Química TêxtilANO XXXI
JUN 2008
ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS
Corporate Member
Site: www.abqct.com.bre-mail: [email protected]
Membro TitularISSN 0102-8235
91 Tecnologia Têxteis Medicinais
Tecnologia Estamparia
Tecnologia Meio Ambiente
Tecnologia Qualidade
AA
CCT
Tecnologia Fibras
Conheça os 14 concorrentesao II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo. Pág. 73
Tecnologia Qualidade
Avaliação da eficácia de materiais Têxteis no desempenho esportivo
RESUMO
O presente trabalho, “Avaliação da Eficácia de
Materiais Têxteis no Desempenho Esportivo”,
comparou como as diferenças de propriedades das
fibras, o algodão e a poliamida 6.6, influenciam no
desempenho esportivo. Avaliou a melhoria do
rendimento físico durante a prática de atividade física
devido ao uso de roupas confeccionadas com tecidos de
alta tecnologia. Para este estudo comparativo escolheu-
se duas matérias-primas, o algodão e a poliamida 6.6, e
através das propriedades dessas amostras, estudou-se o
comportamento destes tecidos, comparando-os. O
tecido de poliamida 6.6 apresentou uma menor perda de
temperatura corpórea ao longo da atividade física,
quando comparado ao tecido de algodão. A existência
de correlação significativa da temperatura corpórea
com a redução do índice de lactato foi comprovada por
este estudo. Esta correlação mostrou a importância da
variação da temperatura corpórea durante o
desempenho de uma atividade; quanto menor essa
variação, maior a redução do índice de lactato.
PALAVRAS-CHAVE
Poliamida 6.6, Algodão, Temperatura Corpórea.
Autores: Fernando Gasi/ Mestrando em Engenharia Química UNICAMP (SP).Edison Bittencourt/ Doutor em Engenharia Química.
Professor da FEQ UNICAMP (SP).Revisão Técnica: José Antonio Favilla
1. INTRODUÇÃO
O grande desafio da indústria têxtil é produzir tecidos
que melhorem o desempenho dos atletas, utilizando
tecnologia. A matéria-prima tem grande influência no
aspecto funcional do tecido.
Estudar as propriedades das fibras (propriedades
físicas, térmicas) é fundamental para se estabelecer uma
relação com a funcionalidade da roupa. Os fios e tecidos
inteligentes agregam no interior da fibra tecnologia e
ciência. Em razão disso, são capazes de oferecer
propriedades funcionais de desempenho e bem-estar,
suprindo na sua aplicação uma gama de exigências, além
das convencionais. O fio Biotech, fabricado pela Rhodia,
possui aditivos incorporados ao fio que inibem o
crescimento de bactérias, fazendo com que não haja o
desenvolvimento de microrganismos na roupa, evitando
assim um odor desagradável. As microfibras, fios seis vezes
mais finos do que um fio de cabelo, possibilita maior
conforto, melhor toque e secagem mais rápida.
Relacionar as propriedades das fibras com a
funcionalidade do fio é uma maneira eficaz de se obter
roupas com tecnologia e melhor desempenho.
2. OBJETIVO
O principal objetivo deste trabalho é analisar o
desempenho de materiais têxteis durante a atividade física.
Foram escolhidas duas fibras: uma natural, sendo o
algodão; e a outra, uma fibra sintética, a poliamida 6.6.
06 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Com estas duas fibras foram desenvolvidas roupas a
partir dos tecidos de malha, onde se avaliou o nível de
correlação entre a temperatura corpórea média na região
das pernas e a concentração de lactato medida antes e
após o teste ergométrico.
3. EXPERIMENTAL
3.1 Materiais
Foram selecionados dois tipos de fios para os
ensaios:
- Fio de poliamida 6.6, com título de 2x80/68 dtex
- Algodão, com título de Ne 30/1 cardado (fluxo do
processo de fiação de algodão, no qual, as fibras passam
por uma máquina denominada Carda e se transformam
em fio.)
3.1.1 Tecidos de Malha para os Ensaios
Legenda:
MP (%) - porcentagem da matéria-prima.
Gram. (g/m ) - gramatura da malha.
Al. Largura (%) - alongamento no sentido da
largura.
Al. Comprim. (%) - alongamento no sentido do
comprimento.
Espess.(mm) - Espessura do tecido.
LFA (cm/malha) - Quantidade de fio absor-
vido.
3.1.2 Roupas Utilizadas e Grupos de Voluntários
Foram analisados 2 grupos, com 15 pessoas cada,
utilizando camiseta solta e bermuda. Neste estudo, avaliou-
se o desempenho dos voluntários com o uso de bermudas
com diferentes materiais têxteis, assim distribuídos:
Roupa Controle:
·Bermuda 100% poliéster, sem compressão, confeccio-
nada em tecido plano.
·Camiseta 100% algodão, solta no corpo.
Amostra “A”:
·Bermuda com 86% de algodão e 14% de elastano, com
compressão, em tecido de malha.
·Camiseta 100% algodão, solta no corpo.
Amostra “Y”:
·Bermuda com 86% de poliamida e 14% de elastano,
com compressão, em tecido de malha.
·Camiseta 100% algodão, solta no
corpo.
O primeiro grupo de 15 pessoas usará a
roupa controle e também a amostra “A”.
O segundo grupo de 15 pessoas usará a
roupa controle e também a amostra “Y”.
A avaliação de desempenho será efetuada medindo-se
a temperatura corpórea por termografia de infravermelho,
e a medição da concentração de Lactato no sangue.
Todas estas etapas foram realizadas pela Kosmoscience
numa parceria com a Rhodia, (www.kosmoscience.com).
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 Critérios de Seleção dos Voluntários
EXAME MÉDICO: efetuado por um médico credenciado,
avaliando IMC (Índice de Massa Corpórea), histórico
familiar de doenças cardiovasculares e circulatórias,
histórico de saúde pessoal, controle de medicações, Pressão
Arterial Sistólica (PAS - pressão máxima) e Pressão
Tecnologia Qualidade
07Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tabela 1. Composição e características dos tecidos de malha
Fonte: Rhodia Poliamida. Laboratório Físico Têxtil (LAFTEX), 2007
2
2Grupo Matéria-primaalgodãoelastano
poliamida 6.6elastanopoliéster
(dtex)1967016670-
(%)89,710,387,512,5100
(g/m )
305
304919
Along. (%)
110
134-
Along. (%)
117
113-
(mm)
0,75
0,700,27
(cmm/malha)
0,32
0,313
Grupocontrole
“A”
“Y”
Título MP Gram.
BermudaAl. LarguraComposição Espess. LFAAl. Comprim.
Arterial Diastólica (PAD - pressão mínima).
PRÉ-CONDICIONAMENTO: todos os voluntários
passaram por um período de condicionamento inicial
antes de se efetuar os testes, contendo seis sessões de
vinte minutos aeróbico com bicicleta, e trinta minutos
anaeróbico com carga (braços e pernas).
EXPERIMENTAL: teste ergométrico, esteira,
modelo de Bruce, utilizado para avaliação física dos
atletas, condições de controle amplamente conhecidas,
proporcionando minimização de riscos para os
voluntários.
FAIXA ETÁRIA: de 18 a 45 anos; foi aplicada a
diretriz e a norma reguladora envolvendo seres humanos
(Resolução 196/MS/CNS, 1996).
A Tabela 2, apresentada a seguir, apresenta os
estágios do teste.
3.2.2 Controles e Limites
Atingindo quaisquer desses parâmetros, o teste será
interrompido e inciar-se-á a recuperação: Pressão
Arterial Sistólica (PAS: 220 mmHg); Pressão Arterial
Diastólica (PAD: > 15 mmHg); Frequência Cardíaca
(FC: 220 idade); Fadiga (FAD: subjetivo, definido pelo
voluntário ao atingir o limite do cansaço). Segue o
cronograma executado no estudo:
DADOS REGISTRADOS NO 1° DIA DO TESTE
ERGOMÉTRICO
Os 2 grupos com 15 voluntários c ada, vestiram a
Roupa Controle. Foram medidos os seguintes parâmetros,
para todos os voluntários dos 2 grupos:
·Parâmetros fisiológicos: PAS, PAD, FC basal e final
(após ergométrico).
·Tempo (t) para fadiga, em minutos.
·Concentração de Lactato no sangue, basal e final (após
ergométrico).
·Temperatura corpórea basal e final (termografia).
DADOS REGISTRADOS NO 2° DIA DO TESTE
ERGOMÉTRICO
Repetição do teste ergométrico (Teste de Bruce),
utilizando o tempo (t) definido no 1° dia. Tem-se um grupo
com 15 voluntários utilizando a amostra “A” (algodão), e
um outro grupo, também com 15 voluntários, utilizando a
amostra “Y” (poliamida 6.6). Para cada grupo foram
medidos os mesmos parâmetros:
·Parâmetros fisiológicos: PAS, PAD, FC basal e final
(após ergométrico).
·Concentração de Lactato no sangue, basal e final (após
ergométrico).
·Temperatura corpórea basal e final (termografia).
3.2.3 Medida da Concentração de Lactato no Sangue
3.2.3.1 Equipamento Utilizado
- Accutrend Lactato (Roche Diagnóstica Brasil)
- Tiras de teste BM Lactate (Roche)
3.2.4 Termografia de Infravermelho
O objetivo da termografia de infravermelho é a
medição da temperatura copórea média numa determinada
região. O equipamento utilizado foi Raytec Fluke Ti 30O
faz diversas leituras na região delineada (Figura 1),
fornecendo a temperatura média e seu respectivo desvio-
padrão.
Tecnologia Qualidade
3
08 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tabela 2. Estágio do teste ergométrico
Fonte: Kosmoscience, 09/2007.
Estágio Tempo (min) Velocidade (km/h) Inclinação (%)
1 0 a 3 2,7 102 3 a 6 4,0 123 6 a 9 5,4 144 9 a 12 6,7 165 12 a 15 8,0 186 15 a 18 8,8 20Recuperação 3 4,0 0
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 EFICIÊNCIA TÉRMICA DEFINIÇÃO
Representa, em porcentagem, o quanto o gradiente de
temperatura (temperatura inicial menos temperatura
final) da amostra foi inferior ao gradiente da Roupa
Controle para os voluntários de cada grupo. Esta
medição é feita por termografia. A seguir, a definição de
Gradiente e Eficiência Térmica:
Gradiente da bermuda Controle = temperatura inicial
temperatura final
Gradiente da bermuda Amostra = temperatura inicial
temperatura final
A expressão que mostra a eficiência térmica (EFIC) é:
4.2 COMPARATIVO ENTRE EFICIÊNCIAS
TÉRMICAS DOS GRUPOS “A” E “Y”
Utilizou-se o método “t” de Student (paramétrico),
uma vez que os grupos para estes conjuntos de dados
obedecem a uma distribuição normal, com o objetivo de
comparar a eficiência térmica dos grupos “A” (CO) e “Y”
(PA). A Figuras 2 a seguir, mostra as diferenças entre as
medianas dos dois grupos.
Teste-T de diferença, IC de 95%, com
valor de “p” = 0,0000
Intervalo de Confiança (-30,3462, -12,0551)
4.3 COMENTÁRIOS DO COMPARATIVO ENTRE
EFICIÊNCIAS TÉRMICAS DOS GRUPOS “A” E “Y”
Para um nível de confiança de 95%, estatisticamente,
pode-se afirmar que o grupo de voluntários que utilizou a
amostra “Y” (poliamida) apresentou uma eficiência
térmica superior ao grupo que usou a amostra “A”
(algodão).
Isto significa que o tecido de poliamida proporcionou
aos voluntários, durante a avaliação, uma menor perda da
temperatura corpórea ao longo da atividade física (teste
Modelo de Bruce). Isso ocorre em função do tecido de
algodão reter mais água do que a amostra com poliamida; a
capacidade de absorção do algodão (CA = 2,36) é superior a
da poliamida (CA = 1,70).
O tempo de secagem da amostra com algodão também é
maior do que o da poliamida. Esses dois fatores fazem
Figura 1. Região delineada para medição da temperatura corpórea
Figura 2. Comparativo entre eficiências térmicas - PA e CO
Co mN
-1
Fonte: Kosmoscience, 09/2007.
Fonte: Programa Estatístico, 2007.
EFIC (%) = gradiente controle - gradiente amostra X 100 gradiente controle
Tecnologia Qualidade
10 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
com que o tecido de algodão perca mais calor por
condução do que a malha de poliamida, uma vez que,
mantendo-se mais úmida ao longo do tempo, a amostra
de algodão aumenta a diferença de temperatura da pele
para o tecido, e também a condutividade térmica do
tecido de malha.
As fibras celulósicas como o algodão, apresentam
intumescimento pela absorção de umidade, o que
provoca redução da porosidade do tecido. A porosidade
do tecido é o fator de maior influência na propriedade de
permeabilidade ao vapor de água.
Outro fator a ser considerado, é o fato de a poliamida
possuir um calor específico (0,35 kcal/kg°C) superior ao
do algodão (0,32 kcal/kg°C), isto significa que a
poliamida necessita de uma maior energia para elevar
sua temperatura de 1°C, portanto, perdendo menos calor
do que o algodão.
4.4 CORRELAÇÃO ENTRE A EFICIÊNCIA DA
REDUÇÃO DE LACTATO POR EFICIÊNCIA
TÉRMICA DA BERMUDA
A Figura 3, a seguir, mostra a existência de correlação
entre a eficiência de redução do índice de Lactato com a
eficiência térmica (valor de “p” < 0,05).
Coeficiente de Correlação 0,793
“p” - valor 0,000
4.5 COMENTÁRIOS DA REDUÇÃO DO ÍNDICE
LACTATO POR EFICIÊNCIA TÉRMICA
A existência dessa correlação mostra a importância da
variação de temperatura corpórea durante o desempenho de
uma atividade; quanto menor for essa variação, maior será a
redução do índice de Lactato durante uma atividade.
5. CONCLUSÕES
·O tecido de poliamida 6.6 proporcionou aos
voluntários, durante a avaliação, uma menor perda da
temperatura corpórea ao longo da atividade física, quando
comparado com o tecido de algodão.
·A variabilidade da temperatura (desvio-padrão)
corpórea, dos voluntários que usaram a amostra de
poliamida (grupo “Y”), foi menor que a do grupo que
utilizou a amostra de algodão (grupo “A”).
·A existência da correlação entre a eficiência de redução
do índice de Lactato com a eficiência térmica mostra a
importância da variação da temperatura corpórea durante
o desempenho de uma atividade; quanto menor for essa
variação, maior será a redução do índice de Lactato
durante uma atividade.
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Figura 3. Correlação entre eficiência do lactato e eficiência térmica
Fonte: Software Minitab, 2007.
3
eficiência térmica (%)
red
ução
de
lacta
to(%
)
1009080706050403020
60
50
40
30
20
10
Eficiência do Lactato por Eficiência Térmica da Bermuda
Tecnologia Qualidade
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Tecnologia Qualidade
Desenvolvimento sustentável na Indústria Têxtil: Estudo de propriedades e características de malhas
produzidas com fibras biodegradáveis
RESUMO
Atualmente, a preocupação com o meio ambiente é
cada vez mais um fator de qualidade de vida, sendo a
concepção de artigos de malha com material
biodegradável uma aposta em desenvolvimento susten-
tável na Indústria Têxtil.
Este artigo apresenta o trabalho que está sendo feito
na Universidade de Minho a respeito do estudo de
propriedades e características de malhas produzidas
com fibras biodegradáveis. As malhas foram produzidas
com diferentes tipos de fibras. Seis tipos de malhas
foram produzidos mantendo constante a estrutura
(debuxo), a massa linear dos fios (tex) aproximados e a
mesma afinação na máquina do comprimento de
laçada (Np).
Os tipos das fibras têxteis usadas foram de 100%
Algodão, 100% Algodão Orgânico, 100% Soja, mistura
de 50% Soja com 50% Algodão, 100% Bambu e 100%
Cupro.
A tecnologia eletrônica retilínea Stoll para malha de
trama foi utilizada na fabricação das amostras. As
propriedades analisadas nesta pesquisa sobre as malhas
foram as propriedades dimensionais, permeabilidade
ao ar, resistência à tração e o pilling.
Neste trabalho, os resultados das propriedades e as
características das malhas estudadas são apresentados
e avaliados.
Autores: Gabriela Jobim da Silva AlvesNathália Raphaelli e Prof. Dr. Raul Fangueiro
Universidade do MinhoAdaptação e revisão técnica: Kelson dos Santos Araújo
INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem
resultado em sérios questionamentos nos diversos setores
da atividade humana. Os questionamentos e as preocu-
pações têm surgido, principalmente, nos setores cujo
produto final pode provocar impactos diretos no equilíbrio
dos ecossistemas. Dentre estes setores, estão a Indústria
Têxtil e do Vestuário que, desde tempos muito remotos, tem
sido uma das atividades econômicas mais importantes,
contribuindo para o progresso e a evolução das civilizações.
Esta atividade requer a canalização de grandes recursos
e, para que a indústria se mantenha ativa, precisa reduzir
custos, ganhar produtividade, apostar em novas tecno-
logias, qualidade e design. Apesar de nem sempre estes
fatores estarem associados à preservação do meio
ambiente, a preocupação com questões ambientais tem se
tornado um fator relevante para o desenvolvimento
sustentável e economicamente viável do processo de
concepção de artigos têxteis.
Biofibras
Tecnologia Fibras
13Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Fibras
O tema deste trabalho de Investigação (Brasil:
"pesquisa") está relacionado com a avaliação das
características e propriedades de malhas produzidas a
partir de fibras têxteis biodegradáveis, em especial, as
fibras de Algodão 100%, Algodão Orgânico 100%, Soja
100%, Soja 50% com Algodão 50%, Bambu 100% e
Cupro 100%, e possíveis aplicações deste material a
produtos têxteis.
O projeto tem um caráter demonstrador da possível
aplicabilidade de fibras têxteis biodegradáveis, numa
escala industrial, podendo apoiar a indústria de malhas
que aposta em inovação e design no desenvolvimento de
produtos mais eficientes e com maior competitividade
no mercado.
O desenvolvimento desta pesquisa não tem por
finalidade a aplicação dos seus resultados a um produto
específico. A idéia é sugerir possíveis aplicações destas
malhas a diversos produtos têxteis como artigos de
vestuário, têxtil-lar, decoração, mobiliário, em termos
de características e propriedades de cada material.
MATERIAIS E MÉTODOS
O cuidado com a qualidade do meio ambiente no
setor têxtil tem levado as empresas a desenvolverem
programas de preservação e redução de impactos
ambientais. O maior enfoque tem sido dado aos
materiais e às técnicas utilizadas durante o processo
produtivo. Diante desta realidade, a produção e o
processamento de artigos têxteis têm impulsionado o
resgate de fibras naturais e de fibras amigas do ambiente.
Estas fibras podem ser cultivadas com técnicas da
agricultura orgânica, naturalmente coloridas ou
regeneradas.
Para SOUZA (1998), “Os produtos têxteis eco-
lógicos podem ser definidos como aqueles que
empregam pelo menos uma destas iniciativas de
redução de impacto ambiental, seja na produção agrícola,
seja na etapa de acabamento, com o emprego de alternativas
como o uso de corantes naturais ou de fibras naturalmente
coloridas. Entretanto, foi apenas no final dessa década que a
visão integrada dos diferentes segmentos da indústria têxtil
deu origem aos têxteis orgânicos, que são produzidos
considerando o impacto ambiental tanto na produção da
matéria-prima como no processamento industrial”.
