SCALZO, 2008, p.12)
Para Tavares, o conceito de revista pode ser apresentado sob duas possibilidades:
etimologicamente, podemos tomar o termo “revista” 1) pelo sentido dos elementosque o compõem ou, então, 2) verbalizando-o. Se dividida – “re-vista” – ouverbalizada – “revistar” – a palavra sugere o seguinte significado: uma ação de ver de novo, de verificação, de exame, de interpretação. Conotações estas que, emboradespercebidas cotidianamente, marcam pragmaticamente (mesmo queinconscientemente) a produção noticiosa e textual que a envolve. O dicionárioHoauiss da Língua Portuguesa aponta o termo como vindo do inglês review,tipologia para um tipo de publicação periódica específica, voltada para,
principalmente, críticas e ensaios. (TAVARES, 2008, p.8)
A abordagem da revista é diferente da apresentada em outros meios de comunicação, como
jornal impresso, rádio e TV. Devido à sua periodicidade dilatada, podendo ser semanal ou
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quinzenal, por exemplo, as matérias devem ter abordagens mais complexas do que a simples
transmissão de notícias. Na revista, ao invés de noticiar acontecimentos, os jornalistas fazem
análises, reflexões, lançam pontos de vista diferentes do que os já publicados sobre os fatos
nesses outros veículos. Scalzo (2008) também defende esta ideia, e afirma que
além de conter informações de qualidade, exclusivas e bem apuradas, o texto derevista precisa de um tempero a mais. Diferente do leitor de jornal, o de revistasespera, além de receber a informação, recebê-la de forma prazerosa. Ele quer ainformação correta, simples e clara – seja o exercício para o abdômen, a receita de
bolo, a nota política, o roteiro de viagem – mas quer também um texto que não sejaseco, como um mero aperto de mão. Resumindo: costumo dizer que, em revista,
bom texto é o que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessidades deinformação, cultura e entretenimento. (SCALZO, 2008, p.75-76)
Vilas Boas (1996) afirma que as revistas exigem dos jornalistas textos elegantes e sedutores,
uma vez que para se escrever para este meio de comunicação não existem regras muito rígidas
e os profissionais podem conciliar as técnicas jornalística e literária. Assim, ao escrever para
uma revista, o jornalista deve usar sua criatividade, afinal, os assuntos publicados nesse meio
de comunicação geralmente já foram noticiados em outros veículos exaustivamente.
Além disso, o aspecto visual é muito importante. Assim como o rosto é uma das principais
características usadas para se lembrar de uma pessoa, nas revistas a definição de identidade
não é diferente. Ao diagramar o veículo, ou seja, escolher as cores, fontes e exibição do
produto a ser publicado, o design, diagramador ou programador visual – visto que esta
atividade recebe várias nomenclaturas (CARNICEL, 1999) – cria a sua “cara”, ou seja, a
forma que vai permitir que o leitor reconheça que aquele é determinado veículo. O projeto
gráfico ainda tem, segundo Carnicel (1999), outras funções.
Há alguns estudos científicos que relacionam a apresentação gráfica e a padronização dosrecursos gráficos ao perfil da empresa. A preocupação com a apresentação está relacionadaà qualidade do produto. Essas pesquisas defendem que a apresentação visual está ligada àorganização da empresa. A se considerar essa hipótese como verdadeira, pode-se afirmar que o grau de seriedade e de confiabilidade de um determinado jornal está relacionado aocuidado que o veículo revela a partir da apresentação gráfica. A disposição desorganizada ecaótica pode transmitir a impressão de pouco cuidado quanto ao tratamento destinado àsinformações. (CARNICEL, 1999, p.3)
Os projetos gráficos dos veículos impressos têm sofrido modificações significativas, que
acompanham o surgimento de outros meios de comunicação, como a televisão. De acordo
com Silva (2010), essas alterações vêm sendo adotadas recentemente em função das
inovações provocadas, sobretudo, pelo avanço do computador e da internet.
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[...] As mudanças ocorridas oferecem não só um desafio, mas a oportunidade de um novo produto editorial, seja ele jornal, revista, livro ou encartes publicitários. Os jornaisimpressos têm se adaptado a outros estilos de produção, reformulando projetos gráficos,
nos quais o leitor possa encontrar uma linguagem revolucionária e abordagens quetransmitam a informação. Os novos formatos estão buscando focar o leitor, que exige hojeinformações precisas, diretas e de qualidade. (SILVA, 2010, p. 6-7)
As revistas voltadas para a divulgação de ciência, tecnologia e inovação tendem a fazer um
maior uso desses recursos gráficos. Uma dessas ferramentas é a infografia4, que, de acordo
com Shmitt (2006), pode ser entendida como uma combinação entre texto e imagem. A autora
afirma que seu uso no jornalismo científico tem papel significativo: como o conteúdo das
matérias é, em muitos casos, demasiado complexo, as imagens são usadas para explicar
conceitos, passo-a-passo de processos científicos, cirurgias e pesquisas. Além disso, as
imagens e cores são um atrativo a mais para o leitor.
Nesse sentido, pode-se dizer que as revistas espetacularizam a notícia. Embora não seja o foco
do presente trabalho, vale a pena lançar algumas luzes sobre o conceito de espetacularização.
De acordo com Rubim, ela pode ser definida
como um processo, através do qual, pelo acionamento de dispositivos e recursos dados, produz-se o espetáculo. Ou melhor, o espetacular. [...] Enfim, a espetacularização aciona,simultaneamente, uma multiplicidade de dimensões – emocionais, sensoriais, valorativas etambém cognitivas – para fabricar e dar sentido ao espetacular. Nessa perspectiva, oespetacular deve ser sempre encarado como construção, social e discursiva. (RUBIM, 2002,
p.16)
De acordo com Guerreiro (2007), ela é considerada um elemento fundamental para que uma
matéria se torne interessante aos leitores do ponto de vista do entretenimento e, dessa forma,
assegure as vendas do veículo de comunicação. Para Leal Filho (2005), essa espetacularização
no Brasil foi intensificada principalmente com a chegada da televisão no país.
Trata-se da aposta no entretenimento tornado centro de todas as programações emdetrimento da informação e da educação. [...] Na TV, fonte única de informação para amaioria absoluta da população brasileira, o principal produto é o entretenimento e a sua
prática contamina todas as demais esferas da programação não deixando escapar nem o jornalismo. Estão aí as raízes da espetacularização das notícias. O raciocínio é simples: atelevisão foi feita para vender e para vender é necessário fazer ofertas ao maior número
possível de compradores em potencial. Para tanto é preciso obter grandes audiências que sóserão conseguidas com programas espetaculares que surpreendam o telespectador a todo omomento, não permitam que ele reflita sobre o que está vendo, o emocionem em dosesequilibradas de alegria e tristeza, não o deixem mudar de canal e, por fim, sem pensar muito, comprem os produtos anunciados. (LEAL FILHO, 2005, p.1)
4 O conceito de infografia será aprofundado adiante.
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Segundo o autor, essa ideia vem sendo incorporada, cada vez mais, pelos meios de
comunicação impressos, principalmente as revistas. Esse fato faz com que o conteúdo
jornalístico seja interpretado de outra forma pelo leitor, que não apenas está se informando
com a notícia científica publicada, mas se diverte ao folhear as páginas de uma revista. Todas
as características já citadas desse meio de comunicação, como a linguagem coloquial e o uso
de cores e imagens, contribuem para intensificar a ideia de entretenimento das revistas de
popularização científica, aproximando ainda mais o leitor do universo da ciência, principal
objetivo da divulgação científica.
