Download - FAZENDO 20

Transcript
Page 1: FAZENDO 20

Boletim do que por cá se faz.

FAZENDO

Edição nº 20 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

25 Junho 2009

Aquecimento Global? Sempre pensei que os Pinguins deviam aprender a voar.

Page 2: FAZENDO 20

#2 COISAS... compostas FICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORES EXECUTIVOSAurora Ribeiro

Sara SoaresTomás Silva

COLABORADORESAna Correia

Cristina CarvalhinhoEcoteca do Faial/Oma

Fausto AndréFernando Menezes

Filipe Moura PorteiroIlídia Quadrado

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

LOCAL DE PAGINAÇÃOAçores, Portugal e Dinamarca

ILUSTRAÇÃO CAPAPedro Solá

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quando eu era puto, tinha a mania de me ocupar em tentar consertar o mundo. O meu mundo. A ilha. O espaço em que me movia. Remendava aqui e ali, tirava dacolá, acres-centava algo de novo a certas coisas, que a meu ver eram importantes. Conversava muito. Conversava com os mais velhos, com uns e com outros, sobre tudo e sobre nada, mas a dada altura cheguei à brilhante conclusão, que esta coisa de mudar o mundo, é cá uma trabalheira, um pro-jecto com dimensões e contornos brutais, e cansei-me. Cansei-me logo nos primeiros meses do ano em que completava os 15 anos. Olhei então à minha volta, e pen-sei na séria hipótese de escrever um Livro de Teorias. Isso mesmo. Teorias. Teorias das mais variadas e para as mais diversas necessidades pois uma pessoa não sabe o dia de amanhã. Porquê? Não sei. Nem penso muito nisso. Apenas penso nas teorias, e em ver o meu rico livrinho publicado. Sempre poderei ganhar alguns trocos, pois há sempre pes-soas que vão em cantigas, mesmo em sol baixinho.Pois bem. Comecei com brevíssimos apontamentos. Ra-biscos em guardanapos, toalhas de mesa, nos maços de tabaco e no verso dos talões das compras. Outro dia, falei deste Livro de Teorias, a um amigo de longa data. Este, deveras curioso, pretendeu obter alguma informação de-talhada sobre a hipotética publicação. Fez-me perguntas. Muitas perguntas e difíceis – para variar – e não hesitei por citar alguns exemplos dessas minhas teorias já anotadas.

Vejamos:Exemplo 1: Tenho como teoria o seguinte: quanto me-nos um adepto de um clube desportivo entende de fute-bol, mais alto fala. Outro dia, num café, mesmo perto da casa onde pernoito, e onde vou regularmente satisfazer o meu vício de fumador de tabaco, dois tipos falando de um certo e determinado encontro futebolístico, e aos berros, não davam uma para a caixa. Diziam um chorrilho de dis-parates. Cada um pior que o outro. Cada cova, cada min-hoca, cada cavadela, cada cagadela. É pá, eram seguidas - contou-me alguém entendido nessa nobre arte de discutir futebol. A partir de então, esse tal meu amigo, começou por concordar com esta minha teoria, o que me deixou de-veras entusiasmado. Se vontade tinha para avançar com o Livro das Teorias, com mais vontade fiquei. Tenho outra teoria: Um sujeito quando compra um carro novo, espaçoso, com ar condicionado, airbag, jantes espe-ciais, alta cilindrada, etc. menos tolerante ele é, com tudo e com todos.Qualquer um pode fazer o teste. É só passear pela margi-nal da Horta. Outro dia, um senhor já com uma certa idade, conduzia um carro, daqueles que não sei como passam na inspecção, um tanto ao quanto em mau estado, pneus carecas, escape preso por um arame e retrovisor rachado pelas desgraças do tempo e da vida. Quando me preparava para atravessar a estrada, ele começa a parar bem ao longe e fez-me sinal para passar. Melhor ainda. Até esboçou um

simpático sorriso. Lindo! Não adianta ter pressa, o melhor mesmo é sair à hora certa, que isto de andar com pressa é um stress do caraças. Dias depois, avisto um “alto carro”, todo xpto, com ar condicionado, auto rádio, mp3, leitor de cd, dvd, telefone, televisão, micro-ondas, frigobar, churrasqueira, wc, ja-cuzzi, piscina e sei lá que mais… Quando começo a atraves-sar a passadeira, o espalhafatoso condutor - qual figurinha de filme de Emir Kusturika - prego a fundo, acciona a puta da buzina, o que me leva a tomar as devidas precauções. Deixei-o passar, antes que fosse completamente cilin-drado. Pior que isso: O tipo estava cá com um mau hu-mor, (mau humor sistemático) por algum motivo que nem Freud encontraria explicação para tanto azedume.Outra teoria: Quando um sujeito inicia um processo de mestrado, descobre que é um autêntico burro.Aconteceu e acontece a vários amigos meus. Um tipo é um bom profissional, dá conta do recado, lê os seus livrinhos, vai ao cinema, tem uma certa base crítica, não é nenhuma sumidade intelectual, mas resolve fazer um mestrado. Na primeira semana, descobre que as pessoas andam a dizer coisas muito mais interessantes… Enfim, começa mesmo a perceber que é meio burrinho, mesmo. A sorte é que no segundo semestre, lê que nem um camelo, começa a dizer coisas importantes, e não se acha mais tão quadrado as-sim.Teoria número quatro: Um crítico de cinema vê o filme que vimos, mas é um outro filme.Tirando o João Lopes, da SIC, que gosto muito, o crítico de cinema parece que vê sempre outra coisa. Quando a gente vê um drama humano, algo para repensar a vida, o crítico acha que o cinema está também em crise, e “não acerta o paradigma de uma estética existencialista”. Quando o filme é aquela seca do início ao fim, e saímos do cinema com uma forte dor de cabeça, querendo tomar umas bejecas ou um whiskie para relaxar, o crítico entende que “a estética inovadora deu um novo impulso à narrativa, optando pela pluralidade”. Dá vontade apenas de dizer: é ruim, heim? Olhe, vá à merda…Outra teoria: Cachorro é a cara do dono.Podem olhar. Vem um fulano gordinho, o cachorro é gordinho. Vem um tipo magrinho, o cão é magrinho. Vem outro gajo que não se cala, o cão não pára de ladrar. Vemos um cão que encontra outro cão e lhe vai ao rabo, o dono é gay. Vem uma tia empiriquitada, o seu caniche parece uma boutique ambulante a tresandar a perfume de velha. Vem um labrego, ao seu lado, estará com certeza, um cãozinho de orelhas cortadas, rabo traçado e com uma coleira com o emblema do Benfica.Teoria seis: Há gente que só vai ao cinema comer pipocas, e ainda por cima com a boca aberta.Eu decididamente não entendo. Não percebo e se calhar nunca vou perceber. Já assisti a vários filmes, nunca vou ali, comprar umas pipocazinhas. Nem quando vou ver

