Livro 2 Bullying e Violência nas Escolas
Curitiba 2018
OrganizadoresJosafá da Cunha, Hellen Tsuruda Amaral, Vitor Atsushi Yano, Nathalia Savione Machado
© Projeto Aprendendo a Conviver, 2018
Coordenação editorial Josafá Cunha
Preparação Josafá Cunha
Revisão Josafá Cunha
Projeto gráfico do miolo e capa Muto / Design Lab
1ª reimpressão, 2018
Universidade Federal do Paraná
Sistema de Bibliotecas
Coordenaçõo de Processos Técnicos
A654
Aprendendo a conviver, livro 2 : bullying e violência nas
escolas / Organizadores Josafá da Cunha... [et al.]. –
Curitiba : Ed. NEAB-UFPR, 2018.
36 p. : il. (algumas color.)
ISBN 978-85-66278-18-7
Inclui referências e glossário
CDD 371.58
CDU 37.06
1. Bullying nas escolas. 2. Violência na escola. I. Cunha,
Josafá Moreira da. II. Bullying e violência nas escolas
Projeto Aprendendo a Conviver
http://conviver.ufpr.br
Universidade Federal do Paraná
Reitor Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca / Vice-Reitora Profª. Drª. Graciela Inês Bolzón de Muniz / Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf / Pró-Reitor de Graduação e Educação Profi ssional Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra / Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça / Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças Prof. Dr. Fernando Marinho Mezzadri / Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Msc. Douglas Ortiz Hamermuller Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Profª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar / Superintendente de Inclusão, Políticas Afi rmativas e Diversidade Paulo Vinicius Baptista da Silva / Diretora Setor de Educação Profª. Drª. Andrea Caldas / Vice-Diretor Setor de Educação Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta
Aprendendo a Conviver
Coordenador Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe técnica Ana Cristina Bitt encourt / Msc. Ana Moreira Borges de Macedo / Esp. Bianca Nicz Ricci / Eduardo Azevedo / Esp. Elisiane Röper Pescini / Msc. Hellen Tsuruda Amaral / Filipe Martignoni Carneiro / Gabriel Rodrigo Bin / Johnny Gabriel de Oliveira / Prof. Dr. Jonathan Santo / Lucas Tsuruda Amaral / Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta / Matheus do Nascimento Batista / Esp. Nathalia Savione Machado / Msc. Sarah Aline Roza / Prof. Dr. Sérgio JunqueiraMsc. Vitor Atsushi Nozaki Yano
Andrea Carolina Grohs CRB 9/1.384
Universidade Federal do Paraná
Reitor Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca / Vice-Reitora Profª. Drª. Graciela Inês Bolzón de Muniz / Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf / Pró-Reitor de Graduação e Educação Profissional Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra / Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça / Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças Prof. Dr. Fernando Marinho Mezzadri / Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Msc. Douglas Ortiz Hamermuller Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Profª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar / Superintendente de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade Paulo Vinicius Baptista da Silva / Diretora Setor de Educação Profª. Drª. Andrea Caldas / Vice-Diretor Setor de Educação Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta
Aprendendo a Conviver
Coordenador Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe técnica Ana Cristina Bittencourt / Msc. Ana Moreira Borges de Macedo / Esp. Bianca Nicz Ricci / Eduardo Azevedo / Esp. Elisiane Röper Pescini / Msc. Hellen Tsuruda Amaral / Filipe Martignoni Carneiro / Gabriel Rodrigo Bin / Johnny Gabriel de Oliveira / Prof. Dr. Jonathan Santo / Lucas Tsuruda Amaral / Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta / Matheus do Nascimento Batista / Esp. Nathalia Savione Machado / Msc. Sarah Aline Roza / Prof. Dr. Sérgio Junqueira Msc. Vitor Atsushi Nozaki Yano
Apresentação
Considerando o desafio da promoção de ambientes seguros para aprender e ensinar, o
projeto Aprendendo a Conviver oferecerá capacitação a educadores para que reconheçam
e adotem estratégias eficazes para monitoramento e atendimento das múltiplas formas de
violência, preconceito e discriminação no ambiente escolar, com ênfase para o bullying,
a partir da perspectiva da educação e direitos humanos. Esta ação de promoção da
convivência positiva nas escolas é realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),
com apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI), do Ministério da Educação (MEC).
Esta é uma proposta de educação restaurativa. Uma educação pode fazer a diferença na
restauração de relações entre pessoas, entre instituições, entre grupos sociais e em diversos
outros níveis. A oferta de espaços de convivência para o desenvolvimento e participação
plena é fundamental.
Este projeto existe para gerar contribuições inovadoras para a educação no Paraná e no
Brasil, e somente existe pelo engajamento da equipe, secretarias de educação, e outros
parceiros da iniciativa.
Esp. Nathalia Savione Machado / MsC. Hellen Tsuruda Amaral / MsC. Vitor Atsushi
Nozaki Yano / Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe Coordenação Aprendendo a
Conviver
Apresentação
Considerando o desafio da promoção de ambientes seguros para aprender e ensinar, o
projeto Aprendendo a Conviver oferecerá capacitação a educadores para que reconheçam
e adotem estratégias eficazes para monitoramento e atendimento das múltiplas formas de
violência, preconceito e discriminação no ambiente escolar, com ênfase para o bullying,
a partir da perspectiva da educação e direitos humanos. Esta ação de promoção da
convivência positiva nas escolas é realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),
com apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI), do Ministério da Educação (MEC).
Esta é uma proposta de educação restaurativa. Uma educação pode fazer a diferença na
restauração de relações entre pessoas, entre instituições, entre grupos sociais e em diversos
outros níveis. A oferta de espaços de convivência para o desenvolvimento e participação
plena é fundamental.
Este projeto existe para gerar contribuições inovadoras para a educação no Paraná e no
Brasil, e somente existe pelo engajamento da equipe, secretarias de educação, e outros
parceiros da iniciativa.
Esp. Nathalia Savione Machado / MsC. Hellen Tsuruda Amaral / MsC. Vitor Atsushi
Nozaki Yano / Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe Coordenação Aprendendo a
Conviver
Sumário
8 Bullying e Violência nas escolar por Josafá Moreira da Cunha / 35 Glossário
Introdução — Como Melhorar a Convivência Nas Escolas?
Neste livro você aprenderá mais sobre como a convivência em um clima escolar positivo
pode oferecer diversos benefícios para todos, e discutimos o desafio da violência escola.
A seguir, são apresentadas algumas características do bullying nas escolas, incluindo os
fatores de risco e proteção, além do impacto nas pessoas envolvidas. Finalmente, discutimos
características de práticas que podem melhorar efetivamente a convivência nas escolas. Ao
final da leitura, você poderá:
— Identificar as principais características de um clima escolar positivo.
— Explicar o que é bullying, suas formas e características.
— Compreender as características de práticas efetivas para a promoção de climas
escolares positivos.
— Identificar possibilidades para prevenção ao bullying e violência escolar.
Sumário
8 Bullying e Violência nas escolar por Josafá Moreira da Cunha / 35 Glossário
Josafá Moreira da Cunha
Bullying e Violência nas Escolas
“Escola da Paz”
Em um dia qualquer, pouco antes dos sinos da escola tocarem anunciando um novo
período de atividades, alunos, professores, funcionários e pais passam pelos corredores
escolares, sob uma faixa onde se lê: “Escola da Paz”. Porém, pouco depois de passar sob
essa faixa, um estudante se dirige ao banheiro para encontrar novamente palavras de ódio
escritas por toda parte. Enquanto isso, caminhando pelo corredor, um funcionário caminha
rapidamente entre alunos que trocam empurrões no alvoroço do início da manhã – ‘é
apenas uma brincadeira de crianças’, pensa para si mesmo. Mais tarde, durante a aula de
educação física, um garoto recebe chutes de colegas após perder um jogo. Mesmo com dor
ele não procura ajuda, pois parece que isto não é um problema para eles, pelo menos é o que
ele percebeu quando tentou procurar auxílio vez após vez, e ouviu conselhos para ignorar o
problema e ‘parar de agir como uma menininha’, que certamente não o ajudaram a sentir-se
mais seguro. Horas depois, o sinal anuncia o final de mais um dia nessa escola.
Enquanto a violência é um dos grandes desafios que mobiliza a atenção da sociedade,
muitas ações que pretendem prevenir ou combater a violência são apenas retóricas e
ineficazes para modificar situações de violência. Muitas crianças e adolescentes não
gostam da escola, e isso pode não estar relacionado a notas baixas, mas com problemas no
relacionamento com colegas, professores e funcionários. Como um espaço que favorece as
trocas interpessoais, a escola é palco de conflitos frequentes no processo de aprendizado e
convivência e, em algumas dessas situações, direitos são violados em situações de violência.
Ser intimidado, assediado e discriminado machuca, e muito. Para muitos estudantes e
educadores, somente passar pelos portões da escola traz expectativa de ataques à própria
pessoa, sem que ninguém saia em sua defesa, seja por ter medo, seja por divertir-se com a
situação ou não saber o que fazer.
