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    Captulo 1

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    Introduo Geral

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    1.1 BIOGEOGRAFIA

    A biogeografia uma cincia que se dedica a documentar padres espaciais de

    diversidade biolgica e compreender os processos geradores e mantenedores dos

    mesmos. Padres so os aspectos que aparentemente organizam a vida, e processos, os

    mecanismos que geraram tais padres (Eldredge e Cracraft 1980). Biogeografia uma

    disciplina, eminentemente, de sntese, baseada fortemente em teoria e dados de

    ecologia, biologia, sistemtica, evoluo e cincias da terra (Brown e Lomolino 1998).

    Sua histria marcada por grandes mudanas de paradigma relacionadas a avanos em

    outras reas da cincia.

    O interesse pelas questes biogeogrficas, ainda que de forma no sistemtica, remonta

    Grcia Antiga. Porm, o assunto passa a ser tratado sistematicamente com Carolus

    Linnaeus, j na segunda metade do sculo XVIII. A partir desse perodo o conhecimento

    a respeito da distribuio de formas vivas ganha enorme impulso com as viagens de

    naturalistas por grande parte do mundo. Com a sistematizao das informaes passam

    a ser descritos os padres de distribuio das diferentes formas de vida e, como um

    desdobramento natural, a surgir explicaes sobre a origem dos mesmos. O mtodo

    comparativo serviu de base, desde os primeiros naturalistas, e atravs de todo o sculo

    XVIII, at os atuais biogegrafos. Muitos, seno todos os temas centrais da moderna

    biogeografia tm suas origens no perodo pr-darwiniano (Lomolino et al. 2004).

    Inmeros investigadores, entre eles, Comte de Buffon, Joseph Banks, Johann Reinhold

    Forster, Karl Willdenow, Alexander von Humboldt e Augustin P. de Candolle contriburam,

    entre o final do sculo XVIII e incio do XIX, de forma significativa para a identificao

    dos problemas biogeogrficos, ainda que em meio a um tempo dominado pelo

    pensamento criacionista. Mesmo algumas teorias que consideravam mudanas

    ambientais e nas espcies j eram propostas na poca (Brown e Lomolino 1998).

    Desde o incio do sculo XIX os primeiros trs temas da biogeografia j eram bem

    estabelecidos. Biogegrafos estudavam: a) as diferenas entre as biotas regionais; b)

    sua origem e expanso, e c) os fatores responsveis pelas diferenas em riqueza e

    composio de espcies, nos nveis local e regional (Brown e Lomolino 1998).

    Na primeira metade do sculo XIX Augustin de Candolle identifica dois ramos de estudo

    na biogeografia, biogeografia ecolgica e histrica. Observando que ambientes com

    caractersticas diferentes situados em uma mesma regio apresentam composies de

    espcies animais muito distintas, assim como ambientes similares situados em diferentes

    regies do planeta, identificou dois fatores determinantes da composio de uma

    comunidade: os fatores ecolgicos e histricos, respectivamente. Essas linhas de estudos

    de biogeografia so ainda reconhecidas. Teorias, hipteses e modelos tm sido

    postulados em cada um dos campos de estudo, mas, desafortunadamente, com pouca

    interao entre eles, apesar da bvia complementaridade (Crisci et al. 2003). Apresenta-

    se, aqui, em funo da natureza da presente tese, principalmente as questes relativas

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    ao campo da biogeografia histrica, sem que se perca de vista a importncia das

    informaes pertinentes biogeografia ecolgica para a compreenso do problema

    estudado.

    A partir do final do sculo XIV com a aceitao da Teoria da Evoluo de Darwin e

    Wallace inicia-se um novo perodo da biogeografia onde os padres de distribuio das

    espcies passa a ser interpretado luz da evoluo (Briggs e Humphries 2004). Dentre

    as figuras proeminentes do final sculo XIX, que mais contriburam para o avano da

    biogeografia e da biologia evolutiva, destacam-se Charles Darwin, Joseph Dalton Hooker,

    Philip Lutley Sclater e Alfred Russel Wallace. Dentre esses, Darwin e Wallace criaram as

    bases do entendimento sobre a evoluo das espcies, as modificaes nas adaptaes e

    distribuies dos organismos ao longo do tempo e do espao. No campo da biogeografia

    Wallace merece destaque entre todos, e por isso considerado o pai dessa rea, por ter

    desenvolvido muitos dos seus conceitos e princpios bsicos. Apesar de muitos dos

    conceitos enunciados por Wallace terem sido introduzidos por seus antecessores, Wallace

    transformou, documentou e interpretou-os a partir de uma perspectiva evolutiva (Brown

    e Lomolino 1998). Uma de suas importantes contribuies se deu com a sistematizao

    de um grande volume de informaes e a descrio e proposio das grandes regies

    biogeogrficas do globo: Australiana, Oriental, Etipica, Palertica, Nertica e Neotropical

    (Wallace 1876).

    At meados do sculo XX, grandes avanos foram conquistados, como por exemplo, na

    paleontologia, tendo extraordinrios efeitos sobre as pesquisas em biogeografia. Ainda

    no incio do sculo XX, pesquisadores comearam a estudar os padres de variao

    intraespecficos, explorando e revelando as relaes entre a variao geogrfica e

    ecolgica dos ambientes e os padres de variao morfolgica. Subseqentemente, as

    variaes gentica e fisiolgica comearam a ser descritas. No incio dos anos 40,

    bilogos evolutivos comearam a investigar padres de variao geogrfica e a inferir os

    mecanismos responsveis pela origem de novas espcies. Um grande nmero de

    cientistas contribuiu para o nosso entendimento dos modelos de especiao. Ernest Mayr

    foi, entre eles, o que mais contribuio deu nos campos de sistemtica, evoluo e

    biogeografia histrica (Mayr 1942, 1963, 1977, entre outros). Os estudos de Mayr sobre

    os padres de distribuio geogrfica das espcies e os mecanismos evolutivos

    associados, agora conhecidos como especiao aloptrida capacitou uma importante

    nova sntese na biologia evolutiva e na biogeografia. Dois outros nomes se destacam

    neste perodo Philip J. Darlington e George Gaylord Simpson.

    Este perodo da biogeografia compreendido entre o final do sculo XIX e meados do

    sculo XX, que mais tarde convencionou-se a chamar de BIOGEOGRAFIA EVOLUTIVA, foi

    marcado pela idia de que os padres atuais de distribuio das espcies seriam produto

    exclusivamente do processo de disperso a partir de centros de origem (ex. Darlington

    1965), dada a natureza fixa da geografia.

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    Nesse mesmo perodo, muitas pesquisas contriburam de forma decisiva para uma

    importante revitalizao da biogeografia, entre os quais destacam-se, no que diz respeito

    biogeografia histrica: a aceitao da tectnica de placas (Wegener 1966) e o

    desenvolvimento de novos mtodos filogenticos (Hennig 1966), dando origem a outras

    fases da biogeografia histrica.

    Durante a segunda metade do sculo XX assistiu-se tambm a um enorme avano dos

    mtodos de anlise, o que deu significativo impulso pesquisa biogeogrfica, em seus

    diversos nveis de abordagem. O entomollogo alemo Willi Hennig, em 1950, prope um

    mtodo de classificao de txons em grupos discretos hierarquicamente organizados,

    implementando os conceitos de Darwin de ancestralidade e descendncia. Estes

    mtodos que vieram a ser amplamente difundidos em 1965 e 1966 receberam a

    denominao de sistemtica filogentica e, posteriormente, cladstica. Sua idia sobre a

    delimitao de grupos monofilticos (grupos que contm todos os descendentes de um

    ancestral comum) usando apenas caracteres derivados (apomorfias) teve um profundo

    efeito na sistemtica e histria biogeogrfica (Funk 2004).

    Hennig (1966) props o primeiro mtodo combinando a filogenia de um grupo

    monofiltico com a distribuio dos grupos terminais. A partir da associao dessas

    informaes seria, ento, possvel determinar a origem e direo da disperso ao longo

    da evoluo do grupo. Essa escola da biogeografia, que ficou conhecida como

    BIOGEOGRAFIA FILOGENTICA, ainda baseava suas interpretaes nos conceitos de

    centro de origem e disperso. Entretanto, diferente da Biogeografia Evolutiva, baseava-

    se em um mtodo rigoroso para a construo dos cenrios biogeogrficos. Embora o

    mtodo tenha sido inicialmente proposto por Hennig, foi Lars Brundin quem o

    desenvolveu e difundiu.

    De modo independente, Leon Croizat desenvolveu um mtodo baseado na descrio

    exaustiva de padres de distribuio, denominado PANBIOGEOGRAFIA (Croizat 1958).

