-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
1/109
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
2/109
2
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
3/109
3
Introduo
Recolho em cestos imaginrios os passos que dei. As experincias so as coisas
guardadas para usar um dia, e dificilmente lembramos onde as guardamos e at mesmo
para que servem. J os sentimentos que as experincias causam ficam iguais a uma nova
palavra.
Nascemos e morremos do mesmo jeito, todos ns, e nada h que realmente nos
diferencie alm dessas novas palavras, mesmo no formuladas, essas necessidades de
expressar e de desbravar.
Histria, exemplos, justificativas
Pensei em suprir aqui algo de que eu seguidamente sinto falta quando leio um
livro curioso: saber um pouco da histria de quem escreve, de forma que o leitor tenha
uma viso da mensagem completa, algo que vai alm do livro para contar sobre quem o
produz. Depois, numa movimentao expressa para ganhar seu interesse, forneo alguns
exemplos para dar base aos pensamentos que foram a pedra de toque para esse jeito de
escrever. Mostro alguns conceitos e construes estrangeiras elucidativas da
possibilidade de dar outros e novos nomes para (mais) coisas. So palavras e frases com
que fui travando conhecimento ao longo da vida, e que foram, hoje percebo, sementes
para fazer este Livro.
Nos ltimos oito anos publiquei vrios livros tcnicos tratando do ensino
de lnguas estrangeiras, sobretudo o ingls, para o falante do portugus brasileiro. Uma
parte importante dessas publicaes a explorao dos contedos de aprendizado do
idioma que ficam sem equivalncia simtrica com a lngua materna. Os livros sobre
pronncia tratam daqueles sons que no conseguimos produzimos naturalmente ou querepresentamos de formas diferentes, para nomear algumas abordagens. J os livros
sobre gramtica e vocabulrio exploram estruturas e palavras que no empregamos para
dizer o que dizem e do jeito que o fazem, na outra lngua. Essa via de explicar os fatos
da lngua atravs da comparao com traos lingsticos conhecidos procura
desmistificar o processo de aquisio. Deve fortalecer a compreenso da origem de
muitas imprecises quando se produz a comunicao na outra lngua e mapeia melhor
as prprias dificuldades. Tambm apresenta o funcionamento das lnguas comoocorrendo dentro de sistemas mais amplos e frequentemente previsveis, sejam eles
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
4/109
4
sonoros, conceituais ou estruturais. Essa viso de sistema serve para deixar o falante da
lngua estrangeira mais confiante e com maior autonomia comunicativa. Quanto mais
autnomo e independente o aprendiz for dos rgidos padres de desempenho
comunicativo que os mtodos tradicionais adoram estabelecer como modelos para
perseguir, maior a chance dele conseguir comunicar-se efetivamente empregando o que
j sabe. Isso se aplica, claro, aps terem sido vencidas certas etapas bsicas. Mas,
bem, esse assunto de outros livros. Menciono tudo isso por que entendo que meu
apreo pela autonomia comunicativa tanto que me permitiu, dentre outras coisas,
escrever este Livro.
Outro ponto importante da minha histria que eu sou tradutora e leio muito
dicionrios. Sempre li.
E lendo dicionrios tambm me deparei com um grande nmero de palavras que
praticamente ningum conhece. Voc por acaso saberia o significado de mitacismo ou
plumpede1(espero que no tenha precisado usar nenhum)? Com isso em mente, pensei:
se existem tantas que no se usa, por que no pode haver algumas poucas que um
usurio atento (eu!) viu que esto faltando?2
Outro ponto: convivi com livros em lnguas diferentes quando era pequena, e o
fato de folhear pginas incompreensveis contribuiu para dar origem a dois traos
determinantes: primeiro, por no entender o que eu folheava, acabava por imaginar o
contedo e me tornei, assim, um tanto inventiva; segundo, pelo mesmo motivo,
desenvolvi um anseio muito grande por quem sabe um dia finalmente entender aquele
outro jeito de dizer as coisas e se comunicar. Engraado, isso me faz pensar agora que
aqueles poucos livros em islands que habitavam as prateleiras do quarto do meu irmo
mais velho nunca receberam qualquer decifrao. Quem sabe ainda d?
O fato que, o islands parte, estudei um pouco mais de idiomas do que a
mdia dos meus conhecidos. Aprendi ingls e alemo formalmente, francs e espanholmeio formal e bastante informalmente, e russo, polons e japons de forma bastante
incompleta, mesmo que incompleto, no caso dessa ltima, signifique cinco anos de
estudo, porque afinal estamos falando de uma lngua muito diversa.
1 Gosto pela letra m e ps com penas, respectivamente.2 Uma amiga psicloga me disse outro dia que criar palavras que no existem um sintoma deesquizofrenia. Ento, aps investigar alguns outros sintomas da doena (para ter certeza, seja qual for),
criei a palavra que voc encontra na pgina XXX. Significa tentar enquadrar dentro de alguma patologiaqualquer comportamento que no esteja estritamente de acordo com o esperado e que no seja visto comonormal.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
5/109
5
E sempre tive um fascnio por estruturas gramaticais exticas, o que fez com que
me deleitasse ao buscar saber o que fosse possvel sobre o funcionamento de lnguas
como o latim, snscrito, grego, hopi, pali e alguma outra meia dzia de lnguas,
sobretudo indgenas. Palavras inusitadas nos mais diversos idiomas tambm tiveram sua
parcela na nutrio do meu encanto pelo assunto, e assim encontrei nomes
interessantssimos para coisas inimaginveis. Didivido algumas com voc nos
pargrafos que seguem.
Um clssico: os esquims tm um nmero superior de nomes para neve,
descrevendo nuances nas mais diversas alteraes climticas, que para olhos tropicais
ou temperados ou subtemperados deste planeta provavelmente passariam despercebidos,
que dir formulados. No vou dissertar sobre a palavra saudade da lngua portuguesa,
pois se trata de um clssico rebaixado a lugar-comum.
Em persa, um nome dado a Deus tambm a forma imperativa da expresso vir
a s, ou seja, existe uma correlao subentendida entre estar desperto e espiritualidade.
Bom, as interpretaes ficam livres. Tenho certeza de que o material frtil.
Em servo-croata, e essa boa mesmo para quem fala portugus, a palavra nada,
escrita bem assim, N-A-D-A, quer dizer esperana. Eu tenho a impresso de que a
Clarice Lispector3 teria gostado muito de saber disso.
Numa certa lngua chamada Yaghan (em ingls), de uma tribo da Terra do Fogo,
existe essa palavra: mamihlapinatapai. Est no Guiness como a palavra mais densa que
existe, a mais difcil de traduzir, e quer dizer um olhar compartilhado por duas pessoas,
cada uma desejando que a outra tome a iniciativa para algo que ambos querem mas
que nenhum dos dois deseja iniciar4. Estarrecedor.
Um livro de fico cientfica americano da dcada de 50, chamado The
Languages of Pao, de Jack Vance, creio eu sem traduo para o portugus, tem como
um dos principais motivos do enredo o uso da linguagem para fins de engenharia social. sobre um planeta, Pao, cuja lngua natural, Paons, no tem verbos. Esse trao
lingstico torna o povo de Pao aptico e sua cultura, passiva. E assim, para vencer esse
estado e se tornar uma potncia galctica, Pao precisa passar por uma transformao
lingstica. O planeta passa a adotar trs novas lnguas, cujas caractersticas especficas
devem auxiliar os seus povos a tornarem-se erudito, guerreiro e comercialmente hbil.
3
Ela tem essa citao que eu considero inesquecivel: a palavra mais importante da lngua portuguesatem apenas uma letra: .4 Definio da Wikipedia.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
6/109
6
Embora seja fantstica, a narrativa apresenta a possibilidade, extremada pela fico, de
dar lingua uma finalidade.
