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Biologia da Hematopoese
(Introdução e maturação de todas as linhagens)
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HEMATOPOESE
O sangue é um tecido fluído formado por uma massa heterogênea de células diferenciadas suspensa em uma fase líquida denominada plasma. CARACTERÍSTICAS: •pH = 7,4 •Viscosidade = 4,5 •Densidade = 1048 – 1066 Tecido Sanguíneo •PORÇÃO CELULAR (45%): glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas (trombócitos). •PLASMA (55%): água, lipídeos, glicídios, sais minerais e proteínas. •SORO: fase líquida do sangue coletado sem anticoagulante (fibrinogênio plasmático transforma-se em fibrina originando o coágulo). Não possui os constituintes da cascata de coagulação. “sem fibrinogênio”. Funções •Transporte de gases •Defesa •Coagulação •Nutrição •Regulação térmica e hídrica para tecidos e órgãos •Manutenção do equilíbrio aquoso, ácido-básico e iônico
A HEMATOPOESE é um processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos do sangue. Os processos envolvidos na gênese dos diversos tipos de células do sangue a partir das células-tronco, incluem: - A auto regeneração das células tronco; - A restrição da progênie da célula tronco (células precursoras) a uma única linhagem celular; - A proliferação e diferenciação das células precursoras em células maduras e funcionais.
Ontogenia e Celularidade Mesoderma embrionário que reveste externamente o saco vitelino: primeiros vasos. A partir 3ª semana, formam-se as “ilhotas de Wolff”, pequenos acúmulos de células mesenquimais. ILHOTAS DE WOLFF: •Porção periférica: endotélio; •Região central: Megaloblastos (células sanguíneas nucleadas, indiferenciadas, que produzem cadeias globínicas tipo αε).
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Períodos da Hematopoese PERÍODO INTRA-UTERINO
1) Fase Mesenquimal (1º mês): Ilhotas de Wolff 2) Fase Visceral (2º mês)
Pré-Hepática: Megaloblastos - Fígado (2º mês - hematopoese) – Formação inicial de eritrócitos e alguns megacariócitos.
Fase Hepato-Esplênica: Baço (fim do 3º mês) participa da hematopoese. A partir do 5º mês, há formação dos leucócitos. (4º mês: desenvolvimento linfoide).
3) Fase Medular: (4º mês) Clavícula e ossos longos Medula óssea assume a hematopoese (Fixação das células pluripotentes no estroma medular). APÓS NASCIMENTO: Fígado e Baço = SFM “Sistema Fagocítico Mononuclear”
PERÍODO EXTRA-UTERINO
1) Fase Criança: (do nascimento aos 4 anos) - Medula óssea produtiva em todo esqueleto. - Intensa atividade do timo e linfonodo (sobreposição linfóide sobre mielóide). - A partir dos 4 anos, surge a medula amarela. - Ossos longos e chatos do crânio (até puberdade)
2) Fase Adulta: (da puberdade aos 50 anos) - ESTERNO, COSTELAS, PÉLVIS, VÉRTEBRAS, CRÂNIO, EPÍFISES PROXIMAIS DOS FÊMURES e ÚMEROS (Esqueleto Axial).
3) Fase Senil: Após os 50 anos, produção celular equilibrada nos ossos do tronco. Os ossos longos apresentam uma medula cinzenta (fibroblastos).
Período Intra-Uterino - Fase mesenquimal
- Fase visceral - Fase medular
Período Pós-Natal - Fase da criança - Fase do adulto
- Fase senil
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Hematopoese Pós-Natal (Medula Óssea) Após o nascimento, sob condições fisiológicas, a MO é o único sítio hematopoético. –Tecido localizado dentro das cavidades dos ossos Dois tipos de MO
MO vermelha: Hematopoeticamente ativa MO amarela: Inativa, composta primariamente por adipócitos.
