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John Hendryx
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Uma Explicação Simples de Monergismo
Por John Hendryx
Monergismo simplesmente significa que é Deus quem faz com que os ouvidos ouçam e os olhos
vejam. É Deus somente quem dá iluminação e entendimento de Sua palavra para que possamos
crer; é Deus quem nos ressuscita dos mortos, que circuncida o coração; abre os ouvidos; é Deus
somente quem pode nos dar um novo senso para que possamos, por fim, ter a capacidade
moral de contemplar Sua beleza e excelência inigualável. O apóstolo João registrou Jesus
dizendo a Nicodemus que nós naturalmente amamos as trevas, odiamos a luz e NÃO VAMOS
para a luz (João 3:19,20). E visto que nossa dura resistência a Deus está assim fixada em nossas
afeições, somente Deus, por Sua graça, pode amavelmente mudar, sobrepujar e desarmar nossa
disposição rebelde. O homem natural, aparte da obra despertadora do Espírito Santo, não virá a
Cristo por si mesmo, visto que ele está em inimizade com Deus e não pode entender as coisas
espirituais. Lançar luz nos olhos cegos de um homem não o capacitará a ver, visto que, como
todos sabemos, a vista requer novos olhos ou alguma restauração de sua faculdade visual. Da
mesma forma, ler ou ouvir a palavra de Deus por si mesmo não pode produzir fé salvadora no
leitor (ou ouvinte), a menos que o Espírito primeiro ―germine‖ a semente da palavra no
coração, por assim dizer, que então infalivelmente originará a nossa fé e união com Deus. Como
Lídia, a quem ―o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia ‖ (Atos
16:14), Ele deve também dar ao Seu povo vida e entendimento espiritual se seus corações hão
de ser abertos e assim se voltar (atender, responder) a Cristo em fé.
Definição
A definição do dicionário Century de monergismo pode ser útil:
―Na teologia, [monergismo é] a doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz
na regeneração [o novo nascimento] — que a vontade humana não possui inclinação
para a santidade até ser regenerada [nascida de novo] e, portanto, não pode cooperar na
regeneração‖.
Etimologia
A palavra ―monergismo‖ consiste de duas partes principais. O prefixo grego ―mono‖ significa
―um‖, ―único‖, ou ―sozinho‖, enquanto o sufixo ―ergon‖ significa ―trabalhar‖. Tomando juntos
significa ―o trabalho de um [indivíduo]‖.
Então, para simplificar, monergismo é a doutrina de que o nosso novo nascimento (ou
―despertamento‖) é obra de Deus, o Espírito Santo somente, com nenhuma contribuição do
homem, visto que o homem natural, de si mesmo, não tem nenhum desejo por Deus e não pode
entender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14, Romanos 3:11,12; Romanos 8:7; João 3:19, 20). O
homem permanece resistente a todos os chamados externos do evangelho até que o Espírito
venha para nos desarmar, nos chamar internamente e implantar em nós novas e santas afeições
por Deus. Nossa fé vem somente como o resultado imediato do Espírito operando em nós ao
ouvir a proclamação da palavra. Mas assim como Deus não nos força a ver contra a nossa
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vontade quando Ele nós dá olhos físicos, assim também Deus não nos força a crer contra a nossa
vontade quando nos dá olhos espirituais. Deus nos dá o dom da visão e nós desejosamente o
exercitamos.
Aplicação
Monergismo tira toda a esperança de nós mesmos, revela nossa falência espiritual, aparte de
Cristo, e assim nos leva a dar toda a glória a Deus pela nossa salvação. Enquanto pensarmos
que contribuímos com algo, mesmo com algo muito pequeno (como boas intenções), então
ainda pensaremos que Deus nos salva por algo bom que Ele vê em nós e não em nosso próximo.
Mas este não é claramente o caso. Nós somos todos pecadores e não podemos nos vangloriar
em nada diante de Deus, incluindo o desejo de ter fé em Cristo (Filipenses 1:29, Efésios 2:8, 2
Timóteo 2:25). Pois, por que nós temos fé e o nosso próximo não? Considere isto. Nós fizemos
um uso melhor da graça de Deus do que ele o fez? Nós somos mais espertos? Mais sensíveis?
Alguém ama naturalmente a Deus?
A resta é ―não‖ a todas as perguntas acima. É a graça de Deus que nos faz diferir do nosso
próximo e é a graça de Deus que origina a nossa fé, não porque sejamos melhores ou tenhamos
mais discernimento.
O fato é que quando o Espírito nos capacita para ver que falhamos em cumprir a santa lei de
Deus, o homem se desesperará totalmente de si mesmo Então, como C.H. Spurgeon disse:
―... o Espírito Santo vem e mostra ao pecador a cruz de Cristo, lhe dá olhos ungidos com
colírio celestial, e diz, ―Olhe para aquela cruz. Aquele Homem morreu para salvar
pecadores; você sente que é um pecador; Ele morreu para te salvar‖. E então o Espírito
Santo capacita o coração para crer, e para vir a Cristo‖.
Para concluir, ―...ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! senão pelo Espírito Santo‖ (1 Coríntios
12:3). ...que é o depósito que garante o que há de vir (2 Coríntios 5:5). Assim, deveria ser claro
para nós que nem todos recebem esta benção redentora de Cristo. Deus a concede
misericordiosamente a quem Ele quer, segundo o Seu soberano e bom propósito (Romanos 9:15-
18; Efésios 1:4, 5). O resto continuará em sua rebelião deliberada, fazendo escolhas segundo os
seus desejos naturais e assim recebendo a ira da justiça de Deus. Este é o porquê dela ser
chamada ―misericórdia‖ — não leva em conta o que merecemos. Se Deus fosse obrigado a dá-la
a todos os homens, então ela não mais seria misericórdia por definição. Isto não deveria nos
surpreender...o que deveria nos surpreender é o amor maravilhoso de Deus, ou seja, que Ele
salve um pecador como eu.
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Monergismo
Por John Hendryx
Monergismo (regeneração monergística) é uma bênção redentora adquirida por Cristo para
aqueles que o Pai Lhe deu (1 Pedro 1:3; João 6:37,39). Ela comunica aquele poder na alma caída
pelo qual a pessoa que deve ser salva é eficazmente capacitada a responder ao chamado do
evangelho (João 1:13, Atos 13:48). Ela é aquele poder sobrenatural de Deus somente pelo qual
nos é concedido a capacidade espiritual para cumprir as condições do pacto da graça; isto é,
para apreender o Redentor por uma fé viva, para se achegar aos termos da salvação, se
arrepender dos ídolos e amar a Deus e o Mediador supremamente. O Espírito Santo, ao vivificar
a alma, misericordiosamente capacita e inclina o eleito de Deus ao exercício espiritual da fé em
Jesus Cristo (João 6:44, 1 João 5:1). Este processo é o meio pelo qual o Espírito nos traz à viva
união com Ele.
A Confissão de Westminster, usando o mesmo tipo de linguagem, observa que a fé é tanto um
requerimento do pacto como algo pelo qual Deus capacita o homem a cumprir, concedendo-lhe
novas capacidades e afeições espirituais:
Sob os termos do pacto da graça, Deus ―livremente oferece aos pecadores a vida e a
salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nEle para que sejam salvos; e prometendo
dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo Espírito, para dispô-los e
habilitá-los a crer‖. - Confissão de Fé de Westiminister, Capítulo VII — DO PACTO DE
DEUS COM O HOMEM (ênfase minha).
Em outras palavras, o que Deus requer de nós (fé, arrependimento, amar a Ele supremamente),
Ele nos concede em Cristo (2 Timóteo 2:25; Efésios 2:5,8). Isto significa que embora haja muitas
promessas preciosas nos declaradas no evangelho (Romanos 10:4), todavia, o Senhor entende
que a carta externa, mesmo que pregada vigorosamente, não capacita espiritualmente por si
mesma os pecadores para receberem a Jesus para justiça e salvação. Um mandamento e uma
promessa é estabelecida no evangelho de que todo aqueles que recebem Jesus será aceito e
justificado. Todavia nenhum de nós, de nossos desejos autônomos, é inclinado a receber o
evangelho, devido ao nosso amor natural pelas trevas (João 3:19). Portanto, em Sua grande
misericórdia, Jesus envia Seu Espírito Santo para nos despertar (João 6:63; João 1:13, 3:6) para
uma fé viva que apreende a Cristo e aos Seus benefícios. Aos mortos em pecado é concedida
vida (João 5:25) pelo Espírito que opera em nós tudo o que é requerido para nos fazer
participantes de Sua justiça, para que possamos ser reconciliados com Deus. Quando o Espírito
ilumina e regenera a alma, a fé e obediência perfeita de Cristo são nos computadas pela graça
de Deus, e por causa dEle somos aceitos como justos diante dEle. O que nós pecadores somos
incapazes devido ao orgulho e inclinações más, Cristo comprou para nós e o Espírito nos une a
Ele em Sua vida, morte e ressurreição. É assim que a justiça da lei pode ser encontrada em nós.
