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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CAMPUS CLÓVIS MOURA
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA
MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAF IA
NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE
TERESINA, PIAUÍ
ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA
TERESINA-PIAUÍ
2008
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ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAF IA NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE TERESINA, PIAUÍ
Monografia apresentada, coordenação Geral do
Curso de Licenciatura Plena de
Geografia/Campus Clóvis Moura da Universidade
Estadual do Piauí-UESPI como pré-requisito para
obtenção de título de graduação em Licenciatura
Plena em Geografia.
Orientador: Renê Aquino
TERESINA – PIAUÍ
2008
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ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAF IA NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE TERESINA, PIAUÍ
Monografia/TCC apresentada à Coordenação Geral dos Cursos de Licenciatura Plena em Geografia/ Campus Clóvis Moura da Universidade Estadual do Piauí –
UESPI.
Aprovada em ____/_____/_____
Banca de defesa pública de trabalho de conclusão de curso
_________________________________________
Renê
Orientador
_________________________________________
Membro
__________________________________________
Membro
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, onde encontro amor, paz, sabedoria e força
para resistir às batalhas que a vida me proporciona.
Aos meus pais José Ulbiratan e Kethe Rosário por ter me
educado para a vida e para o próximo.
A minha amada esposa que é fonte constante de alegria e
exemplo de fé. Amo você minha querida.
Ao professor Francisco Gomes que através de sua
sabedoria e eloqüência me proporcionou inspiração para a
concretização desta obra.
A todos os professores que contribuíram com minha vida
acadêmica. Vocês são demais!
Agradeço a todos os meus amigos e companheiros da sala,
que Deus ilumine os corações de cada um de vocês em qualquer
momento de suas vidas. Obrigado!
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“Nada é mais perigoso que um bom conselho
acompanhado de um mau exemplo.”
(Autor desconhecido)
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DEDICATÓRIA
Dedico esta obra a todos os
educadores que fazem de suas
vidas uma grande obra de arte.
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RESUMO
Este trabalho visa analisar a prática docente em relação à metodologia adotada nas aulas de geografia para a transmissão de valores éticos que auxiliem os educandos a serem cidadãos críticos, participativos, e que exerçam sua plena cidadania reconhecendo seus direitos e deveres. Esta obra buscou referencia em autores como Celso Antunes,helena Copotti Callai, Lana de Sousa Cavalcanti; pensadores como Karl Marx e Kant, entre outros, além dos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais que auxiliaram nesta obra. A pesquisa que consta nesta obra foi realizada por um período de um mês em escolas de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação, a qual teve participação dos professores e alunos que responderem os questionários e dedicarem seu tempo em responder entrevistas direcionadas para esta temática. Espera-se que este trabalho contribua de forma significativa para a reflexão da prática docente e incentive outros educadores a continuarem a pesquisar esta temática que revela-se cada dia mais atual e presente em nossa sociedade.
Palavras-chave: Geografia, Ética, Moral.
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SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................07
INTRODUÇÃO.....................................................................................10
CAPÍTULO I
1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL............. .................12
1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO....................................14
1.2. A EVOLUÇÃO DA CONCEPÇÃO ÉTICA: DOS PRIMÓRDIOS À
ATUALIDADE............................................................................................15
1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO FILOSÓFICA..............15
1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL.......................................19
1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA.............................................20
1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA....................................21
1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTICA DO
CIDADÃO.................................................................................................................22
1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS....................................................................24
1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO EDUCANDO NAS
SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA.....................................................27
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CAPÍTULO II
2. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS A ULAS DE
GEOGRAFIA: VALORES MORAIS NO CONTEXTO
SOCIAL............................................. .....................................................30
2.1. PERCURSO METODOLÓGICO........................................................................31
2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª A 4ª
SÉIRIES....................................................................................................................32
2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA..............................................35
2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO...............................36
2.4. DRAMAS NA FORMAÇÃO MORAL E A REALIDADE ESCOLAR NAS
ESCOLAS ESTADUAIS DE TERESINA...................................................................37
2.4.1 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES PELA CONVIVÊNCIA
SOCIAL......................................................................................................................38
2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA............................40
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ....................................46
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.......................... ...............................48
APÊNDICE.............................................................................................50
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INTRODUÇÃO
A Geografia é uma ciência dinâmica que fornece uma série de temas de
caráter social que podem e devem ser pesquisados e debatidos pela sociedade,
principalmente em ambiente escolar que favoreça a integração entre escola e
sociedade, ensino e aprendizagem através de profissionais treinados, metodologia
adequada, saber sistematizado e recursos mínimos exigidos que favoreçam o saber
no ensino.
Em relação ao processo de ensino/aprendizagem, considera-se que não
basta existir pessoas capacitadas, recursos e metodologia, é importante que o saber
transmitido pela escola tenha significado concreto e prepare o indivíduo para a vida
em sociedade. Neste aspecto, a temática deste trabalho intitulado: Uma análise da
prática docente relacionada à motivação de princípios éticos no ensino de Geografia;
aborda a ética como sendo o meio pelo qual o ser humano observa a sociedade,
tomando por base os padrões morais que a própria sociedade escolhe. A ética
possibilita julgar o que é benéfico ou maléfico para a sociedade e para o próprio ser
humano, por isso, há necessidade de se pesquisar sobre o cotidiano escolar e a
prática docente a qual considera-se como sendo a principal responsável pela
motivação em sala de aula, e o professor como sendo modelo ético que a criança,
consciente ou inconsciente segue como referencia para exercer sua cidadania.
Torna-se necessário que haja uma escola preparada para atender aos
anseios da sociedade e um professor facilitador da aprendizagem que motive
valores como o respeito, a igualdade, a fraternidade e a justiça. Para isso, surge o
seguinte questionamento: Como desenvolver uma prática docente motivadora em
relação a criança na sociedade em relação ensinamentos éticos a partir das aulas
de Geografia de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental nas escolas estaduais da
região Sudeste de Teresina-PI?
Este trabalho aborda o significado de ética, sua relação com a moral e o
ensino de Geografia na produção do cidadão ético, analisa objetivo e métodos para
o trabalho nas aulas de Geografia, assim como a relação entre professor e aluno
que deve ser ativa e de significado moral. Considera-se que a Geografia, como
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disciplina, ainda é vista pela sociedade como sendo uma matéria decorativa e sem
importância ao comparar-se com outras disciplinas como a Matemática ou a Língua
Portuguesa. Este trabalho ressalta a importância da Geografia para a aprendizagem
para que o cidadão seja autônomo e conhecedor de seus direitos e deveres na
sociedade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ética e da Geografia constituem-
se de valorosa contribuição para este trabalho, além das obras dos autores: Celso
Antunes, Adela Cortina, Mara Lúcia Arruda Aranha, Lana de Souza Cavalcanti,
Álvaro L. M. Valls, Jung Mo Sung entre outros que abrilhantaram este trabalho.
Realizou-se uma pesquisa descritiva para a concretização deste trabalho
nas escolas de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental da rede estadual de educação
de Teresina-PI com o auxílio de dados cedidos pela 8ª Diretoria Regional de
Educação (8ª DRE), ampla pesquisa bibliográfica e instrumental de pesquisa
composto por questionários respondidos com grande interesse pelos alunos.
Esta pesquisa é composta de dois capítulos.
O primeiro capítulo aborda os conceitos de ética, moral, a relação da
Geografia com a ética, a importância do professor e de sua metodologia, assim
como a formação moral do educando e a importância da escola neste processo.
O segundo capítulo aborda a metodologia da pesquisa e a análise dos
instrumentos de pesquisa que foram direcionados aos professores, alunos.
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CAPÍTULO I
1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL
Surge à aurora do século XXI e a humanidade, mesmo com o avanço
tecnológico, econômico, político e social, ainda encontram-se envolta em uma série
de questões que por séculos tem feito com que vários filósofos como Sócrates,
Platão, e Aristóteles analisassem e discutissem sobre o que motiva o ser humano
em suas escolhas; surgiram várias idéias filosóficas que explicavam que o homem é
movido pela razão, pela emoção ou pela religião. Pode-se citar como exemplos os
seguintes questionamentos que serviram para discussões em vários períodos por
toda a História: Qual o sentido da vida? O que é bom e o que é mal? O que é
liberdade e justiça? O que é ética? Até o próprio significado da palavra ética é
confundido com a moral ao analisar-se os lavores que regem a sociedade atual.
A sociedade contemporânea passa por várias transformações devidas,
principalmente, pelo seu dinamismo; as mudanças ocorrem visivelmente (nos
aspectos físicos crescimento das cidades, transformações na natureza; econômicos,
e sociais) ou de forma imperceptível representada pelos costumes que transformam-
se constantemente, influenciando a qualidade de vida do cidadão; os meios de
comunicação estão cada vez mais rápidos, e as relações interpessoais ocasionam
influencias que fazem com que valores antes relacionados como pilares da
sociedade sejam de repente ignorados, assumindo assim novos valores tidos como
verdadeiros e de vital importância para o bom convívio em comunidade.
