UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO
FÍSICA
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA
SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE
EXERCÍCIO AERÓBIO
Samara Karla Anselmo da Silva
NATAL – RN
2016
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE
EXERCÍCIO AERÓBIO
SAMARA KARLA ANSELMO DA SILVA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação Física.
ORIENTADOR: Prof. Dr. ALEXANDRE HIDEKI OKANO
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY
SAMARA KARLA ANSELMO DA SILVA
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS
PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO AERÓBIO
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano
Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
Prof. Dr. Bruno Lobão Soares
Prof. Dr. César Renato Sartori
SUPLENTE
Prof. Dr. Eduardo Bodnariuc Fontes
AGRADECIMENTOS
A dissertação que agora se apresenta é resultado de uma etapa repleta de
aprendizado, na qual recebi apoio e estímulo de muitas pessoas. Assim, os méritos que
ela possa ter eu compartilho com todos que, durante a sua elaboração, me
proporcionaram ensinamentos pessoais e profissionais. Foram vocês que tornaram isso
possível.
Agradeço a Deus por mais uma etapa concluída. Agradeço aos meus pais João
Maria Anselmo da Silva e Maria do Socorro da Silva, os quais me inspiram a ser uma
pessoa melhor todos os dias, assim como pelo carinho e apoio dado sempre em todas
as minhas decisões. Mesmo com as dificuldades, vocês me ajudaram a atingir mais um
objetivo. Agradeço ainda a família maravilhosa que construíram ao meu redor. Aos
meus irmãos Soraya Karla e João Carlos, a Beta, a minha cunhada Luciana C. e meu
sobrinho João Paulo.
Agradeço aos professores Alexandre Hideki Okano e Hassan Mohamed
Elsangedy pela orientação dada durante esses anos, pela disponibilidade em ajudar,
pela dedicação ao trabalho desenvolvido no grupo e pela compreensão nos momentos
de dificuldade. Aos dois, a minha admiração e o meu respeito. Agradeço ainda aos
professores que fizeram parte da banca: Bruno Lobão Soares e César Renato Sartori,
por colaborarem de maneira bastante positiva com minha formação e com esta
dissertação de mestrado.
Agradeço imensamente aos meus grandes amigos e companheiros de estudo,
que, por estarem diariamente comigo (fisicamente ou não), participaram efetivamente
do meu crescimento e da minha formação. Além disso, são amigos que jamais
esquecerei. São eles: Daniel Machado (e Rebeca L.), Luiz Inácio, Luiz Fernando, André
Fonteles, Pedro Agrícola e Gertrudes.
Agradeço a todos os integrantes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia
Integrativa do Exercício (GEPEBIEX), aos quais também tenho grande apreço e aos
amigos da turma de mestrado, em especial Amanda Maria, Ana Camila Campelo e
Reneê Caldas.
Por fim, e não menos importante, agradeço aos voluntários do presente estudo
pela compreensão e contribuição dada à pesquisa.
A todos, o meu sincero agradecimento.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
2. OBJETIVOS .......................................................................................................................14
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................................ 14
2.2. Objetivos específicos ................................................................................................................ 14
3.1. Respiração Abdominal Lenta ................................................................................................... 15
3.1.1. Arritmia respiratória sinusal, frequência de ressonância e conceito ..........................15
3.1.2. Efeitos Psicológicos da RAL .....................................................................................17
3.1.3. Mecanismos dos efeitos psicológicos da RAL ..........................................................18
3.2. Respostas psicofisiológicas ao exercício físico .................................................................... 20
3.2.1. Afeto ........................................................................................................................20
3.2.2. Respostas afetivas ao exercício físico ......................................................................23
3.2.3. Percepção Subjetiva de Esforço ..............................................................................25
4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................28
4.1. Amostra ....................................................................................................................................... 28
4.2. Desenho do estudo ................................................................................................................... 29
4.3. Avaliação antropométrica ......................................................................................................... 31
4.4. Teste Incremental Máximo ....................................................................................................... 31
4.5. Teste Retangular ....................................................................................................................... 33
4.6. Análise do afeto ......................................................................................................................... 34
4.7. Análise da percepção subjetiva de esforço ........................................................................... 34
4.8. Análise do nível de ansiedade ................................................................................................. 34
4.9. Análise do estado de humor .................................................................................................... 35
4.10. Análise da variabilidade da frequência cardíaca .................................................................. 36
4.11. Intervenção com a Respiração abdominal lenta .................................................................. 37
4.12. Análise estatística ...................................................................................................................... 38
5. RESULTADOS ...................................................................................................................39
5.1. Parâmetros perceptuais e psicológicos ................................................................................. 39
5.1.1 Afeto ........................................................................................................................39
5.1.2. Percepção subjetiva de esforço ...............................................................................39
5.1.3. Nível de ansiedade ..................................................................................................40
5.1.4. Nível de humor .........................................................................................................41
5.2. Parâmetros fisiológicos ............................................................................................44
5.2.1. Frequência cardíaca e SD1 durante o exercício físico..............................................44
5.2.2. Variabilidade da frequência cardíaca .......................................................................45
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................................54
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................59
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparação dos domínios de humor nos momentos PRÉ e PÓS a
RAL e PÓS exercício físico.
Tabela 2 – Comparação dos índices de VFC nos domínios do tempo e da
frequência nos momentos PRÉ e PÓS exercício físico.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo de curva “U” invertido da relação dose-resposta entre
intensidade de exercício físico e benefícios afetivos.
Figura 2 – Relação dose-resposta entre intensidade do exercício físico e
resposta afetiva, segundo Teoria do modelo duplo.
Figura 3 – Modelo Teórico do Governador Central.
Figura 4 – Diagrama do protocolo que foi utilizado durante a visita 1.
Figura 5 – Diagrama do protocolo que foi utilizado durante as visitas 2 e 3.
Figura 6 – Dispositivo para controle da respiração em seis (6) ciclos por minuto.
Figura 7 – Comparação das respostas afetivas no 5º, 10º, 15º e 20º minuto
durante o teste retangular na condição RAL e CON.
Figura 8 – Comparação da percepção subjetiva de esforço (PSE) nos momentos (5’,
10’, 15’, 20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.
Figura 9 – Comparação do nível de ansiedade nos momentos pré, pós e pós
exercício físico (Pós_EF) nas condições RAL e CON.
Figura 10a – Comparação da Frequência Cardíaca (FC) nos momentos (5’, 10’, 15’,
20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.
Figura 10b – Comparação do SD1 nos momentos (5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste
retangular nas condições RAL e CON.
vii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
BFB – biofeedback;
CON – controle;
RAL – respiração abdominal lenta;
TImáx – Teste Incremental máximo;
PSE – Percepção subjetiva do esforço
AF - Afeto
FC – Frequência cardíaca;
SD1 – Desvio padrão da variabilidade instantânea (batimento a batimento);
VFC – Variabilidade da frequência cardíaca;
RMSSD - raiz quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre
intervalos R-R normais adjacentes;
SDNN - desvio padrão de intervalos R-R consecutivos;
LF – Componente de Baixa frequência. Decorrente da ação conjunta dos
componentes vagal e simpático sobre o coração, com predominância do simpático;
HF – Componente de Alta frequência. Indicador do nervo vago sobre o
coração;
LF/HF – Razão entre índice de baixa frequência e alta frequência. Caracteriza
o balanço simpato-vagal sobre o coração;
viii
RESUMO
EFEITO AGUDO DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL LENTA SOBRE AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS DURANTE EXERCÍCIO AERÓBIO
Autor: Samara Karla Anselmo da Silva
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano
Co-orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
Introdução: A Respiração abdominal lenta (RAL) é uma estratégia não-invasiva
para modular a atividade biológica, a qual demonstrou efeitos psicológicos e
emocionais positivos. Estudos utilizando a RAL encontraram melhoras na
ansiedade, estresse, estados de humor, auto-confiança, auto-eficácia, e controle de
desejo de alimentos. No entanto, nenhum estudo avaliou o efeito da RAL nas
respostas psicofisiológicas durante o exercício e o prazer/desprazer. Sendo essas
respostas importantes, uma vez que o prazer que as pessoas se sentem durante o
exercício influencia as suas decisões sobre a aderência. Objetivo: Verificar o efeito
agudo da RAL sobre as respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio.
Métodos: Dezessete homens (27,4 ± 8,4 anos, 76,2 ± 10,7 kg, 1,75 ± 0,09 m)
foram submetidos a um teste de esforço progressivo, e duas sessões de carga
constante em exercício aeróbio de 20 min, com e sem a RAL, realizada de maneira
randomizada e cruzada. Antes de cada sessão, a variabilidade da frequência
cardíaca (VFC), inventário de ansiedade-estado (AN), e a escala estados de humor
ix
(HUM) foram coletados. Durante o exercício, a frequência cardíaca (FC), o desvio-
padrão da FC (SD1), as respostas afetivas (AF) e percepção subjetiva de esforço
(PSE) foram registrados a cada cinco minutos. Após o exercício, VFC, AN, e HUM
foram novamente medidos. Resultados: A ANOVA de duas vias com medidas
repetidas mostrou que não houve efeito da RAL no AF (p>0,05) e PSE (p>0,05),
FC (p>0,05) e SD1 durante o exercício (p>0,05). Similarmente, não houve efeito na
VFC (p>0,05), AN (p>0,05) e no HUM (p>0,05). Conclusão: A Respiração
abdominal lenta realizada e forma aguda não melhora respostas psicofisiológicas
durante o exercício aeróbico. Além disso, não melhora a ansiedade-estado e humor
em repouso ou após o exercício, em indivíduos fisicamente ativos e sem alterações
emocionais.
Palavras chaves: Afeto, exercício físico, respiração abdominal lenta.
x
ABSTRACT
ACUTE EFFECT OF SLOW ABDOMINAL BREATHING IN PSYCHOPHYSIOLOGICAL RESPONSES DURING AEROBIC EXERCISE
Autor: Samara Karla Anselmo da Silva
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Hideki Okano
Co-orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
Introduction: Slow abdominal breathing (SAB) is a non-invasive strategy to modulate
biological activity that has shown positive emotional and psychological effects. Studies
using SAB have found improvements in anxiety, stress, mood states, self-confidence,
self-efficacy, and food craving. However, none study have assessed the effect of SAB
on the psychophysiological responses during exercise, and the pleasure/displeasure
people feel during exercise that influences their decisions regarding adherence.
Purpose: The aim of this study was to assess the acute effects of SAB on the
psychophysiological responses during aerobic exercise. Methods: Seventeen males
(27,4 ± 8,4 years, 76,2 ± 10,7 kg, 1,75 ± 0,09 m) underwent to a graded exercise test,
and two sessions of 20-min constant load aerobic exercise with and without SAB,
performed in crossover and random order. Before each session, heart rate variability
(HRV), state-anxiety (SA), and mood states (MS) were measured. During exercise,
heart rate (HR), the standard deviation of HR (SD1), affective responses (AF), and
ratings of perceived exertion (RPE) were registered every five minutes. After exercise,
xi
HRV, SA, and MS were also measured. Results: A two-way ANOVA with repeated
measures showed that there was no effect of SAB on AF (p>0.05), RPE (p>0.05), HR
(p>0.05), and SD1 (p>0.05). Similarly, there was no effect on HRV, SA, and MS
(p>0.05). Conclusion: Slow abdominal breathing does not improve
psychophysiological responses during aerobic exercise. Additionally, it does not
enhance state-anxiety and mood at rest or after exercise, in physically active and
healthy individuals.
