Universidade de Brasília Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia Programa de Pós-graduação em Ecologia
DINÂMICA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UMA MATA DE
GALERIA DO BRASIL CENTRAL EM UM PERÍODO DE 19 ANOS
(1985 – 2004).
ANA PAULA DE OLIVEIRA
Brasília – DF Setembro/2005
ii
Universidade de Brasília Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-graduação em Ecologia
DINÂMICA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UMA MATA DE
GALERIA DO BRASIL CENTRAL EM UM PERÍODO DE 19 ANOS
(1985 – 2004). ANA PAULA DE OLIVEIRA JEANINE MARIA FELFILI (ORIENTADORA)
Dissertação apresentada ao
Departamento de Ecologia do
Instituto de Biologia da
Universidade de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Ecologia.
Brasília – DF Setembro/2005
iii
ANA PAULA DE OLIVEIRA
DINÂMICA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UMA MATA DE GALERIA
DO BRASIL CENTRAL EM UM PERÍODO DE 19 ANOS (1985 – 2004). ______________________________________ Profa Dra Jeanine Maria Felfili Departamento de Engenharia Florestal - UnB (Orientadora) _____________________________________ Prof. Dr. José Roberto Rodrigues Pinto Departamento de Engenharia Florestal - UnB (Membro externo) ____________________________________ Prof. Dr. John Du Vall Hay Departamento de Ecologia - UnB (Membro interno) ___________________________ Profª Drª Alba Valéria Rezende Departamento de Engenharia Florestal - UnB (Suplente)
Brasília – DF Setembro/2005
iv
Ao meu querido filho,
Gabriel Terra Oliveira.
DEDICO
v
AGRADECIMENTOS
À Profª Drª Jeanine Maria Felfili, pelos ensinamentos transmitidos durante a
realização desse trabalho, pela orientação e confiança.
À Universidade de Brasília (UnB) e ao Departamento de Ecologia, pela oportunidade
de realização do curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudo.
Ao Prof. Dr. John Du Vall Hay, pela força e incentivo nos momentos de dúvida e
desespero.
À equipe de campo, Sr. Newton Rodrigues, Kennya M. O. Ramos, Patrícia Dias
Avelino, Vanessa Tunholi e Juliana Martins pelo valioso auxílio na coleta dos dados.
Às amigas Anna Paula Rodrigues, Ana Paula Abreu, Elaina C. Oliveira e Meyr Pereira
Cruz pela ajuda na coleta e agradável convívio.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Ecologia e do
Departamento de Engenharia Florestal, pelos conhecimentos transmitidos e colaboração.
Aos companheiros do curso de Pós-graduação, pelo convívio e amizade.
À amiga Diana Simões, meu anjo da guarda, pelo companheirismo, amizade e força
nos momentos difíceis.
Aos amigos Clarissa, José Braz, Adriana, Luiz, José Benito, Márcia, Ernestino,
Iubatan, Pablo, Raquel e Sheyla pelos grandes momentos passados em Brasília.
Aos colegas da Casa do Estudante Nipo-Brasileiro de Brasília pelo agradável convívio
durante meus primeiros meses de residência em Brasília, em especial Cláudia, Otacílio, Paula,
Marcus Vinícios, Eyko, Beatriz e Kazutoyo.
Aos meus pais Márcio e Mari Vânia, que não pouparam sacrifícios em favor de minha
formação. Obrigada!
Às minhas irmãs Vanessa e Carolina pelo companheirismo, amizade e apoio.
Ao meu companheiro André Terra, pelo amor e, principalmente, pela nossa riqueza
(Gabriel). Obrigada pela ajuda no campo, pelas sugestões, por sua paciência e compreensão.
A Deus, pela alegria deste momento.
E a todos que participaram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.
vi
ÍNDICE RESUMO ........................................................................................................................... ix ABSTRACT........................................................................................................................ xi 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 4 3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 11 3.1. Área de estudo......................................................................................................... 11 3.2. Inventário contínuo ................................................................................................. 12 3.3. Parâmetros da dinâmica .......................................................................................... 14 4. RESULTADOS............................................................................................................... 18 4.1. Incremento............................................................................................................... 19 4.2. Mortalidade e recrutamento .................................................................................... 22 5. DISCUSSÃO.................................................................................................................. 27 5.1. Incremento............................................................................................................... 27 5.2. Mortalidade e recrutamento .................................................................................... 29 6. CONCLUSÕES............................................................................................................... 35 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 36 ANEXO 1. Lista das espécies registradas na mata de galeria do Gama, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. As espécies estão em ordem alfabética das famílias botânicas (108 espécies e 48 famílias), seguidas de suas respectivas ocorrências durante o intervalo de 1985 a 2004. ............................................................................... 44
ANEXO 2. Formulário de campo utilizado para a amostragem dos indivíduos arbóreos com DAP ≥ 10 cm na mata de galeria do Gama, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. L = número da linha (transecto), P = número da parcela, N = número da plaqueta de alumínio da árvore e X/Y = sistema de coordenadas X/Y. ................................................................................................................................ 48
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Croqui com a distribuição dos transectos na mata de galeria do Gama,
Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. Transectos: 1 (25 parcelas), 2 (17 parcelas),
3 (12 parcelas), 4 (14 parcelas), 5 (7 parcelas), 6 (9 parcelas), 7 (8 parcelas), 8
(12 parcelas), 9 (32 parcelas) e 10 (15 parcelas). Adaptado de Felfili (1993) ............... 12
Figura 2. Incremento periódico anual (IPA), por classes de diâmetro, para a
comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) da mata de galeria do Gama, entre os anos
de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. A linha tracejada
representa o diâmetro (DAP = 52 cm) abaixo do qual se encontra cerca de 95%
dos indivíduos arbóreos amostrados .............................................................................. 20
Figura 3. Taxa de mortalidade média anual, por classes de diâmetro, no período
de 1985 a 2004, para a comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) na mata de galeria
do Gama, Fazenda Água Limpa Brasília, DF. N = número de indivíduos mortos
no período de 1985 a 2004 ............................................................................................. 24
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Taxas de incremento (I), mortalidade (m) e recrutamento (r) em nove
estudos de longo prazo no Brasil. DAP = diâmetro mínimo de inclusão, ∆t =
período de estudo ........................................................................................................... 10
Tabela 2. Incremento periódico anual (IPA) médio, mediana e coeficiente de
variação (CV%) para a comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) da mata de galeria
do Gama entre os anos de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. N =
número de indivíduos ..................................................................................................... 19
Tabela 3. Incremento periódico anual de diâmetro (IPA) para as espécies com
mais de 10 indivíduos em 1985 (N) na comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) da
mata de galeria do Gama entre os anos de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa
Brasília, DF. As espécies estão listadas em ordem decrescente do número de
indivíduos sobreviventes entre 1985 e 1988 .................................................................. 21
Tabela 4. Parâmetros de dinâmica da comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) na
mata de galeria do Gama nos períodos de 1985 a 1988, 1988 a 1991, 1991 a
1994, 1994 a 1999, 1999 a 2004 e 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília,
DF. m = taxa de mortalidade média anual, r = taxa de recrutamento médio
anual, t1/2 = tempo de meia vida, t2 = tempo de duplicação, R = rotatividade, E =
estabilidade e TRo = taxa de rotatividade ...................................................................... 23
Tabela 5. Parâmetros de dinâmica das populações das espécies com mais de 30
indivíduos em 1985 da comunidade arbórea da mata de galeria do Gama no
período de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. N = número de
indivíduos em 1985, m = taxa de mortalidade média anual, r = taxa de
recrutamento médio anual, t1/2 = tempo de meia vida, t2 = tempo de duplicação e
TRo = taxa de rotatividade ............................................................................................. 26
ix
RESUMO
DINÂMICA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UMA MATA DE GALERIA DO BRASIL CENTRAL EM UM PERÍODO DE 19 ANOS (1985 – 2004).
Este trabalho descreveu a dinâmica da comunidade arbórea da mata de galeria do Gama,
localizada na Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. O estudo teve como base os dados
provenientes do inventário contínuo da mata, constituído de 151 parcelas permanentes (10 ×
20 m) alocadas contiguamente ao longo de 10 transectos eqüidistantes 100 m um do outro,
totalizando uma amostra de 3,02 ha. Todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito
(DAP) maior ou igual a 10 cm foram mapeados nas parcelas, marcados e medidos em 1985,
1988, 1991, 1994, 1999 e 2004. O incremento periódico anual (IPA) da comunidade no
período de 19 anos (1985-04) foi de 0,22 cm.ano-1. A variação entre os incrementos
calculados em cada período foi elevada, variando de 84 a 143%. A comunidade arbórea
estudada apresentou a mesma tendência de incremento em diâmetro para todos os períodos
analisados, caracterizada pelo aumento do incremento com o aumento das classes de diâmetro
até 52 cm de DAP, onde se concentraram cerca de 95% dos indivíduos em cada ocasião. A
taxa média anual de mortalidade para a comunidade foi de 2,87%, enquanto o recrutamento
foi 2,08%, resultando em um decréscimo na densidade da mata durante os 19 anos de estudo.
