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IMPLEMENTAÇÃO DA COLETA SELETIVA DE LIXO NO
COLÉGIO ESTADUAL SÃO PEDRO APÓSTOLO –
XAXIM – CURITIBA - PR
Maria Benedita Tomba1 Maria de Fátima Ribeiro Raia2
RESUMO
Este artigo ressalta a questão dos resíduos sólidos produzidos no Colégio
Estadual São Pedro Apóstolo, Curitiba, - PR, abordando as ações
colaborativas para a prevenção do ambiente escolar, pelo fato de se
observar que o lixo produzido na escola é constituído de embalagens de
alimentos, geralmente calóricos e pouco nutritivos e essas embalagens
ainda podem causar doenças e atuar com mais um elemento poluidor do
ambiente escolar. A questão dos resíduos sólidos produzidos no Colégio
Estadual São Pedro Apóstolo suscitou a necessidade de despertar a
comunidade escolar para a responsabilidade com a separação adequada e
com a devida destinação dos resíduos. A metodologia utilizada foi uma
entrevista e questionário objetivo com os alunos do Ensino Fundamental e
médio, corpo docente, equipe pedagógica e administrativa, funcionários e
encarregados da limpeza e da merenda escolar, baseado nos alunos, por
não terem hábitos de coleta seletiva do lixo, projeto político pedagógico da
escola e projetos aplicados por professores na área ambiental em anos
anteriores, isto é, na observação dos espaços físicos da escola (pátio, salas
de aulas, secretaria, cantina, banheiros, etc.). Pretende-se com esse artigo
propor indagações do trabalho ambiental e até que ponto, os projetos que
foram desenvolvidos anteriormente conseguiram realmente sensibilizar os
alunos e os demais membros da comunidade escolar a respeito da produção
1 Maria Benedita Tomba - Professora PDE, lotada na Rede Estadual de Ensino desde 1987, graduada em
Química Licenciada e graduada pela PUC-PR. 2 Maria de Fátima Ribeiro Raia - Professora e Doutra em Engenharia Elétrica pela UFSC.
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e gerenciamento do lixo e, quais as necessidades para que a escola adote
de forma efetiva e integral o sistema de coleta seletiva do lixo?
Palavras Chaves: coleta seletiva, resíduos sólidos, educação ambiental,
saúde.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo trata da implementação da coleta seletiva no Colégio Estadual
São Pedro Apóstolo através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),
que envolve professores da rede pública estadual de ensino básico do Estado do
Paraná. O programa tem duração de dois anos, com liberação de 100% de carga
horária no primeiro ano e 25%, no segundo. Teve início em 2010, com a seleção de
1200 professores por meio de concurso interno, abrangendo todas as disciplinas da
grade curricular. Estes profissionais cumpriram uma carga horária de 952 horas,
envolvendo diversas atividades, tais como participação em seminários, cursos
específicos por área do conhecimento, realização de disciplinas isoladas junto às
Instituições de Ensino Superior (IES), encontros de orientação, elaboração e
aplicação de um “projeto para estudo” na escola e produção de materiais didáticos.
Outra atividade extremamente importante foi à participação nos “Grupos de
Trabalho em Rede” (GTR). Cada professor PDE assumiu um determinado número
de professores da rede pública estadual, com os quais promoveu uma discussão
do seu “Projeto de Estudo”, utilizando o ambiente virtual MOODLE.
A implementação do “projeto de estudo” na escola foi realizada no primeiro
semestre de 2011 envolvendo 120 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental e
algumas turmas do Ensino Médio.
LEVANTAMENTO DO PERFIL DA ESCOLA
O Colégio Estadual São Pedro Apóstolo, situado na Rua Primeiro de Maio,
1160, bairro Xaxim, município de Curitiba, Estado do Paraná. Direção Geral:
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Geovanna Marchiori, vice: Marcelo Baggio, Meiry Ellen Gonzáles de Medeiro e
José Prigol Neto. A escola conta com 120 professores, funciona nos turnos:
manhã, tarde e noite, e com cerca de 10 a 16 funcionários por turno, com 2135
alunos. Atualmente, a escola não está desenvolvendo nenhum projeto na área de
meio ambiente. Houve algumas tentativas de iniciar uma horta, mas sem
continuidade. Apesar de sua importância e viabilidade. A escola possui área verde
com árvores, jardim. O processo de separação de resíduos produzidos pela
comunidade escolar acontece de forma não organizada ou esporádica. O destino
dado aos resíduos coletados na escola é o orgânico, que vai para o lixo comum,
enquanto que plástico e outros para a reciclagem. A escola não realiza visitas de
campo para observar a realidade local e as questões socioambientais. Porém a
escola visitou com a participação dos alunos, os bosques e parques, a estação de
captação de água da SANEPAR, a estação do sistema de tratamento de esgoto e
abastecimento de água e ao aterro sanitário, a fim de sensibilizá-los com os
cuidados com o meio ambiente.
Para aplicação do questionário foi solicitado que os professores e
funcionários dedicassem uma atenção especial às perguntas e a contextualização
no ambiente escolar, ao todo foram oito professores e sete funcionários. Já com o
público os alunos foi separado dez por cento deles, duzentos questionários foram
aplicados para alunos do sexto ano e com parceria com a professora de Geografia
com alunos do segundo ano do ensino médio.
É importante ressaltar que a escola deve incentivar as práticas educativas
para o desenvolvimento pleno do ser humano, pois a mesma esta inserida no
contexto de uma comunidade, ampla e participativa, que sofre as consequências
com os maiores impactos ambientais, produzidos pela falta de saneamento dos
resíduos de forma adequado.
É necessário observar o espaço geográfico com dimensões: econômicas,
políticas, ambiental, social e cultural, pois os resíduos podem ser reaproveitados e
reciclados com o objetivo de contribuir para a preservação dos recursos naturais,
por ser uma forma das pessoas se organizarem e obterem renda e se preocuparem
com a vida presente e futura do planeta. Neste sentido o Colégio Estadual São
Pedro Apóstolo possui uma área verde com árvores e jardim, o que possibilita
melhor qualidade de vida e lazer no ambiente escolar.
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Este artigo pretende influenciar na reflexão da comunidade escolar sobre a
preservação do meio ambiente através da reciclagem e a melhoria na qualidade de
vida no cotidiano destes.