Key words: Affect, physical exercise, slow abdominal breathing
12
1. INTRODUÇÃO
Estudos têm demonstrado o papel central da emoção a tudo o que fazemos,
sendo esta capaz de influenciar a tomada de decisão e definir o nosso comportamento
diante de uma determinada tarefa1. Esse tema tem sido foco de bastante atenção uma
vez que o combate à inatividade física (considerada um dos maiores problemas de
saúde do século XXI2) baseado na educação e modelos cognitivos tem sido
minimamente eficaz3. Ainda, cerca de 31% dos adultos no mundo são considerados
insuficientemente ativos4 pois não atingem as recomendações de atividade física
sugeridas para promoção da saúde5. Diante disso, pesquisadores6 têm argumentado
que o principal aspecto comportamental do exercício físico é o sentimento de prazer e
bem-estar experienciados durante o mesmo, a qual gera um comportamento favorável
à essa prática7,8.
De fato, quanto maior é o prazer sentido durante o exercício físico maior é a
quantidade de tempo despendido por dia e por semana pelos indivíduos para
realização do mesmo7–9 e menor são os sentimentos aversivos, como cansaço/fadiga
após o exercício9. Além disso, a percepção subjetiva de esforço durante o exercício
físico também está intimamente ligada a fatores emocionais10. Essa informação é
bastante relevante uma vez que a decisão consciente de manter, aumentar ou diminuir
a intensidade ou até mesmo finalizar o exercício pode ser resultado de um equilíbrio
entre motivação e afeto e a sensação de esforço físico11. Assim, intervenções que
otimizem as experiências afetivas positivas sentidas durante o exercício físico parecem
ser estratégias importantes para favorecer a tomada de decisão e um comportamento
favorável à programas de atividade física6.
Nesse sentido, a respiração abdominal lenta (RAL) é uma técnica que consiste
na redução da taxa respiratória próximo à frequência de ressonância12, a qual é
conhecida por gerar maior oscilação na frequência cardíaca83. Esse procedimento pode
ser realizado tanto com o auxílio de um aparelho de biofeedback12 como sem a
presença do mesmo13 e, apesar da eficiência com o uso do aparelho, técnicas de
respiração sem a utilização do aparelho de biofeedback desempenham efeitos
benéficos semelhantes13. A utilização da RAL apresenta efeitos psicológicos positivos,
13
como a diminuição de estados de humor negativo reportado pela ausência de tensão,
depressão e fadiga14, redução da ansiedade14–16, aumento do relaxamento17, aumento
da auto-confiança16, entre outros benefícios18–23. O principal mecanismo relacionado ao
efeito modulatório da RAL sobre as respostas psicológicas tem sido atribuído a
estimulação do sistema barorreflexo16 e a melhora do controle autonômico14, tendo em
vista que estressores psicológicos, como por exemplo a ansiedade, são
frequentemente associados com um aumento do tônus cardíaco simpático e diminuição
no tônus parassimpático, ou ambos. Uma forma de observar essa melhora tem sido
através da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), a qual reflete as variações da
frequência cardíaca instantânea entres os batimentos cardíacos consecutivos24, sendo
o seu aumento atribuído, principalmente, à modulação parassimpática e,
consequentemente, havendo melhora do controle autonômico. Recentemente estudos
identificaram a capacidade da RAL em modular também a plasticidade cerebral17,25 em
áreas relacionadas ao sistema límbico e córtex pré-frontal, as quais estão envolvidas
no processamento de respostas psicofísicas ao estresse e controle emocional26. Tais
resultados foram observados tanto durante a prática da RAL (com aumento de
relaxamento e diminuição da ansiedade), quanto no momento pós RAL (com aumento
da atenção interna e persistência de relaxamento). Ademais, a RAL apresenta baixo
custo e pode ser facilmente utilizada no dia a dia, sem que apresente efeitos
colaterais27.
Portanto, considerando a importância das respostas psicofisiológicas durante o
exercício físico para a manutenção de um comportamento favorável a programas de
atividade física e sabendo que a RAL pode modificar positivamente as respostas
comportamentais e a atividade cerebral13–16,23,25,28,29, acreditamos que a RAL realizada
previamente ao exercício físico possa modular o padrão de respostas psicofisiológicas
durante o exercício.
14
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Analisar o efeito agudo da respiração abdominal lenta (RAL) sobre as
respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio.
2.2. Objetivos específicos
Verificar o efeito da RAL sobre a frequência cardíaca (FC) e limiar de
variabilidade da frequência cardíaca (SD1) durante o exercício físico aeróbio;
Verificar o efeito da RAL sobre a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no
momento pós exercício físico;
Verificar o efeito da RAL sobre a ansiedade (AN) e humor (HU) nos momentos
pré (RAL/CON), pós (RAL/CON) e pós exercício físico;
Verificar o efeito da RAL sobre o afeto (AF) e a percepção subjetiva de esforço
(PSE) durante o exercício aeróbio a cada cinco minutos do total de vinte
minutos de teste;
15
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Respiração Abdominal Lenta
3.1.1. Arritmia respiratória sinusal, frequência de ressonância e conceito
A respiração pulmonar é um processo natural do ser humano e envolve as
fases de inalação (entrada de ar nos pulmões) e expiração (saída de ar dos
pulmões). Tal processo, apesar de ter um comportamento involuntário, também pode
ser parcialmente controlado pelo indivíduo, o que possibilita ao mesmo interagir com
outros sistemas corporais sobre os quais a respiração exerce influência, como por
exemplo, o sistema nervoso autônomo e cardiovascular30. A FC aumenta durante o
processo de inalação e diminui durante a expiração31. Nesse sentido, a arritmia
sinusal respiratória é o termo utilizado para a variação na frequência cardíaca (FC)
que acompanha o processo respiratório12.
Em um adulto saudável a taxa respiratória normal possui de 9-24 (0.15 – 0.4
Hz) respirações/minuto que é equivalente a variações na FC de alta frequência. Já
frequências respiratórias mais baixas de 3-9 respirações/minuto (0.05-0.15 Hz)
equivalem a variações de baixa frequência e maior amplitude nos parâmetros
cardíacos para ume stado basal12, o que parece ser mais interessante, uma vez que
a diminuição da amplitude de variação da FC está envolvida com desordens
emocionais como ansiedade, depressão32,33 e patologias associadas ao sistema
cardiovascular34,35. Assim, pesquisadores têm demostrado que as pessoas podem
indiretamente produzir aumento na amplitude dessas oscilações da FC36 respirando
em uma frequência respiratória na qual a amplitude é consideravelmente maior. Essa
frequência é chamada de frequência de ressonância. Cada indivíduo possui uma
frequência de ressonância específica sendo que, para maioria das pessoas, ocorre
em torno de 6 respirações/minuto ou 0.1 Hz12. Várias pesquisas que utilizam o
controle respiratório como uma abordagem alternativa para exercer efeitos benéficos
ao organismo utilizaram protocolos nos quais buscava-se atingir ou respirar numa
frequência que coincidia com a frequência de ressonância18,20.
16
Nesse sentido, a respiração abdominal lenta (RAL) é uma técnica que consiste
na redução voluntária da taxa respiratória normal próximo à frequência de
ressonância12. A RAL pode ser realizada tanto com o auxílio de um aparelho de
biofeedback12 como sem a presença do mesmo13. A técnica utilizando o aparelho de
biofeedback é chamada de biofeedback de variabilidade da frequência cardíaca
(BVFC), biofeedback de arritmia sinusal respiratória ou feedback de frequência de
ressonância12 e envolve o uso de instrumentos bioeletrônicos para gravar e transmitir
em tempo real os batimentos cardíacos do indivíduo e, através de um padrão
respiratório lento o indivíduo atinge sua frequência de ressonância. Nos últimos anos,
tem sido substancial o uso do biofeedback para uma variedade de disfunções e para
melhoria do desempenho atlético37. Entretanto, apesar da eficiência deste
procedimento com o uso do aparelho, técnicas de respiração sem a utilização do
aparelho de biofeedback desempenham efeitos benéficos semelhantes13. Wells et
al.13 em seu estudo comparando a RAL com e sem o uso do biofeedback sobre a
ansiedade e variabilidade da frequência cardíaca (VFC) dos indivíduos concluiu que
não houve diferença entre esses procedimentos com relação aos efeitos benéficos
da RAL, havendo diminuição da ansiedade e melhora na VFC em ambos. Outros
estudos sem utilizar o aparelho de biofeedback também apresentam, em seus
resultados, modificações fisiológicas positivas18,20,38.
A RAL, ainda, pode ser confundida com algumas técnicas orientais, as quais
podem apresentar efeitos semelhantes aos da RAL, uma vez que, durante os
exercícios de meditação, induzem as pessoas a respirarem em suas taxas de
frequência de ressonância39. Entretanto, essas técnicas orientais não são bem
padronizadas, podendo ser ensinadas de diversas formas, dependendo do instrutor e
do objetivo. Ainda, são consideradas complexas e nem todos os seus componentes
podem ser eficazes no controle fisiológico de um sistema particular ou tratamento de
patologias específicas12. Nesse sentido, a RAL é uma técnica de aplicação simples e
imediata e segue um padrão direcionado para mudanças fisiológicas podendo ser
facilmente aprendida pela maioria dos indivíduos12. Ademais, ao contrário da maioria
das intervenções farmacológicas, nenhum efeito colateral foi reportado pelo uso da
RAL15.
17
3.1.2. Efeitos Psicológicos da RAL
O sistema respiratório é bastante sensível às variações na emoção e pode ser
um componente importante na regulação emocional40. De fato, já está bastante
evidente que a atividade respiratória diminui durante estados de repouso ou de
relaxamento41 e aumenta durante situações de estresse42, como acontece com
indivíduos com altos níveis de ansiedade43–45, os quais mostram elevação da
frequência respiratória, bem como excitação fisiológica elevada e maior percepção
de sintomas somáticos46,47. Diante disso, e, considerando a existência de uma
estreita associação entre a respiração, atividade autônoma cardíaca e aspectos
emocionais13,27, é possível dizer que os indivíduos são capazes de alterar seus
estados emocionais utilizando o controle voluntário da respiração48.
Nesse sentido, pesquisas utilizando a RAL têm demonstrado efeitos benéficos
crônicos sob diversos aspectos emocionais16,49. Paul et. al.16 examinando a
efetividade do treinamento da RAL sobre o estado de ansiedade de jogadores de
basquetebol mostrou que a RAL exibiu considerável redução na ansiedade, quando
comparada ao grupo placebo e controle, após treinamento com a RAL por 10 dias
consecutivos. Este efeito perdurou por um mês após treinamento com a RAL. Já
Lagos et al.14 em um estudo de caso com um jogador de golfe, demonstraram que a
RAL, praticada durante 10 semanas consecutivas, conseguiu reduzir a ansiedade
cognitiva (associada a preocupação) e somática (associada a excitação fisiológica)50.
