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Mais uma palmeira na Avenida. Horta, a nova Malibu.

29 de Julho 2010 | Quinta | Edição # 44 | Quinzenal | Agenda Cultural Faialense | Distribuição Gratuita

boletim do que por cá se faz

FAZENDO

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Opinião Opinião

02

ficha técnica - fazendo - isento de registo na erc ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de janeiro, art. 9º, nº 2 - direcção geral: jácome armas - direcção editorial: pedro lucas - coordenação geral: aurora ribeiro - coordenadores

temáticos: catarina azevedo, luís menezes, miguel valente, pedro gaspar, ricardo serrão, rosa dart - colaboradores: ana correia, cmh, fernando nunes, luís são bento, margarida madruga, pedro monteiro, rita braga, samuel andrade,

sofia matos, tomás silva - projecto gráfico: paulo neves, elcubu, [email protected] - capa: aurora ribeiro - propriedade: associação cultural fazendo - sede: rua rogério gonçalves, nº 18, 9900 horta - periodicidade: quinzenal -

tiragem: 400 exemplares - impressão: gráfica o telégrapho - contactos: [email protected], http://fazendofazendo.blogspot.com - distribuição gratuita

Think Tank FazendoJácome Armas

é o nome dado a uma organização

que elabora e conduz projectos de investigação em diversas

áreas desde a política social, estratégia política, política

económica, científica, cultural, tecnológica até à política

militar. Os resultados destas investigações tomam a forma de

propostas políticas e estratégicas que visam a sua

implementação na sociedade. Desta forma, estas organizações

estão normalmente ligadas a outras organizações ou

instituições capazes de levar a cabo a implementação destas

ideias ou com capacidade de representação diante das

instituições com esse poder de implementação.

Durante a segunda Guerra Mundial estas organizações eram

conhecidas pelo nome de brain boxes enquanto que o nome

think tank, na gíria militar, denominava o espaço em que os

estrategas discutiam o planeamento das suas tácticas de

acção.

O uso do nome think tank como denominação destas

organizações ocorreu apenas em 1964 aquando a sua

utilização dentro de um contexto de consultoria em estratégia

militar oferecida pela RAND Corporation (daí o nome tank),

financiada pela empresa americana Douglas Aircraft – a

primeira empresa a construir um avião capaz de fazer a

circum-navegação aérea em torno do globo terrestre e

também conhecida por ter construído um dos mais

significativos aviões de transporte aéreo.

Os think tanks têm na sua maioria o estatuto de organizações

não-lucrativas, contudo muitos foram estabelecidos e

financiados pelo governo ou por outras instituições e partidos

políticos, sendo que normalmente são constituídos por um

grupo restricto de intelectuais e académicos e especializados

em determinadas áreas, por exemplo os think tanks

partidários são especializados em estratégia política. Um

exemplo deste tipo é a Fabian Society, um think tank

financiado pelo Labour Party na Inglaterra e fundado em

1884, de facto foi um dos primeiros a ser estabelecido e teve

uma forte influência no processo de descolonização da Índia.

A importância dos think tanks é de tal modo significativa que

actualmente existem milhares em todas as partes do mundo

financiados por governos, partidos, instituições ou empresas,

ou simplesmente baseados num sistema de voluntariado.

Segundo o National Institute for Research Advancement

americano os think tanks:

http://thinktankfazendo.blogspot.com

Apoio: Direcção Regional de Cultura

“…asseguram um processo pluralista e aberto de análise de

políticas, de investigação, de tomadas de decisão e

desenvolvimento.”. Esta forma aberta e pluralista de

operação dos think tanks deve-se ao facto de serem na sua

maioria constituídos por grupos de pessoas sem afiliação

directa a governos ou partidos e com um sentido constructivo

de comunidade, isto é, a maioria dos think tanks actuam num

contexto local.

O Think Tank Fazendo (TTF), a mais recente invenção da

Associação Cultural Fazendo, segue os mesmos princípios de

qualquer think tank mas difere na generalidade do seu

conceito. Ao invés de um grupo restricto e intelectual o TTF

abre as suas portas a toda a comunidade local e regional e ao

invés de se especializar numa determinada área (neste caso a

mais indicada seria a de políticas culturais) deixa em aberto

a área de discussão. Este modo de funcionamento traz

diversas vantangens pois por um lado permite uma maior

envolvência da comunidade na elaboração de ideias e

propostas enquanto que simultaneamente promove a

discussão plural e a sensibilização do tema em questão junto

da própria comunidade, e por outro lado permite que temas

tão distintos como a cultura, a cidade, o mar, etc, sejam

abordados e discutidos. A acção do TTF consiste na elaboração

de estudos sobre determinados temas ou na promoção e

moderação da discussão desses mesmos temas, sendo as

conclusões apresentadas canalizadas para as entidades com

responsabilidade nos temas abordados.

De facto, a primeira acção concreta do TTF tomou lugar no

dia 15 de Junho de 2010 (apesar de na altura esta

nomenclatura não ter sido utilizada) onde a Associação

Cultural Fazendo apresentou o seu estudo sobre a Criatividade

e as Indústrias Criativas no colóquio “Potenciar as Indústrias

Culturais e Criativas”. Para além disto as conclusões da

tertúlia que teve como tópico o mar – a sua relevância e a

sua preservação – organizada a 16 de Novembro de 2009 pela

Associação Cultural Fazendo em cooperação com a Ecoteca

do Faial e o Gabinete para os Assuntos do Mar foram

integradas no âmbito do TTF. O documento de conclusões

desta tertúlia como o estudo realizado e um curto video desta

apresentação estão agora disponíveis online em: http://

thinktankfazendo.blogspot.com

Para Outubro deste ano está prevista a organização de uma

tertúlia que abarcará o tema “Repensar a Cidade”, em

cooperação com a Câmara Municipal da Horta e a UrbHorta

no âmbito do concurso “Uma ideia para a Horta”. Toda a

comunidade é incentivada a participar. Gostaríamos também

de enfatizar que o TTF está aberto a todo o tipo de ideias. O

EditorialPedro LucasFazendo - Capítulo II

este número do Fazendo encerra-se o

segundo capítulo desta estória colectiva. Não vamos a banhos

mas aproveitamos a época estival para preparar a próxima

etapa dum percurso conjunto cada vez mais sólido. Solidez

que resulta da crescente pluralidade de vozes que tem

decidido embarcar nesta aventura potenciando a

multiplicidade de informação partilhada, permitindo uma

discussão mais ampla e mais abrangente, e contribuindo

assim para uma melhor reflexão cultural e social orientada

para o desenvolvimento local e regional.