    Seu mtodo baseava-se no mapeamento da distribuio de espcies de um dado grupo

    (gnero ou famlia, por exemplo) e na conexo por uma linha dessas distribuies,

    formando um track. A coincidncia geogrfica entre tracks daria origem a um track geral

    e a partir da anlise das reas conectadas por estes tracks gerais poderia ser obtida uma

    estimativa da distribuio da biota ancestral (Nelson 1973). Croizat acreditava que a

    geografia e a vida evoluram juntas (Funk 2004). Diferentemente, das escolas da

    Biogeografia Evolutiva e Filogentica, Croizat no atribua exclusivamente ao processo de

    disperso a origem dos padres aturais de distribuio das espcies.

    Em colaborao com Gareth Nelson, e Don Rosen, Croizat apresentou uma nova verso

    do mtodo panbiogeogrfico onde o conceito de monofilia foi incorporado como critrio

    para a seleo dos grupos estudados (Croizat et al. 1974), dando elementos para o incio

    de uma nova fase da biogeografia, a BIOGEOGRAFIA CLADSTICA.

    Combinando o mtodo de Croizat com o de Hennig e Brundin, sob a filosofia de

    refutabilidade de Karl Popper, Nelson (1974) rompeu com a prtica biogeogrfica

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    baseada na disperso e desenvolveu um novo mtodo para a biogeografia histrica, que

    veio a ser conhecida como Biogeografia de Vicarincia (ou Biogeografia Cladstica), que

    Platnick e Nelson (1978) detalharam. De acordo com Platnick e Nelson (1978) apenas

    hipteses vicariantes poderiam ser testadas. Disperso, por no poder ser testada, no

    poderia ser evocada como explicao de origem de padres. A Biogeografia Cladstica

    difere do mtodo de Hennig e Brundin pois requer a repetio de padres conforme

    Corizat, e, por outro lado, difere da Panbiogeografia por requerer filogenias e grupos

    monofilticos (Funk 2004).

    Enquanto os mtodos filogenticos eram desenvolvidos, outra revoluo estava a

    caminho, na biologia molecular. Linn e Arber (1968) e Meselson e Yuan (1968)

    revolucionaram a nascente Biologia Molecular com a descoberta das enzimas de restrio

    que comearam a mostrar-se de extrema utilidade nos laboratrios de gentica,

    especialmente para a produo de um tipo especfico de marcador de DNA, o RFLP (Arias

    e Infante-Malachias 2001), e, posteriormente com o desenvolvimento da tcnica da

    reao em cadeia da polimerase (PCR), por Kary Mullis em 1985, passou a ser possvel

    encontrar e amplificar fragmentos especficos de DNA (Griffiths et al. 1999). Tais avanos

    alimentaram a biologia comparada, nutrindo-a com acesso a novos acervos de caracteres

    e novos mtodos capazes de interpret-los em uma perspectiva evolutiva.

    Paralelamente, aumentava-se significativamente, o conhecimento acerca do genoma

    nuclear e mitocondrial. Vrias descobertas a respeito do DNA mitocondrial (DNA mt)

    fizeram dele alvo da grande maioria dos estudos de sistemtica molecular em

    vertebrados. Vrios fatores contribuem para o interesse dedicado ao DNA mt, dentre eles

    destacamos: a) facilidade relativa com que pode ser purificado e manipulado (Quinn

    1997), b) o modo de herana materna (Lansman et al 1983), c) a ausncia (ou rara) de

    recombinao (Clayton 1982; Ballard e Whitclock 2004), e d) a existncia de diferentes

    taxas evolutivas entre suas regies (Avise 1994). Essa ltima caracterstica (existncia

    de seqncias com diferentes taxas de evoluo) tornou o uso do DNA mt bastante

    popular, pois passou a ser possvel investigar divergncias entre grupos em diferentes

    nveis taxonmicos, desde nveis mais inclusivos como famlias at nveis intraespecficos.

    A evoluo do conhecimento nessas diversas reas criou condies para um aumento

    exponencial dos trabalhos de sistemtica baseados em comparaes diretas entre

    seqncias de DNA, desdobrando-se em novos mtodos (Felsenstein 2004) e, inclusive,

    peridicos especializados no assunto. Essas ferramentas tm influenciado

    significativamente os diversos campos da biogeografia histrica (Crisci et al. 2003).

    Por outro lado, a forma de enxergar e analisar os fenmenos genticos que ocorrem ao

    nvel populacional, sob a influncia dos novos conhecimentos, passou por grande

    modificao, principalmente nas duas ltimas dcadas (Fernandes-Matioli 2001). Apenas

    a partir da dcada de 70 vislumbra-se a possibilidade de se desenvolver estudos de

    genealogias de genes nas populaes. Avise et al. (1987) introduzem o conceito de

    FILOGEOGRAFIA o qual define como o campo de estudo relativo aos princpios e

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    processos que governam a distribuio geogrfica de linhagens genealgicas,

    especialmente aquelas intraespecficas ou entre espcies prximas, aumentado de modo

    significativo o instrumental da biogeografia histrica (Avise 2000).

    1.2 BIOGEOGRAFIA DA REGIO NEOTROPICAL

    A regio neotropical tem sido objeto de interesse desde os primrdios da biogeografia.

    Em um primeiro momento como uma unidade que se diferenciava das demais regies do

    globo e, posteriormente com o acmulo de informaes, como uma regio complexa e

    extremamente diversa, a ser compreendida internamente. Foram percorridas diferentes

    escalas de aproximao geogrfica, assim como diversos nveis taxonmicos, repetindo-

    se os mesmos caminhos de construo do conhecimento biogeogrfico, ou seja: 1)

    identificando padres, 2) buscando-se compreender os processos que os geraram, e 3)

    buscando-se identificar os processos que os mantm.

    A regio neotropical caracteriza-se por um mosaico formado por extensas reas de

    florestas separadas por formaes abertas. A partir da anlise dos padres de

    distribuio das espcies de aves na Amrica do Sul, Cracraft (1985) prope 33 reas de

    endemismo. Tal proposta tem sido objeto de novas interpretaes e vrios outros

    trabalhos vm buscando compreender a origem desses padres e a relaes histricas

    entre essas reas.

    Inmeras hipteses biogeogrficas, no excludentes, foram propostas na tentativa de

    explicar os padres geogrficos nos quais se organiza a diversidade biolgica na regio

    neotropical. Dentre elas destacamos: a) Hiptese dos Refgios (Haffer 1969, Vanzolini e

    Williams 1970); b) Hiptese dos Rios (Wallace 1852, Sick 1967, Ayres e Clutton-Brock

    1992); c) Hiptese de Gradientes Ecolgicos (Endler 1977, Smith et al. 1997); e d)

    Hiptese distrbio-vicarincia (Colinvaux 1998); Hiptese dos Museus (Fjelds, 1999);

    Hipteses Paleogeogrficas (onde Haffer e Prance 2001, renem Hiptese de "Ilhas",

    Nores 1999; Hiptese Rios-Refgios, Ayres e Clutton-Brock 1992; Hiptese da Laguna,

    Marroig e Cerqueira 1997 e; Hiptese dos Arcos, Patton et al. 2000).

    A partir do acmulo de informaes, e com a disponibilizao de novos mtodos

    analticos, comearam a ser desenvolvidos trabalhos voltados anlise das hipteses

    biogeogrficas a partir da descrio de suas predies, seguida do teste dessas predies

    (Moritz et al. 2000), relacionadas, principalmente, distribuio geogrfica, relaes

    evolutivas, tempo de divergncia e histria demogrfica das linhagens.

    Dentre os ecossistemas florestais da regio Neotropical, a Floresta Amaznica tm sido

    alvo da grande maioria dos estudos de diversificao. Por outro lado, apesar de a Mata

    Atlntica ser o segunda maior formao florestal da regio Neotropical, at recentemente

    pouca ateno tinha sido dada sua histria biogeogrfica.

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    A Floresta Atlntica abrange parte dos territrios do Brasil, Paraguai e Argentina

    ocupando uma rea de cerca de 1.477.500 km2. Em funo do processo de acentuada

    antropizao desencadeado com a colonizao europia e intensificado nos dois ltimos

    sculos, a Mata Atlntica foi reduzida a uma rea de cerca de 121.600 km2, ou seja,

    8,2% de sua cobertura original. Esse bioma, entretanto, destaca-se no apenas por sua

    extenso, mas tambm por sua alta diversidade e endemismo. Dentre as 22 regies

    biogeogrficas definidas para o Neotrpico, a Mata Atlntica uma das que apresenta

    maior nvel de endemismo, sendo registrada a ocorrncia de 682 espcies de aves, das

    quais 199 so endmicas (Stotz et al. 1996). Em razo dessas caractersticas e de seu

    estado de conservao, considerada um dos cinco ecossistemas de maior prioridade

    para conservao do planeta (Mittermeier et al. 2000).

    A Mata Atlntica uma das regies biogeogrficas mais bem definidas da Amrica do

    Sul, exibe uma biota nica, produto, em parte, de uma histria evolutiva independente.

    De uma perspectiva continental, pode ser considerada uma ilha (Silva et al. 2004), pois

    encontra-se completamente isolada das demais regies florestais da Amrica do Sul por

    formaes vegetais predominantemente abertas, ou seja, Chaco, Cerrado e Caatinga,

    que formam um grande corredor denominado "diagonal de formaes abertas"

    (AbSaber, 1977). Tal diagonal constitui uma barreira intransponvel para grande parte

    das espcies animais tpicas de ambientes florestais (Costa 2003).

