Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG
286 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472
GESTÃO DE CUSTOS PARA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DE
UMA COSTUREIRA AUTÔNOMA FABRICANTE DE UNIFORME
ESCOLAR LOCALIZADA NA CIDADE DE CAXIAS DO SUL.
Daiane Dias da Silva 1
Patrícia Dias Ferreira 2
Catherine Chiappin Dutra 3
Resumo: Apresentamos neste artigo os aspectos devem ser observados para cálculo de custos para formação do
preço de venda em uma produção autônoma de uniformes escolares. O objetivo geral foi elaborar uma proposta
de formação do preço de venda com base no levantamento de custos de produção. Para tanto, realizamos o
levantamento de informações, descrevemos o ambiente e processos praticados e selecionamos o método de custeio
mais adequado. Isso foi possível com a utilização de pesquisa exploratória, estudo de caso e levantamento
bibliográfico, além da metodologia de estudo qualitativa. A coleta de informações foi realizada por meio de análise
documental, entrevista e técnica de observação. Por fim, observou-se que não havia nenhuma forma de controle
interno e cálculo de custos, e que o preço de venda foi estabelecido com base no mercado local. Foi proposto então,
um preço com ganho fixo por unidade e implementação de livro caixa para fins de controle e dedução de impostos
com finalidade de atingir resultados positivos e o ganho desejado. As principais fontes utilizadas nesta pesquisa
foram Bruni e Famá (2011), Marion e Ribeiro (2011) e Crepaldi e Crepaldi (2014).
Palavras-chave: Custos. Preço de Venda. Produção.
1 INTRODUÇÃO
Em um mercado altamente competitivo o com um cenário econômico desafiador, as
empresas necessitam constantemente inovar e acompanhar as tendências do mercado. Um dos
fatores que asseguram a continuidade e a lucratividade de qualquer empresa é o controle dos
custos, pois a partir dele se calcula o preço de venda e consequentemente se aufere a receita. O
correto controle de custo e a escolha do método de custeio não é uma tarefa fácil e requer cautela
na tomada de decisão, independente do tamanho e segmento da empresa. O gestor se depara
com inúmeras incertezas, e, uma delas, quais os aspectos que devem ser observados para cálculo
de custos na formação do preço de venda?
1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade da Serra Gaúcha. 2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade da Serra Gaúcha. 3 Especialista em Administração Estratégica de Serviços. Bacharelado em Ciências Contábeis. Coordenadora do
Curso de Ciências Contábeis/FSG. Professora nos Cursos de Graduação e Pós-graduação na FSG. Endereço
eletrônico: [email protected].
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Diante desse contexto, o presente estudo objetiva elaborar proposta de formação do
preço de venda com base no levantamento de custos em uma produção autônoma de uniforme
escolar localizada na cidade de Caxias do Sul. Para atingir o objetivo geral, faz-se necessário
desenvolver os seguintes objetivos específicos: descrever os processos de fabricação e
formação do preço de venda utilizado; realizar levantamento de informações para formação do
preço de venda e selecionar o método de custeio para formação do preço de venda.
O trabalho está estruturado em seis seções: introdução; referencial teórico, subdivido
em: Contabilidade de Custos, Terminologia de Custos, Classificação dos Custos, Métodos de
Custeio, Formação do Preço de Venda; metodologia; análise e discussão dos resultados;
considerações finais e referências. Sendo os principais autores utilizados: Bruni e Famá (2011),
Marion e Ribeiro (2011) e Crepaldi e Crepaldi (2014).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A fundamentação teórica ou revisão de literatura é o momento em que se constrói a base
teórica do assunto tornando o trabalho substancial para se atingir o objetivo final
(RAMPAZZO; CORREA, 2008). Considerando a circunstância a fundamentação teórica será
divida em 5 tópicos: Contabilidade de Custos, seus conceitos e classificações; Terminologia de
Custos, custo, despesa, gasto, desembolso, investimento e perdas; Classificação dos Custos,
custo fixo, custo variável, custo direto e indireto; Métodos de Custeio, Absorção, Variável,
ABC, seus conceitos, vantagens e desvantagens e operacionalização; Formação do Preço de
Venda, fixação de margem de contribuição e mark-up.
Antes da apresentação dos tópicos, expusemos abaixo as utilidades, importância e
subdivisões da Contabilidade para um melhor entendimento dos objetivos deste artigo.
A contabilidade é uma atividade fundamental mesmo nas mais simples empresas já que
mantém a documentação dos ativos, passivos e negociações com terceiros. Fornece também
dados que permitem aos administradores aplicar os recursos disponíveis da melhor forma
(OLIVEIRA et al; 2012). Crepaldi e Crepaldi (2014, p. 6) ressaltam que “Em sentido amplo, a
Contabilidade trata da coleta, apresentação e interpretação dos fatos econômicos”. Afirmam
ainda que ela é dividida em Contabilidade Financeira, que são as informações para uso externo,
demonstrações às quais são apresentadas para acionistas, credores e governos. E a contabilidade
Gerencial, que tem a função de auxiliar o gestor nas tomadas de decisões, é direcionada ao
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gerenciamento dos recursos econômicos das empresas, através do controle de insumos
(CREPALDI e CREPALDI, 2014).