O maior valor absoluto de incremento registrado foi 0,76 cm.ano-1 para Sclerolobium
paniculatum, uma espécie colonizadora de clareiras, para o período de 1985-2004. A taxa de
mortalidade variou de 0,68%.ano-1 para Copaifera langsdorffii, uma espécie emergente, até
12,12%.ano-1 para Piptocarpha macropoda, uma espécie colonizadora de clareiras, enquanto
que a taxa de recrutamento variou de 0,06%.ano-1 para Lamanonia tomentosa, uma espécie
emergente, até 4,23%.ano-1 para Salacia elliptica, uma espécie de subosque, considerando-se
as espécies com mais de 30 indivíduos em 1985. A comunidade foi dinâmica com 92% de
x
todas as espécies amostradas apresentando mortalidade, recrutamento ou ambos. A meia-vida
da mata estudada variou de 19,46 a 24,13 anos em quatro dos seis períodos comparados no
intervalo de 1985 a 2004. Nos 19 anos de estudo, 83% do total de espécies encontrado na
mata ocorreram em todos os períodos analisados
PALAVRAS-CHAVE: crescimento, mortalidade, recrutamento, floresta tropical.
xi
ABSTRACT COMMUNITY DYNAMICS OF THE GAMA GALLERY FOREST IN CENTRAL BRAZIL OVER A 19-YEAR PERIOD (1985 – 2004). This study described tree community dynamics in an area of 64 ha at the Gama gallery forest
in the Fazenda Água Limpa, Brasilia, DF. The study was based on the data from the
continuous inventory of the forest, consisting of 151 permanent (10 × 20 m) plots located
systematically along ten transects placed every 100 m at right angles to the Gama stream,
totalling a sample of 3.02 ha. All individuals with diameter at breast height (DBH) equal or
greater than 10 cm were mapped in the plots, tagged and measured in 1985, 1988, 1991, 1994,
1999 and 2004. The periodic annual increment (PAI) for the community during the 19 years
period (1985-04) was 0,22 cm.ano-1. Variability was high with coefficients of variation in the
range of 84 to 143%. The tree community presented the same trend of increment in diameter
for all the periods analyzed, characterized by the increase of increment with the increasing
diameter classes up to 52 cm of DBH. The mean annual mortality rate for the community was
2.87% while the recruitment was 2.08%, resulting in a decrease in the density of the forest
during the 19 years period. The greater absolute value increment was 0.76 cm.ano-1 for
Sclerolobium paniculatum, a gap colonizer species, for the period of 1985-2004. The
mortality rate varied from 0,68 %.ano-1 for Copaifera langsdorffii, an emergent species, up to
12.12 %.ano-1 for Piptocarpha macropoda, a gap colonizer species, while the recruitment rate
varied from 0.06 %.ano-1 for Lamanonia tomentosa, a emergent species, up to 4.23 %.ano-1
for Salacia elliptica, a understorey species, considering species with more than 30 trees in
1985. The community was dynamic with 92% of all species either suffering mortality or
gaining recruits or both. The half-life of the gallery forest varied from 19.46 to 24.13 years in
xii
four of six periods during the 19 years period. During the 19 years period, 83% of total of
species found in the forest occurred in all the analyzed periods.
KEY-WORDS: growth, mortality, recruitment, tropical forest.
1
1. INTRODUÇÃO
As matas de galeria são formações florestais que margeiam os cursos de água no
bioma Cerrado (Ribeiro & Walter 2001). Essas matas podem ocorrer em terrenos de boa
drenagem durante o ano todo assim como em solos estacionalmente inundáveis (Felfili
2001). Freqüentemente são circundadas por faixas de vegetação não florestal em ambas
as margens e, em geral, observa-se uma transição brusca com as formações savânicas e
campestres (Ribeiro & Walter 1998). A composição de espécies e as características
morfológicas dessas matas são bastante distintas das formações vegetais adjacentes de
campo limpo e cerrado sensu stricto (Haridasan et al. 1997).
Em condições naturais o ambiente no interior das matas de galeria é bastante
heterogêneo, ocorrendo variações na topografia que têm influência no regime de
umidade dos solos que, por sua vez, pode afetar as características químicas e físicas das
camadas superficiais dos mesmos (Silva Júnior et al. 2001).
As matas de galeria são heterogêneas quanto à composição florística,
apresentando espécies endêmicas e algumas em comum com cerrados e florestas (Eiten
1984, Oliveira-Filho & Ratter 1995). Essas matas estão sujeitas à influência de
diferentes floras, oriundas de formas e tipos de vegetação distintos, que ocasionam
grandes variações locais devidas ao clima, à latitude e aos fatores edáficos (Sampaio et
al. 2000). Na região central e na porção sul do bioma Cerrado (Distrito Federal, Goiás e
Minas Gerais) as matas de galeria possuem uma forte associação florística com as matas
da Bacia Amazônica e com as matas semidecíduas da Bacia do rio Paraná. Um
importante aspecto das matas de galeria é a sua interface com diversos tipos de
vegetação incluindo florestas tropicais úmidas, florestas mesofíticas e cerrado,
2
resultando em uma flora heterogênea e com forte expressão do componente arbóreo
(Oliveira-Filho & Ratter 1995). As espécies mais abundantes no estágio adulto
apresentam a maior quantidade de regeneração natural, com raras exceções, indicando
uma tendência para manutenção da estrutura fitossociológica e da composição florística
(Felfili 2000).
As comunidades em florestas tropicais não constituem um estádio de equilíbrio
único, mas um mosaico de estádios, com arranjos de espécies e indivíduos em diferentes
fases de regeneração, e sujeitas a perturbações mais ou menos recorrentes. O tempo de
recorrência pode variar de uma formação vegetacional para outra ou mesmo no interior
delas (Sarukán et al. 1985). Essas comunidades são dinâmicas e as mudanças ocorrem
continuamente, em níveis individual e populacional ao longo do tempo, devido a um
balanço entre crescimento, recrutamento e mortalidade (Swaine et al. 1987a). Pela
quantificação dos recrutamentos e das mortes é possível responder questões referentes à
coexistência de espécies raras e comuns, bem como determinar quais processos são
responsáveis pela flutuação de seus números na comunidade (Watkinson 1997), além de
fornecer informações sobre a capacidade de regeneração e a ocorrência de perturbações
em determinado local (Harper 1977).
Na mata do Gama, objeto desse estudo, o incremento médio em diâmetro foi de
0,25 cm.ano-1 para a comunidade e variou de 0,10 a 0,72 cm.ano-1 para as espécies
Roupala montana e Sclerolobium paniculatum, respectivamente, sendo mantido um
desbalanço de cerca de 1% a favor da mortalidade (Felfili 1995a). Alguns trabalhos de
longo prazo em florestas tropicais têm verificado desbalanços dessa ordem que geram
apenas flutuações, uma vez que em intervalos de 20 anos ou mais a situação tem sido
revertida (Felfili 2000). Resta saber se esse desbalanço vai resultar apenas em
flutuações na estrutura da mata, ou se a comunidade está se desequilibrando.
3
Este trabalho descreve a dinâmica da comunidade arbórea na mata de galeria do
Gama, referente a um período de 19 anos. Nesse contexto, o presente estudo tem como
objetivo quantificar o incremento em diâmetro, a mortalidade e o recrutamento da
comunidade arbórea no período de 1985 a 2004.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
Estudos de longo prazo sobre mudanças temporais dos remanescentes de
florestas tropicais são necessários para permitir a distinção entre processos dinâmicos
naturais e mudanças resultantes da ação antrópica (Korning & Balslev 1994a). Além
disso, estes estudos podem contribuir para predições sobre crescimento e produtividade
florestal, facilitando a implantação de programas de manejo, utilização racional e
recuperação das florestas tropicais (Carey et al. 1994).
Para balancear produção e conservação em florestas tropicais, é necessário
conhecer sua dinâmica natural, seu crescimento e seus mecanismos de desenvolvimento.
Informações sobre o incremento em diâmetro e padrões de crescimento para árvores
individuais são importantes ferramentas para o manejo florestal, principalmente, para
selecionar espécies arbóreas para corte e/ou proteção, estimar ciclos de corte e
desenvolver tratamentos silviculturais (Silva et al. 2002).
O crescimento arbóreo, comumente medido pelo incremento em diâmetro ou em
circunferência, é o principal interesse em silvicultura (Swaine et al. 1987a). O
incremento em diâmetro é altamente variável entre espécies e entre classes de tamanho
(Lang & Knight 1983), mas para árvores individuais, as taxas de crescimento são
bastante conservativas ao longo do tempo, apresentando forte autocorrelação entre
medidas sucessivas do mesmo indivíduo (Swaine et al. 1987a).
Felfili (1995a), estudando a mata de galeria, objeto deste estudo, no período de
1985 a 1991, observou que o incremento anual médio por espécie e a variação entre os
incrementos foram elevados para a comunidade, com coeficientes de variação entre 110
a 160%. Em geral, o crescimento médio apresentou a mesma variação para espécies da
5
mesma família as quais têm o mesmo hábito de crescimento. De acordo com a autora, as
taxas de crescimento para as espécies estiveram, principalmente, associadas com a
demanda por luz ou tolerância à sombra. Felfili (1993) observou que são estas
diferenças entre as espécies que permitem sua coexistência e garantem a exploração dos
recursos com sucesso, sendo a variação entre os incrementos uma conseqüência da
heterogeneidade genética e ambiental das florestas.
No Brasil Central, Felfili (1995a) e Salgado (2003) encontraram incrementos
médios anuais de 0,25 cm.ano-1 e 0,22 cm.ano-1 para a comunidade arbórea com DAP ≥
10 cm da mata de galeria do Gama, em intervalos de 6 e 14 anos, respectivamente. Pinto
(2002), em floresta de vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, registrou
incremento de 0,21 cm.ano-1 para as árvores com DAP ≥ 5 cm em um período de três
anos. Na região amazônica, Carvalho (1992) observou um incremento anual de 0,20 cm
para um período de oito anos, Silva et al. (1996) de 0,20 cm.ano-1 na Floresta Nacional
do Tapajós e Silva et al. (1995) de 0,3 cm.ano-1 para 195 espécies em uma floresta
tropical 13 anos após corte experimental. Na América Central, Lieberman et al (1985)
registraram valores de incremento de 0,265 cm.ano-1para espécies arbóreas de uma
floresta tropical na Costa Rica em um período de 13 anos.
Valores mais elevados foram observados por Pulz (1998) em remanescente de
floresta semidecídua montana em Minas Gerais (0,457 cm.ano-1) durante período de
nove anos, por Oliveira & Mory (1996) em floresta secundária no Pará (0,4 cm.ano-1)
num intervalo de quatro anos e por Lang & Knight (1983) em floresta tropical em Barro
do Colorado (0,9 cm.ano-1) para árvores com diâmetro entre 30 e 50 cm durante 10
anos; todos estudando formações com maior ocorrência de clareiras. De acordo com
Silva (1989), citado por Pulz (1998), árvores recebendo luz em toda a área superior da
copa crescem três vezes mais do que aquelas recebendo luz pelas laterais ou luz difusa.
