-
Esta obra est bajo licencia 2.5 de Creative Commons Argentina.Atribucin-No comercial-Sin obras derivadas 2.5
Documento disponible para su consulta y descarga en Memoria Acadmica, repositorioinstitucional de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educacin (FaHCE) de laUniversidad Nacional de La Plata. Gestionado por Bibhuma, biblioteca de la FaHCE.
Para ms informacin consulte los sitios:http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar http://www.bibhuma.fahce.unlp.edu.ar
Rosa, Edvanda Bonavina da
Conflito, resistncia e phila noHracles furioso, de Eurpides
6 Coloquio Internacional. Agn: Competencia yCooperacin. De la antigua Grecia a la Actualidad
19 al 22 de junio de 2012
CITA SUGERIDA:Rosa, E. B. (2012) Conflito, resistncia e phila no Hracles furioso, de Eurpides [enlnea]. 6 Coloquio Internacional, 19 al 22 de junio de 2012, La Plata, Argentina. Agn:Competencia y Cooperacin. De la antigua Grecia a la Actualidad. Homenaje a AnaMara Gonzlez de Tobia. En Memoria Acadmica. Disponible en:http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4015/ev.4015.pdf
http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/http://www.bibhuma.fahce.unlp.edu.ar/http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
-
CONFLITO, RESISTNCIA E PHILA
NO HRACLES FURIOSO, DE EURPIDES1
EDVANDA BONAVINA DA ROSA
Universidade Estadual Paulista
(Brasil)
RESUMO:Na pea Hracles furioso, de Eurpides, o heroi submetido ao teste
supremo: vencer a si mesmo, aceitando continuar vivo depois de cometer
um erro irremedivel. A ao dramtica tem dupla motivao, humana e
divina. O conflito humano requer resistncia dos familiares e amigos de
Hracles e a oposio de Lico um elemento fundamental para a ao. No
confronto posterior, entre Hracles e a deusa Hera, a vitria cabe
divindade, motivadora do desastre, mas confirma-se a heroicidade de
Hracles, que resiste ao desejo de aniquilamento aps ao assassnio dos
filhos. Seu amigo, o rei Teseu, fornece-lhe o amparo necessrio para
demov-lo de seu intento de aniquilao e fortalece-o para a resistncia. A
valorizao da phila constitui um elemento importante na estruturao do
sentido desse texto euripidiano.
ABSTRACT
In Heracles Mainomenos, by Euripides, the hero is submited to the ultimate
test: win himself, accepting stay alive after committing an irremediable
error. The dramatic action has dual motivation, human and divine. The 1 A primeira verso deste trabalho foi apresentada no durante o Sexto Coloquio Internacional ": Competencia y Cooperacin. De la Grecia Antigua a la Actualidad." Agradecemos s professoras Mara Cecilia SCHAMUN e Graciela N. HAMAM a oportunidade de publicar estas reflexes.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
146
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
human conflict requires resilience of families and friends of Heracles and
the opposition of Lico is a key element to the action. In the subsequent
clash between Heracles and the goddess Hera, victory lies with the deity,
motivating the disaster, but confirms the heroics of Heracles, that resists
the urge to annihilation after the murder of children. His friend, King
Theseus, provides him the support needed to dissuade him from his
purpose of annihilation and strengthens him for endurance. The valuation
of philia is an important element in shaping the sense of this euripidean
text.
RESUMEN
En la pieza Heracles Furioso, de Eurpides, el hroe se somete a la prueba
definitiva: vencerse a s mismo, aceptar seguir con vida despus de
cometer un error irremediable. La accin dramtica tiene doble
motivacin, humana y divina. El conflicto humano requiere capacidad de
resistencia de la familia y amigos de Heracles y la oposicin de Lico es un
elemento clave para la accin. En el enfrentamiento posterior entre
Heracles y la diosa Hera, la victoria corresponde a la deidad, motivando a
la catstrofe, pero se confirma la heroicidad de Heracles, que se resiste a la
tentacin de aniquilacin tras el asesinato de sus nios. Su amigo, el rey
Teseo, le proporciona el apoyo necesario para disuadirle de su propsito
de aniquilamiento y fortalece al hroe decado para la resistencia. La
valoracin de philia es un elemento importante en la constitucin de la
significacin del texto de Eurpides.
PALAVRAS-CHAVE:
Hracles-Conflito-Resistncia-Phila.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
147
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
KEYWORDS:
Heracles-Conflict-Resilience-Phila.
PALABRAS CLAVE:
Heracles-Conflicto-Resistencia-Phila.
, .
Quem deseja ter riqueza ou poder mais do que bons amigos insensato.2
Com tais palavras, Hracles se despede da cena na pea Hracles Furioso (v.
1425-6), de Eurpides, aps ter sido rudemente posto prova, tendo-se
involuntariamente tornado o assassino de seus prprios filhos e de sua esposa.
Os versos anteriores a esses sintetizam seu infortnio:
, .["depois de arruinar
minha casa com atos desprezveis, destrudo seguirei Teseu, como um barco a reboque"]
(vv. 1453-4)
nessa situao de completo infortnio que Hracles recebe amparo de seu
amigo Teseu, rei de Atenas, e valoriza a amizade acima da riqueza e do poder.
Devido funo da amizade na estruturao do sentido dessa pea, a phila ser
analisada conjuntamente com as situaes de conflito e resistncia.3
Os feitos de Hracles que destruram sua famlia e o arruinaram fazem dessa
pea uma das mais trgicas de Eurpides. Assim como M. H. Urea Prieto, F. R.
Adrados, B. R. Rees e outros estudiosos do gnero trgico, tambm
2 A traduo dos versos gregos da pea Hracles Furioso de nossa autoria em todos os casos.3 Outro elemento bsico desta pea a loucura, que analisamos no trabalho Hracles furioso, de Eurpides. O retorno do heri e sua loucura (2012, p. 743-61).