Além disso, o indivíduo reportou completa ausência de tensão, depressão, raiva,
fadiga e aumento da autoconfiança.
Por outro lado, efeitos agudos15,17,28 também são vistos após intervenção com
a RAL. Em uma única sessão, Wells et. al.15 verificaram redução do estado de
ansiedade e melhora na VFC, indicando aumento da influência parassimpática na FC
em resposta ao estresse psicossocial durante performance de musicistas. A melhora
na regulação da excitação fisiológica antes da performance dos musicistas foi
associada ao aumento da modulação vagal, uma vez que a mesma está associada
com maior controle executivo e capacidade de inibir respostas emocionais
associadas ao medo.
18
3.1.3. Mecanismos dos efeitos psicológicos da RAL
O padrão respiratório é fortemente associado a estados emocionais e
psicológicos51,52. De maneira recíproca, um padrão respiratório controlado pode
refletir a eficiência e resiliência fisiológica, contribuindo para auto regulação e
manutenção geral da saúde do indivíduo53. Nesse sentido, estudos têm demonstrado
que a RAL causa modificações fisiológicas positivas, principalmente associadas a
regulação do sistema nervoso autônomo (SNA) observadas através de modificações
na VFC16,54, a qual gera informações importantes sobre a flexibilidade autonômica e
a capacidade do indivíduo regular suas respostas emocionais55, uma vez que o
aumento na VFC reflete modulação parassimpática24 e, consequentemente melhora
na flexibilidade autonômica e a diminuição da VFC reflete maior influência simpática,
sendo forte indicador de risco relacionado a eventos adversos56.
Assim, o principal mecanismo por trás dos efeitos da regulação emocional da
RAL tem sido relacionado ao estímulo que esse padrão respiratório exerce nas
propriedades de ressonância do sistema cardiovascular (por exemplo, arritmia
sinusal respiratória)57. Mais precisamente, a RAL estimula e exercita os reflexos
autonômicos, tornando-os mais eficientes. Em casos de patologias desse sistema, a
RAL atua na restauração e regulação do balanço entre a modulação simpática e
parassimpática58. Lin et al.27 tentando explorar o potencial mecanismo da RAL,
observaram o aumento da sensibilidade barorreflexa, o aumento da modulação
parassimpática e redução da modulação simpática, melhorando assim o controle
autonômico cardíaco em indivíduos pré-hipertensos. De fato, tal mecanismo parece
ser plausível, uma vez que a ansiedade e o estresse, por exemplo, são
frequentemente associados com o aumento do controle cardíaco simpático e
diminuição no controle parassimpático, ou ambos59,60.
Nesse sentido, Lagos et al.14 avaliando a RAL como estratégia de redução na
ansiedade competitiva em um jogador de golfe atribuíram a melhora da performance
e aspectos emocionais ao efeito da RAL na regulação autonômica. Do mesmo modo,
Wells et al.15 objetivando avaliar o efeito da RAL sob o estresse de músicos antes de
uma apresentação, observou que com apenas uma única sessão de 30 minutos,
19
houve aumento do tônus vagal e redução do balanço simpato-vagal. A melhora na
regulação da excitação fisiológica antes da performance dos musicistas foi associada
ao aumento da modulação vagal, uma vez que a mesma está associada com maior
controle executivo e capacidade de inibir respostas emocionais associadas ao medo.
De fato, altos níveis do índice de alta frequência da VFC em repouso indicam
habilidade do sistema autonômico em inibir a excitação simpática61, aumentando a
flexibilidade comportamental frente ao estresse e a ansiedade.
Mecanismos corticais também são especulados por alguns autores25,28. Esses
estudos apontam através da análise por eletroencefalograma (EEG) mudanças no
encéfalo causadas pela RAL como, por exemplo, Sherlin et al.25 mostraram aumento
de ondas α (alfa; associada ao aumento da atenção interna e relaxamento) no giro
cingulado anterior como também diminuição de ondas β (beta; associadas ao
aumento de excitação cortical) no giro cingulado posterior. Além disso, Prinsloo et
al.17 relataram aumento de ondas θ (teta; associada ao relaxamento) na linha média
na região frontal, central e parietal (Fz, Cz, Pz), diminuição de ondas β em Fz, Cz e
aumento do índice θ/β em Fz, Cz e Pz durante a RAL, sugerindo aumento do
relaxamento e diminuição da ansiedade. No período pós RAL foi demonstrado, neste
mesmo estudo, aumento na área posterior de θ, diminuição na área central de β e
aumento na área posterior e central do índice θ/β, resultando no aumento da atenção
interna e persistência de relaxamento17. No entanto, ainda não está clara a
relação/conexão entre os efeitos periféricos e centrais da RAL. Outros mecanismos,
como as alterações no potencial de membrana de células neuronais através de
técnicas de respiração lenta, também têm sido propostos com o objetivo de
demonstrar a estreita relação entre a respiração, atividade cardíaca, atividade
autonômica e emoção62. Entretanto, nenhum estudo utilizando o procedimento da
RAL verificou tais mecanismos.
20
3.2. Respostas psicofisiológicas ao exercício físico
3.2.1. Afeto
Buscando discutir e compreender a terminologia do afeto, Ekkekakis e
Petruzello 63, propuseram o “afeto base” como sendo uma valência mais ampla e
subconsciente do que emoção e “estados distintos de afeto” que incluem emoções e
humores mediados por um processo de avaliação cognitiva (raiva, medo,
constrangimento, dentre outros), sendo ele definido como o componente
característico elementar de respostas do tipo contrastante (prazer/desprazer,
conforto/desconforto, positivo/negativo, entre outras). Assim, enquanto emoção
necessita de uma avaliação cognitiva de um estímulo, o afeto pode ocorrer como um
dos componentes da emoção (ex.: constrangimento é desprazeroso) ou
independente dela (sem avaliação cognitiva), como ocorre ao sentirmos uma dor64.
De acordo com Damasio65–67, a emoção é definida como uma coleção de
mudanças nos estados corporais periféricos (somáticos) e cerebrais provocadas por
um sistema que responde a conteúdos específicos de suas percepções reais ou
recordatórias, em relação a um objeto ou evento particular. Essas alterações podem
ser internas e viscerais, como por exemplo na frequência cardíaca, contração
muscular, entre outras, como podem ser externas e visíveis, como expressão facial,
comportamentos específicos, dentre outros. As respostas corporais destinadas ao
encéfalo levam a liberação de neurotransmissores, modificações de estados ativos
de algumas regiões encefálicas e modificações de sinais a partir do corpo para
regiões somatossensoriais. Esse conjunto de sinais proporcionam ingredientes
essenciais para serem percebidos como um sentimento, um fenômeno perceptível ao
indivíduo.
Considerando a influência do sentimento no comportamento humano68 e
buscando compreender além de parâmetros fisiológicos periféricos como o indivíduo
se sente durante a prática de exercício físico, Hardy e Rejeski69 propuseram a escala
de valência afetiva com a finalidade de avaliar o prazer/desprazer experienciados
durante o mesmo70. Essa escala se fundamenta no aspecto mais forte das reações
emocionais, geralmente com sentimentos bons ou ruins, sem avaliar as diversas
21
categorias da emoção (depressão, alegria, vigor, entre outros). Dessa forma, as
respostas afetivas podem ser definidas como modificações no prazer/desprazer
autorreportado.
Ainda no contexto do exercício físico, a relação dose-resposta entre
intensidade de exercício físico e respostas afetivas tem sido uma área de pesquisa
proeminente dentro da psicobiologia, principalmente pela crescente expectativa na
elucidação dos possíveis mecanismos que envolvem a relação de intensidade e a
aderência a programas de exercício físico71–74. Afim de compreender essa relação, o
modelo de curva em “U” invertido75,76 (Fig.1) evidencia os benefícios afetivos na
intensidade moderada, enquanto que em intensidades leves e vigorosa isso parece
não ocorrer. Entretanto, tal modelo deve ser observado com cautela, uma vez que o
mesmo é insatisfatório para explicar a relação entre intensidade e afeto77. Um dos
motivos para essa insatisfação é que o modelo não se encaixa bem aos dados,
confirmado em estudo realizado em intensidade moderada (60% Vo2 máximo)
demonstrando que alguns indivíduos relatam aumento da resposta afetiva prazerosa
e, outros, decréscimos no prazer78. Ainda, foi observado que não é considerado a
variabilidade inter-individual nas respostas afetivas que se modificam em função da
intensidade64,78. Por último, esse modelo é descritivo e não mecanicista, dessa
forma, não possui hipóteses testáveis a fim de elucidar as causas das mudanças
afetivas evidenciadas79. Erros metodológicos também foram constatados em uma
revisão da literatura realizada por Ekkekakis et al.79 relacionados a intensidade das
sessões de exercício físico, análise das mudanças de respostas afetivas e ao
momento da avaliação da resposta afetiva (pré-exercício; durante o exercício; pós-
exercício). Em cima de tais erros metodológicos, surge a Teoria do modelo duplo80.
22
Figura 1. Modelo de curva “U” invertido da relação dose-resposta entre intensidade
de exercício físico e benefícios afetivos (Adaptado de Berger) 81.
A Teoria do modelo duplo80 postula que as respostas afetivas ao exercício
físico são determinadas pela relação entre fatores cognitivos (ex.: auto eficácia,
planejamento) e estímulos interoceptivos (ex.: sinais provenientes do corpo), que
atuam em função da intensidade do exercício físico. Nessa perspectiva, as respostas
afetivas são determinadas pelos fatores cognitivos em intensidades abaixo ou
próxima ao limiar ventilatório. Já fatores interoceptivos determinam as respostas
afetivas em intensidades que excedem o limiar ventilatório. De modo mais detalhado,
isso ocorre porque em intensidades abaixo do limiar ventilatório o estado fisiológico é
estável, o que permite o indivíduo planejar suas ações, avaliando a sua percepção e
sensação com relação ao exercício físico praticado. Por outro lado, acima do limiar
ventilatório o estado fisiológico é instável, influenciando a atenção dos indivíduos
para sinais interoceptivos (sinais corporais) que passam a determinar as respostas
afetivas79,80. Portanto, ao sumarizar essas informações, a teoria do modelo duplo
prediz que80: em intensidades abaixo do limiar ventilatório as respostas afetivas são
homogêneas, prazerosas e possuem pouca influência de fatores cognitivos; em
intensidade próxima ao limiar ventilatório, as respostas afetivas possuem
variabilidade, com uns indivíduos reportando prazer e outros reportando desprazer,
23
sofrendo também uma maior influência cognitiva; em intensidades acima do limiar
ventilatório as respostas afetivas são homogêneas, desprazerosas e possuem maior
influência interoceptiva (Fig. 2)
Figura 2. Relação dose-resposta entre intensidade do exercício físico e resposta
afetiva, segundo Teoria do modelo duplo80.