6
Mesmo comunidades consideradas estáveis podem ser dinâmicas, devido ao
balanço entre mortalidade, crescimento e recrutamento, que ocorre continuamente ao
longo do tempo (Felfili 1995a). Estimativas de mortalidade e recrutamento são
descritores fundamentais das populações arbóreas de florestas tropicais (Lewis et al.
2004).
As taxas de mortalidade em grandes áreas preservadas de floresta tropical
variam de 1 a 2% ao ano (Hartshorn 1990), conforme os trabalhos de Lieberman &
Lieberman (1987), de 2,03%.ano-1 em floresta tropical na Costa Rica para indivíduos
com DAP ≥ 10 cm; de Swaine et al. (1987b), de 1,77%.ano-1 para indivíduos com DAP
≥ 10 cm em floresta semidecídua em Ghana; de Silva et al. (1995), de 2,2%.ano-1
considerando os indivíduos com DAP ≥ 5 cm em floresta de terra firme na Amazônia e
de Pedroni (2001), de 1,63%.ano-1 em mata Atlântica no sudeste do Brasil para
indivíduos com DAP ≥ 6 cm.
Valores mais elevados foram encontrados por Felfili (1995a), de 3,5%.ano-1 para
indivíduos com DAP ≥ 10 cm em mata de galeria no Brasil Central; por Pulz (1998), de
3,6%.ano-1 em remanescente de floresta semidecídua montana de Minas Gerais; por
Cabral (1999), de 3,7%.ano-1 em fragmento de mata ciliar de Minas Gerais e por
Nascimento et al. (1999), de 4,5%.ano-1 num fragmento de floresta tropical
semidecídua, todos considerando os indivíduos com DAP ≥ 5 cm. Essas taxas
apresentam valores próximos àqueles encontrados em áreas perturbadas indicando, de
acordo com Felfili (1995a), ambientes muito dinâmicos. Nascimento et al. (1999)
relacionaram a alta mortalidade aos efeitos de uma forte geada e um período de seca
prolongado, observados durante o intervalo entre as duas amostragens. Em se tratando
de remanescentes florestais, Cabral (1999) salienta que as condições e o tempo de
7
criação de um fragmento, assim como os regimes de distúrbio (natural ou antrópico) aos
quais está sujeito, caracterizam-no de forma particular.
As taxas de recrutamento registradas na literatura são de 2,03%.ano-1 em floresta
tropical na Costa Rica (Lieberman & Lieberman 1987); de 2,03%.ano-1 em um
fragmento de mata ciliar de Minas Gerais (Cabral 1999); de 9,6%.ano-1 num fragmento
de floresta estacional semidecídua (Nascimento et al. 1999); de 2,64%.ano-1 em mata
Atlântica no sudeste do Brasil (Pedroni 2001); e de 3,25%.ano-1 em floresta de vale no
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros no Mato Grosso (Pinto 2002). O elevado
recrutamento observado por Nascimento et al. (1999) foi principalmente ocasionado por
três espécies pioneiras e uma oportunista, resultado do alto nível de degradação a partir
de perturbações antrópicas (queimadas). Para Pinto (2002), talvez o regime de distúrbio
de pequeno porte, por exemplo, abertura de clareiras, associado a heterogeneidade
ambiental, favorecida pelo gradiente topográfico e pelos dois tipos de solo que ocorrem
na floresta de vale, propiciaram condições para o estabelecimento de novos indivíduos,
resultando na alta taxa de recrutamento.
Nas matas de galeria, as taxas de mortalidade e recrutamento da comunidade, da
ordem de 3% ao ano são mais intensas do que aquelas encontradas em largas formações
contínuas como a Amazônica (Felfili 1993). A rotatividade é maior e a longevidade de
espécies é menor neste ambiente em comparação às formações florestais mais fechadas
(Felfili 1995a).
Felfili (1997a), comparando a dinâmica de duas matas de galeria no Brasil
Central, encontrou uma redução da densidade (12%) quatro vezes menor do que a
redução da área basal (3%) para a mata do Capetinga (perturbada), enquanto que na
mata do Gama (não-perturbada) as flutuações de densidade e área basal estiveram na
ordem de 2 a 3% em um mesmo período. Portanto, na mata do Capetinga, que já estava
8
em fase sucessional provocada por incêndios anteriores, os indivíduos finos, que pouco
contribuíram para a área basal da comunidade, sofreram mortalidade mais intensa que
os demais (Felfili 2000), sugerindo que a dinâmica em matas perturbadas é mais
intensa.
Manokaran & Kochummen (1987) encontraram variação no balanço entre
mortalidade e recrutamento em períodos de observação sucessivos, sendo que, durante
os primeiros 16 anos, a mortalidade superou o recrutamento, e no período seguinte
houve um balanço entre essas duas taxas. Esses autores indicam que, ao longo do
tempo, as florestas podem apresentar ciclos de recrutamento e mortalidade alternados.
Carey et al. (1994) e Condit et al. (1995) trabalhando em florestas tropicais na
Venezuela e em Barro Colorado, respectivamente, encontraram marcante variação nas
taxas de mortalidade entre períodos sucessivos de monitoramento, indicando que essas
taxas podem ser muito variáveis temporalmente.
Os estudos de dinâmica em florestas tropicais, em sua maioria, têm sido
baseados em dados provenientes de inventários contínuos em parcelas permanentes:
delimitando uma área e, permanentemente, marcando cada indivíduo arbóreo dentro
dessa área que exceda um dado limite de inclusão de tamanho, freqüentemente igual a
10 cm de DAP (Lewis et al. 2004).
Nos neotrópicos, verificam-se vários estudos de dinâmica na América Central:
Lieberman et al. (1985) e Lieberman & Lieberman (1987) em La Selva, Costa Rica;
Lang & Knight (1983), Hubbel & Foster (1990) e Condit et al. (1995) na ilha de Barro
Colorado, Panamá.
Estudos de longo prazo também foram realizados na Amazônia por Carey et al.
(1994) na Venezuela; Korning & Balslev (1994a, b) no Equador; além de estudo
realizado por Rankin-de-Merona et al. (1990) em Manaus, Brasil.
9
No Brasil, fora do domínio amazônico, encontram-se também vários estudos de
dinâmica da vegetação lenhosa como, por exemplo, o monitoramento de parcelas
permanentes nas matas de galeria do ribeirão do Gama (Felfili 1995a, b; Salgado 2003),
do córrego Capetinga (Felfili 1997a), no vale do véu da noiva em Mato Grosso (Pinto
2002), todos no Brasil Central (veja Tabela 1). Além destes, encontram-se ainda,
estudos realizados em fragmento de mata semidecídua em Minas Gerais (Oliveira-Filho
et al. 1997), em floresta semidecídua montana em Minas Gerais (Pulz 1998), em
fragmento de mata ciliar em Minas Gerais (Cabral 1999), em fragmento de floresta
estacional semidecídua em São Paulo (Nascimento et al. 1999), em mata Atlântica no
sudeste do Brasil (Pedroni 2001) e em mata de galeria em Minas Gerais (Lopes 2004)
(veja Tabela 1). A maioria desses trabalhos foi realizada em áreas que sofreram
perturbações, como fragmentação e incêndios, sendo as maiores taxas registradas por
Nascimento et al. (1999).
10
Tabela 1. Taxas de incremento (I), mortalidade (m) e recrutamento (r) em nove estudos de longo prazo no Brasil. DAP = diâmetro mínimo de
inclusão, ∆t = período de estudo.
Tabela 1.
Autor Vegetação DAP (cm) Perturbação ∆t
(anos) I (cm.ano-1) m (%.ano-1) r (%.ano-1)
Cabral 1999 Mata Ciliar - MG 5
Mineração (interrompida há 200 anos), pressão antrópica (invasão pelo gado).
6,92
0,20 (5-7 cm), 0,34 (9-17 cm), 0,52 (17-33 cm), 0,75 (33-65 cm), 0,55 (65-129 cm)
3,70 2,03
Felfili 1995a Mata de galeria - DF 10 Não 6 0,25 3,5 2,7 Felfili 1997a Mata de galeria - DF 10 Incêndio (1987) 6 0,22 - -
Lopes 2004 Mata de galeria - MG 5 Não 13 - 1,81 (área 1) 0,71 (área 2)
2,63 (área 1) 2,23 (área 2)
Nascimento et al. 1999 Floresta estacional Semidecidual - SP 5
Fragmentação (agricultura) Incêndios (1977 e 1982) Extração madeireira (até 1967)
4 - 4,7 8,0
Oliveira-Filho et al. 1997 Floresta semidecídua montana - MG 5 Fragmentação (agricultura) 5 - 2,6 3,0
Pedroni 2001 Mata Atlântica -SP 6 Fragmentação 5,23 1,62 2,66
Pulz 1998 Floresta semidecídua Montana - MG 5 Fragmentação (agricultura) 9 0,457 2,3 2,2
Salgado 2003 Mata de galeria - DF 10 Não 14 0,22 3,79 2,33
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ÁREA DE ESTUDO
Este estudo foi realizado em uma área de 64 ha da mata de galeria do Gama,
localizada na Fazenda Água Limpa, Brasília, DF (15º 56’ - 15º 59’ S e 47º 55’ - 47º 58’
W), a uma altitude média de 1100 m.
O clima da região, segundo o sistema de classificação de Köppen, é do tipo Aw,
com verão chuvoso e inverno seco (Nimer 1989). A umidade relativa do ar entre os
meses de Maio a Setembro está abaixo de 70%; a umidade mínima ocorre em Agosto,
com uma média de 47%; as médias anuais de temperatura e precipitação são 22,2 ºC e
1281 mm, respectivamente, de acordo com os dados da Estação Climatológica da
Reserva Ecológica do IBGE para o período de 1985 a 2004.
A mata de galeria do Gama ocorre em solo distrófico e com elevada saturação de
alumínio, em área plana e bem drenada (Felfili 1993). A riqueza florística foi alta
representada por 93 espécies arbóreas, com 12 espécies apresentando mais de 20
indivíduos.ha-1 e as demais em baixa densidade, dentre as quais 21 apresentaram menos
que um indivíduos.ha-1; a área basal foi de 30 m2.ha-1, a altura do dossel esteve em torno
de 20 m e o diâmetro variou de 30 a 95 cm (Felfili 1994). A dinâmica do componente
arbóreo da mata no período de 1985 a 91 resultou em taxas de mortalidade e
recrutamento de 3,5 e 2,7%.ano-1, respectivamente, incremento em diâmetro de 0,25
cm.ano-1 e meia vida de 20 anos (Felfili 1995a).