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
148
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
consideramos que o acontecimento pattico o cerne da tragdia grega. A
Potica de Aristteles a base para nossa reflexo acerca do pattico, obra na
qual o autor expe a estrutura do mthos trgico, constitudo pela peripcia,
reconhecimento e pelo pthos, assim definido:
,
. ["o pthos uma ao destrutiva ou dolorosa, como as mortes
postas s claras e dores e ferimentos em excesso e outras situaes
semelhantes."] (1452b 9-13)4
O pthos o elemento adequado para que o poeta possa suscitar as emoes
prprias da tragdia. Ao apresentar as situaes que despertam o terror e a
piedade, Aristteles enfatiza as relaes de phila:
, , .
"Mas quando as aes destrutivas acontecem nas relaes familiares - como por exemplo o irmo que mata ou esteja em vias de matar o irmo, ou um filho o pai, ou a me um filho, ou um filho a me, ou quando acontecem outras coisas que tais eis os casos que devem ser buscados." (1453b 16-22) 5
Nessa passagem, como os exemplos apresentados por Aristteles se referem
a irmos, pais e filhos ou filhos e pais, a expresso refere-se s
relaes familiares. Em conseqncia, para o filsofo, a situao trgica por
excelncia a que ocorre entre aqueles que so ligados por laos de parentesco.
Assim sendo, os poetas so forados a recorrer s famlias nas quais tais atos
dolorosos tiverem ocorrido (Potica,1454a 12-13).
No contexto da Potica, a phila refere-se preferentemente s relaes entre
aqueles que esto ligados por laos de sangue. Contudo, os pthe que envolvem
relaes entre phloi sem relaes de parentesco no foram excludos das
4 A traduo das citaes da Potica so de nossa autoria, salvo indicao em contrrio.5 Traduo nossa.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
149
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
tragdias conhecidas pelos gregos, como a que vemos desenrolar-se entre
Hcuba e Polimestor, na pea Hcuba, de Eurpides.
No podemos nos aprofundar na anlise do conceito de phila, mas algumas
ponderaes se fazem necessrias, para nortear nossas reflexes. Tomaremos
como ponto de partida as definies de dicionrio, encontradas em Chantraine
e Liddell.6 A traduo usual para phila amizade, mas essa traduo no d
conta da amplitude de sentido desse termo grego. Na atualidade, a amizade
entendida como um relao afetiva entre as pessoas, que exclui os laos de
consaguineidade ou parentesco. Dessa maneira, dificilmente se compreenderia
hoje que os amigos de um pai podem ser sua esposa ou filhos, ao contrrio do
que era usual na cultura grega. Para Chantraine (1977, p. 1204), o termo phlos,
amigo, no exprime uma relao sentimental, mas a pertena a um grupo social
e cita Benveniste, para quem a palavra tambm se aplica s pessoas envolvidas
por laos de hospitalidade. O feminino, phle, traduzido por amiga e segundo
Liddell pode referir-se esposa ou amante, enquanto a forma neutra do
substantivo t phlon, e o plural neutro t phla, objeto de amor, especialmente
pessoa querida. O adjetivo phlos, em Homero, exerce a funo de um possessivo,
significando meu, teu, seu, etc., e geralmente seguido por palavras como ,
, , para exprimir posse inalienvel (Chantraine, 1977, p. 1204). Esse
adjetivo pode ter sentido passivo ou ativo, sendo este mais raro, tendo
principalmente uso potico. Em sentido passivo, o adjetivo phlos e usado para
pessoas ou coisas e significa amado, querido e caro, enquanto o sentido ativo que
ama, amvel, benvolo. Chantraine ainda esclarece que o sentido afetivo do
adjetivo phlos secundrio, embora muito antigo e j presente no grego
micnico. Segundo ele, como o emprego da palavra estendeu-se aos prximos
que viviam na casa do senhor, como esposa, filhos e demais parentes, a palavra
6 http://www.perseus.tufts.edu/hopper/morph?l=fi%2Flos&la=greek#lexicon
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
150
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
passou a conter a idia de afeio e amizade, e da phlos passou a significar
tambm caro, amado, benvolo.
Dos inmeros derivados de vamos citar apenas os que esto
implicados na pea sob anlise, como phila, phlios, t philik, phltron, e o verbo
denominativo, phil. A palavra phila pode ser traduzida basicamente por
amizade, inclinao, amor; o adjetivo phlios significa amigvel, amado, caro. O
adjetivo philiks, que diz respeito amizade, amigvel, amigo, na forma do
substantivo neutro plural, t philik, significa provas ou marcas de amizade ou
simplesmente amizade, como veremos posteriormente. O substantivo neutro
phltron indica meio para se fazer amado, beberagem, encantamento e o verbo phil
tem como sentido bsico prezar, amar.
Aristteles, na tica a Nicmaco, nos captulos VIII e IX apresenta elementos
importantes para a anlise e compreenso da phila, segundo a tica grega. Em
vrias passagens desses captulos, o autor apresenta tipos de relao que podem
ser consideradas como pertencentes a esse universo semntico. Asssim sendo,
possvel ver que fazem parte desse grupo tanto as relaes entre jovens amantes
(1156b 2), quanto outros tipos de relacionamento, tais como entre amigos de
longa data (1156b 12), entre cidades umas com as outras (1156a 26), contatos
polticos e de negcios (1157a 28), entre companheiros de viagem ou entre
soldados (1158b 28), entre membros de uma confraria religiosa (1160a 19), entre
membros de uma mesma tribo (1161b 14). Alm disso, pode-se ver que o
relacionamento entre pais e filhos, que atualmente no includo no mbito da
amizade, pertence na cultura grega ao campo da phila (1158b 20).
Uma definio abrangente e apta a expressar as diversas facetas do conceito
de phila apresentada por Xenofonte, nas Memorveis, no momento em que
Scrates diz a Critbulo:
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
151
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
: ... (2.6.21)
"Os homens possuem, por natureza, tendncias para a amizade; porque precisam uns dos outros, sentem compaixo, ajudam-se trabalhando em conjunto e, conscientes dessa situao, mostram-se agradecidos uns aos outros." (Pinheiro, 2009: 146)
Por meio dessa definio socrtica referida por Xenofonte depreendem-se
alguns componentes bsicos da noo grega de amizade. O primeiro deles que
a amizade, t philik, compreendida como um lao no obrigatrio e to
espontneo que considerada como prpria da natureza humana (phsei).