É assim que a graça que inclui nossa regeneração, justificação e santificação e todo o poder e
justiça que Cristo obteve para nós e do qual Ele nos fez participantes, é adquirida.
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De fato, todos os benefícios de nossa salvação podem ser traçados até Cristo e Sua obra
consumada sobre a cruz. A regeneração, um desses benefícios da redenção (1 Pedro 1:3), é
concedida àqueles sobre quem Deus colocou Sua afeição antes dos tempos eternos (Efésios 1:5),
para que eles possam se apropriar dessas bênçãos. Portanto, é importante não confundir os
conceitos de regeneração e justificação. Regeneração é o que produz a fé em Cristo, a qual se
apropria da bênção da justificação. Todas essas são bênçãos que Cristo adquiriu para nós ao
cumprir o nosso lado no pacto em perfeita obediência tanto passiva como ativa às demandas da
lei de Deus. Ele viveu a vida que deveríamos ter vivido e morreu a morte que merecíamos. Ao
pecador, que era deliberadamente cego para com a amabilidade de Deus e assim,
impossibilitado de ter afeição por Deus ou compreender as coisas espirituais (1 Coríntios 2:14),
é agora concedido o Espírito Santo, que circuncida o seu coração (Ezequiel 36:26, Colossenses
2:11), cura a sua cegueira, lhe dá novas afeições por Deus para que ele possa apreender a beleza
de Deus e Sua excelência sem igual, e ilumina a sua mente para entender o conhecimento de
Cristo nas Escrituras (João 6:45; 1 João 5:20). Pelo Espírito somente podemos apreender a beleza
e a inigualável excelência de Deus que produz novas afeições por Ele, infalivelmente
conduzindo a uma fé viva em Cristo. Para vir a Cristo devemos entender e desejá-Lo e tais
desejos e entendimentos santos requerem uma obra sobrenatural da graça de Deus. Aparte da
obra do Espírito Santo, não temos nenhum conhecimento espiritual e assim, nosso orgulho e
nossa bem-enraizada afeição pelo pecado nos impede de crer no evangelho.
―...se alguém faz a assistência da graça depender da humildade ou obediência do homem
e não concorda que é um próprio dom da graça que sejamos obedientes e humildes,
contradiz o Apóstolo que diz, ―E que tens tu que não tenhas recebido?‖ (1 Coríntios 4:7),
e, ―Pela graça de Deus sou o que sou ‖ (1 Coríntios 15:10) — Concílio de Orange, 529 D.C.
Por que isto é tão vitalmente importante? Simplesmente porque exalta a glória de Jesus Cristo.
A Escritura ensina que tudo relacionado ao evangelho é designado a glorificar Cristo e
humilhar o homem. Assim, segue-se que tudo quanto diminua a glória de Cristo é inconsistente
com o verdadeiro evangelho. Portanto, aqueles que ensinam que a fé dos homens naturais é o
que lhes faz diferentes dos outros, e não a graça de Deus que causa a fé neles, estão
indevidamente exaltando o papel do homem na salvação.
Monergismo é a doutrina bíblica de que a regeneração (o novo nascimento) tanto precede como
produz a fé em Cristo naqueles que o Espírito Santo determina soberanamente dispensar Sua
graça (João 1:13; 6:63-65; Atos 16:14b; 1 João 5:1). Quando pregada no poder do Espírito Santo, o
evangelho (Tiago 1:18, 1 Pedro 1:23, 25) tem o poder de abrir os olhos cegos e os ouvidos
surdos. Paulo, quando falando aos eleitos da igreja dos Tessalonicenses disse, ―porque o nosso
evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em
plena convicção‖ (1 Tessalonicenses 1:5). Em outras palavras, a palavra de Deus não opera ―ex
opere operato‖ (automaticamente), pelo contrário, ela é a obra do Espírito Santo soberanamente
dispensando graça (João 3:8), despertando o coração através da palavra para trazer vida. Assim,
a palavra escrita não é o material do novo nascimento espiritual, mas antes é o seu meio ou
intermédio. ―A palavra não é o princípio gerador em si mesma, mas somente aquele pelo qual
ele opera: o veículo do mistério germinando poder‖ [Alford]. É porque o Espírito de Deus a
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acompanha que a palavra carrega nela o germe de vida. A vida está em Deus, todavia ela é nos
comunicada através da palavra.
O evangelho declara que arrependimento e fé (mandamentos de Deus) são eles mesmos Deus
operando em nós o desejo tanto para querer como para fazer (2 Timóteo 2:25; Efésios 2:5,8) e
não algo que o próprio pecador contribua para o prêmio de sua salvação. Arrependimento e fé
podem somente ser exercidos por uma alma após, e em conseqüência imediata de, sua
regeneração pelo Espírito Santo (1 João 5:1,10; Atos 16:14b; Atos 13:48; João 10:24-26; Ezequiel
36:26-27; João 6:37; João 1:13; 1 Coríntios 4:7; 1 Coríntios 15:10; Tiago 1:17; João 3:27; 1 Pedro
1:3). Deus regenera, e nós, no exercício da nova capacidade graciosa dada, nos arrependemos.
Deus desarma a oposição do coração humano, subjuga a hostilidade da mente carnal, e com
irresistível poder (João 6:37;63-65), traz Seus escolhidos a Cristo. O evangelho confessa ―Nós O
amamos porque Ele nos amou primeiro‖. Enquanto que antes não tínhamos nenhum desejo por
Deus, agora a graça regeneradora de Deus nos deu o desejo, a disposição e o deleite em Sua
pessoa e nos Seus mandamentos, que infalivelmente se originam da fé. Fé e obras são ambas
evidências do novo nascimento, não a causa dele.
Suporte Bíblico
Fora os dois lugares onde a palavra regeneração é realmente usada no texto da Bíblia (Tito 3:5;
Mateus 19:26), a mesma noção doutrinal é elaborada em muitos lugares sob várias
terminologias tais como (1) ressurreição espiritual (João 5:21; Romanos 6:13; Efésios 1:19-20; 2:5;
Colossenses 2:13; 1 João 3:14) e nossa (2) re-criação em Cristo (2 Coríntios 5:17; Gálatas 6:15;
Efésios 2:10; 4:24 ). O apóstolo João, aparte do famoso discurso de Jesus sobre o novo
nascimento em João 3, refere-se a ser nascido de Deus onze vezes. Interessantemente, embora o
ser nascido de novo seja necessário para a salvação, ele nunca é falado no modo imperativo,
como se o ouvinte pudesse independentemente produzi-lo. Antes, ele é sempre falado como
uma obra de Deus somente. Por exemplo, João 1:13 (como se para enfatizar este ponto) diz que
nós ―não nascemos do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus‖. Enquanto que João 1:12 ensina que fé é a pré-condição crucial da justificação, o verso 13
ensina que a regeneração é uma pré-condição necessária e eficaz da fé em Jesus Cristo. O verso
13, portanto, qualifica o verso 12, deixando claro que a regeneração causalmente e
imediatamente precede a fé.
Particularmente, note o apóstolo João falar da nossa ressurreição espiritual (João 5:21; Efésios
2:5). O texto (João 5:21) mostra o próprio Jesus claramente exercendo soberanamente sobre
aqueles a quem Ele deseja conceder a ressurreição espiritual: ―Pois, assim como o Pai levanta os
mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer‖. Efésios 2:5, da mesma
forma, diz que estávamos mortos em pecados até que Deus, que é rico em misericórdia, ―nos
vivificou juntamente com Cristo‖. As palavras de Paulo para ―nos vivificou‖ ou ―despertou‖ é o
termo grego que Paulo usa para a regeneração com Cristo. Em ambos os exemplos devemos
concluir que a obra regeneradora do Espírito Santo causalmente precede e possibilita a resposta
do homem de uma fé salvadora ao chamado de Deus.
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Outro texto crítico que devemos olhar mais de perto é 1 João 5:1,10:
―Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus... Quem crê no Filho de
Deus, em si mesmo tem o testemunho [de Deus]‖.
Antes de qualquer coisa, quero que você observe o claro aspecto seqüencial de causa e efeito da
regeneração e fé nesta passagem. Importante para nós notar é que João fala das nossas ações
que acontecem como o resultado da regeneração por diversas vezes nesta epístola (1 João 2:29, 1
João 3:9, 1 João 4:7, 1 João 5:1, 1 João 5:18 ). Por exemplo, em 1 João 3:9 ele diz, ―Aquele que é
nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não
pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus‖. Aqui encontramos um relacionamento
de causa e efeito entre a causa do novo nascimento e o efeito que o cristão não continua numa
vida de pecado. 1 João 5:18 nos dá um padrão similar de discurso. Ambos mostram que a causa
da regeneração traz o efeito de uma vida que não continua pecando. Assim, não somente o
tempo do verso de 1 João 5:1 mostra a fé sendo realizada como o resultado da regeneração, mas
isto é também uma continuação de um padrão de fala que João usa durante toda a epístola.