Estória, dizíamos no início, porque até fazer parte do

passado, e constituir história, a inscrição dos acontecimentos

no tempo é o resultado de uma acção colectiva com

capacidades transformativas alimentadas pela imaginação. À

nossa dimensão, assumimo-nos como um catalisador dessa

imaginação que alimenta a mudança (ou, porque não, a

sedimentação) e que ajuda a construír uma sociedade que se

quer mais consciente e mais equilibrada.

Neste percurso, e fruto da nossa inocência, temos também

um sonho (diz o poeta que comanda a vida e nós acreditamos):

o sonho de quinze mil pessoas - mais ou menos - a participar

na escrita desta estória.

Esperamos vê-lo em Setembro. O

três foi o número que Alguém fez,

três foi o mote para a criação do recital «Amores de Verão».

Três formas de expressão, canto, piano e poesia.

Três épocas, barroco, classicismo e romantismo.

Três géneros, ária antiga, área de ópera e canção.

Três poetas, Florbela Espanca, Natália Correia e Álvaro de

Campos.

Três amores, correspondido, contrariado e sublimado.

Três mulheres em palco, Ágata Biga, Maria do Céu Brito e

Olga Gorobets.

Três talentos que partilharão conosco um pouco do seu amor

por estas formas de arte durante quarenta minutos no

próximo dia 4 de Agosto pelas 19:30h, depois da praia e antes

do arraial, no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo

Regional João José da Graça. A não perder. O

Amores de VerãoMiguel Valentecanto, piano e poesia

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MúsicaMúsica

03

é esta enigmática personagem que se

apresenta sempre despojado de qualquer tipo de

protagonismo ou pretensiosismo, com uma voz a roçar os

limites do afinado mas que canta com o coração sobre as

coisas mais simples e belas da vida? Canta a vida, a morte, a

ternura, o amor, os amigos, as mulheres, os irmãos, o cavalo,

a estrada, os trovões, o cão, os pássaros, a parte sul do

mundo (“Southside of the World”)... Que ao vivo toca

sozinho ou faz-se acompanhar de uma banda sempre

diferente, que também é actor, que lança um a dois álbuns

por ano em nome próprio ou em colaborações (com Tortoise,

Matt Sweeney, Antony & The Johnsons, Hot Chip, Johnny

Cash, etc.) para além de um sem número de singles e EPs?

O meu primeiro contacto com a sua música foi em 97 quando

ouvi uma versão de “You will miss me when I burn” tocada

pelos belgas dEUS num concerto ao vivo. “When you have no

one, no one can hurt you” repetia Tom Barman. Na altura,

tinha eu 19 anos e os dEUS eram a minha banda favorita. Por

isso, e como era referenciado pelo seu vocalista como uma

das suas principais influências, tornou-se para mim uma

aka Bonnie ‘Prince’ Billy Will OldhamPedro Monteiro

PunkadaFausto

PUNKADA! são uma banda de referência nos

Açores e em particular no Faial. O seu estilo irreverente e a

sua sonoridade musculada não deixam ninguém indiferente,

e a experiência dos músicos está patente na qualidade dos

seus registos. Formados no verão de 2000, os PUNKADA! são

actualmente o Pedro Correia (bateria e voz), nascido no

Faial, Eddie Alvernaz (baixo, voz e programações), natural da

Califórnia, e Tino (guitarra, voz e programações) nascido na

Alemanha. Apesar das diferentes proveniências, todos

fizeram do Faial a sua terra. Para além dos originais que

foram compondo ao longo do tempo, mantêm um tributo a

Rammstein (através de alguns covers), banda que lhes serve

de inspiração. Presentemente, o grupo tem já uma demo de

covers e dois CD’s autoproduzidos, integralmente compostos

por originais. Para além duma presença assídua nas várias

edições do festival “Do Pôr ao Nascer” os PUNKADA! pisaram

muitos outros palcos, com destaque para a Festa do Mundo

Rural, a Fajã de São João, o Festival Azure, o Festival da

Ferraria em São Miguel e as Portas do Mar, em 2008, a

Semana do Mar, as Festas da Praia e o Festival de Rock da

Madalena, em 2009, e claro está, o PUNKADA! FEST já em

Julho deste ano. Este festival marcou os 10 anos de

existência da banda, e foi um sucesso, assumindo-se como

um festival que veio para ficar. O Jornal Fazendo foi ao

encontro dos músicos:

Uma década de pura energia

Como nasceu o projecto dos Punkada?

Os Punkada surgiram no verão de 2000, e resultou de várias

vontades conjugadas dos 4 elementos que formavam, então,

este projecto. Numa primeira fase foram acontecendo alguns

ensaios, até que, inesperadamente, surgiu um convite para

actuar no Laranja Power.

A formação é a original ou já houve alterações?

Infelizmente tiveram que haver alterações, dado que um dos

fundadores da banda, o Joe Alvernaz, ausentou-se da ilha por

razões profissionais, tendo-ser fixado em Lisboa, onde reside

e trabalha como professor de guitarra, há cerca de 11 anos.

Por isso, hoje, integram os Punkada o Pedro Correia, o Tino e

o Eddie Alvernaz.

Ao longo desta década de actividade, quais foram os

melhores momentos?

Decididamente os últimos dois anos, mais concretamente o

concerto nas Festas da Praia da Vitória o ano passado,

também na Semana do Mar e, claro, este ano no dia 10 de

Julho, no Festival que assinalou o nosso 10º aniversário, onde

tivemos casa completamente cheia e muito participativa.

Como definem a vossa música?

Penso que podemos classificar (se assim se pode dizer) a

nossa música como “industrial”, obviamente dentro da

família do rock.

Para assinalar 10 anos de carreira nada como um festival.

Punkada Fest valeu a pena?