1. Convivência no ambiente escolar
A cada dia letivo, milhões de crianças e adolescentes são enviados para a escola, um
contexto relevante não só para o desenvolvimento intelectual dos estudantes por meio da
aprendizagem de conteúdos acadêmicos, mas também para a aprendizagem dos valores
e modos de vida do ambiente social em que a escola se insere. Neste contexto, a violência
é um problema grave e relevante (SPOSITO; GALVÃO, 2004), diante do qual a escola e a
98
“Escola da Paz”
Em um dia qualquer, pouco antes dos sinos da escola tocarem anunciando um novo
período de atividades, alunos, professores, funcionários e pais passam pelos corredores
escolares, sob uma faixa onde se lê: “Escola da Paz”. Porém, pouco depois de passar sob
essa faixa, um estudante se dirige ao banheiro para encontrar novamente palavras de ódio
escritas por toda parte. Enquanto isso, caminhando pelo corredor, um funcionário caminha
rapidamente entre alunos que trocam empurrões no alvoroço do início da manhã – ‘é
apenas uma brincadeira de crianças’, pensa para si mesmo. Mais tarde, durante a aula de
educação física, um garoto recebe chutes de colegas após perder um jogo. Mesmo com dor
ele não procura ajuda, pois parece que isto não é um problema para eles, pelo menos é o que
ele percebeu quando tentou procurar auxílio vez após vez, e ouviu conselhos para ignorar o
problema e ‘parar de agir como uma menininha’, que certamente não o ajudaram a sentir-se
mais seguro. Horas depois, o sinal anuncia o final de mais um dia nessa escola.
Enquanto a violência é um dos grandes desafios que mobiliza a atenção da sociedade,
muitas ações que pretendem prevenir ou combater a violência são apenas retóricas e
ineficazes para modificar situações de violência. Muitas crianças e adolescentes não
gostam da escola, e isso pode não estar relacionado a notas baixas, mas com problemas no
relacionamento com colegas, professores e funcionários. Como um espaço que favorece as
trocas interpessoais, a escola é palco de conflitos frequentes no processo de aprendizado e
convivência e, em algumas dessas situações, direitos são violados em situações de violência.
Ser intimidado, assediado e discriminado machuca, e muito. Para muitos estudantes e
educadores, somente passar pelos portões da escola traz expectativa de ataques à própria
pessoa, sem que ninguém saia em sua defesa, seja por ter medo, seja por divertir-se com a
situação ou não saber o que fazer.
1. Convivência no ambiente escolar
A cada dia letivo, milhões de crianças e adolescentes são enviados para a escola, um
contexto relevante não só para o desenvolvimento intelectual dos estudantes por meio da
aprendizagem de conteúdos acadêmicos, mas também para a aprendizagem dos valores
e modos de vida do ambiente social em que a escola se insere. Neste contexto, a violência
é um problema grave e relevante (SPOSITO; GALVÃO, 2004), diante do qual a escola e a
sociedade não podem ser ambíguas, punindo severamente algumas expressões desta, como
pichações, e tolerando diariamente outras, como o racismo e a homofobia, que por muitas
vezes são utilizados implicitamente para ‘justificar’ a vitimização sistemática de indivíduos
e grupos. Entender como o ambiente das escolas influência estudantes e outras pessoas
nesse ambiente é útil para entender diversas das desigualdades observadas nas escolas
brasileiras (FRANCO et al., 2007; ALVES, FRANCO, 2008; OLIVEIRA et al., 2013). Esse é um
tópico de interesse para todos os que se interessam pela promoção de escolas inclusivas e
seguras, onde todos os estudantes tenham oportunidades equitativas para desenvolver seu
potencial.
Para promover escolas seguras, em que a convivência positiva seja assegurada, não é
suficiente concentrar-se nos aspectos negativos. Ou seja, um ambiente escolar 'livre de
bullying' não é necessariamente um ambiente onde ocorrem interações positivas, como
amizades e relações de apoio e confiança entre membros da escola. Deste modo, para
promover a convivência positiva é preciso ir além da eliminação da violência. É preciso
garantir que os valores e princípios dos direitos humanos sejam integrados em cada aspecto
da vida escolar: ambiente, currículo, relacionamentos, e gestão. Investir na melhoria de
cada uma dessas áreas é fundamental para promoção de uma escola melhor para todas
as pessoas.
1.1. Clima escolar positivo
Como analisar a convivência nas escolas? Há muitas abordagens diferentes na pesquisa e
teoria sobre a influência dos ambientes escolares, porém uma das abordagens chave para
entender a convivência avalia o clima escolar das escolas (THAPA et al., 2013; VINHA et
al., 2016). O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola e, a partir
de estudos sobre o funcionamento da família (BAUMRIND, 1971; LAMBORN et al., 1991),
e do ambiente escolar (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015), duas características do
contexto se destacaram como fundamentais para compreender esse contexto: a exigência e
responsividade, também chamadas de suporte e estrutura disciplinar.
O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola, por meio de políticas e relações, são
responsivas às necessidades dos estudantes. A estrutura disciplinar refere-se a clareza das
expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa no cotidiano escolar. A combinação
de tais fatores está associada a melhores indicadores de interação social no ambiente
escolar, como a menor vitimização de estudantes (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015) e
também menos ações agressivas contra professores (GREGORY; CORNELL; FAN, 2012), com
impactos positivos incluindo a redução de comportamentos de risco (CORNELL; HUANG,
2016) e maior engajamento e desempenho acadêmico entre estudantes (CORNELL; SHUKLA;
KONOLD, 2016).
2. Violência escolar
A violência, como abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, pode
manifestar-se em diversos níveis, até mesmo por meio da violência institucional, cometida
por agentes e processos institucionais causando prejuízo a pessoas ou grupos.
Ao considerar as principais formas de violências contra crianças e adolescentes, há sete
tipos principais de violência interpessoal que tendem a ocorrer em diferentes estágios do
desenvolvimento:
1110
escolar, como a menor vitimização de estudantes (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015) e
também menos ações agressivas contra professores (GREGORY; CORNELL; FAN, 2012), com
impactos positivos incluindo a redução de comportamentos de risco (CORNELL; HUANG,
2016) e maior engajamento e desempenho acadêmico entre estudantes (CORNELL; SHUKLA;
KONOLD, 2016).
2. Violência escolar
A violência, como abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, pode
manifestar-se em diversos níveis, até mesmo por meio da violência institucional, cometida
por agentes e processos institucionais causando prejuízo a pessoas ou grupos.
Ao considerar as principais formas de violências contra crianças e adolescentes, há sete
tipos principais de violência interpessoal que tendem a ocorrer em diferentes estágios do
desenvolvimento:
Maus-tratos
Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.
Bullying
É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de informação e comunicação, é denominado cyberbullying.
Violência JuvenilOcorre em contextos comunitários entre conhecidos ou estranhos, incluindo ataques físicos com ou sem armas, podendo envolver a violência com gangues.
Violência Física
Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física com a intenção de ferir.
ViolênciaInclui o abuso verbal e emocional, incluindo a discriminação, constrangimento, isolamento, agressão verbal e punição psicológica.
Violência SexualIntimidação de natureza sexual, assédio sexual, toques inadequados, estupro e exposição do corpo, inclusive em foto ou vídeo por meios eletrônicos.
Fontes: Lei 13.431/2017, UNESCO (2017).
Maus Tratos
bullying
Violência Juvenil
Violência de Parceiro Íntimo
Violência Sexual
Violência Física
Violência Psicológica
<5 5~10 11~17 18+
Figura 1. Tipos de violência por faixa etária afetada
E quando consideramos a violência escolar, esta pode incluir especialmente os maus-tratos,
violência física, psicológica, sexual e institucional, sendo perpetrada por estudantes, professores,
e outros membros da equipe escolar. A violência nas escolas tem um impacto expressivo no
sistema educacional brasileiro (SPOSITO; GALVÃO, 2004), sendo que uma evidência sobre
este fenômeno é o clima de insegurança percebido em algumas escolas. Destaca-se, assim, a
importância da prevenção de múltiplas formas de violência que são menosprezadas ou não são
sequer consideradas como formas de agressão de acordo com o senso comum, sendo que as ações
discriminatórias perpetradas no contexto escolar encaixa-se neste grupo de comportamentos
subvalorizados por serem considerados como normativos ou inofensivos. A violência, seja na
comunidade, na família ou na escola deve ser enfrentada em todas as suas formas.
Escola
Caminhopra escola
Casa
Comunidade
Ciberespaço
Figura 2. Onde ocorre a violência? / Fonte: UNESCO e UN Women (2016)
1312
Maus Tratos
bullying
Violência Juvenil
Violência de Parceiro Íntimo
Violência Sexual
Violência Física
Violência Psicológica
<5 5~10 11~17 18+
Figura 1. Tipos de violência por faixa etária afetada
E quando consideramos a violência escolar, esta pode incluir especialmente os maus-tratos,
violência física, psicológica, sexual e institucional, sendo perpetrada por estudantes, professores,
e outros membros da equipe escolar. A violência nas escolas tem um impacto expressivo no
sistema educacional brasileiro (SPOSITO; GALVÃO, 2004), sendo que uma evidência sobre
este fenômeno é o clima de insegurança percebido em algumas escolas. Destaca-se, assim, a
importância da prevenção de múltiplas formas de violência que são menosprezadas ou não são
sequer consideradas como formas de agressão de acordo com o senso comum, sendo que as ações
discriminatórias perpetradas no contexto escolar encaixa-se neste grupo de comportamentos
subvalorizados por serem considerados como normativos ou inofensivos. A violência, seja na
comunidade, na família ou na escola deve ser enfrentada em todas as suas formas.
