1 Professora da disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Graduada em Letras, pela FAFI –
Palmas - PR, Especialização em Didática e Metodologia de Ensino; Orientação, Supervisão e Administração Escolar, pela UNOPAR - Londrina-PR. 2 Orientadora do Programa PDE. Doutoranda em Letras, pela UFBA – Salvador-BA, Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pela UEM – Maringá – PR. Docente do Colegiado de Letras da UNIOESTE – Campus de Cascavel, pesquisadora da área de Leitura e Formação de leitores, literatura e ensino.
CRÔNICA: UMA LEITURA CATIVANTE
Iolete Maria Pichler da Silva1
Ruth Ceccon Barreiros2
RESUMO A leitura é um recurso de inclusão e indispensável para formar um cidadão consciente, crítico, reflexivo, ativo e transformador da sociedade em que vive. Nesse sentido, os textos literários atendem a esta formação, dada as suas particularidades. Baseando-se nessa premissa, o presente artigo apresenta reflexões sobre a Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica: “Crônica: uma Leitura Cativante”, realizado em 2011, com alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Princesa Izabel, da cidade de Três Barras, no Estado do Paraná. Os estudos e as práticas referentes ao projeto estiveram vinculados ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná para capacitação de professores. O projeto em tela teve como objetivo o incentivo e a motivação à prática de leitura e, para isso, tomou como recurso a crônica Exigências da Vida Moderna, do autor Luiz Fernando Veríssimo. Teoricamente os estudos foram amparados em uma perspectiva sociológica de leitura – Freire (2006) e interacionista de linguagem – Bakhtin (2000). A metodologia aplicada pautou-se nas “Estratégias de Leitura”, propostas por Solé (1998). Ao término das atividades os alunos demonstraram maior interesse e gosto pela leitura de crônica, alcançando um patamar de leitores mais proficientes, com capacidade de ler compreensivamente um texto. PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Formação de leitores. Literatura. Crônicas. ABSTRACT Reading is an essential feature of inclusion and to form a citizen conscious, critical, reflective, active and transforming society in which they live. In this sense, the literary texts attend this training, given their characteristics. Based on this premise, this article presents reflections on the Implementation of Educational Intervention Project: "Chronic: A Captivating Read," held in 2011 with first year students of the State College High School Princesa Izabel, the city of Três Barras do Paraná in the State of Paraná. Studies and practices related to the project were linked to the Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná for teacher training. The project aimed to screen the incentive and motivation to practice reading, and for that, its chronic use of Demands of Modern Life, the author Luiz Fernando Verissimo. Theoretically studies were supported in a sociological reading - Freire (2006) and interactional language - Bakhtin (2000). The methodology was based on "Reading Strategies", proposed by Solé (1998). At the end of the activities students showed more interest and taste for reading chronic, reaching a level of proficient readers, capable of reading a text comprehensively.
KEYWORDS: Reading. Training of readers. Literature. Chronicles.
INTRODUÇÃO
Não se pode negar a importância da prática leitora no Ensino Médio. Sabe-
se que este exercício deve ser estimulado na escola, especialmente, pelo professor
de Língua Portuguesa. É preciso promover e instigar o interesse dos alunos para a
leitura, dos mais variados gêneros discursivos, dentre eles os literários. O ensino e a
aprendizagem da literatura estão vinculados à leitura, assim, não será possível
apreciar, compreender literatura sem que a leitura esteja presente de forma
eficiente.
Partindo-se desse princípio, é que se concebeu o Projeto de Intervenção
Pedagógica “Crônica: uma Leitura Cativante”, voltado para os estudos de textos
literários, no primeiro ano do Ensino Médio. Trata-se de um projeto vinculado ao
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná para capacitação de professores. Com a preocupação de
formar leitores mais proficientes, as reflexões previstas no projeto buscaram
respostas para os seguintes questionamentos: sendo o gênero Crônica tão
importante na esfera literária, como estimular os alunos do ensino médio para essa
leitura? Quais estratégias utilizar, nas aulas de literatura, para despertar o gosto pela
leitura de crônicas, visando à competência leitora?
Para o trabalho em sala de aula, optou-se pela crônica Exigências da Vida
Moderna, de autoria de Luiz Fernando Veríssimo. Muitos foram os aspectos
considerados para a escolha do gênero e do autor, um deles está no fato de as
crônicas de Veríssimo apresentarem muitas situações bem humoradas, um
elemento essencial para cativar o aluno, mantendo-o atento, do início ao fim do
texto, exercitando o riso, a fantasia e a imaginação. No que se refere ao gênero
crônica Cândido (1981) assevera,
[...] Na crônica, tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginação. Para voltarmos mais maduros à vida... (CANDIDO, 1981, p.98).
Com a crônica, aprende-se muito enquanto se diverte, e os traços simples,
desse gênero discursivo, são um veículo privilegiado para mostrar, de modo
persuasivo, atitudes e sentimentos do homem. Quando apresenta o humor, diverte,
e, por meio do riso, atrai e faz refletir, amadurecendo a visão das coisas e de
mundo. Para Bakhtin, “o riso não coíbe o homem, liberta-o. O riso pode combinar-se
com uma emocionalidade profundamente íntima, pois aproxima e familiariza”
(BAKHTIN, 2000, p.370). Dessa forma, o humor estimula o gosto pela leitura. A
leitura quando eficiente e habitual propicia a internalização de recursos para o uso
da linguagem com mais coerência e clareza. Acredita-se que as atividades de
leitura, quando bem desenvolvidas, tendo por base textos instigantes como as
crônicas, colaboram para minimizar o número de alunos desinteressados pela leitura
da literatura.
Conforme Pound (2006), a literatura é linguagem carregada de significado.
Estando a literatura pautada na linguagem, para compreendê-la é preciso que haja
uma interação entre leitor e texto. Neste sentido, encontra-se em Bakhtin (2000),
que é por meio da linguagem/língua que acontece a interação.
Nesta ótica, a linguagem/língua só existe em função do uso que locutores e
interlocutores fazem dela em situações de comunicação. O ensinar, o aprender e o
empregar a linguagem/língua passa necessariamente pelo sujeito, o agente das
relações sociais e o responsável pela composição e pelo estilo dos discursos. Nessa
relação dialógica entre locutor e interlocutor no meio social, em que o verbal e o não
verbal influenciam de maneira determinante a construção dos enunciados, essa
interação se dá num contexto em que todos participam em condição de igualdade.
Aquele que enuncia seleciona palavras apropriadas para formular uma mensagem
compreensível para seus destinatários. Por outro lado, o interlocutor interpreta e
responde com postura ativa àquele enunciado, internamente (por meio de seus
pensamentos) ou externamente (por meio de um novo enunciado oral ou escrito).
