Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
AS ÁRVORES E SUAS INTERFACES NO AMBIENTE URBANO
Adriana Inês Napias Rossetti1, Paulo Renato Mesquita Pellegrino2, Armando Reis Tavares3.
(recebido em 03.09.2009 e aceito para publicação em 24.03.2010)
RESUMO
O estudo das árvores no meio urbano constitui um campo interdisciplinar de atividade
científica. Compreender o fenômeno urbano, e nos que nos tange mais diretamente à época
da pós-industrialização industrial no qual esta atividade é substituída por outras atividades
terciárias, compõe tema pertinente às áreas de Sociologia Urbana, Geografia Física,
Arquitetura e Urbanismo, Economia, apenas para citar algumas. Já a compreensão do
elemento vegetal arbóreo e sua inserção no tecido urbano, com suas particularidades de
tratos agro-florestais estão historicamente relacionadas à área de ciências naturais como a
Biologia, as Engenharias Agronômicas e Florestais. A interface entre esses dois ramos do
conhecimento se mostra tímida ainda no Brasil e acaba contribuindo para que haja maiores
dificuldades na estruturação de conceitos e projetos de gestão ambiental urbana que se
mostrem consistentes, aplicáveis, e possam de fato contribuir para que as árvores
estabelecidas em solo urbano possam usufruir desenvolvimentos plenos, gerando os
benefícios que têm sido objetos de inúmeros estudos científicos.
Palavras chave: sociologia urbana- planejamento urbano- arborização urbana.
1 Engenheira Agrônoma, Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal das
Subprefeituras, Subprefeitura de Ipiranga, São Paulo, São Paulo, [email protected].
2 Arquiteto, Professor Titular da Universidade de São Paulo na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Departamento de Projeto, São Paulo, São Paulo, [email protected].
3 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador Científico do Instituto de Botânica da Secretaria Estadual
de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Seção de Ornamentais, São Paulo, São Paulo,
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THE TREES AND THEIR INTERFACES IN THE URBAN ENVIRONMENT
ABSTRACT
The study of trees in urban environments is a scientific activity that involves several
disciplines. In order to understand the urban phenomena, specifically the era of post-
industrialization, when industrialization is substituted by other tertiary activities, we need to
use all the resources available in Urban Sociology, Physical Geography, Architecture and
Economy, among others. To study the arborescent vegetation elements and their
relationship to the urban context, including the specificities of their agronomical tracts, there
are also needed resources from Biology, Agronomic Engineering and Forestry. The interface
between these two branches of knowledge in Brazil is still shy, leading to additional
complications in developing consistent and applicable concepts and projects in the area of
environmental urban management. Such projects would contribute to the full development of
trees in urban soil so as to gather the benefits that have been so extensively exposed and
supported by scientific studies.
Key words: urban sociology- urban planning- urban forestry.
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1. Introdução.
1.1. O Ambiente Urbano
A sociedade industrial é urbana, e a cidade é seu lugar. A produção das cidades
fracassa na ordenação desses locais. Os especialistas em planejamento urbano teriam um
constante questionamento de suas formas e funções a partir do próprio momento de
implantação (CHOAY, 2005).
KAHTOUNI (2006) afirma que a civilização industrial incrementou a alteração
profunda dos ambientes geográficos, trazendo aglomerações urbanas de proporções não
conhecidas anteriormente. As cidades passaram a constituir uma fonte inesgotável de
transformações diárias na paisagem que se sobrepunham cada vez mais rapidamente.
No século XX as visões de paisagem e ambiente foram se alterando, conforme se
modificavam os processos de formação e consolidação da construção dos territórios. Os
processos ecológicos, objetos da biologia, os processos antrópicos, relacionados à
antropologia e ciências sociais aplicadas, passaram a serem desvendados no tempo e
sucessivamente mais compreendidos, fazendo-se uma aproximação progressiva entre
sujeitos e objetos, e, finalmente caminhando para uma visão integrada da paisagem
(KAHTOUNI, 2006).
Planejar a ocupação e os usos do solo encerra tal complexidade que não se pode
falar de apenas uma única questão, mas sim de um conjunto de questões que envolvem
ações e soluções intrincadas e co-dependentes. A paisagem apresenta tamanhas interfaces
que se identificam problemas de investigações mais abrangentes, nas análises e propostas
de elaboração de planos para além dos desenhos (SANTOS, 2006)i.
A apropriação do espaço urbano, no início da sociedade urbano-industrial, para o
atendimento do crescente adensamento, se daria na especialização de atividades que
surgiam como respostas aos novos modos e meios de produção. Problemas como
sanidade, organização de atividades produtivas e demanda por habitação impulsionaram
com bastante ênfase a busca de soluções arquitetônicas e urbanísticas que fossem
portadoras de eficiência e eficácia. Fora os problemas de higiene e salubridade urbana que
possam ter sofrido um maior incremento de ações tópicas, isso se reconhecida apenas à
cidade dita legal, as outras questões continuam na agenda de discussão das metrópoles de
países em desenvolvimento em maior ou menor grau (SANTOS, 2006).
A constituição da sociedade urbana transforma a relação de espaço-tempo na vida
cotidiana e as formas cambiantes da cidade. O tempo se mostra acelerado, resultante das
mudanças de referências urbanas e de suas variações morfológicas, ao contraponto do
tempo de vida, este como resultado das relações sociais e da própria vivência cotidiana. As
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transformações constantes da metrópole em ritmo cada vez mais acelerado acabam por
dizimar, ou diminuir drasticamente, os referenciais do morador, alienando este indivíduo da
exterioridade que se manifesta na constante renovação do espaço urbano (CARLOS, 2001).
1.2.Espaços Livres Urbanos
Historicamente os parques e áreas verdes se dispuseram para combater o
congestionamento e a desordem crescente da cidade tendo como modelo as propriedades
rurais da aristocracia. No decorrer do século XIX esses espaços públicos desempenhavam
função higienista e sanitária. Os grandes parques paisagísticos, com a evolução das
cidades, serviam como barreira no desenvolvimento das manchas urbanas, além da
recreação que proporcionavam. A utilização pelas classes menos favorecidas ficava restrita
ao uso ocasional dos fins de semana, pela localização geográfica centralizada que essas
áreas de recreação possuíam sempre preferencialmente mais próximas aos bairros de
classes economicamente mais favorecidas (MUMFORD, 2005).
