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Revista Tempo Amazônico | Edição de Verão, n°1, 2013 | ANPUH Amapá | www.anpuhamapa.org
IMAGINÁRIO E REPRESENTAÇÃO DO MITO DE ELDORADO:
A CRÔNICA DE SIR WALTER RALEIGH - 1595
Cristina da Silva Araújoi
Nenhuma sociedade vive fora do imaginário,
ao mesmo tempo em que, vive seu real, também
vive num mundo do fabuloso, do desejo, do sonho.
Lucian Boiaii
Resumo da investigação: Este artigo tem como objetivo analisar o mito de Eldorado, com
apoio na crônica do corsário inglês Sir Walter Raleigh. O propósito é tratar de entender os imaginários europeus em terras americanas, tendo em conta a experiência de corsários e buscas, o qual pode servir de fonte para a história de finais do século XVI.
Palavras-chave: Imaginário, Representação, Ouro, Eldorado.
Resumen de la investigación: Este artículo tiene como objetivo analizar el mito de El Dorado, con apoyo en la crónica del corsario inglés Sir Walter Raleigh. El propósito es tratar de entender los imaginarios europeos en tierras americanas, teniendo en cuenta la
experiencia de corsarios y bucaneros, lo cual puede servir de fuente para la historia de finales del siglo XVI.
Palabras clave: Imaginarios, Representación, Oro, El Dorado.
A busca do ouro e a formação do Mito de Eldorado
Eldorado trata-se de uma região supostamente rica em metais preciosos, que abriga
a lendária cidade de ouro, cuja expectativa para encontrá-la seduzia a muitos
conquistadores, os quais devastavam territórios inóspitos e desconhecidos em terras sul-
americanas, motivados pela esperança concreta de enriquecimento. Um imaginário que
ultrapassou o século XVI, e ainda continua vivo na mente de muita gente. Mas em tempos
de Conquista, o que era realidade para o homem europeu? E até que ponto o imaginário
influenciava na realidade?
O repertório fantástico dos conquistadores exaltou-se com as primeiras notícias
sobre ouro. O conquistador Sebástian de Benálcazar ouviu a história sobre um chefe índio
que recobria seu corpo com pó de ouro. A repercussão desse depoimento para a
mentalidade do período foi fundamental. Não se encontrou em nenhuma cultura indígena
até aquele momento, a utilização de riquezas de tal modo. Um ritual que fazia parte da
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cultura pré-colombiana Chibcha – também denominada de Muísca, e foi narrado aos
espanhóis, motivando centenas de expedições a vasculharem as terras ameríndias.
Contudo, a origem do Eldorado remonta a 1531-1532, quando o conquistador Diego de
Ordaz foi informado sobre a existência do País de Meta, que seria rico em ouro e pedras
preciosas.iii
Essas notícias ricas faziam alusão ao Império Inca, mas os europeus juntavam estas
informações ao seu universo imaginário.iv De que existia no interior da Amazônia uma
cidade feita de ouro, cujo palácio do imperador (o índio dourado), era sustentado com
colunas de alabastro simetricamente alinhadas, e dois leões vivos permaneciam presos por
correntes de ouro guardando um tesouro maior.v
Fig. 1. Preparação do cacique El dorado para a cerimônia no lago Guatavita, tendo seu corpo coberto com
ouro em pó. Fonte: O País de Eldorado, gravura de Theodore de Bry, Frankfurd, 1592.
Após Cristóvão Colombo anunciar ouro no Novo Mundo (1492) e a captura dos
tesouros astecas (1521) e incas (1532), ficou evidente para os europeus que o ouro era ali
abundante. Além disso, os conquistadores estimavam que Cortez e Pizarro, haviam
encontrado regiões douradas. Em 1537, o general Gonzalo Jimenez de Quesada, retirou
quantidades de objetos indígenas de ouro do lago Guatavita, cerca de 191.274 pesos de
ouro puro e ouro fino, e 18.288 pesos de ouro misturados a outros metais, e
aproximadamente 1.8,5 de esmeraldas.vi
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Após estes achados, o Eldorado, aos poucos se metamorfoseia no imaginário dos
conquistadores encontrando um terreno fértil, passando a designar primeiramente toda
mina aurífera, posteriormente toda cidade e país inexplorado, no qual corria qualquer
rumor de riqueza e mistério à medida que as conquistas avançavam pelo território
ameríndio.