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3 LINGUAGEM VISUAL E IMAGEM
O ponto norteador deste capítulo, como o próprio título diz, é a imagem. Apesar de vivermos
em uma era considerada imagética, muitas pessoas ainda não são alfabetizadas visualmente.
Tanto a semiótica quando o design gráfico apontam que a imagem, no contexto jornalístico,
se torna co-autora da mensagem, facilitando a compreensão das informações, atraindo o leitor
e transmitindo credibilidade.
3.1 Semiótica da imagem
Antes de aprofundar a discussão no assunto central deste tópico, é preciso conhecer o próprio
conceito de semiótica, disciplina que trata dos signos, códigos, sinais e linguagens
(SANTAELLA, 2002). O signo pode ser compreendido como qualquer coisa que represente
outra e produza um efeito interpretativo. Um exemplo clássico usado por Santaella
(1983;2002) para ilustrar esse conceito é o grito que representa algo que não é o próprio grito,ou seja, indica que a pessoa que gritou está em apuros, com dor ou feliz, dependendo das
características emitidas.
Uma das principais linhas de pensamento na Semiótica, defendida pelo filósofo norte-
americano Charles Sanders Peirce (1999) se baseia na conclusão de que existem três
elementos universais em que todos os fenômenos – aqui entendidos como qualquer coisa que
aparece à percepção e à mente – se apresentam: a primeiridade, a secundidade e aterceiridade. A primeiridade é associada ao acaso, à possibilidade e a liberdade. Já a
secundidade está ligada às ideias de dependência, dualidade, ação e reação. Por fim, a
terceiridade diz respeito à generalidade, a continuidade e ao crescimento.
Baseado na corrente defendida por Peirce, o signo é considerado como a forma mais simples
de terceiridade, já que ele é considerado um primeiro, ou seja, algo que se apresenta à mente,
ligando um segundo, que é aquilo a que ele se refere, a um terceiro, ou o efeito que esse signo
irá provocar em um possível intérprete.
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Essa lógica triádica divide signos em ícones, índices e símbolos. Um ícone é um signo que se
refere ao objeto de forma muito semelhante, como uma fotografia. O índice é um signo que
indica algo, ou seja, tem ligação com outro fato, como a fumaça indica a existência de fogo.
Já quando um signo só pode ser entendido com a ajuda de seu interpretante, ele é considerado
símbolo, ou seja, a mente faz uma associação entre signo e objeto baseada em convenções
culturais.
Para Santaella (2002), a compreensão dessa tríade se faz necessária para entender o motivo da
definição de Peirce (1999) do signo incluir três teorias: a da significação, a da objetivação, e a
da interpretação.
Da relação do signo consigo mesmo, isto é, da natureza do seu fundamento, ou daquilo quelhe dá capacidade para funcionar como tal, [...] advém uma teoria das potencialidades elimites da significação.Da relação do fundamento com o objeto, ou seja, com aquilo que determina o signo e que é,ao mesmo tempo, aquilo que o signo representa e ao qual se aplica, [...] extrai-se uma teoriada objetivação, que estuda todos os problemas relativos à denotação. [...]Da relação do fundamento com o interpretante, deriva-se uma teoria da interpretação, comas implicações quanto aos seus efeitos sobre o intérprete, individual ou coletivo.(SANTAELLA, 2002, p.10)
Em relação à imagem, Santaella e Nöth (2001) afirmam que o conceito se divide em doisgrupos.
O primeiro [grupo] é o domínio das imagens como representações visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias [...]. Imagens, nesse sentido, são objetos materiais, signosque representam o nosso meio ambiente visual. O segundo é o domínio imaterial dasimagens na nossa mente. Neste domínio, imagens aparecem como visões, fantasias,imaginações [...]. (SANTAELLA E NÖTH, 2001, p.36)
Estes domínios estão interligados, isto é, não há como existirem separadamente porque as
imagens como representações visuais surgem de imagens na mente de quem as produziu,
assim como imagens mentais têm sua origem no mundo concreto dos objetos visuais. Dessa
forma, essa dualidade semântica das imagens retoma a ideia da tríade semiótica defendida por
Peirce, já que os dois grupos que caracterizam as imagens estão relacionados aos conceitos de
signo e de representação.
Os autores explicam ainda que as imagens podem ser associadas a dois tipos de signos: os
signos propriamente ditos, que representam aspectos do mundo real; e os signos plásticos,
quando representam sua própria essência, ou seja, são vistas como figuras abstratas ou formas
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coloridas. “O conteúdo de um signo plástico resulta de cada significado que o observador une
às qualidades como forma, cor e textura” (SANTAELLA e NÖTH, 2001, p.38).
Essas características são consideradas por Oliveira (2006) como pontos relevantes ao analisar
qualquer tipo de imagem e tecer sua significação. Segundo Santaella e Nöth (2001) e
Santaella (2002), a análise dessas imagens pode se dar por meio da Teoria Geral dos Signos
de Peirce, a partir da qual se pode considerar a imagem como um signo icônico que representa
algo.
Já Dondis (1997) e Gomes Filho (2000) defendem que as pesquisas da Gestalt – Escola de
Psicologia Experimental que tem como base estudos no campo da teoria da forma – podemcontribuir para entender o efeito da percepção humana sobre a imagem e o significado visual.
Em seu livro, Gomes Filho transcreve uma aula do professor Caetano Fraccaroli, da
Universidade de São Paulo (USP) que explica o conceito da Escola da Gestalt :
A hipótese da Gestalt , para explicar a origem dessas forças integradoras, é atribuir aosistema nervoso central um dinamismo auto-regulador que, à procura de sua própriaestabilidade, tende a organizar as formas em todos coerentes e unificados. Essasorganizações, originárias da estrutura cerebral, são, pois, espontâneas, não arbitrárias,
independentemente de nossa vontade e de qualquer aprendizado. A escola da Gestalt ,colocando o problema nesses termos, vem possibilitar uma resposta a muitas questões atéagora insolúveis sobre o fenômeno da percepção. (FRACCAROLI , 1952 apud GOMESFILHO, 2000, p.14)
Apesar de a humanidade estar tão ligada ao sentido da visão – Dondis (1997) defende que,
desde a primeira experiência no mundo, passamos a organizar necessidades e prazeres com
base no que vemos – a maioria das pessoas não é, de fato, alfabetizada visualmente. Ou seja,
falta o aprofundamento em relação à leitura visual, ao ato de perceber, compreender,
examinar e ler.