Outro aspecto da amizade que consta dessa definio diz respeito amechana
da raa humana, pois as diferentes situaes da vida, com seus desafios s vezes
superiores fora de cada um, fazem com que os homens sozinhos no possam
enfrentar suas dificuldades e, desse modo, precisam uns dos outros (dontai
alllois). Na sequncia, pode-se verificar que no s a necessidade que leva os
homens a buscarem a proximidade uns dos outros, mas tambm por serem
dotados de emoes, sentem compaixo diante das necessidades alheias
(eleousin). A emoo tende a expressar-se por meio dos comportamentos e das
aes e, na compaixo, que uma emoo positiva, a ao de benevolncia,
que significa o /querer-fazer/ o bem. Assim, movidos pela compaixo e agindo
com benevolncia, os homens prestam auxlio (phelousi) de forma recproca, de
forma cooperativa, expressa por meio do verbo sunergdz, trabalhar
conjuntamente (synergontes). Encerra-se esse trecho do texto de Xenofonte com
a referncia a um elemento da cultura grega fundamental nas interaes
cooperativas, a noo de gratido, chris. Faz parte do conceito de phila o
reconhecimento do valor dos servios prestados e do auxlio recebido, e a honra
assenta no recebimento de demonstrao visvel de agradecimento. Por essa
razo, necessrio demonstrar reconhecimento e gratido tanto por meio de
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
152
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
palavras de elogio, quanto estar investida em objetos dados como retorno
(amoib) ou manifestar-se como auxlio nos momentos de dificuldade, ou apora.
Na definio socrtica que acabamos de analisar, nenhuma referncia feita
aos laos de parentesco. No entanto, Aristteles a eles se refere no s na tica a
Nicmaco, mas enfatiza-os na Potica. Tambm a exposio de Chantraine
permite entender que, na cultura grega, as relaes familiares integram a noo
de phila. Konstan (2005: 03), reflete sobre a dificuldade de se definir phila,
mostrando que a amizade no um conceito uniforme nas diferentes culturas.
Esse autor expe o que considera a essncia da amizade, que a existncia de
um vnculo mutuamente ntimo, leal, amoroso entre duas ou mais pessoas.
Outro elemento de no menos importncia para Konstan o fato de que a
amizade no se origina da associao a um grupo marcado pela solidariedade
de nascimento, como a famlia, a tribo ou outros laos semelhantes. Entre os
gregos, os laos da phila no comportavam, necessariamente, como expe
Chantraine, a intimidade ou o vnculo amoroso, como acontece, por exemplo,
nas relaes entre o senhor e seus subordinados, contudo, inclua as relaes
familiares. Confirma-se, desse modo, que na Grcia o conceito de amizade
mais abrangente que a atual concepo.
Mas a reflexo acerca da phila ficaria incompleta sem que fosse abordada
outra noo, complementar e oposta, que decorre dos sentimentos e
comportamentos competitivos e agressivos do ser humano. Na continuao da
definio socrtica transmitida por Xenofonte na obra Memorveis, l-se, sobre a
tendncia humana ao confronto e disputa, a seguinte afirmao:
( ) : : : , . (2.6.21)
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
153
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
"Mas (os homens) possuem tambm tendncias para a guerra, porque, quando consideram que as mesmas coisas so belas e agradveis, lutam por causa delas e, como divergem nas opinies, opem-se uns aos outros; a discrdia e a ira so tambm sentimentos blicos, a obsesso pelo lucro hostil e a inveja conduz ao dio." (Pinheiro, 2009: 146).
Nessa citao, referente tendncia para a guerra (t polemik), salientam-se
quatro elementos relacionados a essa tendncia: 1) a existncia de um objeto,
expresso por meio do neutro plural: t aut, que, por no ser especificado, tanto
pode ser um objeto em si, como tambm uma situao de privilgio, o poder,
etc., ou at mesmo uma pessoa;7 2) tal objeto desejado por dois sujeitos, que o
valorizam como belo e agradvel (kal ka heda); 3) o desejo de cada um pelo
mesmo objeto leva-os competio e disputa por sua posse (hypr toton
mkhontai), e isso explica sua divergncia e confronto (enantiontai) e 4)
Algumas paixes surgem em consequncia dessa tendncia beligerante dos
homens, sendo que o autor refere as mais decisivas para as desavenas
humanas: a discrdia (ris); a ira (org), o desejo excessivo de lucro (to
pleonekten rs), a inveja (phthnos) e o dio, expresso nessa passagem pelo
adjetivo mistn, aquilo que apto a suscitar tal sentimento.
A palavra , coisas referentes guerra, pertence ao grupo derivado
do verbo pelemdz, agitar, sacudir, tremer (Chantraine, 1977: 875-6). De tal verbo,
com vocalismo radical em o, provm plemos, combate; guerra, bem como outros
derivados, tais como polmios, que diz respeito guerra, inimigo, hostil; o adjetivo
polemiks, referente guerra, hbil em fazer guerra e os verbos polemdz e polem,
fazer guerra, combater.
A lngua grega possui um outro conjunto de palavras para expressar a
hostilidade e a inimizade, relacionado ao substantivo neutro khtos, hostilidade,
dio (Chantraine, 1977: 371). A esse conjunto pertence o adjetivo echtrs, odiado,
7 Baseamo-nos aqui na teoria semitica greimasiana, a qual considera que tudo o que alvo do desejo do sujeito, tanto os objetos quanto posio social, e mesmo pessoas, uma vez que se encontra como o alvo visado pelo sujeito, considerado objeto.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
154
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
odioso que, substantivado, ho ekhthrs, significa inimigo pessoal, mas, na guerra,
pode designar os inimigos da ptria, tanto quanto polmioi. H ainda o
substantivo feminino khtra, equivalente a khtos. Os verbos desse grupo so
ekhthar, ter inimizade, odiar; apkhthomai, tornar-se odioso; ekhthran, odiar,
considerar inimigo e ekhthre, ser inimigo.