De acordo com Mumford (2005) a continuidade de modelos clássicos do passado, e
os clichês ainda mais estéreis dos devoradores de espaço (grifo daquele autor) que
acabariam por aniquilar todos os recursos estéticos da paisagem, sob o pretexto que
simultaneamente milhares de pessoas se concentrem em determinado ponto. Não se
trataria apenas de aumento quantitativo das áreas disponíveis, mas da mudança efetiva e
qualitativa de toda nossa estrutura de vida o que finalmente poriá em prática a função social
dos espaços livres. Conclui-se que necessitamos de soluções parciais, aplicáveis em
pequena escala e que com o correr do tempo se integrem em uma transformação radical do
nosso meio ambiente.
Atualmente existe uma ausência de padrões e critérios para avaliação das áreas
verdes urbanas. Torna-se muito difícil estabelecer comparações entre as diversas áreas
verdes.
Lima et al. (1994), em consultas à comunidade científica e prefeituras buscaram
estabelecer definições adequadas de área livre, espaço livre, áreas verdes, e termos
correlatos e concluíram serem necessárias novas pesquisas devido à grande diversidade de
opiniões e subjetividade inerente ao assunto.
Rigatti (2002) traz a definição primeira de espaço urbano como território objeto de
agenciamento humano que visa cumprir as funções urbanas em um momento histórico e
perante uma formação social especifica. O autor divide os espaços livres de edificação em
de uso público ou restrito, os primeiros possuindo a característica de constituírem um
sistema de espaços ligados entre si.
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Macedo (1995) sintetiza espaço livre como todas as ruas, praças, largos, pátios,
quintais, parques, jardins, terrenos baldios, corredores externos, vilas e vielas que estão no
interior do tecido urbano e estão livres de edificações.
Milano (1988) destaca que a cobertura arbórea das áreas abertas ou coletivas é um
importante setor da administração pública, tendo em vista a facilidade de supressão da
cobertura arbórea das áreas privadas urbanas. Para esse autor, tais áreas dividem-se em
dois grupos: Áreas verdes e Arborização urbana.
Gonçalves (2002) sugere que São Paulo, município, jamais teve um plano para suas
áreas livres. O que existiu foram capítulos genéricos dedicados ao meio ambiente ou às
áreas verdes dentro dos inócuos planos diretores, o poder público teria mais uma vez se
omitido de fazer um plano de implantação, gestão e manutenção de espaços livres públicos
como ruas, praças e parques.
A construção e existência de espaços públicos como diferentes lugares que
compõem nossos espaços referenciais cotidianos exigem apropriação de inter-relações
cada vez mais complexas dependentes das múltiplas formas de organização e utilização
desses lugares. A ausência de modelos de ocupação e uso dos espaços públicos,
induzindo a um modelo de percepção individualista, em detrimento do coletivo, agrava e
aprofunda a fragmentação dos lugares, eliminando o cotidiano compartilhado (LEITE, 1998).
Havendo a incapacidade de perceber o momento histórico e cultural na construção
desses espaços elimina-se a possibilidade de entendimento da vida pública como
construtora de cidadania plural que poderia suplantar o reflexo dos desejos e interesses
privados das minorias (LEITE, 1998).
2. Desenvolvimento e Conclusões
2.1. Floresta Urbana e Arborização Urbana
Grey (1996) define que a floresta urbana envolveria a totalidade da cidade e seus
arredores como um meio-ambiente de árvores, seus organismos relacionados, estruturas e
pessoas. Haveria muitas divisões desde as matas naturais, abrangendo até as áreas
totalmente carentes de vegetação urbana. Existiria também uma grande complexidade de
proprietários destas árvores urbanas, porém os direitos de propriedade não seriam
absolutos ao contrário das necessidades da sociedade.
Floresta urbana enfoca o elemento vegetal como coletivo estando relacionado com
cobertura vegetal dos diversos espaços do perímetro urbano. A Silvicultura Urbana é
sinônimo para floresta urbana e tem-se estabelecido como a ciência que objetiva o estudo
de técnicas de cultivo e manejo de árvores no meio urbano que possam contribuir para
alcançar o bem estar fisiológico, social e econômico (COUTO, 1994).
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A floresta urbana resultaria da soma dos exemplares em três setores: áreas verdes
públicas, áreas verdes privadas e arborização de ruas ou arborização viária, então a
arborização de ruas possibilitaria a conectividade entre as áreas verdes urbanas
(KIRCHNER et al., 1990).
Miller (1997) ainda define floresta urbana como a totalidade de vegetação com tronco
lenhoso que está ao redor de aglomerados urbanos, podendo ser a amplitude da mancha
urbana desde um pequeno povoado até uma grande metrópole.
O termo arborização urbana acabou sendo muito mais difundido no Brasil
confundindo-se às vezes com as definições de floresta urbana. A arborização urbana remete
a um padrão de distribuição de árvores em um território urbano. Pode-se então concluir que
as árvores em vias públicas e demais áreas livres de edificação são constituintes da floresta
urbana atuando sobre o conforto humano no ambiente. Muitos autores apresentam as
contribuições benéficas da presença de áreas verdes que acabam funcionando como
facilitadoras no processo de melhoria do ecossistema urbano. Seguramente a presença de
vegetais de porte arbóreo, além de arbustivas e herbáceas, que venham a apresentar seu
papel de influência quando em situações de desenvolvimento pleno, acabam atuando nessa
relação de melhoria ambiental.
2.2. Manejo de Árvores em Meio Urbano
Um aspecto importante de árvores plantadas em passeios públicos em fronte a
residências e comércios é o fato de propiciar aos moradores façam contato direto com um
elemento natural significativo.
Segundo Furlan (2004) alguns fatores dificultariam a arborização viária como, por
exemplo, as múltiplas funções que se atribuem às calçadas e aos canteiros centrais. As
árvores acabam convivendo em desvantagem com outros usos desses espaços. As
Prefeituras da Região Metropolitana de São Paulo não moldaram as cidades valorizando o
verde de acompanhamento viário.
A implantação de um elemento natural, as árvores, nos passeios traz a dificuldade
de compatibilidade com os demais equipamentos urbanos como fiações elétricas, postes de
iluminação sistema de águas pluviais e outras construções. Por não haver planejamento nas
intervenções de arborização acaba-se gerando uma presença caótica de espécies arbóreas
em locais totalmente inadequados. Neste ponto a escolha da espécie vegetal adequada ao
espaçamento existente não é garantia de menos manejo rotineiro. Como não poderia deixar
de ser, a resposta individual dos cidadãos que convivem com essas árvores acaba sendo
muito diferenciada, havendo sempre posições totalmente contrárias ou altamente favoráveis
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à permanência das árvores, notando-se que raramente existem posicionamentos neutros no
tocante a essa questão.