Dessa maneira, pode-se dizer que o analfabetismo visual é muito grande, visto que para
compreender a comunicação visual é preciso aprofundar a percepção e o conhecimento de
seus componentes, como o equilíbrio, atração, agrupamento e anatomia da mensagem visual,
além de formas, texturas, escalas, cores e tons que, de acordo com Dondis (1997), exercem
papel importante na construção do significado visual. Um exemplo é a cor, que, de acordo
com a autora,
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[...] Está, de fato, impregnada de informação, e é uma das mais penetrantes experiênciasvisuais que temos todos em comum. Constitui, portanto, uma fonte de valores inestimáveis
para os comunicadores visuais. [...] Conhecemos a cor em termos de uma vasta categoria designificados simbólicos. O vermelho, por exemplo, significa algo, mesmo quando não temnenhuma ligação com o ambiente. [...] Vermelho significa perigo, amor, calor e vida, e
talvez mais uma centena de coisas. Cada uma das cores também tem inúmeros significadosassociativos e simbólicos. (DONDIS, 1997, p.64)5
Dondis (1997) afirma que a linguagem verbal e a visual são muito diferentes, incluindo o
processo de aprendizagem e compreensão do alfabetismo verbal e do visual. Mesmo assim, há
uma relação entre ambas as formas de linguagem. Segundo a autora, “qualquer sistema de
símbolos é uma invenção do homem. Os sistemas de símbolos que chamamos de linguagem
são invenções ou refinamentos do que foram, em outros tempos, percepções do objeto dentro
de uma mentalidade despojada de imagens”. (DONDIS, 1997, p.16) Ou seja, os símbolosusados hoje, por exemplo, para determinada letra derivam de certa imagem, que faz parte da
linguagem visual.
Ainda de acordo com Dondis (1997), a mensagem visual possui três níveis: o input visual –
constituído por símbolos que identificam ações, organizações, estados de espírito ou direções
–, o nível representacional – caracterizado pelo uso da imagem no lugar de um objeto real,
como o desenho de uma célula nos livros de biologia –, e o nível abstrato, que é mensagemvisual pura, ou seja, a forma de tudo aquilo que se vê, seja natural ou resultado de uma
composição intencional. Desse modo, todos os elementos básicos da mensagem visual – o
ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala, o movimento –
têm um papel definido no conteúdo transmitido pela imagem.
3.2 Design gráfico, projeto gráfico e identidade visual
O design é um conceito muito amplo, que, de acordo com Gomes Filho (2006), está associado
à concepção e ao planejamento de todos os produtos feitos pelo homem, seja um carro, um
móvel e até mesmo um sistema de iluminação. Para o autor, essa abrangência é justificada
pelas várias especialidades ditadas pelo mercado, principalmente pelos meios de comunicação
de massa. Para se ter uma ideia, em seu livro, Gomes Filho (2006) lista mais de 30
5 Vale ressaltar a partir do exemplo dado por Dondis (1997) que os significados associados às cores variamconforme a intensidade e o tom, ou seja, existem vários tipos de vermelho, como o scarlet , o sangria, o carmim,o bordô, etc.
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especialidades do design. Para não fugirmos da questão central abordada neste tópico, a
discussão vai se concentrar nos conceitos relacionados a uma das áreas da disciplina: o design
gráfico.
Segundo o autor, o termo design gráfico no Brasil equivale a várias expressões usadas no
contexto internacional, como Communications Design, Commercial Design, Tabletop Design
e Media Design, para definir, de maneira geral, a concepção de produtos oriundos de sistemas
de informação visual relacionados aos meios e sistemas de comunicação social. Para
Gruszynski, o processo do design gráfico envolve “[...] uma série de escolhas e decisões tendo
em vista a alteração de uma situação existente para outra mais desejável. A produção de uma
mensagem, portanto, busca sempre otimizar a intenção comunicativa, seja nos aspectosestéticos, persuasivos ou informativos.” (GRUSZYNSKI, 2008, p.23)
Como já foi dito anteriormente, ao diagramar o veículo, ou seja, escolher as cores, fontes e
exibição do produto a ser publicado, o designer , diagramador ou programador visual – visto
que esta atividade recebe várias nomenclaturas (CARNICEL, 1999) – cria a sua “cara”, isto é,
a forma que vai permitir que o leitor reconheça que aquele é determinado veículo. O projeto
gráfico ainda tem, segundo Carnicel (1999), outras funções.
Há alguns estudos científicos que relacionam a apresentação gráfica e a padronização dosrecursos gráficos ao perfil da empresa. A preocupação com a apresentação está relacionadaà qualidade do produto. Essas pesquisas defendem que a apresentação visual está ligada àorganização da empresa. A se considerar essa hipótese como verdadeira, pode-se afirmar que o grau de seriedade e de confiabilidade de um determinado jornal está relacionado aocuidado que o veículo revela a partir da apresentação gráfica. A disposição desorganizada ecaótica pode transmitir a impressão de pouco cuidado quanto ao tratamento destinado àsinformações. (CARNICEL, 1999, p.3)
Nesse sentido, pode-se dizer que o design se torna co-autor da mensagem, transmitindo ao
leitor a ideia de credibilidade que o veículo de comunicação necessita para atrair cada vez
mais o público e gerar renda. Há que se desmistificar a concepção apontada por Carnicel
(1999) e Gruszynski (2008) de que o design gráfico – e aqui vale fazer uma extensão à própria
diagramação e ao projeto gráfico de um veículo – tem função meramente estética.
Levando em conta este novo elemento, chega-se a uma visão do design como umaatividade, um processo de fazer e comunicar signos híbridos e não somente o de produzir
um conjunto de vestes gráficas de um determinado estilo para signos lingüísticos ou osimples dimensionamento de ilustrações. (GRUZYNSKI, 2008, p.26)
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Vale abrir espaço para definir as próprias funções do design. De acordo com Gomes Filho
(2006), são três categorias: a prática, a estética e a simbólica. O papel prático está associado à
adequação do produto ao usuário, ou seja, à facilidade de leitura, no caso do projeto gráfico; à
prevenção de cansaço; e à eficácia das informações ali inseridas. A função estética é
relacionada à percepção sensorial, que tem como principal atributo a fruição da beleza, do
prazer e do bem estar. Já o papel simbólico está fundamentado na relação estético-formal do
produto, que revela-se, sobretudo, por elementos configuracionais de estilo, como as cores,
uso de formas geométricas e acabamentos. Essa função está ligada aos conceitos de semiótica,
já que a significação do estilo é subordinada ao tipo de público a que o produto é destinado, e
que varia de acordo com o contexto cultural de uma determinada época ou período.
Essas características norteiam todo o processo de criação do projeto gráfico de uma revista,
que deve levar em conta, também, o uso específico do produto, ou seja, sua categoria, modelo,
público-alvo e uma série de fatores, como pontua Gomes Filho:
uma revista, por exemplo, tem como uso principal a divulgação de informações econhecimentos variados. Para que ela seja concebida, projetada e produzida é necessáriodefinir seu uso específico, que é identificado por seu conteúdo editorial, matérias fixas eespeciais, reportagens etc., mais seus anúncios publicitários, e envolve, ainda, a definição
de sua categoria, classe e tipo, tendo em conta seu público-alvo. Leva em consideração,também, os demais atributos e características de revista, como: dimensão, formato, aspectoestético-formal, padrões técnicos e níveis de qualidade de elaboração e produção, tiragem, eassim por diante. (GOMES FILHO, 2006, p.61)
Peçanha (2009), assim como Silva (2010), defende que há uma tendência cada vez maior de
que jornais e revistas se preocupem mais com a diagramação, já que o design se torna uma
ferramenta de diferenciação dos veículos impressos em tempos de eclosão das mídias sociais.
As mudanças no projeto gráfico podem indicar uma modernização do veículo e melhorar sua
imagem diante do público. Além do layout , tipografia, imagens e cores, apontados por
Ambrose (2009) como o repertório básico do designer , uma ferramenta que tem se mostrado
muito útil para atrair o leitor, principalmente em revistas sobre ciência e tecnologia, é o uso de
infográficos.