um blockbuster. Nenhum amigo, que assiste a um filme comigo, tem fome de pipocas. Isso mesmo. Fome de Pi-pocas. Mas quando vou a um centro comercial, chego à sala de cinema, sento-me, e lá vem um filho da puta de um estafermo, com a namorada, e um balde de pipocas. Não, não é um balde, mas uma saca, de 12 quilos. O gajo vem, e senta-se mesmo ao lado. O filme começa. Ele começa a jogar as pipocas na boca e amassa, com a boca aberta. Srec, srec, srec. O sacana, não vai ao cinema para ver um bom filme, mas para saciar uma tara íntima de comer pipocas no escuro, com o raio da boca aberta, coisa proibida em casa, provavelmente. Eu detesto esta teoria, mas que é verdade, lá isso é. Nunca vos aconteceu?Outra teoria: No casamento, o padre só fala em traição.Já não sei bem qual é a formação actual dos padres por-tugueses católicos, mas eu, que já frequentei uma igreja, onde eram realizados muitos casamentos, posso dizer – o padre tem uma complexa e punitiva tara pelo tema da traição – na cerimónia de casamento, os padres têm a mania que nós não paramos de nos comer uns aos outros. Pode ser verdade, mas ele precisa dizer isso, justamente na hora em que pergunta se um tipo vai ser fiel, na doença e na pobreza, na tristeza e na angústia? Se isto não é pa-tológico, então o que é?Teoria oito e conspirativa: O Humor afinal tem ideolo-gia, e um dia que uma boneca insuflável deixe de ter pra-zer, é porque lhe faltou o ar.Do jeito em que as coisas vão, um dia destes ainda emi-gro para a República de Camarões, e farei uma tenaz cam-panha pelas Lagostas. Sim, pelas lagostas. Que sejam elas as eleitas, caprichadamente cozinhadas em água salgada e bem quentinha, para que possam assim, ganhar cor, dando assim início a uma radical e prazeirenta metamorfose gas-tronómica, para serem degustadas junto ao mar, em noites de lua cheia, e comidas ao som de Vangelis, em perfeita simbiose com certas espécies de moluscos, caminhando na direcção do gosto dos mais exigentes adeptos de sump-tuosas orgias mariscais. Sim, porque há quem pense que um bacalhau vem directamente do mar da Noruega em forma de triângulo. Tenho mais 45 teorias, já devidamente anotadas e co-mentadas, encontrando-se já plasmadas num caderninho, já um tanto ou quanto manchado, de um vinho discreto, proveniente de uvas de castas tintas tradicionais do Douro – Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca. Ficam para depois…Agora, vou mas é ler um conto de La Fontaine.

Moral da (desta) Crónica: A crónica é uma verdadeira inconstância. Em teoria, sabemos o que poderá ser, o que não pode ser, e o que poderia vir a ser realmente.

Luís Pereira

Crónica das oito teorias ou um ensaio do novo tipo, pois eu não tenho a paranóia dos romances

NOME: Joël Bried IDADE: 44ORIGEM: Biarritz, França DATA DE CHEGADA: Outubro de 2001PROFISSÃO: biólogo, trabalha com aves marinhasCASA: alugada

Porque veio?Eu estava à procura de um pós-doc, recebi um anúncio de emprego para o DOP e candidatei-me. Fui aceite para um contrato, renovável, de três anos.Como imaginava a Horta, antes de chegar?Esperava algo muito mais pequeno, com menos coisas. Imaginava que fosse mais isolado. Afinal

temos o Pico e S. Jorge aqui muito perto.

Já conhecia os Açores antes de vir viver para cá?Conhecia apenas a situação geográfica do arquipé-lago; nunca tinha visitado as ilhas.

Como imaginava o Faial antes de chegar? Mais ou menos tal como descobri. Contudo, não fazia nenhuma ideia da existência dos muros de pedra nos prados em todas as ilhas.

Porque ficou? Porque entretanto foram criados vários programas. É que quanto maior for a duração do estudo, maior é a fiabilidade dos dados. Estou a trabalhar com várias es-pécies de pardelas: Cagarros, Almas-negras, Painhos-da-Madeira e Painhos-de-Monteiro, sendo a última espécie endémica dos Açores (ou seja, os Açores são o único local de reprodução desta espécie). Faço estu-dos demográficos a longo prazo para determinar a taxa de sobrevivência e o sucesso reprodutor (proporção de ovos que resultam numa cria voadora), devendo estes parâmetros permitir avaliar a dinâmica populacional de cada espécie. Estas espécies nidificam apenas uma vez por ano e podem viver 40 ou 50 anos, o que faz com que seja necessário um estudo demorado para ob-ter dados fiáveis.

Do que gosta mais aqui? Há uma boa qualidade de vida. Temos o mar perto, há pouca poluição. As condições climatéricas são boas, apesar da humidade e da chuva. E o modo de vida tem uma escala humana.

E do que gosta menos? Da falta de organização, por exemplo quando se trata de coisas urgentes. Há falta de rigor. Às vezes, as coi-sas não são bem feitas, um pouco por todo o lado.

Quais as maiores diferenças em relação ao sítio de onde veio? Há muitas semelhanças, na verdade. Mas Biarritz tem 30.000 habitantes e o Faial 16.000...

E as maiores semelhanças?A proximidade do mar, a instabilidade do clima...

Até quando?Não sei. Até conseguir uma posição permanente, seja aqui ou noutro sítio.

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

“O Pintor no Muro”

Page 3: FAZENDO 20

Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

Pub

À VISTA

Isabelle Huppert e Olivier Gourmet são os trunfos deste filme, em que se testemunha, a mais bela forma das ambições desta jovem cineasta.

Chega já no próximo dia 2 de Julho às salas de cinema portuguesas, a primeira longa- metragem da realizadora suíça, Úrsula Meier.Os filmes de Ursula Meier, que alteram entre a ficção e o docu-

mentário, têm sido distinguidos com vários prémios em festivais internacionais: a curta Tou à table já foi vista em mais de oitenta festivais de cinema e já recebeu mais de 20 prémios. A reacção en-tusiástica aos seus filmes engrandeceu a reputação desta jovemrealizadora. E como resultado disso, Úrsula Meier foi seleccionada para participar nas séries de telefilmes do Arte, Masculin Féminin. Para o Arte, Ursula Meier realizou Des Épaules Solides que foi adaptado para o cinema, levando-o a estar presente no circuito dos festivais.Na primavera de 2008, Ursula Meier terminou a primeira longa-metragem Home, projectado já na Semana da Crítica, do concei-tuado Festival de Cannes. Para a realizadora, este filme, “ nasceu dentro de um carro, ao ob-servar o que há nas margens das auto-estradas: as casas construí-das a poucos metros das vias, com as pessoas nos jardins, as mesas de plástico a alguns metros dos tubos de escape, e de outras casas abandonadas com as janelas emparedadas…As casas como histórias que desfilam através dos vidros do carro, ritmadas pelo movimento incessante do fluxo e refluxo das viaturas e dos camiões numa auto-estrada. Home não é um road movie mas antes a sua imagem inversa.

É uma espécie de expedição sem deslocamento, uma viagem inte-rior, mental. É apenas no final do filme que o road movie poderá começar…” – refere Úrsula Meier, na sua nota de Intenções.Home – LAR DOCE DAR, coloca em cena um casal e os seus três filhos que vivem pacificamente à beira de uma auto-estrada, cuja construção foi abandonada. Mas as obras são retomadas, os primeiros carros começam a surgir e toda a harmonia destrói-se. Assaltados pelo gás dos tubos de escape e os roncos dos motores, a família sufoca.Sobretudo a mãe, interpretada por Isabelle Huppert com tanta for-ça e fragilidade. As cores esplêndidas, os quadros dentro da tela, a energia dos actores: tudo flui fazendo desta história estranha uma metáfora apaixonante de modos de vida e da ilusão existente de se crer só no mundo. HOME é uma película intrigante. Um trabalho cinematográfico muito interessante, a ser exibido oportunamente numa das salas do Faial. A não perder....