Outra condição para implantação da arborização urbana são os ambientes hostis
que a cidade representa para o desenvolvimento vegetal dos exemplares arbóreos entre os
quais poderíamos destacar: poluição atmosférica, contaminações de solo, falta de espaço
suficiente, injúrias mecânicas feitas pelo homem ou mesmo por veículos. Esses fatores
diminuem a sobrevivência e expectativa de vida desses vegetais. As árvores implantadas
em passeio público ainda sofrem interferência de pavimentação inadequada,
estrangulamento dos canteiros, raízes em conflito com redes de gás, água e outras
tubulações de concessionárias de serviços públicos. Temos então uma situação em que
provavelmente as agressões constantes fazem destas árvores indivíduos mais frágeis do
que os que poderiam ser encontrados em seu hábitat natural. Muitas vezes elas não
conseguem atingir a maturidade ficando restritas ao um estado juvenil de desenvolvimento.
As soluções técnicas que se julgam mais adequadas são bastante onerosas e muitas
vezes são suprimidas na efetivação do plantio. As medidas para promover o plantio de
árvores corretamente podem ser citadas como: covas com proporções adequadas; troca do
solo existente por substrato, anéis de contenção de raízes, quando e se necessário;
preferência por materiais de calçamento (passeio) que ofereçam melhor drenagem;
substituição das árvores condenadas quando houver comprometimento de mais de um terço
do material lenhoso do tronco; plantio com vegetais adaptados às condições
edafoclimáticas; utilização de espécies resistentes a cupins; adubação de manutenção;
podas de condução; entre outros.
Apesar de haver modos de baratear o custo total de plantios, existe um aporte de
recursos a ser onerado para execução de um melhor manejo.
2.3. Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica
Um dos maiores entraves da arborização de acompanhamento viário é a convivência
entre as redes de distribuição de energia elétrica e as árvores plantadas sob essa fiação.
Usualmente as árvores são abordadas como elementos que prejudica a perfeita distribuição
de energia elétrica. As companhias distribuidoras de energia elétricas sempre atuaram de
maneira a propor manejos de podas que iam de encontro aos interesses das próprias
empresas. Manuais de poda de árvores foram publicados nos últimos anos em diversas
cidades do Brasil como forma de tentar direcionar os procedimentos de manejo de árvores
sob fiação. Os enfoques que comumente são sugeridos tratam-se do plantio de espécies de
pequeno porte ou até mesmo arbustos direcionados através de podas de condução para
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formação de copa compacta e tronco único, resultando num processo que os técnicos do
setor acabaram denominando “arbustização”.
Percebe-se que muitas vezes os técnicos responsáveis pelo manejo de árvores
acabaram se apropriando indevidamente de recomendações de condução de vegetais de
porte arbóreo que não tinham como foco o desenvolvimento pleno e adequado dessa
vegetação. Preconizou-se no Município de São Paulo, durante bastante tempo, poda de
rebaixamento da copa como forma de manejo adequado às árvores de grande porte sob
rede de energia elétrica. Hoje se sabe da total falta de indicação de critérios técnicos para
que essa poda seja realizada. Em podas de rebaixamento ou drásticas, a árvore acaba
passando por um processo de rebrota intensivo que esgota suas reservas de energia,
conduzindo à morte do exemplar. Concomitantemente seu sistema radicular acaba se
atrofiando podendo resultar na queda de árvores pelo desequilíbrio biológico entre a relação
massa vegetal da copa com o sistema radicular. Entretanto, as árvores quando se
recompõem apresentam características diversas de seu formato original, criando copas de
formato distorcido que comprometem à estética.
Velasco (2003) diz que qualquer poda realizada, embora num primeiro momento,
possa livrar os galhos da rede, posteriormente acaba por estimular novas brotações, as
quais, em curto espaço de tempo atingirão novamente os fios.
Langowski e Klechowiczii (2001) citados por Velasco (2003) reiteram que na maioria
das vezes a situação já está consolidada e o conflito, entre rede elétrica e arborização, já
está instalado. Aponta-se então a importância que alternativas sejam usadas para
substituição dos sistemas atuais.
Árvores de grande porte podem perfeitamente conviver com fiações quando as
podas de condução são bem executadas ao longo do tempo, criando uma área na copa sem
presença de galhos que permita que a fiação passe através dela. Para isso é imprescindível
que haja a substituição dos sistemas tradicionais por redes compactas isoladas diminuindo a
seção circular da copa que deve ser podada.
Deve-se salientar que existe uma honrosa exceção aos manuais de arborização
urbana produzidos por concessionárias de distribuição de energia elétrica, tendo como
referência o livro Arborização de Vias Públicas, de Milano e Dalcin (2000) efetuado em
conjunto pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Light Serviços de Eletricidade S.A.
2.4. Poda de Árvores em Vias Públicas
Silva Filho et al. (2002), fazem a recomendação para efetuar a poda da parte aérea
após a floração para diminuir a brotação de ramos epicórmicosiii. Em outro aspecto, podas
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realizadas no final do inverno e início da primavera acabam promovendo a cicatrização dos
ramos de forma bastante efetiva.
Os tipos de poda realizados em árvores urbanas podem ser caracterizados por: poda
de formação, na qual os ramos laterais são retirados até a altura de 1,80 m, realizada
quando a árvore se encontra no estágio de muda recém plantada; poda de limpeza quando
se retiram os ramos velhos que estão mortos, lascados, doentes ou praguejados; poda de
contenção quando se deseja adequar a copa da árvore ao espaço físico disponível em
função de execução de plantio inadequado (SILVA FILHO et al., 2002)
Milano e Dalcin (2000) por sua vez entendem que sobre poda em árvores não
existem cortes naturais, todo corte provoca distúrbios no balanço biológico; todo corte é
perigoso, pois propicia entrada para organismos patógenicos; as lesões de poda devem ser
mínimas; cortes reduzem os benefícios associados às árvores; e é errôneo aplicar os
princípios de poda de frutíferas em árvores de rua. Quanto à época de poda, os autores
advertem que somente o período de atividade biológica completa é capaz de formar o calo
cicatricial, assim a época da poda mais adequada seria aquela em que o tempo de reação
da árvore seria reduzido, sendo o começo da estação de crescimento até o verãoiv. Em
citação a Kiebalso e Koelling (1975) tem-se que à época mais apropriada seria o final do
inverno ou início da primaverav.
Ainda segundo Milano e Dalcin (2000), de algumas recomendações de manejo se
fazem necessárias. As podas severas devem ser evitadas, pois causam apodrecimento da
madeira, secamento da casca e do câmbio, prejuízos à estética da árvore, sendo ainda
caras e ineficientes. As estruturas de inserção no galho do tronco devem ser preservadas
intactas, pois agem contra organismos que degradariam o lenhovi, estabelecendo limites
para que o vegetal possa resistir à dispersão de organismos.