3.2.2. Respostas afetivas ao exercício físico
Dada a gama de benefícios que a participação em programas de exercício
físico pode proporcionar à saúde do ser humano82–84, a Organização Mundial da
Saúde (OMS)85 tem encorajado o desenvolvimento de políticas públicas e programas
que promovam a saúde através da prática de exercício físico baseado,
principalmente, sob uma perspectiva cognitiva, além dos fatores sociais86 e
ambientais87, assumindo, dessa forma, que os indivíduos se envolvem em um
processo racional (considerando os custos e benefícios) de suas escolhas
comportamentais88. Entretanto, o desenvolvimento dessa proposta obteve sucesso
limitado, principalmente quando se trata da manutenção desses exercícios89.
De acordo com a teria hedônica, as pessoas são levadas a querer
experiências positivas (agradáveis) e, dessa forma, a participação regular em
programas de exercício físico seria aumentada para aqueles que experienciassem a
sessão de exercício físico de forma prazerosa fazendo com que reforçasse esse
Abaixo do limiar ventilatório
(Intensidade leve)
Próximo ao limiar ventilatório
(Intensidade moderada)
Acima do limiar ventilatório
(Intensidade severa)
Homogeneidade Variabilidade Homogeneidade
Prazer Prazer/Desprazer Desprazer
Influência Cognitiva
Influência Cognitiva
Influência Interoceptiva
24
comportamento, enquanto que experiência desprazerosa exerceria o efeito inverso90.
De fato, Dishman6 notou que o prazer e bem-estar são motivos mais fortes para a
prática contínua de exercício físico do que o conhecimento sobre os benefícios que o
mesmo promove. Ainda, estudos como os de Schneider 7, Kwan e Bryan9 e Williams8
demonstraram que quanto maior o prazer experienciado durante a realização da
atividade física mais tempo de prática por dia e por semana os indivíduos realizaram,
sendo um único aumento na unidade de valência afetiva (escala de Hardy &
Rejeski69) associado com aproximadamente 41 minutos adicionais de atividade física
por semana 12 meses depois8, além de diminuir a sensação de cansaço físico após
exercício9. Esses resultados tornam-se relevantes quando consideramos as diretrizes
do Colégio Americano de Medicina do Esporte5 para melhoria da saúde, onde os
minutos semanais associados com a intensidade são considerados pontos
importantes na prescrição de exercício físico.
Ainda, embora subjetiva, a resposta afetiva ao exercício físico parece ser um
método alternativo de regulação do exercício físico. Rose e Parfitt91 examinaram a
utilidade da escala de afeto69 para regular a intensidade do exercício em mulheres
sedentárias. Nesse estudo, as mulheres se exercitaram de modo que sentissem o
exercício como sendo “bom” (+3 na escala de afeto) e “razoavelmente bom” (+1 na
escala de afeto) em quatro sessões consecutivas para cada intensidade. Foi
observado que as mulheres que sentiram o exercício como “bom” se exercitaram em
uma intensidade ligeiramente inferior (64% da FC máx) quando comparadas a
intensidade selecionada pelas mulheres que se exercitaram sentindo o exercício
como sendo “razoavelmente bom” (68% da FC máx). Em ambas condições, em
média, a intensidade foi de 7- 8% abaixo do limiar ventilatório). Logo, tais resultados
sugerem que a escala afetiva pode ser utilizada para autorregular a intensidade do
exercício para atingir uma dada resposta afetiva e, para manter essa resposta
afetiva, a intensidade passa a ser aumentada ao longo do tempo. Estudo relatando
resultados semelhantes foram realizados com indivíduos ativos fisicamente92.
Dessa forma, especula-se que esse aumento da intensidade a partir do uso da
escala de valência afetiva pode alcançar benefícios à saúde uma vez que o exercício
físico realizado próximo ao limiar ventilatório ao longo do tempo melhora a aptidão
25
fisiológica93. Adicionalmente, baseado no papel desempenhado pelos fatores
cognitivos (experiências prévias, personalidade, objetivos pessoais, entre outros) e
fatores interoceptivos (sinais provenientes do corpo como, por exemplo, a respiração
pulmonar) na relação da intensidade de exercício e afeto da teoria do modelo
duplo94, o ritmo do esforço (intensidade) deve aumentar em resposta a uma maior
adaptação fisiológica associada ao aumento da aptidão do indivíduo. Com esse
aumento de intensidade os estímulos interoceptivos sinalizam para um possível
ajuste à intensidade selecionada para atingir uma resposta afetiva prazerosa (“bom”;
+3 na escala de afeto). Se a melhora na aptidão e as adaptações fisiológicas são
evidentes, a regulação do exercício através de respostas afetivas pode auxiliar a
atingir as recomendações de atividade física para promoção de saúde. Ademais, de
acordo com a teoria da autodeterminação95, a autonomia concedida ao indivíduo
para que o mesmo controle a intensidade do exercício apoia o desenvolvimento de
um comportamento de motivação intrínseca.
3.2.3. Percepção Subjetiva de Esforço
O modelo clássico apresentado nos livros de fisiologia do exercício afirma que
o controle da intensidade de exercício físico e fadiga física apresenta uma relação
linear com mudança de metabolismo, demanda energética, respostas
cardiovasculares e respiratórias, entre outros96–98. Entretanto, objetivando buscar um
instrumento que avaliasse o nível de esforço físico de outra forma que não através de
marcadores fisiológicos, Gunnar A. V Borg99, em meados da década de 60,
encontrou uma correlação entre uma escala, chamada de percepção subjetiva de
esforço (PSE) e a frequência cardíaca em teste máximo realizado em ciclo
ergômetro. Diante disso, uma nova possibilidade de obtenção da quantificação do
nível de esforço durante o exercício físico foi proposta. Posteriormente, outros
estudos também mostraram a relação entre essa escala e variáveis fisiológicas como
lactato sanguíneo e ventilação100 e consumo de oxigênio101, contribuindo ainda mais
para aceitação da mesma.
26
A escala de PSE desenvolvida por Borg102 contém quinze números (6 a 20) e
sete descritores verbais, que vão de “Muito leve” a “Muito pesado” dispostos de
maneira crescente e linear. De acordo com Borg102,103, a PSE é uma variável que
sofre influência de informações intrínsecas como, por exemplo, a frequência
cardíaca, a tensão muscular/articular e informações extrínsecas como, por exemplo,
a motivação pessoal e resistência imposta. Tais informações geram a percepção do
quão desgastante está sendo a tarefa realizada pelo indivíduo, através do envio de
informações dos receptores sensoriais localizados na musculatura, articulações e
vísceras para regiões do encéfalo que, junto com informações extrínsecas, geram
uma percepção do esforço físico. Essa conceituação é baseada no mecanismo geral
da percepção. Entretanto, além da interpretação das informações intrínsecas e
extrínsecas, a PSE também é conceituada como uma habilidade de detectar tais
informações104,105 e utilizam, para isso, o modelo explanatório global o qual diz que o
aumento da tensão no músculo executado durante o exercício físico é
simultaneamente seguido por sinais eferentes de retroalimentação provenientes do
córtex motor e transmitidos ao córtex sensorial. As informações são refinadas e
ajustadas por fatores cognitivos, resultado assim, na resposta periférica que pode ser
respiratória e global (todo o organismo).
De fato, a sensação de fadiga é um fenômeno bastante complexo e está
associada a percepção consciente do indivíduo às mudanças das funções corporais
(ex.: aumento da ventilação respiratória, sensação de “estar quente” pelo do aumento
da temperatura e a sensação de atividade muscular aumentada)106. No entanto,
funções cognitivas também estão associadas a essa sensação de fadiga, incluindo o
nível de motivação do indivíduo durante o exercício físico, a memória de sessões de
exercício anteriores e um componente de tomada de decisão que relaciona a
sensação sentida no momento (sensório-motor) com experiências prévias107. Assim,
se nos basearmos no modelo clássico da quantificação do nível de esforço através
dos marcadores fisiológicos, o exercício físico seria, certamente, finalizado quando a
demanda imposta ao organismo excedesse a capacidade de um ou mais sistemas
orgânicos, causando a chamada “falha catastrófica do sistema” 97,98. Esse modelo
não inclui parâmetros importantes como os feedbacks aferentes nem os aspectos
27
psicofisiológicos que influenciam o comportamento no exercício. Diante disso,
modelos mais recentes, como o modelo teórico do governador central proposto por
Noakes e colaboradores108 (Fig. 3) descrevem a importância do encéfalo no controle
e gerenciamento do esforço físico, assim como a tomada de decisão mediante
informações aferentes vindas dos sistemas periféricos, resultando na PSE109–111.
Dessa forma, informações psicológicas e periféricas antes do início do exercício
físico estabelecem o ritmo de esforço inicial do indivíduo como, por exemplo,
experiências prévias, motivação, expectativa de distância, entre outros97. Como
resultado, essas informações são utilizadas para regular o comportamento do
exercício físico pela modificação contínua do número de unidades motoras
recrutadas nos músculos exercitados. Esse modelo permite que o encéfalo antecipe
a falha sistêmica e modifique o comportamento para assegurar a homeostase e
prevenir a falha catastrófica dos sistemas fisiológicos97.
Figura 3. Modelo teórico do governador central (Adaptado de Noakes).
Noakes110 realizando um teste incremental máximo em condições de hipóxia e
normóxia observou que em condições de hipóxia a concentração de lactato e o
recrutamento muscular eram menores que em condições de normóxia. De modo que
em hipóxia, a concentração de lactato e recrutamento muscular tendem a aumentar
28
devido à dificuldade de captação de oxigênio, os resultados apresentados pelo
estudo tiveram um comportamento diferente, concluindo assim que para evitar
catástrofe do sistema fisiológico em hipóxia o cérebro modulou a PSE, aumentando a
dificuldade e desgaste físico para que o indivíduo parasse o exercício antes e, dessa
forma, preservasse a homeostase do sistema. A PSE, portanto, atua como uma
interpretação consciente dessas informações, objetivando evitar a falha catastrófica e
modulando o comportamento e tomada de decisão durante a realização do exercício
físico através da contínua comunicação entre o cérebro e demais sistemas
fisiológicos, considerando o componente emocional.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Amostra
A amostra foi composta por 17 indivíduos do gênero masculino, fisicamente
ativos com VO2máx médio de 40 ml/kg/min, idade média de 27,4 ± 8,4 anos, peso
médio de 76,2 ± 10,7 kg e estatura média de 1,75 ± 0,09 m. Os critérios de inclusão
adotados no estudo foram: idade a partir de 18 anos até 40 anos, não possuir
doenças cardiometabólica, respiratórias ou osteomioarticular que impedissem a
realização dos testes ou que pudessem ser agravadas pelos mesmos e possuir
índice de massa corporal (IMC) <30. Os critérios de exclusão foram: não cumprir
todas as etapas do estudo, abandonar voluntariamente o estudo, incapacidade de
realizar a RAL e/ou exercício físico ou impossibilidade de análise dos dados
coletados.