Luís Pereira

HOME – LAR DOCE LAR, de Ursula Meier

O cinema que foi e o cinema por vir

O que é o cinema? A resposta é múltipla: máquina, efeito percep-tivo, técnica, psicologia, emoção, história, imagem.Uma coisa é certa a imagem começou a mover-se à mais de 100 anos e ver o mundo reflectido em visão e movimento mudou a história. Um espelho do mundo que se podia compôr em mil for-mas e trazer ao espelho coisas fora do mundo circulava agora em salas escuras entrando na mente das pessoas. Abrindo e fechando portas à percepção das coisas e dos eventos. E hoje vivemos numa organização social totalmente rendida ao princípio audiovisual que o cinema inaugurou: histórias de imagens em movimento.A televisão ópio dos adultos e a internet e os videojogos ópio das crianças. O que é o cinema? A resposta é múltipla: máquina, efeito percep-tivo, técnica, psicologia, emoção, história, imagem.E na verdade o cinema trouxe um novo contar da história. Trouxe também a verdade de sítios inacessíveis. E principalmente trouxe a verdade que determinados homens e mulheres tinham dentro de si sobre como mundo é e como deveria ser. Às vezes o cinema aproxima-nos das outras pessoas e de nós próprios.Por exemplo, foi um grande mecanismo para a compreensão de certos actos que à partida parecem condenáveis em si: de repente a câmara, também está noutro sítio (não só em ti) e tu vês o que aconteceu ao outro. Vês os espaços em branco da história que desconhecias e a tua compaixão torna-se mais possível. O que é o cinema? É também um ciclo de de sete encontros para discutir a sétima arte profundamente. Todas estas questões e

muitas mais vão ser tema de conversa nas sessões de O QUE É O CINEMA?, organizado pelo Cineclube da Horta e a Biblioteca Pública da Horta. Nestes dias tenho o prazer de estar a preparar as respectivas apresentações que incluirão a análise de imprevisíveis excertos de grandes filmes e filmes pouco conhecidos. Todas as primeiras quintas feiras de cada mês a população faialense será convidada a participar num conversa temática sobre um período histórico da evolução do cinema: desde o nascimento do cine-ma, passando pelo expressionismo alemão e surrealismo (dia 2 de Julho), os grandes clássicos americanos (dia 6 de Agosto) e os italianos (dia 3 de Setembro) e da nova vaga (dia 8 de Outubro), finalizando em Novembro e Dezembro com uma sessão dedicada ao documentarismo e outra só sobre o nosso cinema português.A inauguração deste ciclo é já hoje, quinta-feira, dia 25, no au-ditório da Biblioteca Pública da Horta com a sessão intitulada “A imagem em movimento” sobre os primórdios do cinema e onde serão projectados os primeiros filmes que a humanidade viu. O que será o cinema? A resposta é paradoxal: mudará para ser o que sempre foi.O cinema na sua génese já continha tudo. (Daí a importância de compreender os primeiros filmes que surgiram). Enquanto liga-ção da memória ao sonho esta tecnologia de criação de histórias tem dois pontos fortes: o primeiro é como pode confrontar-se com o real (e daí o desenvolvimento exponencial actualmente do fenómeno do documentário de criação não televisivo) e o outro é como pode constituir-se como instrumento de união das pessoas para criativamente reflectirem-se a si e ao mundo que as rodeia. Neste contexto é com orgulho que vos falo do projecto A MINHA

VIDA DAVA UM FILME que o Cineclube da Horta levou a cabo em colaboração com a APADIF e com o apoio da Câmara Munici-pal da Horta. Durante dois meses um grupo de jovens uniram-se e tentaram ultrupassar os obstáculos pessoais e do grupo para apren-derem a técnica do cinema e ainda construirem um filme realista e sem medos sobre o fenómeno da toxicodependência. Este docu-mento em filme vai ser apresentado na próxima segunda-feira, dia 29, às 21h30 no auditório da Biblioteca Pública da Horta. É uma sessão aberta a todos. Com discussão em mesa redonda com as instituições e alguns dos corajosos criadores do projecto: o Tiago, a Ana e a Andreia, o Dércio, o João, o Miguel, a Vanessa, o Carlos, o Paulo, a Nicole e o André.Porque estamos todos juntos nesta história.

Fausto André

“Imagem do projecto final d’A minha Vida Dava Um Filme”

Exposição de Pinturapor Irene Kohoutek(até dia 2 de Agosto)

Page 4: FAZENDO 20

#4 COMICHÃO NO OUVIDO MúsicaEntrevista a Pedro Nuvem

WORKSHOPEscrita de letas para can-çõesFormador: Gimba

Na próxima semana, de segunda a sexta-feira (29 Junho a 3 de Julho) e em horário pós laboral (18 às 21h), vai-se realizar no Te-atro Faialense uma oficina

intitulada “Escrita de Letras para Canções”, no âmbito das Oficinas 2009 organizadas pela empresa municipal Hortalu-dus. Esta oficina estará a cargo do músico e letrista Gimba, conhecido do público em geral por ser membro fundador dos “Afonsinhos do Condado”, músico dos “Irmãos Catita”, colaborador do Blitz, e polivalente e multifacetado nas suas mais diversas incursões televisivas e outras. Esta oficina terá o custo de 50 euros, e as inscrições poderão ser efectua-das nas instalações da empresa municipal, ou pelo telefone 967809008. «Abrir os olhos, os ouvidos e a mente para as subtilezas da escrita de letras em português. Uma nova perspectiva sobre a fonética, a prosódia e os recursos rítmicos/dinâmicos a partir de uma consciência plena da sonoridade do nosso idioma. Exercícios múltiplos, de escrita, mas também de atenção ao “português de todos os dias”. Vamos tomar banho numa sopa-de-letras!» - Gimba (…) «Assemelha-se a ir ao AKI com-prar as ferramentas para se conseguir construir algo que se imaginou...» - Paulo Louro

F.

À VISTAJá foi ouvido...

Fazendo - Conta-nos os teus primeiros passos na músicaPedro Nuvem - Depois de 4 anos de flauta transversal no con-servatório, precisava de outras frequências.., queria tocar baixo eléctrico.. aos catorze fui ao anexo duns amigos mais velhos e pas-saram-me um baixo para as mãos, a partir desse momento passei a ser o baixista oficial dos nüke.F - Como surgiu o projecto Pedro Nuvem?P - Tenho vindo a concentrar-me mais em mim, para descobrir what is me, e quem sabe cumprir alguns sonhos de infância na busca froidiana da fe-licidade. Parece que isso passou por voltar a tocar mais assério. De entre as musicas que compusera, nos projectos por onde passei na adolescência, algumas perman-eceram intocadas pelos restantes musicos com quem tocava.. tratavam-se na maio-ria de baladas. Juntei novas doses de temas quentes que compus entre os past projects e o actual, terminei-os, e esse é Pedro Nu-vem. Juntem-lhe uma pitada de Cliff, e dos outros músicos que participam neste CD, e com quem tenho tocado. No processo criei uma sonoridade própria que continuo a ex-plorar, cada vez com mais pica.F - E já agora como surgiu o nome? P - Mete-te na tua vida!! Lol, epah, o Pedro e a Nuvem, têm muita história em comum. Nem queiras saber. F - Até hoje onde gostaste mais de tocar?P - Ui.. na Guarda, em 1998. Na rua, em cheio na festa, no público, gerando um deleite dos média que deixou os putos estupidamente felizes! O Nuvem adorou “os artistas” em Faro, na tourné de “Time is Never Enough..” (este CD), no continente, onde vivi 6 anos, e vi passar tantos artistas.. casa cheia, palco de madeira, um granda técnico de som... magia.F - Há alguma razão estética para a utilização apenas de baixo na parte melódica?P - I love my bass! Are you fuckin with me? Crio temas no baixo.