ALGODÃO
O algodão é uma fibra natural, de origem vegetal, e, por
não apresentar grandes exigências em relação ao clima ou
ao solo, pode ser produzido em praticamente todos os
continentes. No entanto, é uma planta de cultura delicada e
muito sujeita às pragas, sendo grande consumidora de
herbicidas e fungicidas.
O algodão é usado como fibra têxtil há mais de 7000
anos, podendo dizer-se que está ligado à origem mais
remota do vestuário e à evolução dos artigos têxteis. As
fibras do algodão se desenvolvem a partir da epiderme da
planta do algodoeiro, designada por “gossypium”. É a mais
conhecida e econômica das fibras naturais.
Segundo OLIVEIRA (1995), “Atualmente, o algodão
responde por aproximadamente 80% das fibras utilizadas
nas fiações brasileiras: na tecelagem, 65% dos tecidos são
produzidos a partir de fios de algodão, enquanto na Europa
gira em torno de 50%. Cabe destacar que estes percentuais,
que são bastante elevados, têm apresentado um ligeiro
decréscimo nos últimos anos, face ao aumento da
participação das fibras artificiais e sintéticas na produção de
tecidos".
As principais vantagens comparativas do algodão em
relação às fibras artificiais e sintéticas decorrem, princi-
palmente, do conforto referente ao toque agradável, frescor,
absorção de água, resistência ao uso, e também dos aspectos
ecológicos, por ser biodegradável. Porém, o cultivo de
14 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
17Revista Química Têxtil n 89/Dezembro 2007.
Tecnologia Fibras
algodão implica enormes perdas para o ar, a água e o
solo do nosso planeta, afetando significativamente a
saúde dos habitantes das áreas onde ele é plantado.
Ainda é muito poluente a etapa de acabamento devido às
substâncias tóxicas empregadas para alvejar e tingir
produtos têxteis.
ALGODÃO ORGÂNICO
A adoção do algodão orgânico por grandes reta-
lhistas tem aumentado cada vez mais, seja por meio de
artigos 100% produzidos a partir deste material, ou pela
mistura com fibras convencionais. Para o algodão ser
considerado orgânico, é necessário que seja certificado.
A certificação é um instrumento que garante que o
algodão orgânico foi cultivado dentro de um conjunto
mínimo de normas. Para o produto final ser considerado
orgânico, é preciso que seja inspecionado e certificado
como orgânico em todas as cadeias de produção. Isso
significa que, além das condições de cultivo obedecerem a
práticas orgânicas, as etapas seguintes, como o
beneficiamento, fiação e a tecelagem, também devem ser
certificadas como orgânicas.
Na Europa, para ser certificado como ecológico por um
dos numerosos rótulos independentes existentes (como o
Imo e o BioRe na Suíça e o Skal na Holanda) e segundo as
normas definidas pela Comunidade Européia, o algodão
deve provir de uma cultura que não utilize adubos, nem
pesticidas, ao contrário do algodão tradicional que consome
25% do volume anual de pesticidas.
Segundo artigo publicado pelo Jornal Têxtil, “Por cada
T-shirt fabricada a partir de algodão 100% orgânico, são
poupados vários quilos de fertilizantes e outros produtos
químicos. Mudar do algodão industrialmente produzido
para o algodão orgânico constitui assim um passo positivo,
Tecnologia Fibras
mas que não resolve completamente os problemas
ecológicos pois mesmo este tipo de algodão consome
uma grande quantidade de água, além de esgotar
consideravelmente os recursos do solo”.
Primeiramente, as preocupações com o impacto
ambiental da produção de têxteis de algodão focali-
zavam somente a etapa de acabamento dos tecidos.
Porém, a partir da década de 60, integrantes de
movimentos ambientalistas começaram a motivar a
produção e o uso de artigos têxteis fabricados com
algodão cru, não alvejados. Foi em 1980 que começou a
preocupação com a matéria-prima, mediante a
realização das primeiras iniciativas e pesquisas de
produção orgânica do algodão. A partir de 1990
surgiram os primeiros artigos têxteis no vestuário
produzidos dentro do conceito de moda ecológica.
Atualmente, a produção mundial de algodão
biológico está concentrada nos EUA e na Turquia, que
representam 60% da produção anual (em média 6 mil
toneladas).
SOJA
A fibra de soja é uma fibra protéica regenerada a
partir da semente de soja. Assim, não deve ser
considerada uma fibra de origem vegetal natural, mas
sim artificial. A fibra de soja apresenta um toque e um
brilho muito próximos da seda, assim como boas
propriedades de alongamento e de gestão da umi-
dade.
A fibra da proteína da soja é um avanço nos têx-
teis. É feita do bolo da soja após olear, pelas novas
tecnologias da bioengenharia. Primeiramente, a
proteína esférica é destilada do bolo da soja e refinada.
Depois, sob o funcionamento de um agente auxiliar e da
enzima biológica, a estrutura do espaço da proteína
esférica muda e, então, o líquido giratório da proteína é
confeccionado adicionando polímeros elevados. Depois
que o líquido é cozinhado, a fibra é estabilizada e,
finalmente, é cortada por pequenos grampos após
ondular e tomar forma.
A fibra da proteína da soja é elogiada como a fibra da
saúde, a fibra confortável e a fibra verde do novo século. A
proteína da soja é maciça na quantidade e barata no preço.
Usá-la não causará o desenvolvimento predatório nos
recursos, é útil à recuperação e ao re-desenvolvimento dos
recursos.
A fibra de soja foi descoberta na China, em 1999, por Li
Guanqi. Li Guanqi, desde criança costumava alimentar os
porcos com subprodutos de soja colhida pela sua família.
Passados 50 anos, Li deu aos restos de soja um uso
completamente diferente e inovador e utilizou os restos para
produzir roupa interior. Atualmente, milhares de chineses
fabricam roupa interior macia e sedosa, fabricada com uma
fibra de soja que Li Guanqi inventou. O tecido obtido por
meio da soja, eleito como mais barato e mais ecológico que
a caxemira, já chegou a muitas partes do mundo.
“A China já é um dos maiores fabricantes de têxteis
do mundo, com um quarto do mercado mundial da
exportação. Ao mesmo tempo, o envolvimento da China no
comércio de têxteis orgânicos deverá fazer baixar os preços
destes produtos especiais em nível global e ajudar a torná-
-los um produto corrente”, segundo artigo publicado no
Jornal de Notícias de 27 de dezembro de 2004.
A produção da fibra da proteína da soja evita a poluição
ao ambiente porque o acessório e o agente auxiliar usados
não são venenosos. Além disso, o resíduo da proteína
extraída pode ser usado como alimentação. A fibra da
proteína da soja não tem somente as qualidades das fibras
naturais, mas também as propriedades físicas das fibras
sintéticas. A fibra da proteína da soja é confortável e de
cuidado fácil.
É um potencial material na indústria têxtil para artigos
16 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Fibras
destinados às classes média e alta. Porém, as diferenças
de preço podem mesmo diminuir ao ponto que estes
produtos deixem de constituir um nicho de mercado e
passem a tornar-se um produto usual.
Em finais de 2004, foi patenteado e publicado por
três chineses, Fengqin Deng, Xinwu Li, Yuxian Huang,
representantes da JIAXIN TEXTILE CO, LTDA., uma
inovação referente à fibra de soja. Esta inovação trata-se
da mistura da fibra de soja com fio colorido e com
outros materiais têxteis. Patentearam ainda o método
de fabricação. Este fio colorido é fabricado com fibra da
proteína de soja combinada e tecido com outros
materiais como: algodão, lã, seda, viscose e outros. A
vantagem desta inovação está na elevada uniformidade
da cor, na simples preparação do processo e na
primorosa aparência estética.
Os tecidos fabricados com a fibra de soja têm a
sensação da caxemira, são macios, lisos e com
luminosidade. Possuem aparência luxuosa, como o
Foto 1. Biofibras - Soja
Fibra suave e leve. Apta para produtos de uso em contato com a pele taiscomo: roupa interior, roupa de cama, camisetas, indumentária infantil e têxteis para o lar como toalhas. Propriedades exclusivas que a tornam apta para misturas com outros materiais. Aparência nobre. Confortável.Propriedades tintoriais excepcionais. Boas propriedades físicas. Propriedades saudáveis e funcionais.
lustro brilhante da seda, com perfeito drapejar elegante,
além de uma cor boa e forte: a cor original da fibra da
proteína de soja é marfim como a cor da seda tussah. Seu
anti-ultravioleta é superior à fibra do algodão, muitíssimo
superior ao da viscose e da seda.
SOJA/ALGODÃO
As propriedades exclusivas e excelentes da fibra da
proteína de soja são emergentes não somente na sua própria
aplicação, mas também na exploração da sua capacidade
para ser utilizada como componente de uma mistura,
melhorando as propriedades de outros tecidos.
O tecido de soja misturado com algodão quando
comparado com tecidos 100% algodão apresenta um toque
mais macio, absorve melhor a umidade e a ventilação,
resiste melhor às bactérias e possui mais conforto.
BAMBU
A fibra de Bambu é um tipo de fibra regenerada da
celulose, produzida a partir da polpa de Bambu, à
semelhança da viscose e, ao contrário das fibras naturais
vegetais provenientes da semente (algodão) ou do caule
(linho e cânhamo), é obtida a partir de uma planta cuja
renovação é quase imediata para o bem da natureza. É uma
fibra eco-amigável fabricada sem nenhum aditivo químico.
A invenção da fibra de Bambu é a contribuição da
humanidade à proteção de minerais raros naturais, à
proteção dos recursos, ao cuidado do ambiente e à
consideração do contrapeso global.
A fibra de Bambu tem funções particulares e naturais
anti-bacterianas. Esta função é validada pela associação da
inspeção de têxteis do Japão sendo que, após cinqüenta
lavagens, o tecido da fibra de Bambu ainda mantém esta
funcionalidade.
As propriedades do Bambu são impressionantes.
Renovável e 100% biodegradável, a fibra do Bambu é um
18 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Fibras
bactericida natural, bacteriostática, inibidora de odores,
hipoalergênica, muito absorvente e de secagem rápida.
Também é extremamente macia, com toque de seda, o
que faz com que produza um tecido muito confortável.
A fibra de bambu é mais macia do que o algodão, tem
um brilho natural à superfície e sente-a similar à seda ou
à caxemira. Ao contrário de outros tecidos anti-
-microbiais, que requerem um tratamento químico, a
roupa da fibra de bambu é naturalmente anti-microbial e
não requer nenhum produto químico prejudicial.
Contém um agente, o "kun de bambu", que impede
que as bactérias cultivem-se nele. O bambu natural
existe em todo o mundo e cresce rapidamente: leva
aproximadamente 4 anos para alcançar a maturidade,
comparados aos 25 a 70 anos para espécies típicas
comerciais da árvore nos E.U.A.. Embora a maior parte
dos povos esteja geralmente familiarizada com esta
planta bonita e graciosa, a maioria das pessoas
desconhece que há mais de 1000 usos documentados
do bambu.
Foto 2. Biofibras - Bambu
Fibra de celulose regenerada obtida a partir de matérias primas procedentes da polpa do bambu. Processo de hidrólise - alcalinização (refinação) e alvejamento.Processado em forma de fibra (elevada durabilidade, estabilidade e tenacidade). Grau de branco similar ao da viscose. Fácil de fiar e biodegradável. Pode ser fiada sozinha ou em misturas com algodão, cânhamo, seda, lyocel, modal...
CUPRO
O nome desta fibra é Cupramônio, porém é chamado
com o nome abreviado. O Cupro é uma fibra artificial de
origem celulósica, que é produzido partindo de uma
celulose regenerada do algodão ou da pasta de madei-
ra. É uma fibra biodegradável.
Os tecidos em Cupro são especialmente confortáveis,
já que estão associados às propriedades típicas das fibras
vegetais e das fibras artificiais: transpiração, maciez,
absorção e também o brilho, o aspecto e o tato da seda. A boa
solidez das cores permite ter tonalidades brilhantes e
vivas.
MÉTODOS EXPERIMENTAIS
Inicialmente ocorreu o desenvolvimento de amostras
de malhas das fibras ecológicas citadas anteriormente,
produzidas com tecnologia de ponta, para avaliar as
propriedades referentes às propriedades dimensionais,
permeabilidade ao ar, resistência à tração e pilling das ma-
lhas. Para o desenvolvimento das amostras em malha, foi
utilizada a tecnologia de malha de trama Stoll, disponível na
Unidade de Prototipagem de Materiais Fibrosos da
Universidade do Minho. No programa do Sistema CAD
que acompanha a máquina foi desenvolvido o debuxo com
estrutura Jersey para todos os tipos de matérias-primas.
Todas as malhas foram produzidas na máquina para a
mesma afinação do comprimento de laçada (Np = 9,2).
Todos os ensaios foram realizados segundo normas
específicas.
Na realização de todos os tipos de ensaios para avaliar
as propriedades dos materiais foram utilizadas tecnologias
disponíveis na Universidade do Minho. Dentre estas
tecnologias podemos salientar o Dinamômetro, utilizado
para medir a resistência à tração nas malhas, o Permeabi-
límetro, para medir a permeabilidade ao ar nas malhas, e o
Pilling Box, instrumento para medir o grau de pilling nas
20 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
matéria- prima foram realizados 10 ensaios.
Resistência à Tração das Malhas: a resistência à tração
depende primeiramente da carga à rotura de um tecido,
quer no sentido das colunas, quer no sentido das fileiras.
Foram realizados 5 ensaios no sentido das colunas e no
sentido das fileiras em cada tipo de fibra. Cada amostra foi
devidamente numerada e classificada. Para a realização
das amostras foi desenvolvido um molde obedecendo às
medidas da Norma Portuguesa NP EN ISSO 13934-2
Têxteis Propriedade de Tração dos Tecidos, Parte 2:
determinação da força máxima pelo método grab (ISSO
13934-2:1999). O método utilizado para a medição de
resistência à tração foi o método grab. Neste método, parte
da largura da amostra é fixado nas maxilas.
Os aspectos de maior importância que foram inseridos
no programa para a obtenção dos ensaios e resultados são: a
distância entre as maxilas ou o comprimento efetivo da
amostra a ensaiar, a velocidade do ensaio e a pré-tensão.
Para estes aspectos atribuíram-se valores iguais a todas as
amostras, estes valores são: distância entre as maxilas ou o
comprimento efetivo da amostra a ensaiar = 75 mm;
velocidade do ensaio = 50 mm/min.; Pré-tensão = 5 N.
Pilling das Malhas: o defeito na superfície do “tecido”
caracterizado pelo aparecimento de “bolinhas” (pills), ou
pequenas bolas de fibras emaranhadas, ancoradas à
superfície do tecido e dando ao tecido uma má
aparência, é chamado de “Pilling”. Os tecidos de prova são
formados quando utilizados e lavados por emaranhamento
de fibras livres que aparecem na superfície do tecido.
Estas fibras livres aglomeram-se quando friccionadas e
formam assim pequenas esferas ligadas ao tecido por
algumas fibras que não se libertaram ou que partiram.
Segundo Araújo (1987, p. 1456), “As “bolinhas”
formam-se devido à migração de fibras dos fios
constituintes do tecido, pelo que a redução ou prevenção
Tecnologia Fibras
malhas.
Ensaios das Propriedades Dimensionais das Malhas: o
comprimento do fio na célula estrutural do ponto (lu) e o
estado de relaxação em que a malha se encontra são
fundamentais para as propriedades dimensionais das
malhas de trama. Para medir estas propriedades foi
necessário retirar o fio das amostras de malhas por
desfiamento. Estes fios são medidos num dispositivo
apropriado e, em seguida, pesados em balança de
precisão, de acordo com a norma ASTM: D 1059- 76.
A massa (peso) de um tecido pode ser designada em
termos de massa por unidade de superfície ou em termos
de massa por unidade de comprimento, em que se deve
pesar uma área conhecida e dividir o peso pela área. Para
isso, torna-se necessário considerar a amostragem, o
corte, a precisão da pesagem e da medição bem como o
teor de umidade do tecido de prova. Estes ensaios foram
efetuados de acordo com a norma NP 1701.
Permeabilidade ao Ar das Malhas: “Devido ao modo
como os fios e os tecidos são constituídos, uma grande
proporção do volume total ocupado pelo tecido é
efetivamente ar. A distribuição dos espaços ou bolsas de
ar influenciam um elevado número de propriedades dos
tecidos tais como o isolamento térmico e a proteção
contra o vento e a chuva em vestuário, bem como a
eficiência de filtragem em tecidos industriais. Um
exemplo deste último aspecto pode ser observado com o
saco dos aspiradores domésticos, cujo tecido deve
permitir que o ar passe ao mesmo tempo em que deve
evitar a passagem de poeiras e sujidades” (ARAÚJO,
1987).
Este teste foi realizado obedecendo à norma NP EN
ISSO 92371997. O aparelho utilizado para a realização
dos ensaios foi o Permeabilímetro. A Permeabilidade ao
Ar foi medida de fora para dentro do tecido de prova. As
unidades de medidas são l/m /s. Para cada tipo de
21Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
2
Tecnologia Fibras
da formação de “bolinhas” pode ser afetada reduzindo
esta tendência migratória. Os métodos utilizados
incluem a utilização de fios com um coeficiente de
torção mais elevado, a cardagem ou cardação da
superfície do tecido e ainda particularmente trata-
mentos químicos. Qualquer que seja o método de
prevenção da formação de “bolinhas” utilizado, o
tecido não pode perder outras qualidades, tal como o
toque”.
Para medir a formação de “bolinhas” em tecidos,
existe uma grande variedade de instrumentos e méto-
dos. Este ensaio foi realizado com a utilização do
aparelho Pilling Box. Foram testadas 4 amostras de cada
matéria-prima, segundo a norma ASTM: D 1375-72.
O “pilling” do tecido de prova pode ser avaliado
numericamente, após a fricção debaixo de condições
controladas, contando o número de “bolinhas” forma-
das ou alternativamente, comparando e classificando
com padrões a aparência do tecido de prova. Cada
amostra é comparada com fotografias classificadas por
graus de 1 a 5, para malha Jersey, sendo o maior valor
(grau 5) com menos formação de “bolinhas”.
RESULTADOS
Permeabilidade ao Ar das Malhas: a Permeabilidade
ao Ar das malhas analisadas é maior na malha de Bambu
e menor na malha de Algodão Orgânico. A passagem de
ar é referente ao espaço das fibras e ao espaço das malhas
a serem analisados.
Resistência à Tração das Malhas: segundo os resultados
obtidos nos ensaios, a malha que possui maior
resistência à tração no sentido das colunas é a malha de
Soja e a de menor resistência é a malha de Algodão
Orgânico. Outros resultados indicam que a malha que
possui maior resistência à tração no sentido das fileiras é
a malha da mistura de Soja/CO e a de menor resis-
tência é a malha de Algodão Orgânico.
Pilling das Malhas: o grau de Pilling nas malhas anali-
sadas é maior na malha de Bambu (Grau 1) e menor na
malha de Algodão (Grau 4).
CONCLUSÕES
Em relação às conclusões técnicas, pode-se afirmar que,
dentre as características e as propriedades das malhas
analisadas, a malha produzida com a fibra de Soja 100% e a
malha produzida com a mistura de Soja /CO foram as que
obtiveram maior desempenho quanto à resistência. A malha
produzida com a fibra de Bambu possui maior permea-
bilidade ao ar, sendo a passagem de ar referente ao espaço
das fibras e ao espaço das malhas a serem analisados.