Com base na observação dos espaços internos e externos da escola e do
questionário feito aos segmentos desta, juntamente com análise do perfil da
situação da escola, um projeto sobre educação ambiental, no qual os alunos do
sexto ano e ensino médio serão convidados a participar de palestras, observação
de documentários, debates sobre os impactos ambientais e lixo. Posteriormente,
fará pesquisas junto aos profissionais de cooperativas de catadores de papel,
aterro sanitário e na culminância do projeto será realizado uma feira de trocas de
produtos contra o consumismo.
Com este projeto piloto será colocado questões ambientais no que diz
respeito à educação ambiental a toda comunidade escolar, inclusive convidando os
pais para participarem das palestras e da feira.
A sociedade como um todo enxerga o lixo como coisa suja que deve ser
levada para longe da área urbana, devido o mau cheiro e o seu possível estado de
contaminação e é assim que os educadores e alunos, também, o veem. Neste
sentido, faz-se necessário superar este olhar, pois os recursos podem ser
reaproveitados e reciclados com o objetivo de contribuir para a preservação dos
recursos naturais, além de ser uma forma de geração de renda para as famílias
que trabalham com a coleta seletiva de resíduos.
Ainda falta sensibilização e compreensão das questões relacionadas ao
lixo. Para que os cidadãos tenham consciência de como separar os resíduos e
porque fazê-lo, é preciso criar ações e projetos que trabalhem e eduquem a
respeito da questão ambiental. Um dos lugares mais importantes para iniciar este
trabalho é no espaço formal de educação, a escola.
O ambiente escolar é feito por pessoas que convivem e interagem entre si. A
melhoria das relações humanas e naturais só pode ser adquirida através de um
espaço sadio, onde se possa aprender conhecer e a praticar a interação do homem
com o meio ambiente no qual está inserido.
Desta forma, sendo assim, o objetivo deste artigo é ressaltar a importância
da educação ambiental, com o foco no consumo consciente e na separação dos
resíduos, para a comunidade escolar.
Este artigo é importante para chamar a atenção sobre a questão ambiental
na escola, através da aplicação dos questionários, verificou-se o interesse de
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outros professores e a direção em buscar mais informações com ênfase a
reciclagem, inclusive foi buscada em ONGs, panfletos sobre atividades que
pudessem ser aplicadas no ambiente escolar.
A realização da coleta seletiva na escola colabora com o desenvolvimento
da educação ambiental, já que introduz elementos de uma problemática própria da
cidade e do espaço para atitudes concretas que revertem seus resultados. Além
disso, a escola é uma via importante de acesso à comunidade, possibilitando
assim, a ampliação e interação do trabalho neste local.
Deve haver uma preocupação constante da sociedade com a seleção da
reciclagem e adequada gestão de resíduos. Pois é a comunidade que sofre com o
destino inadequado destes materiais que são de diversos tipos: domésticos,
industriais, da saúde, e que podem contaminar as águas, o ar e o solo, causando
vários tipos de doenças para a população em geral e para o meio. Segundo Dias
(2001), p. 287.
“Na maioria das vezes o destino do resíduo é restringido à
coleta onde é transportado para um lixão e depositado em céu aberto.
Este local é o ambiente adequado para ser o criadouro de mosquitos,
baratas, roedores e outros animais que são responsáveis pela
transmissão de diversas doenças além da contaminação do solo do ar
e das águas. Os locais onde são depositados os lixos são chamados
tecnicamente de aterros sanitários, geralmente são utilizados de
forma inadequada sem as devidas especificações técnicas, sendo
pontos privilegiados de ataque aos lençóis da água subterrâneos.”
1. DESENVOLVIMENTO
Este trabalho fundamenta-se na ideia de que a escola deve contribuir para a
formação de cidadãos conscientes e críticos diante das decisões a serem tomadas.
A escola tem como função de criar condições para que as pessoas possam
aprender os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão
da realidade e de participação nas relações políticas e culturais. A escola faz parte
de um objeto, seja de educação da população e agentes históricos participativos e
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criativos da sociedade, ou de promover objetivos de manutenção da ordem
instituída, o que é importante e que por isso assume um caráter político. É a
realidade do aluno, o ponto de partida e de chegada para a construção de novos
conceitos da questão ambiental (LOMBARDO, 2000).
De acordo com Saviani (1979), num processo educativo, parte do
conhecimento e da prática social dos alunos e do professor, é problematizar o
assunto, ou seja, identificar as questões que precisam ser resolvidas e quais
conhecimentos deverá ser necessário dominar. Desse modo, os alunos
participantes terão instrumentos teóricos e práticos para que se apropriem neste
momento das ferramentas culturais necessárias para a superação do estágio de
conhecimento em que se encontram. Adquiridos os instrumentos básicos, ainda
que parcialmente, é chegada a hora da expressão elaborada da nova forma de
entendimento da prática social a que se acendeu, este momento é chamado
catarse. O ponto de chegada da própria prática social reelaborada, no momento em
que os alunos apresentam uma concepção orgânica do problema inicial.
1.1 A HISTÓRIA DO LIXO E DA RECICLAGEM
Na virada do novo século muitas novidades apareceram com relação ao
gerenciamento ambiental, principalmente do lixo, onde os espaços físicos estão
ficando cada vez mais escassos para sua localização. De algumas décadas
passadas até hoje, criou-se no planeta uma consciência ecológica muito grande,
que tomou conta de muitos países, particularmente daqueles mais avançados
tecnologicamente com a conscientização ambiental crescendo para a redução da
quantidade de lixo despejada nos aterros e lixos a céu aberto.
O sistema de reciclagem do papel vem evoluindo e a descoberta da
biodegradabilidade total em aterros, ao contrário do que se pensava, trouxe mais
importância a esse assunto.
Nos últimos vinte anos, o Brasil mudou seu tipo de lixo. O crescimento
acelerado das cidades e ao mesmo tempo, a mudança de consumo das pessoas,
trouxeram fatores que vem gerando um lixo diferente daquele que as cidades
brasileiras produziam há quarenta anos. O lixo atual é diferente na quantidade e
qualidade, em volume e em composição.