Os tipos de poda de árvores são definidos de formas diferentes por diversos autores.
Milano e Dalcin (2000) mostram as diferentes categorias: poda de formação, manutenção e
segurança. A poda de formação teria basicamente os mesmos atributos do classificado por
Silva Filho et al. (2002). Já a poda de manutenção objetivaria a observação e correção de
desenvolvimentos perigosos para a árvore, pessoas ou tráfego. Por outro lado, a poda de
segurança seria realizada para prevenir acidentes eminentes em resultado a podas
incorretas efetuadas anteriormente, diferentemente da poda de manutenção que seria
realizada em galhos que estão com bom desenvolvimento vegetativo.
2.5. Seleção de espécies para a Arborização Urbana
Segundo Lorenzi (2002) o Brasil tem em seu território a flora arbórea mais
diversificada do mundo. As árvores nativas estão ligadas à história do nosso país. A nação
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empresta seu nome da espécie denominada Caesalpinea echinata Lam. conhecida
popularmente como Pau-brasil.
Desde o início de nossa colonização as espécies arbóreas de outros países foram
trazidas para arborizar ruas e praças. Isto proporcionou a quase extinção de muitas
espécies de pássaros em diversas cidades que não conseguiam consumir os frutos dessas
árvores exóticas (LORENZI, 2002).
Os colonizadores portugueses foram os pioneiros na introdução das primeiras
plantas exóticas, originárias tanto da Europa quanto de outros países que visitaram. Essas
plantas eram prioritariamente ornamentais, justificando-se pelo fato de não estarem
familiarizados com nossa flora. Podem-se destacar os Flamboyants ((Delonix Regia (Bojer
ex. Hook.). Raf.) de Madagascar, as Ffigueiras (Ficus guaphalocarpa (Miq.) A. Rich; Ficus
lutes Thon.; Ficus lyrata Warb.; Ficus microcarpa L.F.; Ficus mysorensis B. Heyne; Ficus
rumphii Blume) da Índia e da África, os Aalfeneiros (Ligustrum japonicum Thunb.; Ligustrum
lucidum W.T. Ailton) do Japão, as Casuarinas ( Casuarina cunninghamiana Mq.; Casuarina
equisentifolia J.R.& G. Forst.) da Austrália, as Tamareiras (Tamarindus indica L.) da África
tropical e Índia, os Cinamomos (Melia azedarah L.) da China e as Cicas ( Cycas circinalis L.)
da Indonésia e Malásia (LORENZI, 2002).
As espécies adequadas para serem usadas nas calçadas ainda são muito pouco
estudadas no Brasil. Existiu e existe uma tendência ao modismo de determinadas espécies
que ocorrem de tempos em tempos. Em São Paulo, para exemplificar, houve a época em
que se plantaram diversos gêneros de Fícus spp. como, por exemplo, os Ficus microcarpa
L. f., Ficus lyrata Warb., Ficus elastica Roxb., e, mais atualmente Ficus benjamina L. Todas
mostraram ser de porte desproporcional ao plantio em calçadas.
Esses plantios muitas vezes se dão sem a interferência do poder público. A
população urbana acaba comprando essas mudas no mercado varejista, efetuando os
plantios em passeios sem planejamento prévio. A falta de informações por parte da
população sobre quaisquer aspectos relativos à arborização urbana é atribuída, em parte,
ao próprio poder público que não tem investido em planos de arborização consistentes
tecnicamente, com ampla divulgação em meios de comunicação.
Na escolha das espécies, devem-se avaliar alguns critérios, como o ritmo e
exigências para o crescimento, o tipo de copa, porte, folhagem, as flores e frutos, problemas
de toxidez, rusticidade, resistência e também derrama natural. Ainda outros parâmetros
devem ser verificados, tais como; a largura da calçada, fiação elétrica, clima, solo e umidade
da localidade são variáveis que se mostram importantes na avaliação e procedimentos de
seleção da espécie botânica (SILVA, 2005).
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Lorenzi (2002) estima que 80% das árvores cultivadas nas ruas das cidades
brasileiras são de flora exótica. Porém nem todas as espécies de nossa flora apresentam
características para plantio em áreas urbanas.
Silva Filho e Bortoleto (2005), em estudo de indicadores de diversidade na definição
de plano de manejo de arborização viária de Águas de São Pedro citam Santamour Juniorvii
(2002) que descreve que uma maior diversidade de espécies de árvores na paisagem
urbana se faz necessária para garantir o máximo de proteção contra pragas e doenças.
Essa diversidade seria necessária para evitar dizimar a população na eventualidade de
ocorrência de algum desequilíbrio ou introdução de novo agente fitopatológico.
Moll (1987) também adverte que a freqüência por espécie não deveria ser superior a
10% do total das árvores. Mas essas proporções normalmente não ocorrem nas cidades
brasileiras como foi observado por Harder (2002) que fez inventário quali-quantitativo da
arborização e infra-estrutura das praças da cidade de Vinhedo, em 22 praças publicas de
acesso livre, totalizando 764 indivíduos divididos em 23 famílias botânicas, tendo verificado
que uma única espécie Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman totalizava 31,94% da
população total.
Silva (2005) na investigação da situação da arborização de dois bairros na cidade de
Americana encontrou 2.551 árvores plantadas, sendo a maioria de espécies exóticas, em 76
espécies diferentes, com maior freqüência de Murraya exotica L., 18,42%, Ligustrum
lucidum W.T. Aiton, 16,50% e Licania tomentosa (Benth.) Fritsch com 12,47%, existindo 63
espécies com 1% de presença.
Em estudo de dois métodos de amostragem para inventário da arborização de ruas
da orla marítima do Município de Santos, São Paulo, Meneghetti (2003) realizou
levantamento arbóreo de 1.285 indivíduos encontrando 65 espécies diferentes, sendo que
43 encontravam-se representadas por menos de cinco exemplares. As 22 espécies
restantes foram responsáveis por 93% dos exemplares. A distribuição de freqüência
apresentava Inga laurina (Sw.) Willd., Sapindus saponaria L. e Terminalia catappa L. com
26%, 20% e 13% respectivamente, respondendo em conjunto por 60% dos indivíduos
inventariados.
Nota-se que embora as espécies variem em função das adaptabilidades específicas
características, como por exemplo, a presença mais acentuada de Ingás (Inga laurina (Sw.).
Willd.) e Chapéus de sol (Terminalia catappa L.) em Santos, o padrão de distribuição
apresenta-se bastante semelhante nos levantamentos em epígrafe. Predominam sempre a
presença de no máximo de três a cinco espécies de maneira mais expressiva, havendo
grande incidência de plantas de origem exótica.