Os europeus no Novo Mundo e a migração geográfica do imaginário
A descoberta da América talvez tenha sido o feito mais espantoso da história dos homens: abria as portas de um novo tempo,
diferente de todos os outros. Todo um universo imaginário acoplava-se do novo fato, numa época onde ouvir valia mais do que
ver, os olhos enxergavam primeiro o que se ouvira dizer, e tudo quanto se via era filtrado pelos relatos de viagens fantásticas, de terras longínquas, de homens monstruosos que habitavam os
confins do mundo conhecido.vii
Laura de Mello e Souza nos remete até a época do homem europeu tendo sua
primeira experiência em terras ameríndias. A nova terra era comparada ao paraíso terreal,
onde a paisagem evocava o lugar dos sonhos com novidades que faziam crescer o acervo
milenar, do imaginário europeu.
Nos primórdios da descoberta e colonização das Américas, a esperança de
enriquecimento rápido foi um dos fatores que motivou expedições a partirem rumo ao
desconhecido. O maravilhoso, baseado em narrativas reais e imaginárias, transportou para
o Novo Mundo diversas tradições ocidentais, algumas das quais relacionadas à riqueza e ao
ouro. Para além do seu valor material, o ouro possuía um extraordinário encanto, pois era o
símbolo da perfeição e da imortalidade. O mais nobre dos metais, utilizado como metáfora
do poder político e da realeza, foi vinculado também a aspectos místicos. O europeu, desta
forma, herdeiro de um vasto repertório fantástico sobre esse metal, transferiu para o
incógnito uma ambígua e extrema obsessão da busca pela riqueza e poder.viii
Eldorado era imaginado na America do Sul, sendo lugar de busca daqueles homens
que, impregnados de leituras como os livros de maravilhas ou as viagens de Marco Polo,
somavam o pensamento medieval a nova era - das navegações e das descobertas. Do
descobrimento dessa imensa terra, só nos cabe dizer que o mundo se tornou pequeno,
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destruindo um supra-mundo de sonhos e ilusões geográficas. O mundo deixa de ser plano e
se torna redondo, pronto para ser descoberto, mas baseado nas narrativas conforme disserta
a historiadora Giulia Lanciani:
No século XII, o maravilhoso ganhou força nova e passou a se mesclar a
descrições geográficas do mundo desconhecido ou pouco conhecido dos
europeus. A lenda de Alexandre, por exemplo, popularizou as maravilhas
indianas, as mulheres flores e outros seres insólitos. Nessa mesma época
difundia-se largamente a lenda do Preste João, viagens fantásticas para além do
mundo conhecido, como a Navegação de São Brandão, o próprio purgatório de
São Patrício, o Livro de Alexandre conheceram notável difusão na área ibérica
durante todo o século XV, e em parte no século XVI, destacavam-se pela riqueza
e invenção. A Vida de Santo Amaro, importante por tratar-se de aventura
marítima na qual se tocam várias ilhas desertas.ix
Jean Marc Beer e Jorge Magasich Airola ressalvam que as viagens de Mandeville
são um bom exemplo de fusão entre imaginário e real. O relato dessas viagens têm duas
partes; a primeira é um itinerário a Terra Santa, precisas e documentadas, a segunda é a
descrição de uma viagem ao Oriente que termina com a descrição do Paraíso Terrestre,
largamente imaginária.x
Laura de Mello e Souza, a partir destas ideias, faz a seguinte questão: “Mas, o que
era realidade para o homem do século XVI”?xi
Segunda a autora, acreditava-se na existência do Equador, dos trópicos, de cinco
zonas climáticas, três continentes, três mares, doze ventos. A Europa Setentrional e o
Atlântico já se confundiam no imaginário, sendo descritos como uma ficção. Havia uma
quantidade de ilhas misteriosas. Sobre a África, falava-se do Magreb e do Egito,
desenvolviam-se hipóteses sobre as fontes do Nilo. A Ásia era o grande polo de fascínio do
imaginário europeu, encerrava o Paraíso Terrestre, vedado por altas montanhas, por uma
cortina de ferro e por hordas de animais monstruosos. Ao norte ficava o lendário país de
Gog e Magog, composto pelas dez tribos de Israel. No centro estendia-se o reino de Preste
João. Para além do Índico, o mundo era povoado por cinocéfalos, ciclopes, trogloditas,
acéfalos, homens-formiga.xii
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Fig. 2. Monstro marinho. Fonte: PLAUTIUS, Caspar, abade de Seitenstetten, Nova Typis Transacta
Navigatio, Novi Orbis Indiae Occidentales. Séc. XVII 1621. Biblioteca Florestan Fernandes. Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo – USP.