Escola
Caminhopra escola
Casa
Comunidade
Ciberespaço
Figura 2. Onde ocorre a violência? / Fonte: UNESCO e UN Women (2016)
3. Bullying
Ao redor do mundo, mais de 1 a cada 3 estudantes sofrem bullying frequentemente, sendo
que dados indicam que 43% de meninos e meninas do 6º ano (11 e 12 anos) disseram que
sofreram bullying nos últimos meses (UNICEF, 2017). Eles foram roubados, insultados,
ameaçados, agredidos fisicamente ou maltratados. No entanto, muitos desses episódios
de violência não recebem atenção por parte da escola, família ou comunidade, e assim o
ciclo de violência se mantém. Isso se deve, em parte, a falta de compreensão sobre o que é
bullying, e suas características. Mas então, o que é bullying?
Bullying e Violência na Escola
Violência na escola Inclui a violência
física, psicológica, sexual e institucional.
É perpetrada por estudantes,
professores, e outros membros da
equipe escolar.
Bullying É uma forma de violência. É um
comportamento intencional e agressivo
que ocorre repetidamente contra uma
vítima que não tem condições devido a
um desequilíbrio de poder.
Uma definição amplamente utilizada do bullying indica que este é:
— Um comportamento agressivo e negativo – incluindo tanto comportamentos físicos
quanto verbais;
— Que ocorre repetidamente ao longo do tempo;
— Em um relacionamento caracterizado por um desequilíbrio de força e poder (OLWEUS, 1993).
Desequilíbriode poder
Bullying
Agressivo eintencional
Repetido
Deste modo, o bullying pode ser entendido como uma forma de violência em que uma
pessoa é alvo de agressões de forma negativa e repetida, sem ter condições de defender-se
com facilidade. Porém, na prática, o bullying pode ser mais complexo e variado, já que as
ações agressivas podem ser perpetradas de inúmeras maneiras. Por exemplo, muitas dessas
ações são sutis, indiretas, e podem não apresentar um desequilíbrio de poder aparente, e até
mesmo envolver um único incidente de vitimização entre pares.
Deste modo, é preciso estar atento para agir diante de qualquer ação com a intenção de ferir
outra pessoa, física ou psicologicamente, que pode ocorrer diante da pessoa que é alvo de
ações agressivas ou de forma oculta. O bullying pode ser circunstancial ou crônico, ou seja,
pode ocorrer por períodos curtos ou longos, e um estudante pode ser vitimizado por apenas
um colega ou por vários e, ao aguardar para intervir, adultos podem permitir que a situação
piore para todos os envolvidos.
Em outras palavras, é preciso estar atento para intervir diante de situações de agressão
física ou emocional, pois nessas situações adultos podem não saber se esse comportamento
é crônico ou se existe um desequilíbrio de poder. E embora a reação possa variar de acordo
com o nível de gravidade de cada situação, a ação de professores e outros membros da
comunidade demonstra aos estudantes que a violência é inaceitável, e que a escola se
importa com a segurança e bem estar de todas as pessoas.
O bullying tem sido consistentemente associado a diversos problemas, com impactos
negativos na saúde física, mental, e vida escolar. No nível individual, a vitimização tem sido
positivamente associada a diversos problemas entre os envolvidos, incluindo depressão e
pensamentos suicidas (CUNHA, 2009), maior probabilidade de encaminhamento para
serviços de saúde por problemas psiquiátricos (KUMPULAINEN et al., 2001), delinquência
e abuso de substâncias (MITCHEL; YBARRA; FINKELHOR, 2007), desempenho escolar
prejudicado (NAKAMOTO; SCHWARTZ, 2010), dentre outras dificuldades. Não é difícil
defender a posição de que tais comportamentos representam um risco para todos os
envolvidos.
3.1. Como ocorre
De que formas a vitimização e bullying entre pares acontecem? Frequentemente, a forma
de agressão que é identificada com maior facilidade são os ataques diretos, ou seja, que
ocorrem na presença da pessoa como, por exemplo, chutes e socos, ou ataques verbais.
1514
Deste modo, o bullying pode ser entendido como uma forma de violência em que uma
pessoa é alvo de agressões de forma negativa e repetida, sem ter condições de defender-se
com facilidade. Porém, na prática, o bullying pode ser mais complexo e variado, já que as
ações agressivas podem ser perpetradas de inúmeras maneiras. Por exemplo, muitas dessas
ações são sutis, indiretas, e podem não apresentar um desequilíbrio de poder aparente, e até
mesmo envolver um único incidente de vitimização entre pares.
Deste modo, é preciso estar atento para agir diante de qualquer ação com a intenção de ferir
outra pessoa, física ou psicologicamente, que pode ocorrer diante da pessoa que é alvo de
ações agressivas ou de forma oculta. O bullying pode ser circunstancial ou crônico, ou seja,
pode ocorrer por períodos curtos ou longos, e um estudante pode ser vitimizado por apenas
um colega ou por vários e, ao aguardar para intervir, adultos podem permitir que a situação
piore para todos os envolvidos.
Em outras palavras, é preciso estar atento para intervir diante de situações de agressão
física ou emocional, pois nessas situações adultos podem não saber se esse comportamento
é crônico ou se existe um desequilíbrio de poder. E embora a reação possa variar de acordo
com o nível de gravidade de cada situação, a ação de professores e outros membros da
comunidade demonstra aos estudantes que a violência é inaceitável, e que a escola se
importa com a segurança e bem estar de todas as pessoas.
O bullying tem sido consistentemente associado a diversos problemas, com impactos
negativos na saúde física, mental, e vida escolar. No nível individual, a vitimização tem sido
positivamente associada a diversos problemas entre os envolvidos, incluindo depressão e
pensamentos suicidas (CUNHA, 2009), maior probabilidade de encaminhamento para
serviços de saúde por problemas psiquiátricos (KUMPULAINEN et al., 2001), delinquência
e abuso de substâncias (MITCHEL; YBARRA; FINKELHOR, 2007), desempenho escolar
prejudicado (NAKAMOTO; SCHWARTZ, 2010), dentre outras dificuldades. Não é difícil
defender a posição de que tais comportamentos representam um risco para todos os
envolvidos.
3.1. Como ocorre
De que formas a vitimização e bullying entre pares acontecem? Frequentemente, a forma
de agressão que é identificada com maior facilidade são os ataques diretos, ou seja, que
ocorrem na presença da pessoa como, por exemplo, chutes e socos, ou ataques verbais.
No entanto, especialmente a partir da adolescência, emerge o uso de formas indiretas de
agressão, em que os ataques não são feitos diretamente ao alvo, como por exemplo por
meio de fofocas ou exclusão intencional de grupos (CRICK; GROETPETER, 1995), sendo que
a identifi cação destas formas de agressão pode ser mais desafi adora.
Quanto aos tipos de estratégias usadas para perpetrar o bullying, podemos destacar
estratégias físicas, verbais e relacionais:
Físico Visa causar danos físicos como chutes, socos, cuspes, e empurrões.
ou emocionais, pegando as coisas de algum colega contra a vontade
dele.
Verbal Ataques de natureza verbal como por exemplo xingamentos,
ameaças com palavras, comentários sexuais.
Relacional Agride a reputação e relacionamentos da pessoa, e pode ocorrer
de formas bastante sutis, como por meio de fofocas ou exclusão de grupos.
Assim como variadas formas de agressão podem ser utilizadas na vitimização entre pares,
diversos espaços sociais podem ser palco dessas interações. A vitimização pode acontecer
ao vivo, em espaços como as escolas ou abrigos, mas de forma virtual, utilizando o telefone
ou redes sociais na internet, ou seja, pode acontecer por meio do espaço virtual, no que tem
sido reconhecido como "cyberbullying" ou “cyberagressão”, defi nido pelo uso da tecnologia
de informação e comunicação para perpetrar ações agressivas contra outros (WENDT;
LISBOA, 2013; OLWEUS, 2012), como o envio de mensagens provocativas via celular, a
inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados online. Alguns dos
meios em que o cyberbullying pode ocorrer incluem:
— Mensagens eletrônicas (e-mail)
— Mídias sociais, como Facebook, Instagram, Snapchat.
— Jogos Virtuais, como League of Legends (LOL).
Com a evolução da Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e aumento do uso destas
por crianças e adolescentes, mais e mais conteúdos pessoais são distribuídos em mídias
sociais e ambientes online, formando um registro virtual das atividades e comportamentos
individuais. O cyberbullying representa um risco específi co nesse contexto, pois:
— A informação digital é permanente. Os dados trocados em plataformas digitais
permanecem arquivados, e podem afetar a vida dos envolvidos muito mais tarde.
— Efeitos imediatos e persistentes. As redes de tecnologia estão em funcionamento 24
horas por dia, tornando mais difícil a busca de alívio para alguém que seja alvo de
cyberbullying.
— Mais difícil de notar. Embora a informação digital permaneça arquivada, pais
e professores podem não estar cientes da difi culdade, e não intervir. Por vezes, o
cyberbullying envolve ameaças de divulgar informações para familiares e outros
membros da comunidade, difi cultando ainda mais a busca de apoio.
TIC Kids Online Brasil
A Pesquisa TIC Kids Online Brasil oferece um mapa de possíveis riscos e
oportunidades online relacionados aos usos que crianças e adolescentes de 9
a 17 anos de idade fazem da Internet. Visa entender a percepção de jovens em
relação à segurança on-line, bem como delinear as práticas de mediação de pais e
responsáveis relacionadas ao uso da Internet.