Em sntese, o oposto da phila a inimizade e a propenso guerra, t
polemik e khthra. Na inimizade predominam os sentimentos negativos, que
tm como fundamento a malevolncia, que o desejo de causar dano ao
oponente, visando sua derrota ou sua destruio; as relaes entre inimigos so
conflituosas e tendem ao aniquilamento. Em contrapartida phila, faz parte da
inimizade a ingratido ou o no reconhecimento dos benefcios recebidos, bem
como a desconsiderao das necessidades do outro, a traio e atos nocivos que
causam a morte.
Por essa razo, na Potica Aristteles enfatiza que o pthos apropriado ao
gnero trgico aquele que decorre de mortes ou outras aes dolorosas que
acontecem entre indivduos unidos pela phila, pois isso subverte as
expectativas referentes aos laos de amizade, convertendo o phlos em inimigo.
Como em toda tragdia grega, a ao em Hracles furioso se desenrola em dois
planos, o das relaes humanas, que envolve os homens entre si, e o divino, que
coloca os mortais em contato com o transcendente.
No plano da interao com o divino, a ao envolve a deusa Hera e Hracles,
situando-se nessa relao o primeiro ncleo de conflito, que sobredetermina as
outras relaes do heroi. Alm de Hera, que atua como mentora da queda
trgica, agem como suas representantes as divindade ris e Lissa, a
personificao da loucura. Zeus constantemente mencionado e invocado, mas
no intervm no plano de vingana de sua ciumenta esposa, como costuma
acontecer entre os deuses. Apenas aps a execuo do intento da deusa
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
155
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
enciumada que se d a interveno de Atena, para fazer cessar a loucura de
Hracles. No plano humano, os ncleos de interao so mais complexos. Em
primeiro lugar, temos um ncleo que podemos designar de coletivo, que se
refere s relaes entre o heroi e Grcia como um todo e com a cidade de Tebas,
envolvendo todos os helenos e os cidados tebanos, sendo que, dentre esses,
destaca-se o coro. O outro ncleo o familiar, que envolve Hracles e os seus:
seu pai, sua esposa e seus trs filhos e tambm seus servos, presentes no
momento em que se manifesta sua loucura. Por ltimo, h as relaes pessois,
que envolvem Hracles e seus oponentes, Euristeu e Lico ou Hracles e seu
amigo, Teseu.
Na pea, o primeiro ncleo de conflito surge no mbito das relaes
humanas, graas ganncia e violncia de Lico, um estrangeiro que matou o rei
e apoderou-se do trono. A ausncia de Hracles coincide com a instaurao do
caos na cidade de Tebas, devido unio de foras de cidados contrrios
ordem, sob a liderana de Lico, que governa a cidade pela fora, ba. Quando
ordena aos que o acompanham que busquem lenha para atear fogo em torno do
altar onde se refugiam os familiares de Hracles, Lico assim fala aos ancios do
coro:
, , , , , , .
"Mas vocs, ancios, que so contra meus propsitos, lamentaro no sos filhos de Hracles, mas tambm o destinoda casa, quando sofrer represlia, e lembraroque vocs so escravos do meu governo." (vv. 247-51)
A situao de stsis na cidade afeta os cidados e atinge tambm a famlia de
Hracles. Creonte, o antigo rei morto por Lico era pai de Mgara, esposa de
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
156
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
Hracles e o tirano teme a futura revanche das crianas. Por essa razo,
pretende mat-los, juntamente com a me e Anfitrio, aproveitando-se da
ausncia do pai, que os poderia defender. tambm pelo emprego da fora que
o novo soberano pretende pr fim famlia real (vv. 550-5).
Definem-se logo no incio os dois primeiros ncleos de conflito, um dos quais
se estabelece entre os cidados, divididos contra e a favor do usurpador, uma
vez que a cidade est presa da stsis, o tumulto popular causado pela
insurreio contra a autoridade constituda, representada pelo rei morto,
Creonte. Esses cidados apiam o poder de Lico, esperando obter vantagens,
mas os ancios do coro, fiis ao antigo rei a seu genro, Hracles, discordam
deles.
Lico chamado de rchon (v. 38); desptes (v. 274); nax (v. 541); kkiste
basiln, o mais vil dos reis (v. 182) e tirano (v. 567). Ele prprio denomina seu
governo de tirania (v. 251). No incio da implantao da tirania na Grcia, esse
sistema significava apenas um governo exercido por um soberano que no
havia herdado o trono por consanguineidade. Posteriormente o termo adquiriu
a conotao negativa que tem atualmente. O governo de Lico pode ser definido
como uma tirania entendida em sentido negativo: ele teve acesso ao poder por
meio do assassnio do rei legtimo; seu poder apia-se em cidados de classes
desprivilegiadas que esperam obter vantagens; governa pela fora (v. 555) e
ameaa seus governados com destruio (251). Por essa razo, o governo de
Lico tem todas as caractersticas que Aristteles atribui tirania, na tica a
Nicmaco, quando analisa aspectos da phila referentes ao governo da cidade.
Diz o filsofo que na monarquia, o rei tem em vista a vantagem de seus sditos,
enquanto na tirania o governante visa apenas sua prpria vantagem.
Lico age pela violncia em Tebas. Tendo matado o rei, mantm seu poder por
meio da fora. Mostra-se ainda mais propenso dominao, pois planeja a
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
157
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
morte de todos os membros da famlia de Hracles. Com temor de suas
ameaas, Anfitrio, Mgara e seus trs filhos ainda crianas esto reunidos em
torno do altar de Zeus Salvador, em busca de proteo.
Os ancios do coro, oponentes do poder do usurpador, consideram Lico
mpio (andrs ansion, v. 255; dussebs anr, v. 760); perverso (kkistos e
pankkistos, v. 182; 257; 731); um homem dado hbris (v. 261, 740); o destruidor
de Tebas (gn tnde diolsas, v. 264) e um inimigo (anr echths, vv. 732-3). Pelo
mal que tem causado cidade e aos cidados e por suas ameaas, o coro nutre
por ele sentimentos negativos, apropriados para os inimigos, atribuindo-lhe os
eptetos desonrosos acima mencionados e desejando que ele se afaste do pas (v.
261). Mgara tambm o considera um inimigo (polmioi, v. 459) e Hracles,
quando toma conhecimento de sua inteno de aniquilar sua famlia, e tomado
de desejo de causar-lhe dano, com requintes de crueldade para o padro da
cultura grega:
, ...