12
3.2. INVENTÁRIO CONTÍNUO
O estudo teve como base os dados provenientes do inventário contínuo da mata
de galeria do Gama, obtidos em 151 parcelas permanentes (10 × 20 m) alocadas
sistematicamente ao longo de 10 transectos dispostos a cada 100 m perpendicularmente
ao ribeirão Gama, totalizando uma amostra de 3,02 ha. O comprimento de cada
transecto variou de acordo com a largura da mata (Figura 1).
Figura 1. Croqui com a distribuição dos transectos na mata de galeria do Gama, Fazenda
Água Limpa, Brasília, DF. Transectos: 1 (25 parcelas), 2 (17 parcelas), 3 (12 parcelas),
4 (14 parcelas), 5 (7 parcelas), 6 (9 parcelas), 7 (8 parcelas), 8 (12 parcelas), 9 (32
parcelas) e 10 (15 parcelas). Adaptado de Felfili (1993).
13
Foram amostrados todos os indivíduos com circunferência à altura do peito
(CAP) maior ou igual a 31 cm (cerca de 10 cm de diâmetro à altura do peito (DAP)) em
1985, 1988, 1991 (Felfili 1993, 1994, 1995a, 1995b e 1997b), 1994 e 1999 (Salgado
2003). Para esse estudo foi realizado inventário da mata em 2004 segundo os métodos
usados anteriormente, avaliando as mesmas variáveis mensuradas nos inventários
anteriores conforme descrito abaixo.
Para as árvores a partir de 10 cm de diâmetro, foram medidas as circunferências
a 1,30 m com fita métrica graduada em mm e, posteriormente, foram obtidos os
diâmetros pela divisão por pi. As alturas foram medidas como projeção vertical ao solo
do topo da copa à base do tronco com vara telescópica graduada em cm. Quando havia
dois troncos bifurcando abaixo do DAP, estes foram medidos separadamente e
assinalados com plaquetas de alumínio com numeração diferenciada (veja Felfili 1993,
1995a). As plaquetas foram afixadas com prego na parte superior da mesma acima da
medida do DAP, de modo que a parte inferior da placa de 3 x 3 cm assinalasse o ponto
de medição da circunferência. Todas as árvores amostradas foram mapeadas por um
sistema de coordenadas X/Y, marcadas com plaquetas de alumínio numeradas e tiveram
sua altura e seu CAP medidos com o auxílio de uma vara telescópica e fita métrica,
respectivamente. Para o sistema de coordenadas X/Y, o transecto de amostragem foi
considerado como o eixo Y e o ângulo à direita deste com o eixo X (veja Felfili 1993,
1995a). Essa informação foi usada para localizar cada indivíduo nas medições
subseqüentes.
Foi elaborado um formulário de remedição com informações sobre os indivíduos
medidos em levantamentos anteriores contendo o nome da espécie, o sistema de
coordenadas X/Y, o número da plaqueta de alumínio, o diâmetro encontrado na medição
anterior, além do número da linha e da parcela onde foram encontrados (Anexo 2).
14
O recrutamento foi considerado para aqueles indivíduos jovens que alcançaram
o tamanho mínimo de amostragem (10 cm) durante o período estudado. A mortalidade
foi considerada como o número de árvores mortas, incluindo aquelas encontradas em
pe, aquelas caídas no chão e aquelas ausentes na remedição. As árvores mortas foram
registradas e seu DAP medido quando encontradas em pé.
O conjunto de dados proveniente dos inventários realizados nos anos anteriores
foi utilizado para os cálculos das taxas demográficas para os seis períodos considerados
(1985-1988, 1988-1991, 1991-1994, 1994-1999, 1999-2004 e 1985-2004).
3.3. PARÂMETROS DA DINÂMICA
Os dados obtidos nos seis períodos de amostragem (1985-1988, 1988-1991,
1991-1994, 1994-1999, 1999-2004 e 1985-2004) foram utilizados para identificar o
incremento periódico anual (IPA) em diâmetro, expresso em cm.ano-1, calculado por
meio da diferença do diâmetro entre a segunda e primeira medições dividida pelo tempo
transcorrido em anos, de acordo com a fórmula descrita por Finger (1992). Em cada
período, foram determinados a média do IPA, a mediana e o coeficiente de variação dos
incrementos para toda a comunidade. Para as espécies que apresentaram, no mínimo, 10
indivíduos vivos no período 1985-88 foi calculado o valor médio do IPA em todos os
períodos.
Para os cálculos do IPA, os incrementos negativos registrados para alguns
indivíduos foram transformados para o valor zero, uma vez que se observou que essas
árvores apresentaram algum tipo de anormalidades devido à perda de casca e/ou outras
irregularidades, considerando-se, portanto, que não houve crescimento no período,
15
conforme adotado por Felfili (1995a). Do total de árvores amostradas, 0,20%, 0,15%,
0,17%, 0,32%, 2,01% e 0,27% apresentaram problemas nos períodos de 1985-88, 1988-
91, 1991-94, 1994-99, 1999-2004 e 1985-2004, respectivamente.
A taxa de mortalidade média anual e o recrutamento foram calculados para a
comunidade arbórea amostrada em cada período. Para o cálculo das taxas, utilizou-se o
modelo logarítmico, seguindo as recomendações de Swaine & Lieberman (1987), o qual
assume que a mortalidade declina logaritmicamente com o tempo, de acordo com a
equação:
m(r) = (100.(ln(n0) – ln(ni)))/t
onde: m = taxa de mortalidade média anual (m>0);
r = taxa de recrutamento médio anual (r<0);
n0 = número de indivíduos na primeira medição;
ni = número de indivíduos sobreviventes na segunda medição (no caso de
recrutamento, é o número de sobreviventes somado ao número de
recrutas);
t = número de anos entre as duas medições.
A partir das taxas de mortalidade e de recrutamento, foram determinados os
respectivos tempos de meia-vida (t1/2) (Swaine & Lieberman 1987) e de duplicação (t2)
(Korning & Balslev 1994a):
16
t1/2 = (ln(0,5))/(0,01.m)
t2 = (ln(2))/(0,01.r)
O tempo de meia vida (t1/2) representa o tempo necessário para a população ou
comunidade se reduzir em tamanho à metade a partir da presente taxa de mortalidade,
sendo que, quanto maior a taxa de mortalidade, menor será t1/2 (Swaine & Lieberman
1987). O tempo de duplicação (t2) é o tempo para duplicar o tamanho de uma população
ou comunidade a partir da presente taxa de recrutamento e quanto maior o recrutamento
menor o t2 (Korning & Balslev 1994a).
De acordo com o proposto por Korning & Balslev (1994a), foram calculados os
valores de estabilidade e de rotatividade, expressos em anos. A estabilidade foi
calculada a partir da diferença entre o tempo de duplicação e de meia vida; quanto mais
próximo de zero mais estável é a comunidade. A rotatividade é a média aritmética entre
a meia vida e o tempo de duplicação e quanto menor o valor mais dinâmica é a
comunidade.
A média anual da taxa de rotatividade, expressa em %.ano-1, foi calculada a
partir da média entre as taxas de recrutamento e de mortalidade (Korning & Balslev
1994a). Neste caso, quanto maior a taxa de rotatividade, maiores as taxas de
mortalidade e/ou de recrutamento e menor a rotatividade.
Para cada classe de diâmetro da comunidade, foram calculados os incrementos
periódicos anual (IPA) para todos os períodos estudados e a taxa de mortalidade para o
período de 1985 a 2004.
17
Os incrementos periódicos anual (IPA) médios dos períodos de 1985-1988,
1988-1991, 1991-1994, 1994-1999, 1999-2004 e 1985-2004 foram comparados entre si
pelo teste de χ2 ao nível de significância de 5% (Zar 1999), para verificar a existência
ou não de diferenças entre as médias dos períodos estudados.
Utilizando-se a correlação linear de Pearson, foram comparados mortalidade ×
densidade, mortalidade × área basal, recrutamento × densidade e recrutamento × área
basal. Para os cálculos foi usado o software SYSTAT 7.0.
18
4. RESULTADOS
A listagem das espécies arbóreas amostradas na mata de galeria do Gama
durante o intervalo de 1985 a 2004 encontra-se no Anexo 1. Verificou-se que 83% do
total de espécies encontrado na mata ocorreram em todas as ocasiões durante o período
de 19 anos de estudo.
As espécies Ferdinandusa speciosa (Rubiaceae), Miconia punctata
(Melastomataceae), Myrcia deflexa (Myrtaceae) e Psycotria sp. (Rubiaceae) ocorreram
desde o primeiro inventário (1985) até o ano de 1994, não sendo registradas nos
levantamentos posteriores. Cardiopetalum calophyllum (Annonaceae) e Clusia sp.
(Clusiaceae) foram amostradas apenas nos anos de 1994 e 1999, respectivamente
(Anexo 1).
Não foi observado padrão de entrada de espécies a partir do segundo
levantamento, sendo encontradas novas espécies em todos os anos posteriores a 1985.
As espécies Trichilia catigua (Meliaceae) e Rapanea guianensis (Myrsinaceae)
surgiram na área a partir de 1988, Miconia cuspidata (Melastomataceae) a partir de
1991, Jacaranda caroba (Bignoniaceae) a partir de 1994, Ilex sp. (Aquifoliaceae),
Miconia dodecandra (Melastomataceae) e Mouriri graveolens (Melastomataceae) a
partir de 1999, Rheedia brasiliensis (Clusiaceae), Richeria grandis (Euphorbiaceae),
Miconia chartaceae (Melastomataceae) e Agonandra brasiliensis (Opiliaceae) a partir
de 2004 (Anexo 1).