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Atualmente, cada vez mais as populações dos municípios brasileiros
concentram-se nas cidades. A industrialização traz consigo, naturalmente,
materiais a serem descartados; assim como o aumento do consumo atrelado ao
crescimento populacional é gerado cada vez mais lixo na mesma proporção
(GRIPPI, 1997).
De acordo com Grippi (1997), das cidades mais populosas até as mais
carentes, um número crescente de pessoas e administrações municipais está se
esforçando para encontrar as melhores soluções para as questões do lixo urbano.
Esses problemas são geralmente novos, e comparados há quatro décadas e,
infelizmente, não se resolvem sozinhos. As situações são bem diferentes de
município para município. Porém, pode-se garantir que, diante de recursos
humanos e materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada
administração pública, sua dificuldade será sempre grande. De maneira diferente,
os problemas do lixo vêm incomodando hoje, da mesma forma que no passado,
diversas cidades brasileiras, e, dessa forma, afligindo mais fortemente as
prefeituras a quem cabe gerenciar adequadamente o lixo urbano.
Segundo o sanitarista Lima (1995), o lixão também denominado de lixeira ou
vazadouro. É do tipo de aterro comum, prejudicial ao homem e ao ambiente, pois
se caracteriza pela simples descarga de lixo sem tratamento, fora das normas de
engenharia e padrões de segurança preestabelecido, faltam recursos e tecnologias
para investimento em aterros sanitários licenciados e oficiais, e incrementar a
coleta seletiva, propiciando a reciclagem.
Dessa forma, pode-se perceber que ainda há muito que fazer no Brasil para
que bons exemplos sustentáveis possam ser mostrados. Alguns municípios
brasileiros apresentam verdadeiras mazelas ambientais com relação ao
gerenciamento de seu lixo urbano (GRIPPI, 1997).
2.1.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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A Lei nº 9.795, de 27/04/1999, do Governo Federal, que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental, inseriu diversas responsabilidades no âmbito da
educação ambiental.
A palavra “educação” sugere que se trata de uma troca de saberes e de uma
relação do indivíduo com o mundo que a cerca e com os outros indivíduos. O
adjetivo “ambiental” tempera essa relação inserindo a percepção sobre a natureza
e as formas como os humanos interagem entre si e com ela.
Em outras palavras, a educação ambiental busca a formação de sujeitos a
partir do intercâmbio com o mundo e com os outros sujeitos.
A educação ambiental não pode ficar apenas nas questões referentes à
preservação da natureza, isolada da sociedade, mais precisa ser desenvolvida
priorizando os problemas socioeconômicos globais, voltando-se rara a realidade
local. A problemática do lixo urbano envolve questões políticas, sociais e
ambientais. Abrange uma soma de fatores que não podem deixar de ser discutidos
em sala de aula. Portanto, discutir qualquer tema de educação ambiental implica
em discutir a política social, pois segundo Walkman (2002) “É impossível discutir
com neutralidade o meio ambiente”.
A educação ambiental tem a importante percepção da necessária integração
do ser humano com o meio ambiente, através de uma relação harmoniosa,
consciente do equilíbrio dinâmico na natureza, que possibilite, por meio de novos
conhecimentos, valores e atitudes, a inserção do educando e do educador como
cidadãos no processo de transformação do atual quadro ambiental do nosso
planeta (GUIMARÃES, 1995).
Tais conceitos nos levam a pensar em desenvolver ações para solucionar os
problemas ambientais cotidianos, dando uma visão interdisciplinar, com a
participação da comunidade focalizando as consequências para o presente e o
futuro deste meio.
2.1.3 CONSUMO CONSCIENTE
O consumo segundo a cartilha de Economia Solidária, 2009, (Outro Mundo é
Possível – CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS CATEQUISTAS FRANCISCANAS E
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CEFÚRIA p. 22 e 25) diz que segundo o Dicionário Aurélio, consumo é a utilização
de mercadorias e serviços para a satisfação das necessidades humanas. O
consumo faz parte da cadeia produtiva, ou seja, o caminho que os produtos
percorrem desde a extração da matéria prima para a produção até o retorno à
natureza: extração, produção, destruição, consumo e o retorno à natureza.
Em todas essas etapas, existe o trabalho, uma atividade digna ou não.
Tipos de consumo: consumo alienante, quando a compra se dá por influência da
mídia; consumo compulsório, quando compra devido a ofertas sem se preocupar
com a qualidade; consumo para a mediação do bem viver, quando se compra o
necessário e com qualidade sem influência da mídia e moda; consumo solidário;
quando se leva em conta a preocupação com a natureza e a qualidade de vida
para a comunidade, fortalecendo a economia solitária.
Segundo a cartilha “Outro Consumo é Possível”, Cefúria, 2009, consumismo
é quando se busca a satisfação comprando coisas que não são necessárias.
Pessoas consumistas gastam tudo o que tem para obter coisas supérfluas que,
muitas vezes, ficam guardadas sem uso. Existe uma doença do consumismo ou
ovniomania – que atinge principalmente as mulheres. Comparada à dependência
de drogas disponíveis no site –
htt.//www.adroga.casadia.org/grupos/devedoresanonimos.htm acessado em
08/02/2009.
Enquanto cidadãos será que a sociedade consome somente o que precisa?
Aí está o grande problema, as pessoas são induzidas a comprar e a
consumir sempre mais, sem pensarem no quanto de resíduos que estão
produzindo. Para os fabricantes a mídia, o importante é que a roda da economia
gire, com produtos que têm vida útil cada vez menor fazendo com que os
consumidores tenham que trocá-los seus produtos a cada período, mesmo sem a
devida necessidade. Na forma de consumo solidário todos são incentivados a
transformar suas atitudes e hábitos, pois a recuperação com o meio ambiente esta
presente bem como com as pessoas. Na qual propõem a economia solidária em
contraposição ao sistema econômico atual.
Existem muitas diferenças entre economia solidária e o capitalismo. Na
economia solidária (utiliza-se o “nós”, tudo pela vida, solidariedade, fraternidade,
cooperação para acolher e agregar pessoas ou grupos, trabalho humano é
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construtor da vida, partilha os bens, propriedade coletiva, natureza é vida e precisa
ser cuidada, autogestão, homem e mulher participam em igualdade). No sistema
capitalista: (utiliza-se o “eu”, tudo pelo lucro e a propriedade, esperteza, egoísmo e
individualismo, competição e concorrência para eliminar pessoas ou grupos;
trabalho humano é mercadoria, acumulação de riqueza, propriedade privada,
natureza é mercadoria e precisa ser explorada, hierarquia, patriarcado).