Portanto, é extremamente improvável que o Apóstolo queria dizer algo além disto: que a fé é o
resultado do nosso nascimento espiritual...que a obra regeneradora do Espírito Santo é a causa
dos desejos que se originam da fé. O verso 10 ainda demonstra a realidade disto quando ele diz
que ―quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho [de Deus]‖. Considere se é ao
menos possível para um homem não regenerado, que não tem o testemunho de Deus em si
mesmo, realmente entender ou crer no evangelho. Não é possível. Pelo contrário, uma pessoa
deve primeiro ter o testemunho de Deus nela, se ela há de crer. Em outras palavras, devemos
ser ensinados por Deus, iluminados na mente, recebermos um novo entendimento...e uma vez
que tenhamos aprendido e entendido, chegaremos infalivelmente à fé em Cristo. Note que 1
João 5:20 nos dá a seguinte segurança:
―Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para
conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em
seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna‖.
Jesus deu ao Seu povo entendimento para que eles pudessem conhecê-Lo. Em outras palavras, o
verdadeiro entendimento espiritual e o conhecimento de Deus (salvação), que é único para os
santos, estão inextricavelmente ligados. Um ocasiona o outro e, portanto, todos aqueles a quem
este conhecimento é dado, virão infalivelmente a conhecê-Lo. ―Porque Deus, que disse: Das
trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da
glória de Deus na face de Cristo‖ (2 Coríntios 4:6). Destas e de passagens similares há, portanto,
uma certeza de que este mesmo tipo de entendimento nunca será dado aos não-eleitos. Antes, o
entendimento das coisas espirituais concedido por Deus somente, infalivelmente trará aqueles
que foram iluminados por ele a uma fé viva em Cristo. Uma demonstração real disto está
registrado no livro de Atos, quando Paulo está pregando e uma mulher chamada Lídia ,
―...estava ouvindo; e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia‖ (Atos
16:14). Isto deveria remover todas as dúvidas com respeito a natureza bíblica desta doutrina.
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Conclusão
Para sumarizar, aqueles mortos em pecado (Efésios 2:1,5,8), não têm nenhuma parte em seu
novo nascimento (Romanos 3:11,12; 8:7) e são tão passivos no ato regenerador como um bebê
recém-nascido fisicamente. Contudo, uma vez restaurados com um novo senso e entendimento
espiritual através da Palavra e do Espírito, a nova disposição da alma imediatamente executa
um papel ativo na conversão (arrependimento e fé). Assim, o homem não coopera em sua
regeneração mas, pelo contrário, ele responde infalivelmente em fé ao evangelho quando o
Espírito Santo muda a disposição do seu coração (João 3:6-8; 19-21). A fé não é, portanto, algo
produzido por nossa natureza humana não regenerada. O pecador caído não tem a capacidade
ou inclinação moral para crer antes do novo nascimento. Pelo contrário, o Espírito Santo deve
abrir os ouvidos da pessoa à pregação do evangelho para que ela possa atender à mensagem
(veja o caso de Lídia em Atos 16:14). Embora não haja seqüência temporal, a regeneração causa
todos os outros aspectos da nossa salvação. Todos eles ocorrem simultaneamente como o ligar
de uma luz. Regeneração, portanto, é a causa direta da fé, justificação, santificação e das santas
afeições. Em outras palavras, a fé e os outros benefícios que recebemos da redenção de Cristo,
brota da nova capacidade nos dada por Deus.
Dicionário Secular
Monergismo: ―Na teologia, A doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz na
regeneração - que a vontade humana não possui inclinação para a santidade até ser regenerada
e, portanto, não pode cooperar na regeneração‖.
Abaixo, alguns Cristãos na história da Igreja que defenderam a doutrina bíblica do
monergismo:
Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Martinho Lutero (que considerava esta doutrina o
coração da Reforma), João Calvino, John Knox, John Owen, os Puritanos do século XVII, John
Bunyan, Agostinho, George Whitefield, John Gill, Arthur W. Pink e alguns pastores e teólogos
contemporâneos tais como Martyn Lloyd-Jones, John Piper, Wayne Grudem, R.C. Sproul,
Michael Horton, J.I. Packer, James Montgomery Boice, Johyn MacArthur, etc.
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A Vontade é Livre por Natureza ou pela Graça?
Por John Hendryx
Você pode ficar surpreso ao descobrir que este assunto é muito mais simples do que muitas
pessoas tendem a torná-lo. A verdade é que pode ser facilmente provado a todos os cristãos que
o homem caído não tem livre-arbítrio, como a Bíblia o define. Pergunte a muitos evangélicos,
entretanto, se o homem tem um livre-arbítrio, e muitos responderão ―sim, é claro!‖. Aqui estão
duas questões simples que removerão estas falsas pressuposições e provarão, de uma vez por
toda, que o homem natural não tem livre-arbítrio:
• Você acredita que o Espírito Santo desempenha algum papel quando o pecador é
levado à fé em Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos responderão ―sim‖);
• Você acredita que, sem qualquer obra do Espírito Santo, o pecador virá a Cristo, isto é,
tem o desejo e a habilidade naturais para vir a Cristo? (Todos os verdadeiros evangélicos
responderão ―não‖).
Assim você desarmou, com duas questões simples, qualquer argumento contra o livre-arbítrio
autônomo do homem. Aqui está a prova simples de que todos os cristãos, sem exceção, crêem
que nenhum homem se encontra NATURALMENTE desejoso de se submeter aos humilhantes
termos do Evangelho de Cristo, fora da obra do Espírito Santo. O homem natural, sem o
Espírito Santo, não tem livre-arbítrio porque, necessariamente, devido à sua natureza caída, ele
nunca se submeteria naturalmente aos humilhantes termos do Evangelho. A Escritura descreve
os homens como escravos do pecado, levados cativos por Satanás a fazer sua vontade (2 Tm
2.25), até que o Filho os liberte (João 8.36). Porque o Filho precisaria libertá-los se eles fossem
livres, isto é, não fossem escravos do pecado? Quando nós falamos do homem não ter livre-
arbítrio, não estamos dizendo que a vontade do homem não é auto-determinada, porque ela é.
Não é apenas por causa de uma coerção externa que a vontade não é livre, porque ela não é
mesmo. Nós não acreditamos nisso. Pelo contrário, a Escritura simplesmente diz que a vontade
é má por uma corrupção de sua natureza, mas somente se torna boa pela graça do Espírito
Santo. Não é devido a uma força natural que cremos. Não podemos, em nosso estado não-
regenerado, converter-nos sozinhos. Com todos os nossos esforços, fora do Espírito Santo, não
podemos conseguir isto, porque Jesus diz que ―sem MIM nada podeis fazer‖. A Escritura
claramente testifica que ―ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR, senão pelo Espírito
Santo‖ (1 Coríntios 12.3) e que o homem natural não entende as coisas do Espírito porque elas
são espiritualmente discernidas. Elas parecem loucura a ele (1 Co 2.14), e ele age somente como
ele está debaixo, de acordo com a medida da graça que recebeu.
As pessoas geralmente tendem a confundir coerção com necessidade. Recentemente, ouvi uma
entrevista com Ron Rhodes numa rádio local, e ele dizia que Deus não nos criou como robôs... e
isto é correto. Então ele disse que Deus nos deu livre-escolha (entre o bem e o mal) – o que é
correto quando aplicado a Adão. Mas ele comete um erro fatal quando diz que nossa vontade é
tão livre quanto a vontade de Adão, o que não faz sentido. Nossa vontade é corrompida e
escrava até que Cristo nos liberte. O que Rhodes queria dizer, acredito, é que nós não somos
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robôs, e isto é verdade, mas não é assim que a Escritura define uma vontade que não é livre.
Portanto, é errado ensinar que o homem tem um livre-arbítrio. Isto destrói todo o Evangelho
que pregamos.