Neste viés insere-se o processo de leitura, uma vez que ler é tentar entender
a proposta do texto literário, recriando as circunstâncias em que o livro foi pensado e
produzido; é adentrar pelas possibilidades culturais da época; é comparar a
sociedade em que o livro foi escrito com aquela em que ele é lido; é construir um
mundo imaginário equivalente àquele que habitou o escritor antes, durante e depois
da escrita. E tudo isto constitui o grande enunciado que é um livro. Se isso não é
alcançado, a leitura se frustra e se torna um exercício maçante de decodificação de
palavras. Conforme Bakhtin,
[...] por trás de cada texto está o sistema da linguagem. A esse sistema corresponde no texto tudo o que é repetido e reproduzido e tudo que pode ser repetido e reproduzido, tudo o que pode ser dado fora de tal texto (o dado). Concomitantemente, porém, cada texto (como enunciado) é algo individual, único e singular, e nisso reside todo o seu sentido (a sua intenção em prol da qual ele foi criado). É aquilo que nele tem relação com a verdade, com a bondade, com a beleza, com a história (BAKHTIN, 2000, p.138).
Neste sentido, o texto literário não se configura em um amontoado de
palavras, mas em palavras organizadas, sempre moduladas pelo produtor, inserido
em um contexto social, histórico, cultural e ideológico. Assim, todos estes aspectos
devem ser contemplados, por ocasião da leitura, para que esta seja considerada
proficiente.
Segundo Paulo Freire (2006), há um intercâmbio entre texto e contexto,
sendo que a leitura do texto escrito é precedida pela leitura de mundo. O autor
afirma que a leitura não se limita à simples decodificação de signos. Quando
eficiente é tida como libertadora, um meio de expandir horizontes, uma vez que ela é
um recurso para se decifrar o mundo. Em contexto de aprendizagem, este
pesquisador ressalta a importância da leitura crítica, em que o fazer do educador
deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da
história, inserindo o educando num processo criador, de que ele é também um
sujeito. Para Freire,
[...] O processo de aprendizagem está envolvido na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade (FREIRE, 2006, p.37).
A leitura, neste entendimento, requer participação ativa do leitor, com
pesquisa para compreender aquilo que o texto apresenta e ele ainda não conhece,
tanto no que se refere à estrutura linguística do texto quanto das referências sócio-
históricas e culturais nele contidas.
Considerando-se a leitura como um processo complexo, buscou-se uma
metodologia que pudesse tornar essa vivência, entre os alunos do Ensino Médio,
mais significativa. Assim, optou-se pelas Estratégias de Leitura propostas por Izabel
Solé (1998). A metodologia apresentada por essa pesquisadora divide-se em fases,
que são: Seleção, Antecipação, Inferência e Verificação. De acordo com Solé,
[...] ensinar a ler é uma questão de saber “compartilhar”, ou seja, compartilhar objetivos/motivação, compartilhar o horizonte de expectativas
em relação ao texto, compartilhar conhecimentos e experiências prévias, compartilhar significados construídos, compartilhar tarefas, e sempre, recapitulando e verificando as previsões e hipóteses realizadas anteriormente (SOLÉ, 1998, p. 172-173).
No desenvolvimento dos trabalhos em sala de aula, visando à formação
leitora dos alunos do ensino médio, as atividades foram realizadas de forma
individual e coletiva, propiciando aos educandos aprendizagens e experiências de
leitura pertinentes, por exemplo: tomar decisões; desempenhar papel ativo para
investigar, expor, observar, em lugar de escutar e silenciar; entrar em contato direto
com a realidade e com situações novas que exigiram diferentes interesses e níveis
de capacidades leitoras.
Para a elaboração do projeto de Implementação Pedagógica bem como das
atividades considerou-se que a leitura é um recurso de inclusão e indispensável à
formação de cidadãos conscientes, críticos, reflexivos, ativos e transformadores da
sociedade em que vivem. Conforme Silva,
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz (SILVA, 2005, p.24).
Tendo em conta que o ensino da leitura é um princípio de cidadania, deve
estar entre os objetivos de todo educador converter o aluno, por meio da leitura, em
um potencial cidadão e agente transformador de si e do mundo a sua volta. O
indivíduo que lê, sabe perguntar mais, pois aprende através da leitura a duvidar das
coisas que se encontram prontas e acabadas. Constata-se hoje, nas escolas, uma
grande insatisfação dos alunos em relação aos estudos da literatura, pois a
disciplina de Língua Portuguesa no ensino médio, em geral, preocupa-se em
preparar o aluno para os processos seletivos e, com isso, muitas vezes, ensinar
literatura passa a ser, apenas, expor informações descontextualizadas, que devem
ser decoradas e, posteriormente, cobradas em avaliações, sem se primar por um
ensino mais abrangente e eficaz dos textos literários. Percebe-se no convívio com
os educandos que muitos não leem por falta de incentivo, outros, por não
reconhecerem este hábito nem na família nem na escola, outros ainda, dizem que a
tecnologia (computador) está mais próxima de seus anseios e gostos.
Embora os educandos tenham este entendimento, faz-se necessário levá-los
a compreender que a proficiência leitora é também um passaporte de entrada para a
cultura escrita, independente do gênero discursivo ou do suporte em que se
encontre o texto. Isso equivale a dizer que não se pode conceber uma cidadania
plena sem a utilização da leitura e da escrita. A leitura não pode ser compreendida
apenas em uma perspectiva decodificativa, pois abarca o domínio de uma série de
práticas culturais que favorecem o entendimento do mundo, e, em função disso, é
imprescindível ensinar e aprender a ler com eficiência. Para Lajolo,
[...] ninguém nasce sabendo ler: aprende-se ler à medida que se vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida: lê-se para entender o mundo, para viver melhor (LAJOLO, 1994, p. 07).
Dentre as outras leituras está o grande interesse dos alunos pelos textos das
mídias eletrônicas. Essas devem figurar, em contexto educacional, como motivo
para se repensar as concepções e as práticas pedagógicas de leitura na escola,
uma vez que a sociedade contemporânea se encontra em ritmo acelerado de
inovações tecnológicas. Essas tecnologias (que exploram imagens e sons) exigem
nova atitude do indivíduo diante das informações, além de um processo cognitivo
diferente do utilizado para a leitura do texto impresso. Assim, e quando se trata da
leitura da literatura, o que se percebe é que os jovens encontram-se desestimulados
à leitura do livro impresso e estão executando-a de forma pouco eficiente.
Nestes tempos da “era digital” observa-se a prática da leitura sob diferentes
formatos, permeada por inúmeras vozes, devido ao labirinto virtual no qual
acontecem. Esses modelos de textos tem se revelado mais atraentes aos alunos do
ensino médio. Isso, de certa forma, leva ao desinteresse pelo texto impresso,
formato mais comumente encontrado nas obras literárias presentes na escola.