2.1.4 NOÇÕES BÁSICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Sistemas de vida:
A educação ambiental enfatiza as regularidades, e busca manter o respeito
pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas da Terra. O dever de
reconhecer as similaridades globais se interage efetivamente com as
especificidades locais, é resumido no seguinte lema: Pensar globalmente, agir
localmente (AMBIENTE BRASIL, 1992).
Há três níveis de sistemas distintos de existência:
Físico: planeta físico, atmosfera, hidrosfera (águas) e litosfera
(rochas e solo), que seguem as leis da física e da química;
Biológico: a biosfera com todas as espécies da vida, que obedecem
as leis da física, química. Biologia e ecologia;
Social: o mundo das máquinas e construções criadas pelo homem,
governos e economias, artes, religiões e culturas que seguem leis da física, da
química, da biologia, da ecologia e também leis criadas pelo homem.
Ciclos:
O material necessário para a vida (água, oxigênio, carbono, nitrogênio)
passa através de ciclos biogeoquímicos que mantêm a sua pureza e a sua
disponibilidade para os seres vivos. O ser humano está apenas começando a
planejar uma economia industrial complexa, moderna e de alta produtividade que
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assegura a necessidade de reciclagem no planeta. Nos ecossistemas, os
organismos e o ambiente se interagem promovendo trocas de materiais e energia
através das cadeias alimentares e ciclos biogeoquímicos.
Crescimento Populacional e Capacidade de Suporte
A capacidade de suporte para a vida humana e para a sociedade é
complexa, dinâmica e varia de acordo com a forma segundo a qual o homem
maneja seus recursos ambientais. Ela é definida pelo seu fator mais limitante e
pode ser melhorada ou degradada pelas atividades humanas.
Desenvolvimento Socialmente Sustentável
A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a
educação e o fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentável não é
centrado na produção, e sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só nos
recursos e ao meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do
local onde ele ocorre.
A tabela 1 mostra as características dos ecossistemas urbanos.
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Tabela 2.1 Características dos Ecossistemas Urbanos
Ecossistemas naturais Ecossistema ecológicos
ENERGIA
São sustentados por uma fonte ilimitada de
energia: radiação solar.
Atualmente sustentados por uma fonte finita de
energia: combustíveis fósseis.
Não acumular energia em excesso. O consumo excessivo de combustíveis fósseis libera
muito calor para a biosfera e altera a temperatura.
Nas cadeias alimentares, cerca de 10
calorias de um organismos são necessárias
para produzir 1 caloria do outro.
Nas cadeias alimentares são necessárias 100 calorias
de combustível fóssil para produzir 10 calorias de
alimentos que irão gerar uma caloria no homem.
EVOLUÇÃO
A evolução biológica adapta todos os
organismos e os seus sistemas de suporte
aos processos que sustentam a vida.
A evolução cultural atualmente subordina os
organismos e os sistemas de suporte da Terra aos
processos que sustentam a tecnologia.
POPULAÇÃO
Mantém os níveis de população de cada
espécie centro dos limites estabelecidos
pelos controles e balanços naturais,
incluindo fatores como alimento, abrigo,
doenças e presença de inimigos naturais.
Permite que as populações cresçam tão rapidamente
quando podem aumentar a disponibilidade de
alimentos e abrigo, e elimina inimigos naturais e
doenças viam biocidas e medicamentos.
COMUNIDADE
Apresenta uma grande diversidade de
espécies que vivem nos limites ao local dos
recursos naturais.
Tende a excluir a maioria das espécies e é sustentada
por recursos provenientes de áreas além das áreas
locais.
INTERAÇÃO
As comunidades são organizadas em torno
das interações de funções biológicas e
processos. A maioria dos organismos
interage com uma grande variedade de
outros organismos.
As comunidades são organizadas de modo crescente,
em torno de interações de funções e processos
tecnológicos.
EQUILÍBRIO
São imediatamente governados por
processos comuns, naturais, de controle e
equilíbrio, incluindo a disponibilidade de luz,
alimentos, água, oxigênio, habitat e a
presença ou ausência de inimigos naturais e
doenças.
São imediatamente governados por um conjunto de
competições de controle cultural e equilíbrio, inclusive
de ideologia, costumes, religião, leis, políticas e
economias. Esse acordo considera um pouco, ou
não considera os requerimentos para a sustentação
da vida, que não seja humana.
FONTE: Ambiental Brasil, 2011.
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3. COLETA SELETIVA DO LIXO
A coleta seletiva, que consiste basicamente na separação dos materiais que
serão jogados no lixo, é a maior aliada dos programas de reciclagem.
O processo pode ser realizado nas escolas, nas casas, escritório, lojas
restauradas ou qualquer tipo de estabelecimento que queira participar de uma
campanha dessa natureza. Para tanto, as pessoas devem ser bem orientadas,
separando corretamente os materiais usados na reciclagem, como o papel,
papelão, vidros, plásticos e latas.
Segundo Branco (1992), no Brasil os detritos orgânicos não fazem parte da
coleta seletiva, ao contrário que na Alemanha, e outros países europeus que
encaminham essa fração do lixo diretamente para a compostagem. Para isso os
restos de comida e outros rejeitos como roupas velhas e objetos pessoais, são
retidos pela coleta regular do bairro e normalmente encaminhados aos depósitos
de lixo.
Existem duas maneiras mais comuns pelas quais o lixo reciclável sai da
fonte geradora e chega às usinas de reciclagens:
1. um caminhão de coleta seletiva especial passa pelas ruas, em dias
predeterminados, e recolhe o material reciclável. Em geral são
distribuídas embalagens plásticas às populações, mas essa prática
não é aconselhável, pois torna o procedimento, mas caro, além de
gerar maior quantidade de resíduos. Nas centrais o conteúdo é
separado manualmente por funcionários e agrupado de acordo com
sua categoria.
2. grandes recipientes de coleta são colocados nos parques, praças,
clubes, escolas. Ou outro ponto de fácil acesso para os moradores.