A amostra foi selecionada por conveniência, através de folhetos e cartazes
divulgados nas mídias sociais com informações pertinentes ao estudo. Todos os
sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), de
acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sobre as
recomendações éticas referentes à realização de pesquisas envolvendo seres
humanos. Previamente ao início do estudo, o mesmo foi submetido ao Comitê de
Ética em Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção
29
do parecer liberatório, sendo este devidamente aprovado (número do parecer:
1.029.242) (Apêndice B).
4.2. Desenho do estudo
O estudo foi laboratorial, randomizado com delineamento cruzado, ou seja, os
avaliados representavam a sessão controle deles mesmos em uma das sessões
realizadas. Dos 17 avaliados, 9 realizaram a sessão experimental antes da sessçao
controle e 8 realizaram as sessões na ordem inversa. As avaliações ocorreram em
três visitas diferentes (Fig.4), sendo estas em dias intercalados, ao laboratório. Na
primeira visita os avaliados foram novamente informados acerca dos objetivos e
procedimentos do estudo, assim, os que concordaram assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), de acordo com a resolução 466/12, do
Conselho Nacional de Saúde, sobre as recomendações éticas referentes à
realização de pesquisas envolvendo seres humanos. Logo após assinarem o TCLE
foram submetidos à coleta de dados pessoais e verificação do nível de atividade
física através do questionário do nível de atividade física (IPAQ). Ainda nesta
primeira visita, os avaliados foram submetidos a um teste incremental máximo para
coleta da frequência cardíaca máxima, durante o qual houve a familiarização com os
procedimentos utilizados no estudo (escala de PSE e AF). O procedimento de
familiarização com as escalas será detalhado no tópico do Teste Incremental máximo
(TImáx.).
30
Figura 4. Diagrama do protocolo utilizado durante a visita 1.
Na segunda e terceira visitas, o procedimento foi realizado de acordo com a
figura 5, onde os participantes, inicialmente, ficaram 10 minutos de repouso para
coleta da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e a aplicação de questionários
de ansiedade e humor. Em seguida, os avaliados foram randomicamente inseridos
nas sessões de respiração abdominal lenta (RAL) e controle (CON). Na sessão de
RAL o avaliado realizou 20 minutos de respiração controlada (guiada por um
dispositivo móvel). Já na sessão CON, os avaliados realizaram 20 minutos de
respiração espontânea. Ao final de cada sessão (RAL ou CON), foi realizado
novamente a aplicação de questionários de ansiedade e humor. Em seguida, os
avaliados foram submetidos à 20 minutos de exercício aeróbio em cicloergômetro
com carga constante (teste retangular), no qual foi coletado dados referentes a FC,
AF e PSE, as duas últimas a cada cinco minutos. Ao final do exercício, os avaliados
voltaram a ficar 10 minutos em repouso para coleta final da VFC e aplicação de
questionários de ansiedade e humor. Todos os procedimentos foram realizados por
avaliadores experientes. As visitas ocorreram com um intervalo mínimo de 48 horas e
máximo de 72 horas entre elas, em um só turno do dia a fim de evitar variações
circadianas (entre 14-18h), com temperatura controlada (22ºC a 24ºC). Todas as
avaliações foram realizadas no laboratório de pesquisa do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício (GEPEBIEX), localizado no Ginásio
Poliesportivo I da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus central.
31
Figura 5. Diagrama do protocolo que foi utilizado durante as visitas 2 e 3. AF = Afeto;
PSE = Percepção subjetiva de esforço; QUEST= Questionários; VFC = Variabilidade
da Frequência Cardíaca; FC = Frequência Cardíaca; RND = Randomização; RAL =
Sessão de Respiração Abdominal Lenta; CON = Sessão Controle.
4.3. Avaliação antropométrica
As medidas antropométricas de massa corporal e estatura foram realizadas
com os avaliados utilizando roupas leves. A massa corporal (kg) e a estatura (cm)
foram aferidas em uma balança digital (Welmy®) com estadiômetro acoplado
(precisão de 0,1 kg e 0,01 cm, respectivamente). A partir dessas medidas, o índice
de massa corporal (IMC) foi calculado pela razão entre a massa corporal e quadrado
da estatura (kg/m²). Para determinar o nível atividade física habitual, os avaliados da
pesquisa foram classificados de acordo com as recomendações mínimas do
American College of Sports Medicine - ACSM5 (150 min de atividade
moderada/semana ou 75 min de atividade intensa/semana).
4.4. Teste Incremental Máximo
Antes da realização do Teste Incremental Máximo (TImáx.), houve
familiarização com as escalas de Afeto (AF) e Percepção subjetiva de esforço (PSE).
A familiarização ocorreu da seguinte forma: as informações a respeito da utilização
da escala de PSE foi repassada individualmente aos avaliados, em um procedimento
denominado ancoragem de memória112. Resumidamente, foi informado que: “O
32
esforço percebido é definido como a intensidade de esforço, estresse, desconforto
e/ou fadiga que é sentida durante a realização do exercício físico. Por favor, utilize os
números dessa escala para nos informar sobre o que seu corpo sente durante a
pedalada. Observe atentamente o número 7 na escala, descritor numérico de
“extremamente fácil”. Este número representa o seu mais baixo esforço imaginável.
Agora, observe o número 20 da escala, descritor numérico de “esforço máximo”. Este
número representa o seu mais alto esforço físico imaginável. Se você sentir um
esforço como algo entre o mais baixo esforço imaginável (designado como 7) e o
mais alto esforço imaginável (designado como 20), aponte para um dado número
entre 7 e 20. A cada minuto do TImáx., solicitaremos para você apontar para um dado
número que deve informar o que seu corpo, como um todo, está sentindo, incluindo
suas pernas e sua respiração, durante a pedalada. Lembre-se que não há números
certos ou errados105.
Posteriormente, informações acerca da escala de Hardy e Rejeski69 também
foram repassadas aos avaliados da seguinte forma: “Afeto é definido como
componente característico básico de todas as respostas contrastantes, por exemplo,
negativo/positivo, prazer/desprazer, entre outras. Neste estudo, definimos as
respostas afetivas especificamente como modificações na sensação de prazer e
desprazer. Observe, inicialmente, os números positivos da escala, os quais
representam o prazer. O número +1 designa uma sensação “levemente prazerosa”,
enquanto o número +5 designa uma sensação “muito prazerosa”. Agora observe os
números negativos da escala. O número -1 designa uma sensação “levemente
desprazerosa”, enquanto o número -5 designa uma sensação “muito desprazerosa”.
Finalmente, observe o número 0 da escala. Ele designa o ponto de transição entre as
sensações positivas (prazerosas) e negativas (desprazerosas). Nós gostaríamos que
você indicasse um número dessa escala para nos informar como você se sente a
cada minuto durante o teste, em termos de prazer e desprazer relacionado ao
esforço que estará fazendo. Lembre-se, novamente, que não há números certos ou
errados63,64,69,113.
Logo após esse procedimento, o teste incremental máximo (TImáx) foi realizado
em cicloergômetro. Foi utilizado um protocolo escalonado individualizado, com carga
inicial de 25 Watts e incremento de 20 W/min (1 Watt a cada 3 segundos). A
33
cadência de pedalada foi entre 70 e 80 rotações por minuto (rpm) até a exaustão. A
frequência cardíaca foi mensurada durante todo o teste através de um
cardiofrequencímetro (Polar RS800 cx). Durante o teste foi dado encorajamento
verbal aos voluntários. O teste foi considerado máximo após 1) razão de troca
respiratória (R) > 1,1; 2) platô no consumo de oxigênio (VO2max); 3) exaustão
voluntária máxima ou se os sujeitos não permanecessem na cadência estabelecida
(<5 RPM) por mais de cinco segundos. Foi solicitado que os participantes evitassem
a realização de atividades físicas, bem como o consumo de álcool, energéticos e
bebidas cafeinadas, nas 24 horas que precederam o teste incremental.
As análises de gases respiratórios resultantes do TImáx. foram feitas por
analisador automático Quark CPET (Cosmed, Roma, Itália) com sistema de análise
respiração-a-respiração, devidamente calibrado antes de cada teste a partir de um
cilindro com gases cujas concentrações de O2 e CO2 foram conhecidas e a turbina foi
calibrada com uma seringa de 3 I (Hans Rudolph, Vacumed, Ventura, USA), de acordo
com o recomendado pelo fabricante. Os dados foram filtrados em intervalos de 20
segundos. O consumo de oxigênio de pico (VO2pico) foi definido como o maior valor
atingido num período de 20 segundos.
4.5. Teste Retangular
Os participantes realizaram duas sessões de exercício físico em
cicloergômetro, com protocolo retangular e em ritmo pré-determinado, com duração
de 20 minutos em dias diferentes e ordem aleatória, que se deu da seguinte forma:
(1) previamente ao exercício físico, foi aplicado de maneira randomizada as sessões
(RAL ou CON) repassando todas as instruções referentes aos procedimentos da
técnica utilizada; (2) logo após, foi realizado aplicação de questionários de ansiedade
e humor. (3) em seguida iniciamos o teste retangular, no qual a intensidade
moderada (54,5% do Vo2máx atingido no TImáx e 70% da FCmáx)5 foi adotada do início
ao final em função desta ser a intensidade recomendada para promoção de saúde e
qualidade de vida5. Durante todo o teste retangular foram coletados dados referentes
34
a escala de AF e PSE a cada 5’ (min), além da FC. Os cuidados prévios ao teste
foram os mesmos do teste incremental máximo.
4.6. Análise do afeto
O AF foi mensurado utilizando a escala de afeto (feeling scale) desenvolvida e
validada por Rejeski e Kenney47 (Anexo 1). A escala de afeto é uma escala bipolar
com intervalo de +5 a -5 com descritores verbais: +5 = muito bom; +3 = bom; +1 =
razoavelmente bom; 0 = neutro; -1 = razoavelmente ruim; -3 = ruim; -5 = muito ruim.
Os indivíduos foram informados e subsequentemente relembrados que a escala
mensura o componente emocional ou afetivo do exercício, assim como se a
sensação de esforço durante o exercício é prazerosa ou desprazerosa, e não o nível
real de força ou trabalho físico.
4.7. Análise da percepção subjetiva de esforço
A PSE foi mensurada globalmente, através da aplicação da escala de esforço
percebido de Borg103 (Anexo 2). Esta escala mensura os sentimentos gerais da
sensação subjetiva de esforço que acompanha o exercício. A escala foi
cuidadosamente explicada para todos os sujeitos durante a familiarização e antes de
cada sessão de teste. Ainda, foi enfatizado que a escala mensura a força ou trabalho
físico exercido.