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Pode-se considerar que um valor de suma importância na sociedade é a
honestidade, independendo do contexto ao qual esta inserida. Se um mecânico
produz um meio de ganhar dinheiro passando peças de carro antigas por peças
novas, isso é considerado desonestidade em muitas sociedades, e o mecânico é
preso se for descoberto. Em nosso país, essa forma de conduta recebeu a
denominação carinhosa de “jeitinho brasileiro”, isto é, o ato de usar de má fé com
outras pessoas para se obter vantagens. Porém muitas pessoas em nossa
sociedade aceitam esse procedimento como sendo sinônimos de esperteza e
sabedoria. Questões como estas têm levado vários filósofos, psicólogos,
antropólogos e geógrafos a raciocinar sobre a sociedade em que vivem, por isso,
afirma-se que a moral e a ética têm importância fundamental para a compreensão da
sociedade que vivemos. Elas refletem o modo comportamental que o individuo adota
de acordo com o tempo e o espaço em que vive.
O ser humano é um ser social e atuante, sendo necessário que ele adote
uma postura, e concilie seu modo de falar e até mesmo de pensar de acordo com a
sociedade que está inserida. Feito isso, ele aceita como verdadeira a realidade a
qual lhe é apresentada e, por isso, é considerada normal as suas atitudes com as
outras pessoas. Estas por sua vez, aceita as idéias por não diferir das idéias do
senso comum, havendo aceitação mútua entre o indivíduo e a sociedade a que
pertence; isto funciona como uma segurança para todos que estão inclusos no grupo
social. Portanto, se a maioria das pessoas aceitar o “ jeitinho brasileiro” como uma
forma comum e autêntica de se conseguir o sustento da família ou como forma
desleal que cause dano e incentive a corrupção na sociedade, então, a voz que se
contradiz a alguma destas idéias dificilmente é aceita pela maioria, mas quando
questiona-se sobre a validade de conceitos, costumes ou até mesmo normas, surge
a necessidade da análise e da fundamentação das idéias que irão contra ao senso
comum. Segundo JUNG MO SUNG:
“ Quando todos aceitam os costumes e os valores morais
estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão
sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade
de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de
fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma forma
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prática: e, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.”
( pag.12).
De acordo com o autor, há necessidade de reflexão sobre os valores que
nosso meio social adota e coragem para ir contra o senso comum e àqueles que se
beneficiam com a ordem estabelecida. Quando faz-se uso do questionamento, usa-
se padrões de valores que são transmitidos desde a tenra infância; surgindo assim,
através das dúvidas e dos questionamentos, os primeiros conceitos de moral e ética
que o ser humano desenvolve.
1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO.
Comumente costuma-se referir à moral e à ética como sendo sinônimas
entre si, não chega a ser fatal este erro, em muitas circunstancias, as duas se
relacionam ou até mesmo se completam. De acordo com MARIA LÚCIA DE
ARRUDA ARANHA: “Moral é o conjunto de regras de conduta assumidas pelos
indivíduos de um grupo com a finalidade de organizar as relações interpessoais
segundo os valores do bem e do mal.” ( p.117 sem data ) .Para que haja boas
relações em uma sociedade é necessário que existam regras que sejam escolhidas
e obedecidas pela população. Pode parecer um contrato, porém é mais que isto; de
acordo com a mesma autora,a própria palavra moral vem do latim mos (singular) e
mores(plural ) que significa costumes. Por isso, muitas pessoas usam este termo
para expressar bons costumes; surge assim uma pergunta: Como pode-se saber o
que é bom ou ruim na sociedade?
Os valores adquiridos pela sociedade auxiliam na escolha entre o que é bom
ou mal para a mesma, esses valores surgem através das experiências adquiridas ao
longo do tempo e de um processo de análise de várias situações. É, portanto,
escolher o que é melhor para todos e reter o que não serve, isto é, o que causa
prejuízo para o convívio em sociedade. Porém, quando há reflexão sobre os valores
que a sociedade adota, relaciona-se o conceito de ética que segundo ÁLVARO L. M.
VALLS :” É o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de
um tipo de comportamento”. ( pag 7, 2004). Portanto, em tese, os valores servem
para que a sociedade mantenha sua integridade e se desenvolva, para que todos
tenham uma vida melhor. Neste aspecto o sujeito ético questiona a sociedade e ao
mesmo tempo apóia seu comportamento uma vez que ele é influenciado pelos
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próprios valores que ele questiona. ARANHA observa que as principais
características do sujeito ético são: indivíduo consciente de si e dos outros como
sujeitos éticos, um ser dotado de vontade, capaz de controlar e orientar seus
desejos e impulsos e decidir várias alternativas possíveis; ser responsável, em
suma, assumir as conseqüências de seus erros e principalmente ser livre para
escolher sem que fatores externos o forcem a algo que ele não deseja.(p.120. Sem
data)
1.2. A EVOLUÇÃO DA CONCEPÇÃO ÉTICA: DOS
PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE.
1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO
FILOSÓFICA.
As doutrinas morais são sistematizações a partir de valores, princípios e
normas concretas que são adaptadas ao tempo e espaço em cada cultura e
civilização, sobre isso, ADELA CORTINA explana: “As doutrinas morais se oferecem
como orientação imediata para a vida moral das pessoas, ao passo que as teorias
éticas pretendem antes dar conta do fenômeno da moralidade em geral” (2005,
pag:51), Entretanto, para ter-se uma visão, mesmo que parcial, desse fenômeno, é
necessária a organização de uma retrospectiva sobre os anais da ética e suas
principais contribuições filosóficas. Esta pesquisa não tem a pretensão de abordar
todas as correntes filosóficas, mas oferece uma reflexão sobre alguns dos principais
valores que regem a nossa sociedade.
As concepções éticas surgiram mais profundamente no mundo ocidental,
mais precisamente na Grécia Antiga apesar de vários pensadores terem refletido
sobre estas questões anteriormente. Questões como valores, as próprias
concepções de bondade e maldade, justiça, prazer e a própria busca pela felicidade
é abordada em manuscritos de pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles. Nas
pesquisas efetuadas dialeticamente nos diversos diálogos, cita VALLS ao organizar
um quadro feito por Platão que relaciona as características principais do homem
virtuoso que constituem-se em justiça (dike), prudência ou sabedoria ( frônesis ou
sofía), fortaleza ou valor (andréia), e temperança (sofrosine). Segundo a concepção
da época, estes valores nos assemelham do divino e imortal, eleva nossas mentes e
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espírito, faz com que as paixões mais nobres predominem e produz o autodomínio e
a harmonia individual. (2.004,pag:27), Constata-se então o surgimento do
pensamento voltado para o bem comum onde a virtude passa a ser valorizada acima
de qualquer ganho pessoal e a verdadeira felicidade é vista como sendo a união de
todas estas virtudes. A religião muito contribuiu para o aperfeiçoamento destas
concepções éticas como as conhecemos. Ainda segundo VALLS:
A religião grega, como muitas outras religiões antigas, era bastante naturalista,
sendo os deuses geralmente quase personificações de forças naturais, como o
raio, a força, a inteligência, o amor e até mesmo a guerra. Com a religião judaica,
a questão se modifica um tanto. O Deus de Abraão, Isaac e Jacó não se
identifica com as forças da natureza, estando acima de tudo o que há de natural.
(2.004, pag: 36)
Em termos morais e éticos, esta concepção torna-se profunda, pois o
homem comandado pelas forças da natureza (naturalista) passa a ser comandado
por um único Deus que está acima de todas as coisas e para conhecê-lo é
necessário conhecer a sua vontade. Neste contexto foram acrescentados mais dois
princípios fundamentais para a convivência social: o amor incondicional e o perdão
ao próximo.
Com a Idade Média surgiram várias contribuições marcadas pela ética
religiosa, a contemplação pela vida futura no céu e o castigo eterno. Cita ARANHA “
a cultura ocidental esteve marcada pela tradição moral fundada nos valores
religiosos e nas crenças depois da morte [...] os valores são transcendentes, porque
resultam da doação divina, que leva à identificação da pessoa moral com o ser
temente a Deus.” ( p. 126 sem data). Portanto, a aproximação do homem com um
Deus que recompensa as pessoas que são boas com a vida eterna e que castiga os
maus com um sofrimento indescritível em um inferno por toda a eternidade
acrescentou vários valores como o perdão aos inimigos, a caridade a paciência, e a
abnegação aos valores materiais; estes valores foram defendidos por vários
pensadores em séculos posteriores como Ludwig Feuerbach, e Karl Marx. Porém, as
contribuições marcantes resultam das idéias de Agostinho de Tagaste ( Santo
Agostinho ) apud ADELA CORTINA confirma as idéias dos filósofos gregos em
relação a moral:” Moral é um conjunto de orientações cuja função é ajudar os seres
humanos a conseguir a vida feliz.”(2005, p. 64), Agostinho ainda acrescenta que a
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verdadeira felicidade só pode ser encontrada se cada pessoa tiver um encontro com
Deus-Pai, e que o caminho para a felicidade esta aberto para todo cidadão,
independente de ser o cidadão letrado ou não.