"Agora o trabalho para minhas mos:primeiro vou pr abaixo o palciodo novo rei; depois arrancarei a sacrlega cabeae a atirarei como presa aos ces." (vv. 566-68)
Na estrutura da narrativa, Lico constitui, portanto, a figura do inimigo (v.
459) e suscita reaes e aes reservadas a inimigos, culminando com sua morte
no interior do palcio, vtima de dolo (v. 754). Aps a morte do tirano, o Coro
avalia seus atos e atribui ao seu fim o estatuto de justia contra seus excessos (v.
740).
Em oposio ao odioso Lico, Hracles evocado como um grande benfeitor
da cidade de Tebas, da Hlade e da terra toda: libertou Tebas do domnio dos
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
158
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
mnias (v. 220); purificou os mares e a terra (vv. 225-6), garantiu vida tranquila
aos mortais, exterminando monstros (vv. 696-701); um benfeitor dos mortais
(euergtes, v. 877; v. 1252; vv. 1309-10). Por todas as suas lutas, tornou-se um
heri que muito suportou (poll tls, v. 1250). considerado ilustre (ho kleins, v.
12 e 1414); grande (mgas, v. 443 e 735); nobre (esthln, v. 1335); o melhor dos
homens (andr riston, v. 183) e ele prprio a si mesmo refere como o vitorioso
(ho kallnikos, v. 580-2). Por essa razo, amado por sua esposa: deu a ela ilustre
leito (v. 68), carssimo para ela ( fltat , v. 490; fltat andrn, v. 531), que o
considera o maior dos heris (riston photn, v. 150) e esperana de salvao e, por
isso, a ele clama, mesmo em sua ausncia (vv. 490-3). Seu pai tambm o estima,
considerando-o ilustre (v. 12) e luz para sua vida (v. 532); e num agn cerrado
defende sua reputao, quando injustamente acusado por Lico (vv. 170-235).
Em vrias ocasies, manifesta seu descontentamento contra Zeus, pois
considera que o deus no se digna a atender as necessidades daquele que
demonstrou ser seu filho. Dessa forma, quer por sua origem divina, por ser
filho de Zeus (ho Dis kgonos, v. 876), quer por seus feitos hericos, Hracles a
figura do homem superior e digno de admirao. O Coro, como se ele fosse
uma divindade, canta pans diante de seu palcio (vv. 696-700)
O primeiro mdulo narrativo da pea se estrutura a partir de dois
movimentos que se contrapem e complementam: a ao de Lico, com suas
ameaas, suscita como sua contraparte a resistncia da famlia de Hracles.
Com a ausncia do heroi, a situao da famlia de , apora, carncia
total, assim exposta por Anfitrio:
, , : .
"Mantemos sob guarda estes assentos, carentes de tudo:alimentos, bebidas e roupas, colocando no cho limpo
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
159
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
nossos corpos, pois trancados fora de casa,estamos aqui sentados, com carncia de salvao." (vv. 51-4)
Entretanto, apesar da carncia, ainda lhes restam foras para a resistncia,
que se efetiva pelo emprego da astcia, que tem como suporte elps, a esperana.
Na situao de completo abandono em que se encontram, sofrendo pela falta de
amigos que os defendam (v. 430), a esperana do retorno de Hracles constitui
sua fora e motiva-os a continuar tentando opor-se s decises do tirano. A
artimanha encontrada por Mgara manter o nimo dos filhos "inventando
histrias" acerca do regresso do pai (vv. 76-7), enquanto Anfitrio encontrou no
prolongamento do tempo um meio para esperar a chegada de seu filho,
aguardado como nico defensor possvel. Esse estado de penria e abandono
evidencia a importncia de amigos fiis e torna premente a necessidade do
retorno do heroi. Por essa razo, tanto Anfitrio quanto Mgara anseiam pela
chegada de Hracles e reiteram a importncia da phila nos momentos de
dificuldade.
"Dos amigos, uns no vejo como amigos confiveis,enquanto os verdadeiros esto impossibilitados de ajudar.Esse o resultado da adversidade para os homens." (vv. 55-7)
A afirmao de que h amigos verdadeiros que no podem vir em socorro,
pode conter uma aluso ao coro, que em vrias ocasies manifesta seu apoio
famlia, mas mostra-se incapaz de ajud-los por causa de sua velhice (vv. 436-
41). No entanto, a referncia parece aludir a Hracles, ansiosamente aguardado
por todos. O conflito com Lico e sua ameaa de matar a todos contribui para a
construo da figura de Hracles como o verdadeiro phlos para sua famlia, seu
nico salvador. Dessa maneira, enfatiza-se a tragicidade da mudana de fortuna
do heroi que, de salvador ir tornar-se o destruidor de sua famlia.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
160
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
Com a chegada de Hracles, a primeira situao de confronto encontra
soluo, por meio do dolo e da fora, pois o inimigo, que planejava matar os
que o aguardavam dentro do palcio, encontrou a morte s mos do heroi. Mas,
assim que o conflito humano superado, um confronto maior aguarda
Hracles, uma guerra em que o oponente no pode ser vencido, por se tratar de
uma deusa, enciumada pela origem divina do heroi, filho de Zeus.
A periculosidade da filiao divina de Hracles representada
figurativamente no texto pelo cime da esposa divina trada. Diz Hracles
acerca do cime de Hera:
(...) .
"Que dance a ilustre esposa de Zeus(...) que, por causa de uma mulher,com cime do leito de Zeus aniquilouo inocente benfeitor da Hlade." (v. 1303 e vv. 1308-10)
A perseguio divina teve incio quando Hracles era ainda muito pequeno e
foi ameaado de morte por Hera, que colocou serpentes em seus cueiros (v.