Em japons, em meio a dezenas de traos lingsticos totalmente diversos das
nossas ocidentais e correntes obviedades, os nossos conceitos de dar e receber se
desdobram em dar, receberpor solicitao e receber (ter sido dado) espontaneamente5
(os tradutores japonese me perdoem, por favor). Isso vai bem mais longe do que nossa
mais intensa e desavisada - imaginao pode conceber, pois h desdobramentos para
indicar e observar a hierarquia do interlocutor. E esses verbos funcionam tambm como
auxiliares. Ou seja, onde temos a possibilidade de exprimir dever ou habilidade, ao
dizermos, respectivamente, devo fazer isso ou aquilo ou posso fazer isso ou aquilo, os
japoneses tm mecanismos estruturais nas suas frases para exprimir doao,
cumprimento de obrigao (por ter havido solicitao anterior) e cooperao,
contribuio.
Se eu falei em dezenas de traos diversos, posso comentar mais um: quando em
japons se diz dois livros, o numeral dois expresso de forma diferente de quando se
diz, por exemplo, duas pessoas. Os nmeros podem ter sufixos ou mudar integralmente,
indicando assim a natureza daquilo que se conta: pessoas, objetos chatos, veculos,
objetos longos, casas, sapatos, objetos grandes. Por ai vai. Eis ai uma comunicao
inegavelmente mais prxima de contextualizar e relativizar.
Num dos livros que uso para explorar as partes de palavras, chamado Word
Parts Dictionary (Dicionrio de Partes de Palavras), de Michael J. Sheehan, existe um
captulo apenas para apresentar palavras que descrevem formas de adivinhao. Ali
aparecem desde a tradicional cartomancia, de onde nos falam as cartomantes, at coisas
malucas como a masomancia (masomancy), que predizer o futuro atravs da escolha
do seio em que o beb que vai mamar (imagino que seja seio direito significa sim,
esquerdo, no, ou variaes no muito criativas disso), passando pela labiomancia
(labiomancy), que fala por si, a colimancia (collimancy), que a divinao pelas rugas
no pescoo de algum e at a verso grega da leitura de bzios, a conchomancia
(cochomancy). Trata-se de uma infinidade de -mancias, predies, o que mostra o
quanto o povo grego se dedicou a explorar esse lado das coisas, a ponto de ter palavras
para as mais diversas prticas divinatrias.
5Ageru, morau, kureru.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
7/109
7
Tambm existe uma seo exclusiva para medos e desagrados, e por isso todas
as palavras ali terminam em -fobia. Medo de abelhas, melissofobia, medo de flores,
antofobia (est no Aurlio!), medo de mamilos que so vistos atravs da roupa,
telophobia (essa, nem no Aurlio, nem na Internet). Medo de coisas novas, xenofobia.
Essa , enfim, a maior seo do livro. Certamente esse fato h de significar alguma
coisa tambm.
A constatao que os povos se obrigam a ter palavras que espelhem os
conceitos que sua cultura, realidade, geografia, sociologia, etc exploram, produzem e
reproduzem. Se voc quiser saber mais sobre o assunto, gugule ou gugle (de gugularou
guglar, procurar no google fazer o qu?) hiptese sapir-whorf, ou relatividade
lingstica, Sapir, Whorf. Humboldt, Herder. Weltanschauung6. Continue da.
As palavras produzidas neste livro so voltadas mais para explorar a realidade
do que para descrev-la. Por isso no tenho a expectativa de que sejam efetivamente
empregadas. Cri-las com essa finalidade teria sido excessivamente ingnuo, pois
preciso muito mais do que sua mera inveno para uma palavra aderir. Minhas palavras
so, sim, um exerccio, uma brecha, uma inspirao criadas como se toma o ar para
fazer circular o sangue.
verdade que ao usar conceitos que agrupam numa s palavra o que at aqui
exigia vrias delas tambm temos maior facilidade para reformular e repensar as coisas.
Afinal, o tempo usado para dizer x + y + z = w menor quando se diz xyzw e sobra
espao nas frases para falar com mais complexidade, conciso, objetividade, ou,
simplesmente, sobra espao.
Uma vez aprendi algo que, no caso das palavras, se aplica melhor do que em
qualquer outro: no devemos levar as coisas muito a srio ou, nesse caso, no devemos
levar as palavras muito a srio. Elas so de uma frivolidade inegvel. Ou no.
A palavra alarme vem do italiano, s armas (al arme), e est relacionada muitosimplesmente com o barulho que faz um monte de soldados indo pegar suas armas ao
mesmo tempo. E o armrio? Era mesmo para guardar armas, e a menos que se d total
vazo quela bobagem de que as roupas so as armas da seduo, de fato no h
relao. A no ser que, uma vez terminada a guerra, e no havendo mais razo para
guardar armas, o espao do armrio tenha ficado ocioso e, para ter utlidade, comeou a
ser ocupado com roupas. Em espanhol, a palavra esposa significa algema. Certo,
6Viso de mundo, em alemo. O termo virou uma maneira das cincias humanas expressarem uma visototalizante do universo e a relao que a humanidade ou as humanidades tm com ele.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
8/109
8
algema tem de estar no plural. preciso ou duas mos ou uma mo presa a algum lugar,
com a outra algema do par - mas uma esposa suficiente para completar o
aprisionamento? Me pareceu particularmente inacreditvel quando h muitos anos
aprendi que Deus and Zeus tm a mesma raiz. No deveriam essas palavras apresentar
traos morfolgicos indiscutivelmente distintos para tornar coerente de fato a ideologia
por trs da primeira? Gift, em alemo, significa veneno. Em ingls, presente. A
semelhana que ambos tm a mesma raiz, do verbo dar (give). Tambm em alemo,
desiludir, ernchtern, pode ter um significado positivo, que eu acredito ser impensvel
em portugus ou ingls. Alemo em alemo, Deutsch (com mesma raiz que teuto, nome
dado a uma tribo germnica7), and deuten (um verbo alemo que significa fornecerou
explicar o sentido ou inteno de algo, interpretar), tm a mesma raiz, de onde se extrai
que, quando voc se comunica com o povo, precisa explicar o que quer dizer e ser muito
claro sob pena de causar uma grande quantidade de malentendidos. A pergunta que resta
se esses ltimos no ocorrem o tempo todo, de qualquer jeito. Janela e olho, em
polons, russo, e possivelmente outras lnguas eslavas, tm a mesma raiz. Entendo que,
no segundo caso, se olha para dentro. E na esfera da pronncia: os mesmos sons que
usamos para expresser nossa dor, ai, significam eu em ingls, amor passional em
japons, ovo em alemo e alho em francs. Perfeita desconexo.
Para mim escrever uma forma de viver. No escrevo apenas quando me sento
para faz-lo ou quando tenho uma caneta na mo ou as mos sobre o teclado. Escrevo o
tempo todo as palavras so oportunidades constantes de compreender as coisas. E as
coisas me aparecem como poliedros, embora na maior parte das vezes sejam tratadas
como figuras planas e plenamente angulares, absolutas, sem lados. Assim, recombinar e
renomear explorar um lado at ento na sombra, at ento obscurecido por no ser
alternativa para comunicar.Com novos nomes podemos avanar na interminvel descoberta das coisas.
Ningum diz coisas definitivas, porque dizer indefinido. A Torre de Babel ao
mesmo tempo real e impossvel, nem tanto porque no se pode construir infinitamente
at o cu, mas porque o cu no existe para ser um lugar onde se chega. O castigo de
Deus, de criar a pluralidade das lnguas, tpico da sua amorosidade: atravs da prpria
7 Os termos teuto e teutnico foram por vezes usados para se referir a todos os povos germnicos. O
nome latino Teutnfoi emprestado do proto-germnico *eudanz (que quer dizer eles, os da tribo) viauma lngua celta, e a palavra *eud consiste num nome proto-germnico para tribo ou povo. Fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/Teutons
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
9/109
9
pena de no mais nos entendermos entre ns, chegamos ao caminho dos nomes para
acharmos a ns mesmos e a Ele. As palavras so, assim, instrumentos para tentar chegar
mais perto da essncia das coisas.
Nomear tambm resulta da necessidade de lidar com a realidade de outra forma.
E se pode interferir na realidade recriando-a com mais e novos nomes para aquilo que a
compe. Que jeito melhor h de se entender com as coisas nossa volta seno batizando
aspectos da vida, novos e antigos, com nomes que no existiam e significados que
justifiquem um sorriso, uma reflexo, uma mudana na forma de ver?
