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ALLAN GOMES | LETICIA RIBEIRO
A PROFECIA
DE ADRASTEA
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A Profecia de Adrastea
Allan Gomes | Leticia Ribeiro
Todos os direitos reservados.
1ª Edição.
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Dedicatória
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CAPÍTULO UM
silêncio tomava conta de todo o aposento e Patrícia
estava olhando pela pequena janela em frente de
sua cama, na qual estava ajoelhada. Os leves ventos
frios passavam pelo seu rosto pálido e balançavam seus
cabelos castanhos claros. Sua pele branca refletia ao luar,
que esta estava sendo tampada pelos fogos de artifícios que
faziam um jogo de luzes e cores, deixando todo o quarto
iluminado claramente pelo contraste da pele branca, e o leve
colorido dos fogos. Para Patrícia, a noite de Ano Novo de
2019 não estava nada, nada boa. Pelo menos, a partir de
agora. Primeiramente, pelo fato de seu namorado Renato
estar viajando por motivos de negócios, junto de seu pai,
onde os dois trabalhavam em uma empresa alimentícia.
Segundamente, o que estava prestes a acontecer.
Seus pensamentos e devaneios foram interrompidos
quando a empregada da casa bateu de leve na porta.
- Pathy, a ceia já está na mesa – a empregada era muito
amiga de Patrícia, pois desde pequena, cuida dela, como se
fosse sua filha.
Era para Pathy, praticamente uma mãe mesmo, pois as
duas moravam na mesma casa – Marta, a empregada não
saía da casa por nada, pois sempre ocorria imprevistos -,
sempre cuidara muito bem dela, e quando pequena, dava
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muitos doces para ela escondido de seus pais. Marta saiu
sem nenhuma palavra a mais.
A jovem demorou alguns minutos para sair. Aproveitou
o fim do espetáculo da virada do ano. Desceu as escadas
rapidamente e foi em direção à sala de jantar. Seus pais já
haviam começado a comer e não tiravam seus olhares de
Patrícia. O silêncio dava medo. Muito. Se fosse um filme,
certamente seria de suspense ou terror.
A menina comia devagar, para sentir o gosto do
alimento, pois a comida estava maravilhosa. Mas por dentro,
o que ela mais queria era comer vorazmente, voltar para seu
quarto e chorar. O susto foi imenso quando escutou sua mãe
pigarrear alto. Desgraçada! – pensou. Bem, como podem ver
o relacionamento entre mãe, pai e filha não eram muito
bons. Mas o relacionamento pai e mãe era muito bom à noite
em seus quartos. Era um tédio para Patrícia poder dormir.
Imagine hoje, logo na comemoração de Ano Novo! Patrícia
pôs as mãos em seu rosto, como se fosse expulsar seus
pensamentos ruins. Pela parte de dormir, óbvio. Quando
terminou de comer sua comida, levantou a cabeça e reparou
que seus pais já haviam acabado de comer e a observavam
como uma expressão de pena. Qual seria a bomba agora? Já
tenho dezenove anos e ainda tenho que aturar essas
conversinhas! – exclamou, em meio de seus pensamentos.
- Filha – começou a mãe.
- Sônia, não é pra precisamente agora. – disse seu pai.
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- Não, Augusto, eu falo. Faço questão. E se puder, pode
se retirar, por favor? – a arrogância tomava conta de sua voz
– Papo entre mãe e filha – sussurrou para Augusto. E como
se fosse seu cachorrinho, pegou os pratos por Marta, e saiu,
com o rabo entre as pernas – Excelente! Agora somos
somente eu e você! Muito bom, não?
- Prossiga logo – disse Patrícia meio que com certa
arrogância.
- Ora, ora, ora, Patrícia Soares Rocha! Como está
começando um novo ano, temos de começar diferente! Se a
senhorita não sabe, fui à sua antiga escola assim que
acabaram as aulas e peguei seu boletim. – Pathy levantou as
sobrancelhas e a encarou bravamente.
- E daí?
- E daí que – pausou, pôs seu dedo indicador em seus
lábios como se estivesse pensando e depois deu um meio
sorriso – você deve terminar seu namoro com Renato de
vez!
- Que? Como assim?! Você pirou, Sônia? – ela teve o
gosto do prazer em chamá-la pelo nome – Você não pode
fazer isso! Queira ou não, continuarei com ele, seja um
romance do bem ou do mal, por bem ou por mal, permitido
ou proibido.
- Ah, Patrícia! Poupe-me, por favor. Ele nem deve mais te
amar. E que palavra é essa em nosso vocabulário? Ele viaja
com o pai dele e nem pra te levar. Ele foi por negócios, mas
eles têm uma casa lá em Oxford! Você poderia muito bem ter
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ido morar lá e ter estudado na Oxford School District, pelo
menos pelo ano que eles ficarão lá!