Segundo Jacques Le Goff: “o oceano Índico constitui-se como lugar de sonho e do
fluir de instintos, o temor de desvenda-lo seria como o temor de desvendar os próprios
sonhos. E os sonhos índicos seria composto por riqueza, as ilhas transbordantes de pérolas,
madeiras preciosas, especiarias, peças de seda, o sonho se atrelava as necessidades de
expansão comercial, mas também pela exuberância fantástica da natureza, dos homens, dos
animais. Para além da fronteira europeia, havia um horizonte real, meio fantástico, meio
comercial, meio mental, ligado a própria estrutura do comércio do Ocidente, importador de
produtos preciosos longínquos, com ressonâncias psicológicas”.xiii
Segundo Sergio Buarque de Holanda: “o Índico ganhava a familiaridade dos
europeus, devido a isto dar-se o fato de mudança de localização das cidades imaginárias,
uma vez que se conhece o lugar que seria supostamente fantástico, tende-se a empurrar
esses países lendários e as humanidades monstruosas para regiões cada vez mais distantes
e periféricas, ainda pouco conhecidas do homem do ocidente. É a partir dos Quinhentos
que o Atlântico alcançará o ápice do imaginário europeu, o reduto dos monstros e seres
fabulosos, o Paraíso Perdido, o reino do próprio demo, o lugar do juízo final, a fonte da
juventude.”xiv Para Sérgio Buarque de Holanda era uma forma de remodelar as ideias
através da migração geográfica no imaginário europeu, decorrente devassamento de terras
desconhecidas no imaginário dos navegantes.
A aventura marítima desenrolou-se sob forte influência do imaginário europeu. A
idade do ouro das utopias europeias vinculou-se estreitamente as grandes descobertas, os
relatos de viagem, embelezados pela imaginação.
Trabalhando Mitos e Narrativas na historiografia
Segundo o historiador Celestino Ceretta: “é impossível entender a ocupação de um
continente, sem levar em conta os mitos que a precedem e acompanham a ocupação, visto
que os europeus chegaram a terras americanas trazendo um imaginário que é possível ver
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nas crônicas misturando os fatos, as crenças e os mitos. O mito não é apenas o resultado da
imaginação. O sistema mítico e lendário precedeu ou seguiu as grandes descobertas da
antiguidade humana, como as utilidades das diversas plantas: milho, mandioca, batata... Os
mitos impulsionam ou freiam as ações dos homens. Eles provocam imaginário, e orientam
o agir do indivíduo. Eldorado foi produto da imaginação europeia sobre a Amazônia.”xv
O estudo de Eldorado nos ajuda a compreender melhor o período da Conquista.
Esta pode ser descrita pelo processo de exploração, através do qual os europeus
conquistaram uma grande porção da América do Sul: Equador, Venezuela, Colômbia, a
costa do Caribe, Peru.
É importante entendermos que deste processo surgiram narrativas nos quais,
realidade e fantasia se misturam. Nesse sentido, é importante observarmos o discurso dos
conquistadores que descreveram ou criaram e compuseram novos contextos a partir do que
viram e ouviram ou imaginaram.
O estudo do imaginário é de tamanha importância. As fontes cronísticas permitem
visualizarmos o imaginário dos desbravadores europeus em terras ameríndias. Onde
situaram Eldorado como um conjunto de expectativas e promessas.
Problema da História do Imaginário, Eldorado se insere na História Cultural.xvi O
historiador Demétrio Ramos Pérez buscou inseri-lo na História das Ideias, afirmando que o
Mito teria surgido de uma teoria (poderia existir na América), e desta teoria, teriam
participado por contágio centenas de conquistadores. Depois, pelas localidades concretas
das terras americanas, originou-se uma exaltação imaginativa, e por último, uma suposição
interpretativa, reconhecer indícios que confirmem a existência.xvii
O estudo de Eldorado também aborda o campo das Mentalidades e Psicologia
Histórica, por abranger modos de pensar e agir numa determinada época. E estudar os
relatos sobre cidades fantasiosas pode iluminar a interatividade com estudos
antropológicos, enquanto os relatos retratarem povos, costumes e modos de vida, e mais do
que isso, o estudo de Eldorado nos transporta para a dimensão das idades míticas, no
estudo do Imaginário, se constituindo numa abordagem particular, privilegiando as
concepções de tempos reais e espaços fantasiosos. E interpretando um desenrolar ilusório e
existência de cidades imaginárias não reais.
