SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS DECOMPOSITORES
PARA A NATUREZA E PARA O SER HUMANO.
Isabel Cristina Ambrosio Marquete
JUNHO/2012
Orientadora: Profª. Drª. Gisele Maria de Andrade de Nóbrega
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina
Artigo sobre a implementação do material didático de Ciências Biológicas, sobre a importância dos
fungos decompositores para a natureza e para o ser humano, produzido como conclusão do
Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, instituído pela Secretaria de Estado da
Educação do Estado do Paraná.
A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS DECOMPOSITORES PARA A NATUREZA E
PARA O SER HUMANO
Autora: Isabel Cristina Ambrosio Marquete
1
Orientadora: Profª Drª Gisele Maria de Andrade de Nóbrega2
RESUMO
Os fungos são classificados de acordo com suas funções na natureza. Várias são as utilidades, mas a principal delas é realizada pelos saprófitos, pois, desempenham importante trabalho de reciclagem, decompondo a matéria morta, fazendo com que tudo que foi retirado do ambiente seja devolvido de alguma forma. Muitas vezes incomodam o homem, porque atacam de forma direta substâncias, objetos que não poderiam ser decompostos. Podem também representar grande importância econômica na fabricação de alimentos e antibióticos. Este projeto tem por objetivo incentivar a observação da natureza, estudando mais detalhadamente o Reino Fungi em especial os saprófitos, buscando entender sua importância para o meio ambiente e para os seres humanos. Para que isso ocorra, os alunos, orientados pelo professor, participarão de aulas em laboratório, farão experimentos, observação do meio em que vivem, tentando responder aos seus questionamentos, enfim atividades que deverão estimular o espírito científico com maior entendimento do objeto de estudo da disciplina de ciências.
Palavras-chave: fungos; bolores; saprófitos; decomposição; natureza; Reino Fungi; reciclagem.
ABSTRACT
Fungi are classified according to their functions in nature. There are several utilities, but the main one is held by saprophytic, because they play an important recycling work, breaking down dead matter, so that everything which was removed from the environment is returned somehow. They often bother the man, because they attack directly substances, objects that could not be decomposed. They may also represent great economic importance in food and antibiotics manufacturing. This project aims to encourage the observation of nature, studying more closely the Fungi Kingdom and in particular saprophytic, seeking to understand its importance to the environment and humans. For that to occur, students, guided by the teacher, will participate in laboratory class, make experiments, observe the environment they live in, trying to answer their questions, in short activities that will stimulate the scientific spirit with greater understanding of the studying object of the science subject.
Keywords: fungi, molds, saprophytes; decomposition; nature; Fungi Kingdom; recycling.
1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná - Área PDE: Ciências, NRE: Londrina. 2 Universidade Estadual de Londrina.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de
Ciências (DCEs, 2009), a disciplina de ciências tem como objeto de estudo o
conhecimento científico que resulta da investigação da natureza. Hoje, muitas
vezes não percebemos o encantamento de nossos dias, a maravilha que é a
natureza, o milagre da vida que acontece a cada segundo, acumulamos tarefas
e necessitamos cada vez mais de tempo para cumpri-las, não tendo tempo para
apreciar as pequenas coisas. Cabe ao professor de ciências despertar em seu
aluno a importância de se observar todo o ambiente a sua volta, fazendo
entender que o ser humano pertence a um ciclo, chamado ciclo de vida,
precisamos mais da natureza do que ela de nós. Temos por dever preservá-la.
“Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar.” (DCE, p.16)
A escola através de seu currículo e profissionais da educação fará a
socialização do conhecimento, oportunizando aos alunos o saber, o
conhecimento científico, despertando a reflexão, o entendimento deste mundo,
podendo observá-lo com outros olhos. Assim, se faz necessário, a inovação
contínua das práticas pedagógicas, métodos diferenciados, utilizando-se dos
recursos que estão ao alcance do aluno, até mesmo recursos tecnológicos que
podem ser utilizados para o enriquecimento dos conteúdos a serem ministrados.
As relações entre os seres humanos com os demais seres vivos e com a
natureza ocorrem pela busca de condições favoráveis de sobrevivência, (DCEs,
2009), contudo não pode ser permitida a falta de respeito como se manifestam
nas atitudes do dia a dia. Devemos nos conscientizar de que os microrganismos,
no caso dos fungos, objeto de nosso estudo, fazem parte deste ciclo de vida,
que dependemos deles em nossas atividades. Hoje temos uma escola que
abrange diferentes condições socioeconômicas, sendo indispensável à troca de
experiências, vivências que venham a enriquecer o trabalho pedagógico, para
assim promover a aprendizagem num todo.