Todos os materiais analisados têm características
próprias e são adaptáveis ao uso em determinados artigos
têxteis. Todos os resultados obtidos estão dentro dos
padrões aceites para a indústria têxtil.
A maior parte dos consumidores que se preocupam
com o ambiente também tem especial atenção à qualidade
dos produtos, e as fibras biodegradáveis aqui investigadas
oferecem a oportunidade de promover a diferenciação nos
mercados, em particular, entre as empresas que possuem
uma forte imagem de marca.
Os dados recolhidos na investigação teórica e os
resultados dos testes/ensaios nas malhas dão-nos a
oportunidade de sugerir possíveis aplicações a diferentes
áreas da indústria têxtil facilitando, assim, a escolha do
material a ser utilizado quando da concepção de um
determinado artigo têxtil que tenha como valor acrescen-
tado o design sustentável.
As necessidades do homem moderno podem ser alia-
das ao uso de artigos têxteis menos agressivos ao meio
ambiente e que os produtos ecológicos, mais do que um
conceito ou produto de marketing, são um importante
agente de cidadania.
22 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Mário; CASTRO, E. M. de Melo. Manual
de Engenharia Têxtil. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1984. Vol. I.ARAÚJO, Mário; CASTRO, E. M. de Melo. Manual
de Engenharia Têxtil. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1987. Vol. II.CITEVE. Tecnologia da Tricotagem. Curso de
Especialização em Técnico Comercial Têxtil. Vila Novade Famalicão: Citeve, 2004.DRAGONE, Abel. Técnicas de Producción: Carreira
de Diseño de Indumentária e Têxtil. Buenos Aires:Universidade de Buenos Aires, 2000.FERREIRA NEVES, José de Sousa Machado.
Tecnologia Têxtil: Matérias-primas Têxteis. Porto: 1982.OLIVEIRA, Maria Helena de. Principais Matérias-
primas Têxteis Utilizadas na Indústria Têxtil.BNDES. Informe Setorial, Rio de Janeiro, nº 8. 14
Novembro 1995.SOUZA, Maria C. M. Algodão Orgânico: o papel das
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Dezembro 2004. Portugal.http://inventabrasilnet.t5.com.br/algod.htm Algodão
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Acesso em 10 Outubro 2005.www.bamboosa.com Bamboosa Acesso em 22 Outubro
2005.www.bambrotex.com China Bamboo Textile Co Acesso
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2005.
Tecnologia Fibras
15Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Têxteis para o cuidado da saúde e usos médicos
RESUMO
Neste trabalho se pretende dar uma idéia dos
diferentes campos da medicina nos quais podem ser
aplicados os polímeros têxteis, os tecidos e os não
tecidos. As diferentes partes incluem os seguintes
capítulos: fibras empregadas nos têxteis para usos
médicos, produtos higiênicos absorventes, tecidos para
a prevenção de feridas crônicas, têxteis para suturas,
têxteis antibacterianos, têxteis para barreira, têxteis
para o sistema circulatório, têxteis para a substituição
de órgãos e os usos externos dos têxteis em medicina. Em
cada um destes capítulos são indicadas as diferentes
modalidades atuais e futuras para solucionar os
problemas apresentados em cirurgia e medicina
mediante a utilização dos têxteis.
1. INTRODUÇÃO (1, 2, 3)
A utilização de têxteis para usos médicos, desde
muitos anos, é baseada em produtos em forma de algodão
hidrófilo, gaze, faixas elásticas, meias elásticas
(compressoras), fios para suturas, para citar os itens mais
utilizados. Porém, nos últimos anos seu emprego foi
ampliado para outros usos que vão desde suturas
bidirecionais até diferentes tipos de próteses. Muitas
indústrias têxteis dos países desenvolvidos encon-
traram nesta especialidade a maneira de transformar seus
produtos de fabricação tradicionais não competitivos
com os produzidos nos países em via de desenvol-
Autores: Dr. Eng. José Cegarra e Dr. Eng. José Valldeperas Universidade Politécnica da Catalunha Espanha
Tradução: Agostinho S. Pacheco ABQCT Revisão Técnica: Dimas Novais
vimento, salvando desta maneira sua existência e os postos
de trabalho correspondentes. Isso foi possível pela
investigação efetuada em universidades, centros de
investigação e hospitais apoiados pela indústria têxtil e a
administração sanitária. Estes têxteis são considerados
como uma das áreas mais dinâmicas da indústria têxtil do
futuro, sendo seu consumo mundial no ano 2000 de 1,5
milhões de toneladas e estimando-se seu crescimento entre
4,6 a 8% anuais.
Os avanços em polímeros, fibras, tecnologia química e
tecnologia na formação dos não tecidos, tecidos e malhas
são os fundamentos para a produção dos têxteis para
cuidado da saúde e usos médicos. Todos os tipos de não
tecidos fabricados com fios de polipropileno e poliéster,
em suas diferentes modalidades, são utilizados na
manufatura dos produtos para usos médicos. Os cordões
têxteis são utilizados para suturas e para substituir tendões
e ligamentos danificados. Os tecidos e a malha são
utilizados extensivamente em ataduras, enxertos
vasculares e malhas para hérnias.
Estes têxteis podem se dividir em duas categorias:
produtos para uma só utilização, geralmente compostos por
não tecidos e produtos manufaturados por tecidos ou
malhas. Os primeiros são utilizados em produtos
higiênicos, tais como fraldas para incontinências,
absorventes, toalhas sanitárias e etc. Os segundos são
empregados em produtos de proteção, tais como uniformes,
aventais de cirurgiões e ajudantes, em dispositivos
24 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
externos, tais como ataduras, faixas elásticas, meias
contra varizes ou para produzir uma maior oxigenação
nos pés e nas pernas de forma que diminua a fadiga
destas áreas nas competições esportivas e aumente a
capacidade aeróbica diminuindo as pulsações, etc..
Também são usados em implantes, tais como enxertos
vasculares, ligamentos artificiais, suturas e etc., e em
dispositivos extracorpóreos, tais como fígados artifi-
ciais, pulmões artificiais, rins artificiais e etc..
Independente de tais categorias, um tecido para usos
médicos deve satisfazer as seguintes exigências:
Propriedades de isolamento: A equipe médica deve ter a
segurança de que o tecido a proteja contra elementos
patogênicos do sangue. Para isso, o método de controle
utilizado é o AATCC (TM) 127.
Transpirabilidade: Deve ser alcançado um equilíbrio
entre as propriedades isolamento e as propriedades de
permeabilidade ao ar. Para isso, além do método
anteriormente proposto, também deve ser utilizado o
método de controle da permeabilidade ao ar ASTM D
737.
Durabilidade: A eliminação de fibras pela abrasão dos
tecidos empregados nos pacientes e nos enfermeiros
é um aspecto que também deve ser levado em
consideração. Para avaliá-lo se utiliza o método Galbo
Flex Testing ISO 9073-10 ou o método Martindale
Modificado, similar ao ASTM D 4966.
Fibras empregadas nos têxteis para usos médicos
Existe uma ampla gama de fibras empregadas, tais
como as fibras naturais de algodão, lã e seda, as
manufaturadas como os diferentes tipos de viscose e as
sintéticas tais como poliamida 6 e 6.6 (PA), poliéster
(PET), polipropileno (PP), entre as mais utilizadas, cujas
propriedades são conhecidas. Neste trabalho serão
mencionadas duas fibras com características especiais, a
Tecnologia Têxteis Medicinais
Holofiber e a Evolon, também aplicadas recentemente no
campo médico.
A Holofiber (HF) é uma fibra produzida pela
Holofiber Enterprises, pendente de patente, e que foi
considerada pela citada firma com a “primeira fibra têxtil
com resposta ao corpo”. Quando as peças confeccionadas
com esta fibra são colocadas sobre a pele humana ou
próximo a ela, a fibra HF responde ao espectro visível e
invisível da luz e a energia produzida pelo corpo,
convertendo a luz e a energia corporal em uma energia de
uma determinada longitude de onda. Estas energias, que
com outras fibras não seriam utilizáveis, são aproveitadas
pelo corpo ao ser empregada a fibra HF. Isso dá lugar a um
melhoramento da circulação sanguínea e de sua
oxigenação, cerca de 25% segundo foi constatado durante
dois ou mais anos nos hospitais dos Estados Unidos,
melhorando a resistência física e diminuindo o tempo de
recuperação. A utilização correta da fibra HF é especi-
almente benéfica para os diabéticos com problemas de
circulação em diferentes partes do corpo, mediante o uso
das peças adequadas, em pernas, pés ou mãos. Esta fibra
também foi ensaiada em competições atléticas e de golfe,
tendo sido comprovado um melhoramento do rendimento
do usuário e uma recuperação mais rápida do esforço
efetuado (4).
A fibra Evolon (EV) é uma microfibra bicomponente
formada por PET/PA 6.6 com uma relação de peso de 65/35.
A maior proporção de PET é devida a seu menor preço com
relação à fibra de PA 6.6. Os não tecidos de EV podem
ajustar suas propriedades hidrofóbicas dependendo das
aplicações a que são destinados. A fim de dotar o não tecido
de propriedades hidrofóbicas duráveis, no caso do poliés-
ter adiciona-se um agente hidrofílico; sem a adição do
agente hidrofílico a fibra EV é ligeiramente hidrófoba,
devido principalmente a fibra de PA 6.6. Um acabamento
úmido sobre úmido do não tecido, depois de sua fabricação,
25Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
é o melhor método para obter um elevado grau de
hidrofobicidade. O conforto destes tecidos tem sido
avaliado medindo diferentes parâmetros no German
Hohenstein Textile Research Institute e no Institute
Textile de France, tendo-se obtido, na maioria das
amostras, um valor de 1 o que é equivalente a um
conforto muito bom.
Ainda que as primeiras linhas de aplicação da fibra
EV tenham sido no campo desportivo, uniformes para
trabalhadores, forros para calçados, substratos para
acolchoados ou componentes interiores para automó-
veis, as futuras linhas de aplicação serão para a
fabricação de artigos para a higiene e para o setor médi-
co. Neste setor não são requeridas aplicações de grande
durabilidade posto que elas são para um único uso e
normalmente não requerem grande quantidade de
matéria. Os primeiros projetos foram:
Um imobilizador para ombros, nas cores branco e
bege, para substituir imobilizadores rígidos, não
maleáveis, com peso de 100 g/m , por um fabricado com
EV entre 80-100 g/m . Este mesmo substrato pode ser
empregado como compressa para feridas.
Tipóias suaves, extensíveis e parcialmente elásticas,
que devido à elevada resistência da fibra de EV, permite
que o peso do tecido empregado seja reduzido em cerca
de 35%. Também podemos utilizar este substrato em
compressas para feridas.
Tecido de peso muito leve, empregado na fabricação
de fraldas para crianças, fraldas para a incontinência de
adultos e em lençóis, cujo peso varia entre 10 e 20 g/m .
Batas e aventais para cirurgiões e ajudantes em salas
cirúrgicas, com peso entre 30 e 45 g/m .
Existem outros ensaios para a aplicação desta fibra
em outros tecidos de pouco peso. Para maiores detalhes,
o leitor deverá consultar a referência correspondente (5).
Produtos higiênicos absorventes (6, 7, 8, 9, 10, 11)
Sua maior aplicação é na incontinência de crianças e
adultos, para evitar a irritação da pele e as úlceras
produzidas pelas enzimas existentes nas fezes e na urina.
Estes produtos são do tipo não tecidos e são constituídos de
várias camadas, que em alguns casos estão recobertas por
tecidos de gaze para evitar que em sua fricção com o corpo
se prejudique sua estrutura. Mesmo assim, a superfície
destes dispositivos deve ser o mais lisa possível para evitar
a irritação da pele dos pacientes e aumentar seu conforto. A
capacidade de retenção dos fluidos por estes dispositivos é
obtida mediante a utilização de produtos superabsor-
ventes (6).
Tecnicamente, o composto mais importante para a
obtenção dos superabsorventes é o ácido acrílico. Seu
monômero pode ser polimerizado com compostos seme-
lhantes à triarilamina. A copolimerização permite o
recobrimento das fibras celulósicas tais como a viscose
e o liocell. Tais produtos são utilizados na fabricação de
lençóis, toalhas e outros produtos higiênicos. Para ambos os
campos de aplicações os não tecidos volumosos
apresentam um melhoramento funcional, ver Figura 1
(6).
Para aplicação de métodos compostos podem ser
produzidos produtos multicapas, nos quais várias capas
cumprem diferentes funções. As monocapas têm sido
26 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
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Figura 1. Esquema de um não tecido modificado, com misturas de malha de fibras para dispositivos de incontinência.
obtidas através de várias técnicas, tais como união por
colagem ou mediante punção com agulhas. A reunião das
monocapas é realizada mediante o uso de várias malhas
ou pelo procedimento de capas compostas (Kunit KSB).
Pequenas almofadas umedecidas constituídas por não
tecidos volumosos foram fabricadas e utilizadas com
êxito para úlceras crônicas e feridas intensas (6). Tam-
bém foram utilizados tecidos pouco batidos, fabricados
com fibras de alginato e que são muito absorventes
para o suor do corpo e facilitam a cura rápida de feridas,
se bem que, considerando-se o ponto de vista econômico
seja melhor utilizar os não tecidos (7).
Uma empresa francesa desenvolveu sapatos espe-
ciais mediante uma membrana absorvente, para a cura de
feridas nas plantas dos pés, muito difíceis de curar no
caso de diabéticos, que absorve a umidade dos pés e
elimina a elevação da temperatura durante a caminhada
(8). A empresa Autralian Wool Innovation Limited
lançou um programa para estudar a aplicação da lã
merino sob a forma de não tecidos, por suas propriedades
absorventes e as de captar as toxinas, seja para a
manufatura de pequenas almofadas que evitem a erosão
da pele no leito dos pacientes idosos ou como ataduras
que permitam cura mais rápida das feridas (9).
A empresa suíça Greuter-Jersey AG desenvolveu
tecidos para a estabilização da temperatura do corpo
mediante microencapsulamento da técnica “outlast”,
incorporando loções, vitaminas e desodorantes que são
ativados pela fricção do corpo do paciente; estes produtos
têm vários nomes comerciais, tais como: SeaCell,
SeaCell Active, Bamboo, Aloevera e Vitalfresh. Tal
empresa emprega as fibras de bambu, que são muito
absorventes, para estimular a circulação do sangue e
neutralizar o odor do corpo (10). Outra aplicação dos
tecidos absorventes é o seu emprego para a higiene dos
pacientes nos hospitais e clínicas, consistindo em teci-
dos multicapas impregnados com um detergente que em
contato com a umidade forma uma solução gelatinosa que
não goteja e com a qual o paciente é limpo no próprio leito
hospitalar, sem necessidade de uso de água.
Matrix Collagen Sponge, produzida por High Beam
Research, é um produto absorvente para o tratamento das
feridas que supuram fortemente, efetuando um controle e
minimizando o sangramento; estes tipos de feridas incluem
úlceras, úlceras venosas, úlceras de diabéticos e queima-
duras parciais. A mesma empresa produz o Matrix Collagen
Film, uma membrana fina e densa que é utilizada como capa
primária ou secundária para o tratamento das feridas
crônicas ou agudas (11).
Tecidos separados para a prevenção de feridas crô-
nicas (6)
O princípio básico destes tecidos é a combinação de
capas têxteis distanciadas e interconectadas por fios.
Estes tecidos são empregados no tratamento dos edemas
linfáticos das pernas. No edema linfático primário a pres-
são microlinfática é, em média, entre 7,9 a 15 mm Hg.,
com o que se alcança a faixa da pressão intersticial, a qual
não permite o fluxo linfático. Mecanismos análogos são
produzidos no edema linfático secundário, por exemplo
em combinação com uma insuficiência venosa crônica ou
depois da secção de um bulbo linfático. Os tratamentos
físicos mediante massagem linfática e especialmente as
ataduras compressivas são os mais eficazes conhecidos
até hoje para este tipo de ferida. O resultado do tratamento
com ataduras compressivas de tecidos abertos tem se
mostrado tão eficaz quanto aqueles obtidos com as atadu-
ras usuais, mas muito mais confortável para o paciente, já
que somente necessita uma camada de atadura. O maior
conforto é devido a que o microclima criado pela atadura
de tecido aberto evita o suor e o sobreaquecimento da per-
na. O mesmo princípio pode ser usado para a fabricação de
28 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
lençóis, sapatos, tecidos para mesa de cirurgias e
assentos de cadeiras de rodas.
Passemos agora a descrição dos tipos de fibras
empregadas e a estrutura dos tecidos abertos ou
separados. Os tipos de fibras utilizadas são: algodão,
viscose, Poliamida 6, Poliamida 6.6 e Poliéster. Algumas
das propriedades das fibras empregadas estão indicadas
na Tabela 1, abaixo.
Ainda que os monofilamentos de poliéster produzam
uma marcada resistência à pressão dos tecidos de capas,
não são aconselháveis para aumentar o transporte dos
fluídos, pelo que são empregados fios compostos de
fibras cortadas previamente e fixados em temperatura
elevada. Mediante a otimização dos materiais e a
tecnologia, o transporte dos fluídos é possível. A
combinação das fibras sintéticas e as celulósicas e
diferentes densidades foram utilizadas para assegurar o
transporte adequado de fluídos, tal como mostra a Figura
2. Tal como indicado anteriormente, um aspecto impor-
tante é o microclima criado pelos tecidos separados, que
dependem do tipo de material empregado, o ângulo dos
filamentos de interconexão e da densidade destes.
Têxteis para suturas
Recentemente foi desenvolvido um novo tipo de sutura
que se fixa por si mesma sem necessidade de efetuar nós
(12). O desenho desta nova sutura implica na introdução de
arestas bidirecionais em um monofilamento, mediante a
30 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Conteúdo de água %
Fibra Tipo de fibra
Densidade g/cm3
Elasticidade % seca/úmida
Resistência elétrica específica /cm Ù
Ponto de fusão ºC
Absorção de água (%/massa)
Poliamida 6Poliamida 6,6PoliésterViscoseAlgodão
FilamentosFilamentosFilamentosFilamentosFilamentos
1.141.141..36-1.411.521.5.2-1.55
20-45/105-12520-40/105-12520-30/100-10510-30/100-13020-50/100-120
10 - 1010 - 1010 - 1010 - 10Baixa
9 11
9 11
11 14
6 7
215-220255-260250-260175-190Desde 180
a
a
3.5-4.53.5-4.50.2-0.512-147-18
10-1510-153-585-12042-53
a Decomposição
Figura 2. Tecidos separados. Dois tecidos são interconectados por fios
de poliéster para o transporte do líquido e do calor.
a)Microscopia de varredura de um tecido separado mostrando os filamentos de poliéster
que interconectam as duas superfícies do tecido.
C)Representação esquemática.
B)Detalhes da construção dos filamentos.
especialmente vantajoso em incisões longas. Quando se
produz o inchaço, nas suturas normais existe a tendência
ao deslizamento dos tecidos para igualar as tensões, o
que permite que o centro da sutura se dilate produzindo
uma hérnia, uma cicatriz antiestética e algumas vezes
uma rachadura na pele. Dado que as suturas bidirecionais
resistem à migração, se comportam como uma sutura
contínua sem interrupção.
Execução mais rápida da sutura pela eliminação do
nó, qualidade muito valorizada pelos cirurgiões,
sobretudo em lugares onde a acessibilidade é difícil.