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“Em busca da chave do Reino Dourado”xviii - O imaginário de Eldorado na crônica
de Sir Walter Raleigh – 1595
Sir Walter Raleigh foi corsário inglês que veio para a América em 1595 a fim de
encontrar a chave do reino dourado. Como tantos outros desbravadores de seu tempo,
Walter Raleigh também se tornou representante da crença de que o futuro estaria nas mãos
de quem pudesse contar com os recursos da América. Na mente dos homens ingleses,
possuir terras ricas e lograr a posse do manancial aurífero significava conseguir a
hegemonia na Europa e arrancar o poder do rei Felipe II. Justamente “a preocupação que a
Coroa Inglesa sentia em evitar o enriquecimento do rei da Espanha, fez o membro da corte,
Sir Walter Raleigh pensar no país dourado, donde podiam sacar muito mais ouro que na
Índia.”xix
Sua crônica é a mais famosa sobre a cidade dourada. É sabido que o corsário inglês
nunca chegou a visitar a referida cidade. Todavia, o seu relato é inteiramente rico e
fabuloso. Descreve com detalhes as populações indígenas que o delimitavam, tributárias do
império guiano, “adornado com tantas cidades, vilas, templos e tesouros.”xx
A mais surpreendente descrição é a referente aos descabeçados, habitantes de uma
ilha: “São chamados Ewaiponoma, têm os olhos nos ombros, e a boca na metade do peito,
e uma grande quantidade de pêlos que cresce atrás dos ombros.”xxi Segundo o historiador
Johnni Langer: “os acéfalos funcionavam como símbolos de guarnecimento das riquezas
fabulosas”xxii
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Fig. 3. Os Ewaipanoma, homens acéfalos. Fonte: Gravura de HULSIUS, Levinus, 1605. Imprenta;
Wolffgang Hoffmann, Frankfurt Am Mayn, 1629. Biblioteca Instituto de Estudos Brasileiros – Coleção João
Fernando de Almeida, Universidade de São Paulo.
Como fora dito, em seu relato, é perceptível a omissão da descrição de Eldorado, e
permanecem apenas as regiões circundantes, o que deixa certa áurea de mistério, que longe
de desacreditá-lo, aumentou ainda mais a sua fama. Como a não descrição de Eldorado se
tornou o mais famoso relato? A localização da cidade é abstrata, o que deixa a convicção
de que ela possa realmente existir atrás da próxima montanha, ou da cachoeira seguinte. A
incerteza é um dos grandes estruturadores do imaginário e do maravilhoso, pois permite tal
“lugar” existir, mesmo que seja cada vez mais longe na mentalidade, porém ele nunca
tende a desaparecer, embora se torne inalcançável, alimentando a imaginação.
O projeto de Sir Walter Raleigh era novo, pois direcionava a Inglaterra para uma
nova expansão, e buscava atestar que uma cidade, existente somente no imaginário,
realmente existia. Seus documentos traduzem a realidade de uma época, de fantasias
douradistas.
Walter Raleigh via o Eldorado na America do Sul, impregnado da leitura de obras
como os relatos de espanhóis, os livros de maravilhas, como já fora dito. O relato é
dividido em etapas; um desvio da expedição, a sobrevivência aos tormentos, chegada à
porta da Arcádia tropical, hospitalidade dos nativos e a parada em frente à cachoeira
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intransponível. Sir Walter Raleigh, retornou a Inglaterra no mesmo ano, levando ouro
menor do que se esperava e grande quantidade de plumagem e artigos nativos, ao qual não
agradara o suficiente a Rainha Elizabeth I.
Nesta corrida do ouro, alguns documentos foram apreendidos de corsários
espanhóis, como as atas de posse de Domingo de Vera e a carta de Antonio Berrio, com
informações sobre as terras ricas e salinas. E que serviram de apoio à descoberta do inglês
Walter Raleigh. Mas a expedição do corsário também deixou documentos nas mãos de
espanhóis, quando o capitão Francisco Sparri fora capturado. Passou por interrogatórios a
fim de explicar descobertas dos ingleses em terras americanas.
Fig. 4. Walter Raleigh assalta Trinidad e rende governador espanhol Antonio de Berrio, em 08 de Abril de
1595, em Trinidad. Fonte: Fabulas y Leyendas de El dorado, Biblioteca del Novo Mundo 1492-1992.