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2.6. Gestão da Arborização Urbana
Na arborização, faz-se necessário, além da escolha adequada da espécie a ser
plantada, entender todas as variáveis que podem acontecer com o espaço em que esta
arborização está inserida; como a qualificação da urbanização predominante. A grande
maioria das cidades brasileiras, São Paulo entre elas, não conta com um planejamento
prévio de sua arborização de acompanhamento viário.
Dantas e Souza (2004)viii citando Amir e Misgav (1990) expõem que no planejamento
da arborização deve-se levantar a caracterização física de cada rua para definição dos
critérios que condicionam a escolha das espécies mais adequadas a cada região, a saber: o
aspecto visual e espacial definindo o tipo de árvore que melhor se adequar ao local em
termos paisagísticos; as limitações físicas e biológicas que o local impõe ao crescimento das
árvores, selecionando quais espécies seriam mais indicadas para melhorar as condições
ambientais do lugar.
Planejar significa dar ordem na evolução de um espaço que possa melhor servir às
necessidades futuras; para tanto, é necessário conhecer esse espaço, visando o
atendimento das necessidades urbanas por espaços livres (GOYA, 1990).
Milano e Dalcin (2000) relatam que o planejamento deve ser um processo dinâmico
que envolve avaliação sistemática e análise de resultados para otimização dos objetivos
definidos. Procedimentos técnicos hoje viáveis no manejo do verde urbano poderão ser
inadequados amanhã em função de mudanças de tecnologia como, por exemplo, o sistema
de transmissão e distribuição de energia.
Kirchner et al. (1990) mostram a possibilidade de três hipóteses de planejamento: o
de implantação, o planejamento considerando a arborização existente e o replanejamento
de ambas as situações anteriores apreciando-se o dinamismo do meio urbano.
Projetos interdisciplinares que agreguem os valores das diferentes áreas técnicas
envolvendo atividades paisagísticas são pouco encontrados na literatura.
Para Macedo (1999) na implantação de projeto o plantio da vegetação somente não
pode ser caracterizado como procedimento de arquitetura paisagística. Este acaba se
tornando uma ação decorativa sem organizações tridimensionais ou estruturais do espaço.
Segundo o autor quando a implantação de uma vegetação qualifica o espaço livre pode ser
valorada como uma intervenção projetual.
Neste aspecto, Milano (1990) apresenta o planejamento da arborização urbana não
apenas como um programa de plantio isolado em vias públicas. Os planos urbanos para as
áreas verdes e vias públicas, na grande maioria das vezes, são realizados de maneira
estática, acabando por não proporcionar instrumentos capazes de explorar o potencial das
árvores como elemento de definição do espaço urbano.
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Bianchi e Graziano (1992) ressaltam que no planejamento da ocupação do solo
urbano é fundamental a realização de pesquisas interdisciplinares envolvendo trabalhos de
flora e fauna da região, de caracterização do solo em cada setor da área urbana e das
necessidades da população da cidade. Assim se ofereceriam subsídios para elaboração de
projetos que venham a minimizar os efeitos que o crescimento urbano desordenado
inevitavelmente ocasiona.
2.7. Tipos de Inventários Arbóreos em Área Urbana
Quando se pensa em fazer um levantamento da vegetação arbórea de determinado
sítio urbano deve-se ter duas premissas básicas; em primeiro lugar qual o objetivo da
realização do inventário, e em segundo qual o tamanho da cidade ou da mancha urbana que
se pretende enfocar.
Os objetivos da realização de um inventário arbóreo foram resumidos por Motta
(2000) da seguinte forma: conhecimento do patrimônio arbóreo; definição de uma política
pública de longo prazo; realização correta de previsões orçamentárias futuras;
monitoramento de um programa de manejo das árvores; definição das prioridades nas
intervenções; localização das áreas mais adequadas para plantio, de maciços novos ou de
manutenção, e localizar árvores que necessitem remanejamento através de supressão ou
transplante.
Para cidades de pequeno e até médio porte a literatura mostra exemplos de
inventários totais da população arbórea no qual cada indivíduo da área precisa ser
inventariado de acordo com a metodologia adotada. O inventário parcial utiliza-se quando se
faz a opção por marcar pontos de maior interesse e trabalha-se com os dados de parte da
população arbórea.
Dentre os métodos para delimitação de zonas de estudo por amostragem temos
(OEA, 1982): a amostragem preferencial; na qual as unidades são selecionadas quando
consideradas típicas ou representativas, sendo baseadas em critérios subjetivos. A análise
de fotografias aéreas serve para determinar as unidades de estudo, subdividindo-as em
unidades homogêneas em aspectos como relevo, topografia ou estrutura da vegetação; a
amostragem aleatória na qual se faz sorteio das unidades amostrais. Este modelo permite
obter o valor médio das variáveis consideradas e estimar a precisão destas medias; a
amostragem sistemática que consiste em localizar as áreas de amostragem por um padrão
regular dentro de toda a área em estudo, permitindo detectar variações espaciais na
comunidade; a amostragem aleatória restringida: tem vantagens dos métodos aleatórios e
sistemáticos divide as zonas de estudo em blocos de igual tamanho.
14 ROSSETTI, A. I. N. ET AL.
Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
Meneghetti (2003) ao comparar a eficiência de dois métodos de amostragem de
árvores de rua da cidade de Santos a sistemática simples e a estratificada por bairros,
verificou que ambos os métodos foram eficientes no inventário de árvores de ruas para essa
cidade, mas avaliou que a sistemática simples é a mais adequada, pois o ganho de
precisão, quando se utiliza o método de estratificação por bairros, não é significante.
Rachid (1999) comparou dois métodos de amostragem de árvores de rua a fim de
identificar qual o mais eficiente para a cidade de São Carlos. Para isso foi feito o
levantamento quantitativo das árvores do sistema viário da área urbana da cidade,
empregando-se a casual simples e a estratificada por nível sócio-econômico da população.
Ambos os métodos foram apropriados para o levantamento de árvores de ruas na cidade de
São Carlos. Porém, recomenda-se o emprego da casual simples, visto que o ganho em
precisão obtido com a estratificada por nível sócio-econômico foi muito pequeno, não
compensando o trabalho para sua elaboração. Perante as metodologias apresentadas às
unidades amostrais não prescindem de possuir a mesma dimensão entre elas e são
empregadas sem censurar as unidades com baixo índice de arborização.