E sem algumas condições (talento na guitarra, um gajo nos pratos ou um electromaster interessado, tempo, espaço, etc...) os temas acabam por ficar bem redondinhos em torno do baixo.. e como ainda não vi limites nas criações, continuam as 4 a dar tudo o que podem.F - Que balanço fazes do lançamento do teu primeiro disco?P - Balanço para trás. Curti imenso o processo de gravação, nos Cedros com o Tino, no seu Blechton studio, e no continente no

estudio pessoal de Tiago Carvalho e outros.. mas as vendas é para esquecer. Só alguns amigos e mais umas 20 pessoas que ouviram e gostaram compraram o CD. É incrível. Ac-tualmente estou a vendê-lo ao preço de lança-mento (= preço de custo totalmente do meu bolso), 5 Euros (= 1 caneca + 1 Jameson). O que nem sequer faz uma noite! E essa noite não fica gravada assim tão bem, apesar de dar direito a muitas gargalhadas e aventuras. É verdade que acabou por ficar um CD de bala-das, e pode não vos interessar muito temas calmos para ouvir antes da sesta. De qualquer forma, se querem apoiar a produção nacional, do faial, ou seja permitir que o Nuvem grave mais temas e videos que vos façam abanar o capacete, ou viajar na magia da melodia, a partir do faial vão a myspace.com/pedronu-

vem, contactem-me por email, ou à loja de instrumentos musicais do Faial.F - Como vês o panorama musical Português e em especial o Aço-riano?P - Epah isso dá muitas letras em forma de palavras agrupadas em frases. Vou-te responder que o ppl aqui no faial continua-lhe a dar e que tenho duas questões: 1 porque é que as grandes festas das várias ilhas nem sempre promovem concertos de bandas locais?, e 2 porque é que é tão raro haver noites com mais de uma banda (da mesma ou de várias ilhas). E já agora, porque é que nos Açores não se paga para ver uma banda a tocar?

F - Qual é o teu objectivo na música?P - A música (ao contrário dos concertos), não a faço com um ob-jectivo particular. Quando crio, são histórias que meti no papel, sentimentos particulares que utilizei melodia, ritmo e versos para descrever.. Se curtes fixe. Se não fixe, só não me chateies pois não a fiz para agradar ninguém, mas à nossa senhora das harmonias. Tenho também começado a fazer uns temas com mais garra em que me lembro de apertar com eles para por os meus amigos (e eu) a saltar quando vamos surfar, andar de skate, bina, ou pela rua.. Gosto de tocar, tenho até uma certa necessidade, que é curiosa, comparada com a vergonha de cantar sequer para os meus amigos. Por vezes toco por dinheiro, e para dizer a verdade não sei muito bem lidar com isso pq vai de certa maneira contra a minha filoso-fia.. mas ces la vie!..F - Que sons te servem de inspiração?P - A ideia é não pensar em nenhum quando procuro malhas para os temas. O que se conjuga bem com a avalanche de musica que temos acesso hoje, a custo 0 (mas não digam a um pintor que vão obter uma cópia de um quadro dele, que não vos fica bem), pois já não oiço nada em particular durante muito tempo, a não ser quan-do fica “encravado o mp3”. Dos que ficaram incrustados na minha memória musical, sem ordem especial, Soul Coughing, Pearl Jam, Smashing, Pixies, RedHot, JK, Fun Lovin Criminals, Los Herma-nos, Carlos Bica, Carlos Barreto, J. Pastorius, Dave Holland.. F - E para além da música, tens outros hobbies?P - Pentear macacos, desculpa, mas o Pedro é arranjador de pianos ao fim de semana, e à sexta concerta bicos de pelicano.F - E agora, o que se segue?P - Tenho temas novos, que já apresentei algumas no concerto de lançamento do CD nos Açores no passado dia 20, e a recepção foi boa. Outras ainda estão em metamorfose, e devem integrar este ano uma nova demo. Sâo nuvens muito mais dinâmicas com cau-das de raposa. Planeio também juntar-me com vários amigos de cá desta vez, para boas experiências.

Keep in touch at myspace.com/pedronuvem.

Perguntas por Fausto

Bairro do AmorJorge Palma 1989

O “Bairro do Amor” faz agora 20 anos, e ainda assim é um álbum actual. Foi considerado pelo jornal “Público”, como um dos melhores álbuns portugueses do século XX. Ao contrário de outros trabalhos de Jorge Pal-

ma, que foram mais espontâneos, segundo o próprio tratou-se de um trabalho exaustivo e solitário, desde a composição aos ar-ranjos e letras. O Bairro do Amor é um disco-charneira no per-curso de Jorge Palma. Nele, o autor recupera temas do passado, recusa-lhes o clima nostálgico e celebra-os, ou com orquestra-ções energéticas como em “Dá-me Lume” e “Frágil”, ou com a sóbria evocação acústica da balada “Bairro do Amor”, que nen-huma geração desdenharia guardar no cofre. Curiosamente, e segundo o próprio, “Dá-me Lume” é uma canção que foi origi-nalmente escrita em inglês, no ano de 1978, quando Jorge Palma estava em Paris e foi dedicada a uma namorada norte-americana mas vinda da Geórgia, amiga dos Talking Heads e dos B-52. O Bairro do Amor é provavelmente o trabalho mais importante da carreira do compositor, num período ainda longe de se deixar apanhar pelas garras do monstro comercial, que definitivamente se “encostou a ele”. . .

F.

Golden EraRita Redshoes 2008

A história de Rita Redshoes no uni-verso musical começa a desenhar-se em 1996. Então conhecida como Rita Pereira, era baterista no grupo de teatro “ITA VERO”. Um ano depois era vocalista dos Atomic Bees, que editaram o álbum “Love, noises and

kisses” no ano 2000. Mais tarde tocou baixo no grupo Rebel Red Dog, e tocou piano e cantou no projecto Photographs. A partir de 2003 tornou-se a teclista de serviço na banda de suporte de David Fonseca, com quem interpretou o tema ‘Hold Still’, do álbum “Our Hearts Will Beat As One”, o segundo na carreira do antigo vocalista dos Silence 4. Em 2007, o imaginário do filme “O Feiticeiro de Oz” e o clássico “Let’s Dance”, de David Bowie, inspiraram-na a adoptar o nome de Rita Redshoes. Na mesma altura começa a alinhavar o seu primeiro álbum em nome próprio e dá a conhecer o single “Dream On Girl”, incluído na colectânea “Novos Talentos - FNAC 2007” e considerado, por alguns órgãos de comunicação, um dos melhores desse ano. O álbum “Golden Era” apresenta-se então como o culmi-nar de todo este percurso preliminar. Lançado em 2008, apresenta 12 músicas cantadas em inglês, doze exemplos de pop melódica que remete para os universos de Fiona Apple, Cat Power, ou dos primeiros tempos dos Goldfrapp. Trata-se de um álbum intimista, onde a can-tora solta fragmentos de si própria, da sua vivência quotidiana, do amor, dos filmes, do passado. A intensidade vocal e sensualidade de Rita Redshoes conjugada com a qualidade melódica e de arranjos das músicas fazem deste álbum uma preciosidade contemporânea. Não perdendo tempo, Rita Redshoes surpreende-nos já em 2009 com o brilhante single “Choose Love”. 5 estrelas.