    Apesar da denominao genrica de Mata Atlntica sugerir uma unidade homognea,

    este bioma guarda grande heterogeneidade ao longo de sua distribuio geogrfica

    podendo ser identificadas vrias sub-unidades com identidade prpria. A grande

    heterogeneidade verificada ao longo da distribuio da Mata Atlntica pode ser explicada

    por trs fatores fundamentais, ou seja, o seu histrico associado a grandes gradientes

    latitudinal (de 5o S a 30o S) e altitudinal (do nvel do mar cerca de 1700 m).

    Vrios fatores histricos e ecolgicos determinaram os padres atuais de distribuio e

    de variao que as espcies animais, particularmente as aves, exibem ao longo da Mata

    Atlntica. Esses padres sugerem uma histria biogeogrfica bastante complexa, que

    envolve fluxos pretritos entre esta e outras regies florestais do Neotrpico e processos

    de diferenciao ao longo da mesma. Dentre as aves tpicas de ambientes florestais

    registradas para a Mata Atlntica podemos identificar trs grupos: os que apresentam

    ampla distribuio por florestas tropicais midas da Amrica do Sul (Haffer 1974, 1985,

    Sick 1997, Stotz et al. 1996); os que tambm ocorrem nas florestas andinas (Haffer

    1974, Sick 1985); e, ainda, aqueles grupos endmicos da Mata Atlntica.

    Apesar de a Mata Atlntica encontrar-se isolada das demais formaes florestais sul-

    americanas, inmeras evidncias vm mostrando que, em diversos momentos no

    passado, reas atualmente ocupadas por formaes vegetais abertas como o Cerrado, ou

    mesmo por vegetao adaptada a condies semi-ridas, como a Caatinga, foram

    cobertas por formaes florestais (Auler e Smart 2001, Auler et al. 2004, Bigarella et al.

    1975, Ledru 1993, Ledru et al. 1996, Prado e Gibbs 1993). As evidncias sugerem que a

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    Amaznia e a Mata Atlntica foram possivelmente ligadas no passado, vindo a se

    isolarem com o aumento da aridez no Tercirio (Bigarella et al.1975). Entretanto, vrios

    estudos vm mostrando que mesmo durante o Quaternrio mudanas ambientais,

    induzidas por ciclos de alteraes climticas foram capazes de promover o contato entre

    estes ecossistemas. O registro palinolgico do Quaternrio indica que mudanas

    climticas tiveram um impacto considervel na cobertura vegetal da regio central do

    Brasil. Entre 50.000 e 40.000 anos atrs, houve uma fase intensamente rida,

    substituda entre 40.000 e 27.000 anos por um perodo de grande umidade, aumentada

    gradualmente durante o final do Pleistoceno (Ledru et al. 1996). Ao longo deste perodo

    o Brasil Central, atualmente ocupado pelo Cerrado, era mais mido e algumas regies

    cobertas por floresta pluvial (Ledru 1993).

    Complementarmente, estudos desenvolvidos na regio da Caatinga vm contribuindo

    para a compreenso dos cenrios paleoambientais na regio compreendida entre as

    maiores formaes florestais da Amrica do Sul. Vrios registros de aspectos

    geomorfolgicos e paleobiticos no semi-rido brasileiro indicam grandes mudanas

    paleoambientais durante perodos de aumento da pluviosidade ao longo de grande parte

    do Pleistoceno (Auler et al. 2004). Padres atuais de distribuio de espcies de plantas e

    animais apontam para a existncia no passado de extensivo fluxo entre a Mata Atlntica

    e o leste da Amaznia, atravs da regio atualmente ocupada pela Caatinga (Vivo 1997,

    Sick 1997). Formaes conhecidas como brejos de altitude", encraves de floresta mida

    em meio caatinga, somam-se s evidncias a favor da existncia de conexes passadas

    entre Mata Atlntica e Amaznia, uma vez que revelam importantes disjunes florsticas

    entre estes biomas (Rizzini 1963; Bigarella et al. 1975).

    Em funo da sobreposio de eventos de diversificao ao longo da Mata Atlntica e das

    alternncias climticas que determinaram ciclos de isolamento e contato entre este e

    outros biomas florestais, temos como resultado um padro complexo de relaes

    filogenticas a ser desvendado. Vanzolini (1988), Bates et al. (1998) e Costa et al.

    (2000), analisando rpteis, aves e mamferos, respectivamente, destacam a existncia

    de uma quebra latitudinal na distribuio de vertebrados de Mata Atlntica. Apesar de

    essas anlises apontarem para uma forte relao entre grupos irmos oriundos do norte

    e sul da Mata Atlntica, Costa (2003) obteve resultado significativamente diferente, ou

    seja, txons encontrados no norte e no sul da Mata Atlntica, freqentemente, no so

    grupos irmos, o que aparentemente ocorre em diversos grupos de aves.

    Os processos de transformao da paisagem, determinados fundamentalmente pelos

    ciclos de mudanas climticas, atuaram de forma decisiva, no apenas determinando o

    isolamento e a conexo entre a Mata Atlntica e os demais ecossistemas florestais da

    Amrica do Sul, mas tambm nos processos de diversificao ao longo desse bioma,

    criando cenrios para que diversos processos ocorressem, tais como, vicarincia e

    disperso (ex. Moro et al. 2004 e Behling 1997).

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    Muitos autores tm investigado as relaes histricas da Mata Atlntica com os outros

    ecossistemas florestais da Amrica do Sul (Cracraft e Prum 1988, Bates et. al. 1998,

    Costa et al. 2000). Apesar de esses estudos apontarem para a existncia de ao menos

    duas reas de endemismos na Mata Atlntica, nenhum deles efetuou uma anlise mais

    consistente dos padres de distribuio ao longo da mesma. Recentemente, em um

    estudo detalhado da distribuio de aves ao longo deste bioma, Silva et al. (2004),

    atravs de uma anlise de parcimnia de endemismo (PAE), identificou quatro reas de

    endemismo para aves, evidenciando uma complexidade at ento negligenciada. Essas

    reas de endemismo so consideradas produtos de eventos vicariantes que tiveram um

    importante papel na gerao da alta diversidade de organismos na Mata Atlntica. A

    existncia de padres congruentes entre mltiplos txons uma poderosa evidncia a

    favor de uma histria comum de resposta a eventos vicariantes (Cracraft, 1985).

    1.3 OS MODELOS

    Entre os grupos de vertebrados terrestres as aves representam aquele de maior

    diversidade. No apenas o nmero de espcies sensivelmente maior, mas tambm a

    diversidade de hbitats que ocupam, comportamento, dieta alimentar e sensitividade

    fisiolgica a alteraes microclimticas. Tais caractersticas oferecem grande

    oportunidade para a seleo de modelos para estudos em diversas reas, inclusive

    biogeografia.

    A histria dos organismos associados a um determinado ambiente est diretamente

    relacionada histria deste ambiente. Quanto mais intima for a relao entre um

    organismo e um determinado ambiente mais robustas so as inferncia sobre a histria

    deste ambiente a partir do conhecimento de aspectos de evoluo do organismo.

    A seleo dos modelos de estudo para este trabalho seguiu os seguintes critrios: a)

    apresentar fortes evidncias de que monofiltico; b) reunir txons estritamente

    florestais, com alta sensibilidade a alteraes ambientias; c) compreender espcies

    distribudas pelas principais formaes florestais da regio Neotropical, ou seja, pelas

    florestas da Amrica Central, Amaznia, Andes e Floresta Atlntica; e d) apresentar, ao

    menos, uma espcie endmica da Mata Atlntica.

    Seguindo esses critrios foi selecionado como modelo de estudo o gnero Sclerurus, que

    composto por seis espcies: Scleururs scansor (duas subespcies), S. mexicanus (sete

    subespcies); S. guatemalensis (duas subespcies); S. caudacutus (seis subespcies); S.

    rufigularis (quatro subespcies) e S. albigularis (seis subespcies) (Figura 1).

    Adicionalmente, para os estudos relacionados, especificamente, histria biogeogrfica

    da Floresta Atlntica, foi incorporado ao estudo Automolus leucophthalmus (Figura 2),

    que assim como Sclerurus scansor , florestal, apresenta baixa capacidade de disperso

    por ambientes abertos e endmico deste bioma.

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    As espcies do gnero Sclerurus formam um grupo bastante homogneo, apresentando

    pouca variao morfolgica, ecolgica e comportamental. So aves de difcil visualizao

    em campo, sendo registradas principalmente por sua vocalizao bastante conspcua ou

    atravs de captura em redes de neblina. So pouco abundantes, sendo consideradas

    incomuns (Stotz et al. 1996). Tpicas do sub-bosque florestal, essas aves vivem prximas

    ao solo, onde capturam, entre o folhio, grande parte do alimento (Ridgely e Tudor

    1994).