Milano (1994) aponta como procedimentos mais utilizados em arborização urbana os
sistemas de amostragens aleatórios, em conglomerados ou sistemáticos que são aplicados
de acordo com as características especificas de cada local. A amostragem pode ser definida
como o processo no qual cada indivíduo da população pode ser igualmente escolhido
casualmente, seja por sorteio simples ou por sorteios advindos de informações coletadas
previamente, processado em programas de análise de dados. Ainda quando as áreas se
configuram muito heterogêneas pode-se optar pela amostragem sistemática que visa
garantir maior uniformidade na distribuição das unidades amostrais.
Silva Filho e Bortoleto (2005) citam que os inventários de levantamento arbóreo são
efetuados na maioria por amostragem, referindo-se somente ao tema pesquisado, áreas
verdes ou arborização, sem estabelecer relações com os demais elementos da paisagem
urbana como edificações e tipos de pavimento entre outros.
Em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicasix, dentro de projeto
integrado com a Prefeitura do Município de São Paulo foi feito o censo de sete bairros
paulistanos (Vila Nova Conceição, Cerqueira César, Alto da Boa Vista, Alto da Lapa,
Paraíso, Pacaembu-Sumaré e Alto de Pinheiros) totalizando 5,3 milhões de m2, fazendo
diagnóstico de sanidade biológica em 7.050 árvores. Utilizou-se o inventário total das
árvores que constavam nesses bairros. Como o estudo visou o conhecimento sobre
sanidade vegetal, com fins de diminuir as quedas de árvores com estado avançado de
deterioração, fez-se necessário essa abordagem de pesquisa, no qual cada indivíduo
arbóreo representava informações a serem consideradas.
As árvores e as interfaces… 15
Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
2.8. Objetivos e Desafios de Projetos de Arborização Urbana
As funções principais da inserção de árvores em cidades são o equilíbrio parcial da
ecologia urbana e a estética.
De acordo com Grey (1996), os seis passos para gerenciamento de floresta urbana,
poderiam ser resumidos da seguinte forma:
“Para enfatizar a sua importância eu me refiro aos requerimentos como os seis “têm que” de
gerenciamento de florestas urbanas: Você tem que ser responsável, você tem que conhecer o
ambiente da floresta urbana, você tem que saber o que a floresta urbana necessita você tem
que ter um projeto, você tem que ter dinheiro, você tem que fazer da maneira correta” (GREY,
1996) x.
Milano e Dalcin (2000) relatam que o planejamento deve ser um processo dinâmico
que envolve avaliação sistemática e análise de resultados para otimização dos objetivos
definidos. Procedimentos técnicos hoje viáveis no manejo do verde urbano poderão ser
inadequados amanhã em função de mudanças de tecnologia, citando-se, a exemplo, o
sistema de transmissão e distribuição de energia.
Spirn (1995) diz ser a vegetação urbana um recurso natural, mas as atividades e
modismos humanos são freqüentemente mais influentes que os processos naturais na
determinação da localização e arranjo das plantas. A incapacidade para perceber a
arborização urbana como um todo, em que cada parte se ajusta a sua localização, está na
base da luta das plantas pela sobrevivência na cidade e levou a erros grosseiros na
administração de um importante recurso.
2.9. Benefícios da Presença de Árvores nas Cidades
Grey e Deneke (1978) quanto aos benefícios da floresta urbana os agrupam em uma
das seguintes categorias: melhorias climáticas, usos de engenharia, arquitetura e estética.
Os mais importantes elementos dentro da categoria de benefícios de melhorias
climáticas são as mudanças proporcionadas na temperatura e movimentação do ar,
umidade, e radiação solar. Haveria zonas de conforto urbano quando as árvores
propiciassem mitigação ou alteração na interação de algum desses quatro elementos
climáticos.
Por sua vez Milano e Dalcin (2000) trazem a seguinte classificação de benefícios da
arborização: estabilização e melhoria do microclima; ação das árvores na diminuição da
poluição atmosférica e sonora; melhoria estética das cidades; ação das árvores sobre a
ação humana; benefícios sociais, econômicos e políticos.
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Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
A pesquisa científica voltada ao estudo dos benefícios da presença de árvores no
meio urbano muito tem produzido nas últimas décadas, majoritariamente em outros países,
mais especificamente nos Estados Unidos da América.
2.10. Sobre a Diminuição do Escoamento (Runoff) de Águas da Chuva pela
Interceptação das Árvores
Passaremos inicialmente a alguns tópicos elaborados pelo Center for Urban Forest
Research, do Pacific Southwest Research Stationxi em relação aos fatores de contribuição
ao controle do escoamento superficial das águas das chuvas pelas árvores.
Os pontos que deveriam ser lembrados na interceptação de águas das chuvas pelas
árvores urbanas são:
“A retenção das precipitações é influenciada por: intensidade e duração da chuva; a espécie
das árvores; a permanência das folhas ou não (espécies decíduas ou sempre-vivas); arquitetura da
árvore, tamanho, tipo e número de folhas e distribuição de folhas e galhos pela estrutura da árvore;
tempo, temperatura, umidade relativa, velocidade dos ventos e radiação solar" (tradução nossa) xii.
Quanto à eficiência das árvores na quantidade de chuvas retida num determinado
período:
“As árvores armazenam melhor uma quantidade de precipitação de dimensão de uma
polegada ao longo de dois dias do que uma polegada distribuída em uma chuva de apenas
duas horas. Comparadas a eventos de tempestades, as garoas seriam as responsáveis
principais de contribuição de carregamento de poluentes aos cursos de água. As árvores
interceptam melhor a água das chuvas em precipitações pluviométricas baixas. As florestas
urbanas produziriam melhores resultados na contribuição ao controle de poluentes do que a
retenção de chuvas em situações de tempestade” (tradução nossa) xiii.
E na retenção das águas das chuvas:
“Um de nossos estudos mostra que uma árvore média retém 2.380 galões de água das chuvas
por ano. Árvores de folhas permanentes e coníferas possuem maior capacidade de reter água
do que as de folhas decíduas, essa contribuição das árvores em combinação com outros
métodos de controle de águas de tempestade produzem uma solução de interceptação de
águas das chuvas, controle de enxurradas e uso combinado com soluções paisagísticas”
(tradução nossa) xiv.
Grey e Deneke (1978) informam que árvores participam da interceptação e filtragem
da radiação solar, inibição de modificações severas no regime de ventos, transpiração de
água e na redução da evaporação superficial do solo. Além desses indicadores benéficos as
árvores também têm um papel de destaque no ciclo hidrológico. Elas interceptariam as
precipitações e lentamente liberariam a água para a superfície do solo. A eficácia do
controle do escoamento superficial dependeria do tipo de solo, a quantidade de matéria
As árvores e as interfaces… 17
Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
orgânica existente, topografia, o tipo e intensidade da precipitação e composição da
cobertura vegetal. As coníferas teriam maior capacidade de interceptação de água do que
as árvores de copas globosas e arredondadas. Isso se daria pelas características das folhas
das coníferas que podem reter melhor a água em suas copas, em comparação com as
árvores de copa arredondada, as coníferas interceptariam 40% da água das chuvas em
relação a 20% do retido pelos outros tipos de árvores.