A Contabilidade de Custos tem funções muito importantes na Contabilidade Gerencial,
fornecendo informações que a gestão necessita para acompanhar o processo produtivo ou de
prestação de serviços. Estas informações permitem inclusive o gerenciamento dos custos, com
objetivo de aproveitar melhor os recursos físicos, humanos e tecnológicos, de forma que se
reduzam desperdícios, tempo ocioso e modernizando equipamentos e/ou técnicas (MARION;
RIBEIRO, 2011).
2.1 Contabilidade de Custos
O custo na visão empresarial pode ser definido como o gasto que ela precisa
desembolsar para atingir seus objetivos, e a gestão de custos é a análise desses gastos (BRUNI;
FAMÁ, 2011). Leone (2009) acrescenta que a contabilidade de custos é semelhante a um
processador de dados, acumula as informações internas, externas, monetárias e não monetárias
e as organiza gerando dados relevantes a todos os níveis gerenciais. Com a alta competitividade
a empresa que dispõem de informações rápidas e confiáveis apresenta uma vantagem
competitiva dentre as demais. O sucesso empresarial está intimamente ligado à forma de como
ela se adapta ao seu mercado (ROSA, 2010).
Schier (2010, p.98) cita alguns objetivos da gestão de custos “apura os custos dos
produtos e dos departamentos; atende as exigências contábeis e fiscais; controla o custo de
produção; melhora a eficiência de processos, elimina desperdícios e otimiza os resultados”.
Seguindo este mesmo pensamento de melhorar a lucratividade com redução nos custos, Marion
e Ribeiro (2011) escrevem que os responsáveis devem verificar os custos das atividades e os
agentes que os modificam, e com base em dados numéricos justificar as atividades que
pretendem implantar, melhorar, reduzir ou suspender.
O sistema de custos demonstra todos os objetivos citados anteriormente em dados
monetários, possibilitando ao gestor analisar essas informações e tomar decisões. Para o gestor
utilizar esses relatórios a favor da empresa, os dados alimentados tem que estar corretos, a
conscientização das pessoas responsáveis por esses registros é o primeiro passo para garantir o
sucesso de um sistema de custos eficiente (BORNIA, 2002).
As desvantagens da gestão de custos estão relacionadas mais fortemente a dificuldade
que os empresários e gestores encontram no momento de escolher o método de custeio mais
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adequado para seu segmento. Uma escolha equivocada pode afetar diretamente o resultado da
empresa (BRUNI; FAMÁ, 2011).
O próximo tópico apresenta as terminologias para um melhor entendimento dos
elementos da contabilidade aplicada a custos.
2.1.1 Terminologias de Custos
Leone (2009) reconhece que os termos custos e despesas podem gerar algumas
distorções quanto aos seus significados. Para a gestão de custos, é extremamente importante
que esses conceitos sejam fixados para a correta contabilização e posterior divulgação dos
dados. Bruni e Famá (2011) colocam que custos são os gastos utilizados na produção, estão
ligados aos produtos ou serviços de comercialização da entidade. Martins (2003, p. 28), em sua
citação, afirma que “custo é o gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros
bens e serviços, como matéria prima, material auxiliar e mão de obra”.
As despesas por sua vez, são os gastos diretos ou indiretos necessários para obtenção da
receita, como exemplo, o salário fixo de um representante comercial que venda as peças
fabricadas pela empresa, e a pessoa que emite a nota fiscal de venda, ambos os salários são
considerados despesas, são itens que diminuem o patrimônio líquido (MARTINS, 2010). As
despesas fixas são as que não variam em relação ao volume de vendas; e as despesas variáveis
crescem proporcionalmente ao volume de vendas. E também, no tratamento quanto ao tipo, elas
podem ser despesas diretas, que são as facilmente identificadas e alocadas a venda dos produtos
ou serviços; e indiretas, as quais necessitam de algum critério para alocar (SCHIER, 2010).
Os valores pagos para aquisição de um produto ou serviço são considerados gastos,
independente da finalidade à que serão empregados (STARK, 2007). Bruni e Famá (2011)
reiteram que os gastos ou dispêndios poderão ser classificados como custos ou despesas de
acordo com sua importância na elaboração do produto ou serviço, ou ainda, podem inicialmente
serem considerados investimentos e, ao tempo em que forem consumidos, se tornem custo ou
despesa. O conceito de desembolso é relativamente simples, considerando que se trata do
“pagamento resultante da aquisição de bens ou serviços”. (STARK, 2007, p. 24).