1266-8). Em seguida, em sua juventude submeteu-o ao domnio de Euristeu e,
sob suas ordens, teve que enfrentar perigos sem conta (vv. 1269-77). Nesse
perodo de perseguio, valeu-lhe a phila de Zeus, que impedia qualquer ao
destruidora de Hera (vv. 827-9). A realizao dos trabalhos impostos por Hera
serviu como teste e confirmao da fora prodigiosa do semideus, filho de uma
mortal e de Zeus (vv. 803-6). Esses trabalhos lhe possibilitaram tornar-se o
benfeitor de toda a Hlade e, com isso, adquirir uma glria digna de louvor,
que o tornou o heroi de belas vitrias, kallnikos (v. 582; 961; 1046). No texto
euripidiano, o coroamento de seus grandes feitos foi sua viagem ao Hades,
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
161
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
onde aprisionou Crbero e, ao mesmo tempo, libertou Teseu do mundo dos
mortos.
Embora possamos admitir que a aventura no Hades tenha um significado
inicitico que pode ter tornado Hracles apto a controlar o mundo dos mortos,
por ter-se assenhoreado de seu porteiro,8 o que o torna quase um deus,
consideramos que o principal motivo da vingana de Hera mais amplo do que
essa nica faanha. ris se refere clera de Hera (vv. 840-1) e necessidade de
punio do heroi, aludindo a sua grandiosidade (vv. 841-2). Contudo, essa
grandiosidade no resulta unicamente de sua viagem ao Hades, do qual
retornou vitorioso, mas iniciou-se com sua filiao divina, desenvolveu-se com
a realizao dos trabalhos sob as ordens de Euristeu, concluindo com sua
vitria sob o mundo dos mortos. graas a esse percurso vitorioso que ele, um
mortal, representa uma ameaa s prerrogativas divinas:
, : , , .
"... para que, fazendo atravessar a passagem do Aquerontea bela coroa de filhos pelo assassnio com as prprias mos...descubra a extenso da clera de Hera contra elee conhea a minha. Ou os deuses no sero nada e a raa humana grandiosa, se ele no for punido." (vv. 838-42)
Dessa forma, o plano de destruio do heroi idealizado pela deusa vingativa
tem as caractersticas de um sacrifcio de reparao de dano. Como a ofensa
iniciou-se com a gerao de um filho mortal por Zeus, a reparao dever
tambm dar-se pelo derramamento de sangue familiar, que ter como
consequncia o aniquilamento desse ramo da descendncia de Zeus. Assim o
coro se refere morte das crianas:
8 Ver a esse respeito o interessante texto de E.M. GRIFFITHS. Euripides' Herakles and the pursuit of immortality. Mnemosyne, Fourth Series, Vol. 55, Fasc. 6. BRILL, 2002, pp. 641-656.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
162
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
, .
" Zeus! Em breve sua raa sem filhosa Vingana injusta, cheia de fria implacvel,dissipar com males." (vv. 886-8)
O meio idealizado por Hera para a destruio do heroi torn-lo culpado
pelo derramamento do sangue dos prprios filhos:
, . ["Hera quer prend-
lo ao sangue familiar pelo assassnio dos filhos; o mesmo quero eu."] (vv. 831-2)
O resultado da execuo do intento de Hera a transformao do estatuto do
heroi, que passa de salvador a agente da destruio de seus filhos e de sua
esposa. Essa ao destrutiva possvel graas perverso de seu raciocnio,
pois s assim ele mata os seus sem ter conscincia de sua ao nociva contra
eles. Assim ris sintetiza o transtorno mental que tomar conta de seu
raciocnio, levando-o a assassinar os que mais ama:
, , ,
"atire sobre este homem a loucura, a perturbaoda mente assassina dos filhos pe em movimento, solta a amarra do assassnio,para que, fazendo atravessar a passagem do Aquerontea bela coroa de filhos pelo assassnio com as prprias mos..." (vv. 835-9)
Dessa maneira, pelas maquinaes de Hera (v. 855) e pela ao direta de
Lissa, sua emissria, a divindade que a personificao da loucura, Hracles
perde o domnio de suas faculdades mentais. Lissa encontra terreno propcio
para sua atuao no sentimento negativo de dio subjacente relao entre
Hracles e Euristeu, por ns analisado no trabalho Hracles furioso, de Eurpides.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
163
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
O retorno do heroi e sua loucura (Rosa, 2012, p. 743-61). O dio contra Euristeu,
que era tido como inimigo, possibilitou a transformao sensorial e passional de
Hracles que, vendo nas crianas diante de si os filhos de seu odiado inimigo,
teve seus sentimentos de benevolncia transformados em malevolncia,
induzindo-o a matar seus prprios filhos, julgando que matava os filhos do
inimigo (vv. 865-6; vv. 969-71; vv. 982; 988-9). Quando recobra a razo, ao saber
que matou filhos e esposa, por estar dominado pela loucura (v. 1131 ss.), o pai e
esposo em desespero vislumbra apenas uma sada digna de sua desgraa: a
morte. Diz ele: :
; "Ai de mim! Por que poupar minha vida se me
tornei o assassino dos filhos to amados?" (vv. 1146-7). E, logo em seguida
afirma: ;
; ["Por que devo ficar vivo? Que lucro terei j que tenho agora uma
vida intil, mpia?"] (vv. 1301-2)
A transformao passional do heroi que acompanha as diferentes etapas da
narrativa deste texto parte do primeiro estgio, marcado pela alegria do
retorno, passa ao dio contra o usurpador Lico e seus seguidores, e, em
seguida, tem-se o dio contra Euristeu, vivenciado s avessas na cena de morte
dos filhos. Aps a anagnrisis, ou reconhecimento do dano causado
involuntariamente aos que ama, a constituio passional do heroi transforma-se
em um estado depressivo, no qual o lan vital tende para a auto-destruio.
Tem-se um percurso que segue as etapas que evoluem de vida > no-vida >
morte, sendo que o heroi chega a lanar hipteses de maneiras possveis de pr
fim prpria vida, que poderia ser lanar-se de um penhasco, atingir o fgado
com um punhal ou atear fogo em si mesmo como forma de afastar de si a
infmia (vv. 1148-52). Cumpre-se assim o desgnio de Hera, realizando-se seu
intento de destruio do heroi.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
164
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
neste momento de desolao e rebaixamento que a phila se faz presente
como meio de salvao do heroi, por intermdio de Teseu. Dominado por sua
inteno de morte, Hracles v aproximar-se seu amigo, o rei de Atenas e sente
que ter que pr de lado seu intento, pelo menos momentaneamente. Diz
Hracles ao v-lo:
. ["Mas interrompo minhas intenes fatais pois
est vindo para c Teseu, meu parente e amigo."] (vv. 1153-4)
A chegada de Teseu faz com que a incerteza se apodere do heroi em
desespero. Sua maior preocupao agora com o aspecto religioso da ao que
realizou, temendo a mcula que a viso de um assassino impe aos que
contemplam o sangue derramado e o responsvel por ele. Assim expressa sua
ansiedade:
, . , ; ...