4.8. Análise do nível de ansiedade
Os sintomas de ansiedade foram avaliados por meio do Inventário de
Ansiedade Traço-Estado (IDATE) de Spielberg114 validado para o português115. Esse
inventário possui 40 afirmações divididas em duas partes (cada parte com 20
afirmações). A parte I analisa a ansiedade-estado que está relacionada ao estado
emocional temporário do sujeito. Já a parte II analisa a ansiedade-traço, que se
relaciona às medidas de personalidade do sujeito. Na escala de IDATE-estado
35
(Anexo 3), o participante descreve “Como se sente agora, nesse momento”, através
de 20 itens abordados em uma escala de 4 pontos, que vai de 1 = absolutamente
não à 4 = muitíssimo. Na escala de IDATE-traço (Anexo 4), o participante descreve
“como ele, geralmente, se sente”, também em uma escala de 4 pontos, que vai de 1
= quase nunca à 4 = quase sempre. Isto permite uma pontuação total variando de 20
aos 80 pontos, sendo que os valores mais altos indicam maiores níveis de
ansiedade. Os escores para as perguntas de caráter positivo são invertidos, por
exemplo, se o paciente responder em um dessas questões o valor 4, atribui-se o
valor 1 na codificação. Assim, para essas questões positivas os valores das
respostas ficam: 4 = 1; 3 = 2; 2 = 3; 1 = 4. Para o IDATE estado as perguntas
negativas são: 3, 4, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 17, 18; e as positivas são: 1, 2, 5, 8, 10, 11,
15, 16, 19, 20. Para o IDATE traço, as perguntas negativas são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11,
12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas são: 1, 6, 7, 10, 13, 16, 19.
4.9. Análise do estado de humor
Para análise do humor utilizamos a escala de humor de Brunel (BRUMS)116
traduzida e validada para o português117 (Anexo 5). Esta escala contém 24
indicadores simples de humor, tais como sensações de raiva, disposição, nervosismo
e insatisfação que são perceptíveis pelo indivíduo que está sendo avaliado. As 24
afirmações são divididas em seis domínios: tensão (questões 1, 13, 14 e 18), raiva
(questões 7, 11, 19 e 22), vigor (questões 2, 15, 20, 23), fadiga (questões 4, 8, 10 e
21), depressão (questões 6, 12, 5 e 16) e confusão mental (questões 3, 9, 17, 24).
Cada domínio é composto por quatro indicativos de humor que variam de 0 a 16
pontos117. As respostas são dadas em escala tipo likert (0= nada; 1= um pouco; 2=
moderadamente; 3= bastante; 4= extremamente) e leva cerca de um a dois minutos
para ser respondido. A análise foi realizada por meio da comparação da pontuação
de cada domínio (0-16 pontos) antes e após cada respectiva. A forma que se
questiona o avaliado é: “Como você se sente agora? ”.
36
4.10. Análise da variabilidade da frequência cardíaca
Os dados referentes à frequência cardíaca foram registrados durante toda a
sessão por meio do cardiofrequencímetro Polar® (RS800cx, Kempele, Finlândia).
Todos os dados coletados foram transmitidos para um computador através da
interface USB/Infrared, onde foram realizadas as análises posteriores de
Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC). Assim, foi considerada para análise da
VFC apenas os cinco minutos de maior estabilidade nos momentos pré, durante e
pós intervenção (RAL ou CON) e pós exercício físico. Os indivíduos permaneceram
confortavelmente sentados em uma cadeira e em silêncio. A frequência respiratória
não foi controlada neste estudo, pois têm-se reportado reprodutibilidade similar nos
índices de VFC entre respiração espontânea e controlada118. Para análise da VFC
utilizamos o método linear no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF), onde no
DT foram considerados o desvio padrão de intervalos R-R normais (SDNN) e a raiz
quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre intervalos R-R
sucessivos (rMSSD). No DF foram analisados os componentes de baixa frequência
(LF; 0,04 – 0,15Hz) e alta frequência (HF; 0,15 – 0,5Hz) e a razão entre eles,
conhecida como balanço simpato-vagal (LF/HF). Os dados foram armazenados em
arquivos de texto e transferidos para o software HRV Kubios (Universidade de
Eastern Finland) para posterior análise. Os dados, cujo comportamento era resultado
de interferências não fisiológicas, foram filtrados e substituídos pela média do valor
anterior e do posterior119.
Adicionalmente, utilizamos as informações referentes ao desvio padrão da
variabilidade instantânea batimento-a-batimento (índice SD1), o qual é indicador da
modulação parassimpática120,121 para verificar o comportamento da modulação
parassimpática durante o exercício aeróbio. Valores do exercício medido pelo SD1
abaixo de 3 ms, segundo os critérios de Lima e Kiss122, caracterizam mudança de
intensidade do exercício físico. Para a análise do SD1, foi observado os valores de
SD1 a cada 5 minutos durante os 20 minutos de exercício aeróbio.
37
4.11. Intervenção com a Respiração abdominal lenta
Os participantes foram instruídos a realizarem a respiração abdominal lenta
em uma frequência de seis ciclos por minuto (fases de inspiração e expiração),
sendo a fase de expiração realizada por um tempo mais prolongado quando
comparado a fase de inspiração. Um dispositivo (Fig.6) foi utilizado como ferramenta
para guiar a respiração abdominal lenta, mantendo os participantes respirando dentro
da taxa de respiração alvo exibida na tela de um aparelho celular (modo avião). A
respiração a ser seguida era controlada por meio de um círculo dinâmico contendo
duas fases (inalação e exalação) com cores e sons distintos e específicos para cada
uma destas. Além disso, um “modelo humano” apresentado ao lado deste círculo,
auxiliou o controle da respiração, demonstrando os momentos de inalação e
exalação do ar através de movimentos corporais dinâmicos. Foi instruído aos
participantes: Inspirar primeiramente empurrando para fora a parte superior do
abdômen e, logo depois expandir o peito; expirar primeiro puxando para dentro a
parte superior do abdômen para ajudar a esvaziar a base dos pulmões e, só depois,
permitir que o peito recolha. Logo após, foi realizado a intervenção propriamente dita,
com duração de 20 minutos. O grupo controle (CON) permaneceu sentado sem
nenhuma atividade, respirando espontaneamente durante 20 minutos. O aplicativo
utilizado foi o Pranayama Universal Breathing (Saagara®) disponível para iOs e
Android – versão free.
Figura 6 – Dispositivo para controle da respiração em seis (6) ciclos por
minuto. Fase de inspiração (“inale” - Esquerda) e Fase de expiração (“exale” -
Direita).
38
Após esse procedimento, os participantes permaneceram sentados (10
minutos) para análise pós (RAL ou CON) dos dados referentes aos questionários de
ansiedade e humor. Ao final desses procedimentos, os participantes foram
submetidos à um teste retangular com carga fixa (54,5% do Vo2máx atingido no TImáx
e 70% da FCmáx) durante 20 minutos em um cicloergômetro, no qual foram coletados
dados referentes as escalas de AF e PSE a cada cinco minutos e FC.
4.12. Análise estatística
As análises descritivas (média e desvio padrão) foram utilizadas para
caracterização da amostra e análise das variáveis do estudo. Para verificar a
normalidade quanto à distribuição dos dados utilizamos o teste de Shapiro Wilk. A
ANOVA de duas vias com medidas repetidas foi utilizada para comparar os dados
referentes aos índices da VFC, assim como o nível de Ansiedade-Estado, estado de
humor, FC, AF e PSE durante o exercício físico. Os fatores utilizados para a
comparação da VFC foram a condição (RAL e CON) e o momento (pré e pós
exercício físico). Os fatores utilizados para a comparação do nível de ansiedade e
humor foram a condição (RAL e CON) e o momento (pré, pós e pós exercício físico).
Os fatores utilizados para a comparação da FC, AF e PSE foram a condição (RAL e
CON) e o momento (5’, 10’, 15 e 20’). A esfericidade dos dados foi verificada por
meio do teste de Mauchly, e quando está não foi assumida, adotou-se a correção de
Greenhouse-Geisser. O post hoc de Tukey foi utilizado para identificação pontual das
diferenças. Aplicou-se ajuste logarítmico para os dados de VFC, com o objetivo de
permitir comparações através de estatística paramétrica que assumem distribuições
normais. O pacote estatístico STATISTICA® 7.0 foi utilizado para realizar as análises
e adotou-se um P < 0,05.
39
5. RESULTADOS
5.1. Parâmetros perceptuais e psicológicos
5.1.1 Afeto
A ANOVA de duas vias com medidas repetidas (Fig.7) demonstrou que não
houve efeito da condição [F (1;16) = 0,57; p=0,45], do momento [F (3;48) = 0,50;
p=0,68], nem da interação condição-momento [F (1,6;26) = 0,16; p=0,81].
Figura 7 – Comparação das respostas afetivas nos momentos (5’, 10’, 15’ e 20’)
durante o teste retangular nas condições RAL e CON.
5.1.2. Percepção subjetiva de esforço
Na análise da PSE (Fig.8) foi observado na ANOVA de duas vias que não
houve efeito da condição [F (1;15) = 0,76; p=0,396], do momento [F (1;22) = 0,213;
p=0,74] e da interação condição-momento [F (1,9;28) = 0,50; p=0,59].
40
Figura 8 – Comparação da percepção subjetiva de esforço (PSE) nos momentos
(5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.
5.1.3. Nível de ansiedade
O nível de ansiedade-traço médio dos sujeitos foi de 33,9 ± 5,7 (n=17). Com
relação ao nível de ansiedade-estado dos participantes, a ANOVA de duas vias
(Figura 9) demonstrou que não houve efeito do momento [F (2;32) = 1,34; p=0,27] e
da interação condição-momento [F (2;32) = 0,93; p=0,40]. Entretanto, houve
resultado marginalmente significativo da condição [F (1;16) = 4,34; p=0,05], onde o
estado de ansiedade no momento pré da condição experimental foi ligeiramente
maior que na condição controle (p<0,05).
41
Figura 9 – Comparação do nível de ansiedade-estado nos momentos PRÉ, PÓS e
PÓS exercício físico, nas condições RAL e CON.
5.1.4. Nível de humor
A comparação entre os grupos RAL e CON relacionada à análise do estado de
humor, nos diferentes domínios (tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga e confusão
mental) estão apresentados na tabela 1. A Anova de duas vias com medidas
repetidas mostrou os seguintes resultados: Com relação ao domínio tensão houve
resultado marginalmente significativo da condição [F (1;16) = 3,72; p=0,07], ainda,
houve efeito do momento [F (1;17) = 7,91; p=0,01] e da interação condição-momento
[F (2;32) = 4,47; p=0,01]. Com relação à análise do domínio depressão não houve
efeito da condição [F (1;16) = 0,00; p=1,00], do momento [F (1;21) = 2,69; p=0,10] e
nem da interação condição-momento [F (2;32) = 0,17; p=0,83]. No domínio raiva, não
houve efeito da condição [F (1;16) = 1,13; p=0,30], do momento [F (2;32) = 0,29;
p=0,74] e da interação condição-momento [F (1;20) = 0,69; p=0,45]. Com relação ao
domínio vigor, não houve efeito da condição [F (1;16) = 0,66; p=0,42], do momento [F
(1;21) = 1,99; p=0,17] nem da interação condição-momento [F (2;32) = 0,00; p=0,99].
No domínio da fadiga foi observado que não houve efeito da condição [F (1;16) =
0,98; p=0,33], do momento [F (1;19) = 2,32; p=0,14] e da interação condição-
momento [F (2;32) = 1,16; p=0,32]. Já no domínio de confusão mental foi observado
que não houve efeito da condição [F (1;16) = 0,54; p=0,47], nem da interação
42
condição-momento [F (2;32) = 0,86; p=0,43]. Entretanto, houve efeito do momento [F
(2;32) = 4,98; p = 0,01].