3.2.1 A informação gráfica
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De acordo com Schmitt (2006), a infografia pode ser entendida como uma combinação entre
texto e imagem. Sua existência pode ser percebida desde o início da comunicação humana,
com imagens feitas pelos primeiros humanos para registrar sua história. Com a invenção da
prensa de Gutenberg, o texto prevaleceu sobre a imagem nos jornais, criados posteriormente,
principalmente devido à dificuldade no processo de produção de desenhos. Para a autora,
somente com o surgimento de novas tecnologias, como o computador, é que os jornais
começaram a investir na estética das publicações.
No século XX, o computador, seus softwares gráficos, e novas técnicas de impressão dão
novas características e novos formatos ao sistema de comunicação utilizado pelo homem dascavernas, baseado nas imagens. A partir da década de 80, a infografia revoluciona o conceito,
a mentalidade e o design do jornalismo ao permitir que as publicações impressas se tornem
mais visuais, claras, diretas e fáceis de entender. Segundo Moraes (1999 apud SCHMITT,
2006), no Brasil, o emprego da infografia se deu, sobretudo, no início dos anos de 1990,
devido às reformas gráficas dos principais jornais impressos brasileiros. Para Módulo (2007),
a tendência é de que a valorização da imagem cresça cada vez mais.
[...] A linguagem jornalística utilizada na mídia impressa, particularmente nas revistas, estáse tornando mais imagética a cada dia. Além disso, atualmente, essa linguagem, que dá
preferência à imagem, parece encaixar-se mais adequadamente ao estilo de vida da população: o infográfico é lido em poucos minutos, já que é predominantemente visual, eapresenta-se de uma forma fácil de compreender a uma grande parcela da população.(MÓDULO, 2007, p.4)
No infográfico, a imagem deixa de ter somente o papel de ilustrar o texto escrito,
protagonizando, juntamente com o verbal, o processo de comunicação. Seu objetivo é atrair o
público para a leitura das matérias, facilitar a compreensão da informação e oferecer umanoção mais rápida e clara do assunto tratado. Para Módulo, “o infográfico não deve ser
considerado apenas um conjunto de tabelas, cores, desenhos, fotos que têm o intuito de deixar
a página mais bonita. Quando bem utilizado, convida para a reportagem, informa tanto quanto
o texto verbal longo aliado de fotografia e outros elementos” (MODULO, 2007, p.7).
De acordo com Colle (2004 apud SCHMITT, 2006), existem oito tipos de infográficos. O
diagrama infográfico (1), que apresenta a combinação de diagrama e pictograma; oinfográfico iluminista (2), que possui textos acompanhados de imagens; o info-mapa (3), que
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são mapas que combinam ícones com texto; o infográfico de 1º. Nível (4), que compõe-se
basicamente de título, texto âncora e ilustração; o infográfico de 2º. Nível (5), que apresenta
imagem na qual o texto se transforma em uma parte dinâmica, como em histórias em
quadrinhos; seqüências espaço-temporal (6), definida como quando os infográficos mostram o
desenvolvimento de um acontecimento no tempo; infográficos mistos (7), que combinam
vários tipos de gráficos; e por último, os megainfográficos (8), classificados como quadros
infográficos mais completos, que geralmente ocupam uma ou duas páginas de um jornal ou
revista.
A infografia tem papel significativo no jornalismo científico: como o conteúdo das matérias é,
em muitos casos, demasiado complexo, as imagens são usadas para explicar conceitos, passo-a-passo de processos científicos, cirurgias e pesquisas. Além disso, os infográficos têm mais
vantagens no processo de assimilação e recordações das informações do que reportagens
científicas produzidas apenas com texto.
3.3 O significado das cores
A cor está associada à luz. Para Farina, Perez e Bastos (2006), a palavra cor expressa uma
sensação visual oferecida através dos raios de luz irradiados no planeta Terra. Para Danger
(1973) e Ribeiro (1998), esse fenômeno físico foi explicado pela primeira vez pelo físico
Isaac Newton, em 1966.
A luz provém de uma fonte luminosa natural ou artificial (sol, fogo, lâmpada, etc.). Cadafonte, ou centro luminoso, emana ondas ou vibrações que impressionando a vista dão
precisamente a sensação de luz. Tais ondas e vibrações têm sua própria longitude oufrequência, que por serem diferentes resultam em cores diferentes. (RIBEIRO, 1998, p.191)
Vale lembrar que existem vários tipos de luz, que influenciam no resultado das cores. Um raio
de luz branca, por exemplo, ao atravessar um prisma se decompõe em sete cores, que formam
o espectro solar e são vistas pelo olho humano: o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o
azul, o anil e o violeta, que formam o arco-íris. Cada objeto tem uma cor própria, definida
pela absorção e reflexão de raios luz. Uma superfície azul, por exemplo, absorve raios de luz
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verde e vermelho, e reflete apenas o azul. Já um objeto que absorve toda a luz branca e não
reflete nenhum raio de luz é considerado preto.
Além de diferenciar objetos, ao sermos expostos às cores, somos afetados psicologicamente.
Cada uma delas é associada a vários sentimentos e ideias, que podem até afetar o estado de
espírito das pessoas. De acordo com Pedrosa (2009), o branco pode significar pureza, paz, luz,
inocência, verdade, esperança e felicidade. Mas, ele também pode identificar ausência de cor
e remeter ao vazio interior, à solidão e à carência afetiva, por isso a Organização Mundial d
Saúde recomenda que instituições hospitalares não tenham paredes de ambulatórios e quartos
de internos totalmente brancos.
As cores influenciam o ser humano e seus efeitos, tanto de caráter fisiológico como psicológico, intervêm na nossa vida, criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão,atividade ou passividade [...]. As cores podem produzir impressões, sensações e reflexossensoriais de grande importância, porque cada uma delas tem uma vibração determinadaem nossos sentidos e pode atuar como estimulante ou perturbador na emoção, naconsciência e em nossos impulsos e desejos. (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006, p.2)
A partir do significado apresentado por esses autores, além de Pedrosa (2009) e Fraser e
Banks (2007), foi montado o quadro abaixo, com os principais significados atribuídos às
cores.
Tabela 1O significado das cores
Cor SignificadoBranco Pode indicar neutralidade, pureza, vida, limpeza, castidade, liberdade, ordem,
simplicidade, juventude, piedade, inocência, divindade, estabilidade e luz. Por outro lado, o branco pode remeter a cor dos fantasmas e espíritos, ao vazio,solidão, carência, mutações e transições do ser e a morte
Preto Sombras, escuridão, morte, sujeira, fumaça, fim, noite, pessimismo, tristeza,melancolia, angústia, depressão, dor, intriga, medo, perda. Em determinadas
situações, ele é signo de sofisticação e requinte, como quando é usado paraembalagens de produtos.
