UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP - Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Civil
Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II NOTAS DE AULA
ANCORAGEM E EMENDA DE
ARMADURAS
Prof. Dr. PAULO SRGIO DOS SANTOS BASTOS (wwwp.feb.unesp.br/pbastos)
Bauru/SP
Maro/2018
APRESENTAO
Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina
2323 Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da
Universidade Estadual Paulista - UNESP Campus de Bauru/SP.
O texto apresenta as prescries contidas na NBR 6118/2014 (Projeto de estruturas de
concreto Procedimento) para a ancoragem e emenda de barras de ao da armadura, incluindo o
clculo e detalhamento da ancoragem da armadura longitudinal de trao nos apoios de vigas de
Concreto Armado, e o cobrimento do diagrama de momentos fletores, para definio do
posicionamento e da extenso das armaduras longitudinais.
Agradecimentos a derson dos Santos Martins pela confeco dos desenhos.
Crticas e sugestes sero bem-vindas.
SUMRIO
1. CLASSIFICAO DA ADERNCIA ENTRE CONCRETO E ARMADURA ........................ 1 1.1 Aderncia por Adeso ........................................................................................................... 1 1.2 Aderncia por Atrito .............................................................................................................. 2 1.3 Aderncia Mecnica .............................................................................................................. 2
2. ANCORAGEM E FENDILHAMENTO ...................................................................................... 3 2.1. Corpos de Prova para Ensaio de Arrancamento .................................................................... 3
2.2. Tenses Principais ................................................................................................................. 4 2.3. Mecanismos da Aderncia ..................................................................................................... 7
3. SITUAES DE BOA E DE M ADERNCIA ....................................................................... 8 4. RESISTNCIA DE ADERNCIA .............................................................................................. 9 5. ANCORAGEM DE ARMADURA PASSIVA POR ADERNCIA ......................................... 10
5.1 Comprimentos de Ancoragem Bsico e Necessrio ............................................................ 10 5.2 Disposies Construtivas..................................................................................................... 13
5.2.1 Prolongamento Retilneo da Barra ou Grande Raio de Curvatura ............................... 13 5.2.2 Barras Transversais Soldadas ....................................................................................... 13
5.2.3 Ganchos das Armaduras de Trao .............................................................................. 14 5.2.4 Armadura Transversal na Ancoragem .......................................................................... 15 5.2.5 Ancoragem de Estribos ................................................................................................ 15
6. EMENDA DE BARRAS ............................................................................................................ 16
6.1 Emenda por Transpasse ....................................................................................................... 17 6.1.1 Proporo de Barras Emendadas .................................................................................. 18 6.1.2 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Tracionadas ..................................... 19
6.1.3 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Comprimidas ................................... 20 6.1.4 Armadura Transversal nas Emendas por Transpasse de Barras Isoladas ..................... 20
7. ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL DE FLEXO EM VIGAS ................. 21 7.1 Decalagem do Diagrama de Fora no Banzo Tracionado ................................................... 22
7.1.1 Modelo de Clculo I ..................................................................................................... 22
7.1.2 Modelo de Clculo II .................................................................................................... 23 7.2 Ponto de Incio de Ancoragem ............................................................................................ 23
7.3 Armadura Tracionada nas Sees de Apoio ........................................................................ 28
7.3.1 Apoio com Momento Fletor Positivo ........................................................................... 28
7.3.2 Ancoragem da Armadura Longitudinal Positiva nos Apoios Extremos de Vigas Simples ou Contnuas .............................................................................................................. 28 7.3.3 Apoio Intermedirio de Vigas Contnuas ..................................................................... 35 7.3.4 Ancoragem de Armadura Negativa em Apoios Extremos ........................................... 36
8. QUESTIONRIO ...................................................................................................................... 37
REFERNCIAS .............................................................................................................................. 38 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 39
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras
1
1. CLASSIFICAO DA ADERNCIA ENTRE CONCRETO E ARMADURA
Uma tima aderncia entre a armadura de ao e o concreto de fundamental importncia
para a existncia do Concreto Armado, o que subentende o trabalho solidrio e conjunto entre os
dois materiais. Com a aderncia procura-se garantir que no ocorra escorregamento relativo entre
o concreto e as barras de ao.