F.

Page 5: FAZENDO 20

Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Paula Rego

Nótula em torno da pintura de PEDRO SOLÁ

Nasceu em Lisboa, em 1935, e cresceu pelo Estoril. Cedo foi incentivada a dar continuidade às suas qualidades como pintora. Estudou em Londres e aí casou com o pintor Victor Willing. Voltou a viver na Ericeira (entre ’57 e ‘62), levada pelo nascimento da primeira filha. Numa posterior ida a Londres (onde acaba, mais tarde, por ficar) tem contacto com Dubuffet e rende-se à Arte Bruta, como forma de enfrentar todas as suas inquietações relativamente às imposições do regime salaza-rista, aos problemas sociais, às questões de desigualdade. Paula Rego começou a sua carreira apresentando trabalhos à base de co-lagens, com personagens normalmente retiradas de histórias infantis, de livros ilustrados ou de impressões. Quando queria um personagem que não encontrava, desenhava-o ela própria. A partir dos anos ’70 abandona a colagem para mergulhar na pintura, passando pelo acrílico e debruçan-do-se depois no pastel.As suas obras em torno da temática do aborto foram as que mais facilmente chamaram a atenção de todos em Portugal. Sendo perfeitamente evidente a influência de Freud e de Bacon (não só aqui, mas também noutras obras anteriores), a crueza da carne humana envergando figurinos proposita-dos, as expressões profundas e o dramatismo que parece previamente encenado nestas pinturas a pastel, fazem com que Paula Rego seja recon-hecida até por quem não tem grande relação com o mundo artístico.E, como disse um dia, ‘pinto para dar uma face ao medo’.

Ana Correia

À PROCURA

Chegando aos Açores

A primeira aguarela que pintei na Horta foi: “Pintor no muro”. Debruçado no paredão da muralha retrato-me num espírito silencioso e retraído de quem chega do mar depois de largos dias de solidão. Assim sem conhecer nada nem saber que iria ficar um ano nos Açores. O desconhecido por diante, a incógnita do destino na ilha, sem outros planos que reparar o barco e continuar viagem. O primeiro óleo foi: “Chegando aos Açores”, já insta-lado num atelier da biblioteca, junto ao jardim e do lago. E isto não é casual, um homem não se trai como homem nem como artista se os seus actos são uma consequência directa da sua vida. O artista não é mais do que a essên-

cia do homem; pinta-se como se vive, como se pensa e sobretudo como se sente.Há só uma linha directa e clara entre o pensamento, o sentimento e os actos. Não se pode ser outro que um mesmo. O homem de hoje, o artista de hoje, é o resulta-do de uma larga história de buscas, de aprendizagens, de erros e consequência de uma série de actos provenientes de um modo de perceber a vida e da intenção de captura--la na máxima expressão e intensidade. Esta expressão tem uma história, uma génese nascida do desejo de estender o horizonte, de conhecer outros po-vos, outras culturas e outros lugares.Viver nos Açores, e em particular no meio do Atlântico, entre estas gentes, tinha que influenciar fortemente a minha obra.Como dizia antes: somos filhos da nossa história e o ano decorrido no Faial onde pintei todas as obras expostas, reflectem a experiência. Ainda quando outras telas correspondem a tendências pessoais e íntimas, de qualquer modo todas tem uma particular marca açoriana. É assim, um artista quer dar o melhor de si, também para festejar e corresponder aos homens que o acolheram. É um modo de dizer: gracias!

Pedro Solá(extracto do catálogo da exposição a inaugurar dia 3 de Julho)

Paula Rego - “A Casa da Celestina”

Entre a figuração e a abstracção, num universo intensamente pes-soal, Pedro Ramon Solá inventa uma nova presentação do mundo, melhor dizendo, desvia a pintura da observação exacta do mundo exterior, onde a cor se projecta como uma ferramenta emocional e experiência lírica.Com o pincel ou a aplicação da espátula, ele não evita a impro-visação como um gesto instintivo, onde a criação de estruturas coloridas tanto são paisagens subtraídas à realidade que se tornam privadas de relações só dele, como memórias e estados de alma. Para Pedro Solá a tela é uma luta constante de tornar a sua super-fície carregada de impressões cromáticas, onde o tema é um mero pretexto.Nas suas obras assistimos a um turbilhão emocional da cor, esse espaço fascinante que carrega uma sombra ou uma figura quase oculta, que vai cedendo a uma experiência “lírica” traduzida no gesto íntimo e enérgico da linguagem das cores, e que se projecta como uma arte neo-expressionista com capacidade de fazer vibrar

pelas ressonâncias que emite.“Expressionista orgânico” como gosta de se apelidar, dando a ideia de que exprime no acto de pintar a forma mais directa do seu pensamento íntimo aliado às exigências estéticas, muitas vezes inconscientes, mas naturais, apreende-se todavia um acto con-trolado e de uma sensibilidade muito marcada pelas combinações cromáticas de grande equilíbrio e elegância, e onde surpreendem os pequenos e grandes toques de matéria aplicados com a sua deli-cada espátula. Penso que se aplica bem a Pedro Solá a expressão de Wassily Kan-dinsky, ao referir que “…de uma forma geral, a cor é um meio de exercer uma influência directa na alma. A cor é a tela. O olhar é o martelo. A alma o piano de muitas cordas”, porque ele é um mestre neste exercício.

Luís Menezes

Biografia de Pedro SoláNasce em Buenos Aires em 1946.Mesmo antes de aprender a caminhar, pintava. Sua mãe, descen-dente de uma família de artistas mostrou-lhe a pintura como uma diversão.É educado na prática da pintura e do pensamento profundo, re-flexivo.Durante sua infância, vive intensamente o contacto com a natureza das pampas, os campos argentinos, aprendendo a ver a diversidade e a riqueza da paisagem e dos seres vivos.Acompanhando a sua mãe, professora de Belas Artes, frequenta as Escolas Manuel Belgrano, Prilidiano Pueyrredon e Ernesto de la Carcova, onde interioriza as influências dos mestres da época. Estuda desenho, pintura, gravura e escultura. Na Escola de Cerâmica de Mar del Plata, sob direcção de Amaru Oropeza, dedica-se à cerâmica.