De acordo com Padoveze (2009), os investimentos são os valores desembolsados para
aquisição de um ativo ou pagamento despesas e/ou custos que serão imobilizados e avaliados
de acordo com sua vida útil ou benefícios futuros, consecutivamente. “Investimento é o capital
empregado na compra bens ou serviços, tangíveis ou intangíveis, circulantes ou não circulantes
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cujo objetivo é, direta ou indiretamente, gerar receitas para a empresa” (MONTEIRO, 2005,
p.4). Soares et al. (2015) e Souza Filho (2009) acrescentam que o investimento é o gasto
necessário para se criar condições de produzir um bem ou prestar algum serviço e pode ser um
investimento real de um bem tangível em função de sua vida útil futura ou um investimento
financeiro como, por exemplo, uma aplicação na poupança.
No processo produtivo, é inevitável que ocorra desperdício de materiais, principalmente
de matéria prima. Este desperdício pode ser classificado em dois tipos: perda normal que já está
inclusa no custo do produto, pois é o sacrifício necessário para fabricar o produto, e as perdas
anormais que não estão previstas e consequentemente não estão computadas no custo do
produto (MONTEIRO; VIEIRA; SIMO, 2003).
Acrescentam Viceconti e Neves (2000, p.13) que perda é o “bem ou serviço consumido
de forma anormal e involuntária, são gastos não intencionais decorrentes de fatores externos,
fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa”. Bornia (2002) considera essas perdas
como os desperdícios que não agregam valor ao produto. Afirmam ainda que o desperdício
normal deve ser eliminado em curto prazo e os anormais em longo prazo devido à necessidade
de estudos, melhorias ou até mesmo a compra de novas tecnologias para melhorar ou
incrementar o processo produtivo.
O tópico a seguir classifica os custos em dois grupos, com objetivo de tornar sua
contabilização mais exata.
2.1.2 Classificação de Custos
Para uma apuração mais fidedigna e eficiente das atividades da empresa o custo pode
ser dividido em dois tipos; o custo direto e o custo indireto. O custo direto é o que é facilmente
identificado e incorporado ao produto. Já, o custo indireto requer algum critério ou rateio para
ser distribuído e posteriormente contabilizado no produto, não é alocado com tanta facilidade
igual ao custo direto (LEONE, 2009).
Marion e Ribeiro (2011) explicam que custos diretos são aplicados diretamente na
fabricação dos produtos como materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação, onde as
quantidades e valores são facilmente rateados no produto. Os custos indiretos por sua vez, não
tem uma identificação exata quanto a valores e quantidades aplicados em cada produto pelo
pequeno valor que representam no custo total.
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Em relação ao volume de produção, os custos podem ser fixos ou variáveis. Um custo é
considerado fixo quando ele não se altera em relação à quantidade produzida, são indiretamente
proporcionais às unidades produzidas. E os custos variáveis são os que alteram em relação ao
volume produzido, são diretamente proporcionais às unidades produzidas (MARTINS, 2003).
O próximo tópico apresenta o conceito de custeio e sua importância, a definição,
estrutura, vantagens, desvantagens e operacionalização dos métodos de custeio variável,
absorção e ABC.
2.2 Métodos de Custeio
Na visão de Iudícibus (2013) a contabilidade de custos para fins de custeamento tem o
objetivo de avaliar o custo unitário do produto. O sistema de custeio é a maneira como é
registrado e alocado o custo dentro das organizações, existem vários sistemas com diversas
finalidades (MARION; RIBEIRO, 2011). Esses métodos são utilizados para extrair diversas
informações importantes para a gestão de custo. Abras, Gonçalves e Leoncine (2012, p. 2) citam
algum deles “determinar o valor dos objetos de custeio; reduzir custos, melhorar os processos;
eliminar desperdícios; decidir entre produzir ou terceirizar; eliminar, criar e aumentar, ou
diminuir a linha de produção de certos produtos.”
Martins (2010) esclarece que um dos maiores problemas enfrentados no momento da
escolha do método de custeio é em relação ao tratamento dos custos indiretos. Existem diversos
métodos e cada um trata de forma diferente os custos indiretos fixos e variáveis, que se alocados
de maneira errada, podem levar os gestores a tomar decisões equivocadas.
No sistema de custeio variável, “são considerados apenas os custos diretos, os custos
indiretos são tratados na demonstração de Resultado do Exercício (DRE)”. (BRUNI; FAMÁ,
2011, p. 33). Schier (2010) alerta que o custeio variável não é aceito pela legislação, é utilizado
somente para fins gerenciais. Bornia (2002) reitera que o custo variável é uma ferramenta de
decisão de curto prazo, relacionado mais com produção.