Claro que sim, valeu imensamente a pena. Divertimo-nos

muito e pudemos, talvez como nunca, partilhar esta alegria

com o público da nossa terra e que esteve lá para nos apoiar

e acarinhar. Foi de facto muito bom receber este feedback

por parte do pessoal do Faial e não só.

O Punkada Fest é para repetir no próximo ano?

Da nossa parte, terão como sempre, todo o empenho e força,

assim queiram as várias instituições que nos apoiaram este e,

claro, que irá para a frente mais um festival deste cariz que,

na nossa opinião, o Faial está a precisar e muito.

Queremos agradecer, desta feita, ao Fazendo, por esta

entrevista que nos permitiu falar mais um pouco de nós e do

nosso projecto. O

necessidade conhecer mais a fundo o trabalho deste Will

Oldmam. Então comprei o álbum Days In The Wake onde se

encontrava essa tal música. O CD tinha uma capa com uma

cara em contra luz e não trazia “livrinho”. Só um bocado de

cartão grosso com essa imagem pouco atractiva impressa

num dos lados. Do outro uns rabiscos..., mas as referências

eram as melhores, não podia ser mau. Mas à primeira

audição nem queria acreditar... pensei que tinham sido três

contos e oitocentos muito mal gastos. As canções pareciam

gravadas com um gravadorzinho de cassetes, tinham um som

abafado e o gajo não cantava nada. Ainda por cima o CD

tinha uma capa feia! Mas decidi dar-lhe mais uma

oportunidade e comprei outro álbum – Arise Therefore.

Na altura, Oldham gravava sob o nome de Palace Brothers,

mas também Palace Music, Palace (só) e Palace Songs. À

medida que ia conhecendo melhor o seu trabalho e o ouvia

com mais atenção mais ele se ia entranhando. Entretanto

lançou Joya em nome próprio - um álbum bem mais

consistente do que os seus registos anteriores. Mas foi em 99

que saiu I See a Darkness – um dos meus álbuns preferidos de

sempre. Assinado agora pelo seu mais recente alter-ego

- Bonnie ‘Prince’ Billy, Oldham tinha finalmente gravado a

sua obra prima. Deixara de ser um goth-folker marginalizado

e tornara-se um trovador indie-rock de referência. Com o seu

lado mais negro a vir ao de cima Oldham canta “Death to

everyone is gonna come / It makes hosing much more fun”

nunca deixando de parte a sua faceta mais irónica. Seguiram-

-se outros álbuns igualmente inspirados e menos negros como

Ease Down the Road, Master and Everyone - mais

introspectivo e The Letting Go. Agora acaba de lançar a sua

primeira colectânea – Unfinal Call. Provavelmente uma

exigência da editora, a meu ver, não muito bem conseguida

pois com perto de meia centena de registos editados desde

1998 (altura em que passou a assinar como Bonnie ‘Prince’

Billy), uma colectânea que não reúne um único single fica um

bocado aquém de espelhar o que é o trabalho deste artista.

Se é que alguma colectânea o conseguiria fazer. O meu

conselho, relativamente aos seus trabalhos mais recentes vai

para o EP Among the Gold em dueto com Cheyenne Mize.

Precious! O

A tal capa feia

http://camaraclara.rtp.pt/#/arquivo/182

Músicas do Mundo: Da Tradição ao Futuro

Este programa parte do Festival Músicas do Mundo de Sines para uma análise ao fenómeno das World Music em Portugal. Tem

como convidados o jornalista António Pires, uma autoridade na matéria em Portugal, e o músico B Fachada. Um diálogo

interessantíssimo sobre o significado de tradição num contexto actual.

Câmara Clara

Pedro Lucas

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Cinema Arquitectura e Artes PlásticasTeatro e Cinema

04

9500 CineclubeSamuel Andrade

9500 Cineclube nasceu a partir de uma necessidade. De existir um espaço alternativo dedicado à projecção de Cinema, onde brotasse a criatividade na programação e o puro amor, digno de outros tempos, em ver, sentir e comentar um filme. Ponta Delgada foi “dominada”, durante anos, pela vertente “industrial” da Sétima Arte, sobretudo aquando da chegada, em 2003, de uma cadeia nacional de salas de cinema regida pela filosofia do lucro imediato que um cartaz estritamente comercial consegue atingir.Desde então, o Cinema denominado de qualidade e/ou de autor não encontrou “acolhimento” na maior cidade do arquipélago. Durante esse período, e neste âmbito, destaca- -se apenas a realização de esporádicos ciclos temáticos (promovidos por associações culturais locais) com filmes exibidos em suporte DVD.Quando certa situação se arrasta por um longo período de tempo, surge sempre alguém motivado pelo desejo de inverter tal realidade. No caso do 9500 Cineclube, esse “alguém” apareceu num grupo de amigos que, a 30 de Novembro de 2009, organizou uma reunião com o intuito de aferir o interesse dos micaelenses na criação de um cineclube, promotor da exibição regular de filmes em 35mm, em Ponta Delgada. À presença em massa dos interessados, somou-se a nítida sensação de um público ávido de novas experiências cinéfilas. E, em Janeiro de 2010, definiram-se os órgãos sociais do 9500 Cineclube — nome eleito pelos próprios sócios fundadores, facto demonstrativo do nível de entusiasmo que esta ideia suscitou.A partir daí, foi um passo até ao arranque oficial da actividade do 9500 Cineclube, que decidiu organizar dois ciclos temáticos para assinalar o começo deste projecto, ambos compostos

actor, músico e realizador, tanto que há

para dizer sobre Pedro Almodóvar e tão pouco espaço para o

fazer. Aqui fica uma pequena tentativa: Nascido a 24 de

Setembro de 1949 na Calzada de Calatrava, Ciudad Real,

Espanha durante a ditadura franquista. A sua infância é

passada na Extremadura onde frequenta o ensino em colégios

religiosos como os Salesianos e os Franciscanos, onde

aprendeu a não acreditar em Deus. É nesta época que começa

a frequentar as sessões de cinema de forma compulsiva. Parte

da sua experiência de vida desse período é retratada no filme

“Má Educação”. Com dezasseis anos muda-se para Madrid

para estudar cinema, o que não consegue devido ao facto da

escola de cinema ter sido encerrada por Franco por essa

altura. Vai fazendo um pouco de tudo para ganhar a vida mas

principalmente aprende a Viver. Acaba por ir trabalhar para a

Companhia Telefónica Nacional de Espanha, onde fica por 12

anos. É aqui que faz a sua formação cinematográfica, tendo-

-lhe igualmente possibilitado a aquisição de uma máquina de

filmar super 8, com a qual começa a desenvolver uma

actividade intensa de realização de filmes neste formato.