Na histria da fala humana, nomear quase sempre uma reao necessidade de
identificar. Essa necessidade, por sua vez, acompanha a necessidade de incluir em um
esquema conhecido aquilo que at ento era desconhecido, sendo o desconhecido
apenas aquilo que ficou fora do grupo de coisas nomeveis. Espero, ao criar nomes,
incluir na realidade da expresso objetos, conceitos e experincias que um nmero
suficiente de pessoas pode reconhcer, e que por isso passam a ter a sua identificao
seu nome - justificado e necessrio.
Uma vez batizadas, uma vez nomeadas, as coisas e as experincias passam a ter
uma identidade, e mais fcil de lidar com elas assim, pois com a identidade ganham
tambm uma insero, um contorno, um limite. Como num batismo, as coisas e as
experincias ganham um enquadramento dentro de alguma rea, alguma referncia que
naturalmente construda com e dentro de outras referncias e assim o que era
desconhecido passa a fazer parte do conhecido num primeiro momento para em
seguida passar a ser conhecido e ideativamente dominado atravs desse conhecimento.
O verdadeiro nome de Deus oculto. Se pudssemos dizer Seu nome, teramos o
controle da vida, da morte e dos acontecimentos e colocaramos limites humanos na
criao.
Brincadeiras srias parte, nomear fazer sentido.
Este Livro agrupa palavras de vrios tipos que pretendem ajudar na tarefa para
sempre inconclusa - e por esses dias especialmente difcil - de fazer o momento humano
fazer sentido. Falo em momento humano e no no momento presente porque algumas
das palavras aqui listadas tratam de fatos humanos que me parecem recorrentes na nossa
natureza. Desejo identificar no necessariamente o que vivemos agora mas o que
vivemos com o aparato de vida que temos: a forma como pensamos, agimos, sentimos enos relacionamos uns com os outros e conosco mesmos.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
10/109
10
Contudo o momento que vivemos tambm tem um papel fundamental no meu
impulso de criar novas palavras. Com tantos antigos e tradicionais conceitos cedendo na
sua utilidade e adequao, com os infinitos exemplos de disparidades, inconsistncias,
incoerncias, brutalidades, sofrimento, oportunidades, pequenas belezas do cotidiano,
angstias, dvidas, o momento que vivemos exige fazer novo sentido. Existe uma
urgncia de correr atrs de novos meios de expressar a realidade para entend-la melhor
e assim ter na mo algum outro, indito recurso, para interferir no seu percurso.
importante dizer, aqui, intereferir com a realidade est mais relacionado com a maneira
como a percebemos e nos relacionamos com ela do que com aquilo que de fato fazemos
com ela. Como mudar o que precisa de mudana se s h velhos conceitos (estou sendo
totalmente vendedora da minha idia)? A mudana requer novos meios, caso contrrio o
novo se contamina e envelhece no momento em que nasce, porque sua expresso est
comprometida pelo uso de meios desgastados, ou seja, velhas palavras. Isso, claro,
uma descrio ideal, simplificada, de um complexo processo que permanece em grande
parte sem uma descrio definitiva. Mas parece que o ideal como sementes semeadas.
Dependendo do solo, algumas brotam.
Ter nomes para as coisas que at aqui vimos nomeando atravs de uma
combinao de palavras como ter examinado um caminho muitas vezes percorrido e
comear a prestar mais ateno a ele e assim ver o que at aqui permanecera sem ser
visto. Com mais nomes ou outros nomes como que avanamos nesta interminvel
descoberta das coisas, pois haver ferramentas mais sutis, mais precisas, afinadas,
exatificadas para isso.
Numa comparao, no selecionar palavras nem conhec-las ou mesmo refletir
sobre elas como ir vivendo sem tomar decises sobre os rumos da vida. Tudo isso
pode parecer indito demais, talvez at simplrio, mas ou no um fato que a lngua
nos leva?E quando ela nos leva, no nos d muitas opes. Tudo tem seu jeito de dizer...
Assim o Livro minha forma particular de dizer sim e no. meu recurso intermedirio
dos abismos oferecidos pelo absoluto, eternamente espreita na linguagem em geral, e
dos modelos de linguagem estabelecidos, em particular.
Pense bem, estamos rodeados de certas palavras que para a maioria de ns no
fazem sentido. Os mais diversos jarges profissionais so um exemplo, mas tambm hmarcas e nomes de produtos, que aceitamos chamar por nomes prprios, embora nos
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
11/109
11
sejam desconhecidos. E alm desses casos existem as palavras de sempre que mal
percebemos significam algo silenciosamente diferente para grupos diferentes de
pessoas: ser que a areia na praia a mesma que a do deserto? No me refiro
composio fsico-qumica, mas ao que ela evoca para os povos do deserto e para
crianas em frias escolares beira-mar, por exemplo. Ou ainda ser que a fome dos
nmades da frica subsaariana seria descrita do mesmo jeito por uma criana brasileira
de classe mdia alta?
A recriao acontece todo o tempo, porque o tempo todo so pontos de vista
diferentes que se confrontam, interesses que se compem, s que o lado lingstico, da
representao desse processo, acontece sem muita conscincia, sem inteno, e
sobretudo veladamente. Aqui, a diferena a inteno, a revelao e a nomeao, claro.
A prprias palavras que hoje usamos tambm so uma escolha que foi feita no
passado e calcificou em conceito, em nome, em parte da realidade conhecida. Um
hipcrita era, originalmente, um simples ator.
Outro motivo porque escrevo o Livro que tenho dificuldade com falas longas,
textos longos, histrias longas (embora tenha economizado a leitura das ltimas pginas
de Anna Karnina de um jeito que no consigo economizar nem dinheiro, mas isso
porque estamos falando de uma obra prima, e obras primas se caracterizam por provocar
diferenas). De um modo geral, no vejo na linguagem do conto, crnica, romance, etc.
uma via para a minha expresso literria em particular, o que no significa que eu no
admire muito, como j disse, as boas narrativas dessa ou qualquer natureza. Escrever
esses verbetes se provou um jeito adequadamente econmico de expresso para mim. O
Livro atende minha demiurgia. meu plano para atender uma necessidade que sem
querer descobri: a de repensar os fatos revelando novos.
Os verbetes do Livro, penso eu, falam por si. Mesmo assim, trazem algumasexplicaes sobre como as palavras so formadas, o que deve ajudar o leitor a situar-se
em relao ao que se pretende com elas. Situar-se para cumpriment-las, como se faz ao
chegar, porque a conversa que tero assunto s deles, palavra e leitor. Pensei que
certos pblicos em particular, como filsosos (panada, p??) ou historiadores
(historienso, p??), ou fsicos (cofrase, p??) ou psiclogos (altermania, p??), poderiam
dar um uso privilegiado a algumas dessas palavras. No pude deixar de pensar neles
enquanto as criava.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
12/109
12
Um lado prtico do Livro: as palavras que construo so formadas com partes que
aparecem em palavras que todos usam. Portanto o leitor pode fazer descobertas sobre
significados ocultos dentro de palavras cotidianas, e estender essas descobertas para a
formao de palavras em ingls, que apresentada em paralelo ao portugus, e com
equivalncias to propositais quanto possveis.
Abordar partes de palavras, mostrar o que significam, em que palavras esto e
como por vezes se roupam de outra forma explorar essa grossa camada de significados
ocultos do cotidiano. ser apresentado a um velho amigo e descobrir que ele no nos
contou vrias coisas a seu respeito e muito surpreender-se com elas.
Tambm entendo que lidar com partes de palavras lidar com algo menos
especfico do que a cultura e mais universal do que uma determinada lngua. um
contedo ilimitadamente humano. Assim essa escrita se provou um excelente exerccio
para explorar a universalidade humana das palavras, que eu procurei tratar
didaticamente ao sempre fornecer uma verso inglesa em cada verbete. Espero ter
mostrado que em certos nveis as lnguas podem ser menos um mistrio e mais um
sistema com tantos mecanismos que se repetem e que portanto podem esclarecer e
desmistificar suas diferenas mtuas. Meu vis profissional no perdeu a voz.
E por que bilnge? Porque entendo que em nosso tempo tudo deve(ria) ser.