Com relação às suturas com monofilamentos ou
multifilamentos convencionais, também foram conse-
guidos avanços relativos aos materiais utilizados. Em
alguns casos, a investigação foi dirigida para técnica
menos agressivas aplicadas na endoscopia e na
laparoscopia. Muitos fatores devem ser considerados
quando se desenha um novo tipo de sutura, tais como
segurança do nó, facilidade de manipulação escolhendo
o denier apropriado, estiragem mínima do tecido, ótima
biocompatibilidade para evitar inflamações e resposta
imune. Também foram comparados os materiais de
sutura não absorvíveis, tais como os fios de aço
inoxidável, nylon e poliéster com os absorvíveis, tais
como poliglicol ácido/básico e carbonato de trimetileno
(13). As características de um monofilamento e um
multifilamento podem ser resumidas na tabela abai-
xo.
Em outros estudos foi investigado o que sucede aos
multifilamentos de suturas absorvíveis quando sub-
metidos a tratamento de irradiação em baixas tempe-
utilização de micromáquinas que produzem as arestas ao
redor da circunferência da fibra em uma variedade de
configurações. As arestas são colocadas em posição
helicoidal e são divididas em dois grupos de longitude
variável, uma em frente da outra e em direções opostas a
partir do ponto central da sutura, como visto na Figura 3.
O diâmetro de 0,23 mm demonstrou, até hoje, uma
aplicação muito ampla. A disposição das arestas e suas
características podem variar segundo o desenho, material
empregado na sutura e o tamanho.
Um primeiro protótipo que se mostrou efetivo em um
grande número de aplicações tinha as seguintes
características:
Fabricado com polidioxano (PDO), tamanho (0,45
mm de diâmetro) do monofilamento.
18 cm de longitude, contendo no centro um segmento
de arestas bidirecionais de 7,6 cm, com um total de 78
arestas, em posição oposta a partir do ponto médio da
sutura.
Secções de 5 cm sem arestas, em cada extremo da
sutura.
Agulhas retas ou curvas podem ser colocadas no final
destas secções, dependendo da técnica empregada na
sutura.
Os benefícios e vantagens deste tipo de suturas são os
seguintes:
Eliminação dos nós com o que se reduz o tempo em
aprender a fazer os nós.
Rapidez na cura por aumentar o fluxo do sangue na
ferida e redução das marcas na pele.
Melhor união dos tecidos durante a sutura. Isto é
Figura 3. Ampliação de uma sutura de arestas em seu ponto central.
31Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Monofilamento Liso Fácil de passar e sem rasgar o tecido ao ser feito o nó.Não prejudicial à passagem dos fluidos.
Multifilamento Suave ao toque e boa caída Boa segurança do nó e alto rendimento às tensões Flexibilidade de desenho
álcalis;
(b) estabilidade química contra ácidos fortes, álcalis e
oxidantes;
(c) estabilidade térmica;
(d) não ter influência prejudicial no processo de fiação
e nas propriedades da fibra;
(e) capacidade migratória a partir do interior da fibra
para sua superfície (6).
Vários são os produtos que podem ser empregados
nestes tratamentos e para sermos breves mencionaremos
somente alguns deles.
Os produtos orgânicos do flúor, bem como polímeros
compostos por unidades de hidrocarbonetos fluorados e
unidades livres de flúor unidas a outros polímeros idên-
ticos por grupos perfluorinados; estes também podem atuar
como polímeros bifuncionais que podem ser polime-
rizados e copolimerizados mediante grupos insaturados.
Estes compostos, além de ter as propriedades antibacte-
rianas e antifungos também possuem propriedades repe-
lentes às manchas, possuindo uma elevada durabilidade
frente às lavagens.
Recentemente foi desenvolvida a combinação dos
polímeros de flúor com os siloxanos para melhorar a
repelência às manchas (6).
Por outra parte, são bem conhecidas as propriedades
antibacterianas dos pequenos íons de prata, cobre, zinco e
compostos de amônio quaternário. Deste modo, os íons de
prata são aplicados para a impregnação das bandagens para
as feridas infeccionadas ou com alto risco de infecção (6).
A Figura 5 mostra a forma de atuação dos íons de prata
sobre as bactérias na fibra Trevira Bioativa (15).
raturas (-78ºC) e depois de uma degradação por hidrólise
em uma solução com pH constante, verificando-se que
nestes casos os multifilamentos mostram o surgimento
de fendas ao redor de toda sua circunferência, tal como se
vê na Figura 4 (14).
Têxteis antibacterianos
O controle do crescimento das bactérias e dos fungos
é um aspecto fundamental para evitar infecções nas
feridas. Dado que as matérias têxteis são portadoras de
bactérias e fungos, torna-se necessário submetê-las a um
tratamento que além de eliminar estes parasitas conferem
propriedades antibacterianas e antifungos. Isto pode ser
conseguido através de dois procedimentos:
(a) mediante aplicação de um acabamento com
produtos antibacterianos e antifungos, e
(B) por enxerto de agentes antibacterianos e
antifungos sobre a cadeia celulósica do algodão ou da
viscose.
Os critérios mais importantes para a seleção de
aditivos são:
(a) baixíssima solubilidade em água, ácidos e
Figura 4. Multifilamento de Dexon com fendas
Figura 5. Trevira Bioativa contra as bactérias
Íons de prata inofensivos sobresuporte de cerâmica
Célula fisiológica danificada, processo enzimático prejudicado- bactérias mortas
Bactéria Bactéria morta
COMO FUNCIONA A TREVIRA BIOATIVA
32 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Outra técnica é o uso de agentes antibacterianos no
processo de fiação das fibras manufaturadas tais
como a viscose e as fibras de modal. Estes agentes são
misturados às fibras e depois da fiação se obtém uma
distribuição muito uniforme em toda a mistura. A
natureza hidrofílica da fibra permite a difusão do
agente na superfície da fibra (6).
O chitosan (composto polissacarídeo com grupos
amino) e sua fonte natural o “chitin”, são polímeros
naturais que são obtidos dos insetos, crustáceos e
também de alguns fungos, são biodegradáveis e
altamente biocompatíveis, possuindo atividade antimi-
crobiana e antifungos. Os produtos baseados em
chitosan, além de outras aplicações no campo têxtil,
foram empregados com êxito em feridas produzidas
pelo fogo e em feridas crônicas tais como úlceras nas
pernas. As fibras do chitosan ou fibras celulósicas
cobertas com chitosan agüentam a coagulação do
sangue (6). O mecanismo de atuação do chitosan é o
seguinte: dado que o chitosan é uma amina polimérica, é
carregado positivamente em estado úmido e como as
bactérias possuem uma carga negativa, ficam aderidas
à fibra de chitosan e então, se produz uma explosão da
parede celular das bactérias, com o que estas são
destruídas. Outra possibilidade é o emprego das fibras de
alginato (composto polissacarídeo com grupos carbo-
xílicos) que têm propriedades antimicrobianas/anti-
fungos, as quais em forma líquida são empregadas para
impregnar as ataduras das feridas. Os íons de cálcio do
alginato são intercambiados com os íons de sódio dos
fluidos que são segregados pelas feridas e as fibras
insolúveis se transformam em solúveis para o alginato de
sódio, absorvendo os fluidos das feridas e inchando, com
o que os espaços entre as fibras se fecham e qualquer
bactéria existente nos fluidos da ferida fica presa na
atadura. A capacidade antimicrobiana do chitosan e do
alginato é limitada, e por isso ultimamente estão tentando
introduzir íons de prata em sua estrutura para aumentar sua
eficácia (16).
Têxteis de proteção (barreira) (6)
Estes têxteis são necessários em casos de alto risco de
contaminação por materiais infecciosos ou tóxicos. Eles
são amplamente utilizados nos centros cirúrgicos, não só
para proteger o paciente mas, também, para a proteção dos
cirurgiões e auxiliares.
As propriedades básicas destes tecidos são:
Resistência à abrasão.
Resistência à penetração.
Resistência flexível ao rasgamento.
Resistência à punção.
Resistência à permeabilidade de líquidos.
Resistência ao fogo.
Resistência à permeabilidade de partículas.
Resistência ao esgarçamento de costuras.
Conforto no uso.
A ação protetora é obtida desenhando-se tecidos que
resguardem o usuário de finas partículas de pus ou outros
líquidos. Uma qualidade básica destes tecidos é a filtração
de sangue, suor, urina, etc., para o que são utilizados teci-
dos compostos de três camadas, membranas porosas, teci-
do e tecido absorvente. É muito importante assegurar as
costuras, para o que se aconselha que estejam protegidas
pelo próprio tecido ou pela utilização de adesivos de
poliuretano. Foram utilizados adesivos de poliuretano para
outras aplicações médicas tais como, batas cirúrgicas e
coberturas de lençóis e colchões; para estes adesivos é
fundamental sua resistência aos fluidos do corpo, lavagem
e esterilização.
Os materiais que mais protegem são as membranas sem
poros, porém nestes casos é necessário buscar um
equilíbrio entre a proteção e o conforto. Outro problema
34 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
nos centros cirúrgicos é a eliminação das partículas,
especialmente no caso de tecidos reutilizáveis empre-
gados nas cirurgias abdominais. A malha de algodão não é
aconselhável dado que diminui muito a eliminação das
partículas, mesmo depois de repetidas lavagens e ciclos
de desinfecção.
A Universidade do Minho (Portugal), introduziu uma
nova geração de materiais reutilizáveis trilaminados,
utilizando uma membrana com microporos que assegura
um efeito de barreira contra os microorganismos entre as
duas faces da membrana, a qual assegura o conforto do
usuário por sua permeabilidade ao vapor. Tal dispositivo
foi testado em diferentes hospitais portugueses, tendo
sido possível comprovar que depois de 80 ciclos de
lavagem, secagem, desinfecção e esterilização, suas
propriedades de barreira ainda eram bastante boas (18).
Têxteis para o aparelho circulatório
Os enxertos vasculares têm sido realizados por mais
de 40 anos para a reparação de alterações em veias e
artérias do aparelho circulatório. O material predomi-
nante é o poliéster (PET) e o politetrafluoretileno (PTFE).
A pesar do tempo em que se praticam estes enxertos e da
experiência adquirida, os materiais empregados não
deixam de apresentar complicações e novos desafios. Por
isso, todos os materiais empregados devem ser
submetidos a uma série de ensaios com animais e estudos
pré-clínicos e clínicos, antes de serem empregados, já que
sua aceitação é muito complexa quando são avaliados no
contexto do sistema endovascular. Por outra parte, a
tecnologia tem levado ao emprego de produtos mais
delgados sem comprometer a resistência e a durabilidade.
Os enxertos vasculares são empregados no tratamento
dos aneurismas torácicos e abdominais quando estes
apresentam uma patologia não muito agressiva e sem
risco de morte. São utilizados principalmente nos
processos de falsos aneurismas, tromboses, expansão do
aneurisma, dilatação, infecção e migração. As propriedades
que se exigem destes materiais são as seguintes:-
biocompatibilidade, imunogenicidade, trombogene-
ticidade, porosidade/permeabilidade e resistência à ruptura,
existindo as normas AATCC 42, 127, 1670 e 1671, como
métodos de ensaio. As suturas destes enxertos costumam ser
feitas atualmente mediante o emprego de filamentos com
arestas bidirecionais, já citados anteriormente (19).
Atualmente existem alguns programas de investigação
conduzidos por uma parceria entre uma empresa (Tepha
Inc.) e um hospital (Children's Hospital Boston), para criar
novos tecidos cardiovasculares que permitam aos cirurgiões
o uso de células dos próprios pacientes, em combinação com
biomateriais, a fim de obter válvulas do coração, enxertos
vasculares e peças vasculares. Isto é particularmente
importante para evitar as operações à coração aberto que são
praticadas em crianças com idades inferiores aos 15 anos, já
que permitiria substituir os tecidos defeituosos por tecidos
saudáveis que cresceriam com a criança evitando assim,
outras operações posteriores.
O desenvolvimento com êxito desta tecnologia
permitiria eliminar a necessidade que os cirurgiões têm de
cultivar veias dos pacientes adultos para os desvios (ponte
ou by-pass), permitindo obter veias no laboratório a partir
das células do próprio paciente. Os cientistas e os cirurgiões
do Children's Hospital Boston já demonstraram que é
possível fazer crescer uma válvula do coração a partir de
células do paciente e biomateriais, e que esta válvula mostra
ser muito semelhante à válvula natural e que continua
funcionando depois do transplante.
A empresa Tepha Inc. desenvolverá novos biomateriais,
incluindo polímeros flexíveis e absorvíveis inventados pelo
Massachusetts Institute of Technology, que permitem
ajustar as propriedades dos biomateriais às necessidades
especificas de cada caso. Vários professores e doutores de
35Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Dias
36 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
várias universidades americanas e hospitais estão
envolvidos nestes estudos (20).
Dentro dos aspectos dedicados aos têxteis em-
pregados no sistema circulatório, podemos citar a
empresa Inter Vascular Products que produz vários tipos
de enxertos vasculares, tais como, InterGard Silver,
InterGard Heparine, InterGard Woven e InterGard
Ultrathin.
O InterGard Silver é o primeiro, em escala mundial,
usado como enxerto antimicrobiano contendo íons de
prata e desenhado para impedir as infecções do enxerto e
dos tecidos adjacentes, que se produzem no período pós-
operatório agudo, como se mostra na Figura 6 (a).
O InterGard Heparine é uma combinação de
medicamento/dispositivo especificamente desenhado
para melhorar o implante do enxerto, restabelecer o
paciente a longo prazo e incrementar o êxito do
implante, Figura 6 (b).
O InterGard Woven utiliza um filamento de baixa
torção recoberto de colágeno, que produz um enxerto de
tecido sem manipulação, cuja sutura tem uma
excepcional resistência Figura 6 (c).
O InterGard Ultrathin é um enxerto vascular
inovador, desenhado para incrementar o êxito dos
métodos de pontes periféricas; este enxerto de 0,35 mm
de espessura, composto de poliéster recoberto de
colágeno é, segundo a produtora, o mais fino existente
atualmente no mercado, Figura 6 (d) (21).
Figura 6. Diferentes enxertos vasculares da empresa Inter Vascular Products
Figura 7. Malha para o tratamento da congestão do coração
Tecnologia Têxteis Medicinais
A mesma empresa oferece uma série de produtos para
“emplastros” vasculares sob as denominações Hema-
Carotic, HemaCarotic Ultrathin, HemaCarotic Heparin
Ultrathin, HemaKnitted/Woven e HemaSilver Ultrathin,
cujas características podem ser encontradas pelo leitor na
referência (21).
A empresa Acorn Cardiovascular Inc. oferece uma malha
para o tratamento da congestão do coração. Estes suportes
cardiovasculares devem se adaptar às formas do órgão,
apresentar boa resistência das suturas, fortes, delicados,
apresentarem resistência ao rasgo e ao desfiamento, porosos
e bioestáveis, Figura 7 (22).
A empresa Cardial, parte integrante do grupo C. R. Bard,
um dos líderes europeus na manufatura de produtos
baseados em têxteis para implantes vasculares, desenvolve
substratos têxteis obtidos mediante tecido de malha e tecido
plano. Estas próteses são fabricadas com fios de poliéster
(Dacron) e politetrafluoretileno (PTFE). Segundo sua
experiência o tecido confere mais estabilidade à prótese do
que a malha. A manufatura de um tecido de veludo reduz a
quantidade de ligamentos, o que facilita e melhora a
incorporação da prótese, oferece mais flexibilidade à
mesma e facilita a sutura. Alternativamente, a malha evita o
desfiamento, a anastomose e a rigidez. Os implantes
38 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
cirúrgicos de tecido de malha produzem uma resistência
à sua introdução com aumento de sua estabilidade e
resistência à dilatação (23).
Utilização dos têxteis para substituir órgãos e em
engenharia de tecidos
As tranças são utilizadas, com resultados melho-
res do que com tecidos planos ou de malha, para formar
estruturas compostas por impregnação em resinas, por
diferentes procedimentos, a fim de fixar de uma forma
muito permanente a torção dos fios, sua resistência e
força ao impacto de tal estrutura. Porém, estas estruturas
em forma de tranças apresentam pouca resistência à
compressão axial na direção do fio (24).
As tranças tubulares planas são utilizadas como
próteses nos implantes de substituição de articulações
danificadas, tais como a articulação do joelho. No futuro,
este tipo de estrutura lubrificada poderá ter aplicação na
substituição de outros tipos de tendões (25).
Enxertos de artérias foram desenvolvidos utili-
zando-se malhas de poliéster ou de politetrafluoretileno.
Elas são utilizadas em uma faixa de diâmetro de 4 a
13 mm e em um comprimento entre 20 a 900 mm. O
maior problema que apresentam os enxertos arteriais,
assim como qualquer enxerto vascular, é a indução do
tecido pela superfície do enxerto. Para evitar, de certo
modo, este problema, o enxerto é recoberto com o
próprio sangue do paciente antes da implantação a fim de
reduzir a filtração através da estrutura da malha. Este
recobrimento prévio se mostrou eficaz para retardar ou
evitar a trombose. Mesmo assim, estão sendo feitas
investigações com resultados prometedores utilizando a
combinação das substâncias hirudina e a trombomo-
dulina sobre a superfície da trança recoberta com
albumina. Até o presente não existe nenhum sistema que
possa ser considerado satisfatório (26).
Tecnologia Têxteis Medicinais
As malhas de poliéster são empregadas nas operações
de hérnia para assegurar sua durabilidade. Entre outros
materiais, também são utilizadas malhas têxteis feitas de
polímeros reabsorvíveis biologicamente, tais como os de
ácido poliglicólico e seus derivados com ácido láctico ou de
polímeros não reabsorvíveis, tais como os de poliéster,
nylon, polipropileno e carbono (27). Os requisitos
fundamentais exigidos de todas estas malhas são a
biocompatibilidade e a estabilidade. Estudos efetuados
“in vitro” sobre pequenos leitões sugerem que as malhas
de poliéster tratadas com flúor apresentam vantagens
sobre as de polipropileno, devido a sua maior resistência
mecânica e favorecer uma cura mais rápida (28). Os
filamentos de poliglactina adicionados às malhas de
polipropileno reduzem o número de macrófagos e
granulócitos como causas de inflamações agudas. A reação
da cicatriz se limita à região periférica ao corte. A parede
abdominal tratada permanece sem alterações. O reco-
brimento da malha de polipropileno com poliglactina
favorece o desenvolvimento de uma cápsula de tecido
conjuntivo (conectivo) ao redor da malha, o qual parece
impedir sua incorporação (29).
A engenharia de tecidos persegue a criação de
substitutos funcionais para os tecidos deteriorados
mediante a combinação dos princípios da engenharia com
os da ciência da vida. Diferentes soluções são investigadas
para obter a pele artificial. Uma destas investigações é
composta de uma matriz de tecido ou de um não tecido,
por exemplo de poliuretano, que lhe confere integridade e
resistência, na qual foram cultivadas colônias de ceratinó-
citos, que facilitam a regeneração das células. Tanto o
tamanho dos poros do têxtil como seu peso molecular são
importantes para obter um bom resultado. O têxtil é
colocado em cima da ferida com a face que contenhas os
ceratinócitos em contato com a pele; quando a pele esti-
ver totalmente curada, o enxerto de poliuretano se
39Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
desprende (4, 30).