Começa a colaborar em revistas underground que retratam a

vida real da classe média espanhola no início do período

consumista. E eis que chegam os anos 80. Almodóvar envolve-

-se com o grupo de teatro Los Goliardos, desenvolvendo

igualmente algum trabalho no teatro profissional, onde

conhece a actriz Carmen Maura. Cria com Mcnamara uma

banda punk-glam-rock (Almodóvar y Macnamara), tendo parte

destas vivências culminado no seu primeiro filme comercial

“Pepi, Luci, Bom e Outras Raparigas como a Mamã” (1980),

rodado em 16mm e passado par 35mm, que se tornou um

filme de culto nos circuitos de cinema independente. A partir

daqui o mundo descobriu Almodóvar. “Labirinto de Paixões”

(1982), “Negros Hábitos” (1983), “Que Fiz Eu Para Merecer

isto?” (1984) descrito pelo The New York Times como uma

pequena obra prima, “Matador” (1985) e “A Lei do Desejo”

(1986). Em 1987 cria com o seu irmão a produtora El Deseo

através da qual produz os restantes filmes, nomeadamente:

“Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos” (1987), “Ata-me”

(1989), “Saltos Altos” (1991), “Kika” (1993), “A Flor do Meu

Segredo” (1995), “Em Carne Viva” (1997), “Tudo Sobre a

Minha Mãe” (1999), “Fala com Ela” (2002), “Má Educação”

(2004), “Volver” (2006) e “Abraços Desfeitos” (2009). Pedro

Almodóvar escreveu igualmente o livro “Patty Diphusa e

Outros Textos”, publicado em Portugal pelas Edições Quasi e

com tradução de Pedro Tamen. O

Pedro AlmodóvarMiguel Valente

por quatro títulos: uma homenagem a Éric Rohmer e Cinema no Feminino, onde se concedeu primazia a obras realizadas por mulheres. Com este alinhamento inicial, de cariz variado e inusitado (nenhum dos filmes projectados havia conhecido exibição em sala nos Açores), alargou-se o número de sócios do 9500 — com mais de 110 afiliados até ao momento — e cumpriu-se o desejo de fomentar a promoção do Cinema em São Miguel.Sendo uma associação ao dispor da comunidade, o 9500 Cineclube firmou parcerias com outras entidades culturais e iniciou uma Mostra de Cinema sobre Imigração, denominada de «Moby Dick», entre 4 e 15 de Maio. Fruto da colaboração com a Cresaçor (Centro Comunitário de Apoio ao Imigrante / Criações Periféricas) e Associação A8, foram projectadas sete obras, de natureza e origem geográfica diversas, dedicadas ao fenómeno da imigração e cada sessão contou com um painel de convidados para debater os temas levantados.Outro exemplo deste contacto com a sociedade em geral foi a organização de uma tertúlia cinematográfica chamada «Chaplin Vs. Keaton», composta por seis curtas-metragens (três de cada autor) e que decorreu no Pópulo Café.Lançadas as sementes para uma frutífera actividade cineclubista em Ponta Delgada, o 9500 olha, tal como tem feito sempre desde o seu início, para o futuro. Sobretudo, o do Cinema Português, com o ciclo Novos Realizadores Portugueses (os trabalhos de Rodrigo Areias assinalaram o início desta série de projecções), e das potencialidades dos Açores enquanto cenário para obras nacionais e internacionais. No dia 02 de Agosto, será projectado ADEUS PAI, que Luís Filipe Rocha rodou em várias localidades de São Miguel e Terceira.Muitas mais iniciativas se seguirão. O 9500 Cineclube nunca deixará de ser uma associação ao dispor dos açorianos e contará sempre com a participação, seja ela activa ou passiva, do público das nossas ilhas.O

ficará para sempre como uma das actrizes mais relevantes da História do Cinema. “O anjo norueguês”, apelido porque ficou conhecida, nasceu em Tóquio, Japão, a 16 de Dezembro de 1938. Filha de um engenheiro habituado a viajar, viveu também no Canadá e Nova Iorque, tendo crescido na terra dos pais, em Trondheim, na Noruega. No final da adolescência rumou a Londres, onde estudou arte dramática na Webber Douglas Academy of Dramatic Art. De regresso à Noruega, começa o seu percurso teatral no Teatro Rogaland, em Stavanger, com o “Diário de Anne Frank”. Daí até ao reconhecimento foi um longo passo, já que se deu ao trabalho de aprender e representar Bertolt Brecht, Bernard Shaw e Shakespeare no Teatro Nacional da Noruega, em Oslo, ao mesmo tempo que dava os primeiros passos em produções televisivas de baixo custo e qualidade modesta. É, no entanto, na capital sueca, com a ajuda da actriz Bibi Anderson, que ela conhece aquele que viria a ser o “seu” realizador, companheiro e amigo: Ingmar Bergman. O cineasta sueco seria o detonador do seu reconhecimento internacional, impulsionando de forma consistente e duradoura a sua carreira da actriz que não mais pararia, tal como ainda hoje se prova. A actriz entrou em dez filmes do realizador de “Morangos Silvestres”: “Persona” (1966); “A Vergonha” (1968); “A Hora do Lobo” (1968); “ A Paixão de Ana” (1969); “Lágrimas e Suspiros” (1972); “Cenas da Vida Conjugal” (1973); “Face a Face” (1976); “O Ovo da Serpente” (1977); “Sonata de Outono” (1978) e “Saraband” (2003). É bem verdade que a actriz entrou em alguns filmes de Hollywood, com papéis de pouca relevância, no entanto seria sempre ao lado de Bergman, pai de Linn Ullmann, a sua única filha e escritora de profissão, que ela obteria a consagração, ao ser indicada aos Óscares em 1977, para o prémio de melhor actriz em “Face a Face”. A actriz apresentou recentemente, enquanto encenadora e