Órgãos Hematopoéticos •Timo •Linfonodos •Baço •Fígado Microambiente da Hematopoese Para fins didáticos, os órgãos hematopoéticos são divididos em ESTROMA e CÉLULAS HEMATOPOÉTICAS. ESTROMA: constitui o micro-ambiente que possibilita o crescimento e a diferenciação das células hematopoéticas:
componente celular: fibroblastos - Citocinas adipócitos - Secretam esteróides que influenciam eritropoese macrófagos - Fagocitose e secreção de citocinas linfócitos células endoteliais - Regulam as trocas de partículas no espaço hematopoético- osteoblastos - Células formadoras do osso osteoclastos - Reabsorção dos ossos
componente acelular: matriz extracelular
CÉLULAS HEMATOPOÉTICAS: células tronco (stem cell) células precursoras células diferenciadas
Regulação da hematopoese pelo estroma: secreção de fatores de crescimento pelas
células estromais Fatores de crescimento - glicoproteínas; atuam na sobrevivência, proliferação e
diferenciação das células hematopoéticas Classificação: de acordo com tipo de receptor de membrana celular
família das citocinas: GM-CSF ( fator estimulante de colônias granulocíticas e macrocítica) G-CSF (fator estimulante de colônias granulocíticas) EPO (eritropoetina) TPO (trombopoetina) IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, IL-6 interferon α,β,γ)
família do receptores tirosino-quinase: Fosforilam diretamente os mensageiros citoplasmáticos - ligante do kit (SCF - stem cell factor) e TGF-α (fator de crescimento tumoral)
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Matriz Extracelular Secretam moléculas extracelulares –Colágeno –Glicoproteínas (fibronectina e trombospondina) –Glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos) –Fatores de crescimento
Medula Óssea: CÉLULAS-TRONCO • Células-tronco: possuem uma característica fundamental, a divisão assimétrica, ou seja ao se dividirem dão origem a uma nova célula tronco e a uma célula precursora comprometida com uma linhagem celular específica. • Células precursoras: se caracterizam pela perda do potencial de auto-regeneração e pelo comprometimento com uma dada via de diferenciação. As células precursoras são geralmente designadas como Unidade Formadora de Colônias (CFU). • Células diferenciadas: são as células que morfologicamente podem ser identificadas à microscopia óptica. Constituem a maior parte das células da MO. Células-Tronco são células que realizam a divisão assimétrica: ao se dividirem, originam um nova célula tronco (auto-regeneração) e uma célula precursora comprometida com uma linhagem específica (células progenitoras). PLASTICIDADE
Totipotentes: geração de todos os tecidos do organismo e a placenta (que nutre o embrião).
Pluripotentes: geração de todos os tecidos do organismo, exceto a placenta. Multipotentes: geração de várias células (número limitado) de um tecido
especializado. Unipotentes (Precursoras): originam uma linhagem celular.
ORIGEM
Embrionárias: Totipotentes ou Pluripotentes Adultas: Multipotentes ou especializadas em um tecido:
- Célula tronco hematopoética (mielóide e linfóide) - CT epitelial (fígado, etc) - CT nervosa (tecido nervoso) - CT mesenquimal (músculo, tendão, cartilagem, etc)
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UNIPOTENTE OU COMISSIONADA (CÉLULAS PRECURSORAS): Ao se dividirem perdem o potencial de auto-renovação. São células determinante de linhagem (cada linhagem tem seu blasto específico): MIELOBLASTO, MONOBLASTO, MEGACARIOBLASTO, PROERITROBLASTO, LINFOBLASTO. As células precursoras são chamadas UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS (CFU). CÉLULAS DIFERENCIADAS São as células que morfologicamente podem ser identificadas à microscopia óptica. Constituem a maior parte das células da Medula óssea.
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RESUMO da HEMATOPOESE (com outras palavras e mais
coisas, pois foram duas aulas diferentes) É o processo de origem das células do sangue.
Auto-regeneração das células-tronco Restrição das células tronco a uma única linhagem Proliferação e diferenciação das células precursoras em células maduras e funcionais.
A Medula óssea é o mais regenerativo de todos os tecidos – com produção de 1 trilhão (1012) células/dia.
Locais da Hematopoese Período embrionário: saco vitelino
6ª a 8a semana: fígado
20a semana: medula óssea > fígado e baço
Nascimento: medula óssea de todos os ossos até 2-3º ano de vida
Substituição progressiva da medula óssea vermelha por tecido gorduroso
Idade adulta: epífises de ossos longos, esterno, costelas, vértebras, crânio e pelve.