Os têxteis são empregados como suportes biode-
gradáveis na engenharia de tecidos. Os componentes
celulares geram novos tecidos mediante a produção de
matrizes extracelulares, enquanto que o material de
suporte fornece integridade estrutural e estabilidade. A
estrutura do suporte e sua porosidade são elementos
chave que governarão a formação do novo tecido e a
subseqüente neovascularização em vivo. É necessário
uma biocompatibilidade entre o tecido de sustentação
(suporte), o têxtil implantado, e o tecido que ele suporta
(31).
Foram desenvolvidos suportes compostos com-
binando superestruturas têxteis e glicopolímeros
biomiméticos para a engenharia de tecidos organotípicos
do fígado “in vitro”. Tecidos de polietileno tereftalato
(PET) foram recobertos de um lado com uma película
fina de um polímero biodegradável do [ácido D,L-lático-
coglicólico] (PALG) a fim de obter uma estrutura polar.
A estrutura composta assegura a estabilidade da
membrana durante a degradação da membrana do
polímero (32, 33).
Os têxteis apresentam duas classes de porosidade
que podem ser controladas seletivamente: poros entre
os filamentos dos fios e poros entre os fios. A natureza do
processo têxtil permite obter uma elevada periodicidade
em ambas as porosidades. Os tecidos espaçados em
capas são utilizados como suportes de células huma-
nas e de roedores, tais como ceratinócitos e hepatócitos
(6).
A tecnologia do bordado, por outra parte, permite
controlar o material, a porosidade e as propriedades
mecânicas de uma geometria têxtil dada em determi-
nados locais específicos sem nenhuma periodicidade
(9).
Outros usos externos dos têxteis em medicina
Tal como seu nome indica, nos referimos aqui às diferentes
utilizações dos têxteis no setor médico.
Gazes, ataduras e faixas:
As gazes são os têxteis de pouca densidade de
ligamento, fabricadas de algodão muito hidrófilo; são
esterilizadas e são colocadas como primeiro recobrimento
das feridas externas, antes de colocar as ataduras. As
ataduras têm por objetivo isolar feridas externas do meio
ambiente a fim de evitar infecções.
Quando não têm que exercer nenhuma pressão,
costumam ser usadas aquelas fabricadas de algodão e
completamente esterilizadas; a densidade de seus
ligamentos é variada e depende do tipo de aplicação ao qual
são destinadas.
Quando a atadura deve efetuar uma determinada
pressão localizada, por exemplo em uma articulação de
tornozelo, são usadas as fabricadas de algodão e elastano e,
em geral, a densidade de seus ligamentos é elevada, sendo
necessário que durante sua aplicação a pressão exercida
seja bastante equilibrada em toda a zona de aplicação. Estas
ataduras elásticas são usadas como um tratamento muito
efetivo nas úlceras venosas das pernas.
As faixas têm por objetivo exercer uma pressão mais
elevada do que as ataduras compressivas naquelas partes do
corpo que, sem a ocorrência de feridas, é necessária uma
determinada compressão. No geral, são fabricadas com
uma mistura de algodão, poliéster e elastano e com uma
elevada densidade de ligamento.
Existem vários tipos segundo o lugar do corpo onde
devam ser aplicadas: parte superior do braço, articulação
do tornozelo/pé, joelho, metatarso do pé, abdômen/lombar,
etc., tal como estamos demonstrando nas figuras 8 (34).
Nos casos de que devam corrigir desvios da coluna
vertebral elas possuem reforços metálicos que as torna
mais rígidas, se bem que são mais incômodas de usar.
Quanto aos colchões e sobretudo quando os pacientes
devem permanecer algum tempo acamados e sem
movimentos, o cuidado deve ser no sentido de evitar a
formação de chagas na parte posterior do corpo, o que á
mais acentuado nas pessoas de idade avançada e que, por
outra parte, podem apresentar problemas de incontinência.
A empresa Vertex S. A. da França, se especializou na
fabricação de colchões transpiráveis, resistentes ao fogo e
aptos para a incontinência, a Figura 10 mostra um desses
colchões (36).
Filtros para transfusões:
Artigos têxteis são empregados em medicina para
assegurar a qualidade do sangue empregado nas
transfusões. Estes tecidos são fabricados com PA 6.6, PET,
PTFE e PP. Os tamanhos dos poros variam segundo o tipo
de aplicação. Assim, para transfusões normais de sangue
nas quais se deseja uma velocidade rápida de transfusão,
são empregados filtros com um tamanho de poro entre 150
mm e 250 mm para que os agregados do sangue não possam
se introduzir no sistema venoso do paciente que recebe a
transfusão, ver Figura 11.
40 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Têxteis para as camas hospitalares:
É preciso distinguir dois tipos: os empregados para
cobrir o paciente e os que se propõem a recobrir os
colchões.
Os primeiros podem apresentar duas modalidades:
os lençóis de algodão ou algodão e poliéster e as
coberturas bacteriostáticas compostas de três camadas
de tecido, a exterior de poliamida, a do meio de manta de
poliéster colada termicamente e a inferior de
poliuretano. Este tipo de cobertura permite uma
descontaminação rápida com produtos idôneos, uma
proteção do paciente contra o clima, uma ausência de
fibras livres e um bom conforto devido a uma cobertura
ligeiramente quente, como se vê na Figura 9 (35).
Tecnologia Têxteis Medicinais
Figura 8. Diferentes tipos de faixas compressivas
Figura 9. Cobertura bacteriostática da empresa Sporabloc
Figura 11. Equipamento para transfusões com filtro de tecido 150-250 m
Figura 10. Colchões para pacientes com incontinência (36)
m
42 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Têxteis Medicinais
Nas operações de coração são empregados siste-
mas extracorpóreos complexos de filtros para evitar
que uma partícula de ar possa produzir uma micro
embolia; para as diferentes etapas da filtração são
utilizados filtros entre 20 m e 200 m. Também são
empregados filtros têxteis em outro tipo de aplicações,
tais como a filtração do sangue para sua introdução nas
bolsas de transfusão, nos recipientes térmicos cardía-
cos, oxigenadores com tamanho de poro entre 150 m
e 200 m e filtros para artérias com um tamanho de poro
de 40 m, Figura 12 (37).
Uma aplicação relativamente nova é o emprego de
tecido de monofilamentos como material de suporte
para o cultivo das células. Para isso é requerida uma
modificação da superfície do tecido que permita o
cultivo não aderente como também o aderente das
células sobre a superfície do tecido, ver Figura 13
(37).
m m
m
m
m
Figura 12. Filtro para transfusões arteriais comfiltro de tecido de 40 m
Figura 14. Ortopedia para imobilizar (a) ou para articulação controlada do joelho (b).
Figura 13. Cultivo de células mãe sobre tecido de monofilamento.
m
Têxteis ortopédicos:
Desde alguns anos são empregados diferentes tipos de
tecidos para fixar as posições de alguns órgãos durante um
determinado período de tempo ou permanentemente, tal
como são empregados na fixação ou na articulação dos
joelhos, Figura 14 (38).
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2 - www.textileword.com/News.html?CD=2936@ID=9005
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Tecnologia Estamparia
Análise da fixação do corante de urucum na estamparia de substratos de algodão
RESUMO
A utilização de corantes naturais é uma tendência
que vem ganhando espaço na indústria têxtil. No
presente trabalho será avaliado a fixação do corante de
urucum em substratos de algodão, através de testes de
solidez à lavagem, quando utilizado para estampar estes
substratos. Os ensaios realizados em substratos de
algodão basearam-se em resultados satisfatórios
obtidos para o poliéster e foram submetidos a diferentes
processos de fixação do corante. Em seguida,
realizaram-se testes de solidez à lavagem, no qual as
amostras foram costuradas a tecidos testemunhos e
aplicadas em um banho padronizado. Os resultados
observados demonstram que a interação existente entre
as fibras de algodão e o corante de urucum é muito
pequena.
INTRODUÇÃO
A indústria têxtil atravessa um momento histórico de
recuperação depois de passar por uma grande crise no fim
da década de noventa (Teixeira, 2003). Investimentos em
novas tecnologias trazem um fator positivo à economia
nacional, uma vez que a cadeia têxtil representa grande
importância neste setor. Estudos recentes sobre o uso de
corantes naturais em processos têxteis comprovam a
forte tendência da indústria têxtil em novas tecnologias.
Como existe o risco de certos corantes sintéticos
poderem ter efeitos cancerígenos, os corantes naturais
Autores:Schmitt, F.1, Souza, A. A. U.2*, Souza, S. M. A. G. U.31 – Aluna EQA/UFSC, 2 e 3 – Professores e Orientadores EQA/UFSC
*Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, UFSCRevisão Técnica: Wagner Mota
têm sido uma opção de substituição aos sintéticos, com a
vantagem de não serem prejudiciais à saúde e, ainda, de
serem biodegradáveis, não causando danos ao meio-
ambiente (Guarantini; Zanoni, 2000). O urucum figura
como uma das principais fontes de corantes naturais
utilizados mundialmente. Suas sementes são cobertas por
uma resina vermelha que contém como pigmento principal
o carotenóide Belina (Prestam; Richard, 1980). Este
corante possui grande aplicação na indústria de alimentos e
em outros ramos industriais, como a indústria têxtil, que
também começa a fazer uso de suas propriedades tintoriais.
Estampar, como colocam Araújo e Castro (1984), é uma
das mais exigentes técnicas têxteis, e também a que mais se
aproxima da arte.
Atualmente, a estamparia é um setor da indústria têxtil
que está em crescente progresso, onde investimentos em
novas e modernas tecnologias são freqüentes e baseados na
otimização do processo.
O presente trabalho tem como objetivo, avaliar a
fixação do corante de urucum em substratos têxteis,
determinando a solidez à lavagem dos substratos sob
diferentes condições de estampagem.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pasta de estampar empregada no processo foi
desenvolvida especialmente para ser utilizada com o
corante de urucum em solução. Para os ensaios com
poliéster, foi utilizado tecido plano, 100% PES e para os
44 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
ensaios com algodão, utilizou-se tecido plano felpudo,
100% CO.
Procedimento experimental
Obtenção do extrato de urucum: O corante utilizado
no processo de estampagem foi extraído das sementes
de urucum conforme Oliveira (2005). A Figura 1
apresenta as estruturas moleculares da Belina e de seu
derivado amoniacal.
A análise espectrofotométrica UV visível da Belina
foi realizada com base no método da hidrólise alcalina,
segundo Kato et al. (1992). Por se tratar de uma solução
de bixato de amônio, e não Belina, seguiu-se a
metodologia estudada por Oliveira (2005) para, no
momento da análise, converter o bixato de amônio em
Belina, a qual utiliza ácido acético para a conversão e
um valor de conversão baseado na relação dos pesos
moleculares das duas espécies.
Preparação da pasta de estampar: A emulsificação do
extrato de urucum deuse pela mistura, até completa
homogeneização, da pasta de estampar com a solução
alcoólica amoniacal. Para todos os ensaios, foram
utilizadas proporções de 2 e 6% de extrato seco da
solução em peso de pasta.
Tecnologia Estamparia
Ensaios de estampagem: No ensaio com o substrato de
poliéster, foi feita uma estampagem em quadro plano e
posterior termofixação a 190°C durante um minuto e meio.
No algodão foram realizados cinco ensaios de estampagem,
todos em quadro plano, e uma posterior termofixação: no
primeiro ensaio, a termofixação deu-se a 190°C durante um
minuto e meio; no segundo e terceiro, foi feita uma
vaporização, durante dez minutos, sendo que no terceiro,
primeiramente, adicionou-se uréia à pasta de estampar; nos
quarto e quinto ensaios, a termofixação deu-se a 160ºC
durante três minutos, sendo no quinto ensaio, primei-
ramente, adicionado uréia à pasta.
Testes de solidez à lavagem: Após o processo de
estampagem, os substratos foram submetidos a um teste de
solidez à lavagem, no qual foram costurados a tecidos
testemunhos, formando um “sanduíche”, e aplicados em um
banho contendo 5g/L de detergente padrão e 2g/L de
carbonato de sódio comercial, com uma relação de banho de
1g de material para 50mL de banho previamente preparado,
a 60°C, durante 45 minutos. Em seguida, retirou-se a
amostra, sem enxágüe e secou-se em secadora caseira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obtenção do extrato de urucum.
O extrato de urucum obtido conforme procedimento
descrito apresentou uma concentração de 23,05% de Belina.
Como o enfoque do trabalho não é a obtenção de um extrato
com alto teor de pureza, o percentual de Belina encontrado é
considerado suficiente para a realização dos ensaios de
estampagem.
Ensaios de estampagem e testes de solidez à lavagem.
Os resultados numéricos dos testes de solidez à lavagem
das amostras estampadas foram avaliados, tanto para a
transferência da cor (solidez) como para a alteração da cor
(degradação), conforme escalas padronizadas, como
mostram as Tabelas 1 e 2 respectivamente.
46 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Figura 1. Estrutura molecular da Belina e de seu derivado amoniacal
Bixina
Bixato de Amônio
HO
NH O
O
O
O
O
O
O
CH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
CH
3
3
4
3
3
3
3
3
3
3
3
+ -
De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, a
qual explicita os resultados numéricos de solidez à
lavagem para cada ensaio de estampagem realizado,
pode-se observar que para o substrato de poliéster, os
resultados mostraram, quanto à transferência da cor,
valores entre leve e pouca transferência, e quanto à
alteração da cor, os valores obtidos foram de alteração
Negligenciavel. Já os substratos de algodão, apresenta-
ram resultados semelhantes, mesmo sendo submetidos a
diferentes processos de termofixação.
Os valores encontrados para a transferência da cor
ficaram entre pouca e considerável transferência. Quanto
à alteração da cor, somente as amostras termofixadas a
190°C apresentaram valores entre pouca e considerável
alteração e as demais, ficaram entre considerável e muita
alteração.
Tecnologia Estamparia
Com os resultados do teste de solidez à lavagem pode-se
verificar visualmente, o desbotamento das amostras
estampadas, bem como a migração do corante para os
tecidos testemunhos. Para o substrato de poliéster, estes
resultados podem ser vistos na Tabela 4.
Observa-se a correspondência entre os resultados
numéricos e visuais. O poliéster apresenta resultados
satisfatórios perante as exigências da indústria. Portanto, a
metodologia utilizada para a estampagem de poliéster
mostrou-se adequada, apresentando boa interação do
corante com a fibra. Já o 1° ensaio realizado com o algodão,
que foi feito a partir da metodologia utilizada para o
poliéster, não apresentou resultados tão positivos, como
mostra a Tabela 5.
Percebe-se uma degradação e migração da cor bem
maior que para o poliéster. E ainda, visualmente, observa-se
que o corante não está totalmente impregnado na fibra
(baixa penetração do corante na fibra). Para o 2° e 3° ensaios
48 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tabela 1. Grau de transferência da cor
Tabela 2. Grau de alteração da corTabela 4. Resultados visuais do substrato de
poliéster termofixado a 190°C.
Tabela 5. Resultados visuais do substrato de algodão termofixado a 190°C.
Tabela 3. Resultados numéricos dos testes de solidez à lavagem
Índice Significado5 Negligenciável ou não se transfere
4 Transfere levemente
3 Transfere um pouco
2 Transfere consideravelmente
1 Transfere muito
Índice Significado5 Negligenciavel ou não se transfere
4 Altera-se levemente
3 Altera-se um pouco
2 Altera-se consideravelmente
1 Muito alterado
2 ENSAIO
1 ENSAIO
3 ENSAIO
4 ENSAIO
5 ENSAIO
½½
½½
½½
½½
2/32
2/32
2/32
2/32
32/3
32/3
2%6%
2%6%
2%6%
2%6%
2%6%
Substrato de poliéster
Substrato de Algodão
Concentraçãoextrato seco
Solidez(migração)
Degradação(alteração)
2%6%
43
4/54/5
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
com algodão, o processo utilizado para a fixação do
corante foi o mesmo para ambos, a vaporização, sendo a
única diferença entre eles, a adição de uréia à pasta de
estampar. Os resultados destes ensaios são apresentados
nas Tabelas 6 e 7 respectivamente.
Os resultados numéricos destes ensaios foram muito
semelhantes, porém através da visualização das
amostras, observa-se que o terceiro ensaio, ao qual foi
adicionado uréia, exibe uma impregnação do corante
ligeiramente melhor. Quanto ao 4° e 5° ensaios com
algodão, não apresentaram diferenças entre si
numericamente e nem visualmente, como pode ser visto
nas Tabelas 8 e 9 respectivamente.
A adição de uréia ao quinto ensaio, não modificou os
resultados em relação ao quarto ensaio. Nota-se, para todos
os ensaios, que em maiores concentrações de extrato, a
migração do corante para os testemunhos é maior,
enquanto a degradação é a mesma para diferentes
concentrações.
CONCLUSÃO
Através dos experimentos realizados, pôde-se observar
que o método utilizando o extrato de urucum em solução
apresenta bons resultados para o substrato de poliéster,
demonstrando uma boa fixação do corante e resistência à
lavagem.
Para os substratos de algodão, não se obteve resultados
tão satisfatórios mediante as exigências industriais, isto
pode estar relacionado à viscosidade da pasta, ou mesmo, a
pouca interação entre o corante e a fibra. Como a pasta foi
preparada especialmente para ser utilizada com o extrato
de urucum, acredita-se que estes resultados estão mais
intimamente relacionados a pouca interação entre o
corante e a fibra de algodão.
Porém pôde-se perceber que a vaporização apresentou-
-se como o melhor método de fixação do corante, dentre os
métodos utilizados e que a utilização de uréia, como
agente umectante, foi importante para uma melhor
impregnação do corante à fibra de algodão. Isso porque
durante a vaporização, o vapor condensado foi atraído
Tabela 9. Resultados visuais do substrato de algodão termofixado a 160°C e com uréia
Tabela 6. Resultados visuais do substrato de algodão vaporizado
Tabela 8. Resultados visuais do substrato de algodão termofixado a 160°C
Tabela 7. Resultados visuais do substrato de algodão vaporizado e com uréia
Tecnologia Estamparia
50 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
Substrato de Poliéster
Concentração
2% de extrato
6% de extrato
Branco Estampado Após solidez Testemunhode algodão
pela uréia “molhando” a fibra. A adição de uréia à pasta,
seguida de termofixação, não apresentou nenhuma
melhora em relação ao ensaio sem uréia, visto que não
havia vapor para que a uréia pudesse atuar na impreg-
nação do corante.
A dificuldade em conhecer os mecanismos de
fixação do corante de urucum, se age como um
pigmento ou não, no processo de estamparia, torna-se
um empecilho para a escolha de um processo de fixação
de corante adequado para o algodão.
Observou-se ainda, para todos os ensaios, que em
maiores concentrações de extrato, houve uma maior
transferência da cor. Isso significa que uma quantidade
de corante ficou retida na fibra e o que ultrapassou essa
quantidade foi eliminado, ou seja, existe uma
concentração máxima de corante que fica retido na
fibra.
NOMENCLATURA
NOME SIGNIFICADO
PES Poliéster
CO Algodão
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têxtil. v. 2. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
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chemistry of annatto”. Food Chemistry, Inglaterra; v. 5, p. 47-56,
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TEIXEIRA, J. “Cadeia volta a ter superávit”. Química e
Derivados; n.412, fev. 2003.
AGRADECIMENTOS
Ao programa PIBIC/CNPq/UFSC pela concessão de
bolsa de iniciação científica, à FINEP/ Projeto
PROTEXTIL e às empresas HERING, KARSTEN e
MARISOL.