A escola é um espaço de diálogo, onde professor e aluno podem colocar
suas idéias e reflexões, buscando sempre o entendimento de questões
relacionadas ao seu cotidiano, aprimorando seus conhecimentos, buscando
associar o saber científico ao saber popular, como diz SACRISTAN (2000,
p.120) “Sem conteúdo não há ensino, qualquer projeto educativo acaba se
concretizando na aspiração de conseguir alguns efeitos nos sujeitos que se
educam. Referindo-se estas afirmações ao tratamento científico do ensino,
pode-se dizer que sem formalizar os problemas relativos aos conteúdos não
existe discurso rigoroso nem científico sobre o ensino, porque estaríamos
falando de uma atividade vazia ou com significado à margem do para que sirva.”
Assim o professor participa ativamente da construção curricular, fundamentando-
se, organizando seu trabalho pedagógico a partir dos conteúdos estruturantes de
sua disciplina, com preocupação de não empobrecer sua prática, reduzindo a
abordagem pedagógica aos limites da vivência do aluno, pois, compromete o
desenvolvimento de sua capacidade crítica de compreensão da abrangência dos
fatos e fenômenos.
Muitas vezes, em sala de aula, alguns conteúdos são trabalhados de
forma tão superficial que os alunos não conseguem relacionar o conteúdo com
sua prática diária, ou seja, o aluno não percebe que aquilo faz parte de sua vida,
de seu cotidiano. Consequentemente não relaciona determinados
conhecimentos com a sua importância para os seres humanos. É necessário se
fazer comparações, observações para que haja associação do conteúdo
estudado com as atividades cotidianas. O aluno precisa compreender que a
ciência está presente no cotidiano deles próprios e cabe ao professor determinar
as estratégias para que isto aconteça, fazendo com que suas aulas fiquem ainda
mais interessantes.
Os fungos decompositores nutrem-se da matéria orgânica dos corpos
em decomposição ou de partes ou resíduos deixados na natureza. Esta ação
decompositora é indispensável para o equilíbrio biológico nos diversos
ecossistemas da Terra, sendo essencial para a reciclagem de toda matéria na
natureza, (BARROS e PAULINO, 2010).
Segundo as Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de Ciências
(DCEs, 2008), a aprendizagem significativa implica no entendimento de que o
estudante aprende conteúdos científicos quando lhes atribui significados. O
estudante constrói significados cada vez que estabelece relações entre o que
conhece e o que aprende de novo. (AUSUBEL, NOVAK E HANESIAN, 1980).
Sendo assim, se faz necessário a relação do que é questionado com o
que será estudado, apresentando de forma simples, mas interessante, através
de estratégias que facilitem principalmente a observação e a compreensão do
conteúdo.
Por meio deste estudo, os alunos deverão se conscientizar da
importância de se observar a natureza, entender que cada minúsculo ser faz
parte de um todo integrado, cada um com papel fundamental para toda a
existência, através de experimentos o desabrochar do espírito científico e assim
espera-se que as informações adquiridas colaborem para o enriquecimento de
suas vivências e melhor desempenho de atividades na sociedade.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os fungos são organismos eucarióticos, cujas células possuem núcleo
definido por membrana celular chamada envoltório nuclear (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2000). Estes organismos são heterotróficos, isto é, não conseguem
produzir seu próprio alimento, dependem de outros seres para a obtenção de
nutrientes para sobreviver. O grupo dos fungos é extremamente amplo,
compreendendo diferentes tipos de organismos tais como mofos, bolores,
cogumelos, orelhas de pau ou leveduras. Por isso, têm forma de vida bem
distinta dos outros seres vivos e podem ser encontrados nos mais variados
ambientes, principalmente em lugares úmidos e ricos em matéria orgânica.
Algumas espécies nutrem-se de matéria orgânica viva, causando doenças em
animais e plantas e sendo responsáveis também pelo “apodrecimento” de frutas
e verduras. A área da ciência que estuda os fungos é a micologia. Estes
microrganismos podem ser unicelulares ou pluricelulares, organizando um reino
próprio – o Reino Fungi. (BARROS e PAULINO, 2010).
Na natureza, os fungos são os principais decompositores. Segundo
GRANDI (2007), os fungos são tão necessários à continuidade da vida quanto
os produtores, pois devolve ao solo tudo o que dele foi retirado um dia. Por meio
da decomposição a matéria orgânica é quebrada e incorporada nos organismos.