Osso
Osso
100x 400x
Adipócitos
Medula Hipocelular Medula Normal Medula Hipercelular (Leucêmica)
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Célula Tronco Hematopoética Hematopoese organizada em uma hierarquia celular derivada de um precursor comum
– Maximow, 1909
Falência da medula óssea como consequência de radiação e recuperação após injeção de células da medula óssea ou baço de doadores não irradiados – Lorennz et al., 1951
Conceito de CTH multipotencial - Becker et al., 1963; Till and McCulloch, 1961 + Descoberta de anticorpos contra antígenos de superfície das células hematopoéticas e da purificação de células por meio de citometria de fluxo. = Modelo clássico de hierarquia da hematopoese
Propriedades das Células Tronco Hematopoéticas Baixa frequência: 1 em 106 ou menos de 0,1% das células
CD34+ da medula óssea humana são transplantáveis. Capacidade de auto-renovação e diferenciação em
todos os tipos celulares do sangue.
Quiescência: se dividem uma vez a cada 30-50 dias 175-350 dias
Divisão celular assimétrica
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Células Progenitoras Hematopoéticas LT-HSC: multipotente e com capacidade de repopulação duradoura (>12 semanas) ST-HSC e MPP: multipotentes mas com capacidade de repopulação transitória
Modelo Clássico da Hematopoese
Microambiente da Medula Óssea
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Regulação da Hematopoese
Sinalização Intracelular
Controle da expressão de genes reguladores da proliferação celular e apoptose
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Regulação da Molecular da Hematopoese por Fatores de Transcrição
Características das Linhagens Mielóides e Linfóides
Marcadores de superfície das linhagens mielóide e linfóide
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ERITROPOESE Produção de 200 bilhões de hemácias / dia Eritropetina – principal fator de crescimento produção renal (90%) - teor de O2 no sangue arterial
RNA
HEMOGLOBINA
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ERITROPOESE é o processo pelo qual as células vermelhas originam-se na MO pela proliferação e maturação dos eritroblastos.
Produção de hemácias manutenção da massa eritrocitária do organismo – 200 bilhões de eritrócitos são produzidas por dia substituindo aquelas que foram destruídas (0,83% do total) – Tempo de vida médio: 90-120 dias – Formato: disco bicôncavo, flexível, capaz de atravessar a pequena circulação.
Regulada pela eritropoietina – 90% produzida no tecido renal – Altamente sensível à hipóxia
SÍTIOS DE ERITROPOESE
ERITROGÊNESE: ESTÁGIOS DE DIFERENCIAÇÃO ERITRÓIDE
BFU-E: burst-forming unit-erythroid (unidade formadora de crescimento rápido eritroide) CFU-E: colony-forming unit erythroid (unidade formadora de colônia eritróide)
Compartimento de reprodução: PROERITROBLASTO – ERITROBLASTO BASÓFILO – ERITROBLASTO POLICROMÁTICO. Compartimento de maturação: ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO - RETICULÓCITO – ERITRÓCITO Eritron - conjunto dos eritrócitos e seus precursores medulares
Célula-Tronco BFU-E CFU-E
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MORFOLOGIA DOS ERITRÓCITOS
CARACTERÍSTICAS DOS PRECURSORES As características morfológicas dos precursores eritróides refletem duas características fundamentais:
Intensa capacidade proliferativa 1 Proeritroblasto = 16 Eritrócitos
Intensa Síntese Proteíca 95% é Hemoglobina (genes das globinas muito ativos = grande quantidade de RNAm correspondente)
1.Diminuição do tamanho celular 2.Citoplasma vai do azul para salmão 3.Núcleo vai da cor púrpura-vermelho para azul escuro
Tamanho Núcleo Cromatina Composição
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CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DOS PRECURSORES ERITRÓIDES (DOIS RECEPTORES)
Receptor de Eritropoetina - Precursores: BFU-E e CFU-E - Máxima expressão: Proeritroblasto e Eritroblasto Basófilo
Receptor de Transferrina (CD71) - Todas as células do organismo. - Alta expressão em precursores eritróides, sobretudo nos Eritroblastos ortocromáticos
Presença de Glicoforina A na membrana celular desta linhagem. Reticulócitos •Célula anucleada •Conserva resquícios de algumas organelas: Ribossomos, RE e Mitocôndrias •Baixa síntese proteíca: 10%-20% da Síntese de Hb •Certa capacidade de Respiração Aeróbica Eritrócitos •Cessa a síntese proteíca e o metabolismo aeróbio •Metabolismo via Embden-Meyerhoff e shunt das pentoses •Exocitose de proteínas e lipídios = Perde TfR PRECURSORES ERITRÓIDES
PRÓ-ERITROBLASTO •Núcleo: cromatina avermelhada, homogênia, frouxa •Relação N/C 8:1 •Citoplasma: azul por causa da concentração de organelas
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ERITROBLASTO BASÓFILO •Núcleo: cromatina começa a condensação (Não possui nucléolo) •Relação N/C 6:1 •Citoplasma: mais azulado que estágio anterior, por isso o nome basófilo
ERITROBLASTO POLICROMÁTICO •Núcleo: condensação reduz tamanho do núcleo •Relação N/C 4:1 •Citoplasma: evidente vermelho associado com a Hb.
ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO •Núcleo: completamente condensado •Relação N/C 1:2 •Citoplasma: reflete a produção quase completamente de Hb •Perde núcleo num processo ativo de extrusão
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HEMÁCIA POLICROMATÓFILA •Não há núcleo •Citoplasma: característico da presença de Hb •Localização: reside na MO por 1 dia e move-se para a circulação periférica (1 dia)
RETICULÓCITO •Restos de material reticular que não apresentam afinidade por corante comum •Com o uso de Corante supra-vital (Azul de Cresil Brilhante) ver resquícios de RNA
HEMÁCIA (ERITRÓCITO) •Disco bicôncavo, flexível, capaz de atravessar a pequena circulação •Não há núcleo •Tempo de vida médio: 90-120 dias
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GRANULOPOESE Neutrófilos, Eosinófilos, Basófilos
Diferenciação na medula óssea: 7-10 dias
Principais fatores de crescimento: G-CSF e GM-CSF
Células maduras circulam no sangue por 3 a 12 horas e migram para os tecidos
Circulação dos neutrófilos: migração, adesão, diapedese, quimiotaxia e fagocitose
Função: fagocitose e destruição de agentes patogênicos Leucócitos que, no estágio maduro, contêm grânulos específicos no citoplasma Estas células são produzidas na MO, passam algumas horas no sangue e, atravessando as paredes dos vasos sanguíneos, vão para os tecidos onde exercem suas funções, em especial a fagocitose e a destruição de agentes patogênicos.
Granulopoese
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Características durante a sequência Maturativa O núcleo vai perdendo sua característica imatura, os nucléolos desaparecem, a
cromatina é condensada aos poucos, e o formato do núcleo vai evoluindo de arredondado para chanfrado, reniforme, e finalmente segmenta-se.
Em geral são de 3 a 4 segmentos irregulares, ligados por um delicado filamento. O citoplasma vai perdendo a basofilia (tonalidade de azulada na coloração de
Leishman), e vão aparecendo grânulos. Inicialmente são grânulos azurófilos mais grosseiros, seguidos de grânulos específicos
(secundários) e grânulos terciários (ou de gelatinase).
MIELOBLASTO • Mieloblasto é a célula mais imatura da linhagem granulócitica. Apesar de seu aspecto pouco diferenciado e sua capacidade de multiplicação, o mieloblasto já é uma célula restrita, comprometida com uma diferenciação granulocítica, não devendo pois ser encarada como uma forma de célula progenitora. • O núcleo ocupa quase toda a superfície e tem uma relação núcleo-citoplasma elevada (6:1) e núcleo redondo ou ovalado. O núcleo volumoso tem característica imatura, com cromatina delicada e nucléolos visíveis (1-5, + comum 2 a 3). O citoplasma é bastante basófilo e em geral contém alguns grânulos azúrofilos que permitem reconhecer seu vínculo com a linhagem granulocítica.
PROMIELÓCITO • Célula ligeiramente maior que o mieloblasto. Redonda ou Ovalada. • Ao compará-lo com o mieloblasto, verifica-se que a relação núcleo-citoplasma é menor e o citoplasma mais basófilo. Núcleo grande, ligeiramente excêntrico. Por vezes denteado de cromatina púrpura clara. Exibe nucléolos menos nítidos que o mieloblasto. • Citoplasma mais abundante, claro, exibindo numerosos grânulos de coloração azurófila.