Contudo, se o educador desejar estimular a prática leitora entre as novas gerações
deverá inserir em seu fazer pedagógico os variados gêneros discursivos presentes
no cotidiano, veiculados pelas mídias, sem deixar de lado a leitura do texto literário,
o qual precisa ser bastante explorado em sala de aula. Neste sentido, conforme
Souza,
[...] a aula de literatura precisa se tornar uma armadilha amorosa, atraindo e recuperando o ato de ler como um exercício prazeroso, o qual não pode ser atrelado ao pragmatismo da realização de tarefas repetitivas, descontextualizadas e desvinculadas da visão particular do mundo que oferece o texto ficcional (SOUZA, 2003, p.201).
Neste entendimento, o educador, que desejar fazer um trabalho relevante
com a literatura em sala de aula, terá de estabelecer uma interação eficiente entre
os envolvidos no processo, de tal forma que possa aguçar o interesse desses jovens
aprendizes, pela leitura do gênero. Para isso, é imprescindível que o educador seja
um leitor proficiente. Somente, assim, terá condições de conscientizar os alunos da
importância do ato de ler. Segundo Cavalcante,
[...] Em primeiro lugar, é necessário que o professor tenha amor pelo que faz. Ou melhor: é preciso paixão. O entusiasmo com que se fala de um livro, a maneira como se dá uma aula, os procedimentos selecionados podem ser os melhores remédios para educar o aluno que não tem o hábito da leitura. Não se ensina a amar o livro se não se gosta de ler (CAVALCANTE, 2003, p.144).
O educador precisa mostrar como é bom ler, não só sugerindo que o aluno
leia, mas exibindo sua paixão pela leitura. Ler para eles e com eles. O educador
deve ser um “aliciador” que leva o aluno ao “vício” da leitura, ao mundo das letras e
das palavras. Muitos professores de Língua Portuguesa reclamam que os alunos
não têm gosto pela leitura e, em consequência disso, apresentam dificuldades para
compreender, interpretar e produzir textos. Isso culmina em um baixo rendimento
escolar, em todas as disciplinas, evidenciando diferenças entre um aluno leitor e um
aluno não leitor. Esses reflexos estão presentes nas estatísticas sobre educação
que apontam para o aumento dos analfabetos funcionais na sociedade, ou seja,
pessoas que frequentaram a escola e aprenderam, apenas, a decifrar e a grafar
signos, com conhecimentos pouco consistentes, não são capazes de utilizá-los de
forma autônoma, nem para a leitura e nem para a escrita. Isso já é motivo suficiente
para se repensar algumas práticas educativas, principalmente, àquelas relacionadas
ao ensino e aprendizagem da leitura e da escrita.
Para compensar esse déficit, crianças e jovens necessitam se familiarizar
com a leitura e a literatura, adquirir hábito leitor, precisam ler com eficiência, a partir
daí utilizar a leitura como recurso de ampliação de conhecimentos. Nesta
perspectiva, verificou-se a relevância do desenvolvimento do projeto “Crônica: uma
leitura cativante” na escola, uma vez que ele oportunizou ao público alvo, alunos do
ensino médio, descobrir novos sentidos nas leituras dos textos literários.
A escola não deveria ser a única agência de acesso à leitura e a escrita,
porém, em muitos contextos, ela está sozinha para cumprir esta tarefa, sendo assim,
tem o dever de mostrar ao aluno a importância que a leitura tem e os benefícios que
pode proporcionar. O aluno precisa perceber a leitura como uma atividade
significativa, prazerosa e interessante, capaz de fazer a diferença em sua vida,
entendendo-a como condição imprescindível para o exercício da cidadania,
emancipação e autonomia em relação às práticas discursivo-sociais. De acordo com
Solé,
[...] Devemos usar a leitura como instrumento de aprendizagem, e se ensinarmos um aluno a ler compreensivamente e a aprender a partir da leitura, estamos fazendo com que ele aprenda a aprender, isto é, com que ele possa aprender de forma autônoma em uma multiplicidade de situações (SOLÉ, 1998, p. 47).
Neste sentido, entende-se que é por intermédio da leitura que se amplia o
processo cognitivo para a compreensão das inúmeras linguagens e textos presentes
no dia a dia, pois a leitura deve ultrapassar as barreiras da decodificação,
proporcionando o desenvolvimento da capacidade compreensiva do contexto em
que se está inserido.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), o aluno é
um leitor, e como leitor é ele quem atribui significados ao que lê, é ele quem traz
vida ao que lê, de acordo com seus conhecimentos prévios, linguísticos e de mundo.
Em contexto de aprendizagem, o educador carece tomar como ponto de partida, no
ensino da leitura, o conhecimento de mundo dos alunos para, depois de ouvi-los,
aprofundar e ampliar seus horizontes de expectativas. Para isso, os textos literários
mostram-se muito adequados à formação de leitores, uma vez que são textos
interessantes, lúdicos e criativos.
A LITERATURA COMO RECURSO PARA FORMAÇÃO LEITORA
A Literatura só exercerá plenamente as suas funções, se a ela for
concedida a importância que lhe cabe, bem como um esforço de interpretação e
compreensão das suas particularidades. Essa interpretação e compreensão
resultam também de uma ação, a prática de leitura.
Para Cândido (1972), a literatura é vista como arte que transforma/humaniza
o homem e a sociedade. O autor atribui à literatura três funções: a psicológica, a
formadora e a social. A primeira, função psicológica, permite ao homem a fuga da
realidade, mergulhando num mundo de fantasias. Na segunda, a literatura por si só
faz parte da formação do sujeito, atuando como instrumento de educação, ao
retratar realidades não reveladas pela ideologia dominante. A terceira, a função
social, é a forma como a literatura retrata os diversos segmentos da sociedade, é a
representação social e humana (CANDIDO, 1972). No pensamento desse crítico
literário, as três funções são concebidas como humanizadoras. A psicológica mostra
a capacidade e a necessidade que o indivíduo tem de fantasiar através dos
devaneios, dos sonhos e de todos os subterfúgios capazes de transpor o sujeito
além da realidade. As fugas proporcionadas pelas fantasias e expressas pela
literatura tem sempre fundamento na realidade, ou seja, nunca são puramente
ficcionais, pois através do elo entre fantasia e realidade, é que a literatura passa a
ser recurso educacional, formadora do homem, exprimindo realidades que a
ideologia dominante tenta, por vezes, esconder.
A literatura exerce a função social porque sofre a ação da sociedade e
exerce influência sobre ela. A leitura da literatura gera mudanças cognitivas no leitor,
assentando novos valores e ampliando a visão de mundo que o cerca, pois,
conforme Cândido (1972), a influência que a linguagem literária exerce no receptor
faz da literatura um poderoso instrumento de mobilização social.