Assim, os fungos desempenham importantíssimo papel na reciclagem dos
elementos químicos que constituem a matéria orgânica do planeta.
AMABIS e MARTHO (2004) fazem descrição sobre as características
gerais dos fungos, ressaltando que todos os fungos multicelulares são
constituídos por filamentos microscópicos ramificados, as hifas. O conjunto de
hifas forma o micélio, que constitui o corpo do fungo multicelular. Uma hifa é um
tubo microscópico que contém o material celular do fungo. Podem ser de dois
tipos: cenocíticas e septadas. As hifas cenocíticas são tubos contínuos, sem
divisões transversais, preenchidos por uma massa citoplasmática com centenas
de núcleos. As hifas septadas apresentam paredes transversais (septos)
delimitando compartimentos celulares com um ou dois núcleos, dependendo do
estágio do ciclo sexual. A parede das hifas é constituída basicamente pelo
polissacarídeo quitina. Curiosamente, essa substância também está presente no
reino animal, constituindo o esqueleto dos artrópodes. O emaranhado de hifas
que constitui o micélio pode crescer indefinidamente, enquanto houver alimento
disponível e condições favoráveis.
Nos processos de reprodução sexuada de muitas espécies de fungos,
formam-se hifas especiais que crescem em agrupamentos compactos,
constituindo os corpos de frutificação, dos quais cogumelos e orelhas de pau são
os exemplos mais conhecidos.
Durante seu crescimento sobre uma fonte de alimento, o micélio libera
enzimas digestivas, que agem extracelularmente, degradando as moléculas
orgânicas. As hifas absorvem os produtos da digestão, utilizando-os como fonte
de energia e matéria-prima para sua sobrevivência e crescimento. Esse modo de
vida dos fungos, conhecido como saprofagia é responsável pelo apodrecimento
de diversos materiais. Assim surge um bolor negro que cresce sobre superfícies
úmidas de alimentos ricos em carboidratos, como pão velho, frutas e verduras,
esses bolores são fungos do tipo Rhizopus sp.
Os fungos são classificados em cinco filos: Chytridiomycota ou
mastigomicetos, Zygomycota ou zigomicetos, Ascomycota ou ascomicetos,
Basidiomycota ou basidiomicetos e Deuteromycota ou deuteromicetos. (AMABIS
e MARTHO, 2004)
O ensino de Ciências, hoje, segundo a metodologia apresentada nas
Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de Ciências (DCEs, 2009)
deve buscar formas diferenciadas e dinâmicas para a apresentação dos
conteúdos. As atividades experimentais podem ser realizadas em sala de aula,
por demonstração, em pesquisa de campo e outras modalidades, com o objetivo
de permitir a apropriação de noções e conceitos suscitando a reflexão sobre o
objeto a ser estudado.
Assim, a construção de significados pelo estudante é o resultado de uma
complexa rede de interações composta por no mínimo três elementos: o
estudante, os conteúdos científicos escolares e o professor de Ciências como
mediador do processo de ensino-aprendizagem. O estudante é o responsável
final pela aprendizagem ao atribuir sentido e significado aos conteúdos
científicos escolares. O professor é quem determina as estratégias que
possibilitam maior ou menor grau de generalização e especificidade dos
significados construídos. É do professor, também, a responsabilidade por
orientar e direcionar tal processo de construção.
Como forma de despertar nos alunos um maior comprometimento e
seriedade às atividades propostas se faz necessário, que os pesquisadores
estejam imbuídos de espírito científicos (CERVO, 2003). O espírito científico é
algo aprendido e conquistado ao longo da vida e pode levar o pesquisador a
buscar soluções sérias, com métodos adequados, para o problema que se
estuda. Assim, a ciência pode ser praticada nas mais variadas situações e não
apenas nos laboratórios.
O objetivo principal deste trabalho é despertar no aluno a importância de
se observar a natureza, de perceber a vida presente em nossos dias, a relação
que existe homem-natureza, não somos nada sem ela e somente percebemos o
que é visível a olho nu, os alunos principalmente não conseguem relacionar
microrganismos as atividades humanas, parece ser algo distante e não presente
nas mais diferentes e simples atividades diárias.
3. DESENVOLVIMENTO
O trabalho foi desenvolvido no Colégio Estadual Rosa Delúcia Calsavara
– Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Cambira, onde os participantes
foram os estudantes da 6ª série, hoje 7º ano, no período de setembro a
novembro de 2011.
