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MARIA FERNANDA DUARTE DA LUZ
ASSOCIAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO DE ADULTOS PARA MANTER-SE EM
TRATAMENTO PSICOSSOCIAL PARA PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO
DE SUBSTÂNCIA QUÍMICA E A ADESÃO AO TRATAMENTO
CANOAS, 2015
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MARIA FERNANDA DUARTE DA LUZ
ASSOCIAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO DE ADULTOS PARA MANTER-SE EM
TRATAMENTO PSICOSSOCIAL PARA PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO
DE SUBSTÂNCIA QUÍMICA E A ADESÃO AO TRATAMENTO
Dissertação apresentada à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento Humano do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, como exigência para a obtenção do título de Mestra em Saúde e Desenvolvimento Humano.
Orientação: Prof. Dr. José Carlos de Carvalho Leite
CANOAS, 2015
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MARIA FERNANDA DUARTE DA LUZ
ASSOCIAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO DE ADULTOS PARA MANTER-SE EM
TRATAMENTO PSICOSSOCIAL PARA PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO
DE SUBSTÂNCIA QUÍMICA E A ADESÃO AO TRATAMENTO
Dissertação apresentada à banca examinadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento Humano do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, como exigência para obtenção do título de Mestra em Saúde e Desenvolvimento Humano.
Aprovado pela banca examinadora em 23 de abril de 2015.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________ Prof. Dr. José Carlos de Carvalho Leite
Orientador – UNILASALLE
________________________________________ Prof. Dr. Júlio Cesar Walz
UNILASALLE
________________________________________ Profª. Drª. Lidiane Isabel Filippin
UNILASALLE
_________________________________________ Profª. Drª. Maria de Lourdes Drachler
UFRGS
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RESUMO
O presente estudo intitulado Associação entre motivação de adultos para manter-se
em tratamento psicossocial para problemas relacionados ao uso de substância
química e a adesão ao tratamento, está inserido na linha de pesquisa
Desenvolvimento Humano e Processos Saúde-Doenças, do mestrado profissional
em Saúde e Desenvolvimento Humano do Unilasalle. O mesmo teve como objetivo
examinar a associação entre a motivação de adultos para manter-se em tratamento
psicossocial para problemas relacionados ao uso de substância química e a adesão
ao tratamento. Como métodos foram avaliados 150 usuários dos CAPS-AD
Travessia do Município de Canoas/RS. Trata-se de um estudo de coorte
prospectiva, onde todos os usuários que iniciaram tratamento para o uso e abuso de
álcool e outras drogas foram convidadas a participar da pesquisa. O resultado da
pesquisa evidenciou que quanto maior o grau de escolaridade, maiores são as
chances de manter-se em tratamento. Também apresentaram resultado positivo na
adesão ao tratamento, pacientes que recebem algum apoio social durante o
tratamento. Em relação à motivação, foram encontrados resultados relevantes em
relação à auto eficácia, pacientes mais motivados apresentaram quase o dobro de
chance de permanecer em tratamento, comparado com os pacientes não motivados.
Esta informação nos permite concluir que a motivação tem considerável importância
na mudança de comportamento para adesão ao tratamento para dependência
química.
Palavras chaves: motivação, adesão ao tratamento, dependência química.
4
ABSTRACT
This study entitled association between adult motivation to remain in psychosocial
treatment for problems related to the use of chemical and compliance with treatment,
is inserted in the line of research Human Development and Process Health-
Diseases, professional master's degree in Health and Human Development
Unilasalle. The same aimed to examine the association between adult motivation to
keep on psychosocial treatment for problems related to the use of chemical and
compliance with treatment. As methods were evaluated 150 users CAPS-AD
Crossing the city of Canoas/RS. This is a prospective cohort study, where all users
who initiated treatment for the use and abuse of alcohol and other drugs were invited
to participate in the study. The result of this research showed that the higher the
education level, the greater the chances of staying in treatment. Also showed positive
results in treatment adherence, patients receiving any social support during
treatment. Regarding motivation, were found relevant results regarding self-efficacy,
more motivated patients had almost twice as likely to stay in treatment, compared
with patients not motivated. This information allows us to conclude that the motivation
has considerable importance in changing behavior to adhere to treatment for
chemical dependency.
Key words: motivation, adherence to treatment, chemical dependency.
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Hipótese operacional da pesquisa.......................................................... 11
Tabela 1 – Número de sujeitos em início de tratamento, número e percentagens
de sujeitos que abandonaram o tratamento durante os dois meses iniciais,
considerando as características sociais e econômicas............................................
19
Tabela 2 – Número de sujeitos em início de tratamento, número e percentagens
de sujeitos que abandonaram o tratamento durante os dois meses iniciais,
considerando experiências com uso de substâncias psicoativas e tratamentos
anteriores (N=150)....................................................................................................
20
Tabela 3 – Número de sujeitos, média e desvio padrão no início do tratamento
atual em CAPS-ad, considerando a motivação para mudar o comportamento
aditivo e para aderir ao tratamento e severidade da dependência química.............
21
Tabela 4 – Razões de chance para adesão ao tratamento em CAPS-ad,
considerando a motivação para mudar o comportamento aditivo e para aderir ao
tratamento nos 2 meses iniciais...............................................................................
22
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 7
1.1 Contribuições do estudo proposto...................................................... 7
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 8
2.1 Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas
(CAPS-ad)...............................................................................................
8
2.2 Motivação para manter-se em tratamento........................................... 9
2.3 Marco conceitual e hipótese................................................................. 10
2.4 Objetivos................................................................................................. 12
2.4.1 Objetivo Geral.......................................................................................... 12
2.4.2 Objetivos Específicos............................................................................... 12
3 MÉTODOS............................................................................................... 13
3.1 Participantes e delineamento............................................................... 13
3.2 Medidas................................................................................................... 13
3.3 Análise.................................................................................................... 15
3.4 Considerações éticas............................................................................ 16
4 RESULTADOS........................................................................................ 17
5 DISCUSSÃO............................................................................................ 22
5.1 Produto Técnico..................................................................................... 23
6 CONCLUSÕES........................................................................................ 24
REFERÊNCIAS....................................................................................... 25
ANEXO A – Expectativas de apoio social fora do ambiente clínico.. 28
ANEXO B – Expectativas de auto-eficácia para mudar o
comportamento aditivo.........................................................................
28
ANEXO C – Questionário sobre o uso de drogas preferidas............. 30
ANEXO D – SADD – Short Alcohol Dependence Data........................ 31
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......... 32
7
1 INTRODUÇÃO
1.1 Principais contribuições do estudo proposto
O uso abusivo de substâncias psicoativas é considerado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) como doença crônica e recorrente gerando preocupação
em toda sociedade. Através dos dados do Centro Brasileiro de informações sobre
drogas psicotrópicas (CEBRID, 2010) razões como, buscar o prazer, amenizar a
ansiedade, medo, tensão e dores físicas podem motivar o uso de drogas. O uso
destas substâncias provoca prejuízo biopsicossocial ao paciente e fragiliza a
estrutura do contexto familiar.