Segundo as DCEs (2008), o ensino de literatura deve almejar a formação de
um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer,
nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela
tríade obra/autor/leitor, por meio da interação que está presente na prática de leitura.
O povo brasileiro adepto às mídias, principalmente, a televisiva, por ser de
mais fácil acesso, deixa de lado a leitura do impresso, o livro. Muitos pesquisadores
afirmam que em consequência da estrutura sócio-econômica do Brasil, infelizmente,
ainda, se esta longe de ter um público leitor (o qual se forma em média até os 14
anos de idade), pois a modernização dos meios de comunicação proporciona, à
criança e ao jovem, outras opções, deixando o livro ausente do cotidiano da maioria
deles. Conforme Lajolo, “somos um povo telespectador; não somos nem nunca
fomos um país de leitores” (LAJOLO, 1989, p. 64-95).
Entretanto, é preciso reconhecer que transformar essa realidade é papel da
escola, do professor, pois, de acordo com Sandroni e Machado,
[...] a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer. As crianças ainda bem pequenas interessam-se pelas cores, formas
e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as (SANDRONI & MACHADO, 2000, p. 12).
Dar continuidade ao interesse de leitura, manifestado na infância, exige o
compromisso do educador, primeiro constituindo-se em leitor eficiente para depois
ter condições de cativar e formar outros leitores.
A sede de aprendizagem das crianças mostra que a prática de leitura se faz
presente na vida dos indivíduos desde muito cedo, isto é, desde o momento em que
se começa a compreender o contexto social em que vive. Do contato com o livro
surge o desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas, de perceber as
diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com as experiências já
vividas, seja por meio do livro ou de textos presentes em outros suportes ou, ainda,
nas situações experenciadas no cotidiano, em todos estes casos realiza-se leitura,
embora, muitas vezes, muitos não se deem conta disso. Quanto se pensa no motivo
que levam crianças e jovens a se afastarem da leitura, Eliana Yunes questiona:
[...] O que se deve fazer para despertar numa criança o gosto de ler? Eu antes me pergunto o que fizemos para que ela deixasse de ter prazer em ler, em alargar seus horizontes de mundo, porque todas elas a princípio viajam para os mundos extraordinários que as narrativas lhes oferecem, até que, começando a ler solitários e constrangidos, seja pelo código que vela a palavra,seja pela imposição da travessia, se afastam e desgostam de ler (YUNES, 2003, p. 44).
Nesta perspectiva, é preciso considerar que existem dois fatores, também
importantes, que contribuem para que a criança e o jovem adquiram o gosto pela
leitura: curiosidade e exemplo. Porém, a falta de estimulo à curiosidade e os raros
exemplos de leitores adultos (pais e professores) levam, crianças e jovens, a não se
interessarem pela leitura. O livro deveria ter a importância de uma TV dentro do lar,
pois, conforme estatísticas, a criança brasileira passa em média, seis horas diárias
em frente à televisão e, a maioria ignora a fantasia de uma história e o mágico
encontro com o livro. Os pais deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. No
entanto, de acordo com a UNESCO (2005), no Brasil, somente 14% da população
tem o hábito de ler, isso leva a concluir que a sociedade brasileira não é leitora.
Cabe, primeiramente, à família e depois à escola desenvolver na criança e no jovem
o hábito de ler por prazer, não por obrigação, tendo em vista que, para muitos
brasileiros, o primeiro contato com a leitura acontece na sala de aula, com o
professor, o mediador entre o aluno e o texto. Ainda em Yunes,
[...] Enquanto o fora da escola é estimulante, atrativo, cheio de opções que de certa forma estão levando ao conhecimento, à leitura, o dentro da escola, ao contrário, é o reino da obrigatoriedade, do desinteresse, do instrumental. São estes os sentidos construídos nas enunciações dos alunos... neles, a escola surge como o local onde práticas rotineiras e sem sentido se repetem, não favorecendo o gosto pela leitura e escrita (YUNES,2003, p.25-26).
Embora não exista uma fórmula mágica ou exata para desenvolver e criar o
interesse pela leitura, o que se pode e se deve fazer, como educador, é apresentar a
leitura como um processo de construção de novos conhecimentos, que possibilita a
aquisição da linguagem e pode ser aprendida e vivenciada de modo prazeroso,
espontâneo e com interações positivas no convívio escolar e social. Para isso, faz-
se necessário que o educador tenha clareza do que seja ler com eficiência. Neste
sentido, ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas
sociais, não somente abstraindo o sentido das palavras, mas sim, percebendo novos
signos e símbolos, por meio dos quais se tem acesso a um mundo novo daquele em
que a leitura se instala e se organiza. Ler é apreciar, inferir, antecipar, concluir,
concordar, discordar, perceber as diferentes possibilidades de uma mesma leitura.
Desta forma é papel da escola e do professor proporcionar aos alunos todas as
oportunidades de acesso às práticas sociais que se realizam por meio da leitura do
texto escrito e por tantas outras formas de manifestação da linguagem. Bamberger
(2000) destaca que a leitura é um componente da vida social, na medida em que
preenche uma função de comunicação e, ainda, na medida em que as pessoas
podem ou sabem utilizar razoavelmente essa função, bem ou mal. Assim, a leitura
funciona como um passaporte para se entrar no mundo letrado e para se ter acesso
aos bens culturais. Segundo Maria Helena Martins,
[...] A leitura é um ato solitário que se desenvolve na convivência com os outros e com o mundo. Para compreendê-la e para que a leitura se efetive, deve preencher uma lacuna em nossa vida, precisa vir ao encontro de uma necessidade, de um desejo de expansão sensorial, emocional ou racional, de uma vontade de conhecer mais (MARTINS, 1994 p.83).
Compreende-se que para inserir o aluno na cultura letrada, é indispensável
dar a ele condições de buscar na leitura aquilo de que necessita – seja pela fruição,
seja por necessidade ou por um interesse pontual. É muito importante que o aluno
confie na pessoa que está orientando sua leitura ou conduzindo sua escolha para
um determinado texto. Por isso, deve-se buscar o diálogo, instigar, perguntar,
questionar e, acima de tudo, valorizar as escolhas e leituras dos alunos, sem deixar
de promovê-los e motivá-los a realizarem leituras cada vez mais complexas.
Para atender a evolução rápida da sociedade, o educador necessita rever as
concepções de leitura, de leitor e de texto, precisa inovar em suas práticas
pedagógicas, carece ser um mediador que leva a pensar sobre as questões éticas,
políticas e sociais. Este pensamento precisa instigar, todos, à participação dos
espaços que a vida oferece, começando pela escola e, esta, pelo espaço de leitura.
Cabe ressaltar, ainda, que o papel do educador vai além da mediação.