Tratando-se da ética na Idade Média, pode-se citar também a contribuição
de Tomás de Aquino que explica que a consciência de cada pessoa determina as
suas escolhas que devem sempre levar a um bem maior e, conseqüentemente, a
felicidade. Ainda de acordo com CORTINA (2005,p.66): “Aquino considera a
consciência a chave da moral cotidiana, pois a aplicação dos princípios às diversas
situações não pode ser mecânico, mas criativo e razoável.” Neste aspecto, as
escolhas que fazemos na vida influenciarão em nossa vida futura no porvir, isso
ocasiona mudanças de atitude que devem contribuir para o bem comum de todos na
sociedade.
A partir do século XVIII, a moral vai se tornando laica (não religiosa), se
antes os fundamentos da moral e dos bons costumes encontrava-se em Deus, com
o passar do tempo, a moral passou a possuir um discurso humanista, isto é,
centralizado no ser humano; no campo das doutrinas surge Hume que, segundo
ARANHA : “ Rejeita todo sistema ético que não se baseia em fatos e observações.
Partindo da conduta humana efetiva, distingue o útil e o agradável na raiz dos atos
morais”. ( pag:126 Sem data). Exemplificando este pensamento, observa-se que a
justiça é boa porque diminui os danos causados aos cidadãos assim como não
matar é útil para a mesma; em relação ao mesmo filosofo, CORTINA explana:
“Na opinião de Hume, os fundamentos de nossas normas morais e de
nosso juízo de valor são a utilidade e a simpatia. Respeitamos as normas
morais- que Hume supõe como dadas e cuja origem, portanto, não explica
porque, se não o fizéssemos, se seguiriam maiores prejuízos que o que ,
em alguns casos, a obediência a essas normas produz”. (2005, pag: 68).
Em suma, de acordo com o pensamento de Hume, em qualquer sociedade,
é melhor obedecer às normas morais do que não obedecer para que o cidadão não
seja penalizado pela desordem e falta de segurança proposta por uma sociedade
desorganizada e que não considere suas próprias leis morais, popularmente falando:
É melhor ter uma lei que se obedeça a que ter varias leis e nenhum compromisso
com elas ou nenhuma lei que seria o mesmo de seu não cumprimento.
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Entre os filósofos que surgiram durante a Idade Moderna, nenhum foi mais
influente que Emmanuel Kant que identificou muito o individuo ético com o ideal da
autonomia individual. O homem racional, autônomo, autodeterminado, aquele que
age segundo a razão e a liberdade, eis o critério da moralidade. De acordo com
KANT:
“Uma vez que o tempo passado não está mais em meu poder, deve
ser necessária cada ação que levo a cabo, em razão de causas
determinantes que não estão em meu poder, o que é o mesmo que
dizer que no momento que ajo nunca suo livre. Ainda que eu
admitisse a minha existência total como independente de toda causa
externa ( por exemplo, de Deus ) de forma que os motivos
determinantes da minha causalidade e até da minha existência não
se encontrasse fora de mim, nem mesmo isso transformaria, o
mínimo que fosse, essa necessidade natural em liberdade.” ( 2004,
pag: 104 ).Crítica da Razão Prática
Em relação a estes pensamentos, o homem livre é aquele que tem a
possibilidade de escolher, sendo que essas escolhas estão relacionadas às nossas
experiência passadas o que faz-se necessário raciocinar sobre as conseqüências de
nossas escolhas que são cobradas independentemente de se acreditar em Deus ou
não, a liberdade faz-se necessária para o bem do indivíduo. Quando fala-se em
ética, não há como não relacioná-la a liberdade e quando fala-se em liberdade, e ao
mesmo em direito de escolhas pois não haveria ética em uma sociedade onde os
direitos de escolha são determinados, imagina-se uma sala de aula onde os alunos
não tem liberdade de escolher o que aprender ou como aprender, isso geraria
descontentamento, desinteresse e a própria rebeldia. Hegel apud Valls (p. 53,2.004)
explica que as escolhas devem vir do interior de cada pessoa e que não devem ser
forçadas por fatores externos como ameaças, isso determina o homem livre, sendo
que as conseqüências de suas escolhas devem estar implícitas no ambiente de
cada aluno.
Diferente do século XVIII no qual vimos que a moral iluminista dá margem ao
posicionamento racional, laico e com acentuação à liberdade e ao direito de
contestação, no século XIX surgem vários novos pensamentos que opuseram-se,
principalmente, ao formalismo kantiano fundada na razão universal, abstrata, de um
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sujeito transcendental; vale ressaltar as contribuições de Hegel que explica as
mudanças de valores de acordo com o tempo e espaço e Nietzsche que de acordo
com ARANHA: “Defende a transvaloração de todos os valores, separando a moral
comum para que os atos do homem forte não sejam pautadas pela mediocridade
das virtudes estabelecidas”. (p.127 sem data), ou seja, era preciso voltar-se para a
capacidade inventiva, reflexiva, alegre e potente do ser humano para a
concretização de seu ideal de liberdade e bem estar, era preciso refletir sobre a
moral estabelecida, era preciso ser ético.
1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL
No século XX continua válida a desconfiança na razão como forma para
direcionar as nossas razões ao mesmo tempo em que este argumento é válido
também para a religião. Cada vez mais acredita-se que o instinto, a comunicação e o
relativismo são necessários para a real compreensão do contexto histórico atual;
questões como: Para que serve a família? O casamento é importante nos dias
atuais? Por que obedecer às leis de nossa sociedade? O que é o amor? O que
posso ganhar com o bem que faço? São questionamentos que cada vez mais são
analisados de acordo com um ponto de vista cada vez mais individualista e
narcisista no qual as pessoas tornam-se voltadas para si mesmas, o que torna-se
um paradoxo o fato da humanidade organizar-se cada vez mais em um mundo
globalizado onde a idéia principal é a união de todas as culturas, raças e credos em
uma aldeia global.
Os meios de comunicação desenvolvem-se como métodos planejados para
a massificação das idéias e formação de conceitos que relativizam individualmente
as condições morais do indivíduo, a velocidade como as notícias são transmitidas
para os lares em tempo real e sua dificuldade consta na análise de cada fato e como
são pesadas na balança moral que rege os subconscientes. Em relação a estes
fatos, ARANHA cita:
“Se lembrarmos ainda os riscos da massificação pelos meios de
comunicação, estaremos diante de um quadro às avessas do que seriam as
condições adequadas de uma vida moral autentica, já que esta supõe
consciência crítica, liberdade, reciprocidade e responsabilidade” (P. 129)
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De acordo com a autora, as massificações dos meios de comunicação
prendem o expectador e nublam sua consciência crítica que faz com que tenha-se
dificuldades em diferenciar o certo do errado ao mesmo tempo que isola o cidadão e
não contribui tenazmente para o bem estar social. Os valores que norteiam o
comportamento humano encontram-se fundamentados no relativismo atual, as
próprias concepções de bem e mal são analisadas sobre a ótica individual, a
sociedade cita: “Cada um sabe o que é melhor para si” e esquece-se a
generosidade, a igualdade, o direito e a justiça; analisa-se a moral mais não
questiona-se sobre a ética sobre pesos favoráveis para o bem comum.
1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA
Dado ao dinamismo inerente a própria sociedade a qual o ser humano faz
parte, as transformações sociais acontecem constantemente, e muitos dessas
mudanças são imperceptíveis aos nossos sentidos; sejam mudanças nos aspectos
físicos do próprio espaço a qual o indivíduo está inserido ou nos costumes que
norteiam as relações pessoais, políticas e comerciais e culturais que auxiliam neste
convívio. O homem influencia a espaço que faz parte sendo que ele mesmo é fruto
do meio em que vive, isso dá-se graças ao próprio processo evolutivo da produção
de bens que acompanhou a evolução intelectual da própria espécie. Segundo KARL
MARX: “A produção aparece com o aumento da população. As relações entre as
nações estão condicionadas pelo estado de desenvolvimento de cada uma delas no
que diz respeito às forças produtivas, à divisão de trabalho e o intercambio interno.”
(2004. P.45). Cada um desses fatores sugere relações interpessoais que envolvem
leis, normas, tratadas e regras que devem ser seguidas para que estas relações
tenham êxito para seu bom desempenho; portanto, o homem é um ser social e
produtivo que necessita está em comunidade para produzir sua subsistência.
Pode-se dizer que a Geografia estuda as relações produtivas e a interação
do ser humano no meio em que vive; ela própria é uma ciência que estuda o espaço
e a relação do ser humano com os vários fatores que se encontram no meio
ambiente. De acordo com NESTOR ANDRÉ KAERCHER: “O homem faz a
Geografia à medida que se faz humano, ser social”. (Kaercher. [ et al]. P11. 2003)
Isso origina-se ao fato de que o homem precisa compreender, geograficamente, o
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que é ser humano, isso tem a ver em compreender sua função social e como ele
influencia benéfica ou maleficamente seu espaço de vivencia, é preciso que o
indivíduo seja ético para analisar seu comportamento na sociedade.
1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA
O ser humano é um ser social, isto é, vive em sociedade, relacionando-se
com várias pessoas que o influencia e que influenciada por suas trocas de
experiências, independente de seu círculo de amizades; por isso, o convívio social
torna-se determinante na formação do educando como indivíduo e como cidadão.