MIELÓCITO
• É menor que o promielócito. Célula de núcleo arredondado ou ovalado, com granulações neutrofílicas quase que específicas. A cromatina mostra grau moderado de condensação e não são evidenciados nucléolos. O citoplasma é mais acidófilo que o promielócito.
METAMIELÓCITO • Apresenta todas as características citológicas do mielócito, diferenciando apenas pelo núcleo reniforme ou em forma de U. • Núcleo com cromatina densa, distribuído por numerosos fragmentos delimitado de forma mais nítida que o do mielócito. • Apresenta citoplasma acidófilo. É o mais jovem dos granulócitos que podem ser encontrado no sangue circulante.
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BASTONETE • São encontrados em pequena quantidade em sangue periférico. • Cromatina mais condensada, e diferenciam-se das formas mais imaturas por uma maior condensação da cromatina e modificação da morfologia nuclear que assume a forma de um bastão. Célula ainda desprovida de lóbulos nucleares.
SEGMENTADO (Neutrófilo) • Apresenta-se como uma célula de núcleo multilobulado (2-5 lóbulos) de cromatina purpúrea escura e densa, cujos lóbulos são interligados por uma filamento de cromatina. • O citoplasma é abundante, fracamente rósseo, contendo fina granulação específica. A granulação azurófila perde a sua coloração escura neste estágio de maturação.
GRANULÓCITOS
NEUTRÓFILO É o leucócito mais abundante no sangue periférico (SP) de adultos
(2,5 –7,5 x 109 /L) São produzidos na MO a partir de células progenitoras multipotenciais, sob
ação de numerosos mediadores G-CSF e GM-CSF Os neutrófilos são liberados da MO pro SP onde a meia-vida é de 6-10 horas.
Neutrofilia Verdadeira – A MO solicita neutrófilos, enviando células, inclusive mais imaturas. • Pseudoneutrofilia – Estímulo da adrenalina – Indução – Glicocorticoides. Estímulo pela droga. OBS: Ao contrário do macrófago, o neutrófilo não reside nos tecidos saudáveis, migrando para locais de danos teciduais; sendo os tecidos o local de consumo. Cinética, Dinâmica e Função
É a principal célula fagocítica (microbicida) das defesas imunes inatas. A principal função é prevenir ou retardar a introdução de agentes infecciosos e outros
materiais estranhos no hospedeiro. Essa função é executada pela fagocitose e digestão do material.
Os neutrófilos também liberam várias substâncias em seu ambiente – função secretora.
A Interleucina-8 aumenta a capacidade do neutrófilo de destruir bactérias pela intensificação da fagocitose, produção de superóxido e liberação de grânulos, desencadeia dessa forma uma firme adesão do neutrófilo a célula endotelial, promove a migração para os tecidos e ativa seu mecanismo efetor.
Os neutrófilos são atraídos pelo estímulo quimiotáxico mediado por produtos bacterianos, componentes do complemento. Ocorre em menos de uma hora.
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• Rolagem ou adesão primária: os neutrófilos que estão fluindo próximos à parede endotelial podem estabelecer contato transitório com o endotélio • Adesão secundária: repentinamente o fenômeno de rolagem pode cessar, indicando que o neutrófilo está mais firmemente aderido à superfície da célula endotelial. • Diapedese: os neutrófilos firmemente aderidos às células endoteliais penetram nas falhas entre duas células, passando para a matriz dos tecidos Quimiotaxia: atração dos neutrófilos para o local de lesão tecidual. Isto depende da ação de numerosas substâncias liberadas no processo inflamatório.
EOSINÓFILO
Assim como os neutrófilos, os eosinófilos são produzidos e armazenados na Medula Ossea.
Atraídos para tecidos onde há invasão por parasitas ou sítios de reações alérgicas.
Três citocinas têm um papel central na diferenciação dos eosinófilos: IL-3, IL-5 e o fator estimulador de granulócitos e macrófagos (GM-CSF).
Cinética, Dinâmica e Função
A migração extravascular dos eosinófilos segue passos similares dos neutrófilos, começando com interações de baixa intensidade entre o eosinófilo e a célula endotelial; em seguida, formam-se interações mais fortes, levando à firme adesão do eosinófilo que depende de moléculas de adesão.
