Download - Manejo e interpretação ambiental
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZÔNICOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU- PPLSPROGRAMA INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS EM
DESENVOLVIMENTO DE ÁREAS AMAZÔNICAS – FIPAM XXVCURSO PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO E DO LAZER
MANEJO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DA TRILHA DAS SAMAMBAIAS, NO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE
METRÓPOLE DA AMAZÔNIA – MARITUBA- PARÁ: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Belém - Pará2015
ORIENTADORA: MSC. MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO RODRIGUES DE ALMEIDA
HELIANI DO SOCORRO FERREIRA DE SÁLAISSE LIMA PALHETA
INTRODUÇÃO
Este estudo foi pensado a partir do entendimento da necessidade de se criar
propostas de interação entre homem e natureza por meio da quebra de paradigmas
que entendiam que para se manter uma área preservada seria necessária a
dissociação desses dois elementos. O trabalho em questão trata da elaboração de
uma proposta que tem como desafio não apenas a preservação dos recursos
naturais, mas também a interação de forma harmônica entre homem e natureza a
fim de proporcionar experiências positivas decorrentes de tal relacionamento. A área
de realização da pesquisa foi a trilha das Samambaias localizada no interior da
Unidade de Conservação de proteção integral Refúgio de Vida Silvestre Metrópole
da Amazônia.
OBJETIVO GERAL
Formular uma proposta de intervenção na trilha das Samambaias
(localizada no interior da Unidade de Conservação Estadual Refúgio da Vida
Silvestre Metrópole da Amazônia), baseada em uma sugestão de uso público
que tenha o lazer e o turismo como elementos impulsores.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar o mapeamento e um levantamento de dados sobre a trilha das
Samambaias existentes no REVIS;
Diagnosticar a situação atual da trilha das Samambaias;
Realizar sua classificação da trilha quanto à sua função, a forma, o nível técnico, a
duração, a distância percorrida e o público alvo.
Verificar as necessidades de manejo;
Analisar as possibilidades para uma possível intervenção da trilha das Samambaias
voltadas para a visitação pública;
Propor sugestões de manejo, infraestrutura e monitoramento na trilha;
Propor atividades de lazer na trilha das Samambaias.
JUSTIFICAFIVA
O interesse em pesquisar esta temática em estudo, surgiu no decorrer de experiências
vivenciadas em atividades em trilhas ecológicas, onde tal experiência colaborou para a
reflexão e aprendizado acerca das questões socioambientais que envolvem as Unidades
de Conservação e, sobre as ações das realizadas nesses tipos de ambientes,
principalmente em relação ao Uso Público das trilhas ecológicas. Estas que são
instrumentos de suma importância dentro das UCs, pois proporcionam, um melhor
monitoramento da área, pelo órgão gestor, sem deixa de observar o seu lado educativo, as
trilhas ecológicas, também podem ser usadas como um forte instrumento de interpretação
do meio ambiente realizando a sensibilização através de atividades culturais, educativas,
recreativas e de lazer que não causem tantos prejuízos ao meio ambiente, para obtenção
de conhecimentos sobre a conservação e preservação da biodiversidade.
Transformações nos centros urbanos pós Revolução Industrial;
Em 1872 foi criada a primeira área protegida, o Parque Nacional de Yellowstone (EUA);
Após a Conferência Mundial de Parques Nacionais (1960), foram criadas categorias com
finalidade distintas;
Em 1937 foi criada a primeira unidade de conservação brasileira, o Parque Nacional de
Itatiaia (RJ, MG e SP);
Em 1992 foi promulgado o Projeto de Lei nº 2.892/92 que institui a criação do SNUC;
Em 2000 foi criado o SNUC através do Decreto Lei nº 9.985 de 18 de junho de 2000.
1- UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
A criação das UCs Federais e Estaduais na Amazônia Legal ocorreu de
forma intensiva no período de 2003 a 2006, estabelecendo 487.118 km².
Até o ano de 2010 essas áreas correspondiam a 22,2% da região;
O Estado do Pará possui 67 Unidades de Conservação distribuídas entre
as esferas Federal e Estadual (sendo 46 Federais e 21 Estaduais).
1.1 – Unidades de Conservação Estaduais
“Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória”.(BRASIL. Lei Federal n. 9.985, de 18 de julho de
2000);
São permitidas atividades ligadas o turismo ecológico, pesquisas científicas, educação e interpretação ambiental por meio do lazer e da recreação em contato com a natureza, com objetivos de colaborar para a manutenção dos serviços ambientais, bem como garantir os processos ecológicos naturais;
Em 2010, foi criada por meio do Decreto Lei nº 2.211, de 30 de março de 2010 a Unidade de Conservação de Proteção Integral Refugio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia;
O REVIS é o maior fragmento de floresta da Região Metropolitana de Belém (6.367,27 ha ) e abriga espécies da fauna ameaçadas de extinção.
2- REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA
“
Crescente procura da população por espaços verdes; Plano de Manejo ou Plano de Gestão; O Plano de Uso Público (PUP); Lazer; Turismo; Atividades na Natureza (Observação de fauna, observação de flora, observação
de formações geológicas, visitação a cavernas, caminhadas ao ar livre, safáris
fotográficos, práticas de aventura, trilhas interpretativas).
3- USO PÚBLICO
Trilhas Ecológicas
Trilhas são caminhos ou trajetos delineados dentro de um ambiente natural,
utilizados para caminhadas ao ar livre. Foi uma das formas que o ser humano
encontrou para deslocar-se de um ponto para um determinado local, para suprir suas
necessidades, principalmente para busca de alimento e água, entre outros fins;
Uso atual voltado para o lazer e turismo (trilhas interpretativas);
Em áreas naturais, as trilhas desempenham importantes funções sendo também consideradas
instrumentos de manejo. Entre as funções destacam-se a de conectar os visitantes com o lugar,
criando maior compreensão e apreciação dos recursos naturais e culturais; provocar mudanças
de comportamento, atraindo e envolvendo as pessoas nas tarefas de conservação; aumentar a
satisfação dos usuários, criando uma impressão positiva sobre a área; influenciar a distribuição
dos visitantes, tornando-a planejada e menos impactante (VASCONCELOS apud ANDRADE e
ROCHA, 2008).
O planejamento das trilhas ecológicas é importante para o melhor aproveitamento
das atividades na natureza;
Interpretação ambiental;
Para Espírito Santo (sem data, sem página), a Interpretação Ambiental:
Se fundamenta na captação e tradução das informações do Meio Ambiente. Contudo, não
lida apenas com a obtenção de informações, mas com significados, buscando firmar
conhecimentos e despertar para novos, exercitar valores cognitivos, criar perspectivas,
suscitar questionamentos, despertar para novas perspectivas, fomentando a participação da
comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.
4- METODOLOGIA
Tipo de Estudo.
Pesquisa de abordagem qualitativa e descritiva
Objeto de Estudo.
Trilha das Samambaias, localizada no interior da Unidade de Conservação (UC) de
Proteção Integral, estadual, denominada Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da
Amazônia (antiga fazenda da Pirelli), criada por meio do Decreto Estadual nº 2.211, de
30 de março de 2010. Possui 6.367,27 hectares distribuídos pelos municípios de
Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará.
REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA
Fonte: SEMA, 2010
Pesquisa Bibliográfica
Este estudo, foram referenciados diversos autores sobre a temática, tendo sido
realizadas buscas em livros, artigos científicos, monografias, dissertações e sites
acadêmicos e institucionais. Também foi realizada uma pesquisa documental, uma vez que
instrumentos legais foram consultados como: Leis, Decretos, etc.
Pesquisa de Campo Na segunda etapa foi realizada a pesquisa de campo, com a
observação da trilha para a formulação de propostas.
Instrumentos metodológicos: GPS, Trena analógica, Máquina fotográfica e
Bloco de notas.
5-RESULTADOS
O levantamento para planejamento da trilha das Samambaias aconteceu em
três etapas. A primeira foi a fase de reconhecimento da área; na segunda foi
realizada a verificação da situação atual da trilha e a coleta de dados; e na terceira
foram feitas a análise dos dados, a proposta de manejo da trilha e a proposta de
atividades de lazer.
TRILHA DAS SAMAMBAIAS: BREVE HISTÓRICO
Toda a área da UC é entrecortada por trilhas que
primeiramente serviam para escoar a produção agrícola
da antiga fazenda da Pirelli e para a coleta do látex nas
seringueiras. Hoje, as trilhas existentes na UC servem
como via de acesso para a fiscalização da área, além de
continuar sendo utilizada para a extração de látex, frutos
e sementes pelas comunidades tanto as que habitam o
interior da UC como as do seu entorno. Uma dessas
trilhas é denominada Trilha das Samambaias.Fonte: Heliani Sá, 2015.
Acesso e Localização
Posto do BPA- Batalhão De Policiamento Ambiental (267m) Vila Três Marcos/ Acesso a Trilha (250m) Trilha das Samambaias - Inicio/final da trajetória (1563m). Percurso total: 2080m
Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo (BPA)/ Heliani Sá e Laísse Palheta (2015) / Socorro Almeida (2013)
SITUAÇÃO ATUAL DA TRILHA
Fonte: Heliani Sá e Laísse Palheta, 2015
INVENTARIAÇÃO DA TRILHA DAS SAMAMBAIAS
Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo(BPA)/ Heliani Sá e Laísse Palheta (2015)
CLASSIFICAÇÃO DA TRILHA
Função: Trilha interpretativa
de curta distância;
Forma: Linear;
Grau de dificuldade: de
acordo com condicionamento
físico de cada visitante;
Extensão: 1.563 metros;
Duração: 1 hora a 1:30,
conforme cada grupo e
atividades propostas;
Público alvo: adolescentes
e adultos.
Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta, 2015
PONTOS INTERPRETATIVOS
Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta, 2015
Foram identificados e
marcados, por meio de GPS,
máquina fotográfica e bloco de
notas, 12 pontos de interpretativos
da flora. Estes pontos são
referenciais da área de localização
ou incidências dessas espécies
onde foi possível analisar algumas
destas para a contemplação e para
a interpretação.
PONTOS INTERPRETATIVOS
Abacaterana (Aniba burchelii Kosterm) e Cipó Tajá (Fícus sp)
Marupá (Simarouba amara Aubl.) Seringueira (Hevea brasiliensi)
Fonte: Heliani Sá e Laísse Palheta, 2015
PONTOS DE INTERVENÇÃO
Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta, 2015
Foram mapeados e analisados
14 pontos para a intervenção,
identificados foram verificados pontos
que precisam de clareamento,
drenagem devido às chuvas constantes
da região amazônica, contenção de
erosão, impactos, estes que aparecem
sobre o solo principalmente em áreas
de declives e aclives sendo também
áreas de risco para o visitante,
recuperação do solo, e a sinalização
tanto para orientação como para a
interpretação.
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Fonte: Heliani Sá e Laísse Palheta, 2015
02 03 0503
13 14 26
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Analisando a trilha: Atividade cujo objetivo
é estimular o aprendizado dos visitantes
sobre a percepção da biodiversidade. Esta
atividade requer alguns materiais como: lupa,
barbante, pequenas cadernetas de papel e
canetas esferográficas. O material deverá ser
distribuído para os visitantes, que serão
divididos em duplas. Cada dupla escolherá
uma área dos pontos escolhida pelo condutor,
durante o percurso da trilha, os mesmos
estenderão o barbante no solo, para realizar
as observações com a lupa. Tudo que cada
dupla observar deverá ser anotado e
posteriormente comentado no término da
atividade.
Área propícia para a atividade “analisando a trilha”
Fonte: Laísse Palheta, 2015
Conhecendo o lixo: Esta atividade propõe
conscientizar o visitante sobre o problema da grande
produção de lixo, principalmente quando se visita
uma área natural. A proposta das autoras fez com
que se analise a possibilidade de adaptar a mesma
para ser praticada durante o percurso da trilha. Com
isso, sugere-se que o condutor deverá ter
armazenado em um saco ou caixa, diversos tipos de
lixo produzidos pelo ser humano. O condutor deverá
espalhar o lixo por parte do percurso da trilha em
pontos estratégicos para que os mesmos possam
sejam retirados após a atividade. Logo no inicio da
trilha, o animador deverá dividir o grupo em equipes,
e passará o comando e os materiais para coleta
(saco de lixo). A atividade funciona como uma caça
ao tesouro, neste caso o “tesouro” é o lixo.
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Lixo encontrado na trilha
Fonte: Heliani Sá, 2015
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Sentidos da natureza por
meio dos sons: Atividade para
estimular a sensibilização,
percepção e concentração. O
condutor deverá selecionar um
ponto amplo onde o grupo de
visitantes deverá fechar os olhos
e se concentrar nos sons que o
ambiente proporciona.
Caminhadas orientadas com um
monitor ou condutor: São as mais
praticadas em trilhas interpretativas,
onde os condutores têm o papel de
realizar a condução na floresta,
realizando a interpretação da
mesma no seu percurso, contando a
história do local, e nos pontos
interpretativos identificados realizar
a interpretação.
Atividades de observação da
flora e da fauna: São praticadas
para a contemplação da natureza,
seja ela para observar fauna ou
flora, com ênfase para a
observação de aves.
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Fonte: Laísse Palheta, 2013 Fonte: Socorro Almeida, 2012
Pequeno circuito de Arvorismo (trilhas
suspensas): Esta atividade é uma prática do
turismo de aventura que proporciona se
locomover por percursos na altura, instalados
em árvores ou em outras estruturas. A trilha
das Samambaias proporciona áreas
acessíveis para instalação de um circuito, que
é uma atividade que proporciona o
divertimento indo de árvore em árvore e
passando por alguns obstáculos.
PROPOSTA DE MANEJO E ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS E DE LAZER
Área sugerida para círculo de Arvorismo
Fonte: Laísse Palheta, 2015
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou a realização um levantamento e o mapeamento da trilha das Samambaias, a fim de propor o manejo e as atividades de lazer e de interpretação ambiental. No entanto sabe-se que esta proposta limitou-se a uma fase de levantamento de
dados (devido à amplitude da UC, e também a questão do tempo e de clima): o
mapeamento e a proposta de estruturação física da trilha, cuja ampliação dos objetivos
serão futuramente pensados, onde planeja-se em uma próxima etapa uma integração com
a comunidade local, pois sabe-se que uma proposta de intervenção, requer a participação
popular. Assim, a realização do levantamento e o mapeamento da trilha das Samambaias foram cumpridas, assim como a proposta de manejo e de interpretação ambiental da mesma.
Obrigada!
Heliani Sá
Laisse Palheta