A definição bíblia de ―livre-arbítrio‖ é o poder escolher livremente (auto-determinar) o que nós
mais preferimos ou desejamos de acordo com nossa natureza, afeição e predisposição. O
homem natural ou não-regenerado, que por natureza é hostil a Deus, ama o pecado e portanto,
se não for pela graça da regeneração, não buscará a Deus nos termos de Deus (1 Co 2.14, Rm
8.7). Ele invariavelmente usará seu ―livre-arbítrio‖ para fugir e suprimir a verdade de Deus (Rm
1.18). Os regenerados (aqueles que o Espírito transformou), por outro lado, garantiram um
senso ou disposição renovados, que tem um novo entendimento, desejos e afeições santas por
Deus. Assim, nossa hostilidade natural a Deus (João 3.19,20) é desarmada e então livremente
exercemos nossa vontade de crer em Jesus, que agora tem a suprema afeição sobre todos os
outros ídolos. A Escritura dá claro testemunho sobre isto:
―O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são
espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o
princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia:
Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for
concedido.‖ (João 6.63-65) [nota: a frase ―vir a mim‖ é um sinônimo para ―fé‖ ou ―crer‖].
―Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos
abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos
maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons‖
(Mateus 7.16-18) [nota: uma pessoa produz fruto de acordo com sua natureza].
―Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau;
porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas
coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O
homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau
tesouro tira coisas más.‖ (Mateus 12.33-35).
―Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então
podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.‖ (Jeremias 13.23).
―Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As
minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem‖ (João 10.26-27).
―Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete
pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para
sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois
descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não
entra em vós.‖ (João 8.34-37).
Em outras palavras, um rio não corre em direção à sua fonte.
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João 3:16, Desejos do Homem e Novo Nascimento
Por John Hendryx
―Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-
los, convertendo cada um de vocês das suas maldades‖ (Atos 3:26).
―Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus‖ (João 3:27) .
Freqüentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e Deus têm papéis
iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é o sine qua non do novo nascimento.
Eles argumentam que Deus dá a todos a graça preveniente, mas o homem pode exercer seu
livre-arbítrio autônomo para fazer a graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a
Cristo apesar de seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de
seus desejos constitue verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está acima e é
independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a Bíblia ensina?
O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos o que nós
queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós escolhemos alguma
coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós acreditamos em Jesus porque nosso
desejo por Cristo se torna maior que nosso desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de
onde esse desejo vem. Ele vem de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele
é um dom incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de
Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente determinará nosso
destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal para seu sistema teológico inteiro.
Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais
Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza determina nossos
desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo diz:
―O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem
mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está
cheio o coração‖ (Lucas 6:45).
O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza. Nossa decisão de dizer algo
bom ou ruim é somente determinada pela condição de nosso coração. Há uma grande evidência
para o mesmo conceito em Mateus 7:18.
―A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons‖.
Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o que virá dela. Somente
aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um pensamento correto, gerar uma afeição
correta, ou originar uma volição correta. Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus
incrédulos, quando discute se eles são ou não descendentes de Abraão:
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―Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que
eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele
foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele.
Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele
que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a
Deus‖. (João 8:43,44,47)
Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque eles pertenciam ao
diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de fazer o que desejavam. Suas naturezas
os tornaram moralmente impotentes para ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina
que antes de alguém ouvir as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma
pessoa não entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não-regenerado e
decaído.
Deus Exige Perfeição
Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os mandamentos, ele terá a
vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi contada para expôr nossa inabilidade de
cumprir tudo isso. Mas o jovem (equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua
juventude. Jesus, conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas
suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o arrependimento
de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava. Mas ele se afastou entristecido.
Jesus então diz a seus discípulos que é mais difícil que um homem rico entre no Paraíso que um
camelo passar por um buraco de agulha. ―Quem então poderá ser salvo?‖, os discípulos
perguntam, sabendo que Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os
homens – um padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é ―Para o
homem é impossível [arrependimento e fé], mas para Deus todas as coisas são possíveis‖. A
natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e Jesus diz que isso é
impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a capacidade de fazer isto. A Bíblia é
recheada com exemplos assim. É realmente um mito que o homem em seu estado natural está
genuinamente buscando a Deus. Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o
verdadeiro Deus, revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do
verdadeiro Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça.
A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos ou escolhemos de
acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza. Jesus, como notamos acima,
ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda, como uma conseqüência da morte física
de Adão e seus descendentes (Gn 2:17) existem muitos outros problemas com a natureza do
homem em seu estado decaído, incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó
11:7,8; Rm 3:11); ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9); direcionar
os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar a si mesmo da maldição da
Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17); nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm
9:15,16); produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2
Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas conseqüências da
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desobediência de Adão em seus descendentes são o que os teólogos freqüentemente se referem
como a total depravação do homem. Sem uma mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei
não é a mais profunda motivação e princípio do homem natural.
O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?
Sinergistas freqüentemente me dizem: ―Predestinacionistas acreditam em um Deus que requer
mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem. Este é o tipo de Deus em quem eles
acreditam‖. Nisto eles estão parcialmente corretos, mas a falha está no homem, não em Deus...
porque a natureza de Deus nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque
Ele é perfeito. Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta
razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e isso inclui o
mandamento de crer em Cristo. Declarações bíblicas como ―se tu o buscares‖ e ―todo aquele
que nele crer‖ como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que há
uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta passagem o que
nós ―deveríamos‖ fazer não implica necessariamente que nós ―podemos‖ fazer. Os dez
mandamentos, da mesma forma, falam do que nós deveríamos fazer mas eles não implicam que
nós temos a habilidade moral de cumprí-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para
nos fortalecer, mas para arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma
que seria o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o intento da
legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está tentado a argumentar que essa
crença é meramente um convite, e não um mandamento, leia 1 João 3:23: ―E este é o seu
mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo...‖. Então, eu creio que aqueles
que sustentam a idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não-regenerados a fazerem
algo que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um
mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética , como João 3:16 faz não
implica na capacidade de cumprí-lo. Isto é especialmente verdadeiro à luz de textos como Jo
1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14 e muitos outros que mostram a
incapacidade moral do homem no estado decaído em crer no Evangelho. Em nosa natureza
não-regenerada nós não podemos fazer nada a não ser amar as trevas e nunca nos
aproximarmos da luz.
Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós
Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente desejando se
submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm 3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2).
Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige de nós. No evangelho, Deus nos revela a
mesma justiça e fé que Ele exige de nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou
alcançar ou cumprir, Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co
5:21) e a fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que antes era
somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para pagar o preço de Sua
salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso primeiro fôlego na respiração de nosso
novo nascimento, antes de falar. É uma testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu
lugar dentro de nós (Ef 2:5,8; 2 Tm 2:25).
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Romanos 3:11,12 diz ―não há ninguém que busque a Deus, ninguém‖ e 1 Co 2:14 diz que o
homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que são loucura para ele e não é
possível que sejam aceitas porque devem ser discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de
ser revelado pelo Pai que Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que ―todo aquele
que crer‖ tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?
C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande clareza:
"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos:
"Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem
onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja
trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não
quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado
na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da
vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio,
discutem de coisas que eles não tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio
que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum
é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente
dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de Cristo? Declaramos,
sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão
depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem
a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano
quererá jamais ser constrangido para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes
estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez
alguma pessoa que estivesse?
Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento durante toda a
passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de Jesus: ―O que nasce da
carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito‖. Assim como somos passivos em nosso
nascimento físico, também no nascimento espiritual o somos. Nós não participamos ativamente
de qualquer nascimento com nossos esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem,
que não se sabe se está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do
Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você lançar uma luz
nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de luz que ele precisa, mas de um
novo par de olhos. É assim que o novo nascimento parece. Antes da regeneração, Satanás nos
tornou cativos de sua vontade. Ele nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de
nossos próprios desejos e o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do
trabalho final de Cristo.
Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus qualifica Seu ―todo
aquele que crê‖ com a seguinte afirmação: ―Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os
homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal
odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas‖. (Isto é para
todos nós anterior à regeneração)
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Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João 3:20-21 diz sobre eles. ―Mas
quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas
em Deus‖. Então, veja que existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de
Deus. ―Feitas em Deus‖ significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho
divino de regeneração, todos os homens odeiam a luz de Deus e não irão até ela.
Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em nosso sistema particular
de teologia, nós devemos interpretar escritura com escritura, especialmente no contexto da
passagem. Agora que nós vimos João 3 por completo, o verdadeiro significado do texto se torna
claro. João 1:10-12 é também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:
―Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio dele, o mundo
não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos
que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos
de Deus‖.
Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos parar aqui. Nós
precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do verso 13:
―os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela
vontade de algum homem, mas nasceram de Deus‖ (João 1:13).