    Esse gnero tem sido tradicionalmente associado a Automolus e Lochmias. Hellmayr

    (1925) props o agrupamento de Sclerurus e Lochmias na subfamlia Sclerurinae, o que

    foi posteriormente apoiado por Vaurie (1980). Sibley e Ahlquist (1985, 1990) sugerem

    uma posio basal do gnero Sclerurus em relao aos furnardeos, sendo este, grupo

    irmo dos dendrocolaptdeos. A hiptese filogentica proposta por Irestedt et al. (2002),

    baseada em DNA nuclear e mitocondrial, aponta para uma posio de Sclerurus

    significativamente diferente daquela proposta pela taxonomia tradicional. Segundo

    Irestedt et al. (2002) Sclerurus e o gnero irmo Geositta, ocupam uma posio basal

    em relao aos clados representados pelas subfamlias Furnariinae e Dendrocolaptinae.

    Em funo da posio da linhagem formada por Sclerurus e Geositta Irestedt et al.

    (2002) propem a re-adoo da subfamlia Sclerurinae e recomendam a incluso dos

    furnardeos e dendrocolaptdeos em uma nica famlia composta por trs sub-famlias:

    Furnariinae, Dendrocolaptinae e Sclerurinae (para opinio divergente ver Marantz et al.

    2003).

    Em relao Automolus leucophthalmus, os estudos realizados por Ribas et al. (in prep)

    apontam para a monofilia do grupo que tem como grupo irmo a linhagem de Automolus

    infuscatus que se distribui na poro leste da regio amaznica, sendo A. infuscatus um

    grupo artificial (no monofiltico).

  • 11

    Figura 1: Espcies do gnero Sclerurus e reas de distribuio geogrfica (ilustrao das espcies adaptadas de del Hoyo et al.2003).

  • 12

    Figura 1 : Espcies do gnero Sclerurus e reas de distribuio geogrfica (ilustrao das espcies adaptadas de del Hoyo et al.2003).

  • 13

    Figura 1 : Automolus leucophthalmus e respectiva reas de distribuio geogrfica (ilustrao da espcie adaptada de del Hoyo et al.2003).

    1.4 OS MTODOS ANALTICOS

    Neste item apresentada uma breve considerao sobre os mtodos utilizados nos

    captulos seguintes para inferncias de: relaes evolutivas; tempo de divergncia;

    migrao; e histria demogrfica.

    1.5.1 Relaes Evolutivas

    As inferncias filogenticas tm sido utilizadas como uma poderosa ferramenta para uma

    ampla variedade de questes biolgicas. Existem vrios mtodos para se obter uma

    rvore a partir de uma conjunto de dados. Estes mtodos podem, a princpio, ser

    divididos em dois grupos: mtodos de distncia e mtodos baseados em caracteres. Os

    mtodos de distncia usam como referncia uma matriz de distncia enquanto os

    mtodos baseados em caracteres fazem comparaes diretas entre os estados de cada

    carter analisado (cada stio no caso de sequencias de DNA).

    Neste item so apresentadas informaes apenas dos mtodos probabilsticos (Mxima

    Verossimilhana e Anlise Bayesiana) utilizados nas anlises dos captulos 2, 3 e 4.

    A) Mxima Verossimilhana

    A aplicao do mtodo de Mxima Verossimilhana (MV) para inferncias filogenticas foi

    inicialmente proposta por Edwards e Cavalli-Sforza (1964) para dados de freqncia

    gnica. A primeira aplicao desses mtodos para seqncias moleculares foi realizada

    por Neyman (1971). Porm a utilizao do mtodo para inferncias filogenticas baseado

    em uma quantidade maior de seqncias s tornou-se vivel a partir de Felsenstein

    (1981).

    MV um mtodo probabilstico atravs do qual uma hiptese evolutiva julgada pela

    probabilidade de ter dado origem aos dados observados. Para tanto precisamos obter a

  • 14

    probabilidade dos dados dada uma rvore filogentica e um modelo evolutivo (Swofford

    et al. 1996, Felsenstein 2004). Considerando o modelo evolutivo, cada hiptese (rvore)

    avaliada pela multiplicao das probabilidades para cada carter, ou seja, cada posio

    do alinhamento de seqncias de DNA.

    A fragilidade dos mtodos de inferncia filogentica ( exceo da Anlise Bayesiana)

    que eles produzem estimativas pontuais da filogenia. Como resultado destas anlises

    temos uma filogenia, porm no temos informaes sobre o quo robustas so essas

    estimativas. Para a obteno de informaes sobre o suporte das relaes inferidas so

    aplicados alguns mtodos, entre os quais o bootstrap. O mtodo de bootstrap foi

    proposto por Efron (1979) para obter estimativas de erros pela re-amostragem da matriz

    de dados por vrias vezes de modo a produzir uma distribuio contra a qual uma

    hiptese poderia ser testada (Soltis e Soltis 2003). Para cada pseudo-rplica obtida a

    topologia de maior verossimilhana. A partir do conjunto de topologias obtidas gerada

    uma topologia consenso. Nesta topologia consenso representado probabilisticamente o

    nmero de vezes que cada clado resgatado. Segundo Sanderson (1989) um mtodo

    sistemtico de acesso robustez do conjunto de dados perturbao. Com Felsenstein

    (1985b) comeou a ser utilizado para inferncias filogenticas..

    Idealmente, a busca pela rvore de maior verossimilhana deveria analisar todas as

    rvores possveis para uma conjunto de dados, entretanto, isto s possvel para

    matrizes pequenas. O tempo computacional demandado por uma anlise de MV

    grande, tornando a busca exaustiva proibitiva quando a anlise envolve matrizes de

    dados maiores. Em razo disso foram desenvolvidas mtodos alternativos de busca de

    rvores possibilitando que a rvore de maior verossimilhana seja encontrada sem que

    todo o espao de parmetros tenah que ser conhecido (Swofford et al. 1996 e

    Felsenstein 2004).

    Como objetivo de reduzir o tempo computacional das anlises filogenticas baseadas no

    mtodo de Mxima Verossimilhana, Guindon e Gascuel (2003) desenvolveram um

    algoritmo que ajusta a topologia e o comprimento dos ramos simultaneamente. Este

    algoritmo parte de uma rvore inicial estimada por um mtodo baseado em distncia e

    modifica a rvore, a parir de sucessivas interaes, para aumentar sua verossimilhana.

    Devido ao ajuste simultneo da topologia e do comprimento dos ramos so necessrias

    poucas interaes para alcanar os valores timos de verossimilhana.

    B) Anlise Bayesiana

    O mtodo Bayesiano de inferncia filogentica baseia-se na probabilidade posterior, ou

    seja, na probabilidade de uma determinada filogenia representar a histria evolutiva de

    um determinado grupo. O teorema de Bayes utilizado para combinar a probabilidade

    priori de uma rvore (probabilidade associada informaes independentes dos dados

    utilizados na anlise) com a verossimilhana (probabilidade de explicar a distribuio dos

    estados de carter nos txons atuais com base no modelo evolutivo), para gerar uma

  • 15

    distribuio de probabilidades posteriores das rvores (Huelsenbeck et al. 2001, Holder e

    Lewis 2003). A rvore que apresenta maior probabilidade posterior interpretada como a

    que melhor estima a filogenia (Hannala e Yang 1996).

    A obteno dos valores de probabilidade posterior, a princpio, envolve a anlise de todas

    as possveis rvores; e para cada rvore, todas as possveis combinaes de tamanhos

    de ramo e parmetros do modelo evolutivo. Tal tarefa praticamente impossvel de se

    realizar analiticamente. Para tornar as estimativas de probabilidade posterior tem sido

    utilizado o mtodo de amostragem de genealogias baseado na Markov chain Monte Carlo

    (MCMC). O algoritmo MCMC envolve, basicamente, dois passos: 1) a partir de uma dada

    rvore proposta uma nova atravs de sua perturbao estocstica (ex tamanho de

    ramo); e 2) essa nova rvore aceita ou rejeitada de acordo com o teste estatstico

    proposto por Metropolis et al. (1953) e Hastings (1970). Se a nova rvore aceita ela

    passa a ser objeto de novas perturbaes, dando continuidade cadeia (Huelsenbeck et

    al. 2001). Nota-se, que durante o processo, algumas topologias com menor

    probabilidade posterior so aceitas para dar seqncia cadeia, de modo a permitir que

    outras regies do espao de parmetros sejam exploradas. Pela repetio desses ciclos

    por milhes de vezes criada uma longa cadeia de posies no espao dos parmetros,

    tendendo a permanecer nas regies de maior probabilidade posterior. A proporo de

    vezes que uma dada rvore visitada considerada uma aproximao vlida da

    probabilidade posterior desta rvore, e dos parmetros dos modelo evolutivo.

    (Huelsenbeck et al. 2001).

    Destaca-se dos demais mtodos de inferncia filogentica por fornecer estimativas, como

    resultado das anlises primrias, tanto da rvore como medidas de incerteza em relao

    aos agrupamentos (Holder e Lewis 2003).