43
Tabela 1 - Comparação (Anova de duas vias com medidas repetidas) da escala de humor, nos diferentes domínios, nos
momentos PRÉ, PÓS e PÓS exercício físico (EF) nas condições RAL e Controle (n=17).
DOMÍNIO RAL CONTROLE
PRÉ RAL PÓS RAL PÓS EF PRÉ CON PÓS CON PÓS EF P
Tensão 3,29 ± 2,75 1,64 ± 1,65* 1,29 ± 1,35* 1,76 ± 2,01* 1,35 ± 1,80 1,17 ± 2,03 < 0,05
Depressão 0,47 ± 0,94 0,29 ± 0,77 0,11 ± 0,33 0,52 ± 1,06 0,29 ± 0,58 0,05 ± 0,24 Ns
Raiva 0,05 ± 0,24 0,11 ± 0,33 0,11 ± 0,33 0,29 ± 0,84 0,23 ± 0,75 0,11 ± 0,48 Ns
Vigor 7,23 ± 2,77 6,82 ± 2,92 7,76 ± 3,11 7,64 ± 2,93 7,17 ± 3,18 8,17 ± 3,37 Ns
Fadiga 3,23 ± 2,51 3,35 ± 2,20 2,82 ± 2,55 2,88 ± 2,08 3,41 ± 1,93 2,11 ± 2,02
Ns
Confusão mental 0,94 ± 1,29 0,70 ± 1,10 0,29 ± 0,77* 0,64 ± 0,93 0,76 ± 1,39 0,17 ± 0,52 β
< 0,05
Nota: * = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01); β = diferença estatisticamente significativa e relação ao momento PÓS CON (P<0,01). Ns = diferença não significativa.
44
5.2. Parâmetros fisiológicos
5.2.1. Frequência cardíaca e SD1 durante o exercício físico
Com relação à análise da FC (fig. 10a) dos participantes durante o exercício
físico, a análise da ANOVA de duas vias com medidas repetidas mostrou que não
houve efeito da condição [F (1;15) = 0,76; p=0,396], do momento [F (1;22) = 0,213;
p=0,74] e nem da interação condição-momento [F (1,9;28) = 0,50; p=0,59]. Já no
SD1 (fig. 10b) a ANOVA de duas vias mostrou que não houve efeito da condição [F
(1;16) = 0,30; p=0,58], nem da interação condição-momento [F (1;27) = 0,10; p=0,87].
Entretanto, houve efeito do momento [F (1;26) = 0,21; p=0,00]. O post hoc de Tukey
demonstrou que o SD1 no momento 5’ da sessão experimental, foi estatisticamente
diferente quando comparada aos momentos 10’, 15’ e 20’. Do mesmo modo, o SD1
no momento 5’ da sessão controle, foi estatisticamente diferente quando comparada
aos momentos 10’, 15’ e 20’.
Figura 10a – Comparação da Frequência Cardíaca nos momentos (5’, 10’, 15’,
20’) durante o teste retangular nas condições RAL e CON.
45
Figura 10b – Comparação do SD1 nos momentos (5’, 10’, 15’, 20’) durante o teste
retangular nas condições RAL e CON.
5.2.2. Variabilidade da frequência cardíaca
Os resultados referentes aos índices de variabilidade da frequência cardíaca
dos participantes estão apresentados na Tabela 2. Foi necessário excluir 2 sujeitos
da análise devido à presença de artefatos. A Anova de duas vias com medidas
repetidas mostrou os seguintes resultados: com relação à análise do SDNN não
houve efeito da condição [F (1;14) = 1,69; p=0,21, n2p=0,22], nem da interação
condição-momento [F (1;14) = 0,77; p=0,39, n2p=0,12], mas houve efeito do
momento: [F (1;14) = 26; p < 0,01, n2p=0,99]. Do mesmo modo, para o RMSSD, não
houve efeito da condição [F (1,14) = 1,84; p=0,19, n2p=0,24], nem da interação
condição-momento [F (1;14) = 0,52; p=0,48, n2p=0,10], mas houve efeito do
momento: [F (1;14) = 33,4; p< 0,01, n2p=0,99]. Para o LF também não foi observado
efeito da condição [F (1;14) = 0,98; p=0,33, n2p=0,15], nem da interação condição-
momento [F (1;14) = 0,03; p=0,85, n2p=0,05], mas houve efeito do momento: [F
(1;14) = 22,6; p< 0,01]. Já na análise do HF, foi observado que não houve efeito da
condição [F (1;14) = 1,15; p=0,29, n2p=0,17] nem efeito da interação condição-
46
momento [F (1;14) = 0,03; p=0,86, n2p=0,05]. Entretanto, foi observado efeito do
momento: [F (1;14) = 27; p<0,01, n2p=0,99]. O balanço simpato-vagal (LF/HF)
analisado da mesma forma, mostrou efeito da condição [F (1;14) = 56; p<0,01,
n2p=1,00] e da interação condição-momento [F (1;14) = 105; p<0,01, n2p=1,00], e
resultado marginalmente significativo do momento [F (1;14) = 3,56; p<0,01,
n2p=0,42]. Com relação à análise do iRR, foi observado não que houve efeito da
condição [F (1;14) = 1,82; p=0,19, n2p=0,24], nem da interação condição-momento [F
(1;14) = 0,37; p=0,54, n2p=0,08], mas houve efeito do momento [F (1;14) = 38;
p<0,01, n2p=0,99].
Tabela 2 - Comparação dos índices de variabilidade da frequência cardíaca no
domínio do tempo e da frequência nos momentos pré (RAL ou CON) e pós exercício
físico (EF) entre a sessão experimental e controle.
VARIÁVEL RAL CONTROLE
PRE RAL POS EF PRE COM POS EF
iRR (ms) 960,98 ± 124,78 771,86 ±110,7*
999,59 ± 151,24 796,4 ± 94,2 #
LogRMSSD (ms) 1,67 ± 0,15 1,26 ± 0,33 * 1,75 ± 0,24 1,30 ± 0,28 #
LogSDNN (ms) 1,80 ± 0,13 1,53 ± 0,28 * 1,88 ± 0,19 1,55 ± 0,18 #
LogLF/HF (ms2) 0,37 ± 0,26 0,60 ± 0,36 * 0,32 ± 0,36
† 0,52 ± 0,32
#
LogLF (ms2) 3,26 ± 0,21 2,76±0,50 * 3,32 ± 0,39 2,76 ± 0,41
#
LogHF (ms2) 2,88 ± 0,31 2,06 ± 0,77 * 3,00 ± 0,47 2,16 ± 0,65
#
Nota: * = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01); # = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE CON (P<0,01).† = diferença estatisticamente significativa comparado ao momento PRE RAL (P<0,01);
54
6. DISCUSSÃO
O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito agudo da RAL sobre as
respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio. O nosso principal achado foi
que a RAL não melhorou as respostas psicofisiológicas dos sujeitos durante o
exercício aeróbio, o que vai de encontro à hipótese do presente estudo, uma vez que
estudos anteriores demonstraram que a RAL exerceu efeitos benéficos sobre
aspectos emocionais, controle autonômico e modificações cerebrais em áreas
envolvidas no processo emocional.
Ao analisarmos as respostas afetivas (Figura 7), podemos observar que houve
um comportamento de respostas similares entre as condições RAL e CON. De fato,
em ambas as condições os sujeitos realizaram o exercício aeróbio o sentindo como
“prazeroso” (1,6 ± 0,08 e 1,8 ± 0,10, RAL e CON, respectivamente). O coeficiente de
variação para ambas as sessões foi ~5%, evidenciando que mesmo para uma
variável subjetiva (prazer/desprazer) a resposta foi extremamente homogênea. A
hipótese do marcador somático123 sugere que a reação a um estímulo depende de
um processamento emocional prévio. Assim, os indivíduos fisicamente ativos
possivelmente possuíam memória positiva associada a prática de exercício físico. De
fato, indivíduos fisicamente ativos respondem de forma mais positiva ao exercício
físico, tendo maior probabilidade de voltar a realiza-lo8,9 do que indivíduos fisicamente
inativos ou com sobrepeso, por exemplo125–127. Portanto, acreditamos que o fato de a
amostra ser fisicamente ativa contribuiu para que não houvesse efeito modulatório da
RAL nas respostas afetivas. Possivelmente, em indivíduos que apresentem um perfil
de respostas afetivas desfavoráveis ao exercício, como obesos ou sedentários, o
efeito seria mais evidente.
Considerando que estudos com a RAL demonstraram a sua capacidade de
modular a atividade do sistema nervoso autônomo através de modificações na VFC
associadas a modulação parassimpática no repouso15,27, esperávamos que a RAL
influenciasse a modulação vagal também durante o exercício aeróbio, refletindo em
um maior SD1 e possivelmente numa menor frequência cardíaca (FC) na sessão
experimental quando comparado ao controle. O SD1 se refere ao desvio padrão dos
intervalos RR e o ponto onde este índice fica abaixo de três milissegundo durante o
55
exercício é considerado como o ponto da retirada da modulação parassimpática
sobre o coração e esse ponto demarca a transição entre o domínio de intensidade do
exercício leve a moderada120,121. Nesse sentido, em ambas as condições a partir do
décimo minuto de exercício os indivíduos apresentaram valores próximos à três
milissegundos. Isso era esperado, visto que a intensidade do exercício proposta no
presente estudo era moderada. Entretanto, a RAL não foi capaz de promover
maiores valores de SD1 ou mesmo atrasar a retirada parassimpática durante o
exercício. A ausência de efeito pode ser explicada pelo nível de aptidão dos
avaliados, uma vez que as respostas cardíacas durante o exercício são
influenciadas, dentre outros fatores, pelo condicionamento físico128. Portanto, a RAL
não modificou as respostas do controle autonômico durante o exercício físico.
Similarmente ao afeto, a PSE não foi modificada com a RAL. A média da
sessão foi classificada como moderada (12,0 ± 0,15 e 12,2 ± 0,13, RAL e CON,
respectivamente). O coeficiente de variação para ambas as sessões foi de apenas
~1%. Esperava-se que a RAL modificasse o controle autonômico cardíaco e
consequentemente a FC que é um dos fatores centrais na formação da PSE.
Entretanto, nem a FC nem o SD1 sofreram modificações com a utilização da RAL,
logo, a PSE também não foi modificada. Até o presente, nenhum outro estudo
avaliou o efeito da RAL sobre as respostas psicofisiológicas durante o exercício, o
que não permite realizar comparações. O presente estudo apresenta como
contribuição o fato de que em indivíduos fisicamente ativos a RAL realizada
agudamente não modifica as respostas de PSE e afeto.