Diz-se que desde a tenra infância a criança convive com os mais diversos tipos de
pessoas, seja na escola, no trabalho ou nos momentos de diversão; a própria família
constitui-se na primeira instituição social a qual o homem faz parte. Vale ressaltar
que o ser social não surge de uma hora pra outra, para que ele surja é necessário
um longo processo de aprendizagem que dará origem ao indivíduo que conhece
seus direitos e deveres, que questiona os valores adotados pela sociedade e
contribui de forma significativa em sua transformação. A escola é um importante
meio que nos auxilia a compreender a gênese do ser social desde que garanta sua
formação moral no processo de aprendizagem. Segundo CALLAI:
“ O nosso aluno tem de ser considerado em sua plenitude, e não
apenas como uma criança que está a disposição do professor e da
escola para ser ensinado. Se a preocupação do professor e da
escola é formar cidadãos, o aluno precisa ser visto como indivíduo
que vive em sociedade( fazendo parte de vários grupos) num
determinado momento( um tempo definido) e ocupando determinado
lugar(espaço). Crescer, portanto, significa ir localizando-se com
lucidez, no tempo e nas circunstancias em que vive, para chegar a
ser verdadeiramente homem, isto é, indivíduo capaz de criar e
transformar a realidade, em comunhão com seus semelhantes.”
(Castrgiovanni. Ed tal. , P.67)
Somente através da consciência de seu papel na sociedade é que o aluno
poderá assumir uma postura ética e de valores que possa contribuir com o bem
estar de seus semelhantes e com o ambiente a qual está inserido. Neste sentido, o
22
estudo da Geografia contribui de forma significativa por ser uma ciência que tem
como principal campo de observação a sociedade e o espaço físico que está sujeito
a transformações pelo trabalho humano. De acordo com os PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE GEOGRAFIA:
“ O estudo da Geografia possibilita aos alunos, a compreensão de
sua posição em conjunto das relações da sociedade com a natureza;
como e por que suas ações individuais ou coletivas, em relação aos
valores humanos ou à natureza, tem conseqüências – tanto para si
como para a sociedade.” (PCN’s DE GEOGRAFIA, p. 113)
A Geografia é mais de que ensinar nomes de estados, países, rios, cidades,
informações que apesar de serem importantes, desenvolvem um saber fragmentado
que se perde pela falta de praticidade e pelo acúmulo de informação; a Geografia
auxilia a compreensão do aluno como ser pertencente há um tempo e espaço
definido e possibilita que através de seu conhecimento haja o melhor exame de
raciocínio que possibilite melhores decisões e atitudes; o espaço está em constante
transformação e o indivíduo deve aprender a agir de forma responsável nesse
processo de mudanças.
1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTI CA
DO CIDADÃO.
À escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades
e conteúdos que são necessários para a vida em sociedade. A escola oferece
instrumentos de compreensão da realidade local e, também oferece a participação
dos em relação sociais diversificadas e cada vez mais amplas. A vida escolar
possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados, facilitando a integração
dos jovens em um maior contexto.
É preciso que se inclua no contexto escolar a realidade como ela se
apresenta tirando a ilusão de que vivemos em um mundo harmonioso, um mundo
infantilizado característico das primeiras séries e estudar acontecimentos relevantes
como a fome, as guerras, o crime, a globalização, os avanços tecnológicos, entre
outros assuntos que os leve a analisar a sociedade e a compreender seus
23
problemas e suas necessidades, fazendo com que se procurem alternativas
harmonizadoras para o mundo.
As instituições escolares possuem um importante papel para a formação do
educando que é harmonizar a educação fazendo com que haja propósito para o que
se aprende. A própria formação do cidadão constitui-se em um aprender contínuo,
respeitando-se cada etapa do desenvolvimento intelectual do indivíduo, e a escola
por sua vez, possui a responsabilidade de ensinar conceitos, valores e normas
sociais que contribuem para a formação do educando, não somente como aluno,
mas como pessoa que valoriza seu próprio eu e as pessoas ao seu redor e o meio
ambiente a qual faz parte em sua totalidade. À Geografia cabe a difusão do
conhecimento e sua organização sistemática para facilitar a aprendizagem. Segundo
CAVALCANTI (p.50, 2002):
“ O objetivo escolar de formação de cidadania é de responsabilidade
da escola como um todo, mas à Geografia cabe, mais
especificamente, o trabalho com conceitos como a cidadania e de
cidade e a organização do estudo nas escolas com referencia a
esses temas”.
De acordo com a autora, a Geografia oferece meios para que o aluno
compreenda a sociedade, sendo que o conceito de cidadania deve ser trabalhado
nas escolas e incluso em seus temas de referencia. Além disso, a Geografia
possibilita que o aluno analise as questões morais que a motivam, e direciona o
aluno as compreensões de várias outras realidades alem da sua. Cita os
PARÂMETROS CURRICULARES DE ÉTICA:
“Aulas de História e Geografia tratam diretamente de pessoas e de
suas diferenças, sejam estas ao tempo (as pessoas de antigamente
eram diferentes das de agora), seja com referencia ao lugar onde
moram.” (p.124. 2001)
Os PCN’s incluem a História e a Geografia como ciências que produzem no
cidadão o sentimento de respeito pela diversidade cultural entre os povos e o
sentimento de que cada pessoa é diferente porque possuem realidades diferentes e
semelhanças que os identificam.
24
Mais do que trabalhar com conteúdos, a escola deve trabalhar com a
realidade do educando, preparar para a vida, não somente ensinar valores, mas
também demonstrar a valorização d seus princípios, metas e objetivos; deve atender
aos anseios de uma sociedade cada vez mais individualista, embora haja tantas
pessoas convivendo juntas umas das outras. Sobre isso, CELSO ANTUNES (p.47.
2003) afirma:
“ A escola deve trabalhar as relações interpessoais para desenvolver
no aluno uma visão sistêmica da escola e de seu papel, mas também
para facilitar sua integração com a comunidade, professores e
colegas através de uma colaboração confiante e permanente.”
Em relação a citação, o autor esclarece que a escola deve procurar integrar
as pessoas dentro e fora de seu convívio, a comunidade deve participar do processo
de educação junto a professores, alunos e direção da escola. Visando esta
integração, os Pcn’s relacionam os conteúdos priorizados no convívio escolar. São
eles: respeito mútuo, justiça, diálogo, solidariedade ( PCN”s de Ética p. 102) Estes
conteúdos não devem ser trabalhados como uma matéria a parte e sim nortear os
valores trabalhados nas disciplinas fundamentais auxiliando a formação moral dos
alunos na escola permitindo maior integração entre escola e sociedade.
1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO
PROCESSO DE AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS.
Sempre que alguém se lembra de seus tempos escolares, as primeiras
letras, os amigos, as tarefas, seu dia a dia escolar, vem a lembrança daquele
professor especial que auxiliou no seu desenvolvimento como aluno e como pessoa,
que contribuiu de forma significativa para seus avanços na aquisição do saber.O
sentimento pode ser contrário, o aluno pode lembrar-se do professor que o excluiu
nas atividades, que o colocou no ostracismo existencial, que bloqueou com suas
afirmações negativas em relação a ele quando o aluno pedia explicações. É comum
se encontrar alunos que não gostam de Geografia, Matemática, Química ou
qualquer outra disciplina devido a problemas de aprendizagem provocados por
professores que eram rígidos demais com os alunos.
25
Em pleno século XXI, observa-se a evolução tecnológica que se reflete na
mudança da qualidade de vida dos cidadãos e nos avanços nas comunicações e
das técnicas de produção; muitos alunos possuem em seus lares computadores,
celulares e outros aparelhos de última geração, porem, a escola, ou a maioria dos
professores do Brasil ainda possuem as formas arcaicas de ensinar que consiste no
professor falar o conteúdo e no aluno ouvir as orientações, e se não concordar, é
sugerida uma punição para o aluno mal-comportado. Torna-se necessário que haja
um saber democrático em sala de aula onde se plante a semente da democracia,
principalmente nas séries iniciais quando a criança afasta-se com mais freqüência
do convívio familiar e passa a aumentar seu convívio social.