    1.5.2 Migrao e Divergncia

    Os mtodos existentes para estimar fluxo gnico podem ser divididos em duas classes

    (Beerli & Felsenstein 1999): a) aqueles que estimam taxa de migrao atual a partir da

    observao direta, utilizando-se de marcao de indivduos e registro de seus

    movimentos para extrapolar estimativas de taxas de migrao entre populaes; e b)

    aqueles que estimam taxas mdias de migrao ao longo de um intervalo de tempo a

    partir da amostragem de marcadores genticos e do clculo da taxa de migrao a partir

    das freqncias allicas ou das diferenas entre seqncias. Os mtodos genticos

    tendem a resultar em estimativas mais conservadoras do que aquelas produzidas atravs

    de deslocamento de indivduos, pois baseiam-se, exclusivamente, naquelas mudanas

    que se estabeleceram na populao.

    Existem vrios mtodos genticos utilizados para se estimar fluxo gnico: mtodos

    estatsticos sumrios, como o Fst (originalmente proposto por Wright 1951); baseados

    em alelos raros (Slatkin 1985); baseados em mxima verossimilhana, utilizando-se de

    freqncia gnica (Rannala & Hartigan 1996, Tufto et al 1996); e outros baseados em

  • 16

    teoria de coalescncia (Kingman 1982, Slatkin & Maddison 1989, Nath & Griffiths 1993,

    Beerli & Felsenstein 1999, Bahlo & Griffiths 2000).

    Medidas de subdiviso populacional, como o Fst, so utilizadas para obter estimativas de

    taxa de migrao (Niegel 2002). Os modelos de estruturao populacional, entretanto,

    assumem pressupostos extremos, ou seja: que as populaes vm trocando migrantes a

    uma taxa constante, por um tempo infinitamente longo; ou que as populaes so

    descendentes de uma populao ancestral comum em algum tempo no passado, a partir

    do qual divergiram na ausncia de fluxo gnico (isolamento sem fluxo gnico). Quando

    assume-se o equilbrio de migrao possvel obter a partir do Fst, estimativas de taxa

    de migrao. Por outro lado, quando assume-se o isolamento sem fluxo gnico,

    possvel transformar uma estimativa de Fst em uma estimativa de tempo de divergncia.

    Entretanto, diferentes interaes entre migrao e divergncia podem produzir padres

    de diversidade gentica similares, o que torna o uso de estatsticas sumrias, como o Fst,

    ineficientes para distinguir entre histrias demogrficas mais complexas (Hey & Nielsen

    2004).

    A estimativa de fluxo gnico pode, portanto, ser consideravelmente influnciada pela

    divergncia entre as populaes estudadas. Os mtodos citados, entretanto, no so

    capazes de detectar essa influncia o que torna, muitas vezes, impraticvel a distino

    entre cenrios demogrficos muito diferentes como, por exemplo, um cenrio de alta

    taxa de migrao associada a uma divergncia profunda de outro de baixa taxa de

    migrao associada a uma divergncia recente (Palsbll et al 2004). Com o objetivo de

    resolver problemas como este, Nielsen & Wakeley (2001) propem um mtodo a partir

    do qual possvel obter simultaneamente estimativas de migrao e de tempo de

    divergncia, diminuindo o rudo de um na estimativa do outro.

    Para obter estimativas dos efeitos relativos de migrao e isolamento em pares de

    populaes, a partir de seqncias de DNA, Nielsen & Wakeley (2001) desenvolveram um

    mtodo baseado em Markov chain Monte Carlo. Torna-se possvel obter uma superfcie

    de verossimilhana combinando estimativas de migrao e de tempo de divergncia onde

    so identificadas as regies em que a relao entre estimativas desses dois parmetros

    maximiza a probabilidade de explicarem os dados.

    1.5.3 Demografia Histrica

    Os mtodos para investigar a histria demogrfica podem ser divididos em trs grupos

    principais, ou seja, aqueles baseados: a) em estatstica sumria (ver Ramos-Onsins &

    Rozas 2002); b) na distribuio de diferenas par-a-par (mismatch distribution -

    Slatkin & Hudson 1991, Rogers & Harpending 1992 e Rogers 1995) e, finalmente; c) em

    amostragem de genealogias (Griffiths & Tavar 1994 e Kuhner et al 1998).

    Existem inmeros testes estatsticos sumrios para cenrios de expanso populacional.

    Ramos-Onsins & Rozas (2002) avaliam a performance de 17 testes potencialmente

  • 17

    aplicveis para identificar esses cenrios demogrficos. Neste trabalho os autores testam

    o poder de cada um dos mtodos em diferentes situaes de taxa expanso populacional,

    tempo desde o incio da expanso, tamanho amostral e nmero de stios segregantes.

    Entre os mtodos testados, o Fs de Fu (1997) e o R2 de Ramos-Onsins & Rozas (2002),

    foram aqueles que mostraram os melhores resultados, em todos os diferentes cenrios

    testados. Entretanto, temos que considerar que os diferentes mtodos, mesmo o Fs e o

    R2, tm seu poder significativamente reduzido quando aumentado o tempo desde o

    incio da expanso, reduzido o grau de expanso, reduzido o tamanho amostral, ou,

    ainda, reduzido o nmero de stios segregantes. O Fs baseia-se nas informaes da

    distribuio de hapltipos, enquanto o R2 foi desenvolvido com base na diferena entre o

    nmero de singletos e o nmero mdio de diferenas de nucleotdeos. A performance dos

    dois testes difere, fundamentalmente, em funo do tamanho da amostra. O R2 responde

    relativamente melhor para amostras de tamanho pequeno, enquanto que o Fs tem um

    desempenho melhor para grandes amostras.

    O mtodo baseado em distribuies mismatch de nucleotdeos (Slatkin & Hudson 1991,

    Rogers & Harpending 1992), parte do pressuposto de que a expanso ou declnio o

    tamanho populacional deixam assinaturas caractersticas na distribuio de diferenas

    par-a-par. Com a expanso populacional tende-se a acumular um nmero mdio de

    diferenas par-a-par maior do que o esperado em uma situao de estabilidade no

    tamanho populacional, o que leva produo de filogenias com formato de estrela, onde

    os eventos de coalescncia acumulam-se na base da rvore (Slatkin & Hudson 1991).

    Este mtodo, pode ser utilizado com o objetivo de testar o modelo de expanso explosiva

    formulado por Rogers (1995). De acordo com este modelo, populaes que apresentam

    uma distribuio unimodal de diferenas par-a-par de nucleotdeos, com uma varincia,

    relativamente, pequena, experimentaram uma fase de expanso demogrfica recente,

    enquanto populaes com alta varincia associada, muitas vezes exibindo distribuies

    multimodais, so demograficamente estveis, tendo atingido h muito tempo um

    equilbrio entre deriva gentica e mutao (Rogers & Harpending 1992). Embora os

    princpios deste mtodo fundamentem-se na teroria de coalescncia, informaes

    genealgicas no so consideradas em sua aplicao, o que leva alguns autores a julg-

    lo menos eficiente dada a sub-utilizao das informaes disponveis nos dados

    (Felsenstein 2004).

    Outro grupo de mtodos voltados estimativas de expanso populacional foram

    desenvolvidos, baseados na amostragem de genealogias (Griffiths & Tavar 1994 e

    Kuhner et al 1998). O objetivo comum desses mtodos calcular a curva de

    verossimilhana onde os valores de tamanho populacional e taxa de crescimento, que

    maximizam a probabilidade de terem dado origem aos dados, podem ser obtidos. Para a

    obteno da curva de verossimilhana necessrio utilizar estratgias de amostragem

    uma vez que o universo de genealogias possveis infinitamente grande. A amostragem,

    entretanto, deve ser baseada na importncia das genealogias, ou seja, deve concentra-

  • 18

    se nas regies de genealogias que mais contribuem para os eventuais valores de

    verossimilhana. Esses dois mtodos, apresentados por Griffiths & Tavar (1994) e

    Kuhner et al (1998), entretanto, diferem significativamente na forma em que propem a

    amostragem de genealogias.

    O mtodo de Griffiths & Tavar (1994) utiliza-se da topologia e da histria mutacional

    para a amostragem das genealogias. Considerando que existe um vasto nmero de

    possveis histrias mutacionais e que um grande nmero delas no contribui para os

    valores de verossimilhana, desenvolveram um mtodo para concentrar a amostragem

    nas histrias mutacionais de interesse. Utilizam a probabilidade de ocorrncia de eventos

    mutacionais, em diferentes topologias, a cada intervalo entre eventos de coalescncia,

    concentrando a amostragem proporcionalmente s probabilidades dessas genealogias em

    relao aos dados.