Assim, como em todas as outras disciplinas, nas quais o professor busca
estratégias, planeja e organiza seus conhecimentos, a fim de promover a
aproximação dos alunos de um determinado campo do conhecimento, com a leitura
não é diferente. É preciso planejar, buscar novas e diferentes estratégias e
metodologias permitir acesso do leitor ao texto e, dessa forma, auxiliá-los no
desenvolvimento de competências e habilidades de leitura.
Sabe-se que para formar um leitor proficiente e autônomo é preciso buscar
maneiras de promover a leitura para além da superfície linguística, induzindo o aluno
à reflexão e ao debate sobre as linhas e entrelinhas do texto. O educador pode,
então, proporcionar ao educando conhecimento sobre estratégias de leituras de tal
modo que, com o decorrer do tempo, ele perceba a necessidade de adequá-las a
cada gênero discursivo em leitura.
Neste sentido, não se lê um texto literário da mesma forma que se lê um
texto informativo, assim, será preciso que o aluno saiba utilizar estratégias
diferenciadas de leitura, que o conduza à compreensão eficiente dos gêneros da
esfera literária. Nesta perspectiva, “estratégia”, para Solé (1998), é o processo de
emissão e verificação de previsões que levam à compreensão do texto. É através
dessas sondagens que o educando encontra o caminho para desvendar os
caracteres textuais desconhecidos, construindo a sua ampliação cognitiva e de
sentidos presentes no texto.
É necessário lembrar também que a organização do espaço para a leitura é
determinante. Os leitores devem se sentir acolhidos, a escola precisa primar por
uma biblioteca ampla, bem organizada, com um acervo significativo na área de
literatura, com bibliotecários bem preparados e professores leitores proficientes,
projetos escolares que visem o incentivo à leitura e a valorização das aulas de
literatura. Essa interação entre aluno, professor e escola é fundamental para que se
possa produzir um ensino eficiente de leitura de obras literárias. Quando a literatura
está comprometida com o ser humano e com a vida, ela abre horizontes, partindo da
reflexão e do questionamento do real. Entende-se que a fruição da literatura é um
direito do ser humano. E uma sociedade que se diga justa deve pressupor o respeito
aos direitos humanos e, neste contexto, a leitura literária deve figurar como
protagonista.
A LEITURA LITERÁRIA EM SALA DE AULA: CRÔNICAS
No modelo atual de escola destacam-se as análises, as indagações, as
experiências e os estudos sobre a organização do ato de ensinar, com a finalidade
específica de transmitir, de forma sistemática, conhecimentos científicos construídos
historicamente. Quem define, seleciona e organiza esses conhecimentos é o
professor, usando como meio as opções metodológicas. O ato de ensinar diz
respeito às concepções do professor, dentre elas as de métodos e de estratégias, e
isso é sempre um desafio. De acordo com Solé (1998), antes de selecionar e
proceder qualquer tipo de leitura, faz-se necessário conhecer melhor o público com
o qual se vai trabalhar. É importante também motivá-lo, explicar o que será lido,
apresentando os objetivos da leitura.
No Projeto de Intervenção Pedagógica em tela, para se colocar em prática
as atividades de ensino de leitura e, ainda, cumprir os aspectos burocráticos da
Implementação do Projeto “Crônica: uma Leitura Cativante” foi necessário
contemplar algumas etapas. A primeira delas foi à apresentação do Projeto ao
Colégio Estadual Princesa Izabel, que aconteceu em uma reunião com a Direção,
Equipe Pedagógica e Professores, nas dependências do Colégio, tendo por objetivo
dar ciência sobre o contido na Instrução nº 001/2011-PDE/SEED que regulamenta a
Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola. A Direção, Equipe
Pedagógica e Professores ressaltaram a importância do desenvolvimento do Projeto
no Colégio, por entenderam que a “leitura” é um poderoso recurso de inclusão social
e indispensável para a melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem.
Em uma segunda etapa, programou-se um encontro com os alunos, em que
o professor apresentou o Projeto de Intervenção Pedagógica ao público alvo, ou
seja, alunos da 1ª série do Ensino Médio. Este primeiro contato, pautou-se em uma
conversa descontraída, a fim de ouvi-los e saber se tinham o hábito de ler, que tipo
de leitura costumavam fazer etc. Em seguida, explanou-se sobre os detalhes do
Projeto. Os alunos mostraram-se interessados e curiosos e isso foi bastante
estimulador, pois, segundo Solé,
[...] Ler é muito mais do que possuir um rico cabedal de técnicas e estratégias. Ler é, sobretudo, uma atividade voluntária e prazerosa, e quando ensinamos a ler devemos levar isso em conta. Alunos e professores devem estar motivados para aprender e ensinar a ler (SOLÉ, 1998, p.90).
Compartilha-se do entendimento de Solé, tendo em vista que o interesse
pela leitura consiste necessariamente na motivação que se recebe para isso. Com o
compromisso de despertar os alunos para a formação leitora, foi explicado a eles
detalhes sobre o encaminhamento do projeto e a proposta de estudos, isto é, o que
seria lido, os objetivos das leituras, motivando-os para o ato de ler. Os alunos foram
informados que para as atividades de leitura elegeu-se o gênero literário “Crônica”,
do autor Luiz Fernando Veríssimo.
Dando prosseguimento às conversas, inseriu-se de forma breve, o tema
“exigências da vida moderna” e, na sequência, os alunos foram questionados sobre
as suas expectativas e previsões em relação a este assunto. Com a ajuda do
professor abordaram conhecimentos e experiências, motivados por perguntas sobre
o tema em questão.
Outro recurso utilizado, como meio de despertá-los para futuras leituras, foi
apresentar algumas imagens que remetiam ao tema “Qualidade de Vida”, tais como:
pessoas praticando atividades físicas, comendo alimentos variados (frutas,
sanduiches, verduras, legumes, carnes, salgadinhos, doces etc.), lendo livros, vendo
TV, usando o computador, dançando, ingerindo bebidas alcoólicas, fazendo
caminhadas, dentre outras. As imagens tinham por objetivo instigar os alunos a
reflexões. Assim, solicitou-se aos educandos que realizassem leituras das imagens
apresentadas, emitindo opiniões. As discussões foram relevantes e produtivas.
Iniciar as atividades com leituras de imagens possibilitou aproximar os
alunos do tema da crônica, a qual seria abordada posteriormente. Sabe-se que as
imagens estão mais presentes no cotidiano desses alunos e, assim, são mais lidas
que o texto escrito. Pode-se dizer que as imagens são sedutoras, dizem muito e, em
geral, falam por si mesmas, instigando inúmeras leituras. Sendo assim, é relevante
que o educador apresente subsídios intertextuais, como um acervo imagético, que
remeta ao cotidiano de cada educando. Isso colabora nas reflexões e podem
culminar em um melhor desempenho leitor, por meio de diferentes discursos e
interpretações. Ler e compreender imagens são passos interessantes para o
entendimento real de outros tipos de leituras.