No método de custeio por absorção ou global, os custos fixos são alocados na produção
(IUDÍCIBUS, 2013). Rosa (2010) ratifica que esse método pode apresenta distorção no custo
do produto, visto que se aumentados os custos fixos estes causam distorções no preço de venda.
Se a empresa apresenta um custo fixo elevado, este método não é o mais adequado. Bornia
(2002) acrescenta que, em algumas situações, as informações geradas por este método auxilia
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a gerência. No quesito vantagens, ele atende á legislação do Imposto de Renda e é um método
fácil de aplicar (ABRAS; GONÇALVES; LEONCINE, 2012).
O custeio baseado em atividades, conhecido também como ABC, é um método que
identifica os custos envolvidos nos processos, alocando individualmente a parcela
correspondente a um determinado produto (SCHIER, 2010). No lugar dos rateios, usa as
atividades para fins de cálculo, eliminando as distorções causadas pelo rateio, diferente dos
outros custeios que se baseiam em volumes de produção. Todos os tipos de gastos, despesas e
custos são direcionados para o produto (BRUNI; FAMÁ, 2011). Rosa (2010) aponta o custeio
ABC como o mais adequado para a gestão de custos, assegura que é o método que mais se
aproxima a realidade. Possibilita visualizar como são consumidos os recursos e identifica se a
atividade que vem sendo desenvolvida obtém o retorno esperado. Porém, não é aceito pela
fiscalização brasileira (SCHIER, 2010). Abaixo expomos um breve comparativo entre os
métodos de custeio aqui descritos:
Figura 1 Métodos de Custeio.
Fonte: Adaptado de Beulke, Rolando (2006).
Megliorini (2012) considera o custeio variável e absorção os métodos mais tradicionais
e também define o custeio ABC como o método mais adequado para uma atividade com alta
concorrência. Este método, porém, precisa de muitos controles, o que torna sua aplicação mais
complexa. Abras, Gonçalvez e Leoncine (2012) escrevem ainda que todos os métodos de
custeio apresentam vantagens e desvantagens, cabe a cada organização identificar o que mais
se adéqua a sua atividade e o que oferece mais informações úteis para a tomada de decisão.
O item a seguir conceitua preço, apresenta os métodos para formação do preço de venda
e os seus reflexos para organização.
2.3 Formação do Preço de Venda
O preço corresponde ao valor recebido da oferta de produtos ou serviços e deve ser o
suficiente para cobrir os custos e despesas e ainda fornecer lucro para a empresa (BRUNI;
FAMÁ, 2011). A correta formação do preço de venda é fundamental para garantir a
Custeio INTEGRAL (Absorção) Custeio MARGINAL (Variável) Custeio POR ATIVIDADE (ABC)
Preço é função do custo Preço é função de mercado Preço é percepção do valor e da gestão de custos
Calcula o custo total do produto Calcula o custo variável do produto Calcula o custo direto do produto
Estabelece um resultado do produto Obtém margem de contribuição do produto Obtém contribuição operacional do produto
É um sistema rígido inflexível Altamente flexível Medianamente flexível
Métodos de Custeio
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continuidade e o crescimento da empresa e consequentemente o lucro. Uma política de preço
não eficiente pode levar o empresário à falência (ASSEF, 2011).
Para garantir à veracidade na precificação, a correta contabilização dos custos e uma
análise crítica dos fatores internos e externo para a implantação de uma gestão de preços é
imprescindível (QUEIROZ FILHO, 2008). A formação do preço de venda é um fator
determinante para sobrevivência de uma empresa e não pode ter sua definição apenas pelo
mercado. Existem diversos aspectos que devem ser observados tais como: despesas com
vendas, impostos e custos de fabricação. Além disso, é necessário ter cuidado nas vendas a
prazo para aplicar as taxas financeiras de mercado (CREPALDI; CREPALDI, 2014).
Para Padoveze (2009), o preço de venda a partir do mercado decorre por meio da oferta
e procura, o preço tem como base o valor de venda da concorrência. O valor ao qual o produto
é comercializado é o máximo que a empresa pode atribuir ao seu preço de venda, para não ficar
em desvantagem perante a concorrência. Tendo como base este valor para remanejar seus custos
e despesas.
Independente do produto ou serviço ofertado, Crepaldi e Crepadi (2014, p.378) propõem
quatro objetivos em relação à gestão dos preços:
[...] adequado retorno sobre o investimento; determinada participação no mercado;
capacidade de enfrentar a concorrência; obtenção de uma lucratividade global
compatível.
Conforme orienta Souza Filho (2009), na formação do preço de venda além do custo de
fabricação ou da prestação do serviço alguns outros fatores devem ser observados e levados em
consideração no momento de formar o preço de venda:
a) Concorrência: se o segmento apresentar muitos concorrentes o preço tende a ser
menor;
b) Clientes: a reação de consumo dos clientes diante o preço de venda;
c) Custos: obter o retorno dos custos de fabricação mais o lucro esperado. Garantir
que o custo apurado está correto;
d) Governo: o governo influencia fortemente nos preços através de subsídios
fiscais, restrições ou estímulos às produções e;
e) Capacidade total de produção: saber qual a capacidade total que tem de produzir
com o cenário atual. Sabendo em o que implica uma maior ou menor produção
do que o projetado.