O Anjo NorueguêsFernando Nunes

Realizador Independente

com destacado reconhecimento internacional, a peça do norte-americano Tennesse Williams, intitulada “Um Eléctrico Chamado Desejo”, acompanhada pela actriz australiana, Cate Blanchett. O próximo projecto de Liv UIlmann é percorrer cinquenta pequenas cidades da Noruega, antes de regressar ao Teatro Nacional de Oslo, com a peça “Jornada para a Noite”, de Eugene O´Neill. De seguida, pretende abandonar definitivamente os palcos com uma última apresentação no Dramaten, de Estocolmo. PS- Por cá, tanto nas ilhas como no continente, quem deu a conhecer o trabalho de Liv Ullmann (e não só!) foram os cineclubes, muitas vezes com a ajuda estimável e prolongada dos institutos, consulados e embaixadas dos países em questão, cedendo os filmes e informação disponível sobre as películas e os realizadores. Os cineclubes, ainda hoje, continuam a ser lugares de aprendizagem e descoberta da sétima arte. A forma como nos relacionamos com o mundo das imagens em movimento está a mudar de uma forma vertiginosa… até quando? Os cineclubes tentam reformular o seu espaço, a sua actividade e a sua relação com o(s) público (s). Muitos deles foram o viveiro da grande maioria dos festivais em Portugal, tal como tiveram um papel preponderante na criação de actores, realizadores, técnicos e produtores. E, talvez por isso, a pergunta mantém-se: onde é que seria possível ver num dia destes uma película do “anjo norueguês”? O

Pedro Almodóvar

Liv Ullmann

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Arquitectura e Artes plásticas

biodiversidade tão importante? Quais são as principais

ameaças à biodiversidade?

No atelier “Mundo Colorido” procuraremos responder a estas

questões. Através de jogos de apreensão de conteúdos,

incentivando o diálogo e a partilha de interpretações e

experiências, as crianças aprenderão e consolidarão os seus

conhecimentos relativos à temática da biodiversidade.

Depois, com a ajuda de diversos materiais, serão convidadas

a reproduzir diferentes ecossistemas através da exploração

da técnica de desenho e de ilustração.

Este atelier que utiliza a arte como meio de comunicar a

biodiversidade visa fomentar o conhecimento do património

natural, sensibilizar para a importância de proteger e

conservar a biodiversidade, promover a imaginação e a

criatividade, incentivar a experimentação e fomentar a

expressão plástica e artística.

“Mundo Colorido” destina-se ao público infantil com idades

compreendidas entre os 5 e os 7 anos e é coordenado por Rita

Braga.O

Arquitectura e Artes Plásticas

05

Atelier Mundo Colorido Rita Braga

Pedro AlmodóvarMiguel Valente

3 a 6 de Agosto 2010 - 10:15 às 12:15

com as florestas, os jardins, os bosques e as narrativas que

daí nascem é a base de todo o seu trabalho. Para além de

descontextualizar elementos trazendo-os para o local de

exposição, a artista traz também o seu trabalho sobre eles, a

sua interpretação, e faz com que queiramos ali permanecer,

no espaço ‘habitado’. Há um respeito pelos elementos dos

quais se apropria que a impede de intervir demasiado sobre

eles, parecendo ditar-lhe o momento exacto em que deve

parar e dar a obra por concluída. É uma obra limpa,

equilibrada e sem excessos.

Gabriela Albergaria utiliza diferentes técnicas e suportes para

explorar a sua intenção artística, passando pelo desenho,

pela fotografia, pela escultura e pela instalação. Cultiva nas

suas obras memórias e travessias pessoais que transparecem

para o espectador uma sensação de familiaridade, sendo que

tudo se constrói numa base tão próxima a todos nós.

Nasceu em Vale de Cambra em 1965. Actualmente vive e

trabalha em Lisboa e Berlim. Estudou na Faculdade de Belas

Artes do Porto e começou a contactar com locais como

Berlim, Salvador (Bahia) e Nice ao abrigo de residências

artísticas.

Começou a expor em 1990, em Portugal e no estrangeiro e é

actualmente artista convidada no Oxford Botanic Garden em

associação com a Ruskin School of Drawing and Fine Art, com

apoio da Fundação Calouste Gulbenkian Londres/ Lisboa. O

Ana CorreiaGabriela Albergaria

a uma plateia de 20 miúdos.

“CREDO!!!”, atiram eles incrédulos. O azul é a cor de que

mais gostam...

Explico que às vezes não temos o que achamos essencial,

mas, lá por isso, não deixamos de fazer coisas, apenas com

aquilo que temos. E às vezes descobrimos soluções nunca

imaginadas.

Vamos então fazer outras cores usando apenas o branco, o

vermelho, o amarelo e o preto. Vamos combiná-las em

quantidades variadas (não posso falar em proporções, que

não entendem. São muito pequeninos). Ficam deslumbrados

com a feitura de tantos tons.

Margarida MadrugaHoje não Há azul para ninguém

E eles fizeram montes de pinturas. Perguntei a uma menina o

que era o seu desenho e diz-me: “uma mota de água...em

terra!”. Pudera, não havia AZUL.

Nem sempre é assim. Eu apenas quero que não se habituem a

ter a “papinha feita”. Exercitam a imaginação se tiverem

economia de meios. Às vezes fazemos perto de 20 tons de

uma só cor, em cada dia. Sem dúvida que o dia de que mais

gostam é o dia do AZUL.

Estamos de novo com um workshop de pintura na Biblioteca

da Horta, para meninos dos 5 aos 12 anos, de 26 a 30 de

Julho. Desta vez começamos com o AZUL!

Nestes workshops de pintura, não os ensino a pintar. Eles

sabem melhor do que ninguém. Ainda não estão

“conspurcados” e têm uma imaginação prodigiosa. Ensino-

-lhes apenas a FAZER CORES. Eles divertem-se e eu

também!!!O

i do concurso “Banco de Artistas” escolheu

como obra vencedora desta segunda edição a pintura “Sem

título” da autora Tatiana Pototskaya.