Existem 74 milhões de adultos e crianças com problemas relacionados ao uso
de álcool, 5% dos adolescentes e adultos de 15 e 64 anos usam drogas ilícitas. A
maior prevalência é a de problemas relacionados ao álcool, mas a incidência das
drogas ilícitas entre adolescentes e adultos é alta. Em quatro anos o número de
usuários de cocaína e derivados passou de 491mil a 860 mil (0,4% a 0,7% da
população de 15 a 64 anos). O Ministério da Saúde brasileiro revela que há 700 mil
usuários de crack no Brasil. Os usuários que abandonam o tratamento para o álcool
e drogas tendem a apresentar maior numero de recaídas, maior prevalência de
desemprego, e menor chance de serem encaminhados para tratamentos de outros
problemas de saúde. Após entrevista de admissão, até 73% dos usuários de CAPS-
AD desistem do tratamento ainda na lista de espera, após a entrevista de admissão,
ou durante os dois meses iniciais (LEITE, 1998; PASSOS & CAMACHO, 2000;
PULFORD & WHEELER, 2007; WOODWARD et al., 2008).
Este estudo contribui para o aprimoramento das intervenções clínicas em
CAPS-AD, informando sobre o papel das motivações dos pacientes para manter-se
em tratamento psicossocial, já que a maioria das pessoas que inicia tratamento
psicossocial para álcool e drogas o abandona durante os meses iniciais (MORAES
et al., 2005; PASSOS & CAMACHO, 2000). O presente estudo também vai ao
encontro do que propõe o artigo 4º, inciso IX da portaria 3088, de 23/12/2011, do
Ministério da Saúde brasileiro: um dos objetivos específicos da Rede de Atenção
Psicossocial é monitorar e avaliar a qualidade dos serviços por meio de indicadores
de efetividade e resolutividade da atenção (BRASIL, 2011).
8
2 REVISÃO DE LITERATURA
O crescimento alarmante do uso abusivo de álcool e outras drogas tornaram
se uma preocupação mundial. O uso destas substâncias é favorecido em momentos
em que o individuo tem dificuldades em lidar com estresse em meio familiar,
imposição de limites e responsabilidades. O álcool, por tratar-se de uma droga lícita
sendo disponibilizada em comemorações familiares e reuniões entre amigos e até
rituais religiosos, tornou-se a droga de maior consumo entre a população.
De acordo com Peixoto et al (2010) sobre o uso abusivo de álcool, 68,7% da
população adulta brasileira já fez uso de álcool em um dado momento da vida e
11,2% apresenta dependência de consumo etílico. Este estudo também apresenta
informações sobre a prevalência nessa faixa etária do consumo de outras drogas:
opiácios-0,5%; cocaína-0,7%; maconha-2,6%; anfetaminas-0,7%; e ecstasy-0,2%.
Portanto, o aumento do uso de substâncias psicoativas tem desafiado as políticas
públicas de saúde, fazendo com que o Ministério da Saúde invista cada vez mais na
implantação de centros de atenção psicossocial.
2.1 Centros de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas (CAPS-
ad)
Por decisão do Ministério da Saúde, os CAPS-AD devem ser implantados em
cidades com mais de 100 mil habitantes e constituídos por equipe multidisciplinar
(incluindo médico clínico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, técnicos de
enfermagem, e auxiliares administrativos). Nestes serviços, inicialmente, o paciente
deverá ser acolhido, oportunidade em que vulnerabilidades físicas, cognitivas e
psicossociais deverão ser observadas. O passo seguinte será o desenvolvimento de
intervenções conforme um dos seguintes planos terapêuticos em acordo com a
severidade dos problemas relacionados com o uso de substância apresentada pelo
paciente: intensivo, semi-intensivo e não-intensivo. No plano intensivo o paciente
deverá receber atendimento diário; no plano semi-intensivo, por apresentar menor
sofrimento que na modalidade anterior, o paciente deverá receber atendimento três
vezes por semana; e, no plano não-intensivo, o atendimento deverá ser
disponibilizado até três vezes ao mês. Internação hospitalar para desintoxicação,
acompanhada de intervenção motivacional para promover adesão ao tratamento
9
psicossocial subsequente, tem sido oferecida às pessoas com dependência química
que apresentam riscos à própria vida e à de terceiros.
Portanto, os portadores de transtornos mentais têm garantido, pela Legislação
Brasileira, assistência a si e a seus familiares visando ressocialização e restituição
dos vínculos sociais. Mesmo assim, embora a possibilidade do acesso a esses
cuidados em saúde, permanece alta a desistência do tratamento antes deste dar-se
por finalizado.
2.2 Motivação para manter-se em tratamento
Os modelos de cognição social (especialmente a teoria da auto-eficácia) têm
sido usados como indicadores da motivação para iniciar e manter comportamentos
em saúde (BANDURA, 1997, 1986; AJZEN & FISHBEIN, 1977; AJZEN, 1985, 1991).
Estudos empíricos nessa perspectiva sugerem que as expectativas do paciente
quanto ao seu processo de recuperação têm papel relevante no curso do
tratamento. Tais expectativas são definidas como antecipações da probabilidade da
ocorrência de comportamentos ou condições de promoção e/ou proteção à saúde (a
exemplo de aderir a um tratamento) (TINSLEY et al., 1988).
As expectativas de auto-eficácia para realizar o comportamento desejado é
um importante indicador da motivação para tal comportamento. Expectativas de
auto-eficácia são crenças (convicções) de que se é capaz de executar
comportamentos necessários para atingir determinadas metas (BANDURA, 1997).
Neste sentido, a expectativa de auto-eficácia para manter-se em tratamento refere-
se à previsão da capacidade pessoal de participar das sessões em situações
difíceis, por exemplo: quando sentir que não está atingindo as metas terapêuticas ou
que as sessões forem por demais estressantes. Já se o comportamento em questão
for abstinência ou controle do uso de álcool ou drogas, a expectativa de auto-
eficácia será a previsão da capacidade pessoal para executar esse comportamento
em situações de risco (como estar na presença de amigos enquanto consumem
álcool ou outras drogas).
As expectativas de auto-eficácia para manter-se em tratamento têm sido
positivamente associadas às expectativas de resultados positivos de frequentar o
tratamento; por outro lado, os baixos níveis de auto-eficácia para enfrentar situações
de risco para consumo de álcool e outras drogas predizem maior probabilidade de
10
recaídas (SCHNEIDER et al., 2004; CONNORS, WALITZER & DERMEN, 2002;
LEITE, 1998; DICLEMENTE & HUGHES, 1990; MARLATT & GORDON, 1985). A
auto-eficácia para frequentar tratamento para dependência química foi associada à
maior adesão às diferentes atividades terapêuticas (AGER et al., 2011; LOPEZ-
TORRECILLAS et al., 2005; LEITE, 1998; MATTSON et al., 1997; MILLER et al.,
1995; LONGO et al., 1992).