Para saber mais, visite htt p://cetic.br/pesquisa/kids-online/
3.2. Quais papéis estudantes assumem em episódios de bullying?
Ao abordar os papéis que estudantes desempenham em situações de bullying, é importante
evitar o uso de rótulos, como “perpetradores”, “agressores”, ou “vítimas”, pois o uso desses
rótulos pode ter consequências como (1) reforçar a mensagem de que o comportamento do
estudante não pode mudar, (2) não compreender as diversas formas de envolvimento em
episódios de bullying, e (3) deixar de abordar fatores do contexto que podem infl uenciar esses
1716
Com a evolução da Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e aumento do uso destas
por crianças e adolescentes, mais e mais conteúdos pessoais são distribuídos em mídias
sociais e ambientes online, formando um registro virtual das atividades e comportamentos
individuais. O cyberbullying representa um risco específico nesse contexto, pois:
— A informação digital é permanente. Os dados trocados em plataformas digitais
permanecem arquivados, e podem afetar a vida dos envolvidos muito mais tarde.
— Efeitos imediatos e persistentes. As redes de tecnologia estão em funcionamento 24
horas por dia, tornando mais difícil a busca de alívio para alguém que seja alvo de
cyberbullying.
— Mais difícil de notar. Embora a informação digital permaneça arquivada, pais
e professores podem não estar cientes da dificuldade, e não intervir. Por vezes, o
cyberbullying envolve ameaças de divulgar informações para familiares e outros
membros da comunidade, dificultando ainda mais a busca de apoio.
TIC Kids Online Brasil
A Pesquisa TIC Kids Online Brasil oferece um mapa de possíveis riscos e
oportunidades online relacionados aos usos que crianças e adolescentes de 9
a 17 anos de idade fazem da Internet. Visa entender a percepção de jovens em
relação à segurança on-line, bem como delinear as práticas de mediação de pais e
responsáveis relacionadas ao uso da Internet.
Para saber mais, visite http://cetic.br/pesquisa/kids-online/
3.2. Quais papéis estudantes assumem em episódios de bullying?
Ao abordar os papéis que estudantes desempenham em situações de bullying, é importante
evitar o uso de rótulos, como “perpetradores”, “agressores”, ou “vítimas”, pois o uso desses
rótulos pode ter consequências como (1) reforçar a mensagem de que o comportamento do
estudante não pode mudar, (2) não compreender as diversas formas de envolvimento em
episódios de bullying, e (3) deixar de abordar fatores do contexto que podem influenciar esses
episódios. Ao invés disso, é mais adequado referir-se ao “estudante que foi agredido”, ou “a
pessoa que agrediu o outro”. Ou seja, o foco é a mudança do comportamento inadequado.
Como o bullying é um problema relacional, cada estudante pode assumir diferentes papéis
nessas situações, que afetam de alguma forma estudantes que são agredidos, sendo que
aqueles que se envolvem no bullying frequentemente se envolvem de modos diversos. Por
exemplo, a mesma criança pode agredir colegas em um momento, e defender seus pares
em outro, sendo importante compreender esses papéis para ajudar todos os envolvidos a se
desligarem do ciclo de agressões (OLWEUS, 2001).
Figura 3. O Círculo do Bullying
Papel Características
Agressor Assume um papel ativo, iniciando a agressão. Muitas vezes, precisam de apoio para mudar o comportamento, e adotar estratégias não-violentas para lidar com os confl itos.
Seguidor Assume um papel ativo, mas não inicia a agressão. Além de receber apoio quando são agredidas, podem precisar de ajuda para aprender a responder ao bullying de forma apropriada.
Apoiador Apoia o bullying, mas não agride diretamente. Com risadas, ou encorajamento aberto ajudam a manter o ciclo do bullying.
Espectador Observa o que ocorre, mas não se posiciona. Muitas vezes, querem ajudar os colegas que estão sendo vitimizados, mas não sabem como.
Possível Defensor Não gosta do bullying, e pensa que deveria ajudar, mas não ajuda. Pode temer as consequências de envolver-se, ou não saber como ajudar.
Defensor Não gosta do bullying, e tenta ajudar o colega que está sendo agredido. É importante reforçar este papel como modelo positivo.
Alvo / Vítima Recebe os ataques, e pode também adotar estratégias para defender-se.
Fonte: Adaptado de Olweus (2001)
O “círculo do bullying” destaca as diferentes formas como as pessoas podem reagir
ou participar do bullying, sendo que esses papéis são dinâmicos e mesmo aqueles que
aparentemente estão ‘passivos’ apoiam a manutenção desse ciclo, seja por observar
ataques de forma passiva, ou por participar ativamente dos ataques. E embora pareça
que espectadores não infl uenciam situações de bullying, sua passividade reforça o
comportamento dos agressores ao passar a mensagem de que aquele ato violento é aceitável
de alguma forma (O’CONNELL; PEPLER; CRAIG, 1999). Ou seja, embora a passividade dos
Agressor(es)
Alvo(s)/Vítima(s)
Defensor(es)
Seguidor(es)
Apoiador(es) Observador(es)
Possíveis defensor(es)
1918
Papel Características
Agressor Assume um papel ativo, iniciando a agressão. Muitas vezes, precisam de apoio para mudar o comportamento, e adotar estratégias não-violentas para lidar com os conflitos.
Seguidor Assume um papel ativo, mas não inicia a agressão. Além de receber apoio quando são agredidas, podem precisar de ajuda para aprender a responder ao bullying de forma apropriada.
Apoiador Apoia o bullying, mas não agride diretamente. Com risadas, ou encorajamento aberto ajudam a manter o ciclo do bullying.
Espectador Observa o que ocorre, mas não se posiciona. Muitas vezes, querem ajudar os colegas que estão sendo vitimizados, mas não sabem como.
Possível Defensor Não gosta do bullying, e pensa que deveria ajudar, mas não ajuda. Pode temer as consequências de envolver-se, ou não saber como ajudar.
Defensor Não gosta do bullying, e tenta ajudar o colega que está sendo agredido. É importante reforçar este papel como modelo positivo.
Alvo / Vítima Recebe os ataques, e pode também adotar estratégias para defender-se.
Fonte: Adaptado de Olweus (2001)
O “círculo do bullying” destaca as diferentes formas como as pessoas podem reagir
ou participar do bullying, sendo que esses papéis são dinâmicos e mesmo aqueles que
aparentemente estão ‘passivos’ apoiam a manutenção desse ciclo, seja por observar
ataques de forma passiva, ou por participar ativamente dos ataques. E embora pareça
que espectadores não influenciam situações de bullying, sua passividade reforça o
comportamento dos agressores ao passar a mensagem de que aquele ato violento é aceitável
de alguma forma (O’CONNELL; PEPLER; CRAIG, 1999). Ou seja, embora a passividade dos
espectadores pareça neutra, pode reforçar os atos de violência de estudantes que agridem
a outros, uma vez que o silêncio destes pode ser interpretado pelos autores como afi rmação
de sua força. Deste modo, é preciso envolver todas as pessoas na comunidade na quebra do
ciclo vicioso do bullying.
E não sobrou ninguém ...
Um dia vieram e levaram meu vizinho, que era judeu...
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram.
E já não havia mais ninguém para reclamar…
Martin Niemöller
3.3. Motivos
Motivos da Violência Escolar e Bullying
Gênero Pobreza oustatus social
Diferenças étnicas,linguísticas ou culturais
(incluindo migrantes ou refugiados)
Aparência física Orientação sexual,identidade e expressão
de gênero
Fonte: UNESCO (2016)
E embora qualquer estudante possa ser alvo de bullying, alguns apresentam riscos maiores,
associados a aspectos individuais ou dos grupos sociais a que pertencem, e que diferem
de alguma forma dos padrões majoritários. Essas características incluem aspectos como a
aparência física (LEVANDOSKI, CARDOSO, 2013), etnia-raça (FARIS; ENNETT, 2012), gênero
(BANDEIRA, HUTZ, 2012), a orientação sexual (ABGLT, 2017; ALEXANDER et al., 2011), o
nível socioeconômico (TIPPETT; WOLKE, 2014) ou ter necessidades educativas especiais
(THOMPSON; WHITNEY; SMITH, 1994), sendo que o pertencimento a esses grupos pode
aumentar o risco de sofrer bullying.
3.4. Fatores de Risco e Proteção
Diversos aspectos individuais, familiares, escolares e comunitários podem infl uenciar o
bullying e a violência escolar. Os fatores podem variar de acordo com o contexto e situação.
sendo que em cada nível há oportunidades para mudanças e melhorias, exigindo uma
análise cuidadosa do contexto local durante a elaboração de planos de ação.
2120
E embora qualquer estudante possa ser alvo de bullying, alguns apresentam riscos maiores,
associados a aspectos individuais ou dos grupos sociais a que pertencem, e que diferem
de alguma forma dos padrões majoritários. Essas características incluem aspectos como a
aparência física (LEVANDOSKI, CARDOSO, 2013), etnia-raça (FARIS; ENNETT, 2012), gênero
(BANDEIRA, HUTZ, 2012), a orientação sexual (ABGLT, 2017; ALEXANDER et al., 2011), o
nível socioeconômico (TIPPETT; WOLKE, 2014) ou ter necessidades educativas especiais
(THOMPSON; WHITNEY; SMITH, 1994), sendo que o pertencimento a esses grupos pode
aumentar o risco de sofrer bullying.