- Aah, mãe! O plano era ir em julho e voltar em
dezembro, mas com os problemas que aconteceram na
Fuentes – a empresa alimentícia -, eles voltarão apenas
julho! – Sônia riu ironicamente.
- Claro! Festas, mulheres, cerveja. Já está na cara, filha!
Tem outra garota nessa história toda! Abre teu olho, meu
bem, porque eu já estou vendo algo crescer em sua cabeça –
disse com sarcasmo.
Patrícia ficou boquiaberta por sei lá quanto tempo.
- Não... Não, não, não e não! – disse, colocando as mãos
nos ouvidos, como se estivesse perturbada.
Ela estava.
- Nós nos amamos! – continuou, gritando no ouvido da
mãe – Você não pode nos impedir de namorar! – um minuto
de silêncio fatal – Quer saber? Vou fugir de casa um dia
desses, pode esperar!
A jovem deu meia volta e subiu em passos ágeis, pois
não queria ser impedida de entrar em seu próprio quarto,
após ser impedida de namorar. Ao final da escada, quase
tropeçou, mas logo se recompôs. Correu pelo longo corredor
que havia no andar, na qual havia um papel de parede com
desenhos místicos e indianos, e móveis pequenos e luxuosos,
que havia uma aparência antiga. Chegou à terceira porta e
olhou aos dois lados. Ótimo – pensou. Não havia ninguém a
seguindo. Entrou, e bateu a porta com os seus pés. Sua suíte
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era muito ampla, com uma cama redonda de casal, com
lençóis de seda, bordadas a ouro. Móveis era o que não
faltava ali, de diversos tipos e aparência.
Depois de trincar a porta e trancá-la devidamente
correta, ligou a TV e sentou-se em sua velha poltrona - no
sentido de velha amiga – e colocou no canal 59, American
Culture. Iniciava o programa de videoclipes especiais de Ano
Novo. Estava pasma com as ridículas músicas que passavam
explicitamente para o horário, onde havia milhares de
crianças assistindo, afinal, era Ano Novo!
Logo após aproximadamente vinte minutos assistindo a
videoclipes ridículos, três batidinhas de leve na porta a
assustaram. Levantou-se devagar, e andou até a porta em
passos mansos inaudíveis, e perguntou em quase um
sussurro:
- Quem está aí? – Nada.
Como seus neurônios já estavam fervendo, destrancou a
porta, mas permaneceu-a trincada. Abriu um pouco e logo
reconheceu um sorriso forçado e nervoso.
Marta.
- Pathy, trouxe um pouco de suco de maracujá, escutei
tudo da cozinha e me preocupei contigo – As duas se
olharam e não houve palavras para que Patrícia pudesse
falar algo – pelo que parece... Está tudo bem, correto?
- Correto.
Marta deu um meio sorriso e entregou a “maracujada”,
como costumavam falar. Saiu do quarto silenciosamente.
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Patrícia fechou a porta do mesmo jeito que abrira e, em
seguida, bebeu o suco todo em um gole só. Aquela gritaria a
deixara de garganta seca. Sentou na cama, mas logo
percebeu que o melhor seria deitar na cama, e assim fez.
Logo, uma música romântica que adorava começou a tocar.
***
Acordou em transe. Dormira por quanto tempo? O que
estava acontecendo? Por que acordara do soninho bom? Os
olhos pesavam e não estava muito bem da cabeça. Sono? Mas
como? Estava acostumada sempre à dormir tarde da noite!
Logo as respostas das perguntas acima foram respondidas. O
jornal especial da noite.
Jogou-se na cama novamente, pois não queria saber
como fora o Ano Novo na China, Japão, sabe-se lá qual é o
lugar. Mas uma estranha música – e reconhecível - a
chamara a atenção. O plantão. O que havia acontecido? Era
bom saber para o caso de cair nas provas desse ano.
Levantou-se e quase levou um tombo bonito, e aproximou-se
da televisão. Não conseguiu enxergar nem escutar. Seu
coração disparou e logo veio as respostas em sua mente:
Alguém a havia dopado. Parecia muito, mas muito uma
bêbada que encheu a cara na noite de Ano Novo – de
champagne, óbvio -, que se espatifou no chão gelado.
Despertou por um momento pelo impacto no chão gelado e
aproveitou para prestar atenção no que a repórter cheia de
olheiras falava.