Estudos baseados na perspectiva da cognição social sugerem inter-relação
entre diversas expectativas do paciente quanto ao processo terapêutico. Estudos
sobre expectativas de mudança de comportamento aditivo (Solomon & Annis, 1990;
DiClemente et al 1995) sugerem que as expectativas de resultados da mudança no
comportamento aditivo são determinadas pelas expectativas de auto-eficácia para
esse comportamento e pelas expectativas das condições ambientais (tratamento,
família, e amigos) de apoio à realização do comportamento desejado, neste caso,
atender ao tratamento, ganhar auto respeito e superar o comportamento aditivo e
dar um novo sentido a vida (LEITE et al., 2011).
Portanto, a adequação do tratamento às necessidades e expectativas dos
usuários permanece um desafio para avaliações da efetividade desses programas
(ANDRETTA & OLIVEIRA, 2005; LIMA, PALIARIN, ZALESKI, & ARANTES, 2008;
GIGLIOTTI & BESSA, 2004; WICLKZER et al., 1994). O estudo aqui proposto
aprofundará o conhecimento quanto ao papel das motivações para manter-se em
tratamento e mudar o comportamento aditivo e a adesão ao tratamento psicossocial
em adultos com problemas relacionados à dependência química.
2.3 Marco conceitual e hipótese
A teoria da auto-eficácia (BANDURA, 1986, 1997) hipotetiza que a crença que
o individuo tem sobre sua capacidade de realizar específicas atividades com
sucesso é importante elemento motivador na execução de tais atividades. Sendo
assim, suas crenças nas habilidades em superar obstáculos (como as situações de
risco para recaídas) podem influenciar no seu compromisso em executar
determinadas atividades (como aderir ao tratamento para a dependência química) e
desfrutar das vantagens de uma vida mais saudável (a exemplo de uma vida livre
dos problemas relacionados ao uso de substância). De acordo com Barroso,
Barbosa & Mendes (2006), um estudo cientifico do Projeto Albert de Ellickson et al.
11
(2003) com abordagem na auto-eficácia, mostrou resultados positivos com jovens
usuários de álcool.
O estudo baseia-se na perspectiva da cognição social de Bandura (1986)
adaptada para esta pesquisa e sumarizada na Figura 1. Nessa figura as variáveis de
exposição são organizadas em níveis de 1 a 6 e o desfecho de interesse é
apresentado na última linha.
Figura 1 – Hipótese operacional da pesquisa
Nível 1 Condições clínicas, sociais e econômicas
Nível 2 Expectativas de apoio social fora do ambiente clínico
Nível 3 Expectativa de auto-eficácia para mudar o comportamento aditivo
Nível 4 Expectativa de auto-eficácia para manter-se em tratamento
Nível 5 Frequência às sessões
DESFECHO Abandono do tratamento
Fonte: Produzido pela autora, 2015.
O modelo na Figura 1 prediz que fatores de natureza biopsicossociais do
paciente, fatores do tratamento e de relações sociais são motivadores da adesão ao
tratamento ou do seu abandono. O estudo enfoca na associação das expectativa
dos usuários dos CAPS-ad quanto ao processo terapêutico, particularmente na
auto-eficácia para manter-se em tratamento (nível 4). Essa expectativa e outros
fatores de natureza biopsicossociais do usuário do CAPS-ad exercem efeito na
determinação da adesão ou do abandono do tratamento.
12
2.4 Objetivos
2.4.1 Objetivo Geral
Examinar a associação entre motivação para manter-se em tratamento
psicossocial para problemas relacionados à dependência química e a adesão a esse
tratamento.
2.4.2 Objetivos Específicos
a) Investigar a associação entre a adesão ao tratamento, levando em
conta as seguintes informações: condições sociais e econômicas do
paciente, experiências em tratamentos anteriores para problemas
relacionados com uso de substâncias químicas, o consumo de drogas
psicoativas consumidas e a severidade da dependência.
b) Examinar a associação entre a adesão ao tratamento, considerando os
efeitos das expectativas de apoio social fora do ambiente clínico, de
mudar o comportamento aditivo e de manter-se em tratamento.
13
3 MÉTODOS
3.1Participantes e delineamento
Participaram do estudo adultos (18 anos e mais) usuários de um CAPS-ADs
do município de Canoas, serviço especializado conveniado com a prefeitura
municipal para atender essa clientela do SUS.
Trata-se de um estudo prospectivo de coorte onde todos os usuários iniciando
tratamento ambulatorial psicossocial nos serviços foram acompanhados durante os
dois meses iniciais de tratamento. Os participantes foram convidados para o estudo
por um membro da equipe do CAPS-AD até que seja alcançado o tamanho amostral
estimado. Os usuários que aceitaram foram contatados por um entrevistador
treinado e responderam questões sobre o que esperam do tratamento e sobre sua
condição de vida, após consentimento informado por escrito do usuário ao
entrevistador, durante a primeira semana após a admissão ao tratamento. Espera-se
que, sendo a entrevista realizada nesse período logo após a admissão, tenha
possibilitado aos sujeitos adequar suas expectativas ao modo de funcionamento do
serviço de saúde. Após dois meses da 1ª entrevista, uma segunda coleta de dados
foi feita. Nesta oportunidade, a seguinte informação foi obtida: abandono do
tratamento (sim ou não).
O tamanho da amostra calculado inicialmente foi de 120 indivíduos,
considerando a estimativa de 40 a 80% (Terra et al 2006; Marques & Furtado, 2004;
Pellicer et al 2002) de abandono nos primeiros seis meses do tratamento, nível de
confiança 95%, poder de 80% e risco estimado de 1,7 para fatores de risco
dicotômicos. O tamanho da amostra foi de 150 pacientes para levar em conta
possível falta de informação nos registros e para possibilitar análises multivariadas.
3.2 Medidas
Variável dependente ou desfecho: Abandono do tratamento (sim ou não) foi o
desfecho clínico para fins do presente estudo. Tal informação foi obtida no
prontuário do paciente. A alocação dos sujeitos para uma das categorias da variável
foi operacionalmente definida pelos critérios dos CAPS-ad participante do estudo. O
CAPS-ad participante estabelece como tendo abandonado o tratamento, o usuário
14
que tiver se ausentado de toda e qualquer atividade terapêutica do programa
durante 30 dias consecutivos.
Variáveis de exposição de interesse: As variáveis de exposição de interesse
foram medidas por escalas padronizadas aplicadas ao paciente por entrevistador
treinado dentro da primeira semana após a entrevista de admissão.