Tusquets/Círculo. Iconografia por Nobert Denkel y Juan Gustavo Cobo Borda, pág. 150.
A crônica de Sir Walter Raleigh possibilita o estudo a respeito de um membro da
corte inglesa, que veio a America em nome da Rainha Elizabeth I, e permite-nos adentrar
no universo imaginário da sociedade inglesa. Sujeito que presenciou a passagem do
reinado de Elizabeth I para o de Jaime I, pondo fim à dinastia dos Tudor. Todo o
documento revela que a Inglaterra vivia o mesmo ambiente de descobrimentos que os
espanhóis, tanto que, para elaborar tal empresa, a Coroa inglesa incorporou homens novos,
com iniciativas audaciosas, que buscavam no comércio seu enriquecimento, e estudiosos
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do mar, piratas, corsários, atentos onde às frotas espanholas navegavam, podendo correr os
riscos, em busca de fortuna.
A obra de Raleigh, A Discovery,xxiii descreve os costumes nativos da Guiana, seu
dia-a-dia nas fronteiras da Conquista espanhola, e as dificuldades por quem passou sua
expedição, a hospitalidade dos povos indígenas e a tentativa de insurgir revolta dos nativos
em relação aos espanhóis, termina sua primeira viagem devido ao cansaço, falta de
provisões, e a vigilância constante a mando do governador espanhol, não conseguindo
adentrar no Império Guiano, mas circundando as áreas, os rios, as matas com a ajuda de
caciques e índios. Consegue pouca quantidade de ouro, pedras preciosas, e retorna a
Inglaterra com grande quantidade de objetos indígenas que o presentearam, levando
animais, araras, papagaios e raízes. Sua obra é riquíssima em retratar a cultura guiana, o
contato do europeu com os nativos, a geografia ameríndia, mas também retrata as
dificuldades, as águas violentas, o intenso calor do qual não eram acostumados, a
quantidade de mosquitos que lhes tirava o sono e os animais que faziam ruído a noite:
As águas eram malditas. Todo alimento fedia e apodrecia. A roupa de lã fina
inglesa colava no corpo, mas não os protegiam dos mosquitos, nem dos micuins
que se aninham em sua pele imunda. O ar da floresta é sufocante, e o sol queima
a nuca e os pulsos, como se estivessem sido grelhados. O corpo arde como quem
está com febre. Os olhos ardem com o suor. Urinam no rio como que com isso
pudessem matar o malvado Orenoco. E mesmo no tormento, continuavam
remando às cegas. Quando anoitecia, defasavam o horror gritando, as quais eram
respondidas com os berros dos macacos e voo dos morcegos. E na escuridão,
cada curva prometia desvendar Eldorado, a última estação da expedição foi à
frente da cachoeira colossal do qual Berrio falara, contudo a frota não se arriscou
e a descoberta termina em novembro de 1595.xxiv
Sua obra narra ainda sua obcessão em Eldorado, crendo sempre que estaria mais
distante, cuja população seguinte poderia lhe informar a localização. Tudo lhes era novo,
terras que jamais havia visto. Voltou á Inglaterra pensando em retornar com mais provisões
e homens, sua busca não cessou até sua morte. E pode-se dizer que Eldorado, ou melhor, a
falta dele teve parcela de culpa na morte de Raleigh, pois em 1616, o inglês fora libertado
da torre em Londres, que havia sido preso acusado de conspirar contra Jaime I, mas o
preço de sua liberdade seria entregar a chave do reino dourado ao rei. E se falhasse, seria
decapitado em praça pública. Fora exatamente o que aconteceu. Raleigh morrera por uma
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ilusão, e talvez ele soubesse disso, que nunca encontraria Eldorado. Pois o lugar imaginado
sempre se mostrava mais esquivo, situado cada vez mais ao leste. O fato é que a segunda
expedição de W. Raleigh fora um fracasso total de mortes, cansaços e desespero.
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Concluímos que,
Se pararmos para pensar a respeito do imaginário, perceberemos que não é difícil
entender a atitude de todos os aventureiros que partiram em busca de Eldorado, pois eles
foram movidos pela esperança de riqueza, pela curiosidade, pela fantasia que fortemente
acreditavam e insistência no mito, pois a fé cega em um mito não pode ser entendida
apenas na perspectiva de ouvir falar, o mito só pode ser compreendido quando é
intimamente vivido.