Funções: Os eosinófilos têm uma atividade proinflamatória e citotóxica, participando da reação e patogênese de numerosas doenças alérgicas, parasitárias e neoplásicas, e na remoção de fibrina formada durante a inflamação.
BASÓFILO
Granulócitos mais escassos no sangue; Caracterizados pela presença de grânulos citoplasmáticos que se tingem com
corantes básicos nas colorações usuais em cor purpúra-escura. Núcleo multilobulado, apresenta cromatina densa.
Cinética, Dinâmica e Função
Os grandes grânulos são ricos em histamina, serotonina, sulfato de condroitina e leucotrienos.
Principal fonte de histamina em circulação, que são liberadas pela desgranulação determinada pela interação de seus receptores Fc com IgE.
A histamina potente agente quimiotático para os eosinófilos.
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MONOCITOPOESE Células do sistema fagocítico-mononuclear
Diferenciação na medula óssea - 60 horas, circulação – 9 horas e permanência longa nos tecidos
Principais fatores de crescimento: M-CSF e GM-CSF
Diferenciação concomitante à perda da capacidade proliferativa, aumento da fagocitose, de receptores de IgG e complemento e de lisossomas
Funções: defesa contra parasitas intracelulares, interação com linfócitos na resposta imune (célula apresentadora de antígenos e célula efetora), eliminação de restos celulares
Sistema reticuloendotelial: distribuição dos macrófagos
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MONOBLASTO • Célula blástica precursora da linhagem monocítica, presente em condições normais na MO e ausente no sangue periférico. • A diferenciação em termos morfológicos entre o monoblasto e o mieloblasto é difícil, sendo quase impossível a distinção à microscopia óptica. • Apresenta núcleo geralmente grande, redondo ou oval, com uma cromatina muito fina e delicada de cor púrpura claro. Normalmente possui de 01 à 02 nucléolos. • O citoplasma é levemente basófilo, podendo apresentar escassas granulações primárias.
PROMONÓCITO • Célula encontrada normalmente na MO, estando ausente no sangue periférico. • Núcleo redondo ou denteado com a cromatina menos delicada e púrpura mais escuro que a do monoblasto, podendo conter nucléolo. • Citoplasma ligeiramente basofílico, apresentando grânulos lisossomais finos.
MONÓCITO • Encontrado em condições normais na MO e no sangue periférico (VN: 0,2 – 0,8 x 109/L). • O monócito é a maior célula normal circulando no sangue. • Exibe núcleo oval, riniforme, redondo, denteado, ou com outras formas, e grande. Cromatina delicada, revelando-se aspecto considerado frouxo, corando-se de púrpura claro a púrpura de mediana intensidade. Ausência de nucléolos. • Citoplasma abundante, normalmente cinza azulado. Podendo apresentar inúmeros vacúolos citoplasmáticos. • Liberados da medula óssea para o sangue periférico e, onde o tempo de meia vida 8.4 horas, e daí para os tecidos. • Sobrevivem por alguns anos como macrófagos tissulares.
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Cinética, Dinâmica e Função Removem e processam as células senescentes e restos teciduais; Destroem parasitas intracelulares e células malignas; Participam das reações de imunidade humoral e celular: processamento e
apresentação de antígeno; Sintetizam e secretam certos fatores de crescimento: IL-1, TNF, Interferon, fatores de
estimulação de colônias São células ricas em enzimas como a fosfatase ácida, as esterases inespecíficas (ANAE
e NBE) resistente a fluoreto de sódio, lisozimas, beta-glicuronidase. Possui maior capacidade inata de fagocitose sem prévio conhecimento do invasor,
exercendo a função de ingestão e apresentação do antígeno processado aos linfócitos Th1(CD4) – RESPOSTA IMUNE.
São as células envolvidas na ativação de células T virgens específicas para o antígeno (macrófago/células dendríticas – tecidos).
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TROMBOCITOPOESE Megacariócitos – células poliplóides grandes predominantes na medula óssea 0,1% das células nucleadas da medula óssea Principais fatores de crescimento: IL-3, SCL, IL-6, TPO Função: liberação de plaquetas (extensões citoplasmáticas -pseudópodes ou
protoplaquetas)
MEGACARIOBLASTO • Célula blástica precursora da linhagem plaquetária encontrada em condições normais na MO. Apresenta 16 a 25 microns de diâmetro. • Apresenta 1 ou 2 núcleos lobulados de cromatina púrpura escura, reticulada e fina. Possui de 2 a 5 nucléolos • O citoplasma é panoticamente basófilo, muito escasso, não apresentando grânulos, podendo apresentar vacúolos.