Os estudantes juntamente com a professora, fizeram primeiramente uma
reflexão sobre os seres vivos existentes na natureza, através de um questionário,
(anexo 1) do material didático pedagógico, onde puderam fazer uma análise de
seus conhecimentos sobre a classificação dos seres vivos e a presença de seres
microscópicos na natureza, os microrganismos, mais especificadamente os
fungos, sua importância no equilíbrio dos ecossistemas, e utilização nas mais
variadas atividades humanas.
Em seguida fizeram introdução aos estudos, com leitura e explicação
pela professora de todo o conteúdo sobre o Reino Fungi, com observação de
imagens de diferentes fungos encontrados na natureza e em especial os
decompositores, onde os estudantes realizaram diferentes atividades
relacionadas ao assunto, como as contidas no material didático pedagógico,
também pesquisa e estudo do glossário, (anexo 2). Com isso, foi possível
retomar a atividade anterior (anexo 1) e a partir dos questionamentos realizados
solucionar as dúvidas existentes fazendo relação ao conteúdo estudado.
Os estudantes, juntamente com a professora fizeram observações no
pátio do Colégio e ambientes próximos a fim de encontrar possíveis fungos ou
associações como os liquens, analisando os fatores que favoreceram a
presença dos mesmos, sendo fotografado para posterior estudo em sala.
Também foram orientados em realizar observações em suas casas, quintais,
pomares, hortas, utilizando os recursos tecnológicos existentes (máquina
fotográfica e celulares) com a finalidade de organizar uma exposição de
diferentes fungos encontrados, para em sala de aula, fazer a demonstração
através da confecção de um mural.
Para reforçar os estudos, foram realizados experimentos com a
observação do desenvolvimento de culturas de fungos.
3.1 EXPERIMENTO l: Cultura de fungos em frutos
Os estudantes trouxeram alguns frutos como: laranja, mamão, morango,
abóbora, maracujá... para a preparação de diferentes culturas, onde puderam
observar o aparecimento e desenvolvimento de fungos relatando as mudanças
ocorridas, destacando os fatores necessários para que o desenvolvimento fosse
possível. Em seguida utilizamos o material produzido para realizar observações
com o estereomicroscópio (lupa).
3.2 EXPERIMENTO ll: Cultura de fungos no pão
Os estudantes utilizaram fatias de pão, sendo uma torrada, duas fatias
de pão fresco, porém uma umidecida com água e a outra com desinfetante,
foram colocadas cada uma em um recipiente de vidro e cobertas com filme
plástico, deixaram em local apropriado para a observação, onde puderam
constatar o desenvolvimento de colônias de fungos no pão fresco, através das
observações realizadas destacando a importância da umidade, temperatura,
material orgânico fresco, já no pão torrado e com desinfetante, durante o período
de observação não houve o desenvolvimento, por eles observado no pão torrado
à questão de não haver umidade e no pão com desinfetante ter destruído a
possibilidade de desenvolvimento por ter substância química envolvida.
3.3 EXPERIMENTO III: Cultura de fungos no fubá
Os estudantes utilizaram cinco copos numerados, onde prepararam
juntamente com a professora um mingau com fubá e água, misturando muito
bem e levaram ao fogo até engrossar. Colocaram o mingau ainda morno até a
metade dos copinhos, sendo que o copo um ficou aberto em cima da mesa do
laboratório, o copo dois foi vedado com o filme plástico, o copo três foi
completado com óleo e o copo quatro com vinagre e colocados junto ao copo um
em cima da mesa, o copo cinco foi colocado na geladeira, sem cobertura. Foram
realizadas observações por mais de uma semana, onde os estudantes foram
percebendo mudanças, refletindo e buscando respostas a vários
questionamentos realizados por eles mesmos e pela professora.
Finalizando as atividades, os estudantes foram orientados pela
professora a realizarem um trabalho de pesquisa de classificação dos fungos, a
partir do assunto estudado, utilizaram a biblioteca observando em diferentes
livros os tipos de fungos existentes, também pesquisaram na internet conteúdos
e imagens relacionados ao assunto, onde a todo o momento destacou-se a
importância da preservação da natureza, o maravilhoso trabalho que estes
minúsculos seres realizam fazendo a reciclagem dos materiais mortos,
colaborando com o ciclo de nutrientes e o ciclo da vida dos demais seres vivos.