Seria melhor que todos os livros e publicaes online fossem em ingls e na lngua
local, e que o ingls de cada publicao fosse a verso em ingls da cultura que deu lhe
origem. Um ingls que segue padres de clareza estrutural, vocabular e de pronncia
suficiente pra permanecer acessvel a qualquer outra cultura que queira ler o que a obra
contm, sem causar rudos ou acidentes de leitura, e sem a preocupao de parecer
exemplar em qualquer sentido. E os leitores que tm ingls como lngua materna teriam
de aceitar que falam uma lngua que pode no ter dono, ou ainda, sob outra tica, que
pode ser de todos.Se por ventura j existir alguma palavra mencionada aqui como no tendo
existido at sua publicao, por favor me avise. Tomei cuidados para que isso no
ocorresse, mas esse terreno no propriedade de ningum nem d, em tese,
exclusividade a pessoa alguma. Observe ainda que existem palavras criadas aqui que
so comuns em uma outra lngua, como alemo, por exemplo. Mas de um modo geral,
no pensei em fazer tradues de conceitos de outras lnguas, e sim me dei conta de que
os estava usando por serem to representativos de alguma coisa que parece faltar emportugus e em ingls.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
13/109
13
E finalmente, acho que importante comentar que medida que fui me
envolvendo com esse universo de criar palavras descobri que no estou sozinha.
Existem tantas inciativas na Internet de sites correlatos que d para surpreender aqueles
que no pararam e no pensaram que, se falamos em palavras, falamos em cdigos, se
falamos em cdigos, falamos de informao, se falamos de informao, ento nos
deparamos com tecnologia, e descobrimos que no mundo dos K-, M-, G-, T- e sabe-se
l que novas letras ainda viro antes do B (de bytes), criar linguagens corriqueiro, d o
sustento de famlias e o poderio de mercados. Por que, pergunto, diante desse cenrio de
criao de linguagens para atender o mundo que se digitaliza, no se criariam tambm
palavras?
Com tantas justificativas, ainda acho que esta aqui uma das mais capazes: se a
palavra que no existia tocar o leitor a ponto de uma reao (sorriso, boca torcida, gesto,
careta, sombrancelha arqueada so exemplos das reaes a que me refiro), me dou por
satisfeita, pois arrisco afirmar que as palavras s realmente no existem quando so
incapazes de evocar algo em ns. E nesse sentido, h muitas que existem e que no.
Tenhamos ns deixado elas assim ou tenham elas nascido estreis, uma compreenso
procura de pensamentos que a alojem.
Ser cada vez mais especfico o caminho lgico para a evoluo da expresso, e
portanto da palavra.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
14/109
14
Introduction
The steps Ive taken are kept in imaginary baskets. Experience is something keptto be used some day, but we hardly remember where we keep it, let alone what use to
give it. Yet the feelings that experience produced remain like a new word.
Were born and die the same way, all of us. There is nothing that sets us apart
but these new words, even the unformulated ones, the yearn for expression and
unearthing.
Background, examples, support
I thought about furnishing my readers with something I often miss when I have a
curious book in my hands: some knowledge about the authors background, so that they
become acquainted with a picture of the entire message, something that transcends the
book by telling of who writes it. Then, in an express attempt to win my readers interest,
I provide some examples to support the thoughts which were the cornerstone for this
kind of writing. They are foreign concepts and sentence structures that I came in contact
with throughout life and which show us the possibility of naming things differently and
anew. Now I realize they fueled the making of this book even before it materialized as
what it is now.
So for the past eight years I have published several technical books directed to
Brazilian Portuguese speakers learning a foreign language, mainly English. An
important aspect of these publications is their focus on those contents without
symmetric parallels between both mother tongue and the language being acquired. The
books on pronunciation deal with the sounds we fail to produce naturally or characters
which have a different sound value, to name a few approaches, while the grammar and
vocabulary books explore the structures and words that we wouldnt be able to employ
counting on our linguistic background only. The explanation of language facts through
comparisons with familiar linguistic traits seeks to demystify the acquisition process. It
is meant to foster the understanding of how ones many inaccuracies in a foreign
language come to be and provides the means to accurately map ones own difficulties. It
also presents the workings of a language as taking place within a (broader, more than
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
15/109
15
often predictable) system of sounds, concepts and structures. This system perspective
also helps the speaker become more confident and more self-sufficient while
communicating in the foreign language. The more self-sufficient and independent from
the stiff communicative performance patterns traditional language books love to set as
models to be pursued, the greater the chance to communicate effectively by using what
is already there at hand. This is true, of course, after a certain number of basic steps
have been taken. But, OK, this is the subject of other books. I bring it up because I
understand that my regard for autonomy in communication is such that, among other
things, it also allowed me to walk the path of writing this Book of words that werent.
The fact that I am a translator and have read miles of dictionary entries to this
day has had a hand in this work too. And, funny enough, while searching for the
meaning of certain words I have so often encountered words practically no one knows.
Would you for instance know the meaning of a word like mytacism or plumiped8 (hope
you never have to use either one)? With this in mind I thought to myself: if there are so
many words with little or no everyday use, why cant there be a few new ones which an
attentive language user ( me!) happens to think are missing?9
Another point: when I was a child there were many books in foreign tongues
lying around in my home. Paging through pieces of unintelligible text has contributed to
two determining traits of my personality: first, because I didnt understand it, I ended up
imagining what it meant, and this made me a rather inventive person; second, and for
the same reason, I developed a yearn beyond measure to one day understand that other
way of putting things. I recall those few Icelandic books on my eldest brothers
bookshelf. They were never given proper attention. I wonder if I can still catch up on
them.
Icelandic aside, I ended up learning more languages than most people I know. Ihad English and German classes, and learned French and Spanish partially in class and
much outside of it. Russian, Polish and Japanese were the object of incomplete studies,
even when incomplete is synonymous with a 5-year-long instruction process, which is
the case with Japanese. After all, it is Japanese.
8 Fondness for the letter m and having feathered feet, respectively. Source: Websters New 20thCentury Unabridged.9 A friend, who is a psychologist, said to me the other day that coming up with non-existing words is a
symptom of schizophrenia. So, after studying a few other symptoms of the disease (to be on the safe side,whichever it may be) I created the word youll find on page XXX. It means to try to classify anybehavior which is not strictly expected or regarded as normal under some behavioral pathology.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
16/109
16
I have always been fascinated by diverse grammar structures too. I delight in the
pursuit of any grasp of how languages like Latin, Sanskrit, Greek, Hopi, Pali and
another dozen languages work. Unique words in various tongues have seduced me
permanently. Ive found arresting names for unimaginable things. I share some with you
in the following paragraphs.
A classic: Eskimos have a higher number of names to describe snow, which
account for weather nuances that the tropical, temperate and sub-temperate experience
most of us have would not let us recognize, let alone name. There is the word
saudade10 in Portuguese, which for English speakers may still raise some interest. But I
have to say that for a Brazilian who often hears people bringing it up as the utmost
linguistic achievement on Earth it stands as quite a commonplace.
In Persian, one word used to describe God is also an imperative phrase meaning
Come to (your) senses!. Theres an implied connection between being awake and
spirituality. Interpretations are free, but Im convinced this synonymity is not the
product of chance.
This is a good one for speakers of Portuguese, really: The word nada, which
means nothing in Portuguese, means hope in Serbo-Croatian or Croato-Serbian (or
Croatian or Serbian, Serbian or Croatian, to stay politically aware). Im sure Clarice
Lispector11 would have enjoyed this pitch.
In a certain Yaghan language from Fire Land, in the southernmost region of
South America, there is this word: mamihlapinatapai. Its in The Guinness Book of
World Records as the densest and hardest word to translate there is. It means a look
shared by two people with each wishing that the other will initiate something that both
desire but which neither one wants to start.12 I find this astounding.
One of the key concepts in an American sci-fi novel from the Fifties called The
Languages of Pao, by Jack Vance, is the use of language for social engineering
purposes. Its about a planet called Pao whose natural language, Paonese, has no verbs.