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A estrutura de custos permite saber o limite inferior do preço de venda e é fator decisivo
na precificação. Crepaldi e Crepaldi (2014) explicam ainda que o cálculo está basicamente
fundamentado nos sistemas de custeio por absorção e custeio direto. Em relação à forma mais
utilizada para formação do preço de venda, o custeio por absorção se destaca devido à
simplicidade de cálculo. Primeiramente calculam-se os custos industriais e depois se acrescenta
as despesas. Já, a formação do preço com base no custeio direto/variável leva em consideração
os custos diretos ou variáveis e as despesas variáveis, depois se aplica uma margem para cobrir
os custos e despesas fixas. Com esse método encontramos a margem de contribuição de cada
produto (PADOVEZE, 2009).
A margem de contribuição é o resultado da subtração do preço de venda dos seus custos
variáveis, demostra quanto retorna de cada produto para cobrir os custos fixos. Com a margem
de contribuição o gestor consegue comparar custo/volume/lucro, possibilitando estabelecer
uma quantidade mínima de venda de um determinado produto para se obter o ponto de
equilíbrio, lucro e analisar qual produto está gerando prejuízo (SANTOS; PAULA; SIQUEIRA,
2011). Perez Junior, Oliveira e Costa (2012) acrescentam algumas vantagens da margem de
contribuição;
a) Facilidade na visualização dos gastos variáveis unitários;
b) Não necessita de rateio e;
c) Agilidade no cálculo do preço de venda normal e em situações exclusivas como
promoções ou compras acima do padrão.
O processo de adicionar uma margem fixa ao custo é conhecido como mark-up. Na
indústria, é calculado em função do custo de produção e serve para cobrir gastos como
impostos, comissões, taxas e contribuições sobre as vendas, custos indiretos de produção fixos
e lucro (SANTOS, 2000). O mark-up pode ser definido pela administração da empresa, ou ser
um reflexo do segmento de mercado (SOUZA; MOREIRA, 2007). Souza et al. (2011)
asseguram que devido a sua facilidade de aplicação este método é o mais praticado no mercado.
3 METODOLOGIA
A pesquisa pode ser definida como o procedimento racional e sistemático que objetiva
proporcionar respostas aos problemas quando não se dispõe de informação suficiente acerca da
solução dos mesmos. Gil (2010) afirma ainda que a pesquisa é desenvolvida mediante a
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utilização cuidadosa dos métodos e técnicas de investigação científica. Considerando o objetivo
do artigo em elaborar proposta de formação do preço de venda com base no levantamento de
custos de uma costureira autônoma fabricante de uniforme escolar localizada na cidade de
Caxias do Sul, a pesquisa foi de natureza exploratória, já que tem o propósito de proporcionar
maior familiaridade acerca do problema visando construir hipóteses (GIL, 2010). Para Severino
(2007), a pesquisa exploratória busca levantar informações sobre determinado objeto, criando
e estabelecendo um campo de trabalho e mapeando as condições de manifestação desse objeto.
Toda pesquisa necessita de dados de diversas fontes, independente do método ou
técnicas que emprega, nesta a obtenção de dados foi por levantamento bibliográfico, pois são
encontrados os dados públicos que temos à disposição sobre determinado assunto (LAKATOS;
MARCONI, 2013). Também caracterizada como um estudo de caso, que conforme Stake (apud
CRESWELL, 2010) é uma estratégia de investigação na qual o pesquisador explora
profundamente um processo ou evento. Cesar (2016) corrobora que este método é
frequentemente utilizado para coleta de dados na área de estudos organizacionais enquadrando-
se na linha da abordagem qualitativa.
O método de pesquisa foi qualitativo. Segundo o ponto de vista de Roesch (2010), a
pesquisa qualitativa e seus métodos de coleta e análise de dados são apropriados para fase
exploratória da pesquisa, pois em organizações pequenas não há possibilidade de fazer
inferências causais exatas e por este motivo primeiramente se realiza um estudo-piloto e após
adquirir conhecimento e construir uma intervenção próspera, a mudança pode ser
implementada. Sobre o conceito de pesquisa qualitativa, Creswell (2010, p. 26) escreve que:
[...] é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os
grupos atribuem a um problema social ou humano. O processo de pesquisa envolve
as questões e os procedimentos que emergem, os dados tipicamente coletados no
ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente construída a partir das
particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador acerca
do significado dos dados. O relatório final escrito tem uma estrutura flexível. Aqueles
que se envolvem nessa forma de investigação apoiam uma maneira de encarar a
pesquisa que honra um estilo indutivo, um foco no significado individual e na
importância da interpretação da complexidade de uma situação.