Incorporar árvores pode significar redução significativa da sobrecarga dos sistemas
de drenagem de águas pluviais urbanas, melhorando, quando possível, a infiltração pelo
solo, auxiliando inclusive na redução da velocidade de água das tempestades
(TROWBRIDGE & BASSUK, 2004).
Através de um modelo unidimensional de balanço de massa e energia Xiao et al.
(1998) simularam a interceptação de precipitação de árvores na cidade de Sacramento na
Califórnia. Simulando cinco chuvas de diferentes intensidades a interceptação mostrou
melhores resultados em chuvas com precipitação pequena. A diminuição de água de chuvas
na área total do Município foi de 1,1%, quando tomada a área abrangida apenas pelas
copas das árvores a diminuição de água que alcançaria o solo foi de 11,1%. Em uma das
situações simuladas de chuvas de verão em área com espécies de grande porte, perenes e
coníferas, a diminuição de água a alcançar o solo foi de 36%. Na mesma simulação de
precipitação quando da existência de coníferas de médio porte e espécies decíduas a
interceptação de água atingiu 18%.
2.11. Sobre a Diminuição da Temperatura e Influências no Micro-clima Proporcionadas
pelas Árvores.
Certamente existem indícios de que a temperatura da superfície sofre influência da
cobertura de solo existente. Porém fazer relações diretas entre a presença de cobertura
vegetal e ilhas de calor urbano não seria recomendado, pois muitos outros são os fatores
que atuam na criação deste fenômeno climático. Alguns autores como veremos a seguir
fazem anotações de diminuição de temperatura em áreas com presença de árvores.
Dentre as causas que contribuem para a formação das ilhas de calor nas cidades
destacaríamos: efeito do aquecimento da camada de ar mais próxima ao solo pela presença
de poluentes na atmosfera; utilização de condicionadores de ar, fumaça dos automóveis e
das indústrias; grande concentração de edifícios, que impediria a chegada de energia solar
à superfície terrestre; propriedades térmicas dos materiais urbanos, sendo o calor
rapidamente absorvido durante o dia e facilmente liberado durante a noite, gerando uma
grande amplitude térmica (INPE, 2007).
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Em Lombardo (1985) citado por Mota (2003)xv temos que as ilhas de calor são
associadas em primeiro lugar às ações antrópicas sobre o ambiente urbano, no uso do solo,
nas situações de aumento das superfícies de absorção térmica, impermeabilização dos
solos, alterações na cobertura vegetal, contaminação da atmosfera e presença de edifícios
que interferem nos efeitos dos ventos. Outro fator seriam as condicionantes do meio físico.
As variações de temperatura podem chegar a 10°C entre as áreas periféricas e o centro
principalmente com a presença de inversões térmicas, calmarias, umidade relativa baixa e
névoa seca.
Grey e Deneke (1978) descrevem que uma árvore isolada pode transpirar
aproximadamente 380 litros de água em um dia, sendo o equivalente ao funcionamento de
cinco aparelhos de ar condicionado ligados por 20 horasxvi. Lombardo (1990) exemplifica
que pode existir uma diferença de até 10 oC entre áreas bem arborizadas na periferia e
pouco arborizadas nas áreas mais centrais.
Grey e Deneke (1978) na reflexão sobre a presença de ilhas de calor em zonas
urbanas informam que durante o dia a radiação solar é absorvida pelos elementos
construídos, como asfalto, concreto, aço e outros. Esses elementos ganham e perdem
temperatura com maior rapidez do que o solo e a vegetação. Então há sempre uma
diferença de temperatura entre as superfícies e ar do entorno. Portanto as superfícies de
elementos construídos estão sempre trocando calor com o ar em volta, aquecendo-o
constantemente. As árvores, arbustos e demais vegetações, por sua vez, condicionam o
micro clima por absorver radiação solar.
Deve-se ponderar, porém, que árvores reduzem a velocidade dos ventos e criam
zonas protegidas. No verão o movimento do ar tem pouco efeito na temperatura do ar, a não
ser que o vento faça parte de uma frente fria. No entanto, a sensação de resfriamento que o
vento causa se dá simplesmente pelo calor perdido por evaporação. Em locais onde não
houvesse vento poderia haver uma diferença de temperatura de até 14 oC, quando da
existência de copas de árvores em oposição a áreas abertas, porém a movimentação do ar
reduz essa diferença de temperatura pela troca constante de ar quente e seco. Afirma-se
que a vegetação densa pode reduzir a velocidade do vento em até 85% do inicial. Teríamos
que quanto mais densa a vegetação, maior a redução da velocidade dos ventos quentes de
verão, resultando em temperatura mais amena sob as copas das árvores (GREY &
DENEKE, 1978).
Trowbridge e Bassuk (2004) também relacionam a diminuição de temperatura pela
vegetação urbana, principalmente árvores. Segundo os autores quando as temperaturas de
verão apresentam-se muito elevadas a diminuição de temperatura pode variar de alguns
graus até 20 oF (-6,67 oC). Melhoria na sensação do conforto humano, e redução da
As árvores e as interfaces… 19
Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
necessidade de ar condicionado seriam algumas vantagens de plantar árvores em locais
adjacentes a edificações.
2.12. Considerações Finais
A arborização prevista nos espaços verdes públicos da malha urbana como Parques,
Praças, áreas lindeiras a cursos de água entre outros, é de fundamental importância. Porém
mais desafiador tecnicamente e também bastante expressivo é o plantio de árvores de
acompanhamento viário do sistema de logradouros já existente nas cidades.
A escolha das ruas passa muito mais pela necessidade de considerar esses espaços
privilegiados e que já estão disponíveis como espaços livres de edificações. Locais estes
públicos, com distribuição geográfica privilegiada e capilar no tecido urbano.
No enfoque das vias públicas, independentemente da discussão de construirmos as
cidades sob o modelo de ocupação que privilegia o deslocamento de veículos, os processos
de ocupação urbanos, e suas interfaces com os diversos equipamentos públicos, devem ser
avaliados sob o enfoque de permitir o uso massivo da arborização urbana de
acompanhamento viário.