Eu acho estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização: todos os
versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas Escrituras: que nós somos
ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas adicionalmente, que nós somos
moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz trabalho do Espírito Santo. A oferta de ―todo
aquele que nele crer‖ é para todos os homens e verdadeiramente oferecida a todos os homens,
mas nenhum homem natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não
podemos fazer por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele
porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é maior que o
desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia através da pregação de Paulo, no
livro de Atos: ―O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo‖. O que
aconteceu a Lídia é o que acontece a todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir
nosso coração, nós desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos
resistir. Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e disposições,
que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o coração de Lídia para ela
atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma afirmação contraditória. Note que Deus
abriu seu coração para ―atender à mensagem‖. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de
forma que ela creria, então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles
que têm fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema
sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda está em sua
caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem deve primeiro ter uma nova
natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que o homem sem o Espírito não deseja, entende,
tampouco é capaz de obedecer ou se voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos
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acreditar, Deus deve primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de
carne:
―Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o
coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os
levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis‖
(Ezequiel 36:26,27).
Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós creremos no Deus que
justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por um dom da graça, que está, pela
inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa vontade e tirando ela da descrença para fé e da
falta de Deus para Deus. Mas o Apóstolo Paulo diz: ―Estou convencido de que aquele que
começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus‖ (Fl 1:6). E novamente,
―Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus‖ (Ef
2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, a partir da
graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e desejamos, mas não confessam que é através
do trabalho e inspiração do Espírito Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para
fazer todas estas coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou
obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos obedientes e
humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz ―O que você tem que não tenha recebido?‖ (1 Co
4:7) e ―Mas, pela graça de Deus, sou o que sou‖ (1 Co 15:10).
Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e outro não?
Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo numa posição de
decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será mais inteligente, mais sábio e
mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos salvaria com base na personalidade gerada por
nós mesmos e não pela graça. Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem
usa a graça dada a ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos
deixa com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por
Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam que fazemos
nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem conseguiu sabedoria e
inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu endurecido? Como um homem criou um
pensamento reto, afeição reta, ou originou volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio
de onde? As escolhas são baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a
Deus por si mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra
regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.
Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?
Resposta muito simples: Porque eles são malignos. ―Ele fará uso de todas as formas de engano
da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia
salvar‖ (2 Ts 2:10). Eles odeiam a Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo
diz ―vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas‖. Jesus claramente mostra que a natureza
da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz ―vocês não crêem, por isso não são minhas
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ovelhas‖ . Não, Ele diz ―vocês não são minhas ovelhas, (POR ISSO) vocês não crêem‖. A Bíblia
afirma claramente porque alguns crêem e outros não. Nossa natureza determina nossas
escolhas. Descrença é conseqüência da maldade, segundo as Escrituras. Crer é conseqüência da
misericordiosa mudança na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação
do Espírito Santo. O esquema sinergista deixa cada pesoa decidir por elas mesmas enquanto
ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não-regenerado decide baseado
em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é autônoma, mas controlada por
quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o que nós não queremos ou odiamos. Em
nosso estado não-regenerado nós ainda somos hostis para com Deus, amamos as trevas e somos
cegos pelo diabo, tomados cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos
coisas espirituais.
Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como eles admitem, então
o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer – conseqüentemente a única
opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles irão argumentar ardentemente contra isso mas
não encontrarão outra alternativa bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter
interior, não pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo
gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.
―‗O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes
disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem‖ (...) E prosseguiu:
"É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja
dado pelo Pai‖ (João 6:63-65).
Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda a doutrina ―somente
pela graça‖ corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza da condição do homem perdido e
a glória da misericórdia e graça divinas, e que não nos preocupemos em proclamá-las. Acredito
que percorreremos um longo caminho parar criarmos uma postura de adoração que dê
completa honra a Deus, em que Seu povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um
estágio de verdadeiro reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da
História da igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield)
mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.
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Deus Elege Pessoas Baseado na Presciência da Fé?
Por John Hendryx
As Escrituras ensinam que tudo relacionado ao evangelho tem o propósito de glorificar Cristo e
destruir o orgulho do homem, ao pensar que pode salvar a si próprio. Por conseqüência,
alguma coisa que diminui a glória de Cristo é inconsistente com o verdadeiro evangelho. Então,
meu propósito nesta questão não é ser contencioso, mas glorificar a Deus ao alinhar nossos
pensamentos com o dEle. Este pequeno artigo se propõe a desafiar a posição antibíblica que
alguns evangelistas modernos insistem em pregar: a ―presciência da fé‖ . Eu gostaria
especificamente de confrontar essa posição, sustentada por alguns, que crêem que Deus observa
de fora os corredores do tempo tentando ver quem crerá e então os escolhe baseado na sua
resposta positiva a Ele. Eu entendo que um dos grandes motivos para alguns cristãos
acreditarem neste conceito é que eles desejam preservar o amor irrestrito de Deus a todos e não
podem imaginar um Deus que ―arbtitrariamente‖ escolhe alguns e condena o resto. Se a eleição
incondicional fosse verdade, argumentam, então porque Deus não salvou todo mundo?
Escolher alguns e deixar outros não tornaria Deus arbitrário em Sua escolha? Essas são objeções
compreensíveis que eu espero responder no que se segue:
Se entendo corretamente a ideía da ―presiciência da fé‖ , os próximos três pontos expressam
corretamente o conceito central que esta posição sustenta:
1. A salvação dos homens é definitivamente o resultado de suas escolhas ao contrário de
uma escolha divina, unicamente.
2. A eleição é baseada pela presciência divina da fé de certas pessoas e não somente por
estar de acordo com Seu desejo e misericordiosa vontade.
3. A eleição é condicional, baseada na aceitação de Jesus Cristo e não na determinação de
Deus, mesmo quando a graça de Deus está certamente envolvida neste processo.
Antes de entrarmos numa discussão dos méritos da racionalidade (lógica), devemos considerar
primeiramente que o Cristianismo não é algo que nós deduzimos de uma mera filosofia
especulativa. Deus decidiu nos dar faculdades racionais e as ferramentas da lógica; mas, como
cristãos, isto deve sempre ser usado dentro dos parâmetros bíblicos que Ele graciosamente nos
concedeu. Pensar cristologicamente é reconhecer que podemos saber de Deus somente da forma
que Ele revelou-se a nós nas Escrituras; e as Escrituras não dão evidência da doutrina da
―presciência da fé‖. Portanto, sustentar uma teologia apenas numa inútil lógica humana não é
nada mais que tirar os mais profundos fundamentos da nossa fé de fontes extrabíblicas.
Visão Bíblica do Conhecimento
De fato, as Escrituras dizem ―...aqueles que [Deus] de antemão conheceu, também os
predestinou‖ , mas seria uma exegese pobre concluir que isto deve significar uma ―fé prevista‖.
É ir bem mais além do que o texto realmente quer dizer. Todos devemos admitir que isto é ler
um conceito adicional que simplesmente não está lá, pelo motivo de o texto em questão não
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dizer que Deus prevê algum evento (nossa fé) ou as atitudes que as pessoas tomam. Pelo
contrário, ele diz ‖ aqueles que de antemão conheceu...‖. Em outras palavras, Paulo informa que
Deus prevê pessoas . As Escrituras, toda vez que citam Deus ―conhecendo‖ pessoas, referem-se
àqueles em quem o Senhor imputou seu amor. Isto expressa a intimidação do conhecimento
pessoal.
Por exemplo, o Senhor diz a Jeremias: ― Antes que eu te formasse no ventre te conheci ‖. Deus
determinou de antemão separar certas pessoas por amor, mas não pelas decisões delas (Amós
3:2; Mt. 7:23; João 10:14; 2 Tm 1:19). Na verdade, a Bíblia ensina que a graça de Deus em nos
escolher é livre, baseada unicamente em Sua vontade, e não influenciada por capacidades natas,
desejo espiritual (Rm 9:16, João 1:13), mérito religioso ou a presciência da fé das pessoas que ele
escolheu para Si (Ef 1:5; 2:5,8). Pelo contrário, Deus atua de acordo com Seu supremo propósito,
que é Sua própria glória.
―A todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que
formei e fiz.‖ (Isaías 43:7)
Inconsistências Lógicas
A partir da falta de evidência bíblica para os defensores da ―presciência da fé‖, eu também
gostaria de evidenciar a falha fatal e a lógica inconsistente da própria pressuposição antibíblica.