Os locais escolhidos são chamados de pontos de entrega voluntários
e geralmente possui quatro contêineres de cores padronizadas
internacionalmente: o verde é para o vidro, o azul recebe papel e
papelão, o vermelho é destinado aos plásticos, e o amarelo aos
metais. Inicialmente, o programa pode incluir um único produto,
abrangendo uma área da cidade.
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Embora o programa de coleta seletiva seja divulgado e implantado em um
número pequeno de comunidades, a tendência é sua expansão em escala cada
vez maior. As principais dificuldades encontradas, atualmente, devem-se à falta de
conhecimento por parte da população, a distância das indústrias consumidoras de
matéria prima e a inexistência de uma política para esse setor (CAVINATO, p.77,
1992).
A cidade de Curitiba foi a primeira capital brasileira, a implantar a coleta
seletiva do lixo desde 1989, visando a reciclagem de materiais. Hoje, o programa
“Lixo que não é Lixo” abrange 100% da cidade. Como mostra a figura 1 da Rota do
Lixo, caminho que o lixo percorre até chegar à reciclagem.
Figura 3.1 Rota do Lixo
Fonte: CEMPRE, 2011.
O lixo reciclável recolhido é encaminhado à usina de valorização de
materiais, onde é separado e encaminhado para a comercialização. Os recicláveis,
também, podem ser trocado por alimentos, por meio de um Programa Câmbio
Verde: quatro quilos de material reciclável valem um quilo de alimentos.
Além da coleta seletiva, a capital paranaense faz uma coleta específica para
lixo tóxico domiciliar, como pilhas, baterias e remédios. O lixo comum é destinado
ao aterro sanitário, que podem receber os resíduos de mais quatorze municípios de
região metropolitana (CEMPRE/ITP, 1995).
Como e por que separar o lixo?
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Uma proposta é a conscientização dos três erres: redução, reaproveitamento
e reciclagem.
Segundo o livro “Contribuindo Um Ambiente Saudável”, p.27, lançado pele
prefeitura de Curitiba juntamente como Ministério da Saúde, sobre reciclagem e
sua importância – A Natureza funciona fazendo do resultado de um processo, o
alimento para outro: isto é necessário num planeta materialmente fechado. Uma
folha morta no solo de uma floresta é alimento para um fungo: o fungo pode ser
alimento para um micro-organismo do solo: o excremento desse micro-organismo
fornece nutrientes aproveitáveis pela raiz de uma planta: a planta é ingerida por um
inseto, o inseto por um passarinho, cujos resíduos são atacados por bactérias: a
matéria orgânica morta torna-se húmus pra o solo, que vai liberando, lentamente,
nutrientes para as plantas, e assim por diante. Não podemos esquecer que o ser
humano também faz parte da natureza, interagindo com ela, mesmo quando
“isolado”, no centro de uma cidade, no vigésimo andar de um prédio. O que seria
do ser humano sem o oxigênio, água, carbono, energia solar, fotossíntese,
plâncton...?
Nós também participamos de forma integrada dos ciclos da água, do
carbono, do oxigênio, assim como os diferentes seres que habitam o Planeta. A
ação do homem moderno tem interferido negativamente neste sistema: muitos
recursos que tiramos do planeta não fornecem dois ou mais safras, por exemplo,
os minérios. O sistema produtivo adotado pelo capitalismo, que enfocamos seus
aspectos econômicos ou culturais, explora os recursos naturais finitos no planeta,
extraindo-os e consumindo-os, visando à geração de produtos para o consumo.
Observa-se que há muitos materiais que não podem ser reciclados, por este
motivo cabe aos cidadãos evitar o desperdício e se conscientizar da importância de
consumir menos.
O Japão é o maior exemplo de “lixo tecnológico” de mundo, onde se
encontram aparelhos eletrônicos mais ou menos em bons estado de conservação.
O consumo neste país se torna oneroso para a sociedade como um todo, para a
natureza e, por fim, para o consumidor, o que acaba incluindo as populações de
baixa renda dessa modalidade de consumo. A população dos bairros mais pobres,
impossibilitadas de participar desse caro modo de vida, limita-se a consumir os
produtos básicos de sobrevivência, principalmente os alimentos.
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Para os países do terceiro mundo, o problema é ainda mais grave, visto que
neles, além do crescimento populacional ser mais acelerado do que nas nações do
primeiro mundo, as populações tendem se concentrar em regiões metropolitanas,
formando um “amontoado”. Os pobres contribuem para a produção de lixo e são
obrigados a conviverem com ele (SCARLARO; PONTIN, 1992, p. 53).
As soluções encontradas pelo ser humano para o acondicionamento, coleta,
transporte e destino final do lixo apresentam vários inconvenientes e requerem
aprimoramento. Da mesma forma que o esgoto, a remoção e o destino final do lixo
produzido em zonas d baixa populacional podem ser solucionados individualmente.
Nos grandes centros urbanos, porém é imprescindível a existência de um sistema
público eficiente que colete, transporte e dê um destino aos resíduos sólidos.
Os aspectos da coleta seletiva consistem na qualidade dos materiais
recuperados, uma vez que estão menos contaminados pelos outros materiais
presentes no lixo; estímulos à cidadania, pois a participação da popular reforça o
espírito comunitário e envolve a população na solução do problema; permite maior
flexibilidade, uma vez que pode ser feita em pequena escala e ampliada na medida
em que haja necessidade; permitem parcerias com catadores, cooperativas,
empresas, associações ecológicas, escolas, sucateiros; redução do volume de lixo
que deve ser disposto em aterro (OLIVEIRA; CARVALHO, 2004, p. 90).
O benefício do sistema de coleta seletiva pode ser medida. Como meta
principal do programa de coleta seletiva é a redução de material a ser enviada para
os aterros, é importante, portanto, medir o seu composto. A equação seguinte
mostra como fazer isto:
Os tipos de reciclagem recomendados para a realidade brasileira,
otimizando sempre enviar o mínimo de materiais para aterros, são a compostagem
(reciclagem de matéria orgânica), a reciclagem dos materiais propriamente ditos
(papel, plástico, vidro e metal) e, por fim, a destruição através da incineração
(CEMPRE/ITP, 1997).