Expectativas de apoio social fora do ambiente clínico: Medidas por um
questionário padronizado incluindo 19 questões que investigam a probabilidade de
que o paciente receba diversos tipos de apoio pela família, amigos ou outras
pessoas importantes (GRIEP et al., 2005) (ver anexo A). O apoio social é agrupado
em sub-escalas que medem apoio material, afetivo, emocional, informacional e
interação social positiva.
Expectativas de auto-eficácia para mudar o comportamento aditivo: Medidas
por meio de um questionário padronizado incluindo 20 questões que investigam a
confiança na capacidade do sujeito em abster-se do uso de substância química
(DICLEMENTE et al., 1994) (ver anexo B). A auto-eficácia, definida por Bandura
(1986), é a autoconfiança na habilidade pessoal para executar eficazmente os
comportamentos necessários para exercer controle sobre determinadas situações
da vida diária. O conceito de auto-eficácia para comportamentos de promoção da
saúde tem sido considerado um indicador robusto de motivação para o desempenho
desses ações (BANDURA, 1997; DICLEMENTE et al., 1994). Assim, o questionário
está organizado em quatro escalas de cinco itens representando situações de risco
para recaída. A primeira escala, afetos negativos (AN), inclui itens que medem
avaliações negativas intrapessoais e interpessoais (itens 4, 8, 10, 12 e 14). A
segunda escala, interação social positiva (ISP), é composta de itens que
representam situações sociais onde o uso de substância visa facilitar relações
interpessoais (itens 1, 7, 13, 16 e 19). A terceira escala, preocupações consigo e
com outros (PCO), é composta por itens que representam desconforto físico ou dor,
preocupações com outras pessoas e desejos de consumir substância (itens 2, 5, 11,
18 e 20). A quarta escala, luta pela recuperação (LPR), representa a força de
vontade para mudar o comportamento aditivo (itens 3, 6, 9, 15 e 17). Considerando
que os participantes do presente estudo poderão apresentar problemas relacionados
ao uso de álcool e drogas conjuntamente, o questionário de auto-eficácia para
mudar o comportamento aditivo (originalmente delineado para o uso de álcool) será
adaptado para as circunstâncias de uso de substâncias químicas.
15
Expectativa de auto-eficácia para manter-se em tratamento: Medida por
questão única. Os participantes serão perguntados sobre qual é a certeza de que
serão capazes de permanecer em tratamento, participando de todas as atividades,
por pelo menos durante os próximos dois meses. As respostas foram organizadas
em cinco categorias: (-2) Com certeza não conseguirei participar, (-1) Acho que não
vou participar, (0) Não sei, (+1) Acho que vou participar, (+2) Com certeza que
conseguirei participar.
Outras variáveis de exposição: Também foram coletadas neste estudo as
seguintes informações que poderão representar risco ou proteção à frequência ao
tratamento: características do tratamento, informada pelo serviço; condições
sociais e econômicas do paciente, incluindo idade, gênero, escolaridade, renda
mensal, se é morador de rua e com quem reside (medidas por perguntas fechadas);
experiências em tratamentos anteriores para problemas relacionados com uso
de substâncias químicas; drogas psicoativas consumidas, informado pelo
paciente por meio do questionário sobre uso de drogas preferidas (ver anexo 8.3). ;
e a severidade da dependência, medida pela escala SADD – Short Alcohol
Dependence Data (Raistrick et al 1983 / Jorge & Masur 1986) (ver anexo 7.4), que
será adaptada para uso de drogas. O SADD (Raistrick & cols., 1983) foi padronizada
para uso no Brasil por Jorge e Masur (1986). Trata-se de uma escala auto-aplicável,
constituída por 15 itens relacionados ao consumo do álcool, que objetiva avaliar o
grau de dependência desta substância. Há quatro alternativas de respostas para
cada questão: 0=Nunca; 1=Poucas vezes; 2=Muitas vezes; e 3=Sempre. De acordo
com a soma total de pontos, os alcoolistas são classificados nas seguintes
categorias: 1 a 9=Dependência leve; 10 a 19=Dependência moderada; e acima de
20 = Dependência grave.
3.3 Análises
O objetivo das análises foi investigar a associação entre motivação para
manter-se em tratamento psicossocial, provido por CAPS-ad, em adultos com
problemas relacionados à dependência química.
Modelo de regressão logística, usando o pacote estatístico SPSS versão 17
(SPSS, 2009) foi utilizado para avaliar a associação entre o efeito das expectativas
de auto-eficácia para manter-se em tratamento sobre o risco de abandonar tal
16
tratamento ao término dos 2º mês após entrevista de admissão. Modelos de
regressão logística multivariados foram utilizados para estimar o efeito de cada
variável de interesse após ajuste para outros fatores de risco. A escolha das
variáveis de ajuste baseou-se no modelo teórico de determinação do abandono do
tratamento, conforme modelo de cognição social proposto por Bandura (1986)
adaptado para esta pesquisa e ilustrado na Figura 1. Foi preestabelecido o nível de
significância estatística de 5% como evidência de efeito das exposições de interesse
sobre a razão de taxas de abandono do tratamento, ao término do segundo mês
após a entrevista de admissão.
3.4 Considerações éticas
Este projeto de pesquisa conta com aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa Unilasalle – Canoas. Vincula-se ao projeto guarda-chuva intitulado
“Impacto das expectativas de usuários sobre o processo terapêutico no abandono do
tratamento em CAPS-ad: etapa Canoas.”, de responsabilidade do Prof. Dr. José
Carlos de Carvalho Leite. Todos os participantes assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ver anexo 7.5) para a autorização da coleta e
análise dos dados, cientes que as informações geradas serão divulgadas, via
relatório e publicações, seguindo os princípios éticos da pesquisa em saúde.
17
4 RESULTADOS
Um total de 150 pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo. As
características dos participantes estão descritas na tabela 1, considerando
características sociais e econômicas. Observou-se que 87,3% (n=131) dos
participantes da amostra são do sexo masculino, sendo que 89,3% (n=117)
abandonaram o tratamento nos dois primeiros meses; e 12,7% (n=19) dos
participantes do sexo feminino, destas 84,2% (n=16) abandonaram o tratamento no
mesmo período. A faixa etária dos participantes variou de 19 a 68 anos de idade. Na
faixa de 19 a 30 anos, o percentual de abandono do tratamento nos dois primeiros
meses foi de 84,6% (n=44); dentre os usuários de 31 a 40 anos, 93,4% (n=57)
abandonaram o tratamento; e na faixa de 41 a 68 anos foram observados 86,5%
(n=32) de abando do tratamento no período em estudo. A maioria dos participantes
(55,3%) apresentava nível de escolaridade até o ensino fundamental e neste grupo
observou-se o maior percentual de abandono do tratamento (96,4%). Quanto à
renda mensal, 60% (n=90) viviam com menos de um salário mínimo e 91% (n=82)
destes abandonaram o tratamento nos dois meses iniciais. Situação semelhante foi
também observada quanto à oportunidade de trabalho no mês antecedente à coleta
de dados. A maioria dos participantes não trabalhou (65,3%) e destes, 88,8% (n=87)
não permaneceu em tratamento durante os dois meses iniciais. Foi observado que
37,3% (n=56) dos participantes entrevistados tinham apoio financeiro, enquanto que
62,7% (n=94) não. A taxa de abandono nos dois meses iniciais do tratamento para
quem tinha apoio financeiro ficou em 75,0% (n=42) e foi de 96,8% (n=91) para os
que não contavam com tal apoio. Dos 150 participantes, 82,0% (n=132) moravam
em casa, apartamento ou albergue, enquanto que 18,0% (n=27) se encontravam em
situação de rua; um percentual aproximado de 88% de abandono foi observado
nesses dois grupos. Os participantes que vivem com familiares, companheiros ou
amigos atingiu o percentual de 52,7% (n=79); deste percentual, 87,3% abandonaram
o tratamento nos dois meses iniciais ao tratamento. Já os que vivem sozinhos
representaram 47,3% (n=71) e 90,1% (n=64) abandonaram o tratamento nos meses
iniciais.