19
4.1. INCREMENTO
O incremento periódico anual (IPA) da comunidade no período de 19 anos
(1985-2004) foi de 0,22 cm.ano-1. Os valores médios registrados são similares em todos
os períodos analisados, variando de 0,21 a 0,26 cm.ano-1. Os valores medianos foram
mais baixos que os valores médios e variaram mais, de 0,11 a 0,21 cm.ano-1. A variação
entre os incrementos calculados em cada período foi elevada, variando de 84,28% no
período de 1985 a 2004 a 142,98% no período de 1988 a 1991. (Tabela 2).
Tabela 2. Incremento periódico anual (IPA) médio, mediana e coeficiente de variação
(CV%) para a comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) da mata de galeria do Gama entre os
anos de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. N = número de indivíduos.
PERÍODOS 1985-88 1988-91 1991-94 1994-99 1999-04 1985-04 Média (cm) 0,26ns 0,21ns 0,26ns 0,21ns 0,24ns 0,22ns
Mediana (cm) 0,21 0,16 0,19 0,18 0,18 0,18 CV (%) 115,24 142,98 135,46 132,55 119,49 84,28 N 1756 1770 1763 1554 1634 1132
ns não significativa a 5%, pelo teste de χ2 (p > 0,05).
O incremento periódico anual (IPA) da comunidade arbórea para todos os
períodos é menor nas menores classes de diâmetro, aumentando com o aumento destas
até 52 cm de DAP, onde estão concentrados cerca de 95% dos indivíduos. A partir desse
diâmetro, as classes diamétricas possuem poucos indivíduos, observando-se uma grande
oscilação nas médias do incremento (Figura 2).
20
Figura 2. Incremento periódico anual (IPA), por classes de diâmetro, para a comunidade
arbórea (DAP ≥ 10 cm) da mata de galeria do Gama, entre os anos de 1985 a 2004,
Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. A linha tracejada representa o diâmetro (DAP = 52
cm) abaixo do qual se encontra cerca de 95% dos indivíduos arbóreos amostrados.
O incremento periódico anual das espécies que apresentaram, no mínimo, 10
indivíduos vivos entre 1985 a 1988, por período, encontra-se na Tabela 3. Das 97
espécies vivas entre 1985 a 1988, apenas 39 apresentaram 10 ou mais indivíduos. As
espécies Apuleia molaris, Cryptocaria aschersoniana, Piptocarpha macropoda,
Protium heptaphyllum, Sclerolobium paniculatum e Tapirira guianensis apresentaram
incremento médio em diâmetro superior ao da comunidade em todos os períodos
analisados. O incremento das espécies Alibertia edulis, Aspidosperma cylindrocarpon,
Cabralea canjerana, Cheiloclinium cognatum, Guatteria sellowiana, Lamanonia
tomentosa, Licania apetala, Matayba guianensis, Myrtaceae indet., Ouratea
castaneifolia, Salacia elliptica e Roupala montana sempre estiveram abaixo dos
respectivos incrementos calculados para a comunidade nos seis períodos. O maior valor
absoluto de incremento registrado foi 0,76 cm.ano-1 para Sclerolobium paniculatum,
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
10 a 27 27,1 a 44 44,1 a 61 61,1 a 78 78,1 a 95
Classes de diâmetro (cm)
Incr
emen
to P
erió
dico
Anu
al
(cm
.ano
-1) 1999 a 2004
1985 a 2004
1991 a 1994
1988 a 1991
1994 a 1999
1985 a 1988
95%
21
uma espécie colonizadora de clareiras cujo diâmetro máximo alcançado na área foi de
49 cm.
Tabela 3. Incremento periódico anual de diâmetro (IPA) para as espécies com mais de
10 indivíduos em 1985 (N) na comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) da mata de galeria
do Gama entre os anos de 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa Brasília, DF. As espécies
estão listadas em ordem decrescente do número de indivíduos sobreviventes entre 1985
e 1988.
IPA (cm.ano-1)* ESPÉCIE N 1985-88 1988-91 1991-94 1994-99 1999-04 1985-04
Metrodorea pubescens 107 0,27 0,21 0,25 0,24 0,24 0,24 Licania apetala 96 0,18 0,14 0,20 0,14 0,20 0,17 Guatteria sellowiana 96 0,14 0,19 0,20 0,12 0,17 0,16 Amaioua guianensis 96 0,18 0,22 0,22 0,14 0,16 0,15 Cheiloclinium cognatum 96 0,14 0,15 0,17 0,14 0,11 0,13 Lamanonia tomentosa 86 0,23 0,17 0,25 0,14 0,19 0,20 Aspidosperma olivaceum 83 0,31 0,13 0,26 0,22 0,21 0,23 Protium heptaphyllum 76 0,34 0,22 0,36 0,22 0,34 0,29 Copaifera langsdorffii 74 0,30 0,20 0,25 0,21 0,30 0,26 Nectandra mollis 69 0,29 0,20 0,24 0,26 0,23 0,25 Tapirira guianensis 63 0,41 0,38 0,54 0,41 0,47 0,43 Piptocarpha macropoda 54 0,36 0,51 0,31 0,45 0,41 0,45 Cryptocaria aschersoniana 45 0,33 0,31 0,31 0,27 0,27 0,28 Callisthene major 39 0,30 0,22 0,44 0,29 0,22 0,28 Ouratea castaneifolia 37 0,19 0,13 0,16 0,16 0,10 0,12 Maytenus alaternoides 36 0,15 0,19 0,13 0,28 0,19 0,20 Matayba guianensis 31 0,20 0,19 0,18 0,16 0,13 0,18 Emmotum nitens 30 0,32 0,20 0,18 0,19 0,15 0,21 Salacia elliptica 27 0,14 0,20 0,10 0,07 0,14 0,12 Cupania vernalis 24 0,22 0,11 0,19 0,10 0,30 0,07 Micropholis venulosa 20 0,37 0,16 0,28 0,25 0,30 0,26 Machaerium acutifolium 20 0,26 0,16 0,24 0,21 0,26 0,24 Myrsine coriacea 18 0,36 0,42 0,37 0,22 0,30 0,38 Myrtaceae indet. 18 0,15 0,06 0,12 0,18 0,16 0,04 Roupala montana 17 0,11 0,10 0,17 0,09 0,11 0,11 Cabralea canjerana 15 0,18 0,19 0,08 0,15 0,19 0,17 Maprounea guianensis 14 0,22 0,21 0,32 0,22 0,37 0,27 Aspidosperma sp. 13 0,21 0,12 0,09 0,15 0,25 0,18 Aspidosperma cylindrocarpon 13 0,15 0,02 0,01 0,02 0,07 0,03
22
Continuação... Sclerolobium paniculatum 12 0,72 0,70 0,67 0,59 0,69 0,76 Sacoglottis guianensis 12 0,21 0,11 0,24 0,19 0,41 0,24 Inga alba 12 0,26 0,33 0,38 0,35 0,42 0,22 Virola sebifera 12 0,27 0,18 0,24 0,15 0,25 0,17 Ixora warmingii 11 0,41 0,13 0,25 0,13 0,13 0,20 Alibertia edulis 10 0,15 0,08 0,16 0,05 0,07 0,08 Apuleia molaris 10 0,31 0,28 0,34 0,26 0,33 0,33 Pouteria ramiflora 10 0,34 0,14 0,53 0,32 0,45 0,42 Terminalia brasiliensis 10 0,48 0,07 0,41 0,17 0,16 0,24 Diospyros hispida 10 0,13 0,17 0,03 0,24 0,16 0,14
* Em negrito encontram as médias de incremento de diâmetro das espécies acima da média da comunidade para os períodos de 1985-88 e 1991-94 (IPA ≥ 0,26 cm.ano-1), 1988-91 e 1994-99 (IPA ≥ 0,21 cm.ano-1), 1999-2004 (IPA ≥ 0,24 cm.ano-1) e 1985-2004 (IPA ≥ 0,22 cm.ano-1).
4.2. MORTALIDADE E RECRUTAMENTO
Durante o intervalo de 19 anos (1985-2004), a mortalidade total foi de 42%, o
que resultou numa taxa de 2,87%.ano-1, baseado no modelo logarítmico (Lieberman &
Lieberman 1987). As taxas médias anuais de mortalidade apresentaram menor variação
para os três primeiros períodos (1985-88, 1988-91 e 1991-94), quando comparados com
os períodos sucessivos (1994-99 e 1999-2004), os quais apresentaram a maior
(4,15%.ano-1) e a menor (1,64%.ano-1) taxa de mortalidade, respectivamente (Tabela 4).
Na Figura 3 observa-se a mortalidade da comunidade, por classe de diâmetro,
para o período de 1985 a 2004. O maior valor foi registrado para a primeira classe
(3,09%.ano-1), que correspondeu a aproximadamente 82% de todos os indivíduos que
morreram. As menores taxas de mortalidade foram registradas para as duas últimas
classes de diâmetro (1,63 e 1,51%.ano-1).
23
Tabela 4. Parâmetros de dinâmica da comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) na mata de
galeria do Gama nos períodos de 1985 a 1988, 1988 a 1991, 1991 a 1994, 1994 a 1999,
1999 a 2004 e 1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. m = taxa de
mortalidade média anual, r = taxa de recrutamento médio anual, t1/2 = tempo de meia
vida, t2 = tempo de duplicação, R = rotatividade, E = estabilidade e TRo = taxa de
rotatividade.
* 1997-98: Período de maior intensidade de El Nino desde 1983 (fonte: Nakagawa et al. 2000, Williamson et al. 2000 e Slik 2003).
Observou-se uma correlação positiva significativa tanto para mortalidade e
densidade (r = 0,88; P < 0,0001) quanto para área basal e mortalidade (r = 0,60; P <
0,0001) das espécies (N = 96) no período de 1985 a 2004.
De acordo com o modelo logarítmico proposto por Lieberman & Lieberman
(1987), o tempo de meia vida da comunidade arbórea da mata de galeria do Gama no
período de 1985-2004 é de 24,13 anos. Verificou-se que o tempo de meia-vida em
quatro dos seis períodos comparados no intervalo de 1985 a 2004 variou de 19,46 a
24,13 anos. Valores discrepantes foram encontrados na comparação de 1994 a 1999 (t1/2
= 42,16 anos) e de 1999 a 2004 (t1/2 = 16,72 anos), onde foram encontradas as maiores e
menores variações entre taxas de mortalidade e recrutamento, respectivamente (Tabela
4).