O fenmeno da aderncia envolve dois aspectos: o mecanismo de transferncia de fora da
barra de ao para o concreto que a envolve e a capacidade do concreto resistir s tenses oriundas
dessa fora.
A transferncia de fora possibilitada por aes qumicas (adeso), por atrito e por aes
mecnicas, e pode ser estudada considerando diferentes estgios, dependentes da intensidade da
fora, da textura da superfcie da barra de ao e da qualidade do concreto.
Existe uma classificao da aderncia em trs parcelas (por adeso, por atrito e mecnica),
meramente esquemtica, pois no possvel determinar precisamente a contribuio de cada uma
delas individualmente.
1.1 Aderncia por Adeso
Aps o lanamento do concreto fresco sobre uma chapa de ao (Figura 1), durante o
endurecimento do concreto ocorrem ligaes fsico-qumicas com a chapa de ao na interface, que
faz surgir uma resistncia de adeso, indicada pela fora Rb1 , que se ope separao dos dois
materiais. A contribuio da adeso aderncia pequena. A Figura 2 mostra a fora Va devida
aderncia entre o concreto e uma barra nervurada.
concreto
ao
Rb1
b1R
Figura 1 Aderncia por adeso (FUSCO, 2000).
Figura 2 Aderncia por adeso em barra nervurada (REYES, 2009).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras
2
1.2 Aderncia por Atrito
Ao se aplicar uma fora que tende a arrancar uma barra de ao inserida no concreto,
verifica-se que a fora de arrancamento (Rb2 Figura 3) muito superior fora Rb1 relativa
aderncia por adeso. Considera-se que a superioridade da fora Rb2 sobre a fora Rb1 devida s
tenses de cisalhamento b , que originam foras de atrito que opem-se ao deslocamento relativo
entre a barra de ao e o concreto. Existe, portanto, uma contribuio do atrito aderncia.
A intensidade das foras de atrito depende do coeficiente de atrito entre o concreto e o ao,
e quando existir, da intensidade de foras de compresso transversais ao eixo da barra (Pt ,
chamadas foras de confinamento - Figura 4), provenientes da retrao do concreto, de aes
externas, etc. A Figura 5 mostra a fora Vf devida ao atrito entre o concreto e uma barra
nervurada.
b
Rb2
Figura 3 Aderncia por atrito sem foras de confinamento (FUSCO, 2000).
b
Pt
b2R
tP
Figura 4 Aderncia por atrito com foras de confinamento Pt (FUSCO, 2000).
Figura 5 Aderncia por atrito entre concreto e barra nervurada (REYES, 2009).
1.3 Aderncia Mecnica
A aderncia mecnica aquela proporcionada pelas salincias (tambm chamadas
nervuras ou mossas) existentes na superfcie das barras de ao de alta aderncia, e s
irregularidades da laminao no caso das barras lisas. As salincias criam pontos de apoio no
concreto, que causam uma resistncia ao escorregamento relativo entre a barra e o concreto
(Figura 6 e Figura 7). A aderncia mecnica a parcela mais importante e de maior intensidade da
aderncia total.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras
3
R b3
b3R
Barras nervuradas
Barras lisas
Figura 6 Aderncia mecnica proporcionada pelas irregularidades da superfcie de barras de
ao lisas e por salincias em barras nervuradas (FUSCO, 2000).
Figura 7 Aderncia mecnica entre concreto e barra nervurada (REYES, 2009).
2. ANCORAGEM E FENDILHAMENTO
2.1. Corpos de Prova para Ensaio de Arrancamento
A resistncia de aderncia pode ser determinada por meio de diferentes e