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Tabela 1 – Número de sujeitos em início de tratamento, número e
percentagens de sujeitos que abandonaram o tratamento durante os dois
meses iniciais, considerando as características sociais e econômicas
Variáveis sociais e econômicas Número de sujeitos (%)
(N=150)
Abandono de tratamento nos 2 meses iniciais (%) (n=133)
Sexo
Masculino 131 (87,3%) 117 (89,3%)
Feminino 19 (12,7%) 16 (84,2%)
Idade
19 – 30 anos 52 (34,7%) 44 (84,6%)
31 – 40 anos 61 (40,7%) 57 (93,4%)
41 – 68 anos 37 (24,7%) 32 (86,5%)
Escolaridade
Até ensino fundamental 83 (55,3%) 80 (96,4%)
Até ensino médio 53 (35,3%) 43 (81,1%)
Ensino superior completo ou incompleto 14 (9,3%) 10 (71,4%)
Renda (salários mínimos)
0 < 1 90 (60,0%) 82 (91,1%)
1 ≥ 60 (40,0%) 51 (85,0%)
Apoio financeiro durante tratamento
Sim 56 (37,3%) 42 (75,0%)
Não 94 (62,7%) 91 (96,8%)
Trabalho no último mês
Sim 52 (34,7%) 46 (88.5%)
Não 98 (65,3%) 87 (88,8%)
Moradia
Casa, apartamento ou albergue 123 (82,0%) 109 (88,6%)
Na rua 27 (18,0%) 24 (88,9%)
Com quem vive
Familiares/companheiro(a)/amigos 79 (52,7%) 69 (87,3%)
Sozinho 71 (47,3%) 64 (90,1%)
Fonte: Produzido pela autora, 2015.
O uso de substâncias psicoativas nos últimos 30 dias foi observado em 134
participantes (89,3%). Destes, 118 (88,1%) abandonaram o tratamento nos dois
meses iniciais. A maioria dos participantes (64,7%; n=97) relataram ter tido
19
experiências em tratamentos anteriores para problemas relacionados à adição;
contudo 18 participantes (dentre os 97) completaram o último tratamento e 16
(88,9%) dos 18 abandonaram o tratamento atual nos dois meses iniciais. A tabela 2
apresenta o número de sujeitos em início de tratamento, número e percentagens de
sujeitos que abandonaram o tratamento durante os dois meses iniciais,
considerando experiências com uso de substâncias psicoativas e tratamentos
anteriores.
Tabela 2 – Número de sujeitos em início de tratamento, número e
percentagens de sujeitos que abandonaram o tratamento durante os dois
meses iniciais, considerando experiências com uso de substâncias psicoativas
e tratamentos anteriores (N=150)
Experiências com substâncias psicoativas e tratamentos anteriores
Número de sujeitos (%)
Abandono de tratamento nos 2 meses iniciais (%)*
Uso de drogas (últimos 30 dias)
Não 16 (10,7%) 15 (93,8%)
Sim 134 (89,3%) 118 (88,1%)
Experiências em tratamentos anteriores
Não 53 (35,3%) 45 (84,9%)
Sim 97 (64,7%) 88 (90,7%)
Adesão ao tratamento anterior (n=97)*
Não 79 (81,4%) 72 (91,1%)
Sim 18 (18,6%) 16 (88,9%)
* n=133 Fonte: Produzido pela autora, 2015.
As características psicossociais e a severidade da dependência química no
início do tratamento atual também foram investigadas quanto a possível associação
com abandono de tratamento durante os dois meses iniciais no CAPS-ad. O escore
médio da severidade da dependência química foi de 40,59 (dp=8,10) entre os que
desistiram do tratamento e foi de 39,24 (dp=9,02) entre os que estavam em
tratamento ao término do 2º mês. Não houve diferença significativa entre as médias
dos dois grupos quanto à severidade da dependência química (t = 0,643; p = 0,521).
A média do escore de auto-eficácia (ou motivação) para mudar o comportamento
aditivo dos pacientes que permaneceram foi quase o dobro dos pacientes que
desistiram do tratamento, havendo diferença significativa entre as médias (t = -4,1; p
20
<,00). Também diferença significativa foi observada nas médias dos escores de
auto-eficácia (ou motivação) para manterem-se em tratamento entre os dois grupos
de participantes, ao término do 2º mês de tratamento no CAPS-ad (t = -6,2; p <,00).
A tabela 3 apresenta o número de sujeitos, média e desvio padrão no início do
tratamento atual em CAPS-ad, considerando a motivação para mudar o
comportamento aditivo e para aderir ao tratamento e severidade da dependência
química.
Tabela 3 – Número de sujeitos, média e desvio padrão no início do tratamento atual
em CAPS-ad, considerando a motivação para mudar o comportamento aditivo e
para aderir ao tratamento e severidade da dependência química
Características psicossociais e severidade da dependência química no início do tratamento atual
Número de sujeitos
Média (desvio padrão)
Auto-eficácia para mudar comportamento aditivo 1
Em tratamento 17 63,60 (22,19)
Desistentes 133 39,96 (22,40)
Total 150 42,64 (23,53)
Auto-eficácia para manter-se em tratamento2
Em tratamento 17 4,82 (0,53)
Desistentes 133 3,56 (1,81)
Total 150 3,71 (1,76)
Severidade da dependência química3
Em tratamento 17 39,24 (9,02)
Desistente 133 40,59 (8,10)
Total 150 40,44 (8,19)
(1)Escore de soma de pontos da escala de expectativas de auto-eficácia para mudar o comportamento aditivo; (2) Respostas à pergunta única sobre expectativas de auto-eficácia para manter-se em tratamento; (3) Escore de soma de pontos da escala de Severidade da dependência química. Fonte: Produzido pela autora, 2015.