This linguistic trait renders the people in Pao apathetic and makes their culture one of
passiveness. And so, to overcome this state and become a galactic superpower, Pao has
10 The nearest rendering in English is probably homesickness, but it doesnt really apply, as saudade is anoun extensible to describe the feeling you get from missing about anything and anyone.11 Born in Ukraine, in 1920 - died in Rio, in 1977. A very famous and significant Brazilian author, whom
Id like to quote in what was to me a memorable statement: the most important word in the Portugueselanguage has only one character: (is).12 Wikipedia definition.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
17/109
17
to undergo linguistic change. It then adopts three new languages, the specific
characteristics of which are to help Paonese peoples become learned, warlike and
skilled in the arts of trade. Even though the narrative is just fantasy, the book presents
us with the possibility enhanced through fiction of intentionally exploiting language
for purposes other than communication.
Among many linguistic traits that are entirely different from Western languages
and which we take for self-evident and universally current, but are not, our concepts of
giving and taking unfold into the intricate Japanese giving, taking because requested
and receiving (being given) spontaneously13 (Japanese speakers and translators, do
forgive me). This has wilder implications than our imagination would ever be able to
conceive, as it unfolds further to indicate and maintain the interlocutors hierarchical
position in society. And these verbs work as auxiliaries, too. In other words, while we
are capable of expressing duty or possibility when we say that we must do something
or that we can do something else, respectively, the Japanese have sentence structure
mechanisms to express donation, fulfillment of duty (due to a prior request) and
cooperation, contribution.
Because I referred to many Japanese linguistic traits, let me introduce one
more: when you mean, for example, two books, the number two is expressed
differently from when you say two people. Numbers may have suffixes or change
entirely to indicate the nature of what is being counted: people, flat objects, vehicles,
long objects, houses, shoes, big objects, and so on. Here the act of communicating is
undeniably more context-dependent and why not say it - accurate.
In the Word Parts Dictionary, by Michael J. Sheehan, theres a chapter only
dedicated to listing divination forms. There is the traditional cartomancy, from where
fortune-tellers draw their savoir-faire, and crazy things like masomancy, which is to tell
the future by the choice a baby makes of the breast from which it will be breastfed (Iimagine its right breast meansyes and left breast meansno with not many variations
thereof. Theres also labiomancy, telling the future from the movements of the lips,
collimancy, which is divination through the wrinkles of ones neck, and conchomancy,
divination from shells, among others. These many uses of the word part -mancy,
telling the future, show how much effort the Greeks put into exploring this side of
13Ageru, morau, kureru.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
18/109
18
things, as they did it to the point of having a variety of distinctly named divination
methods.
There is also a chapter just for fears and disliking, where all entries end in -
phobia. Fear of bees, melissophobia, fear of flowers, antophobia, fear of nipples that
are seen through clothes, telophobia. Fear of new or different things and people,
xenophobia, which is rather common. This is by far the longest chapter of the book, and
I believe this fact carries some meaning too.
It is a fact that people are impelled to have words that mirror the concepts which
their culture, reality, topography, demographics, etc. explore, produce and reproduce.
To know more, google sapir-whorf hypothesis, linguistic relativity, Sapir,
WhorfHumboldt, Herder. Weltanschauung14. Go on from there.
The words found in this Book are aimed more at exploring reality than at
describing it. I do not expect them to be employed; that would be too nave on my part.
I know it takes a lot more than its mere invention for a word to live on. My words are
the product of an exercise, theyre a chasm, an inspiration they were invented in the
way air is inhaled to make our blood flow.
It is true that in using concepts that group in one word what until this moment
had required many words it is also easier to rephrase things and think them over. After
all, the time spent in saying x + y + z = w is shorter when you say xyzw and there is
sentence room left for increased complexity, concision, objectivity or, simply put,
theres more room left.
I once learned something that happens to apply even more to words than
anything else, namely that we should not take things too seriously or, in this case, we
should not take words too seriously. They are incontestably fickle. Or maybe not.
The word alarm comes from the Italian to arms (al arme). It is connected to the
clattering a company of soldiers can produce when they run to grab their arms all at thesame time. The word esposa means handcuff in Spanish and wife in Portuguese. Ok,
handcuff must be used in the plural, but then is one wife enough to complete the job of
bonding? It struck me as very hard to believe when many years ago I learned that Deus
(God, in Portuguese) and Zeus (the ancient Greek God) stem from the very same root.
Shouldnt these words have indisputably distinct morphological traits for the ideology
behind God to be really consistent? Gift, in German, means poison. Like giftin English,
14 Worldview.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
19/109
19
it must be given by someone to someone else. Also in German, to disillusion,
ernchtern, can have a positive meaning, which is I think unthinkable in Portuguese or
English. Deutsch (same root as in Teutons, a Germanic tribe name15) and deuten, (a
German verb that means to give or explain the meaning or intention of something;
interpret16, have the same root, whence when you talk to the people, you better be very
clear lest there will be plenty of misunderstandings. Arent there permanently? And on a
different sphere now, the same sounds we use to pronounce the word I, me, will refer to
passionate love in Japanese, egg in German, an exclamation of pain in Portuguese, and
garlic in French.
To me, writing is a form of life. I do not write only when I take a seat to do it or
when Im holding a pen or typing. I write all the time. Words are permanent
opportunities to understand things. And things appear to me like a polyhedron, even
though they are most of the time treated as flat and plain angular forms. Thus
rearranging meanings and re-dubbing things is exploring segments that had been in the
dark, obscured for not having been an alternative for communication.
With new words we may be walking one more way towards the limitless
unfolding of reality.
No one can say definitive things because the act of saying things is indefinite.
The Babel Tower is at one time impossible and real. Not so much because man cannot
build a limitless tower up into heaven, but because heaven does not exist as a place to
arrive. Gods punishment of creating the multiplicity of languages is typical of His
lovingness: through the very penalty of putting an end to common understanding we
must turn and walk the path of naming to understand ourselves and Him. Words are
instruments with which we come closer to what is essential in things.
Giving things a name also results from the need to deal with reality otherwise.And one can interfere with reality by recreating it with more names and new names for
that of which reality is made. What better way is there to get along with what surrounds
us if not by calling new and old aspects of life names that were not and providing
meanings that can provoke a smile, a thought, a change in ones standpoint?
15 The terms Teuton and Teutonic have sometimes been used in reference to all of the Germanic peoples.The Latin name Teutnwas borrowed via a Celtic language from Proto-Germanic *eudanz (meaning'they of the tribe'), the word *eud being a Proto-Germanic name for 'tribe' or 'people'. The words can be
further reconstructed as an earlier name *Teut-ons and the root *Teut, which is a western Proto-Indo-European word root meaning 'people'. Source: http://en.wikipedia.org/wiki/Teutons
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
20/109
20
In the history of human communication, naming is mostly a reaction to a need
for identification. This need follows another in turn, namely, that of placing within a
familiar arrangement what had until then remained unknown, being the unknown
merely that which has had no name. In creating words I expect to enlarge the
possibilities of expressing objects, concepts and experience that a sufficient number of
people can recognize, and which for this reason have a justified and necessary
identification, a name of their own.
Once baptized and named, things and experience begin to have an identity. It is
easier to deal with them when they have one, because an identity usually entails
usability, insertion and limits. As in a christening, things and experience start to belong
somewhere, with reference from and within further and broader references. Thus what
used to be unknown at first turns into a partof what is known and then begins to be
known and have a place in the world, the world of ideas at least.
Gods true name is occult. If we could pronounce His name, we would have
control over life, death and events would be given human limits.
Serious fun apart, to name is to make sense.
This Book of words that werentbrings together words of various kinds which
are meant to assist us in the permanently incomplete task of making the human moment
make sense, a task which these days appears to be particularly hard to accomplish. I
speak of the human moment and not of the present moment because some of the words
appearing here seem to point at recurring aspects of our nature. I wish to identify not
necessarily what we are going through now, but aspects of what we have been through
with our living apparatus: the way we think, act, feel and relate to each other and
ourselves.Nonetheless, the present moment does play an important role in my impulse to
create new words. With so many traditional concepts yielding their capacity to raise
confidence in us, with countless examples of social discrepancies, human
inconsistencies, brutality, suffering, opportunities, diminutive beauties of daily life, the
present moment requires making new sense. Theres an urge to run after new means of
expression to better understand reality and thus have some other, unprecedented
resources at our disposal that can be used to interfere with its course. A remark isneeded here, as I think interfering with reality is more connected to how we perceive it
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
21/109
21
and relate to it than actually to what we do with it. Anyhow, how can change be effected
if old concepts are all there is? Change requires alternative measures, otherwise what is
new becomes tainted and grows old the moment it comes to be, because its expression
is compromised through worn-out means, i.e., old words. This is, of course, an idealized
description of a complex process, but it seems that setting an ideal is equivalent to
sowing seeds. Depending on the soil, some will indeed germinate.