Foram ainda atribuídas duas menções honrosas, às obras

“Retrato” de Joana Silva e “Tronco Nu” de Franz

Hutschenreuter.O

Banco de ArtistasCMH

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Literatura Literatura

06

Impostores?Catarina AzevedoO caso de Émile Ajar (uma piscadela de olho aos seguidores de Edgar P. Jacobs)

impostores literários são quase sempre

aqueles que se ilustram pelo plágio, e são, infelizmente,

inúmeros ao longo dos anos (embora cada vez mais a noção

de plágio se tenha tornado confusa já que a linha entre a

influência e a pilhagem se tornou muitas vezes elástica fruto

da capacidade de pesquisa que as novas tecnologias

oferecem), ou aqueles que vendem uma história supostamente

baseada em factos reais e que depois se descobre não passar

de elucubrações (entre estes últimos um dos casos mais

conhecidos é o de Monique de Wael que se fez passar por uma

sobrevivente dos campos de concentração e cujo o livro

comoveu milhões). O que é que nos irrita nestes impostores?

O facto de nos enganarem, independentemente de termos ou

não gostado do que escreveram, como se fosse mais

importante a verdade do que a ficção, o fundo do que a

forma.

Émile Ajar, aliás Romain Gary, não faz parte deste grupo,

aproxima-se mais de Boris Vian, quando este se fez passar

pelo tradutor do suposto escritor americano Vernon Sullivan,

ou de Fernando Pessoa e do seu universo de heterónimos, e

levou a impostura tão longe que criou uma personagem de

carne e osso – um primo a quem pediu que “incarnasse” Ajar

- para o substituir na representação do escritor.

Porquê utilizar a palavra caso? Porque para os franceses foi

exactamente disso que se tratou.

Quando Gary se suicidou - um ano após o suicídio da mãe do

seu filho, a actriz Jean Seberg - descobriu-se que era Ajar e o

escândalo rebentou (em abono de Gary diga-se que não

aceitou nenhum dos prémios Goncourt que lhe foram

atribuídos).

Embora Romain Gary tivesse espalhado inúmeras pistas nos

romances que escreveu e inclusive nos próprios nomes que

tinha escolhido para cada uma das suas persona (Gary, o

nome que adoptou quando se juntou à resistência francesa

durante a Segunda Guerra Mundial, significa “arde “ em russo

e Gary significa “brasa” na mesma língua), a mistificação

tinha sido um sucesso absoluto, de tal maneira que é, até

hoje, o único escritor a ter recebido duas vezes o prémio

Goncourt (uma impossibilidade já que os estatutos do mesmo

prevêem que este apenas pode ser atribuído uma vez na vida

a um escritor).

Num país como Portugal, em que os prémios literários não

são nem muito numerosos nem muito divulgados, temos

dificuldade em imaginar a dimensão que o prémio Goncourt

tem em França (e não se trata de todo pelo prémio monetário

propriamente dito porque o seu valor é de apenas 10 euros,

embora cada livro que se viu distinguido tenha tido uma

enorme divulgação) e por isso talvez tenhamos dificuldade

em perceber até que ponto este acontecimento abalou os

intelectuais franceses, como se Ajar fosse um rapazinho

malcriado que lhes tivesse deitado a língua de fora.

Na realidade, deixarmo-nos prender à celeuma que se criou é

uma inutilidade e é muito mais interessante centrarmo-nos

na obra.

Mãe, não tenho nada para ler

que vivias no século XVI e que o teu

pai era um grande navegador que rumava ao Brasil. Imagina

que ias com ele, que o acompanhavas a terra e que uma tribo

de índios guarani te fazia prisioneiro... Será que o fim da

viagem chegou para Gonçalo ou será que a sua amizade com

Porassi, a filha do chefe, o vai salvar?

Proa do Navio Phoenicia

Gonçalo entre os GuaranisSe queres saber o que aconteceu ao Gonçalo, quem são os

guarani e quem é o “El Corta Cabezas” não deixes de ler

Gonçalo entre os Guaranis, de Artur Fernandes.

Uma palavrinha aos pais – Artur Fernandes começou, como

qualquer pai ou mãe, por ser um contador de histórias mas

transformou isso em vários livros cujo objectivo é, para além

de desenvolver o gosto pela leitura e a imaginação, fazer

descobrir a História de Portugal.O

Catarina Azevedo

Embora As raízes do céu tenha sido o primeiro a ser premiado,

e tenha ganho um novo fôlego quando foi adaptado ao cinema

por John Huston, é com Toda a Vida Pela Frente que Ajar se

revela.

O romance oferece-nos, pelas palavras de Momo, um jovem

órfão, uma visão terna mas negra de um Paris de que

normalmente não se fala, o da prostituição, das crianças

abandonadas e das vidas destruídas.

Toda a Vida Pela Frente não é um romance fácil, evoca não só

momentos negros da História da humanidade como o

Holocausto (evocado pelo medo permanente que habita a

velhice de Madame Rosa, presa a uma angústia insuportável

que a faz reviver constantemente a “Rafle du Vel d’Hiv”,uma

das mais terríveis decisões do governo de Vichy que reuniu

mais de dez mil judeus para os entregar à Alemanha, a

experiência da deportação e a sombra de Auschwitz), mas

também temas como a prostituição e o abandono.

Porém, por detrás de uma ironia mordaz, o romance é

também um hino ao amor, um amor inabalável que leva Momo

a acompanhar a única mãe que conheceu até à morte, e à

imaginação, única escapatória num mundo habitado por

demasiados horrores. E é justamente porque o amor habita o

livro que conseguimos suportar a descrição da lenta agonia

de Madame Rosa, o desagregar do seu corpo e os gestos de

todos os habitantes do prédio, que se unem a Momo para

tornar o seu fim mais clemente, a criança deitada ao lado do

cadáver putrefacto num último gesto de adeus, a cave que se

tornou o seu Jerusalém inatingível.

Romain Gary foi um autor bastante prolífero mas sob o

pseudónimo de Émile Ajar apenas escreveu quatro livros

dentre os quais Toda a Vida Pela Frente se destaca pela sua

violência mas também pela dimensão que assume, tornando-

se um espelho de uma sociedade gangrenada por falsas morais

e por um passado ainda mal resolvido, razões mais que

Festa do Livro da Horta

, abrirá ao público a Festa do Livro da Horta que irá decorrer

na Sala de Exposições Temporárias da Biblioteca Pública e

Arquivo Regional João José da Graça, durante a Semana do

Mar. Na Festa do Livro estarão representados cerca de

cinquenta editores e livreiros, incluindo entidades

institucionais e particulares.