Torna-se necessário que a postura do professor mude de acordo com as
necessidades sociais pois o ritmo do progresso intensifica-se a cada dia; o novo
contexto social exige que o professor seja um facilitador, um mediador entre o
ensino e aprendizagem, palavras estas distintas mais cheias de significado, que
relacionam-se para a construção do conhecimento. O PROGRAMA ÉTICA E
CIDADANIA elaborado pelo Governo do Federal compreendem como mediador:
“Um profissional imparcial que facilita a comunicação entre as
pessoas, com o objetivo de ampliar as alternativas para a resolução
dos impasses, de modo a reduzir os conflitos a níveis administráveis
e construir acordos mutuamente aceitáveis. Ele é um facilitador e não
um interventor da tomada de decisão; as partes envolvidas são
autoras da solução do conflito, e as relações transformadas em
vínculos de solidariedade.” (Programa Ética e Cidadania:
Construindo Valores na Escola e na Sociedade. P. 29)
Segundo a citação, o professor mediador é um educador ético que gerencia
o saber e facilita sua aquisição do saber, fazendo com que o conteúdo seja somente
um detalhe, mas necessário, para a formação do indivíduo. Segundo CAVALCANTI:
“No ensino formal, a atividade do aluno, seu processo intelectual de
construção de conhecimentos, é dirigida, não é uma atividade
espontânea. É uma atividade mediada, que requer uma intervenção
intencional e consciente do professor.” ( Cavalcanti. P. 18)
26
Necessita-se que o professor auxilie a criança para que dê significado a
aprendizagem, para isso é necessário consciência e preparo para atuar de
diferentes formas no ensino dos alunos. Ainda de acordo com CAVALCANTI:
“...O ensino é um processo composto por objetivos, conteúdos e
métodos e esses componentes articulam-se numa proposta de
ensino em ação, então não basta ao professor ter domínio da
matéria- é necessário tomar posições sobre a finalidade da Geografia
naquela proposta de ensino e definir modos de encaminhá-lo para
que ele cumpra essas finalidades.” (Cavalcanti. P.22)
Diz-se que uma vez que o que se ensina tenha verdadeiro significado para o
aluno, acontece a aprendizagem que é demonstrada pelas decisões tomadas pelo
indivíduo; uma vez que nas aulas de Geografia o aluno aprendeu que deve
preservar o meio ambiente, então entenderá que faz parte de um espaço com
elementos naturais que devem ser preservados para sua saúde, mas a escolha de
jogar lixo na água vem de seu questionamento ético e de sua aplicação: De acordo
com CORTINA, esta aplicação é chamada de proposta ética indutiva, cita a autora
que o método indutivo criado por JONSEN E TOULMIM:
“Propõe substituir os princípios ou axiomas iniciais pelo que eles
chamam máximas, entendidas como critérios sábios e prudentes de
atuação prática com os quais todos, ou ao menos a maioria ou os
especialistas, concordam. Em suma, as máximas são o resultado da
sabedoria prática dos homens e das culturas, e constituem uma
ajuda valiosa para tomar decisões que os pretensos princípios de
uma suposta razão pura.”(Cortina,p.149.2005)
Diz-se que as escolhas dos indivíduos neste processo são comandadas por
princípios universais que são transmitidos pelo educador e analisadas pelo
subconsciente para se chegar a um resultado satisfatório; o aluno chegaria a
conclusão que jogando o lixo na água estaria poluindo e destruindo o seu sustento,
ele comprovaria que a máxima explicada pelo professor estava correta, porém, o ato
de jogar, depende somente da escolha do aluno, comprova-se que para que haja
27
uma sociedade ética é preciso que o cidadão exerça seu livre arbítrio, não existe
sociedade ética sem direito de escolha.
1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO
EDUCANDO NAS SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA .
Todos os dias, observa-se em noticiários de revistas, jornais uma série de
reportagens relacionadas a questões sociais, transformações no espaço que são
comentadas por jovens, adultos e crianças. Lê-se reportagens que mencionam a
corrupção dos governos, assaltos, violências, guerras entre vários países, bons
exemplos de pessoas que fazem a diferença nos locais onde residem, observa-se
fenômenos como terremotos, maremotos, degradações ambientais, poluição, novos
meios para se cuidar da saúde. Estes e outros assuntos são, na maioria das vezes,
transmitidos em tempo real, independente de seu local de origem, as notícias estão
cada vez mais rápidas, graças a evolução das telecomunicações que contribuem
para o processo de globalização que ao mesmo tempo em que possibilita a
velocidade das informações e a aquisição do saber, torna o ser humano cada vez
mais isolado na frente da televisão ou do computador. Cita CASTROGIOVANNI:
“Tudo se globaliza, como se as coisas, as pessoas e as idéias se
transfigurassem pela magia da multimídia. É preciso perceber não
mais pelas emoções, pelas experiências, mas pelas sensações
provocadas pelas comunicações.” (Castrogiovanni,p.84, Geografia
em sala de aula,2003)
Como explica o autor, as pessoas (em maior efeito, crianças) adquiriram um
grande fascínio pelos meios de comunicação, principalmente as visuais. Podem-se
observar em seus cadernos ilustrações de desenhos animados, fotos de atores
famosos, observam-se durante as recreações nas escolas brincadeiras que imitam
seus heróis preferidos, quase sempre em cenas de luta, as músicas cantadas pelos
alunos são os sucessos das rádios e dos programas de TV. Os meios de
comunicação são influentes e transmitem valores que são, em muitos casos,
distorcidos de acordo com as concepções de bem e mal dos autores, gerando assim
confusão na forma como as crianças compreendem a realidade. Todavia, os meios
de comunicação não precisam ser vistos como inimigos da educação, ao contrário,
28
podem ser importantes fontes de recursos e informações para se trabalhar questões
relacionadas à formação de valores nas aulas de Geografia e de qualquer outra
disciplina.
Observa-se que nas escolas ainda é muito pobre a quantidade de recursos
didáticos e muito distantes dos avanços tecnológicos, esta realidade contribui para a
permanência da velha estrutura tradicional: sala de aula, quadro negro, cadernos,
livros. Em conseqüência deste quadro que parece permanente na maioria das
escolas estaduais de Teresina, resta ao professor trabalhar com os recursos que há
nas mãos, isto oferece a ilusão de que a aprendizagem escolar é diferente dos
saberes assimilados em seu convívio social.
Mesmo trabalhando com poucos recursos, o professor pode adaptar sua
metodologia ao material disponível e usar atividades que estimulem a criatividade e
o senso crítico dos alunos. CAVALCANTI (2002)relaciona procedimentos que
promovem a reflexão sobre assuntos desenvolvidos nas aulas de Geografia e que
proporciona oportunidades de utilização desse conhecimento de modo criativo. São
procedimentos: atividades de simulação, jogos de simulação, dramatização, trabalho
com mapas, cartas, gráficos e tabelas.
Além dos valores transmitidos pela comunicação em massa representada
principalmente pela televisão há os valores que o aluno traz de casa. São condutas,
modos de agir, falar, pensar que, na maioria das vezes, vai de encontro aos valores
transmitidos pela escola. SONIA M. P. PORTELLA KRUPPA (p.31, 2004) cita: “ Fora
da escola o conhecimento é produzido a partir das necessidades imediatas da vida,
na sobrevivência nas ruas dos centros urbanos, no campo.” Muitos alunos possuem
dificuldades em relacionar os ensinamentos à sua realidade, isto é, não vêm
praticidade ao se analisar mapas, tipos de rochas e solos, partes de um rio ou
relacionar nomes de Estados e capitais. Por isso, torna-se necessário por parte dos
professores, fazer a ligação entre o espaço em que o aluno está inserido ao espaço
planetário e transmitir noções de valores que os oriente a conviver, de uma forma
democrática, em uma “aldeia global” com muitos problemas e contrastes.
29
CAPÍTULO II
II. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS
AULAS DE GEOGRAFIA: VALORES MORAIS NO CONTEXTO
SOCIAL
O trabalho didático-pedagógico da Geografia escolar suscita reflexões sobre
o processo de aquisição do conhecimento em relação aos hábitos, atitudes e
posturas desenvolvidas ao estudar o espaço como fruto transformações humano e
sua dimensão social, política e cultural.
Considera-se que a escola deve incluir em seu currículo pedagógico o
estudo do espaço e a relação entre os seres humanos e a natureza nas aulas de
Geografia, bem como a possibilidade de destacar valores como respeito mútuo, a
justiça, o diálogo e a solidariedade nas séries iniciais do ensino Fundamental de 1ª a
4ª série, temas presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Ética, e
que tornam-se necessários devido a diversidade da população brasileira que gera
preconceitos que se manifestam na forma de intolerância e desprezo àquilo que é
diferente. Todo aluno deve saber que as pessoas são dignas de respeito, não
importando seu sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social ou grau de
instrução.
A inclusão da ética no ensino de Geografia torna-se relevante devido ao
contexto escolar que os alunos e demais funcionários da escola que compartilham o
mesmo espaço e estão sujeitas a mesma realidade que se apresenta de várias
formas e de acordo com a interpretação de cada pessoa. Os PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE ÉTICA ( p. 97. 2001): Relaciona as possibilidades
que os alunos de 1ª a 4ª séries devem alcançar não somente durante as aulas de
Geografia mas em todas as disciplinas.
� Compreender o conceito de justiça e perceber as necessidades da
construção de uma sociedade justa;
30
� Ser solidário e rejeitar a discriminação;
� Respeitar diferenças entre as pessoas;
� Valorizar o diálogo como a melhor forma de evitar conflitos;
� Construir uma imagem positiva de si;
� Assumir posições considerando diferentes pontos de vista e aspectos
de cada situação.
Em relação aos tópicos relacionados, a ética dá margem ao
desenvolvimento social e contribui para a formação do caráter do individuo fazendo
com que reconheça-se como pessoa crítica, participativa e influenciadora do espaço
em que vive, resta ao professor desempenhar um trabalho consistente que atinja
estes objetivos porque compreende-se que a ética estende-se não somente a
Geografia mas, a todas as disciplinas e fases da vida.