Cinza Pó, chuva, neblina, máquinas, cimento, edificações, sujeira, tédio, tristeza,decadência, velhice e desânimo. Pode representar também seriedade, sabedoria e
passado.Vermelho Amor, erotismo, atração, sedução, impureza, violência, pecado, morte, perigo,
sol, fogo, chama, combate, mulher, dinamismo, força, energia, revolta, baixeza,coragem, esplendor, intensidade, paixão, emoção, agressividade, alegria,
poderio, impacto, desafio e sangue.Laranja Ofensa, agressão, competição, operacionalidade, transformação, outono, laranja
(fruta), fogo, pôr-do-sol, chama, calor, perigo, aurora, raios solares, desejo,força, luminosidade, euforia, energia, alegria, advertência, tentação, prazer,senso de humor,
Amarelo Alegria, potencialização, estimulação, espontaneidade, contraste, irritação,covardia, perfeição, verão, sol, iluminação, conforto, alerta, gozo, ciúme,orgulho, esperança, idealismo, egoísmo, inveja, ódio, adolescência, euforia,
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prosperidade, riqueza, divindade, simpatia, criatividade, otimismo, confiança,suicídio e ansiedade.
Verde Umidade, calma, frescor, esperança, amizade, equilíbrio, natureza, ecologia, bosque, águas claras, folhagem, mar, verão, planície, bem-estar, saúde,abundância, tranquilidade, segurança, serenidade, suavidade, crença, firmeza,
tolerância, repouso, restauração, tédio, estagnação e desinteresse.Azul Simpatia, harmonia, amizade, confiança, céu, divino, eterno, infinito,
sobriedade, sofisticação, inspiração, profundidade, liberdade, acolhimento,inteligência, descanso, nobreza, frio, mar, gelo, espaço, viagem, verdade,sentido, afeto, serenidade, meditação, fidelidade, eficiência, lógica, dever ealtivez
Marrom Terra, fecundidade, águas lamacentas, outono, doença, desconforto, pesar,melancolia, resistência, vigor, calor, natureza, falta de humor, angústia e pobreza
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4 INFORMAÇÃO GRÁFICA NA REVISTA SUPERINTERESSANTE
Este capítulo traz as duas análises que o presente trabalho se propõe a fazer – uma
quantitativa e outra semiótica – sobre o conteúdo da revista Superinteressante. Entende-se por
conteúdo não apenas os textos das matérias e notas, mas os infográficos, imagens e todos os
demais recursos gráficos usados nas páginas do veículo. Além disso, apresenta informações,
um pequeno histórico e as características mais importantes da revista.
4.1 A revista Superinteressante
A Superinteressante, da Editora Abril, foi criada em setembro de 1987 e completou seus 25
anos de existência em 2012. De acordo com o levantamento de publicações da editora, a
Super é a maior revista jovem do país (Publiabril, 2011). Para se ter uma ideia, a tiragem
mensal da Superinteressante é de 415.812, enquanto a da revista Galileu, da Editora Globo,
sua principal concorrente, é de 133.322 exemplares. Seu conteúdo é baseado em informaçõesrelacionadas à ciência, tecnologia e inovação, além de curiosidades.
Até setembro deste ano, segundo dados da própria revista (Figura 1), foram publicadas 402
edições, sendo 309 regulares e 93 especiais, que são temáticas, como arqueologia e mitologia
grega. Nesse período, foram mais de 30.000 páginas de informação. Ainda de acordo com
informações da revista, de todas as 402 capas que a Super já teve, a ciência corresponde a
20,7% das primeiras páginas; a história, 18,2%; e a tecnologia é a terceira área doconhecimento mais abordada, estampando 12,5% das capas. Em apenas um exemplar é
encontrada uma média de 1.324 informações6. Uma edição precisa de cerca de 50
colaboradores para ser feita: 20 jornalistas, 15 ilustradores e 15 fotógrafos.
A preocupação com a parte gráfica da revista se reflete não apenas no maior número de
profissionais ligados à imagem – são 30 fotógrafos e ilustradores contra 20 jornalistas – mas
na própria rotina de produção (Figura 2). Jornalistas e designers discutem juntos a melhor
6 Considera-se informações como todo o conteúdo jornalístico publicado em cada edição da Super , seja ele emuma coluna, infográfico ou reportagem
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forma de apresentar o conteúdo ao leitor (Superinteressante, 2012). Somente a capa passa por
três pessoas antes de chegar às mãos do público: o diretor de redação, o diretor de arte e o
diretor de núcleo. Como resultado, o veículo possui vários prêmios de design, sendo que,
somente em 2011, a publicação ganhou cinco deles: o Prêmio Abril de Jornalismo, na
categoria Infografia; o primeiro lugar no anuário da The Society of Publication Designers –
categoria Information Graphic; e três Awards of Excellence e um Judge’s Special
Recognition da Society for News Design, importantes premiações internacionais da área.
Figura 1 – 25 anos da Super Figura 1 – Como funciona a redação da Super
Fonte: Revista Superinteressante, edição 309/setembro de 2012, p.24 e 42
4.2 Definições metodológicas
O material empírico estudado é composto por quatro edições da revista, que é mensal7. O
recorte temporal inicial é o mês de julho de 2011, quando a revista passou por sua última
7 Apesar de ser mensal, a revista Superinteressante conta com um número a mais em dezembro, a “ediçãoverde”, que trata de questões relacionadas ao meio ambiente.
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reformulação do projeto gráfico8, definindo também suas colunas fixas, até abril de 2012
(quando foi iniciado o projeto da monografia). Assim, decidiu-se trabalhar com uma edição a
cada três meses. Na amostragem completa estão os números 293, de julho de 2011, 298, de
dezembro de 2011, 301, de fevereiro de 2012, e 303, de abril de 2012.
São feitas duas análises: a quantitativa e a de conteúdo. A primeira visa a apontar, por meio de
estatísticas, como é a relação da Super com as imagens, ou seja, se elas representam uma
porcentagem significativa em relação a todo o conteúdo apresentado. Para isso, é feito um
levantamento, de cada edição, de quantas páginas contêm infográficos, quantas possuem
apenas texto e quantas se valem da relação entre texto e imagem. Nesse momento, são
desconsideradas as publicidades, o editorial, a coluna “Mundo Super” (espaço de diálogoentre o veículo e o público) e o índice, que vale destacar, sempre é apresentado como um
infográfico de duas páginas. A partir daí, é feita uma média entre os números de todas as
edições para representar a Superinteressante como um todo. Ainda nessa primeira análise, são
evidenciados os padrões que a revista apresenta, por exemplo, na relação entre texto e
imagem nas matérias de capa.
Já a análise de conteúdo foca-se na relação entre texto e imagem presentes na capa e em todoo conteúdo publicado em relação à matéria principal da edição. Ela divide-se em outras duas
investigações, que estudam o texto e a imagem, fazendo uma relação entre ambos. A escolha
desse método foi baseada, sobretudo, na definição de Herscovitz sobre esse tipo de análise,
como sendo um
método de pesquisa que recolhe e analisa textos, sons, símbolos e imagensimpressas, gravadas ou veiculadas em forma eletrônica ou digital encontrados na
mídia a partir de uma mostra aleatória ou não dos objetos estudados com o objetivode fazer inferências sobre seus conteúdos e formatos. (HERSCOVITZ, 2007, p.126)
Tal método permite o estudo tanto da liguagem visual da revista quanto da linguagem verbal,
de maneira que se possa construir uma relação entre ambas. Dessa maneira, a análise das
matérias da Super é baseada na unidade de registro que a autora classifica como “texto
inteiro”. Ou seja, é levada em consideração toda a mensagem verbal que a matéria transmite
para se estabelecer a relação entre texto e imagem.