Na década de 60 participa dos movimentos de vanguarda de Bue-nos Aires, realizando instalações, happenings, curta metragens e participa na fundação da Feria Artesanal de la Recoleta, escreve para diversas revistas e manifestos de subversão cultural.Em 1964 viaja para o Brasil, onde realiza uma expedição pela zona dos rios Araguaia e Xingu. Vive entre os índios Xavantes e Kaiapós, percorrendo mais de mil quilómetros a pé e em canoa. Essa experiência configura as bases de sua personalidade inde-pendente.Trabalha um tempo na Embaixada Argentina, no Rio de Janeiro, onde aprende a cultura maravilhosamente rica e diversa do Brasil.De regresso a Buenos Aires pinta com a sua mãe o altar da Capela de Monte Grande, tríptico feito com folhas de ouro sobre madeira, ao modo renascentista. Também em colaboração, um fresco de sete metros por três na fábrica de Bonafide com o tema da planta-ção, colheita e elaboração do café.Trabalha em escultura com betão armado e pigmentos, desenho de nus em tinta da China e técnicas mistas, colagens e pintura a óleo.O casamento jovem, os filhos e as subsequentes responsabilidades económicas absorve suas energias por vários anos. São anos de in-tensa actividade vital e laboral, nos quais a arte é exercida de forma subterrânea, oculta e íntima. Isto provoca um acúmulo de obras no seu atelier sem sair à luz pública, terminado incineradas no jardim. Centenas de pinturas, desenhos e gravuras convertem-se em cinzas.Aos meados dos anos 90 descobre o mar e os barcos. Termina partindo no seu veleiro sem destino nem tempo previsto. Desde então vive e pinta a bordo do seu veleiro por vários países.A técnica da aguarela é a mais apropriada para a vida no mar. A cada um ou dois anos instala um atelier em terra para pintar óleos. Assim ocorreu no Brasil, em Angra dos Reis e Bahia, Venezuela, República Dominicana, França e Açores.

Page 6: FAZENDO 20

#6 -ENDOS -ANDOS -INDOS LiteraturaLeite Derramado de Chico Buarque

Mãe, não tenho nada para ler...

À CONQUISTA

Memórias Póstumas de Brás Cubasde Machado de Assis

A propósito de Leite Derramado, Memórias Póstumas de Brás Cu-bas de Machado de AssisPoeta, dramaturgo, romancista, Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira e o seu romance Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado como sendo, além da sua obra-prima, o que dá início ao Realismo no Brasil.Nesta obra, o autor cria uma personagem estranha, uma voz ino-vadora, a de um morto que, do seu túmulo, escreve a sua biogra-fia, de forma irónica e recorrendo constantemente a um humor mordaz (visível desde a dedicatória ao verme que primeiro lhe comeu as carnes). Além disso, o livro é também marcado pelo diálogo que se esta-

belece entre o narrador e o leitor, a quem atribui diferentes estados de alma que lhe conferem, apesar de ficcionado, uma realidade palpável (este foi um processo que, na época, espantou os leitores e os críticos e que depois viria a ser adoptado por muitos outros).

C.A.

Já foi lido...

O narrador deste romance apre-senta-nos “quatro pessoas, cada qual com os seus íntimos gestos, momentaneamente iluminadas, ironicamente projectadas contra o pano de fundo desta guerra.”.

De facto, o quotidiano de uma jovem enfermeira, do doente: um inglês desconhecido, de um ladrão e de um soldado indiano do exército britânico con-stitui o núcleo desta narrativa que decorre nos derradeiros meses da Segunda Guerra Mundial, numa vila italiana. É um romance que gira em torno da procura da verdadeira identi-dade de cada personagem e do ser humano em geral. Quem é o doente inglês?...

Ilídia Quadrado

O Doente Inglêsde Michael Ondaatje

A maior parte de nós associa Chi-co Buarque à bossa-nova, e a uma voz que marcou a música popu-lar brasileira, e não à escrita. O próprio Chico Buarque se define mais como um intérprete-com-positor do que como um escritor (e os críticos literários, quando se lançou na literatura, tiveram tendência para o depreciar e considerar que se devia limitar ao campo em que era realmente bom). No entanto, Leite Der-ramado não é um primeiro ro-mance mas antes um romance de

maturidade, em que descobrimos um Chico Buarque mais ciente da forma de passar para a ficção o imaginário que habita a sua música.Fiel ao seu interesse por tudo o que define o Brasil como identidade, traça neste romance a história do seu país ao longo destes dois últi-mos séculos, valendo-se da saga familiar como suporte para o fundo histórico e escolhendo como narrador um homem que, moribundo, relembra, num monólogo que não tem destino certo - dirigido a uma leitora, à filha, às enfermeiras que o rodeiam ou a qualquer orelha atenta, desde que feminina, ao seu falar - a história dos seus (lem-brando, ao de leve, uma outra personagem da literatura brasileira, o Brás Cubas de Machado de Assis, que, já morto, se debruça sobre o seu percurso de vida ).A personagem central, Eulálio d’Assumpção, é um aristocrata cen-tenário, arruinado, que encontramos num hospital devido a uma

fractura grave e que, confinado a uma cama, rememora momentos que marcaram a sua vida enquanto desfia a história do Brasil desde o tempo da monarquia, passando pelas diferentes repúblicas até às ditaduras militares.Além deste pendor histórico, o romance vive muito da galeria de personagens que o autor constrói e que muitas vezes, apesar de caricaturais, correspondem aos tipos sociais que ainda hoje marcam toda a América do Sul.Escolher um aristocrata não foi uma escolha impensada já que per-mite ao autor debruçar-se sobre uma questão central, mesmo no Brasil de hoje, o racismo (latente ainda que muitas vezes negado em nome do politicamente correcto) e o saudosismo, por parte de uma certa elite, da época da escravatura e das grandes fazendas, quando o poder dos latifundiários estava no auge. Contudo, este que poderia ser um tema polémico acaba por ser a oportunidade de dar largas a momentos marcados pelo humor e pela ironia.Leite Derramado é um romance pequeno, quase uma novela, mas com inúmeras camadas – entre as quais deixa adivinhar a presença do pai do autor, Sérgio Buarque de Hollanda, que tanto se debruçou sobre as mudanças da sociedade brasileira e que se interessou so-bretudo pela acentuada tendência para o afastamento das raízes portuguesas e a vontade de criar uma sociedade mais próxima do modelo americano (tendência que considerava ser absolutamente ilusória) – que se presta a inúmeras leituras consoante o maior ou menor conhecimento da literatura e da realidade brasileira.

Catarina Azevedo

Já fui um rato!de Philip Pullman

Imagina que um dia te batem à porta e é um rapaz chamado Roger. Foi o que aconteceu a um simpático casal, Bob e Joan, e parece ser a coisa mais normal do mundo não fosse Roger achar que noutros tempos tinha sido um rato, desa-tar a roer as almofadas ou a professora, ter tanto medo de gatos como um rato a sério ou comer de forma muito abrutalhada.Imagina a curiosidade de todas as pessoas que o rodeiam quando acham que descobriram um rapaz-ratazana. Se quiseres saber os trabalhos em que se meteu Roger, não deixes de ler Já

fui um rato!Uma palavrinha aos pais – Philip Pullman é um escritor que muitos comparam à Lewis Carroll (o autor de Alice no País das Maravilhas) ou a Tolkien (o autor de O Senhor dos Anéis) dada a sua imagi-nação fértil e a forma fascinante como conta histórias.

C.A.