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3.1 - COMPOSTAGEM
É um composto biológico de decomposição de matéria orgânica contidas em
restos de origem animal ou vegetal. Este processo tem como resultado um produto
que pode ser aplicado para melhorar suas características produtivas, sem
ocasionar riscos ao meio ambiente.
Há muito tempo no Brasil, a compostagem é praticada no meio rural,
utilizando-se dos restos vegetais e esterco animal. Pode-se também utilizar a
fração orgânica do lixo doméstico domiciliar, desde que de forma controlada. No
contexto brasileiro, portanto, a compostagem tem grande importância, já que cerca
de 70% do lixo municipal é constituído de matéria orgânica.
As grandes vantagens da compostagem são: economia de aterro:
aproveitamento agrícola de matéria orgânica, reciclagem de nutrientes para o solo;
processo ambientalmente seguro; eliminação patogênica veiculada por vetores
nocivos ao homem.
O método natural da compostagem consiste na fração orgânica do lixo que
é levada para um pátio e dispostos em pilhas de formato variável. A aeração
necessária para o desenvolvimento do processo de decomposição biológica é
conseguida por revolvimento periódico do material, com auxílio de equipamentos
apropriados. O tempo para que o processo se complete pode variar de três a
quatro meses.
O método acelerado consiste em proporcionar uma aeração forçada por
tubulações perfuradas sobre as quais se colocam as pilhas, ou em reatores
rotatórios, dentro dos quais são colocados resíduos, avançando no sentido
contrário ao da corrente do ar. Posteriormente, são dispostos em pilhas como no
método natural. O tempo de resistência total da compostagem acelerada pode
variar de dois a três meses.
O lixo que serve para compostagem é aquele oriundo do uso domiciliar,
podendo ainda ser constituído por folhagens, podas de árvores. O lixo do tipo
industrial e hospitalar não pode ser usado nesta forma de reciclagem. Uma forma
de otimizar o processo de compostagem, no âmbito da administração municipal,
principalmente aquelas em ares potencialmente agrícolas (CEMPRE, 1997).
18
3. 1. 2 RECICLAGEM
Papel
O papel é um composto por fibras de celulose. No Brasil, em torno de 80%
do total de pasta celulósica produzida provém da madeira, sendo os 20% restantes
obtidos de outras matérias-primas fibrosas, inclusive de aparas de papel. As fibras
de madeira no país são obtidas de áreas reflorestadas, que se mantêm sempre
produtivas, visando especificamente à produção de celulose. Algumas espécies de
vegetais mais usadas pela indústria para a transformação da celulose são os
eucaliptos e o pinus. Desde 1993, a indústria brasileira de papel e celulose tem
plantado cerca de 135 milhões de árvores dessas duas espécies.
Os papéis são fabricados de acordo com formulações específicas, a fim de
atenderem ás características necessárias para a finalidade a que se destinam.
Assim, além de sua matéria-prima básica, a celulose pode conter, ainda, aditivos,
colas, pigmentos minerais, filmes metálicos, parafina, silicone e outros.
Quanto à reciclagem do papel, o processo pra a obtenção da pasta
celulósica depende do tipo de apara a ser processada e do tipo de produto a ser
fabricado. Porém, de modo geral, apresentam as seguintes operações:
desagregação, limpeza/depuração, destintamento, refinação, adição de fibras e
adição de produtos químicos. As grandes vantagens da reciclagem do papel são:
redução do envio do lixo para o aterro; economia de matéria-prima; economia de
energia e água (CEMPRE, 1993).
Plástico
São materiais produzidos a partir de resinas sintéticas, conhecidas como
polímeros, derivados do petróleo. O grande desafio enfrentado, atualmente, com
relação à disposição final do plástico, encontra-se no fato de sua resistência à
biodegradação, devido principalmente a sua natureza química. Uma das soluções
que vêm ganhando apoio de grande número de entidades envolvidas com a gestão
ambiental refere-se ao reaproveitamento do plástico descartado no lixo urbano.
Constituído em sua maior parte por embalagens descartáveis, o plástico
representa um volume significativo no lixo. Embora represente somente 4 a 7% em
massa, os plásticos ocupam de 15% a 20% do volume de lixo, o que constitui para
19
que aumentem os custos de coleta, transporte e disposição final. Quando o lixo é
depositado em lixões, o problema principal relacionado ao material plástico é a sua
queima indevida e sem controle, o que acaba causando poluição do ar,
principalmente, porque esta queima gera fumaça negra e liberação de gases
tóxicos. Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua
compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente
degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e
gases no interior do aterro.
A queima indiscriminada de plásticos pode trazer sérios prejuízos às
pessoas e ao ambiente, pois alguns tipos de plásticos ao serem queimados geram
gases tóxicos como o PVC (policloreto de vinila) que ao ser queimado libera cloro,
que pode formar ácido clorídrico, extremamente corrosivo e também, dioxinas,
substâncias altamente tóxicas e cancerígenas (CEMPRE, 1995).
O consumo de plástico no Brasil, apesar de recessão, vem crescendo. A
tendência é de aceleração do consumo, na medida em que houver retomado ao
crescimento econômico do país.
Vidro
É um material obtido pela fusão de compostos inorgânicos a altas
temperaturas e resfriamento da massa resultante até um estado rígido. O principal
componente do vidro é a sílica. As matérias-primas necessárias a industrialização
do vidro são: areia. Barrilha, calcário e feldspato.
O vidro, no que se refere a produção, pode servir para: vidro de embalagens
(garrafas, potes, vasilhames), vidro plano (temperado ou laminado muito utilizado
na indústria automobilística), vidro doméstico (copos, pratos, travessas), fibras de
vidro (mantas, tecidos, lã de vidro) e vidros técnicos (lâmpadas, tubos de TV,
vidraria de laboratório).
O vidro é fantástico: é 100% reciclável. Para cada tonelada de caco de vidro
limpo, uma tonelada de vidro novo é feita, e mais, 1,2t de matéria-prima virgem
deixam de ser gasta. A inclusão do caco de vidro no processo normal de fabricação
de vidro reduz sensivelmente os custos da produção. Em termos de óleo de
combustível e eletricidade, apenas 2,5% da energia necessária para fusão nos
fornos industriais. Outra grande vantagem apresentada pelo vidro é que ele pode
ser reciclado infinito vezes, mantendo sempre qualidade do produto (LIMA, 1988).