A coleta de dados foi feita em documentação direta por meio de técnicas de análise
documental e observação participativa do objeto de estudo, desde a compra dos insumos até a
venda do produto final. Realizou-se também a entrevista não estruturada com a sócia
proprietária da empresa, que administra e fabrica os produtos e foi escolhida pelo fato de ser
uma familiar das autoras e não possui conhecimento necessário para formar o preço de venda
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com base nos fundamentos da contabilidade de custos. A entrevista, conforme descrevem
Gerhardt e Silveira (2009), é uma opção para se coletar dados não documentados. Consiste em
uma técnica de interação social em forma de conversa, onde uma das partes busca obter dados
e a outra é fonte de informação. A entrevista não estruturada ou não diretiva colhe informações
a partir de discurso livre, onde o entrevistador se mantém atento, registrando todas as
informações e intervindo sutilmente para estimular o entrevistado (SEVERINO, 2007).
O objeto de estudo foi abordado no ambiente próprio e a coleta de dados foi feita nas
condições em que os processos ocorrem, sendo observados sem intervenção do pesquisador e
abrangendo levantamento de dados, procedimento para pesquisa de campo (SEVERINO,
2007). Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que segundo Gerhardt e Silveira (2009), é
considerada apropriada para as investigações qualitativas. Flick (2009, p. 291) afirma que a
análise de conteúdo “é um dos procedimentos clássicos para analisar o material textual, não
importando qual a origem desse material”. Diante do exposto, destaca-se a consideração de
Grzybovski e Mozzato (2011), que o objetivo da análise de conteúdo é compreender o sentido
das comunicações, seu conteúdo e significações manifestos ou ocultos.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nos próximos parágrafos, descrevemos o cenário da produção de uniformes escolares
com base nos dados coletados através da técnica de observação e entrevista não estruturada, e
apresentamos as propostas de melhorias, já que a profissional autônoma não possui um controle
interno que permita calcular o custo de cada produto e definir um valor de ganho sobre as
vendas.
Atualmente, o preço é formado com base no mercado local, que possui cerca de cinco
confecções de uniformes próximas. Constatamos sazonalidade nesta atividade, as vendas
atingem maiores picos entre dezembro e março, época de férias escolares. As vendas fora desse
período são concentradas em moletons e jaquetas, devido às condições climáticas da cidade,
onde o inverno é rigoroso. A produção é relativamente “caseira” e dispensa em torno de 4 horas
diárias de trabalho, uma vez que produzir uniformes escolares é um complemento de renda da
sua atividade principal, em uma indústria metalúrgica. Dispõe de pouco espaço físico para corte
e costura, em contra partida não possui gasto com aluguel, já que está instalada em seu próprio
imóvel residencial.
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Os principais produtos fabricados, de acordo com o volume de vendas são: camiseta
manga curta, manga longa, calça suplex feminina, moletom, calça tradicional e jaqueta. Devido
à facilidade e aplicação em um pequeno negócio, adotamos o método de custeio por absorção
para alocação dos custos. Abras, Gonçalves e Leoncine (2012) apontam que, no quesito
vantagens, o custeio por absorção atende à legislação do Imposto de Renda e é um método fácil
de aplicar. No quadro a seguir demonstramos o cálculo de custo da camiseta manga longa e
calça suplex feminina, uma vez que o limite de páginas estipulado neste artigo torna inviável
apresentar todos os produtos.
Quadro 1 Demonstração dos Custos e Despesas da Camiseta Manga Longa e Calça Suplex Feminina.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Selecionamos como base o mês de janeiro de 2016. A venda de camiseta manga longa
atingiu 40 unidades e de calça suplex feminina 60 unidades vendidas, ambos tamanhos médios,
(denominado “tamanho 12”). Observamos o tempo de fabricação, os materiais e quantidades
utilizadas, reunimos as notas fiscais de compra, chegando ao valor de matéria prima por
unidade.