PERÍODOS PARÂMETROS 1985-88 1988-91 1991-94 1994-99* 1999-04 1985-04 m (%.ano-1) 3,56 3,06 3,50 4,15 1,64 2,87 r (%.ano-1) 3,00 3,07 2,46 2,21 2,18 2,08 t1/2 (anos) 19,46 22,67 19,81 16,72 42,16 24,13 t2 (anos) 23,11 22,60 28,16 31,42 31,84 33,30 R (anos) 21,29 22,64 23,98 24,07 37,00 28,71 E (anos) 3,64 0,08 8,35 14,70 10,32 9,17 TRo (%.ano-1) 3,28 3,06 2,98 3,18 1,91 2,48
24
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
10 a 27 27,1 a 44 44,1 a 61 61,1 a 78 78,1 a 95
Classes de diâmetro (cm)
Taxa
de
Mor
talid
ade
Méd
ia A
nual
(%
.ano
-1)
Figura 3. Taxa de mortalidade média anual, por classes de diâmetro, no período de 1985
a 2004, para a comunidade arbórea (DAP ≥ 10 cm) na mata de galeria do Gama,
Fazenda Água Limpa Brasília, DF. N = número de indivíduos mortos no período de
1985 a 2004.
Pode-se observar que os resultados obtidos para a comunidade arbórea estudada
estão seguindo o padrão determinado pela meia vida no período de 1985-88 (19,46
anos). Considerando o período de 19 anos de estudo (1985-2004), observou-se que
42,07% dos indivíduos amostrados em 1985 morreram até o ano de 2004.
A taxa de recrutamento médio anual da comunidade no período de 1985-04 foi
de 2,08% e o recrutamento total foi de 38%. A taxa de recrutamento médio anual variou
de 2,08 a 3,07%.ano-1. As taxas de recrutamento registradas na comunidade para os
períodos sucessivos desde 1988 até 2004, apresentaram diminuição em seus valores (de
3,07%.ano-1 em 1988-91 a 2,18%.ano-1 em 1999-04). Com exceção dos períodos de
1988-91 e 1999-04, as taxas de recrutamento calculadas para os períodos sucessivos
sempre foram inferiores às taxas de mortalidade (Tabela 4).
Observou-se uma correlação positiva significativa para o recrutamento e a
densidade (r = 0,56; P < 0,0001) das espécies (N = 104) no período de 1985 a 2004.
N = 670
N = 115 N = 31
N = 4 N = 1
25
Entretanto, a correlação entre a área basal e o recrutamento foi baixa (r = 0,25, P <
0,05).
De acordo com o modelo logarítmico proposto por Lieberman & Lieberman
(1987), o tempo de duplicação da comunidade arbórea da mata de galeria do Gama no
período de 1985-2004 é 33,30 anos, variando de 22 a 33 anos para os seis períodos
analisados (Tabela 4).
Considerando-se todas as espécies e indivíduos da comunidade, entre 1985 e
2004, registrou-se uma diferença de 0,79% em favor da mortalidade. Como
conseqüência, o tempo de duplicação (33 anos) foi superior à meia-vida (24 anos). A
rotatividade da mata foi de 28,71 anos e a estabilidade calculada em 9,17 anos (Tabela
3).
Cerca de 92% de todas as espécies amostradas entre 1985 e 2004 apresentaram
mortalidade, recrutamento ou ambos (Tabela 5).
Analisando as espécies com pelo menos 30 indivíduos em 1985 (Tabela 5),
verificou-se que a taxa de mortalidade para o período de 1985-2004 variou de 0,68
%.ano-1 para Copaifera langsdorffii até 12,12 %.ano-1 para Piptocarpha macropoda. A
meia vida das espécies mais abundantes variou de 5 anos para P. macropoda até 101
anos para C. langsdorffii (Tabela 5). Apesar da espécie P. macropoda apresentar a
maior taxa de mortalidade na mata estudada, seu incremento sempre esteve acima da
média da comunidade em todos os períodos analisados.
A taxa de recrutamento para o período de 1985-2004 variou de 0,06 %.ano-1 para
Lamanonia tomentosa a 4,23 %.ano-1 para Salacia elliptica (Tabela 5). O tempo de
duplicação das espécies Lamanonia tomentosa e Emmotum nitens foi elevado (1244 e
494 anos, respectivamente) devido à baixa taxa de recrutamento observado para essas
26
espécies (0,06 e 0,14%.ano-1, respectivamente). Amaioua guianensis foi a espécie que
apresentou a segunda maior taxa de recrutamento (3,65 %.ano-1), entretanto sua taxa de
mortalidade também foi elevada (3,35 %.ano-1).
Tabela 5. Parâmetros de dinâmica das populações das espécies com mais de 30
indivíduos em 1985 da comunidade arbórea da mata de galeria do Gama no período de
1985 a 2004, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. N = número de indivíduos em 1985,
m = taxa de mortalidade média anual, r = taxa de recrutamento médio anual, t1/2 =
tempo de meia vida, t2 = tempo de duplicação e TRo = taxa de rotatividade.
ESPÉCIES N m (%.ano-1)
r (%.ano-1)
t1/2 (anos)
t2
(anos) Tro
(%.ano-1)Amaioua guianensis 104 3,35 3,65 20,67 19,00 3,50 Aspidosperma olivaceum 92 1,75 0,54 39,65 127,63 1,15 Callisthene major 43 1,72 0,69 40,25 100,83 1,20 Cheiloclinium cognatum 102 2,13 1,81 32,48 38,19 1,97 Copaifera langsdorffii 74 0,68 0,79 101,56 87,63 0,74 Cryptocaria aschersoniana 48 1,97 1,68 35,15 41,36 1,82 Cupania vernalis 31 9,60 1,07 7,22 64,68 5,34 Emmotum nitens 37 2,28 0,14 30,42 493,84 1,21 Guatteria sellowiana 104 2,64 1,56 26,27 44,31 2,10 Lamanonia tomentosa 94 3,12 0,06 22,24 1244,53 1,59 Licania apetala 100 1,24 1,46 55,87 47,44 1,35 Matayba guianensis 32 2,74 1,91 25,26 36,29 2,33 Maytenus alaternoides 41 4,05 2,74 17,12 25,30 3,39 Metrodorea pubescens 116 2,16 1,73 32,14 40,17 1,94 Nectandra mollis 72 1,61 0,75 42,99 92,63 1,18 Ouratea castaneifolia 38 3,65 1,85 19,00 37,48 2,75 Piptocarpha macropoda 80 12,12 1,33 5,72 52,12 6,72 Protium heptaphyllum 86 3,65 2,75 19,00 25,21 3,20 Salacia elliptica 30 2,40 4,23 28,83 16,39 3,32 Tapirira guianensis 70 3,22 2,79 21,56 24,82 3,00
27
5. DISCUSSÃO
5.1. INCREMENTO
O incremento periódico anual (IPA) da comunidade arbórea com DAP ≥ 10 cm
da mata de galeria do Gama (0,22 cm.ano-1) no período de 1985 a 2004 foi similar ao
encontrado em avaliações anteriores da mata em questão (0,25 cm.ano-1 no período de
1985 a 1991, Felfili 1995a; e 0,22 cm.ano-1 entre 1985 a 1999, Salgado 2003) para
intervalos de 6 e 14 anos, respectivamente. Estes valores estão próximos dos
encontrados na floresta do vale do véu da noiva, no Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães (0,21 cm.ano-1, Pinto 2002), e daqueles encontrados por Carvalho (1992) em
área não perturbada de floresta amazônica (0,22 cm.ano-1), por Silva et al. (1996) na
Floresta Nacional do Tapajós (0,20 cm.ano-1) e por Lieberman et al (1985) para
espécies arbóreas de uma floresta tropical na Costa Rica (0,265 cm.ano-1). Valores mais
elevados foram observados por Pulz (1998) em remanescente de floresta semidecídua
montana em Minas Gerais (0,457 cm.ano-1), por Silva et al. (1995) em floresta tropical
Amazônica 13 anos após corte experimental (0,3 cm.ano-1), por Oliveira & Mory (1996)
em floresta secundária no Pará (0,4 cm.ano-1) e por Lang & Knight (1983) em floresta
tropical em Barro do Colorado (0,9 cm.ano-1).
O aumento do incremento com o DAP também foi verificado por Felfili (1995a)
para a mesma mata, no intervalo de 1985 a 1991. As taxas de crescimento nas florestas
tropicais estudadas por Vieira et al. (2004) na Amazônia brasileira também foram
dependentes do tamanho das árvores, com os indivíduos maiores apresentando as mais
altas taxas de crescimento absoluto. De acordo com Hubbell et al. (1999), esta tendência
28
de indivíduos maiores apresentarem maior incremento em diâmetro está relacionada
com a maior atividade fotossintética desses indivíduos que, geralmente, dominam o
dossel da floresta. Felfili (1995a) enfatiza que devido à estrutura das florestas tropicais,
as médias de incremento nas maiores classes de diâmetro vêm de um número muito
menor de árvores, resultando em informações que podem não representar a realidade da
comunidade.
De acordo com Felfili (2000), o incremento diamétrico médio para árvores
adultas nas matas de galeria está na ordem de 0,30 cm de diâmetro por ano, similar a
outras florestas tropicais. As espécies Apuleia molaris, Cryptocaria aschersoniana,
Piptocarpha macropoda, Protium heptaphyllum, Sclerolobium paniculatum e Tapirira
guianensis que, nesse estudo, apresentaram incremento médio anual em diâmetro
superior ao da comunidade (IPA = 0,22 cm.ano-1) para todos os períodos analisados, são
exemplos de espécies lenhosas que crescem rápido, em média 0,5 cm de diâmetro por
ano, em condições naturais, como apontadas por Felfili (2000). De acordo com Felfili
(1997b), C. aschersoniana e T. guianensis são espécies emergentes não pioneiras que
toleram sombra. As demais espécies são dominantes, sendo que P. macropoda e S.
paniculatum são pioneiras, A. molaris é uma espécie não pioneira que demanda luz e P.
heptaphyllum não pioneira tolerante à sombra (Felfili 1997b).