"Serei visto e a mcula do assassnio dos filhoschegar aos olhos de meu hspede mais querido.Ai de mim, o que devo fazer?" (vv. 1155-7)
Hracles decide ocultar sob o manto sua cabea, com a firme resoluo de
no ser causa de poluo para o amigo inocente (vv. 1159-62). Teseu, contudo,
ao ser informado de todo o infortnio que se abateu sobre o amigo, d mostras
seguras de sua amizade. Insiste para que Hracles desvele sua cabea e mostre
seu rosto ao amigo (v. 1215); assegura-lhe que no lhe importa enfrentar a
dificuldade ao seu lado, pois outrora partilharam a felicidade (vv. 1120-1) e,
alm de tudo, recorda seu dbito com o amigo pois foi ele quem o trouxe de
volta luz (1121). Diante da insistncia de Hracles que teima em querer
poup-lo da mcula de sangue, Teseu d prova mxima de amizade, negando
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
165
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
que o alstor9 de um amigo possa atingir outro amigo (v. 1234). Teseu, em sua
tentativa de convencimento do amigo, aprofunda ainda mais sua argumentao
a respeito do aspecto religioso do contgio pela mcula do crime. Para instigar
o amigo a descobrir sua cabea, exibindo-a luz do Sol, Teseu expe uma
concepo religiosa inovadora, negando que um mortal possa macular a
divindade. Aps uma argumentao cerrada, Teseu recorre como ltimo trunfo
noo de gratido, mostrando que sua ajuda tem o carter de retribuio de
benefcio recebido: :
. ["Estou-lhe retribuindo o favor de minha salvao, pois
agora que voc precisa de amigos."] (vv. 1336-7)
Teseu complementa sua retribuio no s oferecendo sua ajuda no
momento oportuno, mas oferecendo uma nova ptria ao heroi decado,
prometendo-lhe a purificao de sua mcula e a partilha de terras e bens, dando
mostras de uma amizade sem restries de carter moral ou material (v. 1322-
5). Diante da demonstrao de amizade irrestrita, Hracles refaz seus
propsitos e aceita a oferta do amigo, dando mostras de sua deciso de
continuar vivendo, apesar do erro irreparvel que sabe ter cometido. Continuar
vivo aps o erro o sinal de um novo tipo de herosmo proposto por Eurpides,
um herosmo muito prximo daquele que solicitado a todo aquele que comete
um dano e tem que ir em frente, aceitando-se como um ser limitado e passvel
de erro:
, : , .
"Avalio se, apesar de estar em desgraa,
9 O alstor a divindade vingadora, punidora do crime. Representa o poder de vingana do sangue derramado. Para Chantraine (1968, p. 54), o termo tem carter religioso e se aplica a um criminoso, porque ele atrai o demnio da vingana ou porque ele prprio assimilado a um mau demnio.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
166
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
no serei acusado de covardia por abandonar a luz,pois quem no suporta as desgraas,no seria capaz de fazer frente s armas do inimigo." (vv. 1347-50)
Por fim, convencido, decide continuar vivo e aceitar tudo o que lhe
oferecido: : ,
. ["Suportarei a vida: irei para sua cidade e sinto gratido por seus
inmeros presentes."] (v. 1351-2)
Para concluir
Nesta pea, a ao se desenrola por meio de microaes que pertencem a dois
universos semnticos, um marcado pelos laos da phila e o outro que se impe
por meio do confronto. As aes de Hera, Lico e Euristeu pertencem ao campo
da inimizade, t polemik, e caracterizam-se como desafios capacidade de ao
e resistncia de Hracles e tambm de seus familiares. Palavras que servem
para caracterizar as relaes conflituosas so empregadas no contexto dessas
interaes, tais como polmioi, inimigos (v. 202; 459; 1263-4), ekhthrs, inimigo (v.
733), khthran patrian, hostilidade paterna (v. 983), hbris, desmedida (v. 708), ba,
violncia (v. 215; vv. 551-5), drn kaks, causar o mal (vv. 727-8), strate, fazer
guerra contra (v. 825), agn, combate, (v. 1189; vv.1311-2). Alm disso, h tambm
a referncia constante morte, como uma forma de destruio do inimigo,
como o caso das ameaas de morte de Lico, a prpria morte de Lico e a morte
dos filhos de Hracles pelo prprio pai, transformado em inimigo dos seus pelo
desejo de Hera, que queria a aniquilao do heri.
Em contraposio, so inmeros os empregos da terminologia da phila, para
caracterizar tanto a falta de amigos, quanto o auxlio deles advindo.
abundantemente empregado o substantivo masculino phlos, amigo (v. 57-9; 267;
276-7; 430; 513; 533; 551; 559-61; 628; 846; 1154; 1215; 1235; 1252; 1337; 1398; 1404;
1426). Encontra-se no texto um emprego do adjetivo phl, amada (v. 445), como
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
167
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
atributo da esposa de Hracles e um emprego do termo phila, amizade (vv. 1199-
12), usado na expresso philan homphylon, amizade consangunea, para designar
o lao de amizade e parentesco existente entre Hracles e Teseu. Encontra-se
tambm uma ocorrncia do adjetivo neutro phlon, amvel, cara, numa expresso
impessoal: " cara para mim a juventude" (v. 637). O superlativo phltatos, pessoa
muito cara, empregado em relao a Hracles (v. 514; 531; 1112) e a seus filhos
(1147). O adjetivo phlios, amado, caro, usado para o canto (v. 752) e para o par
formado por Hracles e Teseu (v. 1403). Alm desses termos, h ainda um
emprego do verbo phil, amar, referente ao amor que todo homem sente por
seus filhos (vv. 633-4) e o substantivo em que a raiz phil- est presente como
primeiro termo da composio, philotknon, amor aos filhos (v. 636).