O táxi azul escuro do estado cubano, conduzido por um simpático funcionário público que, por acaso, se “esqueceu” de ligar o taxímetro, deixou-nos na Praça da Catedral, bem no centro da cidade.São onze horas da manhã e o calor começa a apertar. Trinta graus à sombra.Brancos, pretos, mestiços e asiáticos enchem a praça e as animadas ruas de Havana velha nesta manhã de domingo.Estranham-se os cheiros, o lixo que se acumula por todos os lados e os sons afro-cubanos que se ouvem por toda a parte, enquanto cruzamos ruelas esburacadas.A arquitectura colonial é dominante à mistura com edifícios de estilo barroco e art deco.Após muito tempo ao abandono, os edifícios apresentam no geral um ar decrépito, apesar dos esforços de recuperação e restauro visíveis nesta parte da cidade de Havana, classificada pela UNESCO em 1982.Passamos pelo “Bodeguita del Médio” onde, envolvidos pela música e pelas recordações de Hemingway e Guillén que cobrem as paredes, bebemos vários “mojitos”, enquanto à nossa volta, tudo serve de pretexto para se gastar uns “pesos” em recordações.José Marti, Fidel Castro e Che Guevara acompanham-nos sempre, nas paredes, muros e car-tazes, enquanto vagueamos pela cidade.“Hasta la victoria, siempre!”“Pátria o Muerte!”Ali perto encontramos sentada num banco de pedra a figura incontornável da “velha de Havana”. Muito velha, mulata, cabelos brancos, flor vermelha na cabeça e um enorme e inseparável charuto trancado nos dentes, pronta para a fotografia e alguns pesos que lhe aliviem a existência. Sorri atrevida e docemente para os turistas, segura de que faz parte daquela rua e daquelas pedras, onde parece estar desde sempre.Estamos agora a chegar ao “El Floridita” depois da visita ao Museu da Revolução que nos fez recuar ao tempo da descoberta da ilha e sobretudo ao ano de 1959 e à “luta heróica de libertação”, que tanto inspirou muitos ideais de juventude.Entrámos no edifício rosa, amplo e bonito decorado com variados motivos e peças art deco.Ao fundo do balcão encontramos Hemigway em tamanho natural e em bronze, de pé, uma mão no balcão e outra na cintura, sorrindo para nós e convidando para um “daiquiri”. Sento--me ao seu lado e delicio-me com essa bebida exótica gelada, feita de marrasquino, limão e açúcar.Pouco depois, numa ampla e requintada mesa rodeada de cadeiras de veludo rosa escuro, servem-nos uma lagosta grelhada, acompanhada por um excelente “chardonnay” argentino muito frio. Inconscientemente recuamos aos anos 30 e 40 ou mesmo 50 do séc. passado, à Cuba dos casinos, do esplendor do tráfico de alcoól e drogas, bordel dos EUA onde Al Capone se passeava à vontade.Finalmente, toma-se um café e tira-se a fotografia da praxe ao lado do Nobel.Regresso ao hotel ao melhor estilo, num confortável e respeitável DODGE amarelo de 1951, consumindo um litro de gasolina por cada cinco Kms, que percorre, sem pressas, há quase 60 anos as saborosas ruas de Havana.Agora leio mais uma vez “O velho e o mar” e saboreio lentamente um “Cohiba”.PS- Do “ Hemingway” e do meio do mar, recebo do Genuíno Madruga um email:”Não te esqueças de visitar a casa onde viveu Hemingway!

Fernando Menezes

Crónica de Havana

Page 7: FAZENDO 20

Ciência e Ambiente APAGA A LUZA VIDA DEPOIS DO VULCÃO

O Vulcão dos Capelinhos foi um evento com conse-quências catastróficas, para as comunidades biológicas que viviam na extremidade Oeste do Faial. Animais marinhos e terrestres com capacidade para escaparem aos efeitos nefastos dos materiais emanados pelo vulcão activo terão procurado outras paragens. No entanto, a flora marinha e terrestre e os animais com capacidades limitadas de deslocação foram soterrados, queimados ou envenenados pelos produtos da actividade vulcânica. Arrojamentos maciços de peixes nas áreas envolventes ao vulcão estão ainda presentes na memória de muitas pessoas que viveram aqueles dias dramáticos.Após a erupção, iniciou-se o processo lento de coloni-zação biológica dos habitats virgens e estéreis entretan-to formados. As paisagens terrestres e marinhas actuais mostram que a sucessão ecológica primária ainda está longe de ter atingido o seu clímax. O tempo necessário para o estabelecimento de comunidades biológicas ma-turas depende grandemente das características edáficas da região (i.e. estabilidade, complexidade, permeabili-dade e composição química e morfológica do substrato;

taxas de erosão; etc.), que ainda estão muito marcadas pelo vulcanismo recente. À medida que as condições ambientais se vão alterando, formas de vida adaptadas aos novos habitats vulcânicos vão progressivamente se instalando, disseminadas a partir das comunidades bio-lógicas adjacentes.O recuo continuado da linha de costa, como conse-quência da erosão, tem influenciado a colonização da vida submersa. As comunidades típicas dos habitats costeiros contíguos têm vindo a estabelecerem-se nos novos habitats em evolução. Mas a cada episódio de erosão costeira intensa, os organismos litorais que aí se tinham fixado, voltam a enfrentar condições adver-sas, que, a escalas finas, fazem retroceder o processo de colonização.O Vulcão dos Capelinhos transformou radicalmente a paisagem da extremidade oeste da ilha e criou habitats costeiros, inicialmente desprovidos de vida. Esta é uma região única para se estudar a sucessão ecológica típica dos ambientes costeiros insulares, tanto submersos como emersos. No entanto, esta oportunidade não foi totalmente compreendida. A facilitação de investigação neste domínio é um desígnio que não deverá ser des-curado.Todo o cenário do Vulcão dos Capelinhos torna este lugar muito atractivo. A zona é usada intensamente, em especial nos meses de Verão, por habitantes locais e turistas. O impacto das actividades humanas nas comu-nidades naturais e na paisagem não é negligenciável.O Vulcão dos Capelinhos com as suas particularidades geológicas, biológicas e paisagísticas únicas no contex-to regional, torna a sua conservação prioritária.

Filipe Moura Porteiro/DOP &UAç

Computadores!Os computadores são um instrumento de trabalho e ócio com uma utilização cres-cente, embora sejam uma invenção extraordinária originam a emissão de CO2 para a atmosfera. Assim, ao adquirir um computador:

- Escolha um modelo que ser possa ser facilmente actualizado e que terá menos possibilidades de ficar obsoleto no espaço de um ano;

- Prefira um computador portátil, consome cinco vezes menos energia que um computador de secretária, o que para utilizações médias de cinco horas por dia, evita, durante um ano, a emissão de 12 kg de CO2.

Por fim, utilize o seu computador de forma inteligente, procurando minimizar o consumo de electricidade: reduza a luminosidade do ecrã, altere o seu protector de ecrã para “nenhum” ou “ecrã em branco”, programe o computador para entrar no sistema de poupança de energia 10 minutos após estar inactivo, e desligue-o quando não o estiver a utilizar (ao desligá-lo durante a noite poupará energia sufi-ciente para imprimir cerca de 800 páginas A4).