Having new names for things that had so far been designated through a
combination of words and explanations is like walking a well-trodden path and noticing
things in it which had never been seen before. We begin to heed what had remained out
of sight until now. With more or other names at hand it is as if we progressed in the
endless uncovering of things, because there are subtler, more precise and more finely
tuned instruments available.
By contrast, not selecting or knowing or even reflecting upon ones words is like
living without making decisions about ones life course. All this may seem rather
remote, perhaps even foolish, but isnt it true that language is the steering wheel of life?
And when the wheel turns, there are not many directions to choose from. Theres
a definite way to say nearly everything... Therefore this Book is my personal way of
saying yes and no. It is my mediating escape from the abysses of the absolute that is
always hiding behind everyday language.
Consider this: we are helplessly surrounded by words that make no sense to most
of us. A great variety of professional jargons are a good example, but there are brands
and product names whose alien nomenclature we accept and adopt. Besides all this,
there are still those cases where same word will have silently different shades of
meaning depending on whos using it. Is the sand on the beach the same as in the
desert? I do not mean its physicochemical properties, but rather what it evokes to thedesert peoples and school children on vacation at the seashore, for instance. Does the
hunger of subSaharan children compare to that of an American middle-class child? Both
say theyre hungry
Recreation happens all the time, too. Different points of view are in constant
confrontation and renewed interests form permanently, only that as a rule, the linguistic,
representational side of this process happens with not much awareness or intention.Here the difference is the intent, the disclosure and, of course, the act of naming itself.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
22/109
22
The very words we use today are also the product of a choice in the past, which
crystallized in a concept and a name as a part of known reality. Originally, a hypocrit
was just an actor.
Another reason why I took to this kind of writing is that lengthy speeches, texts and
stories are, to me, hard to deal with (even though I saved the last pages of Tolstoys
very lengthy Anna Karenina in a way that I cant even apply to money saving- but
then were talking about a master piece, and master pieces are characterized for making
a difference). Generally speaking, the language of short stories, chronicles and novels
does not strike me as a viable means of literary expression, which does not mean I dont
appreciate good narratives of this or any kind. Producing these entries has been an
adequate means of expression for me. The Book responds to my demiurgic drive. It is
my plan to cater to an unpremeditated need I have: that of thinking facts over by giving
new names.
I believe the entries speak for themselves. Even so, there are explanations on
how the words are formed, which should be of help to the reader when it comes to
understanding their purpose. By understanding the words purpose I mean the first
impression they can cause, as when we arrive somewhere and greet those who are
present. The ensuing interaction is exclusively the readers business and the words gist.
I thought that some particular audiences, such as philosophers (pannaught, p??) or
historians (historiension, p??), or physicists (cosentencing, p??) or psychologists
(altermania, p??), could give some of these words a privileged use. I couldnt help
recalling their mode of thinking as these words were created.
A practical side: many words are formed with parts that appear in wordseverybody uses. Therefore, from reading this Book, the reader can gain some knowledge
on the meanings hidden in both English and Portuguese words, as there is a bilingual
rendering for every entry. Translations were meant to be as directly rendered as
possible.
Approaching word parts, showing what they mean and in which words they
appear is exploring the thick layer of hidden meanings contained in ordinarycommunication. It is quite like being introduced to an old friend and finding out about
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
23/109
23
so many things he or she didnt tell us about themselves, and being taken aback with
what you hear.
I also realize that dealing with word parts is dealing with something less specific
than culture, more universal than one particular tongue and limitlessly human. In a way
this activity has proven an excellent exercise to explore the human universality in
words, which I forced a little further by always providing an English version to
accompany them. Sometimes they came to be in English and were then translated into
Portuguese. I hope to have shown that at certain levels languages are less of a mystery
and more of a system with so many overlapping mechanisms that can clarify and
demystify their mutual differences. My professional bias will not let me be.
And why bilingual? Because I reckon these days everything should be. It would
be better for all books and online material to be in English and in the local language,
and that the English version of all things could reveal aspects of the culture in which the
publication came to be in the first place. A kind of English that is plain and clear and
which would stay accessible to just about any one from a different culture who wishes
to know about what is written in it. A kind of English that complies with essential rules
to keep its users from having constant reading slips or communication noises, but with
no concern for seeming exemplary in any sense. And those readers whose mother
tongue is English would have to accept the fact that they speak a language that isnt
owned by any one in particular, or still, from a different perspective, that they speak a
language that is owned by all.
If by any chance a word is quoted here as being new and it appears elsewhere,
please let me know. I was careful to avoid it, but the realm of words does not
accommodate ownership or exclusivity. Note that some words appear here that are
common in another language, like German, for example. Nonetheless it was not myintent to translate concepts from other languages, rather I found myself using some of
them because they were so representative of something that I considered to be missing
in Portuguese or English.
Finally, it is worthy of notice that as I got involved with the world of creating
words I realized I had plenty of company. There are many Internet initiatives in the
field. Also, if we say words, we say codes, if we say codes, we mean information, and if
we mean information, were certainly talking technology. In the world of the K-, M-, G-, T- and whatever other characters will come before the B (as in bytes), creating
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
24/109
24
languages is a trivial thing. It provides the livelihood of families and accounts for the
power of markets. Why then, I ask myself, wouldnt words be created in this scenario of
multiple language creation that supports an increasingly digitalized world?
So, if any entry here touches you to the point of causing you to show some
reaction (smiles, grimaces, gestures, deep breaths, raised eye-brows are examples of the
reactions I mean), I can consider my Bookto be successful. I can even say that a word
can really be called non-existent when it is fully incapable of evoking anything in us.
In this sense, there are many words that exist, but are more like communicative
zombies. Whether we left them so or they were born sterile is something well all have
to check sooner or later.
Becoming more and more specific is the logical course for expression and words to
evolve.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
25/109
25
Autolncia
substantivo
forma curta para auto-violncia
convvio neutro com os absurdos da civilizao, como sefossem naturais.
_________________________________
Autolente
adjetivo
(1) que no reage diante do absurdo;
(2) sinnimo de coletivo, por serem os grupos normalmente
sem reao.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
26/109
26
Selfence
noun
short for self-violence
the neutral witnessing of the absurd in our civilization, asthough it was natural.
_________________________________
Selfent
Adjective
(1) unconcerned with the absurd;
(2) synonymous with collective, for it is groups that normallyshow no reaction.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
27/109
27
Panada
substantivo masculino
l-se /pnada/
pa(n)-: todo, como em panamericano, pandemia
+
nada
(1) tudo que no existe; anti-lugar, anti-substncia, anti-tempo; que contm o que no foi pensado, no foi dito, nofoi feito, nessa ordem17; hiptese jamais comprovvel masevidente de que existem muitas coisas que no existem;
(2) intuio de que o que existe no tudo.
17
Diz-se que primeiro se pensa, ento se diz e por ltimo se faz, sendo essa a ordem de manifestao quedeuses e homens seguem no momento de criar.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
28/109
28
Pannaught
noun
pan-: all, as in pan-American, panorama
+
naught
(1) all that is not; antiplace, antisubstance, antitime; thatwhich has not been thought, said, and done, in this order18; theundeniably evident hypothesis, though forever impossible tosubstantiate, that there are many things that are not;
(2) the intuition that what there is is not all.
18 It is said that thoughts come before words that come before deeds this is the order of manifestationapplied by gods and men during their acts of creation.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
29/109
29
Fatista
substantivo
fat(o)
+
-ista: seguidor de doutrina ou escola, como em darwinista,
socialista
tambm fatlatra (q.v.);pessoa que s cr nos fatos. Se nohouver quantificao ou estatstica ou prova possvel, pormais falho que seja o mtodo em uso, o fatista noconsiderar digno de ser real o tpico sob apreciao; tambmantionomaturgo, (no-criador de palavras).