Nesse sentido, considera-se a leitura de imagens como um mecanismo
educativo presente nas instâncias socioculturais. As imagens não cumprem apenas
a função de informar ou ilustrar, mas também de educar e produzir conhecimento. O
mundo das imagens possui um saber diferente daquele mundo das palavras, a
linguagem se apresenta de diferentes formas e é preciso saber interpretá-la. Para
Freire, “embora a grande maioria das manifestações humanas enfatize a leitura da
palavra, outras leituras pertencem ao mundo” (FREIRE, 2006, p.138).
Vivenciar a leitura de imagens implica em várias atividades, relacionadas à
interpretação dos símbolos. Conforme Hernandez, “são o veículo do significado e
ocupam um papel na vida da sociedade, numa parte dessa sociedade, que é a que
de fato lhes dá vida”. O conjunto de imagens que integra a cultura visual, como
forma de expressão do pensamento humano e de temáticas importantes do mundo,
é considerado “um idioma a ser interpretado, como uma ciência, ou um processo
diagnóstico, no qual se deva tentar encontrar o significado das coisas a partir da vida
que os rodeia” (HERNANDEZ, 2006, p.53)
Assim, saber ler compreensivamente implica em aprender a apreciar,
decodificar, e interpretar tanto os textos escritos como de imagens, analisando tanto
a forma como elas são construídas quanto a sua significação, pois a interpretação
de uma imagem só será possível quando o observador for capaz de estabelecer
relações entre os elementos presentes na imagem e seu conhecimento. Dessa
forma, poderá desempenhar a capacidade de atribuir significados às imagens que
observar, construindo assim, novas leituras.
Findada a parte introdutória de leituras das imagens e para dar continuidade
a Implementação Pedagógica, colocou-se em prática a metodologia das “Estratégias
de Leitura” propostas por Solé (1998).
Na primeira etapa, de “Seleção”, os alunos foram situados quanto às
características do gênero literário crônica. Tratou-se do momento em que os alunos
foram instruídos para saber se a leitura seria de um texto real ou de ficção. O
professor realizou alguns questionamentos, a fim de descobrir o real conhecimento
que os alunos possuíam sobre o gênero em estudo. Lembrando que diferentes
textos levam a diferentes expectativas de leitura. Por meio dos esclarecimentos do
professor é que os alunos souberam se a leitura seria de um conto, uma crônica,
uma história em quadrinhos, uma notícia ou um texto de instrução. Também, nesta
etapa, foram anunciadas algumas informações sobre o tema e a linguagem da
crônica, como forma de instigar a curiosidade dos educandos.
Observou-se, ainda, que os alunos mostraram-se bem interessados e se
entusiasmaram com a perspectiva de ler um texto humorístico, curto, com uma
linguagem irônica. Isso porque o texto de Veríssimo é uma sátira de costume,
engraçadíssima, onde abordam situações cotidianas e faz uma reflexão sobre as
práticas, atitudes, regras e ações diárias do ser humano.
Na sequência, apresentou-se a Crônica Exigências da Vida Moderna, de
Luís Fernando Veríssimo e os alunos foram instruídos a formular hipóteses,
previsões ou antecipações, a partir do título, fomentando assim a segunda e terceira
etapa das estratégias de leitura, propostas por Solé (1998), que são as antecipações
e as inferências.
Na fase da “Antecipação”, o professor, começou lendo para os alunos,
apenas o título do texto, e, a partir dele, motivou-os a formularem hipóteses sobre o
tema que o texto poderia apresentar. Segundo Solé, “neste momento é de suma
importância não esquecer de que formular hipóteses, fazer previsões ou
antecipações exige correr riscos, pois por definição não envolvem a exatidão daquilo
que se previu ou formulou” (SOLÉ, 1998 p.108).
Nesta ótica, entende-se que, as antecipações, realizadas pelos alunos, não
são absurdas, tendo em vista que as etapas sugeridas no processo de seleção já
lhes dão alguma noção do que será encontrado no texto que está sendo lido. Para o
sucesso da etapa de antecipação o professor deve conhecer profundamente o
conteúdo e a estrutura do texto, e, assim, elaborar perguntas que instiguem o aluno
à leitura, dentre as expressões sugeridas estão: o que vocês estão fazendo são
previsões, com a leitura é que vamos sabe se é verdade tudo o que disseram.
As antecipações ou previsões, suscitadas a partir da estrutura do texto,
devem contemplar esclarecimentos sobre: no texto predomina a narração ou a
poesia, no caso do texto poético ou ficcional, pode ser mais difícil ajustá-lo ao
conteúdo real, e por isso é importante ajudar os alunos a utilizarem simultaneamente
diversos indicadores presentes no texto, como ilustrações, o que se conhece sobre o
autor etc., além dos elementos que compõem o texto. No texto narrativo, destacar
elementos como: o papel do narrador, personagens, tempo, espaço. Para os textos
jornalísticos, as manchetes costumam ajustar-se perfeitamente ao conteúdo. Nesses
textos, os alunos percebem que suas antecipações realizam-se parcial ou
totalmente, contribuindo, assim, para que adquiram segurança no exercício das
antecipações. Nos textos com estrutura expositiva, os títulos não costumam enganar
o leitor, porém, muitas vezes, resultam de difícil compreensão para os alunos, uma
vez que, em geral, introduzem um tema desconhecido como os abordados nos
textos científicos.
Ler é um processo de interação entre leitor e texto, sendo assim, antes da
leitura integral da Crônica, Exigências da vida moderna, foram feitos alguns
questionamentos para que essa interação fosse a mais produtiva possível. Para
isso, foram formuladas questões do tipo: Um texto que tem como título “Exigências
da Vida Moderna” tratará sobre qual assunto? Em sua opinião, quais são as
exigências da vida moderna? Como era no tempo dos nossos avós? O que uma
pessoa precisa fazer para ser considerada moderna no seu ponto de vista?
A partir das leituras e reflexões realizadas na etapa de seleção e
antecipação os alunos chegaram às inferências. As “Inferências” sobre o texto são
realizadas, por meio das possíveis respostas que o texto pode dar, a partir das
perguntas realizadas na etapa da antecipação. As perguntas formuladas sobre o que
poderia ser encontrado no texto, a partir dos estudos do título, ajudou a melhorar a
compreensão, gerando maior confiança e interesse dos alunos para buscar os
sentidos no texto. Segundo Solé, ”o leitor para ser realmente um leitor ativo precisa
compreender o que lê” (SOLÉ, 1998, p. 116). Assim, a leitura deve levar o leitor a se
posicionar criticamente diante do que lê, interagindo com o mundo textual proposto
pelo autor.