20
Metais
Os metais são classificados quanto a sua composição, em dois grandes
grupos: os ferrosos e os não ferrosos como mostra a tabela 2.
Tabela 2 – Metais ferrosos e não ferrosos e suas aplicações
Tipos Aplicações
Ferrosos
Ferro Utensílios domésticos, ferramentas, peças de automóveis, estruturas de edifícios,
bebidas;
Não Ferrosos
Alumínio Latas de bebidas e esquadrias;
Cobre Cabos telefônicos e enrolamentos elétricos, encanamentos;
Chumbo Baterias de carros, lacres;
Níquel Baterias de celular;
Zinco Telhados, baterias;
Fonte: Portal São Francisco, 2001.
A reciclagem dos metais é muito antiga, sendo que no Brasil ela chegou com
os imigrantes europeus. Uma das mais importantes vantagens da reciclagem dos
metais é a economia de energia, quando se compara sua produção desde a
extração do minério e o beneficiamento. Sua reciclagem ocorre em diferentes
unidades industriais dependendo do tipo.
Alumínio
O alumínio é produzido pela eletrólise da alumina, obtida do minério bauxita.
Aproximadamente 4 toneladas de bauxita são necessárias para a produção de 1
tonelada de alumínio, que é suficiente para a produção de 60.000 latas de bebida
de 33 cl. A produção de alumínio requer grande quantidade de energia: para a
produção de uma tonelada do metal, são necessários cerca de 16.000 quilowatts e
o equivalente a 1,7 toneladas de petróleo. O uso de material reciclado pode
economizar até 95% de energia, sem se considerar, entretanto aquela consumida
na coleta e separação do material usado. O uso do alumínio em embalagens
apresenta vantagens óbvias do ponto de vista de peso, que irão se refletir na
energia gasta em transporte. A comparação, entretanto, com outros tipos de
21
embalagens, é motivo de grandes debates, já que a avaliação de todas as variáveis
envolvidas é extremamente complicada.
A Associação Europeia de Alumínio formou um Grupo de Alumínio e
Ecologia que pretende estudar o assunto e esclarecer algumas questões, avaliando
o ciclo completo do material em todos os produtos em que é usado, desde latas de
bebidas até carrocerias de veículos. Seus resultados, entretanto, levarão ainda
algum tempo para serem conhecidos devido à dificuldade de se levantar dados e
de se desenvolver uma metodologia apropriada para esta avaliação. Também do
ponto de vista ambiental, é difícil avaliar os impactos decorrentes do uso do
alumínio.
Para se ter uma ideia das possíveis variações das análises sobre este tema,
basta que examinemos os seguintes casos: a produção de uma lata de 33 cl na
Inglaterra, usando alumínio fundido na Noruega, a partir da energia hidroelétrica, e
posteriormente laminado na Alemanha, liberará 110 gramas de CO2 (equivalente a
6,5 toneladas de CO2 por tonelada de alumínio). Se a mesma lata, entretanto, for
produzida na Alemanha, usando-se carvão como fonte primária de energia, haverá
uma liberação de 280 gramas de CO2, valor este que será ainda maior se o
alumínio for produzido na Tchecoslováquia, usando-se carvão de pior qualidade
(Ache tudo e região, 2007).
4 . C A S O S D E S U C E S S O S D E R E C I C L A G E M E M
E S C O L A S
Se determinada escola está interessada em iniciar um programa de coleta
seletiva, em primeiro lugar deve-se procurar saber se há um ponto de entrega
voluntária da prefeitura ou particular nas proximidades do estabelecimento.
Para implantar a coleta seletiva, devem ser providenciados recipientes
adequados ao acondicionamento dos diferentes resíduos, que serão deixados no
pátio ou em local de fácil visualização e acesso. Os recipientes de coleta podem
ser improvisados com tambores de metal de 200 litros, dotados de alças, tampas e
identificados nas cores-padrão. Como mostra a figura 2, cores de latas de lixo
especial para coleta seletiva.
22
Figura 4.1 Tambores padronizados para reciclar
Fonte: RECICLAR, 2008.
Algumas escolas incentivam os alunos a trazer, também, o lixo de casa. Por
uma questão de higiene, é importante que as embalagens de alimentos, como, por
exemplo, os saquinhos de leite e os frascos de refrigerante, sejam lavados, ainda,
nas residências, antes de seguirem para a reciclagem.
Em Andradina, por exemplo, cidade no interior de São Paulo, os alunos de
uma escola desenvolveram uma pesquisa bem interessante: durante três dias, eles
coletaram o lixo produzido nas salas de aula, no pátio, na cozinha e nos banheiros,
separando os diferentes tipos de materiais quantificando cada um deles. Ao final
desse período foi possível avaliar a composição do lixo nos diversos setores do
estabelecimento.
E preciso salientar que os estabelecimentos de ensino são tradicionalmente
grandes consumidores de papel e papelão, o que torna interessante o
reaproveitamento da matéria-prima gerada no próprio local. Como exemplo pode
ser citado uma escola do município de Santa Maria Madalena, no Estado do Rio de
Janeiro, que reaproveita praticamente todas as embalagens de materiais didáticos
ou de merenda escolar. Assim, sacos plásticos de arroz e farinha são usados para
transportar objetos; latas de alimento são distribuídas às famílias dos alunos para
armazenagem de grãos; caixas de papelão servem para guardar artigos e
trabalhos escolares, e embalagens de conservas recebem mudas de plantas.
Entretanto, o aspecto principal da implantação de programas dessa natureza
está ligado ao trabalho educacional; que envolve esclarecimentos a todos os
alunos e às suas famílias, indiretamente a respeito dos objetivos sociais,
econômicos e ambientais da reciclagem, ampliando o nível de conscientização da
sociedade (CEMPRE, 1998).
23
Reciclar na escola é outro exemplo de sucesso implantado em março de
2008, esta transformando a questão do lixo em um tema em sala de aula. O
projeto, desenvolvido em conjunto pela CODECA, Companhia de Desenvolvimento
de Caxias do Sul e as Secretarias de Educação (SMED) e Meio Ambiente
(SEMMA), ensina os alunos a separar o lixo orgânico dos resíduos seletivos e
busca conscientizar as crianças sobre a importância de preservar a natureza.