Em geral, espécies que demandam luz e as que ocupam o dossel tendem a
apresentar maiores taxas de incremento (Felfili 1995a). Assim, o rápido crescimento das
espécies pioneiras possibilita que este grupo apresente, temporariamente, uma certa
vantagem competitiva em relação às espécies de estágio secundário da sucessão,
permitindo que elas alcancem a maturidade reprodutiva antes de serem excluídas pela
competição (Pinto 2002). Além disso, as espécies não pioneiras tolerantes à sombra
29
estão sendo favorecidas pela atual dinâmica da comunidade da mata em questão em
detrimento das espécies que ocupam os estratos superiores do dossel (Salgado 2003).
5.2. MORTALIDADE E RECRUTAMENTO
As taxas médias anuais de mortalidade de 3,56%, 3,06%, 3,50% e 4,15% obtidas
para a comunidade arbórea com DAP ≥ 10 cm da mata de galeria do Gama para os
períodos de 1985-88, 1988-91, 1991-94 e 1994-99 são altas se comparadas aos valores
encontrados por Pinto (2002) em uma no Mato Grosso e na floresta amazônica (Silva et
al. 1995, Korning & Balslev 1994b), na mata atlântica (Pedroni 2001) e em outras
florestas tropicais (Lieberman & Lieberman 1987, Swaine et al. 1987b). Entretanto, as
taxas de mortalidade para os períodos de 1999-04 e 1985-04 (1,64%.ano-1 e 2,87%.ano-
1) representaram valores dentro da amplitude obtida (1 a 3%) para a maioria dos estudos
realizados na região tropical citados acima.
Os valores de mortalidade acima de 3%.ano-1 observados para a mata do Gama
estão dentro do valor encontrada por Paiva (2001), em mata mesófila semidecídua de
Minas Gerais para indivíduos com DAP ≥ 10 cm, com taxa anual de mortalidade de
4,01%; por Pulz (1998), em floresta semidecídua montana de Minas Gerais, no período
de 1992-96, de 3,6%.ano-1 para indivíduos com DAP ≥ 5 cm; por Cabral (1999), de
3,7%.ano-1 em um fragmento de mata ciliar de Minas Gerais para indivíduos com DAP≥
5 cm; por Nascimento et al. (1999), num fragmento de floresta estacional semidecídua,
de 4,7%.ano-1, considerando indivíduos com DAP ≥ 5 cm; e por Marin et al. (2005) de
4,5 e 4,2 %.ano-1, respectivamente, para floresta decídua e mata de galeria em uma
30
reserva florestal na Nicarágua para árvores com DAP ≥ 10 cm durante período de 7
anos de estudo.
A elevada taxa de mortalidade encontrada para a mata de galeria do Gama
sugere uma comunidade bastante dinâmica, fato que pode ser confirmado pela alta taxa
de rotatividade registrada nos períodos sucessivos de amostragem. De acordo com
Felfili (2000), as taxas de mortalidade da comunidade, da ordem de 3%.ano-1, são mais
intensas do que aquelas encontradas em largas formações contínuas como a floresta
Amazônica (da ordem de 1%.ano-1 em áreas não perturbadas), sendo que essa
intensidade se deve, provavelmente, aos estresses mais intensos sofridos pelas matas de
galeria, pois são estreitas e, conseqüentemente, mais suscetíveis, por exemplo, a ação de
ventos, enchentes e queimadas. As bordas das matas de galeria são áreas propensas a
incêndios, mas o fogo raramente penetra até o interior das matas, fato atribuído à
presença de árvores tolerantes ao fogo na zona externa, preservando o interior da mata
(Kellman & Meave 1997). O rápido desenvolvimento de uma zona de borda com
espécies arbóreas tolerantes ao fogo é considerado essencial à sobrevivência dos
fragmentos de comunidades florestais propensas às queimadas, sendo as bordas das
matas de galeria recomendadas como fontes potenciais de espécies para se construir
esses ecótonos de proteção (Kellman et al. 1998).
Salgado (2003), estudando a dinâmica da comunidade e de populações da mata
do Gama, sugeriu que o fator climático El Niño pode estar interferindo na dinâmica da
floresta. A maior taxa de mortalidade foi observada em 1994-99 sob a influência desse
fenômeno, cujo registro mais intenso desde 1983 ocorreu entre 1997-98 (Nakagawa et
al. 2000, Williamson et al. 2000 e Slik 2004). Porém, os efeitos do El Niño sobre a
região Centro-Oeste ainda não estão totalmente elucidados, sendo verificada uma
tendência de chuvas acima da média (Salgado 2003). Nakagawa et al. (2000),
31
estudando o impacto da seca severa associada com o El Niño de 1997/98 em uma
floresta tropical na Malásia, registraram aumento na mortalidade de 0,89 a 6,37%.ano-1
durante os períodos sem seca e com seca, respectivamente, sendo a mortalidade na seca
mais elevada para os indivíduos menores. Slik (2004), investigando os efeitos do El
Niño de 1997/98 relacionados à seca sobre a mortalidade arbórea e condições de luz no
subosque de florestas tropicais perturbadas e não perturbadas em Borneo para
indivíduos com DAP ≥ 10 cm, observou um aumento adicional na mortalidade de
11,2% na floresta não perturbada nesse período, sendo a abertura do dossel
significativamente maior durante a seca do que durante o ano sem seca. De acordo com
o autor, os resultados desse estudo mostraram que secas severas, tais como aquelas
associadas com eventos de El Niño, podem afetar a composição de espécies arbóreas e a
diversidade de florestas tropicais por meio da mortalidade desproporcional de certos
grupos ecológicos e classes de tamanho dos indivíduos arbóreos, bem como pela
mudança nas condições de luz do subosque da mata, que afetam o recrutamento e o
crescimento de árvores pequenas e imaturas.
Manokaran & Kochummen (1987), Carey et al. (1994) e Condit et al. (1995)
também encontraram marcante variação na mortalidade entre períodos sucessivos de
monitoramento, indicando que as taxas de mortalidade podem ser muito variáveis
temporalmente. Pedroni (2001), estudando três áreas de mata atlântica em São Paulo,
sugeriu que eventos esporádicos, ocorridos durante o intervalo de observação, podem
afetar de forma intensa a dinâmica das comunidades. Portanto, quanto maior for o
intervalo entre os inventários sucessivos, maior a dificuldade na identificação dos
fatores responsáveis pela mortalidade e na interpretação dos resultados observados.
Na área amostrada a taxa de mortalidade da comunidade para o período de 19
anos foi mais acentuada nas menores classes de diâmetro (10 a 27 cm), onde se
32
concentram cerca de 77% dos indivíduos, fato verificado por Felfili (1995a) para a mata
em questão, o que evidencia que a competição por recursos (espaço, luz, nutrientes,
água) é maior para os indivíduos menores do que para aqueles pertencentes às classes
subseqüentes (Salgado 2003). Rankin-de-Merona et al. (1990), amostrando árvores com
DAP ≥ 10 cm de uma floresta da Amazônia brasileira, encontraram maior proporção de
árvores mortas entre os indivíduos das menores classes diamétricas, acompanhando o
padrão de distribuição de abundância. Hubbell & Foster (1990), estudando árvores a
partir de 1 cm de diâmetro, encontraram maior mortalidade entre árvores com DAP ≥ 16
cm em Barro Colorado no Panamá. Esses autores atribuíram esta mortalidade ao
período de seca prolongada causada pelo fenômeno El Niño de 1983, que afetou
principalmente as espécies típicas de locais mais úmidos.
A meia-vida de 24 anos, observada na mata do Gama para o período de 1985 a
2004, está abaixo dos valores encontrados para florestas neotropicais que, segundo
Hartshorn (1990) variam de 34 e 68 anos. Isto indica que a comunidade arbórea
estudada apresenta elevada dinâmica, conforme já salientado por Felfili (1993, 1995a).
Esta autora e Kellman et al. (1998) consideram que as estreitas faixas de matas de
galeria apresentam elevada dinâmica comparada com outras formações florestais
tropicais mais extensas.
A mata de galeria estudada é uma floresta de elevada dinâmica, com taxa média
anual de rotatividade de 2,48 %.ano-1 e rotatividade de 28,71 anos (isto é, o tempo de
reposição do número de indivíduos mortos num intervalo de tempo é de cerca de 29
anos), similar às florestas mais dinâmicas como em Barro Colorado (Hubbell & Foster
1990) com 22,5 anos, no fragmento de mata ciliar em Minas Gerais (Cabral 1999), com
26,82 anos e em floresta de galeria no vale do véu da noiva no Mato Grosso (Pinto
2002), com 23,61 anos. As taxas de recrutamento médio anual estiveram na mesma
33
amplitude de valor registrado na floresta de vale do véu da noiva no Mato Grosso (Pinto
2002) e em áreas da floresta Amazônica (Silva et al. 1995), de fragmento de mata ciliar
(Cabral 1999), de mata Atlântica (Pedroni 2001), de florestas tropicais da América
Central (Lieberman & Lieberman 1987) e foram inferiores à encontrada por Paiva
(2001) em mata mesófila semidecídua de Minas Gerais; por Nascimento et al. (1999)
num fragmento de floresta estacional semidecídua e por Hubbell & Foster (1990) em
Barro Colorado, no Panamá.
A mata estudada apresentou maior mortalidade que recrutamento para a maioria
dos períodos de amostragem, exceto nos intervalos de 1988-91 e 1999-04, confirmando
a tendência encontrada por Felfili (1993, 1995a) que verificou comportamento similar a
vários estudos em florestas tropicais (Lang & Knight 1983, Manokaran & Kochummen
1987, Swaine et al. 1987b). Manokaran & Kochummen (1987) encontraram variação no
balanço entre mortalidade e recrutamento em períodos de observação sucessivos, sendo
que, durante os 10 primeiros anos, a mortalidade superou o recrutamento e no período
seguinte, houve um balanço entre as duas taxas. Após um período com elevada taxa de
mortalidade, ocorre abertura de espaço para que, em seguida, ocorra um recrutamento
mais intenso, caracterizando a floresta como um sistema dinâmico, que apresenta
mudanças contínuas ao longo do tempo em sua estrutura e posição (Felfili 1995a).