Os Gastos Gerais de Fabricação representam um valor consideravelmente baixo, pois
são poucos os itens adicionais para produção e de baixo custo de aquisição, portanto seu rateio
foi feito com base na apuração dos valores mensais gastos com linha, agulha e giz, divididos
pelo número médio de unidades produzidas por mês. O rateio dos custos fixos (energia elétrica
e IPTU) foi feito por área ocupada, dessa forma, examinamos quantos ambientes o imóvel
Descrição Qtde Unidade Valor Unitário Descrição Qtde Unidade Valor Unitário
Malha PV 1 m 8,67 Malha Suplex 0,67 m 33,33
Ribana 0,2 m 2,00
Estampa 1 un. 2,00
Subtotal 12,67 Subtotal 33,33
Linha, Agulha, Giz 1 un. 0,24 Linha, Agulha, Giz 1 un. 0,24
Subtotal MP + GGF 12,91 Subtotal MP + GGF 33,57
Energia Elétrica 1 un. 0,39 Energia Elétrica 1 un. 0,39
IPTU 1 un. 0,09 IPTU 1 un. 0,09
Subtotal 0,48 Subtotal 0,48
Telefone 1 un. 0,20 Telefone 1 un. 0,20
Água 1 un. 0,15 Água 1 un. 0,15
Subtotal 0,35 Subtotal 0,35
Ganho fixo 1 un. 8,00 Ganho fixo 1 un. 15,00
Total 21,73 Total 49,40
Custos Fixos
Despesas Fixas
Matéria-Prima
Lucro Desejado
Gastos Gerais de Fabricação
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possui, e para cada um foi definido um percentual de consumo, considerando que a sala de
costura é utilizada em média 4 horas diárias.
No transcorrer da entrevista, constatamos que não havia nenhuma estimativa de ganho
e por isso recomendamos que fosse definido um valor por produto. Ele está demonstrado no
quadro acima pelo valor de lucro desejado para cada unidade, desta forma poderá ser mensurado
quanto cada produto gera de receita, além de ser um método mais simples para dar continuidade
aos controles e organização do negócio. Conferimos a tabela de preços vigente, comparamos
com o cálculo de custo, acrescendo os impostos, chegando ao lucro de cada produto:
Camiseta Manga Longa Calça Suplex Feminina
Quantidade Vendida 40 60
Tempo Produção 25min 15min
Preço Atual R$ 22,00 R$ 60,00
Receita R$ 880,00 R$ 3.600,00
Custo Total R$ 549,36 R$ 2.064,04
INSS autônomo 20% R$ 176,00 R$ 720,00
Base cálculo IR R$ 704,00 R$ 2.880,00
Imposto de Renda 15% R$ 35,91 R$ 146,89
Custo e Despesa Total R$ 761,27 R$ 2.930,93
Resultado R$ 118,73 R$ 669,07
Resultado Unitário R$ 2,97 R$ 11,15 Quadro 2 Resultado de Vendas Janeiro da Camiseta Manga Longa e Calça Suplex Feminina
Fonte: Elaborado pelas autoras.
No quadro acima, demonstramos o custo total retirando o valor fixo de ganho estimado
e multiplicando pela quantidade vendida, e observamos que a camiseta de manga longa e a calça
suplex feminina não alcançam o resultado esperado de ganho estimado por unidade. Propomos
então outro cenário, que consiste na implantação de livro caixa. Nele serão registradas todas as
entradas e saídas financeiras, sendo possível deduzir do Imposto de Renda (IR) as despesas de
custeio, que são indispensáveis à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, coo
aluguel, água, luz, telefone, material de expediente ou de consumo (RECEITA FEDERAL DO
BRASIL, 2016).
Desta forma, no quadro três apresentamos os dados com as deduções que o livro caixa
proporciona, ratificando que não consideramos os custos fixos como redutores da base de
cálculo, pois como as instalações estão em imóvel próprio não é possível reportar ao fisco o
valor fiel e exato do custo que a área de fabricação ocupa.
Camiseta Manga Longa Calça Suplex Feminina
Quantidade Vendida 40 60
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299 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472
Tempo Produção 25min 15min
Preço Atual R$ 22,00 R$ 60,00
Receita R$ 880,00 R$ 3.600,00
Custo Variável R$ 516,40 R$ 2.014,20
INSS autônomo 20% R$ 176,00 R$ 720,00
Base cálculo IR R$ 187,60 R$ 865,80
Imposto de Renda Isento Isento
Custo Fixo R$ 33,20 R$ 49,80
Custo e Despesa Total R$ 725,60 R$ 2.784,00
Resultado R$ 154,40 R$ 816,00
Resultado Unitário R$ 3,86 R$ 13,60 Quadro 3 Resultado de Vendas Janeiro da Camiseta Manga Longa e Calça Suplex Feminina com aplicação de
Livro Caixa.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Ainda, com a isenção do Imposto de Renda que o livro caixa proporciona, constatamos
que os preços praticados não permitem atingir o resultado unitário estimado. Indicamos por fim,
a implementação de livro caixa e adequação dos preços de venda. Para demonstrar essa última
sugestão e formar os preços de venda, fizemos uso do método de mark-up, que consiste em
adicionar uma margem fixa nos custos para garantir o lucro. No caso em estudo, adicionamos
as margens que cobrem os gastos com impostos, a fim de garantir os valores de ganho estimado
definidos, conforme segue:
Camiseta Manga Longa Calça Suplex Feminina
Sem aplicação de Livro Caixa
Custo/ Despesa Total R$ 21,73 R$ 49,40
INSS 20% 20%
IR médio 5% 5%
Mark-up 25% 25%
Preço Sugerido R$ 28,97 R$ 65,87
Com aplicação de Livro Caixa
Custo/ Despesa Total R$ 21,73 R$ 49,40
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300 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472
INSS 20% 20%
IR médio 0% 0%
Mark-up 20% 20%
Preço Sugerido R$ 27,16 R$ 61,75 Quadro 4 Sugestão do Preço de Venda pelo método de Mark-up.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Aplicamos a taxa de 25% no cálculo sem livro caixa, onde incide Imposto de Renda e
neste, foi feita média com base na receita das camisetas e calças suplex do mês de janeiro, já
que a taxa de IR é variável, de acordo com a receita alcançada. Com aplicação de Livro Caixa
ajustamos a taxa de mark-up para 20% sobre o custo total, já que com a receita obtida o valor
de IR é zero. Na primeira opção, sugerimos adicionar ao preço de venda atual os valores de R$
7,00 para camiseta e R$ 6,00 para calça, já na segunda opção com aplicação de Livro Caixa,
recomendamos adicionar R$ 5,00 para camiseta e R$ 2,00 para calça, sendo esta, mais atrativa.