Além da capacitação das coordenadoras pedagógicas, as escolas recebem
cartazes, um CD com informações sobre a separação correta e uma faixa
promocional do Reciclar na Escola. No começo de abril, 2008, foram distribuídos
nas escolas contêineres amarelos, para resíduos seletivos, e contêineres verdes e
lixeiras especiais, para o lixo orgânico, como mostra a figura 3, os contêineres
utilizados para fazer a coleta mecanizada em Caxias do Sul.
Figura 4.2 Contêineres coloridos
Fonte: RECICLAR NA ESCOLA – CODECA, 2001.
O programa atinge as 89 escolas municipais. Os mais de 37 mil estudantes
da rede pública de ensino de Caxias do Sul aprendem como reciclar os resíduos,
como plásticos (copos, garrafas PET, sacolas), metais (latinhas de bebidas e
enlatados em geral), vidros (copos, garrafas e potes) e papéis (papelão, jornais,
revistas, folhas e cartazes), através da capacitação feita pelos coordenadores
pedagógicos das escolas. Os alunos têm a missão de levar a ideia para suas
casas, repassando as informações para familiares e vizinhos.
5. OBJETO DE ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL SÃO PEDRO
APÓSTOLO
24
Resultado da análise do questionário e da entrevista
De acordo com a mostra de 10% dos profissionais da escola, em torno de 15
entrevistados, a maioria afirma conhecer sobre a coleta seletiva, enfatizando a
importância da coleta. Sobre a coleta seletiva em suas casas o público entrevistado
faz sempre, já a coleta seletiva no ambiente escolar poucos disseram não fazer.
Quando perguntamos sobre a limpeza da escola, o público entrevistado disse estar
satisfeito, e quanto ao destino do resíduo da escola, pouco souberam responder.
Em se tratando dos projetos ambientais, na escola, disseram que gostaria de
participar, e quanto aos cuidados com o meio ambiente a maioria afirma ser
responsável.
Neste colégio, há lixeiras para a coleta seletiva, com cores universais para
cada resíduo, orgânico ou reciclável (azul: papel e papelão; verde: vidro; amarelo:
metal; vermelho: plástico). No entanto não são utilizadas adequadamente como
deveriam.
Sente-se a necessidade de uma maior informação e conscientização
ambiental, para todos os segmentos, sejam professores, funcionários, alunos se
apropriarem de um direito que é de todos, o de um ambiente agradável e de
qualidade de vida. Tendo como ponto de partida a comunidade escolar, fazendo
observações do entorno da escola dos espaços e uma reflexão da situação atual
de todo o ambiente interno e externo da escola, inclusive do que se poderia ser
melhorado com a participação de todos.
Devem ser trabalhados os conceitos do lixo e resíduos, educação ambiental
e cidadania, levando os alunos e profissionais da educação a reflexão sobre os
atuais hábitos de consumo na sociedade capitalista, e se estes influenciam nos
impactos ambientais por todo o planeta.
Ideias Relatadas pelos Professores do Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
Durante o trabalho realizado com os professores em rede, foram colocadas
algumas ideias em discussão sobre como manter uma sala de aula limpa, por
exemplo:
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sensibilizar os alunos quanto ao desperdício de materiais como o papel,
informar os custos dos materiais aos alunos, fazendo palestras com os
mesmos, a sala que reduzir a quantidade de papel no bimestre será
premiada;
os alunos retiram folha do caderno para fazer bolinhas de papel é um
verdadeiro absurdo, fora os aviõezinhos que sobrevoam nossas cabeças.
Palestra para conscientizar do quanto à natureza demora em renovar a cada
árvore e industrializar esses papéis;
fazer uma interação com os alunos de sextos e sétimo anos com a disciplina
de arte a fazer oficinas de construção de brinquedos, artesanatos, utilizando
o lixo reciclável, como por exemplo: jogo de trilha com papelão e tampinhas
de garrafas pet, lixinhos de caixinhas de leite, bilboquê, boliches com
garrafas pet e vaivém, etc.
fazer frases de efeito como: “colaborando com a limpeza da sala”, “ajude o
mundo ser mais feliz, colabore com a coleta seletiva do país”.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As diversas atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional
serviram como um laboratório de ensino e pesquisa. Cabe destacar alguns
aspectos significativos, do ponto de vista dos processos educacionais.
O primeiro refere-se aos aspectos gerais da formação dos profissionais da
educação. Esta formação é fundamental para o desenvolvimento de novas
metodologias de ensino e abordagens contextualizadas, maior clareza do caráter
científico e social de seu trabalho.
Já o segundo é a relação teoria e prática. É por meio do contato com a
realidade, que alunos e professores testam seus conhecimentos, dando a este um
caráter mais orgânico, dialético e holístico. A visita a cooperativa de catadores de
papel permitiu aos educando maior entendimento da importância econômica, social
e ambiental das atividades desenvolvidas no meio ambiente. Também, contribuiu
no aprimoramento da metodologia educacional, ou seja, levar os alunos a
participarem exatamente do meio em que está vivendo.
Um último aspecto fundamental são os usos das novas tecnologias em
educação, principalmente as ligadas à informática e audiovisuais. Torna-se
indispensável aos profissionais da educação o aprimoramento do “saber virtual”,
26
principalmente na produção de materiais didáticos e uso dos diversos
equipamentos disponíveis nas escolas, como TV pendrive, multimídia, laboratórios
de informática e outros.
Segundo Bachelard, (2001), a aprendizagem só acontece quando há uma
mudança na constituição psíquica do sujeito, isto é, quando ocorre uma
transformação nas estruturas internas de pessoas que se aprende. Para que
aconteça o aprendizado, o sujeito tem que romper com as estruturas que possuía.
Para os educadores preocupados com a questão ambiental, seria
necessário desenvolver projetos de educação ambiental efetivamente viável,
desenvolvidos e avaliados periodicamente com o interesse prioritário de
transformar os hábitos das pessoas que frequentam a escola, e a formação através
de uma educação ambiental permanente junto a todos os segmentos da escola,
incluindo na organização do calendário escolar para refletir e debater o tema em
encontros pedagógicos.
Vale ressaltar que o PDE permitiu progredir neste saber, mas, ainda há
muito por fazer e aprimorar.
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