A forte correlação positiva entre mortalidade, recrutamento e densidade das
espécies também foi verificada por Felfili (1995a) o que, de acordo com a autora, sugere
que o elevado recrutamento das espécies abundantes tende a ser compensado por sua
alta mortalidade, mantendo assim sua dominância.
As espécies que compõem a comunidade apresentam distintas taxas de
recrutamento, mortalidade e incremento, que parecem estar relacionadas aos grupos
funcionais a que pertencem e a seu posicionamento no dossel. A taxa de mortalidade
34
por espécie variou de 0,68 %.ano-1 para Copaifera langsdorffii, espécie emergente, até
12,12 %.ano-1 para Piptocarpha macropoda, espécie colonizadora de clareira, enquanto
que a taxa de recrutamento variou de 0,06 %.ano-1 para Lamanonia tomentosa, espécie
emergente, até 4,23 %.ano-1 para Salacia elliptica, espécie de subosque, considerando-
se as espécies com mais de 30 indivíduos em 1985. As espécies que apresentaram a
maior e a menor taxa de recrutamento foi Salacia elliptica (4,23 %.ano-1), árvore de
subosque, não pioneira que tolera sombra e Lamanonia tomentosa (4,23 %.ano-1),
espécie emergente, não pioneira que demanda luz (Felfili 1997b).
Copaifera langsdorffii, que apresentou a menor taxa de mortalidade (0,68%.ano-1)
para o período de 1985-2004 entre as espécies analisadas, é uma espécie emergente não
pioneira que demanda luz, (Felfili 1997b). Do total de 74 indivíduos vivos dessa espécie
em 1985, apenas nove morreram até o ano de 2004, sendo que 56% dos mortos (cinco
indivíduos) apresentaram DAP entre 10 e 27 cm. Pulz (1998) registrou uma taxa média
de mortalidade de 3%.ano-1 para C. langsdorffii em uma floresta semidecídua montana
em Minas Gerais. A maior taxa de mortalidade foi observada para Piptocarpha
macropoda (12,12%.ano-1), uma espécie pioneira, dominante (Felfili 1997b), com 72
indivíduos mortos dentre 80 encontrados vivos em 1985 (94% com DAP entre 10 e 27
cm).
35
6. CONCLUSÕES
A comunidade da mata de galeria do ribeirão do Gama, no trecho estudado, é
dinâmica, com 92% de todas as espécies amostradas apresentando mortalidade,
recrutamento ou ambos. Entretanto, apresentou estabilidade na composição florística
durante os 19 anos de estudo, uma vez que 83% do total de espécies encontrado na mata
ocorreram em todos os períodos analisados.
A taxa de mortalidade da comunidade arbórea durante o intervalo de 19 anos foi
maior que a taxa de recrutamento, indicando um decréscimo na densidade arbórea.
A comunidade arbórea estudada manteve a mesma tendência de incremento em
diâmetro para todos os períodos analisados, caracterizada pelo aumento do incremento
com o aumento das classes de diâmetro até 52 cm de DAP, onde se concentraram cerca
de 95% dos indivíduos em todas as ocasiões.
36
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Anexo 1. Lista das espécies registradas na mata de galeria do Gama, Fazenda Água
Limpa, Brasília, DF. As espécies estão em ordem alfabética das famílias botânicas (108
espécies e 48 famílias), seguidas de suas respectivas ocorrências durante o intervalo de
1985 a 2004.
FAMÍLIA / ESPÉCIE* 1985 1988 1991 1994 1999 2004Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott. Ex Spreng x x x x x x Tapirira guianensis Aubl. x x x x x x Annonaceae Cardiopetalum calophyllum Schltdl. x Guatteria sellowiana Schltdl. x x x x x x Xylopia emarginata Mart. x x x x x x Xylopia sericea A. St. -Hil. x x x x x x Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg. x x x x x x Aspidosperma discolor A. DC. x x x x x x Aspidosperma olivaceum Müll. Arg. x x x x x x Aspidosperma sp. x x x x x x Aspidosperma subincanum Mart. x x x x x x Aquifoliaceae Ilex sp. x x Araliaceae Gilibertia cuneata March. x x x x x x Scheflera morototonii (Aubl.) DC. Frodin x x x x x x Asteraceae Piptocarpha macropoda (DC.) Baker x x x x x x Bignoniaceae Jacaranda caroba (Vell.) A. DC. x x x Bombacaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns x x x x x x Boraginaceae Cordia sellowiana Cham. x x x x x x Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl) Marchand x x x x x x Cecropiaceae Cecropia pachystachia Trécul x x x x x x Celastraceae Maytenus alaternoides Reissek x x x x x x Chrysobalanaceae Hirtella glandulosa Spreng. x x x x x x Licania apetala (E. Mey.) Fritsch x x x x x x Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. x x x x x x Clusia sp. x Rheedia brasiliensis (Mart.) Planc. & Triana x Vismia sp. x x x x x x Combretaceae Terminalia argentea (Camb.) Mart. x x x x x x
45
Continuação... Terminalia brasiliensis (Cambess. Ex A. St.-Hil.) x x x x x x Cunnoniaceae Lamanonia tomentosa (Cambess.) Kuntze x x x x x x Dichapetalaceae Tapura amazonica Poepp. x x x x x x Ebenaceae Diospyros hispida A. DC. var. hispida x x x x x x Elaeocarpaceae Sloanea monosperma Vell. x x x x x x Erythroxylaceae Erythroxylum daphnites Mart. x x x x x x Euphorbiaceae Alchornea irucurana Casar. x x x x x x Maprounea guianensis Aubl. x x x x x x Pera glabrata (Schott) Poepp. Ex Baill. x x x x x x Richeria grandis Vahl. x Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw. x x x x x x Hippocrateaceae Cheiloclinium cognatum (Miers) A. C. Sm. x x x x x x Salacia elliptica (Mart. Ex Schult.) G. Don x x x x x x Humiriaceae Sacoglottis guianensis Benth. x x x x x x Icacinaceae Emmotum nitens (Benth.) Miers x x x x x x Lauraceae Aniba heringerii Vattimo x x x x x x Cryptocaria aschersoniana Mez x x x x x x Nectandra mollis (Kunth) Nees x x x x x x Ocotea spixiana (Nees) Mez x x x x x x Persea fusca Mez x x x x x x Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze x x x x x x Leguminosae Caesalpinoideae Apuleia molaris Spruce ex Benth. x x x x x x Bauhinia rufa (Bong.) Steud. x x x x x x Copaifera langsdorffii Desf. x x x x x x Hymenaea stigonocarpa Mart. Ex Hayne x x x x x x Platypodium elegans Vogel x x x x x x Sclerolobium paniculatum Vogel var. paniculatum x x x x x x Leguminosae Mimosoideae Inga alba (Sw.) Willd. x x x x x x Leguminosae Papilionoideae Acosmium subelegans (Mohlenbr.) Yakovlev x x x x x x Andira paniculata Benth. x x x x x x Machaerium acutifolium Vogel x x x x x x Malpighiaceae Byrsonima laxiflora Griseb. x x x x x x
46
Continuação... Melastomataceae Miconia chartacea Triana x Miconia cuspidata Mart. Ex Naudin x x x x Miconia dodecandra (Desv.) Cogn. x x Miconia punctata (Desr.) D. Don ex DC. x x x x Miconia sellowiana Naudin x x x x x x Mouriri graveolens Spruce & Triana x x Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. x x x x x x Trichilia catigua Adr. Juss x x x x x Moraceae Pseudolmedia laevigata Trécul x x x x x x Sorocea ilicifolia Miq. x x x x x x Myristicaceae Virola sebifera Aubl. x x x x x x Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. Ex Roem. & Schult x x x x x x Rapanea guianensis Aubl. x x x x x Myrtaceae Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg x x x x x x Gomidesia lindeniana O. Berg. x x x x x x Myrcia deflexa DC. x x x x Myrcia sellowiana O. Berg x x x Myrcia sp. x x x x x x Siphoneugena densiflora Berg x x x x x x Marlierea sp. x x x x x x Nyctaginaceae Guapira graciliflora (Schimidt) Lundell x x x x x x Ochnaceae Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. x x x x x x Opiliaceae Agonandra brasiliensis Benth. & Hook. f. x Proteaceae Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. x x x x x x Roupala montana (Aubl.) x x x x x x Rubiaceae Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. Ex DC. x x x x x x Amaioua guianensis Aubl. x x x x x x Coussarea sp. x x Faramea sp. x x x x x x Ferdinandusa speciosa Pohl x x x x Guettarda viburnoides Cham & Schlecht. x x x x x x Ixora warmingii Müll. Arg. x x x x x x Psycotria sp. x x x x Rutaceae Metrodorea pubescens A. St.-Hil. & Tul. x x x x x x Zanthoxylum rhoifolium Lam. x x x x x x Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. x x x x x x
47
Continuação... Matayba guianensis Aubl. x x x x x x Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk x x x x x x Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre x x x x x x Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk x x x x x x Solanaceae Solanum guianense Klotzsch Dnal Hill x x x x x x Styracaceae Styrax camporum Pohl x x x x x x Tiliaceae Luehea paniculata Mart. & Zucc. x x x x x x Verbenaceae Aegiphila lhotzkiana Cham. x x x x x x Vochysiaceae Callisthene major Mart. x x x x x x Qualea dichotoma (Mart.) Warm. x x x x x x Qualea muiltiflora Mart. x x x x x x Vochysia tucanorum Mart. x x x x x x
* Não estão representadas na tabela três espécies identificadas até o nível de família: Lauraceae indet (n = 2), Leguminosae indet (n = 7) e Moraceae indet (n = 2); todas registradas em todos os levantamentos.
48
Anexo 2. Formulário de campo utilizado para a amostragem dos indivíduos arbóreos
com DAP ≥ 10 cm na mata de galeria do Gama, Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. L =
número da linha (transecto), P = número da parcela, N = número da plaqueta de
alumínio da árvore, CAP = circunferência à altura do peito e X/Y = sistema de
coordenadas X/Y.
L P N ESPÉCIE CAP anterior (cm)
CAP atual (cm)
ALTURA (m) X/Y anterior X/Y atual