Enquanto alguns retratam a ―fé prevista‖ como uma dádiva de grande liberdade à livre escolha
de todos os homens, após uma reflexão mais profunda, esta idéia mostra que nenhuma
liberdade é dada ao homem no final. Ora, se Deus pode olhar o futuro e ver que uma pessoa A
virá a Cristo e que a pessoa B não irá crer em Cristo, então esses fatos já estão consumados, eles
já foram determinados. A presciência divina da fé e arrependimento dos crentes implica a
certeza, ou ―necessidade moral‖ desses atos, tanto quanto um decreto soberano. ― Porque aquilo
que é certamente previsto deve ser certo‖ (R.L. Dabney). Se nós assumirmos que o
conhecimento divino do futuro é correto (ponto pacífico entre todos os evangélicos), então é
absolutamento certo que a pessoa A crerá e a pessoa B não crerá. Não existe qualquer forma de
suas vidas tornarem-se diferente disso. Conseqüentemente, é mais que correto dizer que seus
destinos já estão determinados, porque não poderiam ser diferentes. A questão é: pelo que seus
destinos são determinados? Se o próprio Deus os determina, então nós não temos eleição
baseada na presciência da fé, e sim na vontade soberana do Senhor. Porém, se Deus não
determina seus destinos, então quem ou o que os determina? É claro que nenhum cristão diria
que existe um ser mais poderoso que Deus controlando o destino dos homens. Portanto, a única
alternativa possível é dizer que seus destinos são determinados por alguma força impessoal,
algum tipo de sorte, operante no Universo, fazendo todas as coisas agirem como elas agem.
Mas, qual o benefício disso? Trocamos, então, a eleição sacrificial em amor, de um Deus pessoal
e compassivo, por um tipo de determinismo guiado por uma força impessoal; e Deus deixa de
receber a autoridade final para nossa salvação. (Wane Grudem, Systematic Theology).
Além disso, ninguém poderia argumentar consistentemente que Deus previu aqueles que
creriam e seriam salvos e também pregar que Deus está tentando salvar todo o mundo. Se Deus
sabe quem será salvo, então seria um absurdo Ele acreditar que mais pessoas podem ser salvas
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que aquelas que Ele previamente sabia que o escolheriam. Seria inconsistente afirmar que Deus
está tentando fazer alguma coisa que Ele já sabia que nunca aconteceria. Da mesma forma,
ninguém pode consistentemente dizer que Deus previu aqueles que seriam salvos e em seguida
ensinar que o Espírito Santo faz tudo que pode para salvar todos os homens do mundo. Por este
sistema, o Espírito Santo estaria perdendo tempo e esforço na tentativa de converter um homem
que Ele sabia desde o princípio que não O escolheria. O sistema antibíblico desaba por si
mesmo.
Alguns poderão responder que não é nem eleição nem fé previstas, mas alguma coisa no meio .
Esta opção é excluída, por definição, a não ser que você acredite que Deus não conhece o futuro.
Em outras palavras, a única forma da ―posição de meio-termo‖ ser verdade é o caso de
limitarmos a onisciência de Deus (uma impossibilidade). Ou Deus sabe e decreta o futuro ou
não. Se Deus sabe o futuro e sua posição da fé prevista é verdadeira, então Deus nos deixou nas
mãos de um acaso impessoal. Nossas escolhas seriam pré-arranjadas por um determinismo
impessoal. Sua posição ―coluna do meio‖ poderia teoricamente ser correta se você afirmar a
ignorância de Deus em relação ao futuro, mas então Deus não saberia quem iria escolhê-lo e a
teoria inteira se desmancharia pelo fato da ―presciência da fé‖ gerá-la. Concluindo, a não ser
que você deseje acreditar que uma força impessoal determina nossa salvação, e que Deus não
conhece o futuro (a heresia do Teísmo Aberto ), a posição da fé prevista é, ao mesmo tempo,
biblicamente e logicamente impossível. Com o propósito de honrar a Deus, nós devemos, neste
assunto, originar nossa autoridade das Escrituras e ser cuidadosos para não nos apoiarmos
meramente naquilo que nos foi ensinado em nossa igreja.
Antecipando o contra-argumento que isto faria Deus ―arbitrário‖...
Primeiramente, eu gostaria de desafiá-lo a confrontar a seguinte passagem. Paulo encontrou a
mesma argumentação contra a eleição – que isto faria Deus injusto e arbitrário.
Romanos 9:18-23 18
18 Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer.
19 Mas algum de vocês me dirá: ―Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem
resiste à sua vontade?‖
20 Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? ―Acaso aquilo que é formado
pode dizer ao que o formou: ‗Por que me fizeste assim?‖
21 O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro
para uso desonroso?
22 E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com
grande paciência os vasos de sua ira, preparadosj para a destruição?
23 Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de
sua misericórdia, que preparou de antemão para glória,
20
Para começar, Paulo não faria esta questão hipotética a não ser que ele acreditasse que a
determinação final da salvação estava apenas nas mãos de Deus. Paulo está dizendo que Deus
tem o o direito supremo de fazer conosco o que Ele quiser. Você irá condená-lo por este direito?
Além disso, como nós conhecemos a personalidade de Deus, nós não devemos pensar que, a
Seu modo, Deus não tinha razões ou causas para salvar a alguns e outros não – ―o propósito
divino sempre conspira com a sabedoria de Deus e nada ocorre sem motivos ou
despropositadamente, apesar destas razões e causas não terem sido reveladas a nós. Nos Seus
conselhos e obras nos quais nenhum propósito é perceptível, este propósito ainda está oculto
com Deus. Logo, o que Ele decretou nunca está fora de uma justa e sábia concordância com Seu
beneplácito, fundamentado em Seu gracioso amor que nos envolve‖ (Heppe, Reformed
Dogmatics ). Apenas não saber o porquê de Ele escolher alguns para a fé e outros para a
descrença não é razão suficiente para rejeitar isto. Na falta de dados relevantes, nós, portanto,
não temos razão, ou o que for, para assumir o pior, portanto não há base legítima para duvidar
da benignidade de Deus aqui. Conseqüentemente, duvidar que Deus pode escolher-nos
baseado somente no seu bel consentimento não é duvidar da bondade de Deus. Os defensores
da ―presciência da fé‖ estão, na verdade, dizendo que são incapazes de crer na escolha de Deus
e preferem dá-la a seres decaídos, como se eles pudessem tomar uma decisão melhor que Deus.
Vamos resumir então a resposta à acusação de Deus ser arbitrário:
―As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós
e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei.‖ (Deuteronômio
29:29)
1. A eleição é baseada nas qualidades morais de Deus (por exemplo: bondade,
compaixão, empatia, integridade, não-fingimento, imparcialidade, justiça, etc.)
2. Deus tem ―causas e razões‖ para Suas escolhas, mesmo que estas sejam ―intímas‖ dEle
(ou seja, desconhecidas nas criaturas). Nós sabemos que o Senhor é bom e portanto
podemos confiar que Ele faria uma escolha melhor que as nossas.
3. Deus não faz nada sem razão. Ele não faz nada despropositadamente. Ele
simplesmente não nos revelou estas razões e causas, apesar de elas certamente existirem.
Como elas não foram reveladas, estamos proibidos de tentar adivinhá-las. Porém, como
conhecemos a fidelidade de Deus, podemos nos regozijar em Sua sabedoria. Deus não
falta com razões justas para Seus atos. Estas ―razões justas‖ estão simplesmente ocultas
para nós.
4. Salvação não é condicionada por algo que Deus vê em nós e que nos torna dignos de
Sua escolha. NENHUM dos Seus decretos são feitos sem justiça e sabedoria.
Devemos sempre ter em mente que Deus não é obrigado a salvar ninguém e que todos nós
somos justamente merecedores de Sua ira. Assim, se Deus salva alguém, é puramente um ato de
Sua misericórdia. Todos os evangélicos concordam que seria justiça de Deus pôr toda a
humanidade em julgamento. Por que, então, seria injustiça de Sua parte julgar alguns e ter
misericórdia do resto? Se seis pessoas me devessem certo valor, por exemplo, e eu perdoasse
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quatro deles, mas ainda quisese o pagamento dos outros dois, eu estaria totalmente dentro de
meu direito. Quanto mais Deus está? (Leia A Parábola dos Trabalhadores na Vinha – Mateus
20:1-16) .
―Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de
Deus.‖ (Romanos 9:16)
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Duas Visões de Regeneração
Por John Hendryx
Monergismo : Na teologia, A doutrina de que o Espírito Santo é o único agente eficaz na
regeneração - que a vontade humana não possui nenhuma inclinação à santidade até ser
regenerada e, portanto, não pode cooperar na regeneração. Monergismo é quando Deus
comunica aquele poder na alma caída pelo qual a pessoa que deve ser salva é capacitada a
receber a oferta da redenção. Isto se refere ao primeiro passo (regeneração) que precede, e
causa, a capacidade espiritual de cumprir com todos os outros aspectos do processo de ser
unido a Cristo, (isto é, a capacidade de apreender ao Redentor por uma fé vida, se arrepender
dos pecados e amar a Deus e o Mediador supremamente). Isto se refere não ao processo inteiro
que é originado (justificação, santificação), mas somente à concessão da capacidade espiritual
para cumprir os termos do pacto da graça.