Este ano o horário de funcionamento deste evento será mais

alargado, pois, com excepção do dia da abertura oficial,

funcionará sempre das 10:00 às 24:00 h.

Trata-se de uma iniciativa da Presidência do Governo Regional

dos Açores / Direcção Regional da Cultura realizada através da

Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça. O

Luís São Bento

Page 7: fazendo 44

Ciência e AmbienteCiencia e AmbienteDias Verdes

07

Sofia Matos - CMH

questões ambientais, dando-lhe a conhecer o que se faz por

cá para a melhoria do ambiente e da qualidade de vida, a

Câmara Municipal da Horta lançou os Dias Verdes.

No âmbito destes dias, uma vez por mês um novo tema é

abordado, em Junho foi a vez da Compostagem, assim e

aproveitando o trabalho que tem sido feito nas escolas do

concelho ao longo dos anos nesta temática, passou-se a

palavra às crianças e foram estas, mais especificamente os

alunos do 3º e 4º anos da EB1/JI de Castelo Branco, que

ensinaram os mais idosos do Centro de convívio desta mesma

freguesia a fazer a compostagem.

Em Julho, em plena época balnear, o tema foi a biodiversidade

e foi na Zona Balnear da Praia do Almoxarife, galardoada com

a Bandeira Azul, que em parceria com outras entidades, como

o Observatório do Mar dos Açores, a REMA (Rede Marinha dos

Açores) e a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar através

da Ecoteca do Faial, se sensibilizou para a importância da

biodiversidade marinha e da sua preservação, neste Ano

Internacional da Biodiversidade.

Pretendendo-se também dar a conhecer aos munícipes, infra-

-estruturas e equipamentos existentes no município e o que

já se faz por cá, em Agosto o Dia Verde realiza-se no 27º dia

Fazendo o PassadoAurora Ribeiro, Sara Soares, Tomás Silva

função e como pode ela influenciar o nosso futuro?Philip: O nosso objectivo não é tão explicitamente nesse

sentido como no caso, por exemplo, dos navios da

Greenpeace, não sei se nós podemos influenciar o mundo

tornando-o melhor. A nossa aposta tem sido em redescobrir o

passado e trabalhando com as comunidades e com as escolas,

oferecer o nosso entendimento, o nosso conhecimento e a

experiência que temos tido com esse passado. Velejamos

numa réplica de um navio fenício de 600 a.c e procuramos

Proa do Navio Phoenicia

do mês e será dedicado aos Resíduos, assinalando-se este dia

com uma sessão de esclarecimento sobre o tema, seguida de

uma visita à Central de Triagem. Na sessão de esclarecimento,

pretende-se sensibilizar para a importância da redução dos

resíduos e da sua separação, tirando-se dúvidas sobre o que

colocar e não colocar no ecoponto e visionando-se um filme

apresentado pelo Ambi, a mascote dos Serviços de Ambiente,

que nos conduz pelo percurso feito pelos resíduos no Faial.

Visita à Central de Triagem no dia 27 de Agosto

Entrevista a Philip Beale – comandante do navio Phoenicia

Entre os munícipes que participarem serão sorteados

conjuntos de sacos reutilizáveis para separação dos resíduos,

para que nada retarde o gesto de separarmos os resíduos em

nossas casas, dando-lhes o encaminhamento adequado.

Para inscrições e mais informações dirija-se a www.cmhorta.

pt ou contacte os Serviços de Ambiente através do número

292 202 040.O

suscitar novas possibilidades quanto ao passado. As pessoas

podem repensar a história dos Açores, agora é aceite que a

descoberta do arquipélago foi feita em 1427 por Diogo de

Silves, no entanto esta expedição pode demonstrar que os

Fenícios já cá tinham estado antes dos Portugueses. A nossa

expedição passa por circum-navegar África provando que já

os Fenícios o faziam, e essa viagem só é possível passando

pelos Açores. Os ventos trazem-nos até aqui, naturalmente.

Na ilha do Corvo, foram encontradas moedas Fenícias e há a

história da estátua equestre... as pessoas não estão seguras a

como reagir a isto pois se é aceite então implica que a

história foi diferente.

Como prevês a evolução para um futuro melhor?Philip: Não estamos a tentar mudar o mundo e torná-lo

melhor, o que tentamos fazer é aumentar o conhecimento e

as relações entre diferentes povos e culturas. É uma espécie

de viagem de “goodwill” (boa-vontade). Durante a viagem

temos tido tripulantes de cerca de 15 nacionalidades a

participarem no projecto. Há um espírito de cooperação e

entendimento, especialmente entre o Médio Oriente, África e

o Ocidente. É uma pequena contribuição para o conhecimento

e melhoria das relações entre diferentes povos.

Estamos melhor do que há 20 anos atrás? E do que há 100? E do que há 1000?Philip: Eu não sei. Agora somos sem dúvida bastante

privilegiados. Aqui no barco as condições são melhores do que

na altura dos Fenícios, temos radar, gps, botes salva vidas,

energia, usamos um motor para entrar nos portos, os fenícios

usavam remos e por isso a tripulação seria o triplo do que é a

nossa, tinham por isso muito menos espaço pessoal.

Foi fácil arranjar financiamento para o projecto?Philip: Foi muito difícil. No início, quando contactas os

potenciais patrocinadores, deves fazê-los acreditar que vais

levar o projecto até ao fim, quer eles participem quer não.

Mesmo assim a maioria dos apoios só surgiram depois de

começarmos a construir o barco, qando eles perceberam que

era real, que ia de facto acontecer. No entanto não

conseguimos todo o apoio que queríamos e tudo tem sido

feito com um orçamento apertado. Claro que todas as

pequenas coisas ajudam, a marina da Horta patrocinou-nos

não nos cobrando estadia e assim temos conseguido

concretizar o projecto, mas sempre com dificuldades.

Recebem muitos pedidos de pessoas que desejam fazer parte da tripulação?Philip: Recebemos muitos, entre 5 a 10 por mês. Mas destes,

só talvez um ou dois é que podem realmente. É difícil

encontrar uma pessoa com as qualificações adequadas e com

o tempo disponível. Nós navegamos a uma média de 4 milhas

por hora, talvez por isso a tripulação tem rodado bastante.