8 O trabalho não leva em consideração o novo projeto gráfico, lançado na edição 309, de setembro de 2012.
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Já a linguagem visual é estudada a partir da técnica da análise da imagem, que de acordo com
Coutinho (2006), pode ser classificada em três grandes linhas de pesquisa: a que considera a
imagem como documento, outra que propõe sua análise como narrativa e uma terceira que é
realizada a partir do Exercício d e Ver . O presente trabalho utiliza a linha de investigação que
considera a imagem como narrativa, dedicando-se ao estudo semiótico das seções
selecionadas, decompondo-as para melhor compreensão dos papéis dos elementos que as
constituem - cores, formas, linhas, fontes etc (DONDIS, 1997). Assim, é levado em
consideração o significado das cores nas imagens e na diagramação das páginas e das formas
utilizadas na diagramação, como círculos, triângulos e quadrados.
As duas análises (quantitativa e semiótica) se completam, mostrando, de um lado como aimagem é tratada na revista Superinteressante, e de outro como ela dialoga com os textos
apresentados na publicação.
4.3 A Super em números
Ao folhear a Superinteressante, o leitor já se depara com uma apresentação diferenciada no
índice da revista. A seção Cardápio, como ele é nomeado pelo veículo, sempre é apresentada
como um infográfico misto, que, pela definição de Colle (2004 apud SCHMITT, 2006),
combina vários tipos de gráficos.
As primeiras páginas apontam, assim, uma tendência da Super pelo uso desse recurso: em
média, 33,42% do conteúdo da revista é de infográficos. Essa estatística só foi encontradaapós a análise do corpus desse trabalho. Para isso, foi levada em consideração a publicação de
três tamanhos de infográficos na Superinteressante: um de duas páginas, outro de uma e um
terceiro tipo que ocupa meia página. Foram consideradas também as páginas que contêm
texto ou imagem, e que contêm texto e imagem.9 O resultado é mostrado na tabela 2:
9 As publicidades, o editorial, o sumário e a coluna Mundo Super não foram contabilizados em nenhuma dessascategorias, sendo considerados apenas no total de páginas, para a realização de estatística.
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Tabela 2A Super em números
Edição 293 – Julho/2011
Total de páginas
PublicidadeOutrasseções
Info. 2 páginas
Info. 1 página
Info. 1/2 página
Somentetexto
Somenteimagem
Texto +imagem
88 19 6 12 10 6 12 9 14Edição 298 - Dezembro/2011
Total de páginas
PublicidadeOutrasseções
Info. 2 páginas
Info. 1 página
Info. 1/2 página
Somente texto
Somenteimagem
Texto +imagem
106 33 6 14 11 3 10 7 22Edição 301 - Fevereiro/2012
Total de páginas
PublicidadeOutrasseções
Info. 2 páginas
Info. 1 página
Info. 1/2 página
Somente texto
Somenteimagem
Texto +imagem
80 10 5 16 10 8 8 7 16Edição 303 - Abril/2012
Total de páginas Publicidade
Outrasseções
Info. 2 páginas
Info. 1 página
Info. 1/2 página Texto Imagem
Texto +imagem
88 19 5 6 20 5 11 11 11
Dessa forma, chegou-se à média de categorias publicadas por cada edição da revista, como
mostra a tabela 3, e que levou à seguinte estatística (Gráfico 1):
Tabela 3
A média da Superinteressante
Total depáginas
PublicidadeOutrasseções
Info. 2páginas
Info. 1página
Info.1/2
páginaTexto Imagem
Texto +imagem
90,5 20,25 5,5 12 12,75 5,5 10,25 8,5 15,75
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Gráfico 1 - Composição da revista Super
A partir desses dados, percebe-se que há certa preocupação, por parte do veículo, em
equilibrar o número de páginas que possuem somente texto e imagem. A diferença total entre
ambas as categorias é de apenas um ponto porcentual. Além disso, ao fazer essa análise, foi
detectado um padrão em todas as matérias que ocupam mais de quatro páginas, incluindo as
de capa, constituído pelo uso da sequência abertura (com duas páginas, geralmente uma com
imagem e outra com o título e o lead ), texto, imagem ou infográfico, texto, imagem ou
infográfico, e assim por diante. Geralmente, essas matérias têm de quatro a seis páginas. Já as
reportagens que figuram nas capas de cada edição possuem dez.
Esses recursos visuais – aqui considerados imagens, fotos, ilustrações e infográficos – atraem
os olhos do leitor; amenizam o cansaço que cinco páginas consecutivas de leitura sobre
ciência, tecnologia e inovação podem causar; além de facilitar a compreensão e memorização
das informações contidas na revista, como apontado por Schmitt (2006). Essas funções fazem
com que, em média, o uso, principalmente dos infográficos, seja quase três vezes maior do
que as páginas que possuem apenas texto. Prova disso é que, das quatro seções da Super
(SuperNovas, Respostas, Reportagens e SuperRadar ), três possuem publicações deles em
todas as edições. A preocupação com o uso da imagem se vê refletida, inclusive, na própria
estrutura profissional da revista Superinteressante, como foi dito no primeiro item deste
capítulo, que conta com 15 fotógrafos, 15 ilustradores e 20 jornalistas.
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4.4 Cores superinteressantes
O primeiro contato de um leitor com uma revista é a sua capa. Ela é a grande responsável por
chamar a atenção e mostrar ao consumidor as principais informações contidas naquele
exemplar. Fraser e Banks (2007), por exemplo, consideram a capa como um campo de vendas
visual, que tem como ferramenta, além da imagem, o uso das cores. A preocupação da
Superinteressante com a primeira página se mostra na quantidade de pessoas responsáveis por
ela: o diretor de redação, que escreve os textos; o diretor de arte, que a monta; e o diretor denúcleo, que aprova ou não a capa.10 É a última etapa no processo de criação de cada edição
antes da revisão final e do envio para a gráfica.
As capas da Super seguem um padrão. Com exceção à edição extra publicada em dezembro,
todas elas são vermelhas. No canto superior esquerdo é apresentada a logomarca da
publicação, sempre na cor branca; no canto superior direito a chamada de uma das
reportagens, sempre em um tom mais escuro do que o usado no restante da página; na parteinferior, a logo da editora Abril e uma pequena chamada de, em média, cinco matérias. No
meio, em destaque, a chamada da principal reportagem, com título, subtítulo e uma imagem
que faz referência a seu conteúdo. A capa é dividida em cinco blocos, como mostra o
esquema a seguir:
Figura 3 – Esqueleto da capa da Superinteressante
10 Informação retirada da revista Superinteressante, edição 309, de setembro de 2012.
LOGO DA SUPER CHAMADA
1
CHAMADAS 2,3,4,5 E 6
TÍTULO DA CAPA+ SUBTÍTULO
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A maioria das imagens parece saltar do espaço destinado à matéria de capa. É o caso das
edições 293, 298 e 303. Essa expansão para fora da área delimitada cria certa sensação de
movimento, que contribui para chamar a atenção do leitor. A primeira página da edição 293,
de julho de 2011 (ver anexo A), por exemplo, é estampada pela imagem de um homem decabelos compridos e barba, associado à imagem ocidental de Jesus Cristo. Porém, um desenho
no meio da capa sugere que a página foi rasgada de um lado a outro na altura das
sobrancelhas, olhos e nariz da foto. No local, os dizeres “Os anos ocultos de Jesus”, dando a
entender que a imagem foi censurada e é omitida ou escondida.