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A Polícia trouxe mais informações sobre o caso dos OVNIs
que sobrevoaram pelas ruas de Ipanema no momento dos
fogos de artifícios. Segundo eles, a NASA está investigando o
caso e declarou que o objeto voador ainda não foi
reconhecido. Os moradores disseram que se assustaram após
um enorme barulho que foi provocado por um atingimento de
um dos fogos da noite de virada no objeto. Sua aparência era
como uma nave alienígena de metal. O OVNI não caiu na
superfície da Terra.
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CAPÍTULO Dois
stava frio naquela noite. Suzannah estava sentada em
frente a sua casa observando os fogos de artifício e
pensando sobre o que haveria depois das leves nuvens
escuras que adorava admirar. Ela era muito supersticiosa,
mas esperta. Tinha apenas 18 anos e era bastante bonita.
Enquanto admirava os fogos, seu pai a chamou para
entrar, pois já estava ficando meio tarde, e era bastante
perigoso onde morava.
- Entre logo Suze ou seu cachorro-quente irá esfriar, ou
quer que eu mesmo o coma? – e soltou uma gargalhada
pesada. Parecia doente.
Suzannah correu até dentro de casa, uma casinha de
baixa renda de Ipanema, em que o pai se esforçava para
pagar, trabalhando em uma das lojas de luxo como
encarregado administrativo. O dinheiro não era lá muito
bom, mas nunca faltava comida em casa ou roupas novas.
- Caramba Senhor Guloso, obrigada por não ter comido
meu cachorro quente – Suzannah deu um sorrisinho pelo
canto da boca, e observou pela janela os fogos coloridos e
diferentes, mas um lhe pareceu um tanto estranho. Parecia
que algo tinha acabado de explodir.
Besteira. Fogos explodem certo? - pensou ela.
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Enquanto seu pai comia e assistia o especial de ano novo
na TV ao seu lado, anunciou:
- Suze, irei dormir agora, se importaria de terminar de
lavar a louça pra mim querida?
- Claro que não papai, vá descansar.
-Feliz Ano Novo, minha filha.
-Feliz Ano Novo, papai.
***
Suzannah terminou de comer logo depois que seu pai foi
se deitar e resolveu fazer um suco de manga, o seu preferido.
Nunca gostara de refrigerantes ou algo do tipo, ela não tinha
esses luxos todos os dias.
A ultima vez que se lembra de que tomou um copo de
refrigerante, foi no dia de Natal de 2011 , quando tinha
apenas 10 anos, e três dias antes da morte de sua mãe, Carly,
que até hoje ela não tem conhecimento sobre, pois ninguém
nunca quisera lhe contar.
Ela ficava frustrada com o fato de não saber sobre o
desaparecimento de sua mãe, ou sua morte.
Seus pensamentos estavam à tona quando ouviu um
barulho em frente de casa, um barulho muito alto.
Automaticamente, com o coração batendo a mil, Suzannah
pegou uma faca que lhe estava por perto e foi em direção à
porta na ponta dos pés. Onde ela morava, era bastante
perigoso durante a noite. Quando abriu a porta de relance,
nada encontrou apenas a rua vazia e um cachorro
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remexendo uma lata de lixo a procura de restos de
alimentos.
Caramba! - pensou.
Depois do susto, fechou a porta com cuidado, guardou a
faca em seu devido lugar e resolveu assistir as músicas mais
tocadas que estavam passando na TV para relaxar a cabeça e
esperar o noticiário, ela gostava de noticiários.
Após mais ou menos uma hora assistindo e ainda
pensando em que fora aquele barulho assustador, o
noticiário enfim chegou. Era 1 hora da manhã, o noticiário
especial do dia.
Ela logo pegou seu caderninho que estava na mesinha de centro e começou a anotar ali as coisas que um dia seria importante.
Historiadores encontram ossos de 3.000 anos em
Jerusalém. Queimadas estão causando problemas no ar e
causará muitos problemas futuramente. Infelizmente, tudo isso ela já sabia, mas algo sim
chamou sua atenção, muito mais do que queria. Rapidamente começou a anotar, atropelando palavras com palavras, mas ela não ligava.
Será possível que tudo que acreditava era real? Há oito anos, sua mãe havia desaparecido sem nenhum
motivo aparente, e ela não achava que ela fora embora por causa da própria família. Aos 10 anos, Suzannah começou a
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se intrigar e começou a pesquisar sobre coisas estranhas e paranormais, que desde então, era seu maior vício.
Suzannah, por fim, ficou por um triz de desmaiar no sofá depois do que o apresentador acabara de anunciar. Discos voadores e extraterrestres por aqui? Saber que isso aparece lá pela Dinamarca e tal, tudo bem, mas... Ipanema?
- Como assim?! - perguntou para si mesma – Não pode ser! - exclamou, após concluir que aquilo que aparecera na TV era realmente verdade.