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52 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
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^
Tecnologia Meio Ambiente
Tingimento de tecidos de algodão com soluções de corantes reativos tratados com cinza de casca de arroz
RESUMO
A introdução dos primeiros corantes reativos para
celulose deu-se em 1956 e constituiu um progresso
revolucionário na tecnologia dos corantes. Estes são
extensivamente usados nas indústrias têxteis, e os
efluentes provenientes dos processos de tingimentos
antes de serem tratados apresentam um resíduo
destes compostos. A eliminação desses produtos tóxi-
cos é um dos mais importantes assuntos em termos de
controle ambiental. Uma das grandes dificuldades
encontradas pelas indústrias têxteis está centrada no
problema ambiental, principalmente no controle e
remoção dos corantes residuais em efluentes visando sua
reutilização. Este estudo tem como objetivo principal
avaliar a reutilização, em tingimentos de artigos de
algodão, das soluções dos corantes reativos: procion
crimson H-EXL (não tem C.I.), procion marinho H-EXL
(não tem C.I.), e procion amarelo H-EXL (não tem C.I.),
tratadas com cinzas de casca de arroz. As medidas
para determinação da eficiência do tratamento foram
realizadas em espectrofotômetro UV-Visível Shimadzu -
1601 PC. Para avaliação dos parâmetros tintoriais K/S e
DE foram realizadas análises no espectrofotômetro de
remissão Optronik GmbH Berlin (Mathis). Este
método apresentou resultados favoráveis para o reuso de
solução de corantes tratadas, pois não interferiu na
qualidade do tingimento, onde valores de D E
ficaram entre 0,24 - 1,05, obtendo-se também uma
economia de H2O, em alguns casos de até 100%.
1. INTRODUÇÃO
O meio ambiente e a qualidade de vida têm sido assuntos
freqüentes nos nossos dias, principalmente em função da
freqüência com que episódios de contaminação
ambiental são verificados.
Dentro deste contexto, a proteção dos recursos
hídricos se apresenta especialmente importante, não
apenas em razão da essencialidade da água, mas
também em função dos notórios problemas de
gerenciamento e uso. A indústria têxtil consome
quantidade considerável de água durante os processos de
tingimento e acabamento. O maior problema destes está
relacionado aos corantes, que em grande parte mostram-
se resistentes ao tratamento biológico convencional.
Desta forma o tratamento de efluentes têxteis é de
grande interesse do ponto de vista ambiental, devido ao
grande volume gerado e sua composição (KUNZ, 2002).
Existem muitos estudos sendo desenvolvidos
empregando processos de adsorção, que envolvem a
transferência de massa de uma fase líquida para a superfície
de um sólido, podendo ser aplicado com grande eficiência e
economia no tratamento de efluentes têxteis. É necessário,
portanto, a busca de materiais de baixo custo para ser
utilizado industrialmente como adsorvente (SOARES,
1998). As tentativas de uso de resíduos de casca de
arroz e cinzas enfrentam constantemente dificuldades
devido a propriedades inerentes, tais como dureza,
Autores: Luana Marcele Chiarello, Ana Maria Blosfeld, Rafael Faria Giovanella, Ivonete Oliveira Barcellos.
Universidade Regional de Blumenau FURB Revisão Técnica: Humberto Sabino
54 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
fibrosidade, natureza abrasiva, baixo valor nutritivo,
difícil degradabilidade, grande volume e alto teor
residual. Porém, pesquisas com base nestes resíduos
comprovam a viabilidade de sua utilização em várias
áreas, inclusive para adsorção de soluções de
corantes.
Considerando que toda casca de arroz disponível,
somente no Estado de SC for queimada para geração de
energia, a produção resultante (em termos de cinza pura)
será de aproximadamente 209 mil toneladas ao ano.
Se essa cinza for descartada no meio ambiente,
provocará poluição, pois a cinza gerada na combus-
tão apresenta uma quantidade de carbono residual e
minerais, que seria um grave poluente para o solo,
enquanto que o seu aproveitamento adequado
resultará em beneficio ao processo de conservação
ambiental. A adsorção de corante é altamente
dependente da concentração, e para as misturas esta
capacidade de adsorção é reduzida.
Gomes e colaboradores (2007) estudaram a
adsorção de três corantes ácidos: Acid Red 97, Acid
Orange 61, Acid Brown 425, com carvão ativado para
a remoção do corante ácido de soluções aquosas à
temperatura ambiente (25 C). A adsorção de cada coran-
te no que diz respeito ao tempo de contato foi medida
para fornecer informações sobre as características de
adsorção do carvão ativado. A isoterma de adsorção
foi melhor adequada segundo o modelo de
Freundlich. Os resultados indicam que o carvão
ativado pode ser empregado para a remoção de
corantes ácidos de águas residuais tanto em soluções
individuais quanto em misturas de corantes desta classe
(tricromia).
No tratamento de cinco tipos diferentes de soluções
de corantes diretos (Direct Red 75, Direct Red 80,
Direct Red 81, Direct Yellow e Direct Yellow 27) foi
utilizado membranas nanofiltração-compositos de polia-
mida (NF-PA), para obter as informações básicas com
respeito a possibilidade de reuso de efluentes dessa classe
de corante em tingimentos.
A separação dos corantes pela membrana (NF-PA)
mostrou-se um bom processo para efetiva remoção de
corantes de águas residuais de tingimento. Também foram
preparados efluentes sintéticos com corante Direct Red
75 usando como eletrólitos NaCl e Na2SO4, bem como
coagulantes no final do processo, e os resultados de
eficiência (retenção) foram considerados bons. A
separação dos corantes das soluções, ou seja a
eficiência, foi acima de 90% para todos os corantes
testados, produzindo água incolor na maioria dos casos
(MO, 2008).
Em um outro estudo, realizado por Andrzejewska e
colaboradores (2007), foi empregado um precipitante
comercial altamente dispersado, Syloid 244, para remoção
do corante Reactive Blue 19. Os parâmetros considerados
para estudos foram: tamanho e distribuição das
partículas, polidispersividade, tendência para formar
aglomerados primários e secundários, bem como a
morfologia da superfície das partículas. Primeiramente
foi feita uma modificação superficial na sílica com
amino-silano.
Um reator, contendo um efluente têxtil com
concentração de corante conhecida, foi carregado com
várias quantidades de sílica (1, 2, 3 e 4 g), a mistura foi
agitada por 30 minutos à temperatura ambiente e a solução
resultante foi filtrada a vácuo. Os melhores resultados
foram obtidos com sílica 5% modificada. Quando a sílica
não-modificada foi usada para a adsorção, a extensão de
remoção de corante da solução foi baixa e nunca excedeu
4%. Os resultados indicam que a sílica aminosilano-
modificada pode vir a ser usada como um adsorvente
seletivo na purificação de efluentes têxteis. Sua aplicação
Tecnologia Meio Ambiente
56 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
58 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Meio Ambiente
mostrou uma remoção altamente eficiente das soluções
de corante (na maioria dos casos superior a 90% e em
alguns atingiu até 100%.) Muito dos estudos
envolvendo processos oxidativos avançados também
vem sendo bastante explorado com a finalidade de
degradação de corante de soluções aquosas. Onde
pode ser citado um trabalho sobre a decomposição
fotocatalítica de um corante sintético, amarelo ácido 17,
por UV/TiO2 variando-se parâmetros como: pH da
solução, concentração inicial da solução de corante, taxa
de vazão do efluente. Para a preparação da fotocatálise
o método de decomposição química por vapor
(CVD) foi usado.
O valor mais baixo de TOC (carbônico orgânico
total) obtido foi de 8.2% em pH 11 e o mais elevado foi
47.2% em pH 7, isto sugere que o mecanismo de
degradação fotocatalítica pode ser diferente
dependendo dos valores de pH. Conclui-se que para
obter máxima decomposição do corante e elevada taxa
de mineralização, baixos valores de pH e alta
intensidade da luz são requeridos. Também foram
detectados se observa que cloretos e sulfatos na
decomposição do corante, enquanto que amônia e
nitrato não foram (LIU, 2006).
Em outro estudo usando a reutilização de H2O pós
tratamento por ozonização, foi avaliado DQO, TOC e
a potencialidade de repetidas reutilizações de
banhos de corantes reativos (Reactive Red 20, Reactive
Yellow 84 e Reactive Blue 5) descolorido.
Conclui-se que a ozonização foi eficiente na
descoloração dos efluentes de banhos de tingimentos
por esgotamentos convencionais com estes corantes
reativos. Todas as experiências de tratamento foram
realizadas na temperatura ambiente entre 28 C e 30 C.
Como a redução do DQO (demanda química de
oxigênio) durante os primeiro 5 minutos não foram
significativos, as amostras foram novamente submetidas
a ozonização em diferentes tempos de contato (10, 15, 20,
25, 30, 35 e 40 minutos). As melhores descolorações foram
conseguidas após o ozonização por 20 e 40 minutos em um
consumo do ozônio de 65,8 e 76.5 mg/L para corantes
amarelo e azul respectivamente.
A redução da DQO atingiu 51% para o corante azul
e 48% para o corante amarelo, enquanto que a eficiência
na redução do TOC foi de 51 e 42%, para ambos os
corantes respectivamente. A qualidade do tingimento
não foi afetada ao se reutilizar a solução descolorida em
dois ciclos sucessivos (SUNDRARAJAN, 2007). De
acordo com Gutiérrez e colaboradores (2007), o problema
da eliminação dos corantes se acentua por sua baixa fixação
na fibra. Para realizar este estudo, os autores selecionaram
corantes reativos com diferentes grupos cromóforos e
diferentes grupos reativos.
Foi realizado um tratamento eletroquímico empregando
uma célula não divida ECO 75 (Elchem, Alemanha),
onde os eletrodos são feitos de titânio ativado
principalmente com óxido de platina.
As melhores descolorações foram obtidas aplicando
uma taxa de vazão lenta da solução a ser tratada nas
células com uma diferença de potencial elevada. Com
relação a reutilização das águas residuais dos banhos de
lavagem do tingimentos, os valores obtidos de DE
(diferença de cor) foram muito baixos em todos os casos
(DEmédio=0,3), isto com tingimentos realizados com água
do primeiro banho de lavagem descolorido. Nas
reutilizações restantes o DE aumentou, alcançando
valores que não podem ser aceitáveis na indústria,
partindo de DE=1,8 na primeira reutilização, e chegando a
DE=3,08 para a décima reutilização. Para a diminuição do
DE com água reutilizada do 10º ciclo, foram
adicionados diferente incrementos de corante ao banho de
tingimento com reuso de água e pode-se comprovar que
onda de máxima absorção de cada corante (amarelo:
procion amarelo H-EXL m=416nm, vermelho: procion
crimson H-EXL m=546 nm e azul: procion marinho H-
EXL m=606,5 nm) através da técnica de espectrofotômetria
UV-visível (Shimadzu - 1601 PC).
Eficiência (%) = Absi Absf X 100
Absi
2.2 Tingimento de tecidos de algodão
As soluções descoloridas foram usadas no tingimento,
por esgotamento em uma relação de 1:10, em tecidos de
malha de algodão (100%) pré-alvejado, empregando-se 3
corantes reativos: amarelo (procion amarelo H-EXL), azul
(procion marinho H-EXL) e vermelho (procion crimson H-
EXL). Todos os ensaios foram realizados em triplicata.
O tingimento teve duração de aproximadamente 1 hora e
5 minutos, variando neste tempo a temperatura de 25 a 80 C,
em máquina Tubotest Kimak em escala laboratorial, de
acordo com a Figura 1.
Após o processo de tingimento dá-se início ao processo
de lavagem, neste caso com mesma relação de banho do
tingimento, de acordo com esquema da Figura 2.
(Equação 1)
adicionando de 30% a mais de corante foi possível
reduzir o DE para 0,7.
2. METODOLOGIA
2.1 Tratamentos das soluções de corante
Para a realização deste estudo houve a
necessidade de dividir o trabalho em etapas, sendo
que a primeira parte foi realizada pelos alunos de
iniciação científica Carla Trentini e Rafael Faria
Giovanella em um estudo cinético de adsorção em cinza
de casca de arroz. Então nesta etapa, foram tratadas
soluções de corantes em triplicata com adsorvente
natural de cinzas de casca de arroz em concen-
trações e condições de tratamento fixadas (agitação,
temperatura, tempo, concentração de corante e de
adsorvente) e que ao longo da pesquisa foram sendo
otimizadas. As soluções de corante reativos: Procion
amarelo H-EXL (solução A e A1), Procion marinho H-
EXL (solução B, B1, B2 e B3) e Procion crimson H-EXL
(solução C) foram submetidas a diferentes condições,
mantendo constante somente a granulometria da
cinza de casca de arroz (296-119 m) e agitação do
shaker tipo pendular (130rpm), conforme Tabela 1.
As avaliações das eficiências, segundo a Equação 1,
dos tratamentos foram realizadas após medidas das
absorbâncias iniciais (Absi) e no tempo finito
(absorbância constante - Absf) nos comprimentos de
60 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Meio Ambiente
Tabela 1. Condições de tratamento das soluções de corantes reativos com cinza de casca de arroz.
Figura 1. Etapas do processo de tingimento de tecidos de malha de algodão com corante procion.
Figura 2. Etapas de lavagens realizadas após o processo de tingimento.
Fonte: Adaptado de TRENTINI e GIOVANELLA.
Solução de corante A A1 B B1 B2 B3 C
Temperatura ( C) 40,0 40,0 40,0 40,0 50,0 40,0 40,0
[corante] (g/L)0,2 0,02 0,02 0,008 0,002 0,001 0,0015
[adsorvente] (g/L) 15,0 20,0 20,0 8,0 3,0 3,0 3,0
Tempo em Shaker (horas)
120 148 72 48 146 24 48
CoranteUmectanteSal
10’ Barrilha 30’
15’ 80 C Soltar
10’
25 C
Enxágüe Neutralização Enxágüe Ensaboamento com 1 g/L Enxágüe Enxágüea frio com CH3COOH a quente Solpon Bx concentrado a quente a frio 10’ 10’ 10’ 60 – 70 C até fervura 60 – 70 C
ì
ë
ë
ë
2.3 Determinação da porcentagem de esgotamento
A partir das medidas de absorbância de alíquotas dos
banhos no início e no final do tingimento, realizadas em
espectrofotômetro UV-visível Shimadzu - 1601 PC foi
possível determinar a porcentagem do esgotamento dos
tingimentos.
2.4 Determinação do K/S e DE
Com os tecidos tintos e secos a temperatura
ambiente, foram realizados análises no espectrofotôme-
tro de remissão (Mathis), e assim foi determinada a
intensidade colorística (K/S), Equação 2, e a diferença
de cor (DE) entre a amostra e o padrão (H2O destilada),
Equação 3.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1) Tratamentos das Soluções de Corante
Para o monitoramento do decaimento da cor, foram
realizadas leituras das absorbâncias em espectrofotô-
metro UV-visível Shimadzu - 1601 PC, conforme
mostra os espectros obtidos na Figura 3, obteve-se um
elevado decaimento da cor após o tratamento (Figura
4).
K/S = (1 - R) 2R
2
E = ( H) + ( C) + ( L)2 2 2
Onde:K = medida para absorção da luz pelo coranteS = medida de difusão da luz pelo substratoR = valor de remissão
(Equação 2)
(Equação 3)
Onde:H = desvio de tonalidade de corC = desvio de pureza de cor L = desvio de luminosidade de cor
3,002,502,001,501,000,500,00
A]
bsor
bânc
ia [
-
400 500 600 700 800
comprimento de onda (nm) Sol. A antessol. A depois
Figura 3. Espectro de absorbâncias em função do comprimento de onda para soluções de
corante A (amarelo), B (azul) e C (vermelho) antes e depois do tratamento com o adsorvente.
Figura 4. Imagens das soluções de corante antes (a) e pós (b) tratamento (cinza de casca de arroz).
1,401,201,000,800,600,400,200,00
Abs
orân
ci[-
]b
a
400 500 600 700 800
comprimento de onda (nm) Sol. A antessol. A depois
Solução A
Solução B
0,500,400,300,200,100,00
A]
bsor
bânc
ia [
-
400 500 600 700 800
comprimento de onda (nm) Sol. A antessol. A depois
Solução C
Fonte: Adaptado de TRENTINI, C. e GIOVANELLA, R.
Fonte: Adaptado de TRENTINI, C. e GIOVANELLA, R.
62 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Meio Ambiente
ções de corantes para uma melhor reprodutibilidade da cor.
Por exemplo, com a solução A1 realizou-se uma bicromia
com 80% de corante reativo amarelo e 20% de corante
reativo vermelho. E com a solução B1 realizou-se uma
tricromia com 40% de corante amarelo e 30% de corante
azul e vermelho reativo. Na Tabela 2 estão apresentados os
resultados das porcentagens de esgotamento dos tingi-
mentos realizados.
Observa-se na Tabela 2 que as porcentagens de
esgotamentos das amostras permaneceram próximo aos
valores obtidos para o padrão (100% H2O destilada) mesmo
na tricromia e na bicromia, sendo para todas as amostras a
diferença foi inferior a 4,0% com exceção da solução A1
(50% diluída) tinta com corante amarelo, que apresentou
24,1% de esgotamento a menos quando comparada ao
padrão.
Os resultados obtidos em termos de parâmetros tinto-
riais (K/S e DE) estão apresentados na Tabela 3. Para
diminuir a diferença de cor (DE) entre o padrão e as
amostras tintas com H2O reciclada foi necessário realizar
algumas diluições, mesmo havendo elevada descoloração
no tratamento com adsorvente de cinza de casca de arroz.
Analisando os dados da Tabela 3, pode-se observar que na
maioria dos ensaios testados, os valores de DE estão dentro
64 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Meio Ambiente
Para a determinação da eficiência é necessário fazer-
se uma leitura logo no início do tratamento e uma última
leitura em tempo finito (valor constante de absorbância).
Os resultados das eficiências dos tratamentos variaram
entre 87,0 e 98,5%, em um período de 24 a 148 horas
como mostra a Figura 5, estes valores foram obtidos a
partir dos tratamentos dos dados, segundo a Equação 1.
Comparando os dados de eficiência da Figura 4,
pode-se notar que os valores obtidos neste estudo
apresentaram um comportamento semelhante aos
obtidos por Mo e colaboradores (2008), cujas eficiências
foram superiores a 90% para tratamento de soluções de
corantes diretos empregando membranas nanofiltração -
compósitos de poliamida (NF-PA) em um período de
aproximadamente 70 horas.
3.2) Reutilização das Soluções Tratadas
A porcentagem de esgotamento dos tingimentos
empregando soluções tratadas A, A1, B, B1, B2, B3 e C
(conforme Tabela 1) e em alguns casos diluídas com
diferentes proporções de H2O destilada (0 a 60%) para
reutilização, foram determinadas a partir de leituras de
absorbância em espectrofotômetro Shimadzu UV - 1061
PC.
Nos tingimentos realizados empregando as soluções
tratadas de corantes foram testadas diversas combina-
fici
ên(%
)E
cia
Soluções de corantes
100806040200
A A1 B B1 B2 B3 C
Figura 5. Gráfico das porcentagens de eficiência das diferentes soluções de corantes reativos
após o tratamento com adsorvente.Tabela 2. Esgotamento dos banhos de tingimento
das amostras tingidas com soluções tratadas.