2.1. PERCURSO METODOLÓGICO
Partindo do geral para o específico, esta pesquisa realizou-se através de
análise descritiva que segundo Antonio Carlos Gil “tem por objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis” (Gil, Pág. 42). Observou-se a realidade
escolar das 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental nas escolas da Rede Estadual de
Educação de Teresina na região Sudeste.
Segundo dados levantados pela 8ª Diretoria Regional de Educação, a região
Sudeste que compreende os bairros Dirceu I, Dirceu II, Renascença I, II, III e
adjacências possuem 23 escolas estaduais, sendo que 13 escolas possuem 1ª a 4ª
Série com um núcleo docente de 4.524 alunos matriculados de acordo com o senso
escolar de 2.007.
Foi feita uma pesquisa qualitativa e observou-se como o ensino da geografia
contribui na formação ética do educando tomando por base a produção de juízo e de
valores que norteiam o seu convívio social, Os Parâmetros Curriculares Nacionais
relacionam que “A ética é um eterno pensar e construir. E a escola deve educar seus
alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos
para pensarem e julgarem”. (p.72, 2001). Esse trabalho consta com pesquisa
31
bibliográfica em livros e documentos, coleta de dados e observação em sala de aula
(aula presencial).
Foram pesquisados 22 professores e 71 alunos que responderam aos
formulários além de entrevista estruturada que segundo SANTOS: “oferece maior
controle nas respostas, inclusive no resultado do estudo ou pesquisa.” (pagina 11).
2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª
A 4ª SÉIRIES.
Ética é uma daquelas coisas que todos sabem o que é mais poucos sabem
explicar. Essa afirmação constata-se em relação a concepção dos professores sobre
o tema. Ao conceituar o que é ética, as respostas variam, sendo que alguns
confundiram o conceito de moral com o de ética. Sabe-se que ética e moral estão
relacionados, apesar de possuírem conceitos diferenciados.
De acordo com os professores:
Professor (A): “Ética é a análise que se faz acerca de normas e condutas”.
Professor (B): “ São regras as quais os seres humanos submetem-se as
suas ações”.
Professor (C): “ Ética é respeitar as outras pessoas e agir de acordo com os
valores morais”.
Professor (D) “ É o questionamento que fazemos da sociedade para assim
saber se as regras são boas ou ruins”.
De acordo com as observações, a ética relaciona-se aos princípios morais
que a própria sociedade escolhe e são questionados pela mesma, o professor D
expande esta observação ao relacionar o questionamento dos aspectos positivos e
negativos que encontramos em nossa sociedade. Um outra professor explica: “ética
é um conjunto de princípios ou padrões de conduta que regem um determinado
grupo social e dão orientação ao pensar e ao agir, sem obrigação de seguir a
conduta”; esta observação ressalta a afirmação de TEREZINHA AZERÊDO RIOS
que explica a palavra ética surgiu da palavra grega “ethos” que significa morada do
homem, mas com o tempo, este significado foi se transformando, passou a ser uma
32
menção a reflexão sobre os costumes e fundamentos que sustentam a sociedade.
( RIOS, 2005).
A ética, portanto, trata-se de uma eterna reflexão sobre o comportamento da
sociedade e sobre os valores que ela considera como verdadeiros e concretos, ela
revela o comportamento prático do indivíduo determinado pela moral. Ainda segundo
RIOS: “ Moral é o conjunto de normas , regras e leis destinado a orientar a ação e a
relação social”.( P. 102. 2005).
O conceito de ética varia de acordo com cada pessoa, área de estudo,
tempo e espaço, porem, assim como o conceito de moral, é necessário o estudo da
ética para compreender como dá-se o processo de reflexão na sociedade na medida
em que o professor, humaniza o ensino e contribui de forma prática para a
compreensão dos alunos.
Em relação ao conceito de moral há uma unanimidade em suas
observações:
Professor (A): “ Moral é o conjunto de princípios ou padrões de conduta que
impõem regras como forma de conduta”.
Professor (B): “ Moral são regras, costumes e modos de conviver com as
pessoas”.
Professor (C): “ Moral são acordos, costumes que surgem entre os cidadão
de uma sociedade organizada”.
Afirma-se que a moral e a ética completam-se, pois, para que haja moral em
uma sociedade é preciso que haja cidadãos éticos capazes de exercer a livre
escolha, criticar e apoiar o que se acha benéfico para o indivíduo e a sociedade; o
conjunto de regras e costumes citados pelos professores demonstra o conhecimento
de que existe uma organização social que necessita da ética para desenvolver em
seus membros a valoração de princípios com respeito mútuo, o diálogo e a
solidariedade e assim incentivar o bom convívio entre os seres humanos. De acordo
33
com CALLAI: “ A Geografia é uma ciência social. Ao ser estudada, tem de considerar
o aluno e a sociedade em que vive.” ( p.57. 2003). A questão espacial é um ponto
fundamental ao ser estudado nas aulas de Geografia, ao estudar o espaço, o aluno
deve permitir-se perceber como participante do espaço e compreender que suas
ações trazem resultados positivos e negativos e que o trabalho humano é
responsável pelo desenvolvimento, em conseqüência destas observações, o aluno
deve compreender que o espaço deve ser transformado de forma ética. Ainda
segundo CALLAI: “ O aluno deve estar dentro daquilo que está estudando e não
fora, deslocado e ausente daquele espaço, como é a Geografia que ainda é
ensinada na escola.” (p.58, 2003).
O espaço é dinâmico, isto é, está em constantes transformações, e o aluno
deve sentir-se como ser participante nesse processo de mudanças, porquanto, a
Geografia contribui na formação moral e ética do educando. Cita os profissionais de
educação:
Professor: (1): “ A Geografia contribui na formação de leitores de mundo ou
seja, capaz de perceber o mundo a sua volta.”
Professor (2): “ A Geografia faz parte da formação moral e ética, existe uma
interdisciplinaridade e todos nós( professore e alunos) temos que nos educar quanto
a este aspecto.”
Professor (3): “ O mundo vive em constantes transformações sociais e o
professor de Geografia tem como papel tornar essas transformações
compreensíveis para os alunos, transmitindo e valorizando princípios éticos de
respeito, solidariedade, igualdade e moralidade.”
Estas afirmações relacionam aspectos relevantes da educação e do ensino
de geografia; a leitura do mundo, segundo a professor (1), é algo que a Geografia
pode oferecer como uma compreensão dos aspectos morais que regem a nossa
sociedade, esta compreensão envolve bases concretas de desenvolvimento moral
dos educadores ou há o risco de não se compreender de forma concreta, a real
transformação desenvolvida pelos seres humanos. A professora B faz menção a
interdisciplinaridade em relação a moral e a ética a qual, é abordada nos
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS de ética (2001) como sendo um
34
eterno pensar, refletir e construir; e por isso, a ética deve ser trabalhada de forma
interdisciplinar em todas as disciplinas nas séries de 1ª a4ª série. Uma vez que
HAJA compreensão do mundo e os aspectos morais estejam bem difundidos do
ensino, haverá no aluno o preparo necessário para direcionar suas escolhas
centralizadas nos padrões éticos necessários para subsidiar suas autonomia. Em
relação a isto, os PCN’s esclarecem: “ [...] É a sociedade quer queira, quer não, que
educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação e o
convívio com outras pessoas tenha influencia marcante no comportamento da
criança.” ( P.73. 2001 )
Portanto, em linhas gerais, a Geografia provoca o debate, a crítica e
estimula o conhecimento, porém não existem formulas prontas para transformar o
cidadão em um grande exemplo da virtude e da moral, os valores devem ser
difundidos , independentemente da disciplina que for ministrada pelo professor.
2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA
A comunicação entre os homens sempre foi de vital importância para a
preservação da sociedade, o uso da voz possui a capacidade de desenvolver vários
sentimentos e produzir uma ação e sensações, ela é a principal ferramenta para a
comunicação entre professores e alunos. Socrates ( séc, V ac ) em sua sapiência,
produzia com seus alunos grandiosos diálogos, aperfeiçoava a retórica dos alunos,
questionava e debatia sobre vários âmbitos da sociedade da época; ele explanava
que a excelência humana se revela, antes de tudo na atitude de busca do verdadeiro
bem e quem age mal é na verdade um ignorante, pois se conhecesse o bem se
sentiria inevitavelmente impelido a agir bem. ( CORTINA, 2005). Portanto o diálogo é
imprescindível para esclarecer, informar e desenvolver a aprendizagem.
2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO
Ao analisar a integração entre os conteúdos transmitidos nas aulas de
Geografia e a metodologia adotada pelos professores, observa-se que debates,
passeios, leitura e escrita, apresentação de cartazes e filmes estão entre os
principais métodos usados pelos educadores.