Do campo semntico da amizade, encontra-se no texto o termo amoib,
retribuio, como forma de benefcio prestado como gratido por um benefcio
recebido (v. 1169; vv. 1336-7).
Ainda em relao aos comportamentos referentes amizade ou ao seu
oposto, a inimizade, o texto apresenta a crtica falta de reconhecimento dos
benefcios recebidos e amizade interesseira, que s recebe os dons e no quer
o compromisso de auxiliar quando o amigo est necessitado (vv. 1223-5). O
dever de prestar socorro aos da famlia - pais, filhos, esposa - valorizado
positivamente como um aspecto da justia (vv. 583-4) e Hracles no se furta a
esse dever (v. 632 ss.).
Complementando a elaborao da viso grega sobre as relaes amigveis ou
conflituosas, o texto comporta a mxima da moralidade popular, referente ao
comportamento que se destina aos amigos e aos inimigos, que Anfitrio atribui
a Hracles: , , :
' . [" de sua ndole, filho, ser amigo dos amigos e odiar os
inimigos; mas no v se precipitar."] (vv. 585-6).
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
168
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
E Anfitrio demonstra aprovar essa atitude, quando diz ser prazeroso ver
um inimigo morrer como punio por suas aes malignas (vv. 732-3).
Contudo, a nfase do texto recai sobre o valor da amizade. A argumentao de
Teseu instiga Hracles a aceitar o inaceitvel, a profunda dor de ter causado dano para
seus mais queridos. Aristteles mostra que a essncia da phila fazer o bem aos
amigos. Esse o dever que Hracles toma para si, mas fracassa.
No lhe dado o direito de escolha para evitar o erro. No entanto, a presena
de Teseu o faz rememorar o histrico herico de suas aes passadas, fazendo-o
admitir que tambm realizou outras aes, positivas e benficas. Como por
exemplo, a salvao de seu amigo Teseu, tirando-o do Hades. No contexto da
phila, juntamente com a disposio para fazer bem a quem se quer bem,
desinteressadamente, est inclusa a prtica da retribuio de um bem recebido.
a essa prtica da retribuio do benefcio recebido que Teseu recorre como
argumento para tirar o heri de sua depresso e demov-lo do desejo de morte.
Dessa forma, Eurpides prope um novo olhar sobre o herosmo, mostrando-
nos um heri mais humanizado, que precisa ficar em p aps a queda
propondo um herosmo do cotidiano, j que muitas vezes temos que seguir em
frente, em p, mesmo sendo confrontados com limitaes que no desejaramos
ter. E isso se faz, nessa pea, por meio da mo amiga que se estende. Hracles
deixa de ser o heri problemtico para ser um heri exemplar.
BIBLIOGRAFIA
ARISTTELES (1991) Potica. Traduo de Eudoro de Souza. Coleo Os
Pensadores, vol. II. 4 ed. So Paulo: Nova Cultural.
BOND, G. W. (1988) Euripides. Heracles. With Introduction and commentary.
Oxford: Clarendon Press.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
169
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
CHANTRAINE, P. (1977) Dictionnaire tymologique de la langue grecque.
Histoire des mots. Paris: Klincksieck.
FRANCISCATO, C. R. (2003) Eurpides. Hracles. Introduo, traduo e notas.
So Paulo: Palas Athena.
KONSTAN, D. (2005) A amizade no mundo clssico. So Paulo: Odysseus.
LIDDELL,H.G. & R. SCOTT (1961) A Greek-English lexicon. A new edition
revised by H.S. JONES & R. McKENZIE. Oxford: Clarendon Press.
MURRAY, Gilbert (1913) Euripidis Fabulae, vol. 2.. Oxford. Clarendon Press,
Oxford. URL:
http://www.perseus.tufts.edu/hopper/collection?
collection=Perseus:collection:Greco-Roman
OATES, Whitney J. and O'NEILL, Jr., Eugene (1938) Euripides. The Complete
Greek Drama, edited by andin two volumes. 1. Heracles, translated by E. P.
Coleridge. New York. Random House. URL:
http://www.perseus.tufts.edu/hopper/collection?
collection=Perseus:collection:Greco-Roman
PINHEIRO, A. E. (2009) Xenofonte. Memorveis. Traduo do grego, introduo e
notas. Coleao autores gregos e latinos. Srie textos. Coimbra: FTC.
REES, B.R. (1972) Pthos in the Poetics of Aristotle. Greece and Rome 19, p. 1-11.
RODRGUEZ ADRADOS, F. (1966) "El heroe trgico y el filosofo platnico". en
RODRGUEZ ADRADOS, F. Estudios sobre la tragedia griega. Madrid:
Taurus. Cuadernos de la Fundacin Pastor, p. 11-35.
ROSA, E. B. (2012) Hracles furioso, de Eurpides. Anais do XIII Seminrio de
Pesquisa do Programa de Ps-Graduao em Estudos Literrios: Relaes
Intersemiticas e I Seminrio Internacional de Semitica. Araraquara:
Universidade Estadual Paulista. p. 743-61. URL:
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
170
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar
-
http://www.fclar.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/StrictoSensu/Estudos
Literarios/anais---seminario_pos--2012.pdf
SOUZA, Eudoro (1991) Aristteles. Potica. Coleo Os Pensadores, vol. II. 4 ed.
So Paulo: Nova Cultural.
UREA PRIETO, M.H. (1966) Estudo acerca da esperana na obra de Eurpides.
Dissertao para Doutoramento em Folologia Clssica, apresentada
Universidade de Lisboa. Coimbra: Imprensa de Coimbra.
ACTAS DEL VI COLOQUIO INTERNACIONAL COMPETENCIA Y COOPERACION DE LA ANTIGUA GRECIA A LA ACTUALIDADHomenaje a Ana Mara Gonzalez de Tobia
La Plata, FAHCE-UNLP, 19 al 22 de junio de 2012sitio web: http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar - ISSN:2250-7388
171
http://coloquiointernacionalceh.fahce.unlp.edu.ar