3.4. Fatores de Risco e Proteção
Diversos aspectos individuais, familiares, escolares e comunitários podem influenciar o
bullying e a violência escolar. Os fatores podem variar de acordo com o contexto e situação.
sendo que em cada nível há oportunidades para mudanças e melhorias, exigindo uma
análise cuidadosa do contexto local durante a elaboração de planos de ação.
Proteção Risco
IndividualFatores biológicos, história pessoal, características demográficas
Autoconceito positivo.Competência social. Consciência sobre direitos
Algumas formas de bullying variam de acordo com o sexo, idade, etnia ou deficiência. Nível educacional e socioeconômico baixo. Experiências anteriores com a violência (testemunha, vítima, perpetrador), em especial se não houve resolução.
FamíliaFamília e outras relações sociais próximas
Comunicação positiva e afeto. Envolvimento dos pais. Estabelecer expectativas claras e coerentes. Modelos positivos para a resolução de conflitos.
Violência doméstica. Uso de estratégias disciplinares abusivas. Práticas parentais inconsistentes - liberais demais, ou severas demais. Conflitos familiares, e como são trabalhados, servem como modelo.
EscolaFatores de nível escolar
Amizades com pares. Clima escolar positivo. Conhecimento sobre bullying e suas consequências. Adoção de estratégias para prevenir, identificar e abordar incidentes de bullying. Formação da equipe para abordar e prevenir o bullying. Currículo e métodos de ensino promovem relações saudáveis e não-violentas.
Mecanismos de supervisão inadequados, podendo haver professores e outros profissionais praticando abusos e violência com impunidade. Falta de espaços físicos seguros e acolhedores na escola. Estratégias disciplinares e de ensino que reforçam a violência.
ComunidadeNormas sociais e fatores comunitários
Serviços acessíveis para oferecer suporte adequado a vítimas de violência, incluindo serviços sociais e de saúde. Articulação da rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes.
Tolerância de violência física, psicológica, e sexual na comunidade. Exposição a modelos de violência no dia-a-dia e na mídia. Valores que apoiam o preconceito e discriminação. Normas sociais que desencorajam a denúncia de violência, e até mesmo punem os que pedem ajuda. Respostas institucionais fracas por parte dos serviços de justiça e segurança.
SociedadeFatores sociais amplos, que criam um clima aceitável para a violência
Legislação combatendo a violência contra crianças e adolescentes. Políticas públicas para prevenção da violência escolar
Persistência de valores que apoiam a violência, como o racismo. Insegurança social. Corrupção e impunidade. Altos níveis de desigualdade e exclusão. Altos níveis de corrupção.
fontes: elaborado a partir de alexander et al. (2011); cunha (2009); cunha (2013); cunha; weber (2008); delay et al.
(2013); fekkes, pijpers, verloove-vanhorick (2004); hong; espelage (2012); kochenderfer-ladd; pelletier (2008); smith,
(2006); yoon; barton (2008).
3.4.1. Escola
A escola é espaço privilegiado para as relações entre pares, e sua configuração está
associada à vitimização. Quando crianças e adolescentes consideram as regras da escola
justas, claras e inclusivas, envolvem-se menos em vitimização, além de relatarem maior
apreço pela escola. Quando a escola estabelece limites e consequências adequadas para
o comportamento dos alunos, inclusive cerceando abusos, cria-se um contexto onde
cada estudante pode desenvolver seu potencial, respeitando a diversidade. No entanto, a
escola também pode favorecer a vitimização ao reforçar crenças aprovando a agressão,
promovendo um clima escolar de hostilidade e com pouco apoio entre pares.
Para enfatizar ainda mais a relevância de pensar no problema da vitimização com foco
não só no indivíduo, mas também no contexto, vale refletir sobre a ilustração proposta
por Zimbardo (2007), que descreve o caso de um barril que continua a ter maçãs podres
por um longo tempo. Mesmo quando as maçãs ‘problemáticas’ são retiradas, após breves
intervalos ‘sem problemas’, logo surgem novas maçãs podres que são então descartadas.
Este ciclo tem potencial de repetir-se até o momento em que se resolve parar de culpar as
maçãs e sua natureza e examinar o barril, atentando para os processos de produção. Desta
maneira, comportamentos antissociais estão intrinsecamente ligados aos contextos em que
ocorrem (Zimbardo, 2004). No caso em questão, é preciso revisar de forma crítica aspectos
da própria instituição escolar que podem estar associadas ao bullying e outras formas de
violência.
3.4.2. Comunidade e cultura
É oportuno refletir sobre os motivos pelos quais crianças e jovens se envolvem em situações
de violência no espaço escolar. Ao invés de rotular as vítimas ou os agressores como
maus e incapazes, enfatizando fatores individuais relacionados a este comportamento,
uma possibilidade para abordar esta questão seria considerar os fatores do contexto
relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento. O bullying
em ambientes escolares, reflete desigualdades presentes na sociedade, onde aqueles que
adotam estratégias coercitivas de forma mais eficiente passam a ter acesso a mais recursos,
embora o prejuízo seja inevitável para todos.
E não é demais relembrar algo que pode parecer óbvio: a violência não está restrita aos
muros da escola, e está certamente relacionada ao contexto social em que se insere. Isto
2322
3.4.1. Escola
A escola é espaço privilegiado para as relações entre pares, e sua configuração está
associada à vitimização. Quando crianças e adolescentes consideram as regras da escola
justas, claras e inclusivas, envolvem-se menos em vitimização, além de relatarem maior
apreço pela escola. Quando a escola estabelece limites e consequências adequadas para
o comportamento dos alunos, inclusive cerceando abusos, cria-se um contexto onde
cada estudante pode desenvolver seu potencial, respeitando a diversidade. No entanto, a
escola também pode favorecer a vitimização ao reforçar crenças aprovando a agressão,
promovendo um clima escolar de hostilidade e com pouco apoio entre pares.
Para enfatizar ainda mais a relevância de pensar no problema da vitimização com foco
não só no indivíduo, mas também no contexto, vale refletir sobre a ilustração proposta
por Zimbardo (2007), que descreve o caso de um barril que continua a ter maçãs podres
por um longo tempo. Mesmo quando as maçãs ‘problemáticas’ são retiradas, após breves
intervalos ‘sem problemas’, logo surgem novas maçãs podres que são então descartadas.
Este ciclo tem potencial de repetir-se até o momento em que se resolve parar de culpar as
maçãs e sua natureza e examinar o barril, atentando para os processos de produção. Desta
maneira, comportamentos antissociais estão intrinsecamente ligados aos contextos em que
ocorrem (Zimbardo, 2004). No caso em questão, é preciso revisar de forma crítica aspectos
da própria instituição escolar que podem estar associadas ao bullying e outras formas de
violência.
3.4.2. Comunidade e cultura
É oportuno refletir sobre os motivos pelos quais crianças e jovens se envolvem em situações
de violência no espaço escolar. Ao invés de rotular as vítimas ou os agressores como
maus e incapazes, enfatizando fatores individuais relacionados a este comportamento,
uma possibilidade para abordar esta questão seria considerar os fatores do contexto
relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento. O bullying
em ambientes escolares, reflete desigualdades presentes na sociedade, onde aqueles que
adotam estratégias coercitivas de forma mais eficiente passam a ter acesso a mais recursos,
embora o prejuízo seja inevitável para todos.
E não é demais relembrar algo que pode parecer óbvio: a violência não está restrita aos
muros da escola, e está certamente relacionada ao contexto social em que se insere. Isto
não significa que a escola e seus membros possam isentar-se de sua responsabilidade de
transformação diante da sociedade. Embora algumas formas de violência que ocorrem na
escola sejam motivo constante de preocupação, em especial aquelas protagonizadas por
estudantes, outras agressões recebem pouca ou nenhuma atenção, como por exemplo o
assédio moral entre professores, o racismo, a homofobia e outras formas de discriminação.
Uma abordagem do problema do bullying que não assume a responsabilidade por discutir
abertamente tais desafios está fadada à perpetuação das desigualdades sociais. Neste
sentido, vale refletir sobre o alerta de Paulo Freire ao receber o prêmio Unesco de Educação
para a Paz, em 1986:
A paz é fundamental, indispensável, mas paz implica lutar por ela. A paz se cria, se
constrói na e pela superação das realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na
construção incessante da justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado
de educação para a paz que, em lugar de desvelar o mundo das injustiças, o torna opaco
e tenta miopizar suas vítimas. (FREIRE apud GUIMARÃES, 2005, p. 74).
Ao invés de rotular as pessoas que se envolvem em situações de bullying como “membros
maus” ou “incapazes” da escola ou comunidade, enfatizando fatores individuais relacionados
ao bullying e outras formas de violência, é preciso considerar os fatores do contexto que
estão relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento.
Famílias, escolas e membros da comunidade podem oferecer uma contribuição importante
para a redução da vitimização e de ações discriminatórias. Após identificar fatores que
podem contribuir para a intolerância e a violência, é preciso promover a adoção de valores
como a equidade e solidariedade.
É em meio a este contexto que professores, estudantes, famílias e demais protagonistas
da educação trabalham para avançar no desenvolvimento do processo educacional, na
esperança de construir um futuro melhor. Diante disto, a violência, seja na comunidade, na
família ou na escola, deve ser enfrentada em todas as suas formas, e em cada um dos níveis
desse contexto podemos encontrar apoio para enfrentar esse desafio. Um primeiro passo é
reconhecer o problema, buscando onde a violência possa estar “escondida” ou silenciada.