E a proposta da História Cultural é desvendar o passado por meio de suas
representações, tentando chegar às formas discursivas de expressão do mundo. Esta noção
torna-se importantíssima para compreender o universo mental dos europeus daquele
período. Os livros de cavalaria, que chegaram as mãos daqueles homens modernos, contêm
elementos para entender seus espíritos aventureiros. A literatura medieval ultrapassou suas
fronteiras chegando até a época do Renascimento. É nesse contexto que se insere o mito de
Eldorado, pois os europeus ficavam sabendo destas terras ricas através dos livros de
maravilhas.
É importante ainda ressalvar que, Eldorado remete a cerimônia do cacique coberto
com resina de ouro, que mergulhava no lago Guatavita. Uma informação muito importante
é a de que no inicio do século XVI, a cerimônia havia desaparecido, mas sua recordação
sobreviveu ao tempo, alimentando a imaginação e transformando-se em mito. E pouco a
pouco já não importava mais se Eldorado era um lugar, uma pessoa ou uma mina, e assim
como muitos, W. Raleigh queria encontrá-lo, para poder usufruí- lo.
De uma perspectiva histórica, podemos então observar que Eldorado, tem sua
importância na historiografia, e não deve ser transportado novamente ao terreno da
fantasia, do quimérico, do irreal. Segundo o historiador Johnni Langer,
As cidades imaginárias foram eliminadas do campo acadêmico, relegadas a uma
condição de miragem. Porém, toda elaboração simbólica nunca morre
definitivamente, sendo transformada em uma nova narrativa, ocasionando sua
sobrevivência para o novo século, os mitos se respondem mutuamente e o
aparecimento de uma versão ou de um mito novo se faz sempre em função
daqueles que já existiam anteriormente. Assim, se para a ciência oficial a cidade
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perdida tornou-se uma aberração fantástica, por sua vez, estrangeiros e amadores
promoveram dezenas de expedições em sua busca, no início do
século XVI até nossos dias .xxv
Em 2010, o jornalista Olly Steeds subiu as montanhas do Peru, buscando entender o
mito, chegou à conclusão de que Eldorado se perpetua no universo mental e que se localiza
na imaginação.xxvi
Eldorado ainda não concluiu o seu ciclo na mentalidade. A literatura sobre o Mito
ainda continua viva. Em 1947, Carpentier, um cubano, escreveu uma crônica chamada
Naipaul en la perdida de El Dorado. Além dele, o século XX, possui uma literatura
douradista muito rica. Em 1913, Ciro Baio fez uma obra chamada Los Marañones e
Ramon del Valle Inclãn publicou Tirano Bandera. Na década de quarenta, temos o
trabalho de Arturo Uslar Pietri, El Camino de El Dorado. Em 1964, Demetrio Aguilera
Malta, nos apresenta a novela El Quijote de El Dorado. E em 1995, Leopoldo Benites
Vinueza escreveu Argonautas de la Selva.xxvii
Portanto, Pode–se dizer que Eldorado tem suas estruturas no contexto de longa
duração. Porém, sofreu transformações, mobilidades culturais em suas mais variadas
formas: adquiriu novas feições e mudou de aparência. Seu cenário historiográfico precisa
de mais pesquisas, pode-se contar em terras brasileiras os trabalhos produzidos.
Geralmente é nota de rodapé de um tema maior, sendo estudado por pesquisadores
venezuelanos, colombianos, peruanos. A historiografia amazônica ainda apresenta páginas
em branco sobre o tema, que esperam investigações e diálogos com a historiografia
americana. Pois um imaginário que ultrapassou o século XVI, e ainda continua vivo, não
pode ficar relegado do campo acadêmico. Uma vez que apresenta perspectiva
historiográfica dentro da História Cultural.
i Mestranda em História – Universidade Federal do Amazonas/UFAM. Graduada em História pela Universidade Federal do Amazonas/ UFAM. Bolsista CAPES. Contato: [email protected] ii Lucien Boia, citado na obra de PESAVENTO, Sandra Jatahy. Mudanças Epistemológicas: a
entrada em cena de um novo olhar. In: História e História Cultual. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p.46-47.