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PROMEGACARIÓCITO • Encontrado em condições normais na MO. Apresenta de 20 a 25 mícrons de diâmetro. • Apresenta 1 ou mais núcleos com cromatina corada em púrpura, sendo mais condensado que o a do megacariobasto. Possui de 1 a 2 nucléolos • O citoplasma é moderadamente basófilo, podendo apresentar próximo ao núcleo raros grânulos azurófilos finos.
MEGACARIÓCITO • Esta é a maior célula do sistema hematopoético, encontrada na MO num percentual de 01 a 3,0%. Apresenta de 40 a 100 microns de diâmetro. • Geralmente possui de 2 a 8 núcleos, com cromatina condensada distribuída em forma de grosseiros grumos. • Podemos evidenciar com pouca clareza de 2 a 4 nucléolos ou não seram evidenciados em função do arranjo cromatínico. • O citoplasma apresenta 3 estágios maturativos a saber: megacariócito basófilo, megacariócito granuloso e megacariócito plaquetário.
O megacariócito amadurece por replicação endomitótica sincrônizada (isto é, replicação do DNA sem haver divisão do núcleo ou citoplasmática); Aumentando o volume do citoplasma e o número de lobos nucleares em múltiplos de dois;
Plaquetas formam-se pela fragmentação do citoplasma do megacariócito, originando-se 1.000 a 5.000 de cada megacariócito.
Receptor transmembrana polipeptídico – Mpl: Plaquetas, Megacariócitos e Células CD34+ na Medula Óssea. Ligante para o Receptor Mpl (gene c-Mpl): ML, Fator de desenvolvimento do megacariócito (MGDF), Megapoetina, Trombopoetina (TPO). Trombopoetina (TPO) •A TPO é produzida no Fígado e Rins e seu nível correlaciona-se melhor com a massa total de megacariócitos e plaquetas do que com o grau de trombocitopenia. Funções da TPO:
Formação de grânulos específicos das plaquetas; Expressão de proteínas específicas da membrana plaquetária (GPIIb/IIIa) Desenvolvimento das membranas de demarcação no megacariócito (invaginação da
membrana); Endomitose (Replicação do DNA sem divisão
de citoplasma) e resultante estado de poliploidia (32n-64n).
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PLAQUETAS • Fragmentos do citoplasma de células gigantes da MO chamadas megacariócitos; • Vida média: 10-14 dias • Distribuição: 70-80% circulando 20-30% no baço • Destruição: macrófagos (baço e fígado) • As plaquetas são muito pequenas e discóides, com diâmetro 2-de 7 – 11 fL. •Valores normais: 150.000 – 450.000/ mm3
Funções • A principal função das plaquetas é a formação do tampão mecânico durante a resposta hemostática normal à lesão vascular. • A imobilização das plaquetas nos sítio de lesão vascular requer interações específicas plaqueta-parede vascular (adesão) e plaqueta-plaqueta (agregação). • Outras funções: manutenção e regulação do tônus vascular; inflamação; defesa do hospedeiro
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LINFOPOESE
LINFOBLASTO • Célula blástica precursora da linhagem linfocítica, apresentando-se redonda ou oval, normalmente ausente no sangue periférico, sendo encontrada em condições normais nos orgãos linfóides e na MO. • Citoplasma quase sempre basofílico com grânulos ausentes. • Núcleo central, cromatina fina e membrana regular. A cromatina nuclear púrpura é fina e reticular, apresenta-se agregada em torno da membrana nuclear. Em geral é menos delicada que a do mieloblasto. • Os nucléolos são em número de um a dois, não muito bem delimitado e por vezes ausentes.
PROLINFÓCITO • Esta célula, em condições normais, só é encontrada nos orgãos linfóides e na MO. • Apresenta núcleo oval ou levemente chanfrado, apresentando uma cromatina mais condensada que a do linfoblasto corada em púrpura panoticamente. • Ao microscópio óptico é possível, visualizarmos geralmente 01 nucléolo, corado panoticamente em azul. • Apresenta citoplasma basófilo, de tonalidade azul menos intenso que a do citoplasma do linfoblasto, podendo apresentar escassa granulação primária.