A partir deste primeiro passo, que é possivelmente o mais difícil, a escola pode pensar em
estratégias efetivas de intervenção e prevenção.
4. Políticas e práticas para promover a convivência
O que você faria?
Como abordar situações como essa no contexto escolar?
Quais estratégias podem ser usadas por sua escola para reduzir o bullying e melhorar o clima escolar?
2524
4. Políticas e práticas para promover a convivência
O que você faria?
Como abordar situações como essa no contexto escolar?
Quais estratégias podem ser usadas por sua escola para reduzir o bullying e melhorar o clima escolar?
Ilustração por Alexandre Leoni
Como podemos melhorar a convivência nas escolas? Assim como é possível aprender
comportamentos violentos, é possível promover a compreensão de direitos humanos,
equidade, respeito, solidariedade e resolução pacífica de conflitos. Escolas pode fazer a
diferença para promover essa mudança dentro da escola e, como consequência, influenciar
a comunidade de forma ampla. Para abordar de forma efetiva a prevenção ao bullying e
violência escolar, é preciso adotar uma abordagem integrada.
Uma Resposta Integrada Ao Bullying e Violência Escolar
— Foco no clima escolar — Avaliação e monitoramento
— Estabelecer parcerias — Capacitar professores e outros
profissionais da educação
— Serviços e suporte eficazes — Marcos normativos e estrutura disciplinar
— Ações continuadas
4.1. Foco na convivência positiva
Uma das consequências de um clima escolar positivo, com suporte e estrutura disciplinar,
é a redução do bullying e violência escolar (CORNELL, SHUKLA, KONOLD, 2015). Nesses
contextos, a violência deixa de ser a ‘norma’ para resolução de conflitos, e direitos humanos
são valorizados. Para promover ambientes educacionais inclusivos e seguros para aprender,
a convivência escolar deve ser elencada entre as prioridades no ensino e gestão escolar,
sendo que a mudança do clima escolar demanda compromisso, esforço e tempo. Porém,
suas consequências positivas para além da redução do bullying e da violência escolar, mas
também a melhoria no envolvimento dos estudantes, e diversos outros resultados positivos
dentro e fora da escola.
4.2. Avaliação e monitoramento das ações
Um dos passos importantes no planejamento de ações efetivas para a melhoria da
convivência escolar é produzir indicadores sobre as ações, e sobre o clima escolar. Estas
avaliações podem oferecer indicadores sobre situações de bullying, e ajudar a escola a
compreender as vivências de estudantes e outros nesse ambiente. É relevante lembrar que
a Lei Nº 13.185/2015, de combate à intimidação sistemática (bullying) prevê a produção
de avaliações sobre bullying como parte do planejamento de ações de combate ao
bullying (Artigo 6).
A implementação de sistemas de avaliação sobre o clima escolar, incluindo aspectos do
bullying, é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas. Por meio
da avaliação do clima escolar, é possível identificar necessidades e examinar resultados
obtidos a partir de estratégias adotadas, e assim realizar ajustes.
4.3. Estabelecer parcerias
A prevenção ao bullying envolve múltiplos aspectos em diferentes níveis da sociedade e,
portanto, a prevenção pode ser mais efetiva quando envolve agentes sociais além da escola
com um objetivo comum: melhorar a convivência escolar e comunitária. O envolvimento
e suporte da comunidade pode fazer a diferença para uma abordagem integrada na
prevenção ao bullying, sendo que os primeiros passos podem incluir:
— Conscientização da comunidade sobre o impacto do bullying e da violência escolar, e
sobre práticas não-violentas para resolver conflitos.
— Buscar o compromisso de agentes da comunidade com o enfrentamento da violência,
onde quer que ocorra.
— Identificar parceiros em potencial, incluindo universidades e outras instituições.
— Criar oportunidades para que crianças e adolescentes participem de forma ativa no processo.
Durante o processo de formação de parcerias para prevenção da violência, a escola pode
tornar-se o ponto focal para disseminação de conhecimento sobre práticas não-violentas.
Deste modo, o impacto das ações pode, desde seus primeiros passos, influenciar a
comunidade em que a escola está inserida.
Para garantir que esforços de prevenção ao bullying e melhoria da convivência escolar
sejam integrados a outras ações em andamento na comunidade, um grupo ou comitê
escolar pode acompanhar o processo de planejamento de ações.
4.4. Capacitar professores, equipe pedagógica e comunidade escolar
Estratégias eficazes para reduzir o bullying e promover um clima escolar positivo incluem a
formação dos profissionais da educação. Como em outros aspectos do bom desenvolvimento
2726
A implementação de sistemas de avaliação sobre o clima escolar, incluindo aspectos do
bullying, é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas. Por meio
da avaliação do clima escolar, é possível identificar necessidades e examinar resultados
obtidos a partir de estratégias adotadas, e assim realizar ajustes.
4.3. Estabelecer parcerias
A prevenção ao bullying envolve múltiplos aspectos em diferentes níveis da sociedade e,
portanto, a prevenção pode ser mais efetiva quando envolve agentes sociais além da escola
com um objetivo comum: melhorar a convivência escolar e comunitária. O envolvimento
e suporte da comunidade pode fazer a diferença para uma abordagem integrada na
prevenção ao bullying, sendo que os primeiros passos podem incluir:
— Conscientização da comunidade sobre o impacto do bullying e da violência escolar, e
sobre práticas não-violentas para resolver conflitos.
— Buscar o compromisso de agentes da comunidade com o enfrentamento da violência,
onde quer que ocorra.
— Identificar parceiros em potencial, incluindo universidades e outras instituições.
— Criar oportunidades para que crianças e adolescentes participem de forma ativa no processo.
Durante o processo de formação de parcerias para prevenção da violência, a escola pode
tornar-se o ponto focal para disseminação de conhecimento sobre práticas não-violentas.
Deste modo, o impacto das ações pode, desde seus primeiros passos, influenciar a
comunidade em que a escola está inserida.
Para garantir que esforços de prevenção ao bullying e melhoria da convivência escolar
sejam integrados a outras ações em andamento na comunidade, um grupo ou comitê
escolar pode acompanhar o processo de planejamento de ações.
4.4. Capacitar professores, equipe pedagógica e comunidade escolar
Estratégias eficazes para reduzir o bullying e promover um clima escolar positivo incluem a
formação dos profissionais da educação. Como em outros aspectos do bom desenvolvimento
das atividades escolares, a formação dos profissionais da educação pode fornecer forte
contribuição para que professores e outros educadores possam contribuir, identificando e
intervindo de forma efetiva diante de situações de bullying.
A capacitação de professores e equipe pedagógica para promover conhecimentos e práticas
para a promoção de um clima escolar positivo e prevenção ao bullying e violência tem potencial
para garantir mudanças a longo prazo. Ações eficazes de capacitação garantem que a equipe
pedagógica adote estratégias não violentas para o ensino e gestão do cotidiano escolar.
É também importante desenvolver ações para capacitar crianças e adolescentes para
abordar conflitos de forma não-violenta, e a responder adequadamente a episódios de
violência. E para garantir a eficácia destes esforços, o ensino sobre tais estratégias a crianças
e adolescentes deve ser apropriado ao estágio de desenvolvimento em que se encontram,
promovendo a cidadania e competências socioemocionais.
4.5. Marcos normativos e regulamentos
O Brasil conta com legislação avançada para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes,
como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), e ainda a lei de combate ao
bullying (Lei 13.185/2015). Porém, é preciso investir esforços para que estes e outros marcos
normativos tenham repercussões no cotidiano das escolas, incluindo a alocação de recursos
para iniciativas de educação em direitos humanos e prevenção da violência.
Além disso, os documentos produzidos pelas escolas que orientam o funcionamento de seu
cotidiano, incluindo o projeto pedagógico e regulamentos, oferecem oportunidades para
afirmar o valor da convivência positiva, organizando mecanismos para que este tema seja
efetivamente incorporado às práticas da escola. É preciso indicar regras claras, coerentes e
consistentes que se apliquem a todos, enfatizando a expectativa de que todos, estudantes
e equipe pedagógica, devem atuar como defensores em situações de bullying, e não como
espectadores passivos.
4.6. Suporte e serviços eficazes
Ofertar canais para que crianças e adolescentes possam pedir apoio e orientação é a
porta de entrada necessária para garantir acesso aos serviços de apoio existentes. No
ambiente das escolas, esses serviços podem incluir o acompanhamento de situações
de bullying e outras formas de violência, oferecendo proteção e recursos para que os
envolvidos possam adotar estratégias não-violentas para relacionar-se. E, tendo em
vista que o bullying por vezes pode produzir traumas aos envolvidos, é importante
garantir o acesso a serviços oferecidos por outros setores além da educação, como
serviços de assistência social e saúde.
É importante lembrar que as práticas adotadas pelas escolas e sistemas educacionais
para responder a situações de bullying devem reduzir o risco de revitimização (Lei
13.431/2017) e vitimização secundária. E isso diz respeito a todos os setores envolvidos
no atendimento a essas situações, conforme a gravidade, como serviços de assistência
social, saúde e segurança.