Feitas as antecipações, previsões e inferências, os alunos procederam a
uma leitura individual e silenciosa da crônica. Após esta etapa, tiveram oportunidade
de dialogar, com o professor e com os colegas, sobre o conteúdo do texto. Neste
entrosamento, coube ao professor à responsabilidade de instigar as reflexões.
Para alcançar a última etapa, a da “Verificação”, o professor, primeiramente,
encaminhou os alunos para a releitura da crônica. Após a releitura, pode-se saber se
as antecipações e inferências realizadas, anteriormente, procederam ou não. Nessa
fase, os alunos fizeram uma leitura mais aprofundada e compreensiva do texto,
sempre alertados, pelo professor, da necessidade de a leitura ser eficiente, a qual
deve buscar contemplar todos os aspectos do texto, ou seja, ilustração, pontuação,
enumerações, mudanças de letra, sublinhados, palavras destacadas, tempos
verbais etc.
Na sequência, os educandos receberam informações específicas sobre a
estrutura do gênero crônica. Para a realização de atividades os alunos foram
encaminhados ao laboratório de informática a fim de fazerem pesquisas sobre o
referido gênero. O professor acompanhou as pesquisas, destacando o conceito de
crônica, a classificação enquanto texto, a estrutura composicional, organização do
texto etc. O uso do Laboratório de informática constituiu em uma ferramenta
importante, pois possibilitou aos alunos obterem uma série de informações
relevantes e diversificadas sobre o gênero em estudo bem como sobre o autor do
texto.
O método das estratégias de leitura, adotado no projeto e Implementação
Pedagógica, mostrou-se bastante adequado, considerando-se o grande empenho
dos alunos ao desenvolverem as atividades propostas. O entusiasmo tornou a
aprendizagem mais significativa, prazerosa e interativa. Com isso, pode-se perceber
que não basta simplesmente os alunos ouvirem o professor discorrer sobre certas
questões linguísticas presentes no texto, é fundamental que eles mesmos façam os
exercícios de análise dos enunciados linguísticos, buscando os efeitos de sentido.
As atividades práticas de leitura, aplicadas em sala de aula, envolveram
estudos sobre os aspectos linguísticos do texto, por exemplo, os efeitos de sentidos
gerados pela pontuação, pelos tempos verbais, análise de expressões com sentido
denotativo e conotativo, os efeitos de humor etc. Essas atividades tiveram como
objetivo proporcionar reflexões sobre a língua, as suas condições de uso na
produção, assim como os diversos contextos em que ela está inserida. Esses
estudos auxiliaram os alunos na compreensão dos mecanismos linguísticos e
textuais, isto é, “pensar sobre a língua”, motivando, assim, o processo de
aprendizagem tanto de leitura como de escrita. Os estudos sobre os aspectos
linguísticos do texto ocorreram de forma contextualizada. Ressaltou-se, nesse
processo, a necessidade de os alunos conhecerem e terem domínio da variedade –
padrão da língua, por ser este o meio de expressão mais exigido nas relações
formais de uso da fala e da escrita, pelo qual todo indivíduo é avaliado em seu
conhecimento.
Na interação leitor e texto, por ocasião da leitura, considera-se fundamental
a figura do leitor. Este é visto como um coparticipante na produção de sentido do
texto, na medida em que o leitor leva para o texto suas expectativas, suas
experiências e, seguindo as pistas deixadas pelo autor, elabora hipóteses, refutando
ou reafirmando ideias, construindo, assim, o(s) sentido(s) do texto.
As atividades de exploração do texto, tanto de compreensão quanto
linguísticas, foram desenvolvidas com a intenção de favorecer a proficiência leitora,
visando formar um leitor mais independente e crítico, capaz de identificar os
recursos textuais que estão diretamente ligados ao(s) sentido(s) de superfície e
ao(s) sentido(s) mais profundo do texto. Sendo o leitor capaz de perceber essas
nuances no texto terá também condições de atuar como partícipe na produção dos
sentidos. Para estes estudos, além dos exercícios que envolveram leitura e escrita
lançou-se mão de alguns recursos lúdicos, por exemplo, caça- palavras, isso para
despertar, nos alunos, o desejo de aprender muito mais sobre a língua e sobre a
leitura.
Para finalizar, propôs-se nova leitura da crônica “Exigências da Vida
Moderna”, retomando as discussões sobre o tema que deram início as reflexões, ou
seja, “Qualidade de Vida”. Vale ressaltar que a leitura de imagens desempenhou um
papel fundamental na aprendizagem dos alunos, reforçando a compreensão do tema
proposto, aumentando assim, a possibilidade de entendimento. Desta forma,
conseguiram captar a essência do texto, bem como questionar e argumentar sobre o
que foi lido. Perceberam que ler é uma atividade que amplia os conhecimentos e
pode ser realizada de maneira prazerosa e divertida.
Como atividade complementar solicitou-se aos alunos que fizessem uma
pesquisa sobre o escritor Luís Fernando Veríssimo, bem como leitura de outras
Crônicas do autor. Para isso sugeriu-se o livro “Comédias para se ler na Escola”.
Um trabalho profícuo de formação leitora, por meio das estratégias de leitura
propostas por Solé (1998), requer um professor que tenha domínio e clareza sobre a
aplicação das etapas de leitura abordadas no método. Trata-se de uma proposta
que pode redimensionar o ensino da leitura da literatura na escola. Neste sentido,
não se tem dúvida de que este ensino carece de renovação nos procedimentos
metodológicos na escola. Porém, é preciso reconhecer que o ensino da leitura não
se concretiza sem um embasamento teórico consistente, por parte do professor,
considerando-se que a aplicação das estratégias de leitura prevê uma intervenção
dirigida.
Segundo Solé (1998), para se ter uma aprendizagem eficaz em leitura, em
sala de aula, o uso das estratégias são relevantes, visto que possibilita ao aluno
compreender o quanto os textos são interessantes. O leitor aprendiz precisa da
informação, do apoio, do incentivo e de desafios que devem ser suscitados pelo
professor. Assim, um leitor incipiente passa a dominar progressivamente as etapas
de leitura que, em princípio, pareciam-lhe complicadas. Nesta ótica, pode-se
destacar que os mediadores do processo de ensino e aprendizagem de leitura
devem objetivar promover os alunos a leitores proficientes e autônomos, com prazer
e gosto pelo ato de ler, em condições de descobrir as diversas utilidades da leitura,
tendo por base um ensino significativo.
CONCLUSÃO
Repensar o ensino de leitura configura-se em um desafio para o sistema
educacional. Contudo, a vasta bibliografia que versa sobre o assunto pode amparar
os educadores nesta tarefa. É preciso estar atento às pesquisas e pôr em prática, no
espaço educativo, as novas concepções e metodologias de ensino sugeridas por
esses estudos. Neste sentido, está o método das “Estratégias de leitura” de Solé
(1998), no qual se pautaram as atividades do projeto em tela.