4. RESULTADOS
As atividades desenvolvidas no presente trabalho foram de extrema
importância para melhorar significativamente os conhecimentos dos estudantes
a respeito do tema. A primeira abordagem, onde a professora realizou uma
sondagem em forma de questionário, promoveu o despertar dos estudantes para
o assunto, assim como a curiosidade em saber a importância dos fungos na vida
cotidiana.
Observou-se que os estudantes perceberam fatos do cotidiano e
conseguiram relacioná-los ao conteúdo em estudo. A maioria sabia da presença
de seres microscópicos na natureza, porém apresentaram dificuldade na
classificação dos seres vivos, não associando os microrganismos aos reinos, a
grande maioria não fez relação entre bolores e fungos, acreditando serem
organismos distintos, mas acreditam que para haver desenvolvimento de bolores
seja necessária a umidade, contudo a maioria achava que estes se
desenvolviam da própria matéria, onde estavam, não associando ao processo de
decomposição e do importante trabalho de reciclagem dos materiais na
natureza, a maioria não fez relação da utilização dos fungos na fabricação de
medicamentos, mas tinham noção da utilização de fungos na fabricação de
alimentos e também de doenças causadas por estes microrganismos (fig.1)
Figura 1. Questionário, sondagem sobre o assunto a ser trabalhado.
A confecção do glossário (fig.2), conforme descrito no desenvolvimento
deste artigo foi importante para solucionar dúvidas sobre os principais conceitos
que seriam utilizados durante a realização do trabalho, complementando a
atividade anterior, que foi o estudo de todo o conteúdo relacionado ao Reino
Fungi. Após a atividade, observou-se que os estudantes conseguiram entender
que os fungos são organismos vivos e ainda auxiliam na reciclagem fazendo
decomposição dos materiais da natureza.
Figura 2. Estudo do glossário.
A seguir, os experimentos realizados, fortaleceram ainda mais o
aprendizado significativo, pois, a pura observação da presença direta ou indireta
dos microrganismos nos diferentes materiais e situações estudadas, foi
fundamental para o entendimento/compreensão do tema.
A figura 3 abaixo, se refere às observações realizadas pelos estudantes
e professora, no estudo de campo descrito anteriormente.
a b
c d
e f
g h Figura 3. Imagens obtidas no estudo de campo. Cogumelos (a/b/c/d); orelha-de-pau (e/f) e liquens (g/h).
Foto: Isabel Cristina Ambrosio Marquete, 2011.
Outra atividade realizada foi à observação da cultura de fungos no pão
(fig. 4) e em frutos (fig.5). Nesta atividade os estudantes juntamente com a
professora, observaram e fotografaram a presença de hifas e esporângios no
pão em decomposição, onde os alunos ficaram maravilhados, fazendo várias
relações com o conteúdo estudado, também os frutos (fig.5) que desenvolveram
colônias de fungos mais rapidamente e os que não apresentaram, buscando
justificativas, como: o ambiente em que se encontravam, umidade, temperatura,
maturação... durante toda a atividade, houve o cuidado de analisar a importância
destes seres decompositores para a natureza e para o ser humano, a
importância do ciclo de nutrientes na natureza.
a b
c d
e f Figura 4 - Pães embolorados (a/b); hifas e esporângios (c/d/e/f). Foto: Isabel Cristina Ambrosio Marquete, 2011.
a b
c d
Figura 5. Cultura de fungos em frutos: Ameixa (a); laranja (b); mamão (c) e morango (d). Foto: Isabel Cristina Ambrosio Marquete, 2011.
Abaixo, segue a descrição das respostas dos estudantes a partir dos
questionamentos realizados no experimento III (fig. 6).
Figura 6. Cultura de fungos no fubá. Foto: Isabel Cristina Ambrosio Marquete, 2011.
A alta temperatura, usada no cozimento do mingau foi o suficiente
para eliminar os microrganismos? Alguns acharam que não foi cozido o
suficiente, por isso poderia haver bichinhos ainda, outros responderam que no
mingau não teria microrganismos, mas, ficando ao ar livre haveria a
possibilidade de desenvolvimento.
De onde surgiram as alterações ocorridas? Por que os copos não
estão todos iguais? De uma forma geral, concluíram que o mingau estragou
devido à presença de seres bem pequenos que se depositam sobre o mingau e
começaram a crescer, no caso do copo deixado livre sobre a mesa, já o coberto
com plástico, demorou um pouco mais, mas também formou colônias de fungos
que se depositaram antes de vedar o copo, já os copos com vinagre e óleo não
permitiram o contato de microrganismos com o mingau, portanto não houve
desenvolvimento de fungos, também o da geladeira devido à baixa temperatura.