Sinergismo: "...a doutrina de que há dois agentes eficazes na regeneração, a saber, a vontade
humana e o Espírito divino, os quais, no sentido estrito do termo, cooperam. Esta teoria
conseqüentemente sustenta que a alma não perdeu na queda toda inclinação para a santidade,
nem todo o poder de buscá-la sob a influência de motivos ordinários". Esta visão anti-
escriturística é a maior ameaça ao verdadeiro entendimento da salvação na Igreja hoje.
O quadro abaixo destaca alguns dos maiores pontes de diferença nestes sistemas:
Sinergismo Monergismo
Causa da Regeneração
A fé é a causa da regeneração. A regeneração é a causa da fé.
A fé e as afeições por Deus são produzidas pela velha natureza.
A fé não é produzida por nossa natureza humana não regenerada. Ela é o produto imediato e inevitável da nova natureza.
Deus e o homem trabalham juntos para produzir o novo nascimento. A graça de Deus nos leva até uma parte do caminho da salvação, a vontade não regenerada do homem deverá determinar o resultado final.
Deus, o Espírito Santo, sozinho produz a regeneração, sem nenhuma contribuição do pecador. (Uma obra de Deus)
Deus está esperando avidamente pela vontade do pecador.
Deus eficazmente capacita a vontade do pecador.
As pessoas da Trindade têm objetivos conflitantes na realização e aplicação da redenção: O Pai elege uma pessoa em
particular; o Filho morre pelas pessoas em
geral e o Espírito Santo aplica a expiação condicionalmente naqueles que exercem o seu livre-arbítrio autônomo.
As pessoas da Trindade trabalham em harmonia - O Pai elege uma pessoa em particular, Cristo morre por aqueles que o Pai Lhe deu e o Espírito Santo semelhantemente aplica os benefícios da expiação aos mesmos.
A restauração das faculdades espirituais vem após o pecador exercer fé com suas
A "luz" em si mesma não é suficiente para que um cego veja, sua visão deve primeiro ser
23
capacidades naturais (inatas). Ele tem a capacidade para ver a verdade espiritual mesmo antes de ser curado (veja 1 Coríntios 2:14). Tem a capacidade espiritual para receber a verdade, antes de uma concessão de Deus de qualquer capacidade espiritual.
restaurada. (João 3:3,6). Necessariamente a capacidade espiritual para receber a verdade antecede ao recebê-la.
Visão da Humanidade
O pecador caído tem a capacidade e a inclinação potencial para crer mesmo antes do novo nascimento.
O pecador caído não tem a capacidade e a inclinação para crer antes do novo nascimento.
Há um bem remanescente no homem caído suficiente para voltar suas afeições para Cristo.
O homem caído tem uma mente em inimizade com Deus; ama as trevas, odeia a luz e não tem o Espírito Santo. "Não há quem busque a Deus" (Romanos 3:11); o pecador nunca se voltará para Deus sem uma divina capacitação e sem novas afeições infundidas nele.
O pecador necessita de ajuda, é espiritualmente limitado.
O pecador espiritualmente morto necessita de uma nova natureza (mente, coração, vontade), regeneração.
O homem natural está doente e incapacitado como um homem se afogando, de forma que Deus seria insensível se não o ajudasse arremessando uma corda.
O homem natural é espiritualmente impotente e moralmente culpado tanto pelo pecado original como pelos seus próprios pecados cometidos. Nossa inabilidade não é como a de um obstáculo físico ou a de um homem se afogando, porque dessa forma não seríamos culpados, mas, antes, é como a de um homem que não pode reembolsar um gasto financeiro, uma dívida. A incapacidade de reembolsar, portanto, não nos isenta da responsabilidade moral de assim fazer.
Necessita de salvação por causa das conseqüências do pecado - infelicidade, inferno, sofrimento psicológico.
Necessita de salvação para remover a ofensa que temos feito contra um Deus santo e nos livrar do poder e da escravidão ao pecado.
O homem natural é soberano sobre sua escolha para aceitar ou rejeitar Cristo - Deus condicionalmente responde à nossa decisão.
O homem natural não pode contribuir com nada para sua salvação. A fé é uma reação certa produzida pela obra eficaz do Espírito Santo. Nós respondemos à decisão incondicional de Deus (Atos 13:48).
Alguns homens caídos tanto criam um pensamento reto, geram uma afeição correta como também originam uma volição certa que levam a sua salvação, enquanto outros homens caídos não têm os recursos naturais necessários para chegar à fé que Deus requer deles para obterem a salvação. Portanto, a salvação é dependente de algumas virtudes ou capacidades que Deus vê em certos homens.
Nenhum homem caído criará um pensamento reto, gerará uma afeição correta ou originará uma volição certa que o levará à sua salvação. Nunca poderemos crer, a menos que o Espírito Santo venha e desarme nossa hostilidade a Deus. Portanto, a salvação é dependente do beneplácito de Deus somente (Efésios 1:4,5,11), não de algo que Ele veja em nós.
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A natureza e afeições do homem não determinam ou causam suas escolhas. Ele ainda pode fazer uma decisão salvadora antes do novo nascimento, embora ainda esteja em seu estado não regenerado. Neste esquema Deus dá graça suficiente para colocar o homem numa posição neutra que pode pender tanto para ou contra Jesus. (Um ato de sorte?)
A natureza do homem determina seus desejos/afeições e causa as escolhas que ele faz. "Nenhuma árvore boa dá frutos ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom" (Lucas 6:43). Somente Cristo pode "fazer uma árvore boa e seus frutos serem bons" (Veja também 8:34 , 42-44; 2 Pedro 2:19).
Visão do Evangelho
O Evangelho é um convite. O Evangelho não é meramente um convite, mas uma ordem (1 João 3:23).
Cristo morreu por todos os pecados, exceto a incredulidade.
Cristo morreu por todos os pecados, incluindo a incredulidade.
Os pecadores têm a chave em suas mãos. A vontade do homem determina se a morte de Cristo será ou não eficaz.
Deus tem a chave em Suas mãos. O conselho eterno de Deus determina a quem os benefícios da expiação serão aplicados.
Seria injustiça de Deus não dar a cada um uma chance igual.
Se Deus exercesse Sua justiça, então, nenhum de nós permaneceria, visto que cada um de nós tem se rebelado contra um Deus infinitamente santo. Ele não nos deve nada e não está sob obrigação de salvar ninguém. Regeneração é, portanto, um ato de misericórdia pura e imerecida, porque a justiça que merecíamos, Ele derramou sobre Seu Filho (através disso a Sua ira se apartou de nós).
Depois de Deus transformar o coração de pedra de alguém num coração de carne, o chamado do Espírito Santo à salvação ainda pode ser resistida.
Depois de Deus transformar o coração de pedra de alguém num coração de carne, nenhuma pessoa desejará resistir. Por definição nossos desejos, inclinações e afeições terão mudado de forma que desejosa e alegremente nos voltaremos em fé para com Cristo.
Salvação é dada aos pecadores caídos (não regenerados) que escolhem e desejam a Cristo por seu próprio livre-arbítrio.
Aparte da graça, não há pecador caído (não regenerado) que satisfaça esta descrição. Um desejo por Deus não faz parte da velha natureza.
A graça de Deus é conferida como um resultado da oração humana.
É a própria graça que nos faz orar a Deus (Romanos 10:20; Isaías 65:1).
Deus tem misericórdia de nós quando cremos, queremos, desejamos, aspiramos, labutamos, oramos, esperamos, estudamos, buscamos, pedimos ou batemos, aparte de sua graça regenerativa.
Desejar e buscara Deus antes do novo nascimento é uma suposição impossível (Romanos 3:11; 1 Coríntios 2:14). É pela infusão e vivificação do Espírito Santo dentro de nós que temos até a fé ou força de querer, desejar, aspirar, labutar, orar, esperar, estudar, buscar, pedir ou bater e crer na obra consumada de Cristo.
A ordem de arrepender e crer no evangelho A ordem para que os pecadores se
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implica na capacidade do pecador de assim o fazer.
arrependam e creiam não implica capacidade. A intenção divina é revelar nossa impotência moral parte da graça (Romanos 3:20; 5:20; Gálatas 3:19,24). A Lei não foi designada para nos conferir qualquer poder, mas para nos esvaziar do nosso próprio.
Deus ajuda aqueles que se ajudam. Deus ajuda somente aqueles que não podem se ajudar. (João 9:41).
O homem não regenerado contribui com sua pequena parte.
Nada trago em minhas mãos, simplesmente a Tua cruz me apego.
Arrependimento é considerado uma obra do homem.
Arrependimento é um dom de Deus. (2 Timóteo 2:25)
Um dos maiores dons que Deus dá aos homens é nunca interferir no seu livre-arbítrio.