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iii
A primeira narrativa feita sobre Eldorado é de autoria de Jonannes Martinez, mestre de munições de Diego de Ordaz. Abandonado na selva sob suspeita de traição, Martinez reapareceu anos depois contando sua aventura. Segundo ele, teria sido conduzido por índios à cidade de Manoa, circundada por montanhas de sal, ouro e prata. Seu relato centraliza-se na descrição do palácio do imperador, com imensas colunas de alabastro simetricamente alinhadas, a maior delas sustentando uma enorme coluna, dois leões vivos permaneciam presos por correntes de ouro maciço. In: LANGER, Johnni. Em busca das cidades perdidas. In: Globo Ciência. Ed. Globo, 1998, Ano 7, n°83. iv
Desde o século XV, os europeus atribuíram ao metal dourado características fantásticas. O ouro não se encontrava em qualquer lugar, mas em terras longínquas, extraordinárias, de clima paradisíaco. Essas regiões eram vizinhas do Jardim do Éden, e nesses locais o ouro jorrava ou nascia da terra, produto de uma misteriosa alquimia, bem guardado e protegido pelos grifos e pelas formigas gigantes mencionadas por Homero. Segundo as crenças do século XVI e fundamentações baseadas nas Sagradas Escrituras, o maravilhoso mesclava as descrições geográficas do Novo Mundo. Acreditava-se que para além das fronteiras europeias podia-se encontrar o Paraíso Perdido, as Minas do rei Salomão, homens monstruosos que habitavam os confins do mundo conhecido, os gigantes patagões, e por sua vez, as regiões douradas: Quivira, Cíbola, Meta, Manoa, Parima, Césares, País da Canela, Los Mojos, Tripalanda. Como toda lenda, as origens da crença no Eldorado são incertas. Supõe-se que tenha surgido em torno de 1530, quando o conquistador Diego de Ordaz foi informado sobre a existência de certo País de Meta, pródigo em ouro e pedras preciosas, supostamente situadas à beira de um rio de mesmo nome no interior do que veio ser o território colombiano. Com o tempo, o fabuloso país transformou-se no Eldorado, nome derivado da expressão espanhola Província del Dorado, que se referia um mítico príncipe indígena que cobria seu corpo com pó de ouro e por isso, era chamado de El dorado (o dourado). As imagens fantásticas que, apesar de fantasiosas, serviram de referência para as representações cartográficas durante dois séculos. É preciso levar em conta os aspectos literários do mito, existentes antes mesmo das descobertas do continente americano no imaginário daquela época, em que ouvir valia mais do que ver. Texto construído a partir da obra de a partir de BEER, Jean Marc e AIROLA, Jorge Magasich. As regiões do Ouro. In: América Mágica. Quando a Europa da Renascença pensou estar conquistando o Paraíso. São Paulo: Paz e Terra, 2000. e RAMOS, Demetrio. El mito de El Dorado. Espanha. Ediciones Istmo. Colégio Universitário. Coleção Mundus Novus. 1988. v LANGER, Johnni. Em busca das cidades perdidas. In: Globo Ciência. Ed. Globo, 1998, Ano 7,
n°83, pg.27. vi
A quantidade de ouro retirada por Jimenez de Quesada se encontra descrita na obra STRAUSFELD, Michi (org.) e BORDA, Juan Gustavo Cobo (elaborador da edição). Fabulas y Leyendas de El Dorado. Barcelona: Tusquets/ Círculo, 1987. P.62. vii
SOUZA, Laura de Mello e. O Novo Mundo entre Deus e o Diabo. In: O diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das letras, 1986, pg.21-85. viii
LANGER, Johni. Em busca das cidades perdidas. As cidades Imaginárias . Globo Ciência, ed. Globo, 1998, Ano 7, n°83, pg.27-36 _. O mito de Eldorado: origem e significado no imaginário sul-americano (século XVI). In: Revista de História 136. USP. São Paulo. 1997, p. 02. ix Giulia Lanciani. apud SOUZA, Laura de Mello e. O Novo Mundo entre Deus e o Diabo . In: O
diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das letras, 1986, pg.21. x AIROLA, Jorge Magasich; BEER, Jean Marc de. América Mágica: Quando a Europa da
Renascença pensou estar conquistando o Paraíso . Tradução: Regina Vasconcellos – São Paulo: Paz e Terra, 2000. xi Laura de Melo e Souza fala ricamente do imaginário que serve como base fundamental para
entendimento sobre a mentalidade do homem do século XVI, e consequentemente para entendermos até que ponto os europeus acreditavam em ideias fantásticas. A respeito deste trecho Jean Marc de Beer em América Mágica constrói uns argumentos muito parecidos com os de Mello e Souza.