_________________________________
Fatismo
substantivo masculino
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
30/109
30
Factist
noun
fact
+
-ist: follower of doctrine or school, as in Darwinist, Marxist
also factolater (q.v.);one who believes in facts alone. If thereis no quantification or statistics or possible proof tosomething, however faulty the measurement method applied,the factist will not think it is worthy of being considered real;also antionomaturgist(non-creator of words).
_________________________________
Factism
noun
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
31/109
31
Fatolatria
substantivo
Fato
+
-latria: culto, adorao, idolatria, egolatria
o mesmo que fatismo (q.v.).
_________________________________
Fatlatra
Substantivo
Fat(o) + -latra: adorador, como em alclatra, idlatra
que adora os fatos.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
32/109
32
Factolatry
noun
fact
+
-olatry: devotion, worship, as in idolatry
the same as factism (q.v.)
_________________________________
Factolater, factolatrist
noun
fact + -(o)later: worshiper, as in idolater
one who worships facts.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
33/109
33
Origenalgia
substantivo
origem
+
-algia: dor, como em neuralgia, nostalgia
(1) jeito de pensar que elege que apenas o que vemoriginalmente com as coisas bom.
(2) sentimento que surge quando se descobre que algo no original, como quando uma pea de museu de aparnciaparticularmente antiga se revela apenas uma rplica de umoriginal que se perdeu.
(3) lamento sobre as coisas nunca serem (agora) como (antes)eram.
Quem pensa com origenalgia acha que a soluo para o que
no est bem voltar a ser como era.
_________________________________
Originlgico (com i-)
adjetivo
simplista (por reduzir a soluo ao passado).
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
34/109
34
Originalgia
noun
origin
+
-algia: pain, as in nostalgia
(1) stream of thought that mandates that only what is originalin things is good.
(2) feeling aroused when one finds out something is notoriginal, as when for example a museum piece of aparticularly ancient appearance is found to be a replica of thelong lost original.
Those who think with originalgia understand that the solutionfor what is not well is to restore it to what it used to be.
_________________________________
Originalgic
Adjective
Oversimplifying (for cutting the solution of things down torestoring them to what they used to be).
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
35/109
35
Idioglota
Substantivo
idio-: prpri, como em idiota, idiossincrasia
+
-glota: lngua, com em poliglota, monoglota
aquele que critica a tudo e a todos, mas jamais a si mesmo.
O idioglota fala uma lngua prpria; no dialoga com a
realidade e os outros; no investe em cdigos de
comunicao comum ou formas flexibilizadas de interpretar
as palavras; no se coloca no lugar do outro.
_________________________________
Idioglosia
substantivo
quando algo de errado acontece, e a culpa apontada comosendo de tudo e de todos, mas nunca daquele determinadoenvolvido que abriu a boca para falar em culpa.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
36/109
36
Idioglot
noun
idio-: ones own, as in idiot, idiosyncrasy
+
-glot: tongue, as in polyglot, monoglot
(1) one who criticizes each and everyone around, but neverones self.
Idioglots speak a language of their own; they do not converse
with reality and others; they do not invest in common codes of
communication or flexible forms of interpreting words;
idioglots do not place themselves in other peoples shoes.
_________________________________
Idioglotism
noun
when something goes wrong and each and everyone is blamedexcept the one who took the initiative of blaming.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
37/109
37
Frenografia
substantivo
freno-: mente, esprito, inteligncia, como em frenesi
+
-grafia: escrita, registro, como em psicografia, radiografia
(1) arte de desenhar em pensamento;
(2) as conseqncias do que se pensa e ningum v e ningumsabe, e que nem se sabe que tm conseqncias;
(3) o pensamento de que pensamentos so coisas semconseqncia.
_________________________________
Frenogrfico
adjetivo
referente quele pensamento que, de to recorrente,involutariamente afeta nosso comportamento e a forma comovemos o mundo.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
38/109
38
Phrenography
noun
phren-: mind, spirit, intelligence, as in frenetic
+
-graphy: writing, recording, as in biography, photography
(1) the art of drawing in thoughts;
(2) the consequences of what we think, which no one sees orknows, and which we ourselves dont know haveconsequences
(3) the thought that thoughts are unconsequential.
_________________________________
Phrenographic
adjective
pertaining to those thoughts whose reoccurrence involuntarilyaffects our behavior and the way we see the world.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
39/109
39
Girofrase
Substantivo feminino
Brasil19
giro: crculo, como em girar,giratrio
+
-frase: modo de falar, como antfrase, metfrase
comunicao em torno do que interessa ou perguntado, semno entanto falar do que interessa ou responder perguntafeita; fala em crculos.
_________________________________
Girofrasal
adjetivo
(1)que no conclui.(2)que fala demais e no conta nada.
19Faz especial sentido no contraste de estilos de interao, como, por exemplo, brasileiro e anglo-saxo.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
40/109
40
Gyrospeech
noun
Brazil20
Gyr(o)-: circle, as in gyrate, gyroscope
+
speech
the communication around what matters or is asked withoutactually addressing what matters or answering what is asked.
_________________________________
gyrospeechful
adjective
(1)that does not draw conclusions(2)that talks a lot but says nothing
20 Makes sense especially in the contrast between interaction styles, like Brazilian and Anglo-Saxon, forexample.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
41/109
41
Partonmia
substantivo feminino
part(o)
+
-onmia: nome, como em sinonmia
(1) necessidade de dar nomes s coisas.
(2) sinnimo para a existncia humana.
O nome traz a diferenciao, de onde se origina a
individualidade. O beb que no tem nome no pode ser
chamado; sem nome, no se faz referncia a ele e ele no
existe. Ter nome preciso para ser.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
42/109
42
Parturonym
noun
partur- from parturire: to be in labor,
as in parturition
+
-onym: name, as in synonym
(1) the need to give names to things.
(2) a synonym for with human existence.
A name causes differentiation, from whence individuality
originates. The baby with no name cannot be called; without
a name, it is not spoken of and does not exist. To have a name
is needed to become.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
43/109
43
Radistante
adjetivo
radi-: raiz, como em radical, radicado
+
(di)stante
(1) distante da raiz, portanto crescido, amadurecido, semelhana das rvores altas que tm grandes copas.
(2) que venceu os padres de pensamento e comportamentoherdados e impostos pela famlia e pelo meio e desenvolveuseu jeito prprio de ser e viver; maduro e independente.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
44/109
44
Radistant
adjective
radi-: root, as in radical, radicalize
+
(di)stant
(1) distant from ones root, therefore fully grown and mature,like a tall tree with long branches.
(2) free of thought and behavior patterns that were inheritedand imposed by family and environment, after havingdeveloped ones own independent way of thinking and being.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
45/109
45
Ajulgativo
Adjetivo
a-: no, como em afasia, anarquia
+
ju(lg): julgar, como em juiz, julgamento
+
-ivo: pertencente, como em erosivo, decisivo
(1) que no julga;
(2) sinnimo de rarssimo.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
46/109
46
Nullijudgmental
Adjective
nulli-: not, as in nullify
+judgmental
(1)that doesnt judge.
(2)synonymous with very hard to find.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
47/109
47
Perfectio, nmeros de
expresso
conhecimento secreto, de posse do qual sabe-se a verdadeiraordem de aparecimento de cada coisa da criao desde oincio do tempo. Os nmeros de Perfectio revelam o nomereal do que existe. So a descrio da seqncia perfeita dosurgimento de tudo, pois tudo que se conhece s existe notempo e portanto surge antes ou depois de algo mais.
No h notcia de quem tenha conhecido os nmeros dePerfectio e sabido do que significam. A menos que, dada anossa condio transiente, a conseqncia de talconhecimento seja inevitavelmente desaparecer.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
48/109
48
Perfectio, numbers of
expression
secret knowledge, through the possession of which oneknows the actual order of appearance of each thing createdsince the beginning of time. The numbers of Perfectio revealthe true name of all there is. They are the description of theperfect sequence of appearance of all, because all that isknown exists only in time and therefore comes to be before orafter something else.
It is not known of anyone who has known the numbers ofPerfectio and what they mean, unless our transient conditiondetermines that the consequence of such knowledge is todisappear.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
49/109
49
Malurgia
substantivo feminino
mal
+
-urgia: trabalho, tcnica, como em dramaturgia, demiurgia
(1) em peas de entretenimento de massa, principalmentefilmes, a utilizao de smbolos e imagens com inspirao nomal.