35
Para que os alunos desenvolvam senso crítico é preciso que eles conheçam
não somente sua realidade mas que comparem seu meio social com outras
realidades diferenciadas e transmitam opiniões . De acordo com a tabela:
Gráfico 1
95%
3%
2% Aborda temas
relacionados a assuntos
atuais da realidade dos
alunos
Sempre desenvolve
debates com temas atuais
e polêmicos
Desenvolve debates
sempre que há
oportunidades
No âmbito escolar, uma alternativa muito adotada pelos professores foi a
produção de perguntas que dão margem a debates com temas variados ou temas
específicos com o auxílio de gráficos, tabelas e mapas para facilitar a compreensão
dos alunos. De acordo com CALLAI: “A tarefa dos estudos sociais é propiciar o
conhecimento e facilitar o entendimento da realidade que o aluno vive; partindo do
que ele possui, adquirido na escola ou mesmo anterior a ela.” (p.66, 2006)
Como ser pensante e em constante aprendizado, o aluno precisa do espaço
para expor suas dúvidas, idéias e anseios, o debate em sala de aula desenvolve o
diálogo e o respeito em relação as opiniões contrarias ao do indivíduo. Por isso, os
PCN’s apontam a valorização do diálogo como instrumento para esclarecer conflitos
e a disposição para ouvir as opiniões discordantes para rever seus pontos de vista.
(PCN’s de Ética, 2201)
36
2.4. Dramas na formação moral e a realidade escolar nas escolas
estaduais de Teresina .
Um dos grandes problemas que afetam não somente a escola mas toda a
sociedade contemporânea é a crise moral que deturpa valores e causa atraso nas
relações humanas, dificuldades de compreensão da realidade e em reconhecer nas
pessoas diferenças e semelhanças naturais e culturais que caracterizam o indivíduo
como único em sua existência. Segundo EDIGAR MORIN, esta realidade dá-se
devido a fragmentação do ensino que impossibilita a integração dos conhecimentos
para nossas vidas. (Morin,2005) , além do mais, há um desacordo entre o que se
ensina na sala de aula e o que se aprende no convívio familiar. A família, por sua
vez, encontra-se mais distante da escola, como mostra a tabela sobre as principais
razões das dificuldades em relação a formação moral e ética do educando
apontadas pelos professores.
GRÁFICO 2
52%
28%
13%
7%Falta integração
entre a família e a
escola.
Falta de estrutura
física e apoio da
direção da escola.
Falta projetos e
referencia
curricular.
Falta capacitação e
programas de
formação.
De acordo com a entrevista, os professores indicam um índice mínimo de
participação da família na escola o que demonstra o grau de importância que os
professores atribuem ao envolvimento dos pais na escola. Os demais motivos
37
relacionados juntam-se ao mesmo modo em maior ou menor grau em cada escola
da rede pública de educação do Estado do Piauí, esta realidade faz com que
cresçam os índices de agressão, desrespeito aos professores e alunos, evasão
escolar, repetência e a própria consciência sobre o real sentido da escola é
sobrepujado pela imagem de desorganização, desordem e vandalismo, o que é um
fato lamentável, pois a resolução destes problemas consiste em iniciativas da própria
escola em capacitar seus profissionais, oferecer recursos, projetos e currículos
consistente que vise a formação moral e ética do educando em todas as etapas da
aprendizagem.
2.4.1 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES PELA
CONVIVÊNCIA SOCIAL
Muito tem-se refletido sobre a função da escola no contexto atual e sua
importância para a aprendizagem das crianças.
A escola é uma instituição social que é caracterizada pelas ações repetitivas
exercidas por um grupo social com papéis distintos – as regras da escola são
transformadas em normas sociais que, são muitas vezes, modificadas quando não
mais atendem a necessidade. O currículo escolar muitas vezes está formulado sem
levar em conta a realidade dos alunos e o conhecimento torna-se fragmentado e os
alunos meros repetidores do conhecimento; o convívio social faz com que fé,
confiança, amor, generosidade, imitação façam com que sentimentos e juízo de
valores surjam. Isto faz com que a escola apresente um contexto apático do convívio
social uma vez que o aluno não percebe o sentido do que está aprendendo na sala
de aula.
Isso nos leva a outro fato, o tradicionalismo do ensino que persiste em
grande parte na rede estadual de educação. Observa-se por parte dos professores
um saudosismo seguido pela afirmação: “No meu tempo não era desse jeito, no
meu tempo os alunos respeitavam os professores e os alunos eram mais educados.”
Bem... o tempo destes professores que pensaram assim durante a pesquisa já
passou e o que se deve observar é a nova realidade que se apresenta composta por
alunos que possuem famílias desestruturadas, apresentam comportamento
38
irreverente, sem limites, baixa auto-estima e com pais omissos que atribuem à
escola a responsabilidade de educar seus filhos. Convenha-se, naquele tempo o
qual os professores mencionaram, existiam alunos com todos estes problemas
citados do mesmo jeito que nos dias atuais; o que difere para a atualidade é o valor
atribuído pela sociedade que reflete-se na quantidade exorbitante de faltas,
desistências, e transferências.
Em relação a importância da escola para a formação ética do educando, ao
questionar os professores, 90% dos educadores responderam que a escola é
importante porque contribui para o convívio social do aluno enquanto 10%
responderam que a formação profissional e a formação de caráter constitui um grau
a se considerar para a formação ética do indivíduo.
Este convívio social atribui-se as relações inter-pessoais formada por
professores, alunos, funcionários e a sociedade, os professores crêem que estas
relações contribuirão para seu desenvolvimento como cidadãos éticos e
participativos que contribuam para aceitar as diferenças entre os seus semelhantes.
De acordo com CELSO ANTUNES: “A escola ao assumir um papel educativo e,
portanto , ao usar a herança cultural a ser transmitida como instrumento para
desenvolver competências, aguçar sensibilidade, ensinar a aprendizagem, animar
inteligências, desenvolver múltiplas linguagens, capacitar para viver e assim,
“transformar” o ser humano; as relações interpessoais passaram a ganhar
dimensões imprescindíveis.” (Antunes, 2003,p.12).
No contexto da escola atual, as relações entre professor e os alunos
estreitaram-se, é preciso observar este aspecto, a escola ainda é importante para a
aquisição de uma boa formação profissional e para a formação do caráter da
criança, porém, o convívio social é determinante para a formação moral do indivíduo,
pois suas experiências de vida definirão o homem do amanhã.
O convívio escolar nem sempre é fácil, o professor encontra-se na maioria
das vezes em sala de aula com média de trinta alunos com personalidades, histórico
e culturas diferentes, É natural que haja conflitos entre alunos, porem o que
impressiona os educadores é a freqüência que as brigas e desavenças vêem
ocorrendo. De acordo com o quadro, constata-se as situações as quais os
professores presenciam em sala de aula:
39
GRÁFICO 3
0 20 40 60 80 100 120
Já observaram alunos danificando
patrimônio escolar na sala.
Dizem que os alunos não
respeitam regras na sala de aula.
Já foram desrespeitados por
alunos.
Presenciaram xingamentos e
desrespeito aos colegas.
Entre os entrevistados, 10% concluíram que a ausência da família e a falta
de valores da mesma contribuem para a indisciplina. Por mais que impressionante
que estes dados possam parecer, eles demonstram um conjunto de fatores
relacionados, não somente a família, mas a própria metodologia abordada na sala
de aula e a própria condição física, moral, social, psicológica e financeira do
professor.
No Estado encontramos professores mal pagos que trabalham dois ou três
turnos para sustentar a família e com falta de tempo para o lazer ou se especializar.
Portanto, os presentes dados fornecidos nesta pesquisa acusam a decadência
moral, fruto do descaso em relação à escola e da má qualificação dos professores,
além da ausência familiar e da própria estrutura de ensino imposta pelo Estado, que
segundo KRUPPA(1994): “Possui um status de repressor que se preocupa em
cobrar resultados, porém, as melhorias da educação são feitas apenas de acordo
com as organizações populares fruto de muita luta.” Para que se possa construir um
ser humano ético é preciso que os valores sejam demonstrados e valorizados
através das instituições que regem a sociedade.
40
2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE A ULA
O estudo da geografia é relevante e merece reflexão por parte não somente
dos professores como também dos alunos, uma vez que este ensino leva o
educando a compreender a sociedade em que faz parte. Quando interrogou-se
sobre o que os alunos de 1ª a 4ª série gostavam nas aulas de geografia obteve-se
as seguintes respostas:
GRÁFICO 4
45%
40%
11%4%
Acham as aulas
interessantes
Ajudam a entender o
mundo
Gosto de mapas, fotos,
etc.
Outros
Segundo os dados, o interesse pela geografia está na compreensão em
analisar o bairro, os locais de seu convívio e a própria sociedade a qual faz parte e
assim descobre-se o mundo em que vive, com isso, o conhecimento do educando
torna-se amplo de significado. Sobre isso, SALETE KOZEL cita: “Caberá ao
professor, em seu contato direto e constante com a classe, avaliar a convivência e
introduzir certos questionamentos nesta ou naquela área.” ( 1996, p.82).
Conhecer o espaço exige uma reflexão que pode ser usada pelo professor
tornando mais atraente a exposição dos conteúdos da disciplina. Ainda de acordo
com KOZEL: “ Ao valorizar as informações levadas para as aulas pelas crianças [...]
o professor ira construir uma visão mais abrangente, incluindo diferentes formas de
aprender o mundo mostrado pelas crianças.” ( 1996, p.37).