    Kuhner et al (1998) propem um mtodo para estimar a mxima verossimilhana da

    taxa de crescimento populacional, tambm baseado na teoria de coalescncia. Se o

    tamanho da populao muda ao longo do tempo, a distribuio dos tempos de

    coalescncia ser diferente daquela esperada para uma populao de tamanho

    constante. Se a populao passou por um crescimento, ento, os ramos prximos base

    da genealogia sero relativamente mais curtos do que aqueles ramos mais prximos dos

    terminais Kuhner et al (1998). O mtodo proposto baseia-se na amostragem de

    genealogias em funo da topologia e dos tempos de coalescncia. A partir dos dados

    proposta uma genealogia inicial. Essa genealogia inicial sofre rearranjos locais e a cada

    novo arranjo calculada probabilidade da nova genealogia em funo dos valores iniciais

    de , ou seja, o 0 (quatro vezes o tamanho populcaional N, multiplicado pela taxa

    mutacional ) e da taxa de crescimento g0. Essas novas genealogias so, ento, aceitas

    ou rejeitadas, baseada na probabilidade de terem produzido os dados observados. Esse

    processo repetido, criando-se uma cadeia de Markov, de modo a produzir a curva de

    verossimilhana para valores de e de g. Considerando que quanto mais prximo 0 do

    real mais poderosa a estimativa, torna-se til repetir vrias vezes o processo

    utilizando-se como novo valor de 0 e de g0 os valores estimados de e g na etapa

    anterior e, assim, sucessivamente. No mtodo proposto por Kuhner (2006) podem ser

    considerados no modelo outros parmetros como migrao e recombinao.

    Apesar de serem considerados mtodos mais robustos de inferncia de expanso

    populacional, pois maximizam o uso das informaes contidas nos dados, h diferenas

    entre os mtodos propostos Griffiths & Tavar (1994) e Kuhner, et al (1998) que

    compartilham do mesmo objetivo e lgica matemtica (Falsenstein 2004). O mtodo de

    Griffiths & Tavar (1994) muito mais prtico de ser empregado demandando um tempo

    significativamente menor, entretanto, segundo Kuhner et al (1998) e Felsenstein (2004),

    em funo deste mtodo no fazer a amostragem baseada na distribuio de

    probabilidade posterior, gasta muito tempo com genealogias ruins, que pouco

    contribuem para a estimativa dos parmetros de interesse.

  • 19

    1.5 BIBLIOGRAFIA

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  • 26

    Captulo 2

    _____________________________________________

    Filogenia do Gnero Sclerurus (Scleruridae: Aves): implicaes

    para a Biogeografia Histrica das Florestas Neotropicais

    Trabalho realizado em colaborao com Robb Brumfield e Andres Cuervo

  • 27

    2.1 INTRODUO

    Entre todas as regies biogeogrficas do planeta a Neotropical a mais diversa para

    todos os grupos de vertebrados terrestres, em particular para as aves. Das cerca de nove

    mil espcies de aves descritas, mais de 3.700 ocorre no neotrpico, sendo cerca de 45%

    endmicas desta regio (Stotz et al. 1996). A imensa diversidade biolgica e

    endemismos observados para esta regio encontram-se associados, principalmente, s

    formaes florestais como aquelas que cobrem parte da Amrica Central, a regio

    Amaznica e costa atlntica. Entender a origem e a manuteno desses altos nveis de

    diversidade e endemismo tem sido o grande desafio para bilogos evolutivos,

    biogegrafos e conservacionistas.

    A partir do acmulo de informaes sobre a distribuio animal passaram a ser evidentes

    padres biogeogrficos, ou seja, a forma com que os organismos se distribuem no

    espao. Wallace (1853), por exemplo, reconheceu trs regies zoogeogrficas para a

    Amaznia. A primeira delimitada pela costa atlntica ao norte do Rio Amazonas at a

    margem esquerda do Rio Negro. A segunda compreendendo toda a regio do Alto

    Amazonas, a partir da margem direita do Rio Negro at a margem esquerda do Rio

    Madeira. E, finalmente, a terceira reunindo toda a poro amaznica meridional a leste

    do Rio Madeira. Diviso ainda vlida, principalmente para primatas (Rylands 1987).

    Revises zoogeogrficas tm sido apresentadas para diferentes escalas geogrficas.

    Stotz et al. (1996) por sua vez, baseado em padres de distribuio de aves identificou

    22 regies zoogeogrficas para a Regio Neotropical, com vrias sub-regies associadas.

    A identificao de padres biogeogrficos impulsionou a proposio de hipteses

    dedicadas a explicar suas origens. Embora haja uma srie de hipteses biogeogrficas

    para explicar a origem da expressiva diversidade biolgica da regio neotropical

    (Hiptese dos Rios - Wallace 1852, Sick 1967, Ayres e Clutton-Brock 1992; Hiptese de

    Gradientes Ecolgicos - Endler 1977, Smith et al. 1997; Hiptese distrbio-vicarincia -

    Colinvaux 1998; Hiptese dos Museus - Fjelds, 1999, Hipteses Paleogeogrficas - onde

    Haffer e Prance 2001, renem Hiptese de "Ilhas", Nores 1999; Hiptese Rios-Refgios,

    Ayres e Clutton-Brock 1992; Hiptese da Laguna, Marroig e Cerqueira 1997 e; Hiptese

    dos Arcos, Patton et al. 2000), a Hiptese dos Refgios (Haffer 1969 e Vanzolini e

    Williams 1970) tem o mrito de ter sido pioneira em propor que essa diversidade

    biolgica no seria resultado da estabilidade, mas sim da instabilidade, ou seja, das

    grandes mudanas peridicas na vegetao predominante dessa regio.

    Um conjunto crescente de estudos destinados a compreender os padres biogeogrficos

    e suas origens vem sendo produzido, particularmente na ltima dcada (Bates et al.

    1999, Marks et al. 2002, Aleixo 2004, Pereira e Baker 2004, Ribas e Myiaki 2004, Lovette

    2004, Eberhard e Bermingham 2005, Ribas et al. 2005, Armenta et al. 2005,

    Weckenstein 2005, Grau et al. 2005, Cheviron et al. 2005, Aleixo et al. 2006, Ribas et al.

    2007). Esses estudos evidenciam as profundas diferenas nos padres biogeogrficos

  • 28

    resultantes da interao entre diferentes organismos com uma mesma histria de

    evoluo das paisagens. Alm de fatores estocsticos, inmeros fatores, intrnsecos s

    espcies, so determinantes dessas diferenas, entre os quais a capacidade de disperso,

    o grau de dependncia de ambientes florestais e as caractersticas fisiolgicas.

    No presente estudo de biogeografia histrica selecionamos como modelo as seis espcies

    que compem o gnero Sclerurus, S. albigularis Sclater e Salvin 1898, S. s, cansor

    (Mntris 1835), S. caudacutus (Vieillot 1816), S. guatemalensis (Hartlaub 1844), S.

    rufigularis Pelzeln 1869, e S. mexicanus Sclater 1856. A escolha dessas aves para este

    estudo foi feita por serem essencialmente florestais, sensveis a alteraes ambientais,

    exibirem baixa capacidade de disperso e por serem ecologicamente muito similares.

    O presente captulo tem por objetivos testar: 1) a monofilia das espcies do gnero

    Sclerurus; 2) a hiptese de que os txons subespecficos representam linhagens

    evolutivas; 3) a congruncia entre a distribuio das linhagens filogeogrficas

    identificadas para as diferentes espcies e destas com as reas de endemismo descritas

    para a regio neotropical; 4) a congruncia de relaes entre reas de distribuio das

    linhages filogeogrficas; e 5) as principais hipteses biogeogrficas propostas para

    explicar a origem dos padres de diversidade biolgica na regio Neotropical.

    2.2 MATERIAL E MTODOS

    Amostragem

    O gnero Sclerurus composto por um total de seis espcies: S. scansor (duas

    subespcies), S. albigularis (seis subespcies), S. caudacutus (seis subespcies), S.

    guatemalensis (duas subespcies), S. mexicanus (sete subespcies) e S. rufigularis

    (quatro subespcies). As distribuies geogrficas das espcies so apresentadas nos

    resultados. Para a realizao deste estudo foram analisadas 102 amostras representando

    23 dos 28 txons descritos para o gnero Sclerurus (Tabela 1). Foram utilizadas

    amostras existentes no Laboratrio de Gentica e Evoluo de Aves da Universidade de

    So Paulo (LGEMA-USP), Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG), Instituto de Pesquisas

    Amaznicas (INPA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Field Museum of

    Natural History (FMNH), American Museum of Natual History (AMNH), Academy of

    Natural Sciences of Philadelphia (ANSP), US National Museum of Natural History (USNM);

    e Louisiana State University Museum of Zoology (LSUMZ). Assim como foram realizadas

    coletas em campo.

    Como grupo externo para as anlises filogenticas foram utilizadas amostras de Geositta

    (G. poeliloptera e G. tenuirostris), gnero irmo de Sclerurus (Fjelds et al. 2005).

    Adicionalmente foram includas na anlise sequencias de Sittasomus griseicapillus e

    Lepidocolaptes angustirostris obtidas no Genbank (L. angustirostris - ND2 AY089838;

  • 29

    ND3 AY089881; citb AY089811 / S. griseicapillus ND2 AY089834; ND3 AY089894; citb

    AY089796).