LINFÓCITO • Citoplasma com basofilia não muito intensa, membrana regular. • Núcleo central, cromatina densa, nucléolos ausentes e membrana regular • População linfóide é heterogênea, constituída de pequenos, médios e grandes linfócitos. • São mononucleares
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Linfócito Atípico Linfócitos atípicos apresentam morfologia pleomórfica: • Aumento do volume celular; • Tamanhos variados; Núcleo pleomórfico, às vezes com nucléolo; • Citoplasma abundante, quase sempre hiperbasofílico, às vezes adaptando-se ao contorne de glóbulos vizinhos. • Todo esse pleomorfismo morfológico são as transformações reativas.
PLASMÓCITO • São células ligeiramente esféricas e elípticas. • Citoplasma abundante e quase sempre basofílico apresenta uma zona perinuclear clara e bem definida que contem o aparelho de golgi. • Núcleo excêntrico, redondo ou oval. • Linfócito B desenvolvido para secretar anticorpos
Cinética, Dinâmina e Função • Os linfócitos têm sua origem a partir da célula-tronco progenitora na medula óssea que dá origem ao progenitor linfóide comum. Este origina os linfócitos da linhagem linfóide, que são os linfócitos T e B (pequenos) e os natural killer (NK), maiores
Valores Normais: 1.500-3.500 mm3 Núcleo esférico e grande, citoplasma escasso Linfócitos T (cerca de 80% dos linfócitos circulantes) e Linfócitos B (10-20% dos
linfócitos circulantes): indiferenciáveis pela microscopia, sendo portanto, diferenciáveis pelas técnicas imunocitoquímicas para detecção de receptores específicos de membrana.
Linfócito T: principal receptor TCR (reconhecer o antígeno e ativar o linfócito) Linfócito B: principal receptor IgM (reconhecer o antígeno e ativar o linfócito)
Linfócitos: (a) Linfócito pequeno, (b) linfócito ativado, (c) linfócito grande e granular, (d) plasmócito.
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Os tecidos linfóides dividem-se fundamentalmente em 2 tipos: Tecidos linfóides primários ou centrais (proliferação linfóide não dependente de estímulo antigênico) MO maturação linfóide B Timo maturação linfóide T Tecidos linfóides secundários ou periféricos É nele que os linfócitos maduros se tornam estimulados para responder aos patógenos invasores (proliferação linfóide estimulada por antígenos). Linfonodo, baço e tecido linfóide associado às mucosas e à pele. Captura dos antígenos, estimulação T e B. • Linfócitos T e B: Componentes da imunidade adaptativa
LB: imunidade humoral Secreção de anticorpos (IgM, IgG, IgA, IgE) LT: imunidade celular CD8+: citotóxico ou citolítico: citotoxicidade celular dependente de MHC de classe I,
resposta contra antígenos endógenos CD4+: auxiliar ou helper: gerencia o sistema imune através da secreção de citocinas,
resposta contra antígenos exógenos dependente de MHC de classe II •Linfócito Natural Killer (NK)
Participa da imunidade inata Possui Receptores de Ativação de Lise (KAR) e de Inibição de Lise (KIR) Grânulos contém: Perforinas e Granzimas (Lise da célula-alvo) Realiza citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC) Atua contra Vírus e Tumores (Antígenos Intracelulares) Alorreatividade pós-transplante Proliferação dependente principalmente de IL-12 e IL-15 Marcadores de superfície: CD16, CD56, CD57
Linfócitos participam de dois tipos de resposta imunológica: INATA (imediata) e ADAPTATIVA (tardia). A imunidade inata é a primeira defesa do organismo, mas nem sempre consegue eliminar a infecção, ativando a imunidade adaptativa que são iniciadas nos tecidos linfóides, como linfonodo e baço, em que os linfócitos patógenos específicos encontram os antígenos e são ativados por eles.
Linfócitos T: imunidade celular rejeição a enxertos reação doador-hospedeiro defesa contra organismos intracelulares (ex: bacilo da TBC) defesa contra neoplasias hipersensibilidade tardia
Linfócitos B: imunidade humoral produção de anticorpos
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Contagens celulares da medula óssea normal