41
De acordo com a autora, os conhecimentos adquiridos pelos alunos é uma
ferramenta a mais a ser trabalhada em sala de aula, pois através de suas
experiências, podem-se trabalhar questões de seu cotidiano em relação aos
problemas e possíveis soluções, moldando percepções de valores que seriam mais
do que uma simples decodificação de mapas ou memorização de localizações e
extensões de locais no globo terrestre.
Em relação à pesquisa, constata-se que apesar dos professores citarem que
usam vários recursos para desenvolver a metodologia, o que predomina durante as
aulas de Geografia é a leitura e a escrita que na maioria das vezes resume-se em
leitura dos assuntos no livro e atividade oral e escrita com o uso do caderno, as
vezes há apresentação de cartazes. Observou-se que apesar dos alunos acharem
interessantes as aulas de geografia, os professores trabalham com o mínimo de
recursos possível para uma boa apresentação. Cita RUAN DALVAL: “As atividades
escolares devem estar conectadas com o ambiente social.” (2001, p.114). Em suma,
a educação não se resume apenas nas paredes da sala de aula, é necessário que o
professor diversifique suas atividades para maior aproveitamento. Poucos alunos
citaram atividades diferenciadas que eram abordadas pelos professores, entre as
poucas atividades estão aula passeio e debates sobre assuntos variados.
Sobre as atividades desempenhadas em sala de aula, ANTUNES cita:
“ Adequando-se ao nível de compreensão, é importante que discutam em círculo de
debates, estudo de casos, envolvendo virtudes e valores. Histórias contadas, vídeos
assistidos, transposição para o imaginário de cenas reais [...] são importantes meios
para se abrir discussões e permitir espontânea troca de pontos de vista diferentes.
( p.28 2004).
Portanto, para que o aluno se expresse e construa conceitos e some
valores, é preciso que se crie condições para que isto aconteça, a alternativa
apontada pelo autor seria integrar a Geografia a realidade do educando para que
através do estudo dos aspectos sociais de seu convívio, o mesmo troque opiniões,
forme idéias e questione sobre os valores que ele tem adquirido para que haja uma
atitude ética que segundo ARANHA (2000); é a conscientização do bem para com o
próximo.
42
Em toda disciplina há assuntos que são observados com maior interesse
pelos alunos, em relação à Geografia não seria diferente. Entre os assuntos mais
envolventes apontados pelos alunos estão:
GRÁFICO 5
30%
18%
12%4%
36%
Geografia Física: clima,
hidrografia, etc
Local de convivencia.
Características de
outros países
Brasil: População
Outros: Universo,
cartografia, etc.
Segundo a pesquisa, a Geografia possui um foco de interesse voltado para o
lugar onde acontecem as transformações do espaço, por isso, características físicas
do ambiente desenvolvem interesse dos alunos, assim como o estudo sobre o lugar
onde a criança vive. Neste ponto, a Geografia auxilia na compreensão de seu
espaço; conceitos como lugar, território e paisagem são fundamentais para serem
transmitidos nas séries iniciais, assim como os aspectos éticos e morais que
envolvem o uso , o tratamento e as mudanças que ocorrem nos ambientes em que o
homem modifica.
A geografia possui elementos com os quais o aluno se identifica. Cabe ao
professor humanizar os conhecimentos, valorizar experiências e auxiliar, de forma
ética, na construção do saber para que o aluno adquira consciência de que faz parte
de um espaço que está sempre em transformações.
Diante de todas as questões abordadas nesta pesquisa, observa-se que a
sociedade, a família e a escola têm papéis importantes a desempenhar na produção
de cidadãos críticos, autônomos e participativos e que conhecem seus direitos e
43
deveres, que possam escolher de forma ética, os caminhos da nação. Porém,
presencia-se em nossa sociedade uma série de fatores negativos que dificultam
para que isto aconteça. O descaso pela escola pública estadual, a omissão da
família e as cobranças do Estado transforma em vítima o aluno que é o principal
motivo da existência da escola.
Os professores esperam encontrar em sala de aula alunos quietos, com
carteiras organizadas e todos falando baixo na hora da aula, todos em silêncio,
prestando atenção; mas o que se encontra são alunos gritando, brigando, brincando,
apelidando, xingando; enfim, comportamentos adversos que desestimulam qualquer
professor. De acordo com a análise dos alunos, constatou-se que:
GRÁFICO 6
54%
46%
Alunos que já sofreramalguma espécie dediscriminação, agressão odesrespeito na escola.
Alunos que nuncasobreram alguma espéciede discriminação peloscolegas.
Experiências como testemunhos sobre desrespeito aos colegas, racismo da
sala de aula, encenações sobre agressão poderiam ser analisadas em sala de aula
através de debates e discussões que introduziriam temas mais complexos de nossa
sociedade, pois considera-se que a sala de aula é um reflexo do ambiente social. De
acordo com KAZEL: “ É justamente a partir da soma das experiências individuais
que o professor constrói sua aula.” (p.37, 1996 ).
Apesar do tradicionalismo metodológico dos professores da rede estadual de
educação, há educadores que desenvolvem trabalhos motivadores e são exemplos
de profissionalismo para os alunos e os demais professores. São educadores que
usam a criatividade ao desenvolver seus planos de curso, planos de aula, usam
diversidade de recursos, avaliam a aprendizagem, não somente o aluno, e cria
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oportunidades para transmitir valores através da reflexão de situações gerais e do
cotidiano do aluno.
Portanto, é normal que em uma sala de aula haja atritos, discussões,
desrespeito aos colegas, entre outros; porém, o professor que se esforça para se
atualizar, procurar fontes de informação diversas e novas estratégias de ensino,
minimiza muitos destes problemas que encontra-se na realidade escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação para o exercício da cidadania deve ser entendida em um sentido
amplo, e não como uma matéria dedicada especificamente a esse fim. Ainda que em
determinados níveis educacionais (séries finais do ensino fundamental e ensino
médio) sua presença seja assegurada, se houver um tempo e um espaço para isso.
A educação para o exercício da cidadania não pode restringir-se à aprendizagem de
determinados valores, comportamentos ou atitudes, visto que o cidadão necessita de
todo o conjunto de saberes e competências que lhe permitem uma participação ativa
na vida pública, sem os quais poderá ser excluído ou ter sua cidadania negada, o
que também compreende, sem dúvida, os comportamentos e as atitudes próprios de
uma cidadania ativa.
Para revitalizar a escola e o ensino não é somente ensinar valores é também
oferecer condições para que isto aconteça; é estruturar a escola e a sala de aula
para mediante processos de aquisição de conhecimento ( debate, diálogo, tomada
de decisão colegiadas) haja o incentivo para que existam escolhas democráticas e
responsáveis. Isso exige uma ação conjunta de todos os funcionários da escola,
principalmente através dos professores. A família deve incentivar e cobrar melhorias
para que haja uma educação de qualidade para seus filhos, além do
acompanhamento das demais atividades escolares. Portanto, educar para o
exercício ativo da cidadania não diz respeito apenas aos educadores e professores,
porque uma cidadania educada é uma meta de todos os agentes e instâncias
sociais. Assumir isoladamente a tarefa educativa, dada a inexistência de vínculos
entre família, escola e meios de comunicação, é uma fonte de tensões, de mal-estar
docente e de novos desafios.
Constatou-se nesta pesquisa que as escolas da rede estadual de educação
de Teresina necessitam de maiores investimentos, maior ênfase na capacitação
para os professores, acompanhamento da família e maior organização por parte do
corpo docente em relação a iniciativas inovadoras quanto ao currículo e normas
estabelecidas na escola, além do consenso entre todos os funcionários da escola
para que todos desenvolvam um trabalho igualitário e com o mesmo discurso.
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Observa-se o tradicionalismo em relação a metodologia abordada em sala
de aula, principalmente nas aulas de Geografia que ainda é vista como uma matéria
decoreba e de fácil aquisição e não como uma ciência dinâmica, complexa e que
tem um objeto de estudo centralizado na sociedade e nas relações do ser humano
com o meio ambiente.
A ética reflete-se nas escolhas positivas que o ser humano faz e como elas
afetam os demais componentes que constituem o meio em que vive. Por isso, os
valores devem ser estimulados para formação do cidadão na sociedade; valores
como a prática da justiça, a honestidade, a solidariedade, o diálogo, o respeito as
diferenças, a união e a paz devem fazer parte constantemente do vocabulário dos
professores e alunos. Em relação a isto, a Geografia é um auxílio que provoca a
reflexão e nos ajuda a compreender a sociedade em relação a sua influência na vida
do ser humano e como o cidadão pode modificá-la. Que poderosa ferramenta os
professores tem em suas mãos!
Esta pesquisa sugere para que haja maior integração entre a família e a
escola a diversidade de eventos como palestras, feiras de ciências, etc,
investimentos na capacitação e atualização dos professores, além de aumento de
salários, integração entre professores e demais funcionários das escolas e currículo
escolar que observe os desejos e a realidade do aluno. Portanto, com iniciativas
simples minimizaria os problemas existentes na escola.
O ser moral não se constrói, ele surge através de suas experiências e
anseios, cabe ao professor ser o mediador do conhecimento e ele próprio ser ético
neste importante ofício que foi confiado em suas mãos que é a educação das
pessoas que irão reger esta nação.
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APÊNDICES