4.7. Prevenção contínua
Embora soluções simples e de curto prazo pareçam empolgantes, não oferecem resultados
efetivos (ANDREOU, DIDASKALOU, VLACHOU, 2007), pois a vitimização e outras formas de
incivilidade podem ressurgir facilmente em qualquer contexto de relações interpessoais.
Assim sendo, estratégias de prevenção contínuas devem ser incentivadas visando à
prevenção de problemas e melhoria contínua das relações interpessoais.
A realização de palestras motivacionais ou eventos temáticos sobre bullying podem ser
passos iniciais interessantes para um esforço de prevenção. Porém, sozinhas essas iniciativas
não são efetivas para reduzir o bullying no cotidiano escolar ou melhorar a convivência.
Deste modo, o processo de planejamento de ações para reduzir o bullying e melhorar a
convivência escolar não deve ter “prazo de validade”. A prevenção é efetiva quando
escolas e comunidades se envolvem de forma contínua na avaliação das necessidades e
planejamento de ações.
5. Próximos passos
Neste módulo, discutimos como é possível melhorar a convivência nas escolas, reduzindo
a violência, em especial o bullying. Além de compreender as características do bullying,
foram abordadas características de uma abordagem integral para a prevenção ao
bullying. Vale lembrar que estas ações somente fazem a diferença a partir de sua
aplicação no cotidiano escolar, sendo importante conhecer e avaliar de ações para
promover a convivência nas escolas.
2928
de bullying e outras formas de violência, oferecendo proteção e recursos para que os
envolvidos possam adotar estratégias não-violentas para relacionar-se. E, tendo em
vista que o bullying por vezes pode produzir traumas aos envolvidos, é importante
garantir o acesso a serviços oferecidos por outros setores além da educação, como
serviços de assistência social e saúde.
É importante lembrar que as práticas adotadas pelas escolas e sistemas educacionais
para responder a situações de bullying devem reduzir o risco de revitimização (Lei
13.431/2017) e vitimização secundária. E isso diz respeito a todos os setores envolvidos
no atendimento a essas situações, conforme a gravidade, como serviços de assistência
social, saúde e segurança.
4.7. Prevenção contínua
Embora soluções simples e de curto prazo pareçam empolgantes, não oferecem resultados
efetivos (ANDREOU, DIDASKALOU, VLACHOU, 2007), pois a vitimização e outras formas de
incivilidade podem ressurgir facilmente em qualquer contexto de relações interpessoais.
Assim sendo, estratégias de prevenção contínuas devem ser incentivadas visando à
prevenção de problemas e melhoria contínua das relações interpessoais.
A realização de palestras motivacionais ou eventos temáticos sobre bullying podem ser
passos iniciais interessantes para um esforço de prevenção. Porém, sozinhas essas iniciativas
não são efetivas para reduzir o bullying no cotidiano escolar ou melhorar a convivência.
Deste modo, o processo de planejamento de ações para reduzir o bullying e melhorar a
convivência escolar não deve ter “prazo de validade”. A prevenção é efetiva quando
escolas e comunidades se envolvem de forma contínua na avaliação das necessidades e
planejamento de ações.
5. Próximos passos
Neste módulo, discutimos como é possível melhorar a convivência nas escolas, reduzindo
a violência, em especial o bullying. Além de compreender as características do bullying,
foram abordadas características de uma abordagem integral para a prevenção ao
bullying. Vale lembrar que estas ações somente fazem a diferença a partir de sua
aplicação no cotidiano escolar, sendo importante conhecer e avaliar de ações para
promover a convivência nas escolas.
Recurso
Filme: Crianças Invisíveis.
Produção: Cucinotta, M. G., Tilesi, C.,
Veneruso, S.
Lançamento:2005.
Duração: 116 minutos.
Um de meus filmes favoritos chama-
se ‘Crianças Invisíveis’ (All the invisible
children), lançado em 2005. Nele,
cineastas de sete países produzem filmes
curtos a respeito da situação de direitos
de crianças e adolescentes ao redor do
mundo. Recomendo assistir e discutir em
especial o curta “Meu nome é Blanca”, de
Spike Lee, que oferece um olhar ampliado sobre os múltiplos fatores que podem estar
envolvidos em situações de bullying e apoio vivenciadas por crianças e adolescentes.
Referências
ABGLT. Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016. ABGLT, Curitiba, 2017.
ALEXANDER, Mandi M. et al. Effects of homophobic versus nonhomophobic victimization
on school commitment and the moderating effect of teacher attitudes in Brazilian public
schools. Journal of LGBT Youth, v. 8, n. 4, p. 289-308, 2011.
ALVES, Maria Teresa Gonzaga; FRANCO, Creso. A pesquisa em eficácia escolar no Brasil:
evidências sobre o efeito das escolas e fatores associados à eficácia escolar. Pesquisa em
eficácia escolar: origem e trajetórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, p. 482-500, 2008.
ANDREOU, Elenia; DIDASKALOU, Eleni; VLACHOU, Anastasia. Evaluating the effectiveness
of a curriculum-based anti-bullying intervention program in Greek primary schools.
Educational Psychology, v. 27, n. 5, p. 693-711, 2007.
BAUMRIND, Diana. Current patterns of parental authority. Developmental psychology, v.
4, n. 1p2, p. 1, 1971.
BRASIL. Lei nº 13.185, de 6 de Novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (Bullying), 2015.
BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de Abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da
criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), 2017.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990.
CORNELL, Dewey; SHUKLA, Kathan; KONOLD, Timothy. Peer victimization and authoritative
school climate: A multilevel approach. Journal of Educational Psychology, v. 107, n. 4, p.
1186, 2015.
CORNELL, Dewey; HUANG, Francis. Authoritative school climate and high school student
risk behavior: A cross-sectional multi-level analysis of student self-reports. Journal of
youth and adolescence, v. 45, n. 11, p. 2246-2259, 2016.
CORNELL, Dewey; SHUKLA, Kathan; KONOLD, Timothy R. Authoritative school climate and
student academic engagement, grades, and aspirations in middle and high schools. AERA
Open, v. 2, n. 2, p. 2332858416633184, 2016.
CRICK, Nicki R.; GROTPETER, Jennifer K. Relational aggression, gender, and social-
psychological adjustment. Child development, v. 66, n. 3, p. 710-722, 1995.
Cunha, Josafá M. O papel moderador de docentes na associação entre violência escolar e
ajustamento acadêmico. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Paraná, 2013.
Cunha, Josafá M. Violência Interpessoal em Escolas Brasileiras: Características e Correlatos.
Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Paraná, 2009.
DE MORAES BANDEIRA, Cláudia; HUTZ, Claudio Simon. Bullying: prevalência, implicações e
diferenças entre os gêneros. Psicologia Escolar e Educacional, v. 16, n. 1, 2012.
3130
BAUMRIND, Diana. Current patterns of parental authority. Developmental psychology, v.
4, n. 1p2, p. 1, 1971.
BRASIL. Lei nº 13.185, de 6 de Novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (Bullying), 2015.
BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de Abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da
criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), 2017.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990.
CORNELL, Dewey; SHUKLA, Kathan; KONOLD, Timothy. Peer victimization and authoritative
school climate: A multilevel approach. Journal of Educational Psychology, v. 107, n. 4, p.
1186, 2015.
CORNELL, Dewey; HUANG, Francis. Authoritative school climate and high school student
risk behavior: A cross-sectional multi-level analysis of student self-reports. Journal of
youth and adolescence, v. 45, n. 11, p. 2246-2259, 2016.
CORNELL, Dewey; SHUKLA, Kathan; KONOLD, Timothy R. Authoritative school climate and
student academic engagement, grades, and aspirations in middle and high schools. AERA
Open, v. 2, n. 2, p. 2332858416633184, 2016.
CRICK, Nicki R.; GROTPETER, Jennifer K. Relational aggression, gender, and social-
psychological adjustment. Child development, v. 66, n. 3, p. 710-722, 1995.
Cunha, Josafá M. O papel moderador de docentes na associação entre violência escolar e
ajustamento acadêmico. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Paraná, 2013.
Cunha, Josafá M. Violência Interpessoal em Escolas Brasileiras: Características e Correlatos.
Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Paraná, 2009.
DE MORAES BANDEIRA, Cláudia; HUTZ, Claudio Simon. Bullying: prevalência, implicações e
diferenças entre os gêneros. Psicologia Escolar e Educacional, v. 16, n. 1, 2012.
FARIS, Robert; ENNETT, Susan. Adolescent aggression: The role of peer group status motives,
peer aggression, and group characteristics. Social Networks, v. 34, n. 4, p. 371-378, 2012.
FEKKES, Minne; PIJPERS, Frans IM; VERLOOVE-VANHORICK, S. Pauline. Bullying: Who does
what, when and where? Involvement of children, teachers and parents in bullying behavior.
Health education research, v. 20, n. 1, p. 81-91, 2004.
FRANCO, Creso et al. Qualidade e eqüidade em educação: reconsiderando o significado de"
fatores intra-escolares". Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, v. 15, n. 55, 2007.
GREGORY, Anne; CORNELL, Dewey; FAN, Xitao. Teacher safety and authoritative school
climate in high schools. American Journal of Education, v. 118, n. 4, p. 401-425, 2012.
HONG, Jun Sung; ESPELAGE, Dorothy L. A review of research on bullying and peer
victimization in school: An ecological system analysis. Aggression and violent behavior, v.
17, n. 4, p. 311-322, 2012.