Retomando a primeira questão que norteou o Projeto de Intervenção
Pedagógica, ou seja: sendo o gênero Crônica tão importante na esfera literária,
como estimular os alunos do ensino médio para essa leitura? Para essa questão,
tem-se como resposta que a crônica, pela naturalidade no trato com a linguagem,
pelo humor, lirismo e singularidade torna-se um recurso literário bastante apropriado
para despertar o gosto e o interesse pela leitura da literatura em alunos do ensino
médio. Contudo, quando se trata da leitura de obras literárias, é preciso lembrar que
cabe ao professor oportunizar o contato efetivo do aluno com a literatura. Por
ocasião da seleção ou indicação de leitura de obras literárias, o educador precisa
levar em conta que esta deve estar, o mais próximo possível, do contexto do
educando, além de estar respaldada em um planejamento adequado de abordagem
em sala de aula. Esses procedimentos representarão o sucesso ou fracasso na
formação leitora do aluno.
A participação dos alunos na escolha dos textos a serem lidos e trabalhados
é também uma boa alternativa de aproximação do aluno à obra literária. A partir do
momento em que o professor passa a oferecer aos alunos, leituras de obras
realmente interessantes, do ponto de vista de suas aspirações e conhecimentos
prévios, os alunos terão condições para alçar voos mais altos. Isso significa dizer
que o professor poderá/deverá inserir, paulatinamente, leituras mais complexas, sem
deixar de despertar o prazer e sem prescindir dos objetivos práticos de aquisição do
conhecimento e da competência leitora.
Neste sentido, a experiência da Implementação Pedagógica possibilitou
perceber que, se o professor conhece as expectativas de seus alunos, ele saberá
definir as obras literárias que realmente podem agradar aos estudantes, atendendo
aos seus desejos de leitura. A partir do momento em que se conheceu melhor a
realidade dos educandos do ensino médio, observando-os no dia a dia da sala de
aula, pode-se entender as suas aspirações e o nível de conhecimento leitor dos
mesmos. Isso levou a concluir que a opção pelo gênero Crônica foi pertinente.
Todo o processo de Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica
evidenciou que não existem fórmulas prontas para o ensino da leitura, mas é preciso
contar com o bom senso e a sensibilidade do professor, além, é claro, de uma
preparação advinda de muitas leituras e de um planejamento assentado em teorias
e metodologia que permita uma boa adequação entre os propósitos do professor e
as aspirações dos estudantes.
A crônica, por se tratar de uma narrativa curta, proporcionou aos alunos
reflexões acerca de diversos fatos presentes no cotidiano. As atividades de leitura
desenvolvidas possibilitaram aos educandos a compreensão do tema, a percepção
da estrutura do gênero, seu contexto de uso e situação de interação, além de
conhecimentos sobre a multiplicidade de usos e funções linguísticas no texto.
Dessa forma, pode-se afirmar que as atividades propostas ocorreram de
maneira satisfatória, com resultados bastante positivos, em função também de, na
implementação do projeto, os alunos mostraram-se interessados em ler e refletir
sobre a Crônica escolhida, interessando-se, ainda, por outras crônicas de Luís
Fernando Veríssimo e por livros de outros autores que produzissem esse gênero. Os
alunos apreciaram a leitura de crônicas, dada a linguagem simples, espontânea, a
qual mostra de modo persuasivo atitudes e sentimentos do homem, e, divertindo,
atrai e faz refletir, amadurecendo a visão das coisas e do mundo.
Vale ressaltar que segundo informações da bibliotecária da escola houve um
aumento significativo pela procura de obras de Luís Fernando Veríssimo, na
biblioteca do Colégio, não somente por alunos da série em que foi aplicado o
Projeto, mas também de outras turmas. Constatou-se com isso que os alunos
divulgaram as leituras porque gostaram do gênero lido. Isso significa que estão
lendo mais.
Quanto à resposta à segunda questão do Projeto de Intervenção
Pedagógica, isto é, quais estratégias utilizar, nas aulas de literatura, para despertar
o gosto pela leitura de crônicas, visando à competência leitora? Concluiu-se que o
método das “Estratégias de leitura” mostrou-se eficaz para o trabalho de ensino da
leitura de crônica no ensino médio, visto que este propõe que as atividades sejam
realizadas de forma gradativa. A partir do título do texto, seguida das previsões e
inferências, as etapas possibilitam ao leitor-aprendiz acionar seu conhecimento
prévio e, a cada nova fase, alcançar novo patamar de entendimento. Dessa forma,
as estratégias estimulam o aluno para o ato de ler, por meio do desenvolvimento de
um esquema cognitivo que favorece a aproximação deste do texto em estudo,
promovendo o conhecimento em leitura que se desejava legar ao educando em
formação.
Alguns professores de Língua Portuguesa, deste mesmo Colégio, após a
divulgação e implementação do Projeto, ficaram muito interessados em desenvolvê-
lo em suas turmas. Em função desse interesse foi fornecido o material para que
pudessem trabalhar com seus alunos. Todos fizeram comentários positivos em
relação à metodologia aplicada (Estratégias de Leitura), ressaltado que facilitou a
aprendizagem, possibilitando aos alunos estabeleceram relações entre os
conhecimentos anteriormente constituídos e as novas informações contidas no texto.
Isso se deu por meio das inferências, comparações ou formulação de perguntas
relacionadas ao conteúdo do texto. Esse processo permite, aos alunos, refletirem,
contrastarem e avaliarem as informações apresentadas no texto, produzindo sentido
para o que leram. Com isso, entendeu-se que o Projeto foi amplamente socializado
entre os professores. Assim, quando a escola como um todo, compreende a
importância da leitura ela se torna um processo natural entre os alunos, que passam
a confiar na possibilidade de serem leitores eficientes e, neste contexto, o professor
deve ser o principal mediador para que a leitura aconteça.
É preciso ainda ressaltar que a participação no Programa de
Desenvolvimento Educacional- PDE foi muito gratificante e enriquecedora. Isso, por
se considerar que essa oportunidade ampliou os conhecimentos sobre como formar
leitores, além de possibilitar a interação entre professores da rede pública e das
Universidades. Nesta perspectiva, a liberação da carga horária para o professor
dedicar-se exclusivamente às atividades de estudo, sob orientação de professores
das IES, foi fundamental para o bom resultado do processo. Todas as vivências,
oportunizadas pelo PDE, constituíram-se, sem dúvida, em um grande diferencial,
pois, além de ter promovido a ampliação dos conhecimentos (com cursos, palestras,
orientações), os professores da rede, puderam socializar, discutir e refletir sobre as
especificidades da realidade escolar de cada um e isso contribuiu com novas ideias
para o fazer pedagógico.
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