    Foram utilizados como marcadores trs genes mitocondriais: citocromo b (cit b), NADH

    desidrogenase subunidade 2 (ND2) e NADH desidrogenase subunidade 3 (ND3); e um

    nuclear: ntron 7 do fibrinognio (Fib7), totalizando 2408 pb de genes mitocondriais

    (1022 do cit b; 1041 do ND2; e 345 do ND3) e 914 pb do Fib7.

  • 30

    Tabela 1: Amostras de espcies do gnero Sclerurus analisadas, nmero de amostra por espcie entre parnteses, instituies onde se encontram depositadas, nmero de registro, localidade de coleta e marcadores seqenciados.

    Espcie Instituio No. Localidade Pas Marcadores

    Sclerurus LGEMA 93 Aripuan, MT Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    albigularis LGEMA 970466 Gacha do Norte, MT Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (12) MPEG 58881 ESEC Rio Acre, AC Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    FMNH 389834 Cachoeira Nazar, RO Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 38492 Chuchial, ca. 37 km SE Samaipata Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 21203 Cordilheira a leste da confluncia dos Rios Tavaro-Guacamayo Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 18322,18400 Velasco, PN Noel Kempf Mercado Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 1974 Puellas, km 44 da estrada Villa Rica - Pto Bermudez Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 5412 20 km de estrada a NE Tarapoto em dirao Yurimagu Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 27738 ca. 77 km WNW Contamana Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 40608 ca. 86 km SE Suanjui na margem leste do alto rio Pauya Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    Sclerurus FMNH 395418 Boraceia, SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    scansor LGEMA 2178 Colonia Cerrito, Arroio do Padre/Pelotas, RS Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (13) LGEMA 2188 Rancho Queimado, SC Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA A093 Urtigueira, PR Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 01 PE Vila Velha, PR Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 10460 Itatira, Serra do Machado, CE Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 926 Morro Grande, SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 162 Stio Sinimbu, Mulungu, Serra de Baturit, CE Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 1138 Juquitiba, SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 1577 Nucleo Curucutu, PE Serra do Mar, SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 38 EE Banana, SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA 821 Morro Grande SP Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 25912 Cord. Caaguazu, 7.5 km leste de San Carlos Paraguai ND2, ND3, citb, FIB7

    Sclerurus ANSP 2659 5 km SO de Taisha Equador ND2, ND3, citb

    caudacutus MPEG 57610 Manicore, Rod Estanho km 126, AM Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (24) MPEG 55401 Altamira, Ilha da Taboca, Rio Xingu, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    MPEG 55661 Vitoria do Xingu, Marg Esquerda, Rio Xingu, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    MPEG 20360 Igarape Mutum, Juruti, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    FMNH 398007 Quebrada Aguas Calientes, 2.75 km a leste de Shintuya, Alto Madre de Dios Peru ND3, citb

    FMNH 389835, 389836 Cachoeira Nazare, margem oeste do Rio Jiparana, RO Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 189 ca 20 km N Abun, margem esquerda do Rio Madeira Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    FMNH 391349 Serra dos Carajas, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

  • 31

    Tabela 1: Continuao.

    Espcie Instituio No. Localidade Pas Marcadores

    Sclerurus INPA A 210 RDS Aman, Comunidade Nova Cana Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    caudacutus INPA A 344 ca 45 km sudoeste de Porto Velho, margem esquerda do Rio Madeira Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (24) INPA A 351 45 km sudoeste de Porto Velho, Margem esquerda do Rio Madeira Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 539 Igarap Extremo, 135 km S Novo Aripuan , m. dir. Rio Aripuan, Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 4653 Rio Amazonas, ca 10 km SSW da foz do Rio Napo Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 4744 Sul do Rio Amazonas, ca. 10 km SSW da foz do Rio Napo na margem leste Quebrada Vainilla Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 7101 5 km N Amazonas, 85 km a nordeste de Iquitos Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 10601 Margem oeste do Rio Shesha, ca. 65 km ENE Pucallpa, 300m Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 11249 Encosta sudeste do Cerro Tahuayo, Pucallpa Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 40207 ca. 86 km sudeste de Suanjui na margem leste do alto rio Pauya Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 9654 Nicols Suarez, ca. 12 km pela estrada a sul de Cobija, ca. 8 km a oeste pela estrada de Mueden Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LGEMA EE Mojica Nava, RO Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B11751 10 km SSE Gunns Landing Guiana ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B06945 Altamira, 52 km SSW, margem leste do Rio Xingu Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    Sclerurus LSUMZ 26538 Altamira, 52 km SSW, margem leste do Rio Xingu Panam ND2, ND3, citb, FIB7

    guatemalensis LSUMZ 1393 ca. 9 km NW Cana na encosta do Cerro Pirr Panam ND2, ND3, citb, FIB7

    (7) LSUMZ 46563 Rancho Frio, ca. 10 km ao sul de El Real Panam ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B00309 Isla San Cristobal, Bocatorito Panam ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 8771 Forestry Camp (Salamanca) Belize ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 18076 - Mxico ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 60659 - - ND2, ND3, citb, FIB7

    Sclerurus MPEG A8398 Ourilandia do Norte, PA Brasil ND2, ND3, citb

    mexicanus MPEG 55654 Senador Jose Porfirio, Marg Direita, Rio Xingu, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (22) MPEG 58883 ESEC Rio Acre, AC Brasil ND2, ND3, citb

    FMNH 321714 Tono Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    FMNH 433369 Consuelo, 15.9 km sudoeste de Pilcopata Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 339 ca 45 km sudoeste de Porto Velho, margem esquerda do Rio Madeira Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 20395 Manaus, km 34 ZF-3, Faz. Esteio Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    BARR 10648 - Guatemala ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 11813 El Placer Equador ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 12146 Mindo Equador ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 5452 20 km pela estrada a nordeste de Tarapoto na estrada para Yurimagu Peru ND2, ND3, citb, FIB7

  • 32

    Tabela 1: Continuao.

    Espcie Instituio No. Localidade Pas Marcadores

    Sclerurus LSUMZ 6765 27 km pela estrada a norte de Rio Quiquibey Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    mexicanus LSUMZ 6980 5 km ao norte do Amazonas, 85 km nordeste de Iquitos Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    (22) LSUMZ 9565 Nicolas Suarez, 12 km pela estrada ao sul de Cobija Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 28035 ca 77 km WNW Contamana Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 36721 Reserva Biologica Rio Ouro Preto Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 35770 11 km SW Pejibaye Costa Rica ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B05363 Los Planes Panam ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B05155 Rio Waruma Guiana ND2, ND3, citb, FIB7

    AMNH ROP 108 Rio Carapo; Guaiquimi Venezuela ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 58406 - - ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM 5958 - - ND2, ND3, citb, FIB7

    Sclerurus LGEMA 9920 Rio Quiuini, Barcelos, AM Brasil ND2, ND3, citb

    rufigularis LGEMA 494 Aripuana, MT Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    (24) ANSP 5798 14 km N Tigre Playa Equador ND2, ND3

    ANSP 5603 5 km a norte de Rockstone, Margem leste do Rio Essequibo Guiana ND2, ND3, citb

    MPEG 57611 Manicore, Rod Estanho km 126, AM Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    MPEG 55658 Senador Jose Porfirio, Marg Direita, Rio Xingu, PA Brasil ND2, ND3, FIB7

    MPEG 20312 Igarape Mutum, Juruti, PA Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 261 ca 20 km N Abun, margem direita do Rio Madeira Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 720 ESEC Juami-Japur; m dir do Rio Japur; mdio Rio Juami, ca 157 km W Japur Brasil ND2, ND3,citb

    LSUMZ 2738 1 km a norte do Rio Napo, 157 km pelo rio a NNE de Iquitos Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 4418 Regio do baixo Rio Napo, Margem leste do Rio Yanayacu Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 7122 5 km a norte Amazonas, 85 km a NE de Iquitos Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 65761 Distrikt Sipaliwini, Leli Gebergte Suriname ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 4595 Sul do Rio Amazonas, ca. 10 km SSW da foz do Rio Napo na margem leste Quebrada Vainilla Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 12691 Velasco, Margem oeste do Rio Paucerna, 4 km a montante Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 14896 Serrania de Huanchaca, 25 km a SE de Catarata Bolvia ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 42747 ca 54 km NNW da foz do rio Morona, margem oeste Peru ND2, ND3, citb, FIB7

    USNM B05161 Essequibo Guiana ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 20396 Manaus, km 34 ZF-3, Faz. Esteio Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ B10830 Montanhas Acari, lado N Guiana ND2, ND3, citb, FIB7

    INPA A 193 ca 20 km N Abun Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    AMNH ROP274 40 KM a leste de Tumarenco pela estrada Venezuela ND2, ND3, citb, FIB7

    LSUMZ 31381 ca. 90 km leste de Vila Nova Brasil ND2, ND3, citb, FIB7

    AMNH RWD17095 Rio Mawarinumo, Amazonas Venezuela ND2, ND3, citb, FIB7

  • 33

    Tabela 1: Continuao.