Com relação a VFC no momento pós exercício físico, nenhum dos índices da
VFC diferiram entre as condições. Esperava-se que a RAL influenciasse a
modulação parassimpática, fazendo com que o reativação vagal fosse mais rápida na
sessão experimental quando comparada a sessão controle. A diferença encontrada
foi apenas no momento pré (RAL ou CON) e pós exercício físico em ambas
condições. Esse resultado já era esperado, uma vez que durante o exercício físico,
tanto a modulação parassimpática quanto a simpática transmitem impulsos ao
coração, modificando o ritmo intrínseco cardíaco, elevando a frequência cardíaca
(FC)122. Assim, o intervalo entre os batimentos cardíacos consecutivos (logiRR) e,
consequentemente a VFC ao final do exercício estaria menor em comparação aos
56
valores de repouso. De fato, no presente estudo verificamos que o logiRR no
repouso foram maiores (960,98 ± 124,78 e 999,59 ± 151,24; RAL e CON,
respectivamente) quando comparadas ao momento pós exercício físico (771,86
±110,7 e 796,4 ± 94,2; RAL e CON, respectivamente) em ambas as condições.
Nenhum estudo verificou o efeito da RAL sobre o controle autonômico pós exercício
físico, não sendo possível a comparação com resultados prévios. Entretanto, sabe-se
que a reativação parassimpática pós esforço físico é um importante indicador de
saúde.
Sobre a ansiedade, foi verificado apenas um resultado marginalmente
significativo entre as condições, onde o estado de ansiedade foi maior na avaliação
pré RAL comparada a pré controle. Esse dado foi semelhante aos valores de tensão
na escala de humor. No melhor de nosso conhecimento, não sabemos a razão para
esse resultado. Poderia ser especulado que um efeito do conhecimento prévio da
sessão ou a ordem destas poderia ter gerado um aumento no estado de ansiedade.
Contudo, não acreditamos que essa tenha sido a razão, tendo em vista que os
avaliados não conheciam a sessão da qual estavam fazendo parte até o momento da
intervenção/controle e que dos 17 avaliados 9 realizaram a sessão experimental
antes do controle e 8 realizaram as sessões na ordem inversa. Adicionalmente, não
houve efeito da combinação entre RAL e exercício aeróbio. Existem diversos estudos
demonstrando os efeitos benéficos da RAL realizada de forma aguda em diversos
aspectos emocionais, dentre eles, na diminuição da ansiedade14,15,17,25, assim como
a prática regular do exercício físico é associada a redução do nível de ansiedade129–
132. Entretanto, o estado e traço de ansiedade dos indivíduos do presente estudo era
considerado normal114. Assim, era de se esperar que indivíduos que não possuíam
alteração no nível de ansiedade apresentassem menor propensão a reduções
associadas aos efeitos da intervenção. Ademais, o nível de ansiedade inicial está
relacionado à redução promovida pela RAL, sendo que aqueles mais ansiosos
experimentam maiores reduções15 e os estudos que apresentaram mudança na
ansiedade foram realizados com os sujeitos submetidos a estresse crônico25,28.
Em relação ao humor, observamos alterações no domínio da tensão e
confusão mental. Na avaliação pré RAL os indivíduos apresentaram os maiores
níveis de tensão, e por isso acreditamos está tenha sido reduzida após o exercício
57
enquanto na condição controle os níveis mantiveram-se estáveis. Já em relação a
confusão mental houve redução no momento, tanto na sessão controle como na
sessão experimental, sendo essa redução observada apenas após o exercício,
indicando que o feito foi do exercício e não da RAL. Nesse sentido, uma sessão
aguda de exercício físico melhora o estado de humor133–135. Adicionalmente, até o
presente, apenas um estudo avaliou o efeito da RAL sobre o humor e verificou
através de uma intervenção crônica (10 semanas de RAL) em um indivíduo com
estresse competitivo, melhora na autoconfiança e redução nos domínios de tensão,
depressão, raiva e fadiga14. A diferença entre os resultados pode ser devido à
duração da intervenção (aguda vs. crônica) e amostra (indivíduos saudáveis vs.
atleta com estresse competitivo). Esse foi o primeiro estudo a avaliar o efeito
combinado da RAL realizada de forma aguda e do exercício aeróbio sobre as
respostas de ansiedade e de humor.
Dentre as limitações encontradas nesse estudo, temos que o procedimento foi
realizado sem a presença do aparelho de biofeedback. Esse procedimento faria com
que a respiração dos avaliados durante a prática, de fato, estivesse na frequência de
ressonância e, assim, o efeito poderia ter sido otimizado. A taxa respiratória do
presente estudo se deu através da frequência de ressonância correspondente a
maioria dos indivíduos14,27,. Outro fator importante foi o controle da técnica, o qual se
deu apenas por inspeção visual. Assim, a falta de controle como os indivíduos
realizaram a técnica pode também ter influenciado o resultado.
Apesar de tais limitações, o presente estudo se propôs a estudar o efeito da
RAL (verificado até o momento apenas em repouso), sobre as respostas
psicofisiológicas durante o exercício físico. Sob essa perspectiva, traz uma nova
abordagem da técnica voltada para intervenções no contexto da saúde pública
associada a prática de exercício físico. Ainda, os estudos que verificaram o efeito da
RAL sob os aspectos psicológicos foram realizados em sujeitos com alterações
psicológicas ou submetidos a situação de estresse. O presente estudo é pioneiro e
nos traz a informação de que em indivíduos sem alteração psicológica crônica ou
momentânea, a RAL não exerce efeito de forma aguda.
58
7. CONCLUSÃO
A Respiração abdominal lenta realizada de forma aguda não influencia as
respostas psicofisiológicas durante exercício aeróbio, assim como a combinação
desta com o exercício não promovem melhoras do controle autonômico, das
respostas de humor e ansiedade em indivíduos fisicamente ativos e sem alterações
emocionais.
59
8. REFERÊNCIAS
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Educação Física
Centro de Ciências da Saúde
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Este termo é um convite para você participar da nossa pesquisa intitulada como: Efeito da Respiração
abdominal lenta sobre as respostas psicofisiológicas durante o exercício aeróbio, que tem como pesquisador
responsável a aluna de mestrado Samara Karla Anselmo da Silva, sob a orientação e supervisão do professor Dr.
Hassan Mohamed Elsangedy.
O objetivo da pesquisa é verificar se a respiração realizada de forma controlada e mais lenta antes do exercício
muda a forma que você percebe o exercício (esforço e prazer).
O motivo que nos leva a realizar este estudo é que, a inatividade física tem crescido bastante em nossa
sociedade apesar de seus benefícios serem frequentemente divulgados pela mídia. Esse abandono parece estar
relacionado a como o indivíduo sente o exercício físico, se é prazeroso ou desprazeroso. Desse modo, a respiração
abdominal lenta que é uma técnica simples e acessível, tem mostrado efeitos emocionais positivos (melhora da
autoconfiança, diminuição da ansiedade e estresse, melhora no afeto e no humor, entre outros), sendo assim uma
possível estratégia a ser realizada antes do exercício físico.
Caso aceite participar do nosso estudo, terá que participar de três (3) visitas ao nosso laboratório, a saber:
Visita 1 – Será medido sua estatura e peso corporal, responderá a um questionário que mede seu nível de
atividade física, que durará cerca de três a cinco minutos. No mesmo dia, será feita a familiarização com a respiração
abdominal lenta, e ao final você será realizará a um teste de esforço máximo em bicicleta ergométrica.
Visitas 2 e 3 – Em dias diferentes, será realizada uma visita controle, na qual você ficará por 20 minutos sentado
respirando normalmente, e uma visita de 20 minutos sentado realizando a respiração abdominal lenta. Logo após essa
etapa, você irá realizar um exercício físico em bicicleta ergométrica durante 20 minutos em intensidade moderada.
Nestas visitas iremos avaliar sua frequência cardíaca (monitor de frequência cardíaca colocado no tórax) e será
aplicado também alguns questionários para avaliação de aspectos como ansiedade, humor, percepção de esforço e
prazer. A ordem das sessões será determinada por sorteio.
Durante a realização do estudo você será submetido à respiração abdominal lenta que apresenta riscos
mínimos, como por exemplo, tontura, ofegância, ou mesmo algum desconforto respiratório. Contudo, tais reações serão
minimizadas pelo fato de todos os procedimentos serem supervisionados, além de termos escolhido a velocidade de
respiração que minimiza tais efeitos. Além disso, você será submetido a um teste máximo em bicicleta ergométrica, no
qual poderá sentir (ou não) tontura, falta de ar, dor muscular ao final do teste ou a persistência da mesma até o dia
seguinte devido a quantidade de esforço realizado. Caso algum destes problemas sejam sentidos, o avaliador
responsável deverá ser imediatamente comunicado. Esse teste é contraindicado para indivíduos com doença
cardiometabólica, respiratória ou osteomioarticular que impeçam a realização do mesmo.
O benefício relacionado a sua participação será o recebimento de instrução a respeito da forma correta da
realização da respiração abdominal lenta que apresenta como um de seus benefícios a redução da pressão arterial,
70
além de ser relaxante e ajudar no controle do estresse e ansiedade. Você também receberá uma avaliação física
contendo as medidas de peso corporal, estatura, índice de massa corporal e nível de atividade física (importantes na
avaliação de saúde).
Você tem o direito de recusar a participar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem que
haja nenhum prejuízo a você. Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados
serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de cinco (5) anos.
Quando informado com antecedência e acordado com o pesquisador(a), os gastos relacionados a sua
participação nessa pesquisa (transporte, alimentação...) serão assumidos pelo pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado. Qualquer dúvida sobre
os aspectos éticos desta pesquisa você poderá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, telefone (84) 3215-3135. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a
outra com o pesquisador responsável Samara Karla Anselmo da Silva.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa
pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os
meus direitos, concordo em participar da pesquisa Efeito da Respiração abdominal lenta sobre as respostas
psicofisiológicas e neurofisiológicas durante o exercício físico, e autorizo a divulgação das informações por mim
fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal, ______ de _____________________ de 2015.
__________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
Nome: ________________________________________________________________________
Idade: ______anos R.G: __________________ CPF: _______. ________.________-______
Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo Efeito da Respiração abdominal lenta sobre as respostas
psicofisiológicas e neurofisiológicas durante o exercício físico, declaro que assumo a inteira responsabilidade de
cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao
participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e
diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –CNS, que regulamenta as pesquisas
envolvendo ser humano.
Natal, _____ de ______________________ de 2015.
_________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
71
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Educação Física
Centro de Ciências da Saúde
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
APÊNDICE B
72
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Departamento de Educação Física
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ANEXO 1
Escala de Afeto de Hardy e Rejeski
Fonte: HARDY e REJESKI (1989)
73
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Departamento de Educação Física
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ANEXO 2
Escala de Percepção de Esforço de Borg
Fonte: BORG (1982)
74
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Departamento de Educação Física
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ANEXO 3
IDADE – Estado
Fonte: Gorenstein (1996)
75
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Departamento de Educação Física
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ANEXO 4
IDATE – Traço
Fonte: Gorenstein (1996)
76
Grupo de Estudo e Pesquisa em Biologia Integrativa do Exercício
Departamento de Educação Física
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ANEXO 5
Escala de Humor de BRUNEL (BRUMS)
Fonte: BRUMS (2008)