Qual a importância de se usar filme plástico ou simplesmente cobrir
os alimentos? Disseram que o uso do filme plástico impede que os micróbios
se depositem sobre os alimentos, também relataram a importância de se evitar o
contato do alimento com o ar, cobrindo os alimentos, protegendo assim contra a
contaminação por seres microscópicos que vão estragar os alimentos, também
de insetos causadores de doenças. Destacando ser um importante hábito de
higiene.
Porque os copos 3 e 4 não se estragaram? Qual a relação do óleo e
o vinagre no preparo de conservas? Concluíram que não estragaram devido à
presença de óleo e vinagre que impediram a entrada de ar que poderia trazer
micróbios e contaminar o mingau e que também o vinagre é azedo, ácido e não
deixa os microrganismos crescerem.
Você concorda com a afirmação de que a geladeira é o melhor lugar
para conservar alimentos? Justifique sua resposta. Responderam que sim,
pois as baixas temperaturas retardam o aparecimento de fungos, eles não
gostam de frio.
Cite outros métodos de conservação de alimentos, indispensáveis
em nosso dia a dia. Destacaram a pasteurização, o congelamento e a
defumação por se tratarem de métodos que estão evidentes, presentes no dia a
dia da maioria dos alunos.
Desta forma, os resultados obtidos no presente estudo, demonstram que
há significativa melhoria do aprendizado dos estudantes a respeito do tema
escolhido no momento da experimentação. Esta etapa se torna extremamente
interessante quando se quer que os mesmos desenvolvam habilidades e
conhecimentos mais aprofundados, além de proporcionar e incentivar a
observação da natureza e até mesmo o desenvolvimento do espírito científico.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como principal objetivo o despertar da importância de se
observar a natureza, perceber o mundo que se está à volta, entender que a vida
passa por um ciclo e para que isso aconteça tudo necessita de estar em
equilíbrio, para o melhor entendimento dos alunos, foi necessário associar teoria
e prática de forma descontraída, direcionando os trabalhos de forma bem
natural, tendo um olhar diferente para o cotidiano, assim as atividades
experimentais foram despertando o interesse pelo conteúdo de modo que os
alunos cada vez mais procurassem participar do processo de forma responsável
e criativa.
É importante destacar a questão de não haver necessidade de
laboratório e materiais sofisticados para a realização de experimentos, como os
apresentados, por exemplo, simples e práticos, despertando o interesse dos
alunos, principalmente a observação dos liquens no pátio, dos esporângios no
estereomicroscópio, também a oportunidade dos alunos usarem as tecnologias
disponíveis. Quando bem planejadas, as aulas de ciências podem e devem ser
muito interessantes, podendo obter resultados enriquecedores que servirão de
estímulos às demais práticas educacionais.
Durante todo o desenvolvimento do projeto os alunos se demonstraram
interessados, participativos, buscando associar os conteúdos com suas
atividades diárias, relatando de forma oral e escrita suas observações, de acordo
com as práticas realizadas, onde se pôde perceber que realmente um grande
número de alunos compreenderam os conceitos básicos e perceberam a
importância de se observar o meio em que vive, a presença dos seres
decompositores e sua importância para o ciclo de nutrientes na natureza.
6. REFERÊNCIAS
AMABIS, José Mariano.; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004. ARDLEY, Neil. Coleção Jovem Cientista – Crescimento. Rio de Janeiro: Globo, 1996. BARROS, Carlos.; PAULINO, Wilson. Ciências: Os seres vivos. 4. ed. São Paulo: Ática, 2010. GAIANOTTI, Alba.; MODELLI, Alessandra. Biologia. São Paulo: Scipione, 2002. GOWDAK, Demétrio.; MARTINS, Eduardo. CIÊNCIAS: Novo pensar. 2. ed. São Paulo: FTD, 2006. GRANDI, Rosely Ana Piccolo. Fungos. In: RAVEN, Peter H.; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2007. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa.; CARNEIRO, José. Biologia Celular e Molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2000. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba: SEED, 2008. Sites pesquisados: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=159 56 http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/singlelink.php?cid=5&li d=17639 http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/singlelink.php?cid=5&li d=16621 http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/singlelink.php?cid=6&li d=4435 http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/singlelink.php?cid=5&li d=20797