Por fim, dentre as variáveis sociais, econômicas, clínicas e psicossociais
consideradas no presente estudo, escolaridade, apoio social fora do ambiente
clínico, auto-eficácia para mudar comportamento aditivo e auto-eficácia para manter-
se em tratamento estiveram associadas com maior probabilidade de permanecer em
tratamento no CAPS-ad durante os dois meses inicias. As chances de pacientes
com ensino superior completo (ou incompleto) foram cerca de três vezes maior de
21
estar em tratamento, comparado com aqueles com o ensino fundamental (OR =
3,32; 95%IC; 1,59 – 6,93); e foi de 1,04 (95%IC; 1,02 – 1,07) vezes maior para
aqueles que contavam com apoio social fora do ambiente clínico. Sujeitos que se
mostravam mais auto-eficazes (ou motivados) para mudar comportamento aditivo ou
para manter-se em tratamento apresentavam, respectivamente, chance de 1,04
(95%IC; 1,02 – 1,06) vezes maior e 2,23 (95%IC; 1,06 – 4,63) vezes maior para
permanecer em tratamento no CAPS-ad durante os dois meses iniciais. No modelo
ajustado, isto é, levando-se em consideração gênero, idade, escolaridade, renda,
apoio social fora do ambiente clínico e severidade da dependência química, as
razões de chance em relação às variáveis motivacionais apresentaram efeito
estatisticamente significativo. Não houve evidência de associação das demais
variáveis e a chance de permanecer em tratamento no CAPS-ad. A tabela 4
apresenta as razões de chance para adesão ao tratamento em CAPS-ad,
considerando a motivação para mudar o comportamento aditivo e para aderir ao
tratamento nos dois meses iniciais.
Tabela 4 – Razões de chance para adesão ao tratamento em CAPS-ad,
considerando a motivação para mudar o comportamento aditivo e para aderir ao
tratamento nos 2 meses iniciais
Variáveis preditivas de abandono de tratamento OR (95% IC)1 OR (95% IC)2
Auto-eficácia para mudar comportamento aditivo
1,04 (1,02-1,06) 1,03 (1,004-1,06)
p<0,00 p=0,025
Auto-eficácia para manter-se em tratamento
2,23 (1,06-4,63) 2,10 (1,04-4,25)
p=0,034 p=0,038
(1)não ajustado; (2) ajustado para variáveis da tabela, gênero, idade, escolaridade, renda e apoio
social fora do ambiente clínico e severidade da dependência química. Fonte: Produzido pela autora, 2015.
22
5 DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo examinar a associação entre motivação
para manter-se em tratamento psicossocial para problemas relacionados à
dependência química e a adesão a esse tratamento. Foram acompanhados 150
pacientes em um CAPS-AD durante os dois meses iniciais de tratamento, sendo que
88,7% destes abandonaram o tratamento. As variáveis que apresentaram
associação estatisticamente significativa com adesão ao tratamento foram as
seguintes: escolaridade, apoio social fora do ambiente clínico, auto-eficácia para
mudar comportamento aditivo e para manter-se em tratamento.
Quanto à escolaridade, o estudo aponta que as chances de pacientes com
ensino superior completo (ou incompleto) apresentaram chance cerca de três vezes
maior de estar em tratamento comparado com aqueles com ensino fundamental.
Essa associação vai ao encontro dos achados de outros estudos sobre adesão a
tratamento ambulatorial para álcool e drogas (CAPISTRANO et al., 2013; SOUSA et
al., 2013); foi evidenciado maior dificuldade de adesão ao tratamento, com a
diminuição do grau de escolaridade.
Quanto ao apoio social fora do ambiente clínico, o estudo aponta que
pacientes que contam com esse recurso tem maior probabilidade de adesão ao
tratamento, comparado com aqueles que não o tem. A dificuldade no acesso ao
apoio social ou a falta de tal suporte social afetivo, material ou instrumental, tanto
quanto o conhecimento das pessoas sobre a insuficiência deste apoio na
recuperação da dependência química tendem a ser um entrave na adesão ao
tratamento (BRASIL - Ministério da saúde, 2008).
Quanto auto-eficácia (ou motivação) para mudar comportamento aditivo, foi
constatado que sujeitos mais motivados chegam a apresentar quase o dobro de
chance de permanecer em tratamento, comparado com os menos motivados.
Associação semelhante também foi encontrada quanto à motivação para manter-se
em tratamento; isto é, pacientes aderentes ao tratamento foram aqueles com
escores mais elevados na medida de auto-eficácia em relação ao tratamento. Tais
informações vão ao encontro de outros estudos sobre adesão a tratamento para
problemas relacionados ao consumo de álcool e outras substâncias químicas
(DUARTE et al., 2009; ZAMBOM, 2009; SOUSA et al., 2013). Nesses estudos a
motivação para aderir ao tratamento fora acessada com a aplicação do modelo
23
transteórico de mudança de comportamento (PROCHASKA et al., 1992). Os
achados mostraram que baixos níveis de adesão e persistência do comportamento
aditivo foram mais frequentes entre os participantes alocados no estágio de
contemplação; sendo que o aumento significativo na adesão ao tratamento e
mudança no comportamento aditivo foram observados em pacientes mais motivados
(tipicamente alocados no estágio de ação).
Limitações ao longo da coleta de dados do presente estudo devem ser
admitidas. A falta de estrutura física para a realização das entrevistas ou para a
verificação dos prontuários fez com que o pesquisador e o profissional do serviço
intercalassem os atendimentos, interferindo no tempo para realização da pesquisa.
Outra dificuldade foi a alta frequência de prontuários incompletos, fazendo com que
o pesquisador buscasse tais informações em entrevistas com os diferentes técnicos
de referência, conforme o seu turno de atendimento. Essa situação implicou nos
custos não previstos do pesquisador e disponibilidade extra dos profissionais de
saúde.
Por último, embora os altos índices de abandono de tratamento em CAPS-ad,
a motivação para mudar o comportamento aditivo por meio da adesão ao tratamento
para tais problemas permanece sendo a estratégia mais efetiva para promoção da
saúde geral e melhor qualidade de vida para indivíduos e para comunidades.
5.1 Produto Técnico
O produto desenvolvido trata-se de uma cartilha que tem como objetivo
orientar sobre situações de risco para recaídas associadas a mudança de
comportamento bem como reforçar a motivação.
24
6 CONCLUSÕES
O presente estudo teve como objetivo identificar a motivação dos pacientes
em tratamento para dependência química assim como adesão ao tratamento.
Um dos achados da pesquisa foi em relação ao grau de escolaridade. O
estudo apontou que pacientes com ensino superior completo (ou incompleto)
apresentaram chances três vezes maior de estar em tratamento em relação a
pacientes com ensino fundamental. Este resultado descreve que quanto maior o
grau de instrução do paciente maior a adesão do mesmo ao tratamento.