    Espcie Instituio No. Localidade Pas Marcadores

    Geositta USNM B13975 - - ND2, ND3, citb, FIB7

    poeciloptera

    Geositta USNM B103927 - - ND2, ND3, citb

    tenuirostris Legenda: LGEMA - Laboratrio de Gentica e Evoluo de Aves da Universidade de So Paulo; MPEG - Museu Paraense Emlio Goeldi; INPA - Instituto de Pesquisas Amaznicas; UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais; FMNH - Field Museum of Natural History; AMNH - American Museum of Natual History; ANSP - Academy of Natural Sciences of Philadelphia; USNM - US National Museum of Natural History; e LSUMZ - Louisiana State University Museum of Zoology.

  • 34

    Extrao, Purificao e Sequenciamento do DNA

    A extrao de DNA das amostras de tecido foi realizada utilizando-se proteinase K e

    fenol-clorofrmio de acordo com o protocolo de Bruford et al. (1992). O cit b, o ND2, o

    ND3 e o Fib7 foram amplificados por PCR utilizando primers (Tabela 2). As amplificaes

    foram realizadas em reaes de 10 l contendo: 4,9 l de H2O; 1,0 l de tampo 10x; 1

    l de dNTP 8mM; 1 l de cada primer 10M; 0,1 l de Taq polimerase; e 1 l de DNA

    (aprox. 40 ng/ l). Essa soluo foi, ento, levada ao termociclador e submetida a 40

    ciclos constitudos pelas seguintes etapas: desnaturao a 95 oC por 1 minuto; hibridao

    a 54 oC (Fib7), 56 oC (ND2 e ND3) ou 58 oC (cit b) por 30 segundos; e extenso a 72 oC

    por 40 segundos.

    Tabela 2: Primers utilizados para amplificao e sequenciamento.

    Gene Primer Seqncia (5 3) Referncia ND2 L5215 TATCGGGCCCATACCCCGAAAAT Hackett 1996 H6313 CTCTTATTTAAGGCTTTGAAGGC Johnson e Sorensen 1998 ND3 ND3L GACTTCCAATCTTTAAAATCTGG Chesser 1999

    ND3H GATTTGTTGAGCCGAAATCAAC Chesser 1999 Citb L14841 GCTTCCATCCAACATCTCAGCATGATG Kocher et al 1989 H16065 AACTGCAGTCATCTCCGGTTTACAAGAC Lougheed et al. 2000

    Fib7 U GGAGAAAACAGGACAATGACAATTCAC Prychitko and Moore 1997 Fib7 Fib7 L TCCCCAGTAGTATCTGCCATTAGGGTT Prychitko and Moore 1997

    Os produtos da PCR foram verificados por eletroforese em gel de agarose e purificados. A

    etapa de purificao seguiu os seguintes passos: 8 l do produto da PCR foram

    misturados com 8 l de PEG (20%); a mistura foi incubada a 37oC por 15 minutos, sendo

    ento, centrifugada a 12.000 rpm por 15 minutos; foi retirado o sobrenadante e

    adicionado 125 l de etanol 80% (gelado); a nova mistura foi centrifugada a 12.000 rpm

    por 2 minutos; foi retirado o sobrenadante; foram repetidos os ltimos passos,

    adicionando-se 125 l de etanol 80% (gelado), centrifugando a mistura a 12.000 rpm

    por 2 minutos e retirou-se o sobrenadante. A amostra foi secada na centrfuga a vcuo

    sendo, ento, adicionados 10 l de gua Milli-Q. Para a reao de sequenciamento foi

    utilizado o kit de sequenciamento Big Dye Terminator Cycle Sequencing Kit (Applied

    Biosystems) seguindo as recomendaes do fabricante. Os mesmos primers utilizados

    para a amplificao foram utilizados na reao de sequenciamento. As seqncias foram

    obtidas no seqenciador automtico ABI 377.

    Alinhamento e Anlises Filogenticas

    Para as inferncias filogenticas foram utilizadas seqncias dos genes mitocondriais

    ND2, ND3 e citb, assim como o Fib7. As seqncias das cadeias leve e pesada foram

    comparadas e editadas utilizando o programa CodonCode Aligner (CodonCode

    Corporation). As seqncias foram alinhadas utilizando o programa Clustal X (Thompson

    et al. 1997) e o alinhamento produzido foi checado manualmente.

    As inferncias filogenticas foram feitas utilizando dois mtodos: Mxima

    Verossimilhana (MV) e Anlise Bayesiana (AB). Para a seleo do modelo mais simples

  • 35

    de evoluo molecular com maior verossimilhana para os dados foi realizado o

    likelihood-ratio test (LRT) implementado pelo programa Modeltest (Posada e Crandall,

    1998). Os parmetros do modelo selecionado foram utilizados para as anlises de MV

    que foram realizadas utilizando o programa PHYML 2.4.4 (Gudon e Gascuel, 2003). Para

    determinar o suporte relativo de cada grupo monofiltico inferido nas anlises de MV

    foram utilizadas 500 rplicas de bootstrap.

    A AB, com amostragem por Cadeia de Markov Monte Carlo foi realizada no programa

    MrBayes 3.1 (Ronquist e Huselsenbeck, 2003) considerando as parties (genes) do

    conjunto de dados utilizando o mtodo partitioned likelihood (uma partio por gene). Os

    parmetros foram estimados independentemente para cada partio de dados (nst=6;

    rates=invgamma). Foram realizadas duas anlises independentes, cada uma com 106

    geraes, sendo amostrada a cada 1000 geraes e com um tempo de burn-in

    determinado pelo tempo de convergncia dos valores de verossimilhana. Os valores de

    probabilidade posterior de cada n foram calculados combinando todas as rvores

    amostradas, desconsideradas aquelas da etapa de burn-in.

    Estimativas de Tempo

    As estimativas de tempo de divergncia entre linhagens foram obtidas utilizando o

    mtodo penalized likelihood que permite diferentes taxas de evoluo ao longo da

    filogenia, implementado pelo programa r8s 1.7 (Sanderson 2003). Foram utilizadas as

    topologias e comprimentos de ramos obtidos nas anlises de Mxima Verossimilhana.

    Para calibrar a rvore o n entre S. albigularis e S. scansor foi fixado utilizando a

    estimativa pontual obtida nas anlises realizadas com o programa IM (Hey e Nielsen,

    2004), conforme descrito no captulo 3.

    Para amostrar o erro das estimativas foram construdas 100 matrizes bootstrapped

    usando o programa CodonBootstrap 3.0b4 (J. P. Bolback, Codon Bootstrap v3.0b4

    distribudo pelo autor. Department of Biology, University of Rochester, Rochester, NY.

    2001). O tamanho de ramo foi estimado no PAUP v4.0b10 a partir de cada conjunto de

    dados bootstrapped na topologia de Mxima Verossimilhana usando os parmentros

    de verossimilhana estimados para as matrizes originais. As rvores com comprimento

    de ramos obtidas foram analisadas no r8s 1.7 e o desvio padro para cada n foi

    determinado utilizando o comando profile.

    Demografia Histrica

    As linhagens filogeogrficas identificadas com mais de cinco indivduos tiveram suas

    histrias demogrficas analisadas. Com este objetivo foram utilizados dois grupos de

    mtodos distintos: testes baseados em estatstica sumria e mtodo de coalescncia,

    baseado na amostragem de genealogias.

    Os testes estatsticos sumrios D de Tajima (Tajima 1989), Fs (Fu 1997) e R2 (Ramos-

    Onsins e Rosas 2002) foram aplicados para os genes mitocondriais concatenados (citb,

  • 36

    ND2 e ND3) e para o Fib7. A significncia dos valores obtidos foi determinada com base

    em 10.000 simulaes de coalescncia. Essas anlises foram realizadas utilizando o

    programa DnaSP 4.10 (Rozas et al. 2003).

    Para as anlises de coalescncia foram utilizadas as seqncias dos genes ND2, ND3, citb

    e Fib7. Foram obtidas estimativas de nveis de diversidade gentica ( - theta) e taxa de

    crescimento populacional exponencial (g) utilizando o programa Lamarc 2.0.2 (Kuhner,

    2006) para cada linhagem foram realizadas trs corridas independentes utilizando o

    mtodo de mxima verossimilhana. Para cada corrida foram realizadas cinco rplicas de

    anlises com 10 cadeias pequenas (500 genealogias amostradas a cada 20 interaes e

    um burn-in de 1000 genealogias) e duas cadeias longas (20000 genealogias amostradas

    a cada 20 interaes e um burn-in de 1000 genealogias). Nas anlises realizadas no foi

    considerado o efeito de migrao. Da mesma forma, o parmentro r tambm no foi

    considerado pois o resultado do teste phi no rejeitou a hiptese nula de no-

    recombinao.

    2.3 RESULTADOS

    Foram obtidas sequncias de parte do citb (1022 pb) para 100 indivduos, de todo o ND2


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