KOCHENDERFER-LADD, Becky; PELLETIER, Marie E. Teachers' views and beliefs about
bullying: Influences on classroom management strategies and students' coping with peer
victimization. Journal of school psychology, v. 46, n. 4, p. 431-453, 2008.
KUMPULAINEN, Kirsti; RÄSÄNEN, Eila; PUURA, Kaija. Psychiatric disorders and the use of
mental health services among children involved in bullying. Aggressive behavior, v. 27, n.
2, p. 102-110, 2001.
LAMBORN, Susie D. et al. Patterns of competence and adjustment among adolescents from
authoritative, authoritarian, indulgent, and neglectful families. Child development, v. 62, n.
5, p. 1049-1065, 1991.
LEVANDOSKI, Gustavo; LUIZ CARDOSO, Fernando. Imagem corporal e status social de
estudantes brasileiros envolvidos em bullying. Revista Latinoamericana de Psicología, v.
45, n. 1, p. 135-145, 2013.
MITCHELL, Kimberly J.; YBARRA, Michele; FINKELHOR, David. The relative importance of
online victimization in understanding depression, delinquency, and substance use. Child
maltreatment, v. 12, n. 4, p. 314-324, 2007.
NAKAMOTO, Jonathan; SCHWARTZ, David. Is peer victimization associated with academic
achievement? A meta-analytic review. Social Development, v. 19, n. 2, p. 221-242, 2010.
O'CONNELL, P. A. U. L.; PEPLER, Debra; CRAIG, Wendy. Peer involvement in bullying: Insights
and challenges for intervention. Journal of adolescence, v. 22, n. 4, p. 437-452, 1999.
Oliveira, Romualdo Portela, et al. Análise das desigualdades intraescolares no Brasil. São
Paulo, SP: Fundação Vitor Civita, 2013.
OLWEUS, Dan. Cyberbullying: An overrated phenomenon?. European Journal of
Developmental Psychology, v. 9, n. 5, p. 520-538, 2012.
OLWEUS, Dan. The bullying circle. Bergen/Norwegen, 2001.
Smith, P. K.. Factores de riesgo familiares. In A. Serrano (Ed.), Acoso y Violencia en la escuela:
cómo detectar, prevenir y resolver el bullying (p. 135-163). Barcelona: Ariel, 2006.
SPOSITO, Marília Pontes; GALVÃO, Izabel. A experiência e as percepções de jovens na vida
escolar na encruzilhada das aprendizagens: o conhecimento, a indisciplina, a violência.
Perspectiva, v. 22, n. 2, p. 345-380, 2004.
THAPA, Amrit et al. A review of school climate research. Review of educational research, v.
83, n. 3, p. 357-385, 2013.
THOMPSON, David; WHITNEY, Irene; SMITH, Peter K. Bullying of children with special needs
in mainstream schools. Support for learning, v. 9, n. 3, p. 103-106, 1994.
TIPPETT, Neil; WOLKE, Dieter. Socioeconomic status and bullying: a meta-analysis. American
journal of public health, v. 104, n. 6, p. e48-e59, 2014.
UNESCO, UN Women. Global Guidance on Addressing School Related Gender Based Violence.
UNESCO and UN Women, Paris, 2016.
UNESCO. School Violence and Bullying: Global Status Report. United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization, 2017.
3332
NAKAMOTO, Jonathan; SCHWARTZ, David. Is peer victimization associated with academic
achievement? A meta-analytic review. Social Development, v. 19, n. 2, p. 221-242, 2010.
O'CONNELL, P. A. U. L.; PEPLER, Debra; CRAIG, Wendy. Peer involvement in bullying: Insights
and challenges for intervention. Journal of adolescence, v. 22, n. 4, p. 437-452, 1999.
Oliveira, Romualdo Portela, et al. Análise das desigualdades intraescolares no Brasil. São
Paulo, SP: Fundação Vitor Civita, 2013.
OLWEUS, Dan. Cyberbullying: An overrated phenomenon?. European Journal of
Developmental Psychology, v. 9, n. 5, p. 520-538, 2012.
OLWEUS, Dan. The bullying circle. Bergen/Norwegen, 2001.
Smith, P. K.. Factores de riesgo familiares. In A. Serrano (Ed.), Acoso y Violencia en la escuela:
cómo detectar, prevenir y resolver el bullying (p. 135-163). Barcelona: Ariel, 2006.
SPOSITO, Marília Pontes; GALVÃO, Izabel. A experiência e as percepções de jovens na vida
escolar na encruzilhada das aprendizagens: o conhecimento, a indisciplina, a violência.
Perspectiva, v. 22, n. 2, p. 345-380, 2004.
THAPA, Amrit et al. A review of school climate research. Review of educational research, v.
83, n. 3, p. 357-385, 2013.
THOMPSON, David; WHITNEY, Irene; SMITH, Peter K. Bullying of children with special needs
in mainstream schools. Support for learning, v. 9, n. 3, p. 103-106, 1994.
TIPPETT, Neil; WOLKE, Dieter. Socioeconomic status and bullying: a meta-analysis. American
journal of public health, v. 104, n. 6, p. e48-e59, 2014.
UNESCO, UN Women. Global Guidance on Addressing School Related Gender Based Violence.
UNESCO and UN Women, Paris, 2016.
UNESCO. School Violence and Bullying: Global Status Report. United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization, 2017.
UNESCO. School Violence and Bullying: Global Status Report. United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization, Paris, 2017.
UNICEF. A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents. UNICEF, New
York, 2017.
Vinha, T. P., de Morais, A., Tognetta, L. R. P., Azzi, R. G., de Aragão, A. M. F., Marques, C. D. A.
E., ... & Oliveira, M.T. A. (2016). O clima escolar e a convivência respeitosa nas instituições
educativas. Estudos em Avaliação Educacional, 27(64), 96-127.
WENDT, Guilherme Welter; LISBOA, Carolina Saraiva de Macedo. Agressão entre pares no
espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psicologia Clínica, v. 25,
n. 1, p. 73-87, 2013.
YOON, Jina S.; BARTON, Elizabeth. The role of teachers in school violence and bullying
prevention. In: School violence and primary prevention. Springer New York, 2008. p. 249-
275.
Zimbardo, P. G. A Situationist Perspective on the Psychology of Evil: Understanding
How Good People Are Transformed Into Perpetrators. In: MILLER, A. G. (Org.), The Social
Psychology of Good and Evil. New York: Guilford Press, 2004, p. 21-50.
ZIMBARDO, Philip G. Lucifer effect. Blackwell Publishing Ltd, 2007.
Glossário
Bullying — É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou
sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com
facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros
ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de
informação e comunicação, é denominado cyberbullying.
Clima escolar — O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola. Duas
características do contexto educacional se destacam para compreender o clima escolar:
o suporte e estrutura disciplinar. O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola,
por meio de políticas e relações, respondem às necessidades dos estudantes. A estrutura
disciplinar refere-se a clareza das expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa
no cotidiano escolar. A combinação de tais fatores está associada a melhores indicadores de
interação social no ambiente escolar
Cyberbullying — Uso da tecnologia de informação e comunicação para perpetrar ações
agressivas contra outros, como por exemplo o envio de mensagens provocativas via celular,
a inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados em redes sociais.
Maus-tratos — Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças
e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de
autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.
Violência — Abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, que pode
manifestar-se em diversos níveis.
Violência doméstica (ou violência de parceiros íntimos) — Envolve a violência de um parceiro ou ex-
parceiro, e atinge principalmente mulheres, com repercussões para todos no contexto familiar.
Violência física — Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade
ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física
com a intenção de ferir.
Violência institucional — Cometida por agentes e processos institucionais causando
prejuízo a pessoas ou grupos.
3534
Glossário
Bullying — É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou
sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com
facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros
ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de
informação e comunicação, é denominado cyberbullying.
Clima escolar — O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola. Duas
características do contexto educacional se destacam para compreender o clima escolar:
o suporte e estrutura disciplinar. O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola,
por meio de políticas e relações, respondem às necessidades dos estudantes. A estrutura
disciplinar refere-se a clareza das expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa
no cotidiano escolar. A combinação de tais fatores está associada a melhores indicadores de
interação social no ambiente escolar
Cyberbullying — Uso da tecnologia de informação e comunicação para perpetrar ações
agressivas contra outros, como por exemplo o envio de mensagens provocativas via celular,
a inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados em redes sociais.
Maus-tratos — Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças
e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de
autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.
Violência — Abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, que pode
manifestar-se em diversos níveis.
Violência doméstica (ou violência de parceiros íntimos) — Envolve a violência de um parceiro ou ex-
parceiro, e atinge principalmente mulheres, com repercussões para todos no contexto familiar.
Violência física — Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade
ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física
com a intenção de ferir.
Violência institucional — Cometida por agentes e processos institucionais causando
prejuízo a pessoas ou grupos.
Violência juvenil — Ocorre em contextos comunitários entre conhecidos ou estranhos,
incluindo ataques físicos com ou sem armas, podendo envolver a violência com gangues.
Violência psicológica — Inclui o abuso verbal e emocional, incluindo a discriminação,
constrangimento, isolamento, agressão verbal e punição psicológica.
Violência sexual — Intimidação de natureza sexual, assédio sexual, toques inadequados,
estupro e exposição do corpo, inclusive em foto ou vídeo por meios eletrônicos.
Notas
Notas
Notas Notas
Notas