Dina Dowling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

O Dia Mundial do Ambiente foi insti-tuído a 5 de Junho pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972 para assinalar a realização da Conferência de Estocolmo. Esta foi a primeira reunião em que 113 países reflectiram sobre a relação entre a protecção do ambiente e o desenvolvimento humano.Desde então este dia é celebrado em todo o mundo com diversas actividades que pretendem alertar para diversas questões ambientais. Assim, a Secre-

taria Regional do Ambiente e Mar através da Ecoteca do Faial, Centro de Interpre-tação do Vulcão dos Capelinhos, Jardim Botânico, Observatório do Mar dos Açores com o apoio do Clube Independente de Atletismo Ilha Azul organizaram no dia 6 de Junho uma “ Mini-Maratona do Ambiente”. O percurso com 6 quilómetros de extensão ocorreu no interior de duas áreas da Rede Natura 2000, o Sítio de Interesse Comunitário da Ponta do Varadouro e a Zona de Protecção Especial da Caldeira- Capelinhos, mais precisamente no caminho em bagacina que liga o Varadouro ao Porto Comprido e contou com a presença de mais de meia centena de atletas masculinos e femininos, divididos por quatro escalões etários.O atleta júnior André Costa foi o primeiro a cortar a meta com o tempo de 22’ e 51”. No escalão de veteranos, o grande vencedor foi Victor André, enquanto que Pedro Monteiro, Miguel Cordeiro, Bianca Dionísio e Adriana Martins venceram, respectiv-amente, nos escalões de seniores masculinos, infantis masculinos, infantis femininos e júniores femininos. Em seniores femininos Carla Pereira e Susana Garcia cruzaram a meta com o tempo de 38’ e 42”.Com esta actividade pretendeu-se promover o convívio entre os participantes, o con-tacto com a natureza e incentivar ao hábito de realização de caminhadas.

Dina Dowling/Ecoteca do Faial

Dia Mundial do Ambiente

No passado dia 30 de Maio, a AFAMA (Associação Faialense dos Amigos dos Animais) celebrou o seu 10º aniversário. Desde essa altura, tenho investigado e reflectido sobre os direitos dos animais, a qualidade das relações entre as pessoas e os animais domésticos e o papel dos cidadãos, das autarquias e de ONG’s na interacção com os animais. Deste modo, propus-me partilhar este trabalho em várias fases. Não poderia deixar de começar pela Declaração Uni-versal dos Direitos dos Animais Artigo 1º Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência.Artigo 2º a. Cada animal tem o direito a respeito. b. O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou explorá-los, violando esse direito. Ele tem o dever de colocar sua consciência a serviço dos outros animais. c. Cada animal tem o direito a consideração, à cura e à pro-tecção do homem.Artigo 3º a. Nenhum animal será submetido a mau trato e a actos cruéis. b. Se a morte de um animal for necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angús-tia.Artigo 4º a. Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático, e tem o direito de reproduzir-se. b. A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a esse direito.Artigo 5º a. Cada animal pertencente a uma espécie que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o dire-ito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias a sua espécie. b. Toda modificação desse ritmo e dessas condições, imposta pelo homem para fins mercantis, é contrária a esse direito.Artigo 6º a. Cada animal que o homem escolher para seu companheiro tem o direito a uma duração de vida

conforme sua natural longevidade. b. O abandono de um animal é um acto cruel e degradante.Artigo 7º Cada animal que trabalha tem o direito a uma razoável limitação do tempo e intensidade do trabalho, a uma alimentação adequada e ao repouso.Artigo 8º a. A experimentação animal, que implica um sofrimento físico, é incompatível com os direitos do animal, quer seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra; b. As técnicas substituti-vas devem ser utilizadas e desenvolvidas. Artigo 9º No caso de o animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que para ele resulte ansiedade ou dor.Artigo 10º Nenhum animal deve ser usado para diver-timento do homem. A exibição dos animais e os espec-táculos que utilizam animais são incompatíveis com a dignidade do animal.Artigo 11º O acto que leva à morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, um delito contra a vida.Artigo 12º a. Cada acto que leva à morte um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, um delito contra a espécie. b. O aniquilamento e a destruição do meio ambiente natural levam ao genocí-dio.Artigo 13º a. O animal morto deve ser tratado com respeito. b. Cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como fim mostrar um atentado aos direitos do animal.Artigo 14º Os direitos do animal devem ser defendidos por leis, como os direitos do homem.(Declaração proclamada em assembleia da Unesco, em Bruxelas, no dia 27 de Janeiro de 1978)

Cristina Carvalhinho

10º Aniversário da AFAMA

Pub

Page 8: FAZENDO 20

#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 27 de Junho Exposição de Pintura: “SignsGamesMessages” de Ken

DonaldBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 30 de Junho Exposição de Artes Plásticas: “Banco de Artistas” por

vários artistas locaisIgreja de São Francisco

Exposição de Fotografia: “Claridade - 30 Imagens para Neruda” por Roberto SantandreuCentro do Mar

Até 17 de Julho Exposição de Pintura: “Percursos” por Florimundo

SoaresSala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 2 de Agosto Exposição de Pintura por Irene Kohoutek

C.A.S.A., 14h00-00h00

25 de Junho Palestra: A Imagem em Movimento – O Nascimento

do Cinema por Fausto Cardoso (pág. 3)Auditório da Biblioteca pùblica e A.R.J.J.G., 21h30

26 de Junho Concerto: “Allegreto Ensemble” do Conservatório

Regional da HortaIgreja de S. Francisco, 21h00

Cinema: “X-men”Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 27 e 28)

27 de Junho Exposição Final dos Trabalhos do Atelier de Artes Plás-

ticas e AudiovisuaisEspaço Infantil da Biblioteca Pública e A.R.J.J.G. , 9h30

Cinema: “Monstros e Aliens”Teatro Faialense, 17h00

30 de Junho Workshop: “Escrita de Letras para Canções” por

Gimba (pág. 4) Teatro Faialense, 18h-21h (até dia 3 de Junho)

2 de Julho Palestra: “Impressionismos, Expressionismos e Sur-

realismos – O Formalismo no Cinema Europeu” por Fausto Cardoso (pág.3)Auditório da Biblioteca Pública e A.R.J.J.G., 21h30

3 de Julho Inaugração da Exposição de

Pintura de Pedro Solá (pág. 5)Biblioteca Pública e A.R.J.J.G.

6 de Julho Oficina de Expressão Dramática por Letícia Liesenfeld

6-9 anos, 10h30-12h3010-14 anos, 14h00-16h00Teatro Faialense(até dia 17 de Julho)

7 de Julho Cinema: A Fronteira do Amanhecer

Sinopse: Carole é uma estrela de cinema e vive sozinha porque o seu

marido foi para Hollywood e abandonou-a. Um fotógrafo vai a casa dela fazer uma reportagem para um jornal. Tornam-se amantes. A reportagem dura duas sema-nas, tempo em que vivem os dois no hotel. De vez em quando passam pelo aparta-mento dela...Realização: Philippe Garrel. Elenco: Louis Garrel, Clémentine Poidatz, Laura Smet. País de Origem: França. Ano de Produção: 2008. Género: DramaTeatro Faialense, 21h30

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silvahttp://ilhascook.no.sapo.pt

LacunasO Fazendo vai dar início a uma nova forma de gerência de espaço. Trata-se de utilizar ao máximo o espaço dis-ponível no jornal recorrendo a artigos de temática livre: poderão ser crónicas, poemas, estórias, imagens, fotografias, artigos de índole cultural ou outra coi-sa qualquer. Assim, pedimos aos inter-essados que nos enviem as suas lacunas para:

[email protected]

A Direcção


Top Related