As linhas usadas para identificar esse “rasgo” são tortas e irregulares, isto é, de tamanhos e
espessuras diferentes o que cria um choque durante a leitura visual, que, de acordo comGomes Filho (2000), pode ser associado à violência. No fundo da parte “rasgada”, há o
predomínio da cor vermelha, que, segundo Fraser e Banks (2007) e Pedrosa (2009), é
associada à violência e à agressividade. Essas ideias também são representadas pelo fato da
página ter sido rasgada e podem ser relacionadas, ainda, com a expressão anos ocultos. Já na
foto do homem, predominam as cores claras, sobretudo o branco, associado à paz, pureza e
divindade; e o cinza, que pode significar sabedoria e seriedade, valores que representam a
concepção cristã de Jesus (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006).
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Ainda sobre a imagem utilizada na capa, percebe-se um apelo estético por parte da revista. Ao
invés de estampar uma imagem mais próxima à realidade de como Cristo teria sido, pelo
padrão da região onde ele nasceu, onde as pessoas têm a pele morena, cabelos crespos, lábios
carnudos e nariz protuberante, foi escolhido um homem com pele alva e padrão europeu. Essa
opção evita o choque que a imagem pode causar no público e, consequentemente, nas vendas
da revista, já que Jesus é imaginado de acordo com os padrões de beleza europeus, com a pele
clara, cabelos compridos e ondulados, traços finos e olhos claros.
A capa da edição 298, de dezembro de 2011 (ver anexo B), traz a imagem do Congresso
Nacional em ruínas, com o título da chamada “Apocalipse – O mundo tem data para acabar?”.
O céu está envolto por fumaça e chamas, há carros destruídos e escombros no chão.Predominam as chamadas cores quentes: vermelho, laranja e amarelo, que podem ser
associadas ao fogo, à alta temperatura e ao calor (FRASER; BANKS, 2007). A imagem da
capa também usa cores neutras que criam um contraste, sobretudo, com o laranja e o amarelo.
A cor marrom está associada ao desconforto, ao pesar, enquanto o preto e o cinza escuro estão
ligados à ideia de sujeira, carvão, pó e fumaça (idem, ibidem).
Em destaque, dois prédios e a fumaça que “sobe” para fora da revista. A linha vertical que oscompõe é quebrada drasticamente, tanto com a fumaça do edifício da direita quanto com o
desabamento do prédio do lado esquerdo. Essa quebra da linha provoca sensação de choque,
de conflito e caos, que também é transmitida pelas rachaduras nas demais estruturas do
Congresso. A ideia do caos é intensificada pela presença de pequenos fragmentos espalhados
por toda a imagem (GOMES FILHO, 2000). Tanto as cores quanto o próprio desenho em si –
o Congresso será destruído por um meteoro – dialogam com a ideia de apocalipse e fim do
mundo, transmitidos pelo texto da chamada.
A própria escolha do Congresso não é à toa: sua destruição significa o fim da sociedade como
conhecemos, que também pode ser associado ao fim do mundo. Além disso, a insatisfação
política existente no país faz com que a aceitação da imagem do Congresso Nacional sendo
destruído seja maior do que se símbolos como o Cristo Redentor ou o Pão de Açúcar, por
exemplo, estivessem sendo consumidos pelas chamas, o que poderia atrapalhar as vendas nas
bancas. Há que ressaltar também que os dois prédios do Congresso sendo destruídos remetem
às Torres Gêmeas e ao atentado de 11 de setembro de 2011, considerado o maior ato terrorista
do século.
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Na edição 303, de abril de 2012 (ver anexo C), há a imagem de um homem que tira a camisa
social e a gravata. No centro, o título da chamada: “Os segredos dos imortais”. A imagem faz,
claramente, uma referência ao Super Man, personagem extraterrestre de história em
quadrinhos que tem força descomunal e é quase indestrutível. Ele finge ser um jornalista e,
por baixo da roupa social, usa seu uniforme de super herói.
Mas as referências não param por aí: o espaço em azul debaixo da camisa social aberta (da
mesma cor da roupa de Super Man) tem o formato parecido com o símbolo do personagem. A
ausência de um rosto na imagem colabora com a referência, já que o herói não revela sua
identidade. Os valores e a história do Super Man também casam com o subtítulo da chamada:“Eles passaram por situações extremas – e sobreviveram. Agora, a ciência quer estudá-los
para entender como você pode viver mais”. O homem é envolto por um brilho branco,
relacionado ao bem e ao otimismo que um herói transmite (AMBROSE, 2009).
A última capa analisada, da edição 301, de fevereiro de 2012 (ver anexo D), traz a imagem de
um bebê de pele clara e olhos azuis. Há setas indicando a maior capacidade para o
aprendizado, a resistência à obesidade e a imunidade à miopia da criança. O título é “Comofazer um superbebê”. A prevalência de tons claros na imagem, próximos ao branco, são
associados à ideia de início, de nascimento, relacionada à “produção” de um bebê indicada na
chamada (AMBROSE, 2009; FRASER, BANKS, 2007). Em destaque na página, os olhos
azuis da criança, dão ideia de divino e de eterno, transmitidos pela palavra “superbebê”.
Novamente a escolha da imagem tem forte apelo estético: uma criança de pele clarinha e de
olhos azuis chama mais atenção e vende mais revistas do que outro bebê, de olhos castanhos,
por exemplo, considerado normal pelos padrões de beleza ocidentais.
Dentro da revista, como já foi evidenciado na análise quantitativa, é possível perceber um
padrão nas matérias que são destaque na capa, apresentadas por uma abertura de duas páginas,
com imagem, título, bigode e lead . Seguidas de texto, imagem, texto, imagem e assim por
diante. As 10 páginas da matéria “Os anos ocultos de Jesus”, da edição 293 (ver anexo E), são
formadas por uma palheta de cores frias e tons claros, como o amarelo, o bege, o laranja e o
marrom, além dos neutros preto, branco e cinza. Essas cores podem ser associadas à própria
bíblia – livro que conta a história de Jesus – e que geralmente tem páginas amareladas. O
amarelo, marrom e bege também são associados ao passado, às folhas e documentos antigos,
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relacionados ao próprio conteúdo da matéria: os anos ocultos de Jesus, esquecidos no tempo,
quase apagados. Ao todo, a matéria contém cinco retrancas e cinco imagens que, além de
driblar o cansaço visual causado pelo texto, funcionam como uma linha do tempo sobre a vida
de Jesus Cristo. Nos desenhos, a mesma opção pelo padrão estético europeu, com pessoas de
traços finos e cabelos ondulados.
A matéria capa da edição 298, de dezembro de 2011 (ver anexo F), é, de longe, a que possui
as páginas mais trabalhadas, do ponto de vista gráfico. As “12 receitas para o fim do mundo”
também possui 10 páginas. Os textos estão divididos por três grandes blocos – “finais mais
prováveis”, “finais plausíveis” e “finais esdrúxulos” –, sendo que cada um traz quatro
retrancas sobre os possíveis fins da vida no planeta Terra. Além disso, há uma introdução naabertura da matéria. As bordas das páginas possuem tons escuros, em variações de preto e
marrom, que simulam que a revista foi queimada pelo fogo. Há, ainda, rachaduras e galhos
retorcidos.