O maior julgamento que Deus pode infligir sobre um homem é deixá-lo nas mãos de seu próprio livre-arbítrio. Se a salvação fosse deixada nas mãos de pecadores não regenerados, deveras deveríamos nos desesperar e perder toda a esperança de que alguém fosse salvo. É um ato de misericórdia, portanto, que Deus desperte à vida o morto em pecado, visto que sem o Espírito não podemos entender as coisas de Deus. (1 Coríntios 2:14 )
Com a vontade do homem a salvação é possível.
Com a vontade do homem a salvação é impossível, mas com Deus todas as coisas são possíveis (Mateus 19:26; Romanos 9:16; João 6:64,65). "O que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3:6).
Nota: Deus age de forma unilateral, tomando a iniciativa única num livre ato de graça soberana
para com o pecador - graça que é inteiramente anterior a, e eficazmente produz, a fé justificadora.
A resposta de fé do pecador é penúltima visto que ela permanece próxima à graça soberana final de
Deus no monergismo. Como o primeiro ato de um bebê recém-nascido é respirar assim, o ato de fé é
o primeiro ato do pecado regenerado, em seu novo nascimento em Cristo.
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A Inconsistência dos Sinergistas sobre Eleição e Presciência
por John Hendryx
Os Sinergistas ensinam que a ELEIÇÃO é como se segue: Deus previu quem se renderia ao
Espírito, e então elegeu para a salvação todos aqueles que Ele previu que assim o fariam. Neste
esquema, o absoluto livre-arbítrio do homem natural é necessário para preservar a
responsabilidade humana. Mas este conceito de presciência realmente reduz a mesmo à nada.
Não há nenhum Sinergista vivo que possa consistentemente crer nesta teoria de presciência, e
ainda continuar ensinando suas visões com respeito à salvação. Por que então? Considere o
seguinte:
1. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e
então pregar que Deus está tentando salvar todos os homens. Certamente se Deus sabe
quem Ele pode salvar ou quem quer ser salvo, então, quem ousará dizer que Ele está
tentando salvar alguém mais? Certamente é tolice dizer que Deus está tentando fazer
algo que Ele sabe que nunca poderá ser realizado. Eu tenho ouvido alguns Sinergistas
acusarem aqueles que crêem no monergismo de que o Evangelho pregado para os não-
eleitos é zombaria, visto que Deus não lhes elegeu. Se há algo válido nesta objeção, então
ela igualmente se aplica a eles também, que pregam para aqueles que Deus sabe que não
serão salvos. Deus ordena que o Evangelho seja pregado a todos, se claramente
entendemos ou aceitamos Seu motivo no assunto.
2. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu que pecadores se
perderiam e então dizer que não está dentro da vontade de Deus permitir que aqueles
pecadores se percam. Porque Ele os criou então? Que os Sinergistas considerem esta
questão. Deus poderia ter da mesma forma facilmente Se privado de criar aqueles que
Ele sabia que iriam para o Inferno. Ele sabia que eles iriam para o Inferno antes dEle os
criar. Visto que Ele foi em frente e os criou com total conhecimento de que eles se
perderiam, está evidentemente dentro da providência de Deus que alguns pecadores se
percam, e Ele evidentemente tem algum propósito nisto, o qual nós seres humanos não
podem discernir completamente. O Cristão humanista pode reclamar o quanto quiser da
verdade que Deus escolheu permitir que alguns homens tivessem como destino final o
Inferno, mas esta verdade continua sendo um problema tanto para eles como para
qualquer outra pessoa. Na realidade, este é um problema que os Sinergistas devem
encarar. Se eles encararem isto, terão que admitir ou o erro de sua teologia ou negar
juntamente com isto a presciência de Deus. Mas eles poderão dizer que Deus criou
aqueles para perecer, mesmo contra Sua vontade. Isto faria Deus sujeito ao Destino.
3. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e
então ensinar que Deus puniu a Cristo com o propósito de redimir cada homem em
particular que já viveu. Certamente deveríamos creditar a Deus como tendo tanto senso
quanto um ser humano. Que ser humano faria um grande, porém inútil e imprestável
sacrifício? Os Sinergistas dizem que Deus puniu a Cristo pelo pecados daqueles que Ele
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sabia que iriam para o Inferno. Esta teoria da expiação – embora os Sinergistas não
mencionem isto – envolve o assunto do sofrimento de Cristo exclusivamente para o
propósito da salvação do homem – o aspecto substitutivo. Eles falham em ter qualquer
apreciação do aspecto da propiciação.
4. Nenhum Sinergista pode consistentemente dizer que Deus previu quem seria salvo e
então pregar que Deus o Espírito Santo faz tudo o que Ele pode para salvar todos os
homens no mundo. O Espírito Santo estaria desperdiçando tempo e esforço para tentar
converter um homem que Ele sabe desde o principio que irá para o Inferno. Você ouve os
Sinergistas dizerem sobre como o Espírito tenta alcançar os homens e, se eles não se
entregarem a Ele, eles ―cruzam a linha‖ e ofendem ao Espírito, de forma que Ele nunca
tentará salvá-los novamente. No fundo, o Sinergista transforma a Deidade Divina numa
criatura finita.
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Responsabilidade, Inabilidade e Graça Monergística
Por John Hendryx
―Todo o que o Pai me dá virá a mim...‖ (João 6:37)
A verdade da palavra de Deus é honrada não em se sustentar unicamente uma verdade à custa
da exclusão de outra verdade, mas em se crer em todo o conselho de Deus. A Bíblia claramente
ensina que o homem é responsável por se arrepender e crer no evangelho, assim como ela é
claramente clara que ele é moralmente indisposto e incapaz de assim o fazer. Estas duas
declarações aparentemente contraditórias podem ser reconciliadas quando entendemos que até
mesmo o desejo pela fé, pela qual cremos no Cristo que justifica pecadores, pertence a nós, não
por natureza mas por um dom da graça, isto é, pela inspiração do Espírito Santo subjugando
nossa vontade e voltando-a da incredulidade para a fé e da impiedade para a piedade. O
Apóstolo Paulo diz, ―Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo‖ (Filipenses 1:6). E novamente, ―Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus‖ (Efésios 2:8).
Além do mais, alguns ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, aparte da Sua graça
regeneradora, nós cremos, queremos e desejamos; mas estes não confessam que é pela obra e
inspiração do Espírito Santo dentro de nós que temos a fé, a vontade ou o desejo de fazer todas
estas coisas. Se fazemos a assistência da graça depender da nossa humildade ou obediência,
mas não concordamos que seja um dom da própria graça que sejamos obedientes e humildes,
então contradizemos a Escritura que diz, ―Que tens tu que não tenhas recebido?‖ e ―Mas pela
graça de Deus sou o que sou‖ (1 Coríntios 15:10).
O quadro abaixo mostra que a Bíblia ensina claramente tanto a responsabilidade do homem de
crer no evangelho como a sua inabilidade de assim o fazer. A terceira coluna nos ajuda a
entender como aqueles sobre quem Deus coloca a Sua afeição virão infalivelmente à fé, a
despeito desta inabilidade e, principalmente, como isto dá toda a glória a Deus na obra da
salvação:
(Este gráfico é ligeiramente baseado num gráfico de Lamar McKinney)
A Responsabilidade do Homem
A Incapacidade do Homem Graça Monergística de Deus
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28
Ninguém pode vir a mim...
João 6:44a
... se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:44b
...para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3:16
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz...
João 3:20,21
Mas quem pratica a verdade vem
para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
29
João 3:21
Nota: há, realmente, aqueles que vêm para a luz — a saber, aqueles cujas obras são a obra de Deus. “Feitas em Deus” significa operada por Deus. Aparte destga obra graciosa de Deus todos os homens odeiam a luz de Deus e não virão a Ele para que as suas obras más não sejam expostas.
Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Isaías 55:6
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.
Romanos 3:11
...Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam.
Romanos 10:20b
E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.
1 João 3:23
Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.
Romanos 8:7
Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.
João 8:47
E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
João 8:30
E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.
Atos 13:48
Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;
Atos 17:30
O Espírito de verdade, que
o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
João 14:17
Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade.
2 Timóteo 2:25
E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
Romanos 9:16
O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade.
Salmo 110:3
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos
...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino
...O Deus de nossos pais de antemão te designou para que
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da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
Isaías 45:22
de Deus.
João 3:3
conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca.
Atos 22:14
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome.
João 1:12
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
1 Coríntios 2:1
Mas, a todos quantos o receberam...Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
João 1:12-13
...Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Romanos 10:9
...ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR...
1 Coríntios 12:3b
...senão pelo Espírito Santo.
1 Coríntios 12:3b
... fazei-vos um coração novo e um espírito novo; pois, por que razão morreríeis, ó casa de Israel?
Ezequiel 18:31
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
Jeremias 17:9
E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
Ezequiel 36:26
Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
Mateus 19:21
Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.
Mateus 19:23
Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
Mateus 19:25-26