Exemplificamos ainda, modelos de pedidos de venda e livro caixa para um controle
interno que atenda às necessidades do que foi aqui sugerido, conforme anexos I e II.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo abordou os aspectos devem ser observados para cálculo de custos e formação
do preço de venda em uma produção autônoma de uniformes escolares localizada em Caxias
do Sul. O objetivo proposto, que consistia em elaborar uma proposta de formação do preço de
venda com base no levantamento de custos de produção foi atingido, pois foi possível coletar
todas as informações necessárias para que pudéssemos demonstrar o custo de produção de cada
produto, sendo aqui explanados apenas dois deles.
Constatou-se que a empresa não utiliza nenhum controle interno e que o preço
de venda é atribuído com base no mercado. Foi sugerido então, definir um valor fixo de ganho
por unidade e, foi recomendado a implementação de Livro Caixa, que é aceito pela legislação
como redutor da base de cálculo do Imposto de Renda. Nele irão constar todas as entradas e
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301 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472
saídas financeiras, sendo que os principais gastos de produção dos uniformes serão passiveis de
dedução de imposto. Adicionalmente, aconselhamos o ajuste nos preços de venda para que o
resultado de ganho unitário estimado seja alcançado. Ratificamos que estes ajustes no preço de
venda são sugestões baseadas em cálculos, entretanto cabe à profissional decidir se vai ajustá-
los ou não, ponderando se estes aumentos nos preços irão mantê-la competitiva no mercado.
As limitações deste trabalho foram à coleta de informações devido à falta de registros e
controles, apesar de ter sido possível resgatar notas fiscais para uma apresentação fidedigna do
custo de aquisição. Nesse contexto, podemos concluir que é indispensável à aplicação de
controles para qualquer negócio e que o cálculo do custo e preço de venda obrigatoriamente
precisam ser bem apurados para que o lucro seja alcançado. Como o exemplo aqui aplicado de
livro caixa, salientamos a importância da assistência de um profissional contábil que tenha
conhecimento da área tributária, a fim de contribuir na definição da melhor opção de acordo
com o perfil e atuação do cliente.
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ANEXO A- Modelo de Escrituração de livro Caixa
LIVRO CAIXA
Folha nº
Data Histórico Entradas Saídas Saldo
Saldo Anterior
Total Mês
Saldo Mês
Total Geral
Quadro 5 Modelo Sugerido de Escrituração de Livro Caixa.
Fonte: Elaborado pelas autoras
Anais X Seminário de Iniciação Científica Curso de Ciências Contábeis da FSG
305 V.6, N.1 (2016) – ISSN 2237-8472
No livro caixa são registradas todas as compras (saídas financeiras) e todas as vendas
(entradas financeiras). Deve ser descrito o que está sendo adquirido ou vendido, como por
exemplo, a compra de tecido, deve constar a data da compra, o número da nota fiscal, a
descrição do material e valor, sendo que o saldo final deve ser fiel ao montante de moeda do
caixa.
ANEXO B- Modelo de Pedido de Venda
PEDIDO DE VENDA Nº
Cliente:
Telefone: Data:
Entrega em:
Condição de Pagamento:
Entrada:
Descrição Tam. Valor
Total
Quadro 6 Modelo Sugerido de Pedido de Venda.
Fonte: Elaborado pelas autoras
O quadro de pedidos será numerado, com uma via para o cliente e outra para controle
das vendas, nele constam o nome completo do cliente, a data do pedido, a previsão de entrega,
e a descrição dos produtos contendo tamanho e valores unitários. É importante que as condições
de pagamento estejam anotadas no pedido, e registrada a entrada monetária no livro caixa.