Existem diversos temas que ainda exigem nossa atenção. Por exemplo, nota-se que
a necessidade de ampliação de biodiversidade de vegetação arbórea no meio urbano é um
fato amplamente aceito pela comunidade científica e pelos técnicos em manejo de árvores
públicas, porém não se encontram referências de quais às proporções quanti-qualitativas
em que isso deveria ser proposto. Ou mesmo de qual seria a distribuição ideal de cada
espécie, gênero ou família dentro de um território.
Outro aspecto fundamental, e no qual não parece haver avanço em preposições que
permitam dirimir esse eterno conflito, seria o aspecto da convivência de árvores com redes
de distribuição aérea de energia elétrica e outros serviços.
Finalmente ainda teríamos que o entendimento da compreensão ampla dos
procedimentos de utilização de árvores no meio urbano, ainda não plenamente logrado, pelo
que tentamos desenvolver ao longo deste artigo, não desembocaria necessariamente na
escala de atuação e efetivação inconteste e desprovida de conflitos da presença desses
vegetais em cidades. Neste sentido citamos Magnoli e Tominaga (2006): ”não se confunde
meta de atuação com o necessário e indispensável processo de compreensão da produção
da paisagem a partir de uma escala maior, incorporando a questão regional, para ação de
um lugar específico, de certo tecido social de uma cidade de uma região”. E ainda mais
adiante ”escala de atuação não se confunde com escala de compreensão. Essa escala de
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autuação e esses processos, aparentemente tão simples, exigem enfrentamentos, desafios,
entendimentos, para os quais estamos muito longe de estarmos preparados”.
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iA experiência do autor deve-se a sua intervenção no Plano Diretor de São José dos Campos, São Paulo. Segundo ele no plano territorial, tomando-se a paisagem como idéia central do planejamento, pode-se considerá-la como elemento de transformação de apropriação do urbano. Três fatores se destacam nesta preposição de análise: o plano não se apresenta como elemento mágico capaz de solucionar os chamados problemas urbanos; o plano deve ter a maior proximidade com a realidade física; a paisagem como norteadora do planejamento requer análise de diversas escalas.
iiVelasco, G.N., 2003 citando Langowski, E.; Klechowicz, N.A. Manual prático de Poda e Arborização Urbana. 3 Ed. Cianorte: APROMAC, 2001, 42p.
iii Ramos epicórmicos ou brotações epicórmicas seriam reações causadas pela poda de árvores que afetariam a relação de área foliar e raízes tentando, as árvores, restabelecerem o equilíbrio. A reação seria a quebra de dormência das gemas epicórnicas para gerar compensação da injúria ocorrida. Estas brotações possuem ligação deficiente com sua base, são de crescimento rápido, e costumam desrespeitar o modelo arquitetônico original da árvore.
ivMilano, M.; Dalcin, E., 2000, citando Ehsen, H. Pruning of street trees; cause, objective and execution. Arboriculture Journal, v.11, p.245-263, 1987.
vMilano, M.; Dalcin, E., 2000, citando Kiebalso, J. J.; Koelling, M. R. Pruning shade and ornamental trees. Extension Bulletin, Michigan State University, E-804, 1975.
viMilano, M.; Dalcin, E., 2000, citando Shigo, A.L.; Shortl, W. Wound dressing results of studies over thirteen years. Arboriculture Journal, v.8, n.3, p.193-210, 1984.
viiSilva Filho, D.F., Bortoleto, S., 2005, citando Santamour Júnior, F. S., Trees for urban planting: diversity uniformity, and common sense, Washington: Agriculture Research Service, 2002. p.57-66.
viiiDantas, I. C.; Souza, C.M.C., 2004, citando Amir, S.; Misgav, A. A framework for street tree planning in urban areas in Israel, landscape and urban planning. Amsterdam: Elsevier. 1990, vol.19, p.203-212.
ix Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Universidade de São Paulo, Operação árvore saudável, extraído de apostila fornecida em curso de formação para profissionais da Prefeitura do Município de São Paulo, maio 2004, dados não publicados.
x No original: (...) To emphasize their importance, I refer to these requirements as the six “gottas” (grifo daquele autor) of comprehensive urban management; you gotta be responsible, you gotta know the urban forestry environment, you gotta know what the urban forest needs, you gotta have a plan, you gotta have money, you gotta do it right.
xiAs fontes que constam são citadas sem referência a cada um dos assuntos em pauta, fazemos referência às obras citadas: Chang, G., J. Parrish, C. Souer, 1990, The first flush of runoff and its effect on control structure design, Environmental Resource Management Division, Department of Environmental and Conservation Services, Austin, Texas; Claytor, R.A., T.R. Schueler, 1996, Design of storm water filtering systems. The Center for Watershed Protection, Silver Spring, MD; McPherson, E. G., 1998, Structure and sustainability of Sacramento’s urban forest, J. Arbor. 24; McPherson, E.G., et al., 2000, Tree guidelines for coastal Southern California communities, Local Government Commission, Sacramento, California; Xiao, Q.F., et al., 2000, Winter rainfall interception by two mature open-grown trees in Davis, California; Xiao, Q.F., et. al., 2000, A new approach to modeling tree rainfall interception, J. of Geophysical Research; Xiao, Q.F., et al., 1998, Rainfall interception by Sacramento’s urban forest, J. Arbor. 24
xiiCenter for Urban Forest Research, do Pacific Southwest Research Station, no original: Rainfall interception is influenced by; intensity and duration of the rainfall event; tree species, deciduous broadleaf evergreen, or conifer; tree architecture, size, number of leaves, and arrangement of leaves and branches; weather, temperature, relative humidity, net solar radiation and wind speed.
xiiiCenter for Urban Forest Research, do Pacific Southwest Research Station, no original: Trees store more water during a 1 inch rainfall event that lasts two days versus one that lasts only two hours. Therefore: as compared to flood events, small storms are responsible for most of the annual pollutant loading of receiving waters. Trees are most effective intercepting rainfall during small events. Urban forests are likely to produce more benefits through water quality protection than flood control.
24 ROSSETTI, A. I. N. ET AL.
Soc. Bras. de Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.1-24, 2010
xivCenter for Urban Forest Research, do Pacific Southwest Research Station, no original: One of our
studies found that a typical medium-sized tree can intercept as much as 2380 gallons of rainfall per year. Broadleaf evergreens and conifers intercept more rainfall than deciduous species…trees work in combination with other storm water controls to produce a comprehensive solution to rainfall interception, runoff and landscape water use.
xvMota, L.C. 2003 citando Lombardo, M.A., 1985, Ilha de Calor nas Metrópoles: o exemplo de São Paulo. São Paulo: Hucitec. 244p.
xviConsiderados aparelhos de ar condicionado médios com potência de 2500 kcal/hora em funcionamento por 20 horas.