Em relação a apoio social a pesquisa evidenciou que pacientes que
receberam este recurso tiveram maior adesão do que aqueles que não o receberam.
Os dados obtidos nos fazem refletir que a falta deste recurso influencia na adesão
ao tratamento.
Foram encontrados resultados relevantes em relação auto-eficácia, pacientes
mais motivados apresentaram quase o dobro de chance de permanecer em
tratamento, comparado com os pacientes não motivados. Esta informação nos
permite concluir que a motivação tem considerável importância na mudança de
comportamento para adesão ao tratamento para dependência química.
25
REFERÊNCIAS
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27
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28
ANEXO A - Expectativas de apoio social fora do ambiente clínico
Se você precisar, com que frequência conta com alguém...
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre
Sempre
1 que o ajude, se ficar de cama?
2 para levá-lo ao médico?
3 para ajudá-lo nas tarefas diárias, se
ficar doente?
4 para preparar suas refeições, se você
não puder prepará-las?
5 que demonstre amor e afeto por
você?
6 que lhe dê um abraço?
7 que você ame e que faça você se
sentir querido?
8 para ouvi-lo, quando você precisar
falar?
9 em quem confiar ou para falar de
você ou sobre seus problemas?
10 para compartilhar suas preocupações
e medos mais íntimos?
11 que compreenda seus problemas?
12 para dar bons conselhos em
situações de crise?
13 para dar informação que o ajude a
compreender uma determinada
situação?
14 de quem você realmente quer
conselhos?
15 para dar sugestões de como lidar
com um problema pessoal?
16 com quem fazer coisas agradáveis?
17 com quem distrair a cabeça?
18 com quem relaxar?
19 para se divertir junto?
Fonte: (GRIEP et al., 2005).
29
ANEXO B – Expectativas de auto-eficácia para mudar o comportamento aditivo
Considerando que estás agora em tratamento, qual é a certeza que você tem que, nas seguintes situações, não vais usar (ou vais diminuir o uso) de [nome da substância química]?
Vou usar mesmo
Acho que vou usar
Não sei
Acho que NÃO vou
usar
Com certeza
NÃO vou usar
1 Quando vejo os outros bebendo [ou o
nome da substância] em um bar ou
numa festa.
2 Quando eu sinto alguma dor física, ou
me machuco.
3 Quando eu quero testar minha força
de vontade sobre [o nome da
substância].
4 Quando eu me sinto revoltado.
5 Quando eu tenho dor de cabeça.
6 Quando eu tenho uma vontade
desesperada de usar [o nome da
substância] e me pega de surpresa.
7 Quando eu quero relaxar.
8 Quando eu me sinto totalmente
frustrado.
9 Quando eu sinto vontade de usar só
um pouquinho para ver o que
acontece.
10 Quando eu estou deprimido.
11 Quando eu tenho sonhos em usar [o
nome da substância].
12 Quando estou muito preocupado.
13 Quando alguém me oferece [o nome
da substância] em um encontro com
outras pessoas.
14 Quando eu sinto que tudo vai errado
comigo.
15 Quando eu sinto uma necessidade
física para usar [o nome da
substância].
16 Quando estou com pessoas que usam [o
nome da substância], me encorajam a
usar também.
17 Quando eu estou agonizando na
tentativa de parar / controlar o uso [o
nome da substância].
18 Quando estou preocupado com
alguém.
19 Quando estou feliz, comemorando
com outras pessoas.
20 Quando estou cansado fisicamente.
Fonte: (DICLEMENTE et al., 1994).
30
ANEXO C – Questionário sobre uso de drogas preferidas
Quantas vezes você usou cada uma das drogas listadas abaixo no último mês?
PREENCHA os círculos, conforme a droga, a quantidade e as vezes que a usou:
Não Usei
Usei de 1 a 2 vezes
Usei de 3 a 9 vezes
Usei de 10 a 20 vezes
Usei mais de 20 vezes
Tenho problemas pelo uso dessa droga
Essa é minha droga predileta
Álcool 0 0 0 0 0 0 0
Cocaína/crack 0 0 0 0 0 0 0
Maconha 0 0 0 0 0 0 0
Estimulantes (anfetaminas,
etc.) 0 0 0 0 0 0 0
Alucinógenos (LSD,
mescalina, etc.) 0 0 0 0 0 0 0
Tranqüilizantes (diazepam,
barbitúricos, etc.) 0 0 0 0 0 0 0
Analgésicos 0 0 0 0 0 0 0
Opiáceos (morfina, heroína,
etc.) 0 0 0 0 0 0 0
Fenilciclidina (PCP, pó-de-
anjo) 0 0 0 0 0 0 0
Inalantes, solventes 0 0 0 0 0 0 0
Outros 0 0 0 0 0 0 0
31
ANEXO D – SADD – Short Alcohol Dependence Data
1. As seguintes perguntas dizem respeito a uma série de fatores relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas (ou outras drogas). Por favor, leia cuidadosamente cada pergunta.
2. Responda as questões tendo em vista a época em que você estava bebendo (ou usando drogas).
3. Responda cada pergunta assinalando a resposta que lhe pareça mais apropriada.
4. Se você tiver alguma dificuldade peça ajuda.
5. Responda a todas as perguntas.
Nunca Poucas
vezes
Muitas vezes Sempre
1 Você acha difícil tirar o pensamento de beber (ou
usar drogas) da cabeça?
2 Acontece de você deixar de comer por causa de
bebida (ou da droga)?
3 Você planeja seu dia em função da bebida?
4 Você bebe (ou usa droga) em qualquer horário
(manhã, tarde e/ou noite)?
5 Na falta de sua bebida (ou droga) preferida você
toma qualquer outra?
6 Acontece de você beber (ou usar droga) sem levar em
conta os compromissos que tenha depois?
7 Você acha que o quanto você bebe (ou usa droga)
chega a lhe prejudicar?
8 No momento em que você começa a beber (ou usar
droga), é difícil parar?
9 Você tenta se controlar (tenta deixar de beber ou
usar droga)?
10 Na manhã seguinte a uma noite em que tenha
bebido muito, você precisa beber para se sentir
melhor? [o mesmo em relação à droga]
11 Você acorda com tremores nas mãos na manhã
seguinte a uma noite em que tenha bebido muito? [o
mesmo em relação à droga]
12 Depois de ter bebido muito, você levanta com náuseas ou
vômitos? [o mesmo em relação à droga]
13 Na manhã seguinte a uma noite em que tenha bebido muito,
você levanta não querendo ver ninguém na sua frente? [o
mesmo em relação à droga]
14 Depois de ter bebido muito, você vê coisas que mais
tarde percebe que era imaginação sua? [o mesmo
em relação à droga]
15 Você se esquece do que aconteceu enquanto esteve
bebendo? [o mesmo em relação à droga]
Fonte: (RAISTRICK et al., 1983 e JORGE & MASUR, 1986).