Embarcam mas apenas fazem um troço da circum-navegação.

Depois há o caso do Nicholas que já fez três troços separados

por visitas a casa. Sente saudades de casa mas sempre que

volta à Suécia fica com saudades do Phoenicia.

Qual é a principal motivação para ser membro desta tripulação?Nicholas: É a oportunidade de participar na aventura. Estar

com um grupo de pessoas que não conheces, no meio do

oceano, não poderes sair em qualquer altura. Tens de ser

muito tolerante muito aberto, desde o início. Eu devia ter

embarcado há um mês atrás e só vou embarcar hoje. Faltou-

-lhes o vento e eu fiquei a conhecer as ilhas dos açores.

Excelentes, as pessoas, os campos...

Tens ideias para próximos projectos?Mesmo que tenha, não te posso dizer. No entanto o Phoenicia

está no mar e ainda existem rumos a tomar. Há dois projectos

possíveis, um consiste em, após a chegada à Síria, levar o

barco até ao Reino Unido, onde existe a possibilidade de ficar

exposto num museu, o que sendo extraordinário o

impossibilitaria de voltar a navegar. O outro seria uma viagem

até à Florida ou Baltimore, aproveitando os ventos favoráveis

e provando que os Fenícios já conheciam a América antes de

Colombo.O

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Fazendos fazendus

08

de 1 a 8 de AgostoExpomar: Feira Regional de ArtesanatoMarina da Horta | 19h às 24hFesta do Livro da HortaBiblioteca Pública | 10h às 24h | (ver pág. 6)Espaço Infantil Banco de Portugal | 18h às 24h

1 de Agosto10h30 - Desfile de Filarmónicas pelas ruas da cidade Rumo à Praça do Infante18h - Cortejo Náutico de Nossa Senhora da GuiaCais de Santa Cruz20h30 - Grupo de Cantares “Sons do Vale”Palco Av. 25 de Abril21h - Filarmónica Nova Artista FlamenguensePalco da Praça do Infante21h30 - Grupo Folclórico Boa Esperança - MadeiraPalco Avenida 25 de Abril23h30 - Grupo de Alexandre GualdinoPalco Principal

2 de Agosto21h - Filarmónica Lira Campesina Cedrense Palco Principal21h30 - Grupo de Cantares Ilha AzulPalco Av. 25 de Abril23h30 - Brasil Tropical BandPalco Principal

2 a 6 de AgostoPasseios à Vela nos Botes BaleeirosEmbarque no Clube Naval | 18h30

3 de Agosto19h30 - Encontro com o autor/ilustrador Rui CardosoFesta do Livro da Horta | Biblioteca Pública20h15 - Marchas Populares de S. JoãoAv 25 Abril21h - Filarmónica Recreio Musical Ribeirinhense Palco da Praça do Infante21h30 - Grupo Folclórico do SalãoPalco Av. 25 de Abril23h30 - Grupo Rua da LuaPalco Principal

4 de Agosto 20h30 - Grupo de Cantares MargensPalco Av 25 de Abril21h - Filarmónica União FaialensePalco Praça do Infante21h30 - Acção DOPExpomar - Stand DOP/OMA

GatafunhosTomás Silva - ilhascook

21h30 - Grupo de Folclore Ilha Morena de S. Ma-teus Palco Av 25 de Abril23h30 - Grupo Human Chalice Palco Principal

5 de Agosto20h30 - Tuna da Soc. Filarmónica Unânime PraiensePalco Av 25 de Abril21h - Filarmónica Lira e Progresso FeteirensePraça do Infante21h30 - Grupo Folclórico de VilarinhoPalco Av 25 de Abril23h30 - Banda MakongoPalco Principal

6 de Agosto10h30 - Desfile de Filarmónicas pelas ruas da ci-dade Rumo à Praça do Infante20h30 - Tuna e G. Folclórico Juv. dos FlamengosPalco Av. 25 de Abril21h - Sociedade Filarmónica E. de Castelo BrancoPalco da Praça do Infante21h30 - Actuação da Dixie BandPalco da Av 25 de Abril23h30 - Pedro AbrunhosaPalco Principal

7 de Agosto20h30 - Sociedade Filarmónica Artista FaialensePalco da Praça do Infante21h30 - Grupo de Improviso “Só Forró” - Terceira Palco da Av 25 de Abril21h30 - Filarm. Lira Estrela da Candelária - S. MiguelPalco da Praça do Infante23h30 - Nuno GameiroPalco Principal

8 de Agosto9h - Prova Subaquática de Fotografia DigitalConcentração às 9h no Clube Naval 18h - Corso Etnográfico “A República”Praça da República - Largo Manuel de Arriaga21h - Soc. Filarm. Unânime PraiensePalco da Praça do Infante21h - Grupo Etnográfico de Castelo BrancoPalco Av 25 de Abril22h - Sarah PachecoPalco Principal22h30 - Orquestra Música Ligeira da CMHPalco Principal

Agendaaté 19 de AgostoExposição - A Horta na Rota da Cabo-TelegrafiaBiblioteca Pública | Seg a Sex | 10h às 17h

30 de JulhoThe VelmansBar da Praia | OMA | 19h30

31 de JulhoBazar de RuaFeira de Artigos UsadosPraça da República | 10h às 16h

1 a 21 de AgostoExposição - Para além do Patinhode Rui CardosoBanco de Portugal | 15h às 19h

4 de AgostoAmores de VerãoPiano Canto e Poesia (ver pág. 2)Ágata Biga, Maria do Céu Brito e Olga GorobetsBiblioteca Pública | 19h30

5 de AgostoConcerto de Jazz Acústico de fusãoZeca Sousa Augusto Macedo e Paulo MedeirosBiblioteca Pública | 19h30

6 de AgostoRecital de Música de CâmaraOtto Pereira, Raquel Reis, João CrisóstomoBiblioteca Pública | 19h30

7 de AgostoDuo M&M QuaresmaBiblioteca Pública | 19h30

12 de AgostoRecital de PianoSandra Lau MartinsBiblioteca Pública | 21h30

27 de AgostoVisita à Central de TriagemDia Verde da CMHinscrições www.cmhorta.ptou número 292 202 040

Semana do Mar


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