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xii
SOUZA, Laura de Mello e. O Novo Mundo entre Deus e o Diabo. In: O diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das letras, 1986. xiii
LE GOFF, Jacques. O maravilhoso e o cotidiano medieval (trad.). Lisboa: Ed. 70, 1985. xiv
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2004. xv
CERETTA, Celestino. O Eldorado. In: História da Igreja na Amazônia Central. Manaus: Biblos/Valer, 2008. p. 49. xvi
A História Cultural é uma abordagem que vem ganhando espaço na vertente historiográfica. Segundo Peter Burke, “estamos a caminho da História Cultural de tudo: sonhos, emoções, viagem, memória. E o termo cultura está cada vez mais abrangente, hoje se fala em culturas: cultura do absolutismo, cultura do mérito, cultura da imprensa, etc.” Histórias que décadas atrás eram consideradas banais, como as histórias da longevidade ou do arame farpado, história do medo ou das armas, hoje fazem parte dos estudos culturais, dentro de uma abordagem e metodologia histórica. BURKE, Peter. A vez da Antropologia Histórica. In: O que é História Cultural? Trad. Sergio Goes de Paula. -2 ed.rev. e ampl. – RJ: Jorge Zahar Ed., 2008, p.46. xvii
RAMOS, Demetrio. El mito del Dorado, un problema de la historia de las ideias. In: El mito de El Dorado. Espanha. Ediciones Istmo. Colégio Universitário. Coleção Mundus Novus. 1988, p. 1-2 xviii
Chave do Reino dourado é uma expressão usada pelo historiador Simon Schama em referência ao episódio que o corsário inglês, preso na torre de Londres por desentendimentos políticos com o rei Jaime I, fez a proposta ao rei de buscar a chave de Eldorado em troca de sua liberdade. Foi sua segunda expedição a Guiana, que terminou em fracassos e mortes. SCHAMA, Simon. Paisagem e memória; trad. Hildegard Feist. SP: Companhia das Letras, 1996. p. 321. xix
RAMOS, Demétrio. El mito de El Dorado. Espanha. Ediciones Istmo. Colégio Universitário. Coleção Mundus Novus. 1988, pg.480. xx
Ibidem. xxi
Ibidem. xxii
LANGER, Johnni. O mito de Eldorado: origem e significado no imaginário sul-americano (século XVI). In: Revista de História 136. USP. São Paulo. 1997, pg.25. xxiii
A obra completa de Sir Walter Raleigh se chama (A descoberta do grande, rico e belo Império da Guiana, com uma relação da grande e dourada cidade de Manoa, a qual os espanhóis chamam Eldorado). Documento Publicado em Londres, 1596. Reproduzido em Caracas, 1940. Impresso e disponível como apêndices na obra DEMETRIO, Ramos. El mito de El Dorado. Espanha. Ediciones Istmo. Colégio Universitário. Coleção Mundus Novus. 1988. Dois apêndices, traduzidos para o espanhol pela professora Betty Moore. Documentos transcritos do original, sendo a maioria, inéditos. Retirados do Arquivo Geral das Índias, a cartografia encontrados no Arquivo Geral de Simancas, ambos reproduzidos pela Academia Nacional de História de Caracas. Disponível o documento original em inglês, no acervo online Brasiliana, Universidade de São Paulo – USP xxiv
SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória; trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. xxv
LANGER, Johnni. Em busca das cidades perdidas. In: Globo Ciência. Ed. Globo, 1998, Ano 7, n°83, pg.27-36. A partir de seu estudo sobre as cidades imaginárias, Langer dá importância à interpretações de mitos e cidades perdidas, fantasiosas e que, segundo ele nunca saem do imaginário, estando sempre vivos na memória e portanto, possui valor histórico. xxvi
Programa Olly Steedes investiga. Eldorado- expedição na região do Peru. Discovery. Exibido em 29/08/2010. xxvii
PIETRI, Arturo Uslar. El camino de El Dorado. Equador: Editorial Oveja Negra, 1985./ VINUEZA, Leopoldo Benites. Argonautas de la selva: Guayas, Clássicos Ariel, 1945. E Ciro Baio, disponível no sítio: Ciro-Bayo-los-Maranones. Obras junto às demais disponíveis no sítio Biblioteca Ecuador.
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Referências Bibliográficas
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Renascença pensou estar conquistando o Paraíso. Tradução: Regina Vasconcellos – São
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STRAUSFELD, Michi (org.) e BORDA, Juan Gustavo Cobo (elaborador da edição).
Fabulas y Leyendas de El Dorado. Barcelona: Tusquets/ Círculo, 1987.