O título contrasta com o fundo amarelado das páginas, nas cores vermelho e preto. Ao
analisá-las individualmente, podemos associar o vermelho à ideia de destruição e violência. O
preto representa morte e escuridão e seu uso em excesso (como na diagramação da página emque foi usado nos galhos retorcidos, nas rachaduras e nas bordas) pode causar sensação de
angústia. O cinza também está ligado à ideia de negatividade, de sujeira e de sombra enquanto
o marrom pode ser associado ao desconforto e à natureza. Já o amarelo pode ser associado à
alta temperatura, à luz solar e ao calor (ver tabela 1).
É perceptível a sensação de desordem e bagunça causada pela enorme quantidade de imagens
espalhadas no decorrer da matéria (GOMES FILHO, 2000). Essa ideia é intensificada pelairregularidade das linhas que compõem as rachaduras e os galhos, que causam um
desnivelamento visual, representando a desarmonia da página como um todo.
Na abertura da matéria “Os segredos dos imortais”, da edição 303, de abril de 2012 (ver
anexo G), de 10 páginas, o fundo azul claro com o desenho de várias pessoas, pode ser
associado a passividade e impotência. Alguns dos desenhos estão destacados de amarelo,
relacionado ao poder, à divindade e à potencialização, destacando os imortais dos reles
mortais. Esse contraste entre azul e amarelo simboliza, de acordo com Pedrosa (2009),
oposição e tensão de forças contrárias. Nas outras páginas, estão publicados infográficos, com
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o predomínio de tons fortes de cores amarelo, laranja, rosa, azul e verde, que alertam o leitor
sobre como se comportar em situações graves, como um acidente de avião ou uma batida de
automóvel.
Já a principal matéria da edição 301, de fevereiro de 2012 (ver anexo H), traz, intercaladas aos
textos, fotos de bebês. Na abertura, uma criança de com eletrodos na cabeça e ao lado o título
“Como fazer superbebês”. A imagem transmite a ideia de que o bebê está em um laboratório
que busca desenvolver meninos e meninas mais inteligentes e saudáveis, lembrando até filmes
de ficção científica. O fundo das fotografias é sempre de cores claras – verde, rosa e salmão –,
que são sempre utilizadas em roupas, móveis, brinquedos e até mesmo na decoração infantil.
Novamente, as escolhas das fotos têm forte apelo estético: assim como na capa, a revista deu preferência a bebês de pele clara e cabelos lisos. Apenas uma das quatro crianças é negra e
possui o cabelo crespo. Essa escolha é baseada no padrão de beleza ocidental que vigora hoje,
que tende a achar pessoas brancas mais bonitas que as negras.
A partir dessa análise, percebe-se que a revista Superinteressante se vale do que Rubim
(2002) define como espetacularização da notícia. As cores, imagens e forma como as mesmas
são trabalhadas na publicação ativam dimensões emocionais, sensoriais, valorativas ecognitivas. Esse apelo dado à imagem contribui para a compreensão dos assuntos de ciência e
tecnologia (SHMITT, 2006), além de divertir, emocionar, e prender a atenção do leitor.
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5 CONCLUSÃO
As imagens saltam aos olhos do leitor e, na Superinteressante, possuem muito mais do que
um valor estético. Ao selecionar as fotos ou ilustrações que figuram na capa e nas páginas
internas, a revista opta por aquelas que não choquem o público e que, claro, estimulem as
vendas nas bancas. Nas edições que compõem o corpus deste trabalho, por exemplo, percebe-
se que a linguagem visual é usada como uma estratégia de conquista: todas as pessoas
retratadas seguem um padrão de beleza difundido no mundo ocidental, baseado nos padrões
europeus. Em parte, esta é uma atitude negativa da revista, já que reforça o preconceito
existente de que pessoas de pele e de olhos claros, traços finos e cabelos lisos são mais bonitas e visualmente mais aceitas. Por que não estampar a capa que fala de um “superbebê”
com a foto de uma criança negra, ou usar a imagem de Jesus Cristo de acordo com a realidade
da região onde ele nasceu, com pele mais escura e cabelos crespos? Isso poderia confrontar os
ideais e concepções dos consumidores e ir contra um dos objetivos da publicação, que é
vender para se manter no mercado.
Porém, a escolha das imagens na Super vai muito além e possuem, também, um lado positivo:elas permitem a melhor compreensão e memorização do assunto abordado, evitam o cansaço
visual e intensificam e estimulam o lado sensorial durante a leitura. O ditado popular “uma
imagem vale mais que mil palavras” se aplica totalmente à revista. Prova disso é a crescente
preocupação em equilibrar o número de páginas que contêm imagem e que possuem texto nas
matérias capas e nas próprias edições. Além disso, há o uso, em larga escala, dos infográficos:
em média, cerca de 33,4% das páginas da revista são constituídas por infográficos, ocupem
eles duas, uma ou meia página. Como recompensa, o veículo já conquistou vários prêmios dedesign nacionais e internacionais. Premiações estas que parecem motivar cada vez mais a
Superinteressante a se preocupar com o visual e aspectos gráficos e, a cada reformulação, a
revista adota uma “cara” mais jovem e colorida.
Outro aspecto da Superinteressante prova que a escolha das cores também não é ao acaso. Os
vários tons parecem conversar com o texto e criam uma experiência única. A capa da edição
303 (ver anexo E), por exemplo, não teria o mesmo efeito e significado se as cores usadas
fossem diferentes. O azul do fundo do desenho é associado rapidamente ao Superman e casa
com a palavra imortais, em destaque. Nesse caso, um laranja ou rosa não teriam tanto peso e
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significado para a composição da mensagem transmitida. A própria linha que circula a
imagem e parece dar brilho à ilustração cria um efeito de divindade, de algo quase inacessível.
Neste aspecto, a revista consegue brilhar (e aqui vale o trocadilho) ao trabalhar com tanta
eficiência em relação à palheta de cores usadas.
Dessa forma, o presente trabalho conclui que o aspecto visual está em primeiro plano na
Super . A própria equipe da revista ilustra isso: são 15 fotógrafos, 15 ilustradores e 20
jornalistas, como já foi citado anteriormente. A quantidade de infográficos e imagens usadas
por edição em relação aos textos por página também demonstra essa postura. E colocar a
linguagem visual em um pedestal, por assim dizer, tem dado bons frutos para a publicação:
ela conquistou o leitor e se consagrou no mercado editorial brasileiro. A revista comemorouseus 25 anos em 2012 e é a maior revista de Ciência e Tecnologia voltada para o público
jovem do Brasil, com tiragem superior a 415 mil exemplares, contra pouco mais de 133 mil
da principal concorrente.
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ANEXO A – Capa da edição 293 da Superinteressante, de julho de 2011
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ANEXO B – Capa da edição 298 da Superinteressante, de dezembro de 2011
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ANEXO C – Capa da edição 303 da Superinteressante, de abril de 2012
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ANEXO D – Capa da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
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ANEXO G – Matéria da edição 303 da Superinteressante, de abril de 2012
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ANEXO G – Matéria da edição 303 da Superinteressante, de abril de 2012
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO G – Matéria da edição 303 da Superinteressante, de abril de 2012
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO G – Matéria da edição 303 da Superinteressante, de abril de 2012
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
7/29/2019 A FUNÇÃO DA IMAGEM NO JORNALISMO: Análise do papel da linguagem visual na construção da informação jornalí…
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.
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ANEXO H – Matéria da edição 301 da Superinteressante, de fevereiro de 2012.