32
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Convidamos o (a) Sr (a) para participar da Pesquisa: Associação entre motivação de adultos para manter-se em tratamento psicossocial para os problemas relacionados ao uso de substância química e a adesão ao tratamento.
Pesquisadora responsável: Maria Fernanda Duarte da Luz, email: [email protected] (CPF: 687735360.91).
Para qualquer informação, o (a) Sr (a) poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável pelo telefone (51) 84284895 ou o professor orientador (Prof. José Carlos de Carvalho Leite) do Centro Universitário Unilasalle. O Comitê de Ética em Pesquisa de referência é o do Unilasalle Canoas, que também poderá ser contatado pelo telefone (51)3476-8452 e email [email protected].
1. Justificativa e objetivo da pesquisa: O motivo que nos leva a estudar o problema em questão refere-se ao fato do consumo de substâncias químicas estar presente na vida de grande parte da população mundial. E esta trágica realidade é fruto de diversos fatores psíquicos e sociais, colocando em risco a saúde global. No Brasil, para auxiliar no tratamento de dependentes químicos, ofertam-se os Centros de Atenção Psicossocial, destinados a prestar atendimento à população. Estes centros somente poderão obter resultados positivos, se o tratamento neles oferecido despertar nos seus usuários interesse de participação. O objetivo desta pesquisa é identificar uma forma de manter a motivação dos adultos quanto ao tratamento psicossocial relacionado ao uso de substância química, tais como (a) Investigar a associação entre a adesão ao tratamento e informações como, características do tratamento, condições sociais e econômicas do paciente, experiências em tratamentos anteriores para problemas relacionados com o uso de substâncias químicas, o tipo de drogas psicoativas consumida e a severidade da dependência. (b) Examinar a associação entre a adesão ao tratamento, considerando os efeitos das expectativas de apoio social fora do ambiente clínico de mudar o comportamento aditivo e de manter-se em tratamento. Identificar fatores institucionais (CAPS-AD) possivelmente associados ao abandono do tratamento.
2. Procedimentos da pesquisa: Serão convidados a participar do estudo 150 usuários dos CAPS-AD Travessia e Amanhecer do Município de Canoas. Todos os usuários que iniciarem tratamento para o uso e abuso de álcool e outras drogas serão convidados a participar da pesquisa, após consentimento informado por escrito. A primeira coleta de dados será feita logo após admissão ao tratamento, onde os participantes responderão a um questionário aplicado por um entrevistador treinado. A segunda coleta de dados será feita dois meses mais tarde, com consulta aos prontuários, com o objetivo de verificar a progressão dos participantes no tratamento.
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3. O material obtido das entrevistas ficará por cinco anos sob a responsabilidade da pesquisadora responsável (Maria Fernanda Duarte da Luz) e será destruído após esse período.
4. Caso o Sr\Sra concorde em participar, a sua participação envolverá uma única entrevista individual para responder a algumas questões, o que lhe tomará um tempo aproximado de uma hora.
5. Possíveis riscos, desconfortos e benefícios decorrentes da sua participação: O tempo de que precisará dispor para responder às questões poderá lhe acarretar certo desconforto. Sua participação é muito importante para presente pesquisa, você estará colaborando para que (a) sejam desenvolvidos novos conhecimentos científicos sobre o assunto ‘abandono de tratamento de CAPS-ad’ e (b) sejam disponibilizadas informações que poderão melhorar ainda mais a adesão ao tratamento de pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. Informamos também que sua participação na pesquisa não lhe acarretará custo financeiro algum.
Também poderá lhe trazer eventual desconforto algum conteúdo desenvolvido durante a entrevista. Neste caso, o (a) Sr (a) estará livre para interrompê-la a qualquer momento (continuando ou não tal entrevista, no momento de sua melhor conveniência).
5. Acompanhamento e assistência a que terão direito os participantes da pesquisa (durante a pesquisa, ao encerramento e/ou à interrupção da pesquisa): A pesquisadora responsável, juntamente com um membro da equipe do CAPS-ad estará à disposição para prestar apoio e informação durante período de tempo determinado.
6. Garantia de plena liberdade ao participante: O (a) Sr (a) é livre para participar desta pesquisa e para se retirar desta, em qualquer momento, mesmo depois das informações terem sido coletadas. Neste caso, o (a) Sr (a) está livre para decidir se as informações a seu respeito poderão (ou não) permanecer no banco de dados. A sua participação, ou recusa em participar nesta pesquisa, não afetará o tratamento que estás recebendo.
7. Garantia de manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes em todas as fases da pesquisa: As informações referentes à sua identificação serão mantidas em sigilo e dispostas de forma anônima na armazenagem, manuseio e divulgação dos dados. Os achados da pesquisa serão armazenados em um banco de dados eletrônico onde a sua identidade será substituída por números e letras cuja identificação estará ao acesso somente da pesquisadora responsável pela pesquisa. Dessa forma, espera-se que a sua identidade mantenha-se protegida evitando eventual dano à sua privacidade decorrente da participação na pesquisa.
8. O pesquisador responsável pelo estudo, ao assinar esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declara sua concordância e responsabilidade sobre os aspectos éticos implicados na condução dessa pesquisa.
9. Este Termo de Consentimento Informado, aprovado pelo CEP/Unilasalle, lhe é apresentado em duas vias de igual teor. Ambas deverão ser assinadas (e todas as páginas rubricadas) pelo pesquisador responsável e pelo (a) Sr (a), sendo que uma via ficará de posse do pesquisador responsável e a outra, do (a) Sr (a).
10. O presente documento toma como base as diretrizes e normas para a pesquisa em saúde, do Conselho Nacional de Saúde (resolução 466/2012).
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Eu,________________________________________________________________________, pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, manifesto minha concordância em participar da pesquisa Associação entre motivação de adultos para manter-se em tratamento psicossocial para os problemas relacionados ao uso de substância química e a adesão ao tratamento, tendo sido informado (a) de forma clara e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento, acerca dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que deverei cumprir, dos riscos e dos benefícios e da maneira sigilosa e confidencial com que as informações a meu respeito serão tratadas. Estou ciente também de que, a qualquer momento, poderei solicitar novas informações e mudar a minha decisão de participar dessa pesquisa, assim como ter a informações a meu respeito retiradas do banco de dados, se eu assim desejar.
Canoas, _____de_______________________de 2014.
__________________________ Assinatura do (a) participante
_____________________________________ Nome e assinatura da pesquisadora responsável
Maria Fernanda Duarte da Luz (COREN-RS309.281)
________________________________________ Nome e assinatura do professor orientador
Dr. José Carlos de Carvalho Leite (CRP 07/04405)
CEP-Unilasalle
Associação entre motivação de adultos para manter-se em tratamento psicossocial para os problemas relacionados ao uso de substância química e a adesão ao
tratamento.