Solução tratadade coranteABBBBBBA1A1A1B1B1B2B3C
AmostrasTingidas
AzulAzulAzulAzul
VermelhoVermelhoVermelhoAmareloAmareloBicromiaAmareloTricromiaAmarelo
AzulVermelho
DiluiçãoH2O(%)
2710204010203040506050200200
EsgotamentoPadrão (%)
93,993,993,993,985,285,285,262,362,392,292,882,670,092,582,6
EsgotamentoAmostra (%)
93,993,293,395,981,185,286,750,538,291,892,482,567,794,581,7
Tecnologia Meio Ambiente
dos valores aceitáveis nos processos industriais, ou seja, inferiores a 1,1.
Tabela 3. Intensidade colorística (K/S) e diferença de cor (DE) para tingimentos comágua destilada e com soluções de corantes tratadas.
Solução tratadade coranteABBBBBBA1A1A1B1B1B2B3C
AmostrasTingidas
AzulAzulAzulAzul
VermelhoVermelhoVermelhoAmareloAmareloBicromiaAmareloTricromiaAmarelo
AzulVermelho
DiluiçãoH2O (%)
2710204010203040506050200200
5,2777
7,87,87,86,26,24,34,93,65,96,66,4
4,76,46,77,27,57,77,36,46,44,35,03,55,86,76,0
0,360,690,241,151,140,611,040,691,060,711,021,061,190,781,05
0,145
0,530
0,530
0,530
0,382
0,382
0,382
0,291
0,291
1,224
0,231
0,025
0,542
0,323
0,453
0,119
0,089
0,016
0,074
0,174
0,874
0,576
0,073
0,513
0,132
0,078
0,339
0,333
0,103
0,472
0,309
0,215
0,727
0,372
0,070
0,127
0,622
0,645
0,291
0,072
0,459
0,084
0,107
0,643
0,350
K/S padrão
K/S amostra DE
d-p d-pd-p
* d-p = desvio padrão.
66 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tecnologia Meio Ambiente
Apesar de ter sido testado o reuso da solução de
corante tratada em apenas um ciclo de reutilização
observou-se que não houve interferência nos resultados
do tingimento. Onde ocorreu uma diferença mínima em
comparação ao padrão, para o K/S de 0,6 unidades e para
DE, os valores foram inferiores a 1,19. Entretanto, para
avaliar mais efetivamente a viabilidade do método, o
número de ciclos de reutilização deve ser comprovado.
Também a natureza da adsorção, ou seja, se é física ou
química, pois quando se trata de uma adsorção física a
possibilidade de reutilização do adsorvente é bastante
provável e estudos de isotermas de adsorção poderão
comprovar.
São considerados valores excelentes para reproduti-
bilidade dos tingimentos as amostras empregando a
solução A de corante amarelo reativo tingido com
corante azul, e a solução B de corante azul reativo B
tingida com o mesmo corante azul, onde os valores de
DE foram de 0,36 e 0,24 respectivamente.
Comparando-se com a literatura as diferenças de
cores (DE) obtidas no estudo de reutilização de águas
residuais (banhos de lavagem) com corantes reativos
descoloridas mediante um tratamento eletroquímico
realizado por Gutiérrez e colaboradores, variaram entre
1,08 e 3,08.
Para conseguir valores baixos de DE (0,7) na
reutilização em números maiores de ciclos os autores
aumentaram sigficativamente a intensidade da cor, pois
adicionaram 30% a mais de corante no banho de
tingimento com água tratada. Uma vez que os resultados
da reutilização do efluente tratado com o adsorvente
natural de cinza de casca de arroz ficaram entre 0,24 e
1,19, empregando-se apenas 1% de corante nos
tingimentos com água reutilizada este método parece
ser promissor.
4. CONCLUSÕES
O tratamento das soluções dos corantes reativos pelo
método de adsorção com cinza de casca de arroz mostrou
eficiência pela capacidade de remoção da cor ser superior a
87% em um tempo que variou de 24 a 148 horas,
dependendo das condições experimentais do tratamento. Os
resultados de reutilização foram muito bons para diluições
com 20% de água destilada obtendo-se um DE=0,24, o
que gera uma economia de 80% com o reuso da água. Este
método apresentou resultados favoráveis para o reuso de
solução de corantes tratadas, pois a economia de água e
pode chegar em alguns casos até 100%.
Constatou-se nos resultados uma pequena diferença em
relação a K/S (0,6 unidades) nos tecidos tintos comparados
ao padrão. Já com relação ao DE a maioria dos ensaios
realizados encontram-se dentro dos limites aceitáveis
(0,24-1,05) para processos industriais (DE<1,1), depen-
dendo da diluição das soluções tratadas, para reuso.
A vantagem deste adsorvente é que existe em
abundância como resíduo das indústrias de beneficiamento
de arroz, e dar um destino para este resíduo também é
contribuição para o impacto ambiental. Entretanto, a
viabilidade deste pode-se tornar interessante se for possível
o reuso deste adsorvente pós tratamento.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MO, J. H. , et al; Treatment of dye aqueous solutions using nanofiltration polyamide composite membranes for dye wastewater reuse, Dyes and Pigments, 76, 429-434, 2008.
GUTIERREZ, M. C., et al; Reutilização de águas residuais descoloridas mediante um tratamento eletroquímico, Química Têxtil, 87, 39-50, 2007.
ANDRZEJEWSKA, A., et al; Treatment of textile dye wastewater using modified, Dyes and Pigments, 75 116-124, 2007.
SUNDRARAJAN, M., VISHNU, G., JOSEPH, K., Ozonation of light-shaded exhausted reactive dye bath for reuse, Dyes and Pigments, 75, 273-278, 2007.
GOMES, V., LARRECHI, M. S., CALLAO, M. P., Kinetic and adsorption study of acid dye removal using activated carbon, Chemosphere, 69, 1151-1158, 2007
LIU, C., et al; Photodegradation treatment of azo dye wastewater by UV/TiO2 process, Dyes and Pigments, 68, 191-195, 2006.
KUNZ, A., et al; Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis, Química, Nova, 25, 2002.
SOARES, J. L., Remoção de corantes têxteis por adsorção em carvão mineral ativado com alto teor de cinzas, Dissertação (Mestrado Engenharia Química) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.GIOVANELLA, R. F., Remoção da cor de soluções de corantes reativos com cinza de casca de arroz, Relatório final da Iniciação Científica, FURB, 2008.AGRADECIMENTOS
Dystar pela doação dos corantes, Cooperativa Juriti Ltda pela doação das cinzas de casca de arroz., PIPe/Artigo 170, FURB, FAPESC e a aluna Carla Trentini de iniciação científica pelos resultados iniciais de adsorção.
Sr. Gastão L. de Camargo, ex-presidente da
FLAQT, nos fala sobre o próximo Congresso, em
Santiago, em outubro próximo.
QUÍMICA TÊXTIL : Gastão, por favor, esteja
totalmente à vontade para externar suas opiniões e
anseios referentes a esse próximo evento.
GASTÃO : Apaixonado que sou pela profissão e pelo
aprimoramento dos jovens técnicos que estão galgando
postos de mando e responsabilidades decisórias, vejo
nos Congressos da FLAQT uma oportunidade ímpar
para que eles cresçam profissionalmente , assimilando
experiências vividas por colegas de outros países.
Muito importantes, além das palestras em si mesmas,
são as discussões ao término delas e, talvez mais ainda, o
"tête-à-tête" nos corredores, entre as Conferências, em
que colegas de diferentes países trocam soluções,
encontradas por cada um, para o mesmo problema.
QUÍMICA TÊXTIL: E como vai a FLAQT, de um
modo geral?
GASTÃO :- Desde a sua fundação, em 1964, a FLAQT
tem evoluído , sempre para melhor, organizando
Entrevista SPECIALE
Congressos produtivos.
Em 2004, nós da ABQCT,inauguramos um modelo de
um Congresso mais curto, porém mais dinâmico,.
Esse modelo teve segmento em 2006, no Congresso da
Argentina, com muito brilho e sucesso, que esperamos ver
repetidos agora, no Chile.
QUÍMICA TÊXTIL: Como será a Delegação brasilei-
ra?
GASTÃO: Lembro-me da delegação brasileira no
Congresso em Santiago, em 1988. Foi a maior delegação
que já tivemos em Congressos da FLAQT: 135
congressistas e acompanhantes, em grande entrosamento
com os colegas dos países irmãos, numa cordialidade digna
de nota. Espero que agora isso se repita!
QUÍMICA TÊXTIL: Como veterano participante dos
Congressos da FLAQT, qual é sua opinião sobre o que
está se organizando , no Chile, para este próximo XIX
CONGRESSO?
GASTÃO : Não tenho a menor dúvida que os trabalhos
preparatórios estão em ótimas mãos.
Conheço, pessoalmente, a maioria dos colegas
O
OportunidadeGastão L. de Camargo, ex-presidente da FLAQTfala sobre Congresso, oportunidade, globalizaçãoe desafios.
68 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
envolvidos. A competência, o empenho, o profissio-
nalismo e a capacidade de organização dos mesmos são,
por si, já uma garantia de sucesso.
Para falar apenas nos presidentes: a Oriana Donoso
B., Presidenta da Asociación Gremial de Químicos
Coloristas y Textiles de Chile, com a experiência de
uma carreira bem sucedida em várias empresas e o
Manuel Oliveros C., Presidente da FLAQT,um lutador
com experiência em "chão de fábrica" e fabricação de
produtos, estão coordenando os distintos comitês para
que o Programa "ESTRATÉGIAS INNOVADORAS
PARA ENFRENTAR LA GLOBALIZACIÓN" crie
raízes , com proveito para todos os países partici-
pantes.
A globalização traz um difícil desafio. Do grupo
asiático, destaca-se a China: depois do volume enorme
de exportações de têxteis (algumas não muito corretas),
que abalaram a indústria têxtil sul-americana, os
chineses começam, agora, a instalar fábricas de
múltiplos setores, incluindo têxteis, em todo o território
brasileiro.
O Bank Of China terá créditos para financiar
investimentos de empresas chinesas no Brasil, que
podem chegar a 100 bilhões de dólares, para 30 empresas,
até 2010. É de assustar!
Não nos esqueçamos de uma concorrência bem mais
próxima, que é a da América Central, que cada vez mais se
fortalece e exporta seus têxteis também para nós.
No Brasil, acredito, sairão vencedoras as empresas que
investirem pesado em tecnologia e criatividade . Isto inclui,
naturalmente, instalação de maquinário moderno, de maior
eficiência ,além de cérebros ágeis, com excelente bagagem
técnico-científica, para tomar as decisões acertadas.
O amadorismo está definitivamente sem muitas
chances. Os Congressos da FLAQT estão aí para dar sua
ajuda nesse tremendo desafio.
QUÍMICA TÊXTIL : Na sua opinião, o que fazer para
tirar o máximo proveito de um evento como esse?
GASTÃO: Veja: cada empresa tem uma abordagem
própria. Infelizmente, alguns industriais imaginam que
seus técnicos , quando pedem para participar, pela
empresa, estão pensando em fazer turismo ou tirar umas
feriazinhas.
Claro que isso pode acontecer. Porém, pelo que tenho
visto, são exceções raríssimas, que não se pode, em
hipótese alguma, generalizar.
Gastão L. de Camargo,Ex-presidente da FLAQT
No Brasil, acredito, sairão
vencedoras as empresas que
investirem pesado em
tecnologia e criatividade.
69Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
culturas e costumes diferenciados.
Do deserto de Atacama, ao norte ( uma das regiões mais
áridas do mundo), descendo, vamos encontrar zonas
fertilíssimas, com vinhedos e culturas de outras frutas, que
dão um bom peso às exportações chilenas. Sem falar da
região dos lagos e geleiras, ao sul, destino turístico
internacional, o Chile tem paisagens impres-sionantes.
Tendo viajado inúmeras vezes, a serviço, para esse país
irmão, e uma vez com a família, para o XI Congresso da
FLAQT, em 1988 (quando o presidente da entidade era o
mesmo nosso amigo Oliveros, que agora, com ainda maior
experiência, está novamente nesse posto), tive a
oportunidade de conhecer um dos pontos altos do
turismo no Chile. Trata-se da região de Pucón ,
com marcante influência alemã e espanho-
la,onde, num raio de poucos quilômetros, você
pode conhecer o lago de Villarica, vulcões, termas
ao ar livre, rios transparentes onde se pode pescar
trutas e, entre outras atrações, um curioso campo
de golfe na montanha.
As águas frias do Pacífico nos brindam com
peixes e frutos do mar que não temos nas águas
mais quentes do Atlântico. Isso resulta numa
oferta muito rica e variada de ótimos pratos,
regados aos excelentes vinhos chilenos que, hoje,
competem em pé de igualdade com as melhores
produções européias.
Soma-se a tudo isso, a hospitalidade carinhosa
e sincera que o povo chileno dispensa aos
brasileiros que os visitam.
Melhor do que eu, porém, dirão os próprios
chilenos que nos aguardam.
Até lá, companheiros
Se posso dar um conselho, a empresa que possa
mandar dois ou mais técnicos, dê missões específicas
para cada um, direcionadas a diferentes setores e, no
retorno, solicite um relatório completo..
Agora, nos momentos de folga ou, talvez, para uma
estadia mais prolongada, que o congressista aproveite
bem o Chile. É um país maravilhoso. Além do excelente
programa para acompa-nhantes, durante o Congresso,
temos ainda:
Com uma costa longuíssima frente ao Pacífico, suas
treze regiões administrativas exibem paisagens ,
InscriçõesComo fazer para participar: pagamentos, localização, hospedagem e programação.
Inscrições feitas antes de 30/06/08
Membros da FLAQT 190
Não associados 220
Acompanhantes 175
Inscrições feitas após 30/06/08
Membros da FLAQT 210
Não associados 260
Acompanhantes 195
PAGAMENTO:Taxas em US$:
A participação no evento está aberta
para todos os membros da Associação
Latino-Americana Químico Têxtil,
Indústria Têxtil, técnicos e profissionais.
Serão aceitas as incrições apenas com
registro incluindo o pagamento integral.
Diante do disposto, receberão uma
confirmação por escrito.
A taxa de inscrição inclui:
Participação em todas as programações,
documentação do evento, coffee breaks,
coquetel, jantar de encerramento e um
certificado de participação no
congresso.
A taxa de inscrição do com-
panheiro(a) inclui o City Tour, o
Shopping Tour, Tour para Viña del Mar e
Valparaiso e a participação no jantar de
encerramento.
A ficha de inscrição está disponível no site:
www. textillatinoamerica2008.cl
Mais informações através do contato:
Sra. Sônia Torres
Tel. + 56 (2) 2070614
Fax: + 56 (2) 2070616
www.intercontisantiago.cl
E-mail: [email protected]
Localização do evento
HOTEL INTERCONTINENTAL SANTIAGOAv. Vitacura 2885, Las Condes
Tel: (56-2) 394 2000www.intercontisantiago.cl
72 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Para uma empresa ser bem sucedida, ela precisa degrandes profissionais, mas, para se ter um profissional completo, é preciso capacitação.Apostando nos jovens de hoje, o II Prêmio ABQCTde Estímulo ao Estudo deste ano abre espaço para grandes novidades.
Capacitação
" sta foi uma das mais gratificantes realizações desta
gestão. Posso dizer isto em meu nome e de todos os
membros da Diretoria. No início foi bastante difícil até que
formatamos o regulamento do concurso. Mas, o mais
importante foi a compreensão e o apoio das empresas para
concretizar este projeto." Estas são as primeiras palavras
do presidente da ABQCT, Evaldo Turqueti.
Quando se refere ao Prêmio ABQCT de Estímulo ao
Estudo, logo vem à mente de milhares de pessoas um
projeto de grande realização. Dentre as maiores novi-
dades deste ano, são o fato de que a Diretoria vai premiar os
dois primeiros colocados. Eles terão a oportunidade de um
estágio na Espanha, na mesma universidade em que o
vencedor do concurso anterior estagiou. O critério de
premiação também será o mesmo, ou seja, uma prova
realizada na própria universidade do concorrente com
questões enviadas pelas Instituições participantes, porém,
selecionadas pelo professor Valldeperas da UPC.
A ABQCT proporcionará a passagem de Ida e Volta
aos participantes, bem como, alojamento e despesas para as
refeições.
Graças a estes patrocinadores, este ano,
os dois primeiros colocadosserão premiados
E O projeto ainda está aberto para novos patrocinadores e a
Diretoria aposta que não existe desenvolvimento sem
educação. "Acredito ser de fundamental importância o
incentivo, seja de que área for", diz. "Pessoalmente recebi
incentivo para estudar, tanto de meus pais como das empresas
em que trabalhei, e também procurei fazer a minha parte.
Sinto-me satisfeito com o resultado. Entendo que, para uma
empresa patrocinar um concurso como este, pensando
exclusivamente na possibilidade de ter o vencedor como seu
funcionário não é viavel, uma vez que o patrocínio não é
único. Mas a empresa deve ter uma visão global, e saber que
em qualquer dia por razões inesperadas este funcionário
pode ser seu ou ainda, pode atuar em um de seus fornecedores,
o que também se torna um resultado positivo. Cada empresa
tem suas cotas de investimentos, portanto cabe a elas
decidirem onde aplicar, mas é sempre bom pensar em
programas educacionais e motivadores", diz Turqueti.
Neste ano o projeto contou com um aumento no número de
concorrentes, passando de 10 para 14 selecionados no país.
As faculdades que quiserem participar do próximo concurso,
devem ligar para (11)4195.4931 e obter mais informações.
74 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
ELE FOI O MELHOR NO ANO PASSADO
Nome: Vanessa Alves da Silva (22)Goioerê - PR:Universidade Estadual de Maringá
Concorrente
Renato Murilo foi o vencedordo ano passado e cumpriu seu estágio na INTEXTER - Espanha
Qualidades: Dedicada, comunicativa e atenciosaDefeitos: Ansiosa“Acompanhei todo o processo do prêmio anterior, pois um dos concorrentes também era acadêmico da U.E.M.Sempre que posso estou lendo os boletins on-line e as revistas da ABQCT para me manter informada. Apesar de estar passando por uma etapa da minha vida acadêmica bastante atarefada, estarei preparada para a prova. Gostaria de agradecer a iniciativa e oportunidade de participar de tal concurso.”
ConcorrentesII Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo
Renato Murilo Guimarães foi o melhor no I Prêmio,
embarcou em janeiro rumo à Espanha, foi recepcionado
pela Camila Flor, filha do vice-presidente da ABQCT,
Lourival Flor. Fora apresentado a cidade e cumpriu seu
estágio no laboratório de controle da qualidade do
INTEXTER.
Mas cabe-nos lembrar que tudo começou em 2006,
quando a ABQCT lançou o Prêmio ABQCT de
Estímulo ao Estudo, cujo concurso foi aberto às
Universidades, que indicaram seus melhores alunos dos
cursos têxteis para concorrerem a um estágio com
duração de quatro semanas na Universidade de Terrassa,
na Espanha, com todas as despesas pagas. (Custos
referentes a passagem aérea ida/volta, hospedagem,
alimentação e traslado).
Neste ano, a prova também deverá acontecer em
meados de agosto e o formato será o mesmo, cada
estudante fará a prova em sua respectiva instituição de
ensino.
Renato não só levou consigo a lembrança de uma
viagem, como também carregará seus aprendizados
nesta trajetória. “Nunca é demais agradecer mais uma
vez às empresas e pessoas responsáveis que fizeram
deste concurso uma realidade. Podem ter certeza que é
um investimento que, no futuro, terá retorno garantido, pois
é um ciclo que só quem tem a ganhar é o setor têxtil
brasileiro, tanto mediante o estímulo aos estudantes como
para as empresas do setor que terão profissionais muito
mais qualificados.”
Boa sorte aos novos concorrentes!
75Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
ELES SÃO OS MELHORES DO PAÍS
Evaldo TurquetiPresidente da ABQCT
Nome: Elisângela Ferrante (26)Formação: Campinas-SPFaculdade de Tec. de Americana (FATEC)
no
Cnco
rr ete
Nome: João Batista do Nascimento Jr. (24)Sete Lagoas - MGFaculdade Senai-Cetiqt
oC
ncorrente
"Eu acredito que educação gira em torno de estar entusiasmado com algo.
Ver paixão e entusiasmo ajuda a divulgar uma mensagem educacional."
[ Steve Irwin ]
Qualidades: Dedicado, inovador e sei aproveitar as oportunidades.Defeitos: Ser muito auto-crítico“Quero reforçar a importância deste concurso como estímulo aos estudantes das faculdades participantes, fazendo com que os mesmos aumentem seus interesses ao estudo, desde o ingresso na vida acadêmica pensando um dia poder concorrer uma vaga de estágio, tanto no exterior quanto no próprio país nas grandes empresas da área têxtil como forma de reconhecimento pelo seu esforço.”
Qualidades: Persistência e determinação.Defeitos: Detalhista demais, as vezes é um defeito.“Estou preparada para a prova. Este prêmio beneficia alunos,dando-lhes oportunidades únicas. Gostaria de parabenizá-los pela grande idéia e incentivo aos estudos, e tenho certeza de que será uma experiência valiosa para o ganhador desse concurso.”
“Não se trata apenas de premiar um estudante com uma bolsa de estudos no exterior, mas sim, de reconhecer os esforços de todos os estudantes do país. Vale lembrar que o último colocado do concurso está entre os 14 melhores do Brasil", enfatizou o presidente da ABQCT Evaldo Turqueti. Palavras sábias também vieram do Prof. Silvagner Adolpho Veríssimo, quando disse que o estudante tem que realizar o seu papel independente de qualquer tipo de prêmio, porém, quaisquer que sejam os estímulos que venham a maximizar a vontade de aprender cada vez mais são sempre louváveis.
Muitos profissionais foram citados em outras entrevistas, porém, neste momento, gostaríamos de apresentar aos nossos associados, os selecionados ao II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo deste ano.
Obrigado a todos que fazem deste projeto um grande sucesso!
76 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Nome: Wellington Alves Teixeira (21)São Paulo - SPUniversidade de São Paulo
no
Cnco
rr ete
Nome: Maristela Roselli Rosolem (22)
Universidade de São PauloSanto André - SP
oC
ncorrente
Nome: Marcus Vinícius Mendes Ramos (26)Belo Horizonte - MGSenai - Cetiqt
nC
oncorreet
Nome: Leonardo de Araujo Gobbo (22)Nova Odessa- SPFaculdade de tecnologia de Americana (FATEC)
oC
ncorr ente
Nome: Magda Martinez Tirapelli (23)São Bernardo do Campo - SPFaculdade de Engenharia Industrial - FEI
no
Cnco
rr ete
Nome: Vagner Braga Tebalde (21)Santa-Fé- PRUniversidade Estadual de Maringá
oC
ncorrente
ConcorrentesII Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo
Qualidades: Atencioso, pontual, busco por conhecimento mesmo em outras áreas, inteligência interpessoal e intrapessoal.Defeitos: ansioso“O prêmio ABQCT foi algo fundamental na fase universitária, fator importante que despertou a necessidade de se preparar para uma busca de resultados importantes. A todos que puderam e fizeram parte de tornar isso possível, o reconhecimento sempre será lembrado, não somente pelo prêmio, mas pela oportunidade e cooperação. Obrigado. ”
Qualidades: Criatividade, idéias surgem a todo momento, basta a oportunidade para botá-las em prática.Defeitos: Um pouco impaciente as vezes, principalmente com burocracias inúteis.“Sempre que posso participo das palestras aqui em minha região, sei que a concorrência em relação ao concurso é bem forte, mas estou preparado para a prova, pois convivo dia-a-dia com o conteúdo. Parabéns a todos, é invejavel este estímulo aos estudantes universitarios. Muito abrigado pela oportunidade!”
Qualidades: Perseverança e detalhismo.Defeitos: Perfeccionismo.“Faço parte de um curso recente e diferenciado pois engloba todos os elos da cadeia, une Tecnologia, Gestão, Design e Moda, os quais permitem aos alunos uma visão mais abrangente e inovadora. As empresas da área deveriam nos dar maior suporte, pois, apesar de ser um curso novo, é um meio de formação de novos profissionais que farão extrema diferença no mercado têxtil brasileiro de agora em diante”. Agradeço a oportunidade!
Qualidades: Relaciono-me muito bem em ambientes novosDefeitos: Sou insistente, muitos amigos me dizem isso. Quando paro numa tese tenho que me auto convencer de que aquilo não será ou fosse necessário. “Agradeço a oportunidade de defender o nome do curso de Têxtil e Moda em um concurso de tamanha relevância para o setor. Gostaria que o curso tivesse um reconhecimento proporcional a sua importância para a cadeia têxtil”.
Qualidades: Responsabilidade, foco e dedicação, faço de tudo para honrar meus compromissos dando o melhor de mim.Defeitos: Tenho que trabalhar minha habilidade de pedir ajuda, sou muito persistente, acabo perdento tempo desnecessário.“Definitavamente é uma excelente oportunidade e uma forma de incentivar os alunos da área que necessitam de profissionais cada vez mais qualificados e motivados.Gostaria de parabenizar à todos os envolvidos por esta brilhante idéia e é claro, agradecer ela oportunidade.”
Qualidades: Boa comunicação, pró-ativa, determinada.Defeitos: Ansiosa“Estou preparada para a prova e gostaria de agradecer aos patrocinadores e organizadores do concurso que estão nos incentivando e apoiando para melhora de nossos conhecimentos em nossas áreas técnicas. Quero agradecer também a FEI pela indicação e a ABQCT por nos incentivar ao concurso, porque com este todos nós participantes estamos nos desenvolvendo.”
77Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Nome: Paulo Victor dos Santos (22)Brusque - SCUniversidade Regional de Blumenau
no
Cnco
rr ete
Nome: Rógerson Rodrigues Freire Ramos (20)Santa Cruz - RNUniversidade Federal do Rio Grande do Norte.
oC
ncorrente
Nome: Natália Cristina Souza Azevedo (22)Parelhas _RNUniversidade Federal do Rio Grande do Norte
nC
oncorreet
Nome: Renato Loch (43)São Martinho - SCUniversidade Regional de Blumenau (FURB)
no
Cnco
rr ete
Nome: Vitor Zambon Brizido (22)Jundiaí - SPFaculdade de Engenharia Industrial - FEI
oC
ncorrente
“Este prêmio, incentiva não somente os estudantes, mas também os professores para que busquem seu constante
aprimoramento".Amelia Morita (UEM)
Qualidades: Calmo, paciente e perspicaz.Defeitos: Ansioso.“Estou sempre lendo as revistas da ABQCT que são adquiridas na faculdade. Estou preparado para a prova e gostaria de agradecer pela oportunidade e iniciativa, tanto aos patrocinadores, organizadores quando a FEI pela escolha!”.
Qualidades: Sou bastante decidido, costumo estabelecer metas e cumpri-las.Defeitos: Teimosia.“É um prazer estar participando deste concurso que possibilita à formandos de Engenharia Têxtil uma grande oportunidade de conhecer a realidade têxtil além das fronteiras brasileiras.Gostaria de agradecer e parabenizar a cada um de vocês idealizadores deste tão grandioso incentivo ao estudo da química têxtil. Pretendo representar a minha universidade da melhor maneira possível”.
Qualidades: Extrovertido, comunicativo,apreensivo, observador, sempre procuro fazer melhor o que já domino, buscando alter-nativas.Defeitos: Timidez e teimosia, acredito que são os mais visíveis.“É uma idéia muito boa, que faz com que o aluno procure se esforçar mais, não apenas pelo fato de ter um prêmio, mas sim por ter um estímulo em buscar sempre ser o melhor naquilo que faz. Parabéns por terem idealizado este concurso. Isso só nos enche de orgulho, pois sabemos que vocês acreditam na nova geração que está vindo, o que nos motiva para sermos ótimos profissionais.”.
“É um concurso que acho muito proveitosso pois proporciona a nós alunos uma oportunidade de estágio no exterior, que será de muita importancia para nosso currículo e principalmente para nossa aprendizagem. Gostaria de agradecer a ABQCT e aos patrocinadores por essa iniciativa. Espero que este concurso incentive a criação de outros, para que mais alunos da área têxtil tenham essa grande oportunidade”.
Qualidades: Humildade, respeito, tolerância
“É acima de tudo um prêmio de incentivo ao aluno na dedicação ao aprendizado na área de Química Têxtil. Estou preparado para a prova e gostaria de dar meu agradecimento especial aos patrocinadores e organizadores do concurso, que, com este gesto, estão contribuindo para qualidade de ensino e investindo no profissional do setor.”
78 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Produtos e Serviços
Produtos e Serviços
Golden Química é exemplo de aprimoramento e sinônimo de qualidade
A Golden Química tem se aprimorado na elaboração
de cursos pertinentes ao beneficiamento têxtil. Estes
cursos tem sido ministrados por seu corpo técnico ou até
mesmo por especialistas do exterior e do Brasil.
"Nos ultimos 2 anos, a Golden Química já realizou
mais de 200 apresentações, contribuindo para o
aprimoramento de mais de 1.700 profissionais do
setor."
Os cursos e palestras preparados pela Golden
Química, oferecem uma vasta gama de assuntos,
utilizando uma linguagem e nível de aprofundamento
técnico adequado para cada tema, o que envolve desde
profissionais de nível superior até profissionais de nível
operacional.
Alguns exemplos dos temas apresentados são:
- Uma adequada preparação do substrato minimiza
problemas no beneficiamento
- Beneficiamento de artigos com Elastano
- Tingimento de fibras celulósicas
- Tingimento de fibras sintéticas
- Tingimento de artigos com elastano
- Beneficiamento de Microfibras
- Beneficiamento de Tencel
- Amarelecimento de têxteis durante a estocagem
- Sistematizando o Beneficiamento têxtil
- Chão de Fábrica
GOLDEN QUÍMICA LANÇA DOIS LIVROS
TÉCNICOS SOBRE BENEFICIAMENTO TÊXTIL
A Golden Química trouxe ao Brasil dois professores da
Universidade Politécnica da Catalunha e Universidade da
Salamanca - Espanha realizou três eventos internacionais
que contaram com duas conferências cada. Simulta-
neamente, foram lançados dois livros técnicos sobre o
beneficiamento têxtil, sendo um de autoria desses
profissionais espanhóis e outro de autores brasileiros.
CAPACITAÇÃO
79Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Tradicionalismo, Passado Cinzento, Remédios
Naturais e Second Life: estas são as famílias de
conceitos e cores para o outono-inverno de 2009,
divulgadas pela Clariant em seu Book de Tendências
lançado no dia 28 de março.
Publicado pela primeira vez em 2002, o Book de
Tendências de Cores da Clariant para o segmento têxtil
já se tornou um importante instrumento de inspiração e
inovação utilizado pelos estilistas e profissionais de
marketing. Elaborado a partir de criterioso trabalho de
pesquisa junto aos principais centros de produção de
fios, tecidos e confecção do mundo, o Book Clariant
antecipa a todos seus clientes as tendências de cores,
texturas e acabamentos para tecidos que atrairão a
atenção do consumidor final. “Ao apresentar este Book
para nossos clientes, temos a certeza de que estamos
agregando valor a seus negócios e a seus produtos”,
afirma Fabiana Mendes, responsável pela área de
Marketing de Moda da Clariant. “O Book de Tendências
de Cores é mais um serviço oferecido pela Clariant, com
o objetivo de promover cada vez mais a inovação, a
competitividade e a sustentabilidade do segmento têxtil
no país”, complementa Walter Esmerelles, Gerente
Comercial da área Têxtil da Clariant.
A GIII, empresa fornecedora de corantes e produtos
químicos, especializada em soluções técnicas para indústria
têxtil, lança para o mercado, o produto Bimaginativ
Vermelho SV-2B. Específico para artigos de fibras
celulósicas e suas misturas, este corante têm características
superiores em migração, igualização e grande robustez a
Clariant lança Book de Tendências de Cores Outono-Inverno 2009
Tendências Outono-Inverno 2009
• Tradicionalismo: apresenta inspirações Amish que se
traduzem em formas simples e sofisticadas, e se estabelecem com
gamas de neutros tradicionais, verdes, beges, entre outros.
• Passado Cinzento: tem como inspiração a Idade Média e
principal foco a proteção; a gama de cores inclui tons terrosos,
vermelhos, cinzas e metálicos que se traduzem em coatings.
• Remédios Naturais: tende à busca pelo bem estar e
qualidade de vida; a palavra-chave é conforto, que é mostrado em
cores alegres e vivas, como laranja cenoura, amarelo e rosa, que
criam ótimos contrastes com cores como berinjela.
• Second Life: tem como ambiente um mundo andrógino e
futurístico, em que as cores são suaves e a tecnologia tem imensa
importância em acabamentos, uso de nanotecnologia, etc.
O evento de lançamento contou com a apresentação de outros
palestrantes, abordando inovações e tendências para o mercado
têxtil.
• “Jeanswear – Informações Bread & Butter”, com Emanuel
Santana, Suporte Técnico Lavandeiras da Clariant.
• “Conceitos Básicos em Colorimetria”, com Eduardo
Trovijo, Chefe de Laboratório Têxtil de Aplicações da Clariant.
• “Psicologia do Consumidor”, com a psicóloga Liliam
Silva, professora do curso “Negócios da Moda” da Universidade
Anhembi Morumbi.
Maria Isolina Noguerol
GIII lança mais um corante em sua linha Bimaginativ SV.
termotropia, além das demais virtudes da linha Bimaginativ SV:
alta fixação, excelente lavabilidade, boa reprodutibilidade,
redução de água e menor quantidade de corante na receita. É a
GIII em movimento com o seu tempo.O meio ambiente agradece.
www.giii.com.br. Tel.: (11) 41522185
Produtos e Serviços
80 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Produtos e Serviços
Reconhecimento atesta compromisso da empresa
com seus colaboradores e comunidades; bom ambiente
de trabalho e qualidade de vida são alguns dos
requisitos da norma de responsabilidade social.
Jacareí - A Cognis Brasil foi certificada pela norma
SA 8000 de Responsabilidade Social. A certificação
atesta que a empresa implementou e mantém um
Sistema de Gestão de Responsabilidade Social, por
meio da prática de uma relação ética e transparente com
os colaboradores que formam a sua equipe,
proporcionando a todos um ambiente seguro e saudável.
O atendimento às normas SA 8000 comprova o
relacionamento de qualidade que a Cognis possui, não
apenas com seu público interno, mas também com a
comunidade local e toda a sua cadeia de negócios.
Um importante passo na implementação do Sistema
de Gestão de Responsabilidade Social da Cognis foi a
revisão da sua Política de Segurança, Saúde, Meio
Ambiente e Qualidade, que agora engloba também
Responsabilidade Social. O novo item incorporado à sua
Política de atuação demonstra o total compromisso da
Cognis com os requisitos da nova norma.
O significado
A SA 8000 - Social Accountability - é uma norma
internacional de avaliação de Sistemas de Gestão da
Responsabilidade Social que visa melhorar as condições
e as relações de trabalho nas organizações em todo o
mundo.
A implementação dos requisitos da norma permite
uma postura correta em relação às questões de Trabalho
Infantil, Trabalho Forçado, Saúde e Segurança,
Cognis Brasil recebe certificação Sa8000
Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva,
Discriminação, Práticas Disciplinares, Horário de Trabalho
e Remuneração.
Sobre a Cognis
A Cognis é um fornecedor mundial de especialidades químicas
inovadoras e ingredientes de nutrição, com foco nas áreas de bem-estar e
sustentabilidade. A companhia emprega cerca de 7.700 pessoas e opera
com plantas produtivas e centros de serviços em mais de 30 países. A
Cognis emprega em suas atividades um alto grau de sustentabilidade e
entrega matérias-primas e ingredientes de fontes naturais para
alimentação, cuidados com a saúde, cosméticos, detergentes e indústria de
limpeza. Outro foco principal está nos produtos para indústrias como
tintas, revestimentos e lubrificantes, bem como agricultura e mineração. A
subsidiária Pulcra Especialidades Químicas oferece produtos químicos
especializados e processos especiais para clientes nas indústrias de fibra,
têxtil e couro. A Cognis também possui 50% na joint venture da Cognis
Oleochemicals, um dos líderes mundiais na produção de oleoquímicos. A
Cognis é mantida pelos fundos privados administrados pela Permira, GS
Capital Partners e SV Life Sciences. Em 2006, a Cognis registrou vendas
de 3.37 bilhões de euros e um EBITDA (resultado operacional) de 394
milhões de euros.
A UQP está lançando um novo produto para o mercado
têxtil, ANTISPUMA WT CONC, eficiente antiespumante
para atuar em uma vasta variedade de processos, do pré-
tratamento até o acabamento.
Apresenta uma boa resistência a ácidos e álcalis.
Podendo ser usado em processos de alvejamento, tingimento
e acabamento de todos os tipos de fibras têxteis e suas
misturas. Não deixa resíduos no equipamento.
União Química Paulista - Tanatex S/A
Há 54 anos projetando ações e superando desafios
Lançamento de Produto na União Química Paulista - Tanatex S/A
81Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Produtos e Serviços
Santista Workwear apresenta novidades em uniformes
Inovação, tecnologia e muita pesquisa fazem parte do
dia-a-dia da Santista Workwear, que trabalha sempre em
busca de produtos de alta perfomance e eficiência para
situações de risco. Agora, a empresa apresenta três
lançamentos com alta tecnologia de proteção.
A primeira novidade é o acabamento de proteção ao
metal líquido, pioneiro no mercado. É indicado na
confecção de uniformes para indústrias de fundição de
metal e alumínio, forjarias, entre outras. Segundo o
gerente de marketing da Santista Workwear, Mauricio
Vasques, o novo produto oferece ao usuário maior
conforto. “O resultado foi de uniformes mais leves em
relação aos alternativos usados e, com alta
performance de proteção ao usuário”, completa.
O acabamento de proteção ao metal líquido conta
com propriedades que retardam a chama, inibindo a
ignição do fogo quando o tecido está em alta
temperatura por causa do metal incandescente.
Apresenta, ainda, a característica de repelir o metal
superaquecido, não permitindo seu contato com o
tecido por muito tempo.
O segundo lançamento é o tratamento antiestático
que é indicado para indústrias de abastecimento de
gases, químicas, petrolíferas e postos de gasolina. “O
acabamento dado ao tecido agrega a propriedade de
não gerar faíscas e dissipar a energia estática que
pode provocar incêndios e explosões”, explica
Vasques.
O terceiro produto da Santista Workwear é o
acabamento para repelência a água, óleo e agentes
químicos, em peso camisaria. O produto é voltado
para indústrias farmacêuticas, químicas, entre outras.
Uma das vantagens desse lançamento é a durabilidade, já
que esse tratamento mantém o uniforme limpo por mais
tempo e exige menor agressividade e freqüência no
processo de lavagens.
As tecnologias aplicadas nesses lançamentos
resultaram em tecidos de alta proteção, oferecendo o
máximo de performance e reforçando o compromisso com a
vida.
Produtos e Serviços
82 Revista Química Têxtil n 91/Junho 2008.
Produtos e Serviços