(2) a busca pela gratificao de anseios catrticos atravs dodesfrute de tal entretenimento.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
50/109
50
Evillurgy
noun
evil
+
-urgy: work technique, as in metallurgy,dramaturgy
(1) the use of evil-inspired symbols and images in theproduction of mass entertainment pieces, mostly films.
(2) the attempt to appease cathartic craving by enjoying suchpieces.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
51/109
51
policoisa
substantivo feminino
poli: mais que um, como em policromtico, poligamia
+
coisa
tudo que uma mesma coisa evoca, e o que ela alm dela, porredirecionamento.
Cheiros costumam ser policoisas: lembram momentos,
experincias, pessoas.O cheiro da pomada usada em bebs
faz recordar deles, depois d alegria pela lembrana e nos
deixa tristes tambm, porque agora no passa de lembrana.
H cores que so policoisas de ver. Histrias, que so
policoisas de sentir. E gestos, que so policoisas de
companhias tidas.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
52/109
52
Polything
noun
poly: more than one, as in polychromy, polygamy
+
thing
everything that a same thing evokes; what a thing is beyonditself, through redirection.
Odors are often polythings: they remind one of moments,
experiences, people. The smell of the balm used on babies
reminds us of them, then it makes us happy, because we
remembered, and sad, because now its just memories. There
are colors which are polythings of seeing. Stories that are
polythings of feeling. And gestures, which are polythings for
past companions.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
53/109
53
Analmica
substantivo feminino
ana:- repetio, intensidade, como em analogia
+
-lumin-: luz, como em luminoso, iluminar
+
-ica: tcnica, arte, cincia, com em aerodinmica, tica
(1)arte de desfrutar o prazer da manhzinha, principalmentejunto natureza.
(2)gosto pela renovao constante.
Analmica.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
54/109
54
Analumics
noun
ana:- repetition, as in analogy
+
-lumin-: light, as in luminous, illuminate
+
-ics: technique, art, science, as in aerodynamics, ethics
(1)early morning pleasure, mainly in the natural world.(2)liking for constant renewal.
Analumics.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
55/109
55
Sominto
substantivo masculino
forma curta para scio-helminto
soci(o)-: social, companhia, como em scio, sociedade
+
-helminto: verme, como em anti-helmntico ou antelmntico
(1) aquele para cujas mentiras as crenas de outros soatradas.
(2) guardio de crdulos acrticos; lderes religiososquestionveis.
_________________________________
Somntico
adjetivo
de falsidade premeditada.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
56/109
56
Sociominth
noun
short for sociohelminth
Socio-: companion, as in social, society
+
helminth: worm
(1) one to whose lies other peoples beliefs are attracted.
(2) guardian of believers and non-critics; dubious religiousleaders.
_________________________________
Sociominthic
adjective
purposefully false.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
57/109
57
Solifazer-se
verbo
soli-: s, como em solilquio, solido
+
fazer-se
para usar na frente do computador (ou no)
(1) quando algo no clicado, no configurado e no solicitadoacontece, geralmente trazendo conseqncias desastrosas parao trabalho em andamento.
(2) o que s vezes aparentemente ocorre com a vida medidaque vivida.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
58/109
58
Solarise
verb
short for soliarise
soli-: alone, as in solitary, solitude
+
arise
to be used in front of the computer (or elsewhere)
(1) when something unclicked, unconfigured and unrequestedhappens, usually with some disastrous consequences to thework in progress.
what apparently happens in life as it is lived.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
59/109
59
Teufuturo
substantivo masculino
forma curta para teutofuturo
teuto-: alemo
+
Futuro
As frases que em alemo expressam um futuro mais certo de
acontecer so construdas com as formas verbais do
presente;o presente torna-se uma forma de futuro, mas
tambm o futuro uma forma de presente.
(1)determinao e certeza de agir.(2)noo de que o futuro depende do presente.(3)conceito unificado de presente e futuro.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
60/109
60
germmorrow
short for germantomorrow
German
+
Morrow
In German the sentences used to express the most certain kind
of future are built with verbal forms of the present; the
present becomes a form of future, but also the future is a form
of present.
(1)purposefulness.(2)notion that the future depends on the present.(3)unified concept of future and present.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
61/109
61
escriderme
substantivo
escri(t)-: escrita, como em escritor, escritrio, escrita+
-derme: pele, como em paquiderme, epiderme
quem tem a pele escrita; diz-se dos que se tatuam palavras oudesenhos diversos.
_________________________________________________
escridrmico
adjetivo
(1)referente a escridermes.
(2) que tende ao arrependimento com o passar do tempo.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
62/109
62
scriderm
noun
scri(b)-: write, as in inscribe, transcribe, scribe
+
-derm: skin, as in pachyderm
(1) one with written skin; the name given to those who tattoothemselves with words or drawings of various kinds.
scridermic
(1) pertaining to scriderms.
(2) tending to regret as time goes by.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
63/109
63
Sobreeu
(sobretu, sobrens)pronome
Sobre-, o mesmo que super-: alm dos limites, superior, como em
supermercado, superar
+
eu / tu / ns
(1) o que se almeja ser quando se fala (de si, do outro, do grupo a que sepertence); a colocao do eu (do tu, do ns) sob outra identidade que emtudo supera a atual mas no a abandona, seno a eleva ao que pode serde melhor.
(2) o muito melhor de cada um, enquanto fala de si.
Sobreeu sei, mas eu (ainda) no consigo.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
64/109
64
Overme
pronoun
(ovyou (short for overyou), overus)
over-, the same as super-: beyond limits, superior, as in supermarket,
supercede
+
me / you /us
(1) what one aspires to be when one speaks (of ones self, another, thegroup one to which one belongs); the placing of ones self (of another,
ones group) under an identity which overcomes the current one but doesnot relinquish it and makes it rise to its possible best.
(2) the very best in one, as one speaks of ones self.
Overme knows, but I (still) cant.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
65/109
65
Intrlogo
substantivo masculino
intra-: dentro, como em intrauterino, intranet
+
-logo: palavra, como em dilogo, monlogo
dilogo que ocorre com a constante e indesejada interveno deterceiros.
Ocorrem principalmente em famlia, como quando os filhosdiscutem ou conversam e o pai ou a me entende que evidenteque sempre devem dar sua opinio.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
66/109
66
Intralogue
noun
intra-: inside, as in intrauterine, intranet+
-logue: word, as in monologue
dialogue taking place under the constant and unsolicitedintervention of third parties.
Taking place mainly among members of the same family, aswhen sons and daughters are arguing or talking and the fatheror mother take for granted they must always give their opinion.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
67/109
67
Gratidade
substantivo feminino
Forma curta de gratidivindade
Grat(i)-: gratido, como em grato, gratuito
+
divindade
(1) Ato gratuito, espontneo e repetido de agradecer,geralmente aos Deuses, pela vida.
(2) forma autodidata de espiritualidade, pois o ato de agradecerrevela o reconhecimento de que Algum o merece.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
68/109
68
Gratinity
noun
short for gratidivinity
Grati-: thankful, as in gratitude, grateful
+
divinity
(1) disinterested and spontaneous desire, generally directed tothe Gods, to thank for ones life.
(2) self-taught form of spirituality, as giving thanks isrecognizing that Someone deserves it.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
69/109
69
Vacacl
substantivo
vaca
+
chiclete
marca de goma de mascar, ainda no lanada no mercado, queexplora o quanto o ato de mascar chiclete pode lembrar umbovino ruminando.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
70/109
70
Cowing gum
noun
cow+
chewing gum
a chewing gum brand, unlaunched as yet, that explores how theact of chewing gum can remind one of a ruminating cow.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
71/109
71
Altermania
alter-: outro, como em alterar, alternativa
+
-mania: desordem mental, como em megalomania, piromania
(1) suposio de que se pode pensar pelos outros;
(2) imaginao de que se sabe o que os outros pensam; ao com basenessa imaginao.
A altermania usual entre casais que com o passar do tempo comeam a
agir de uma forma que impede a inovao na sua vida de casal.
_________________________________________
Altrmano
Aquele que tem altermania.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
72/109
72
Altermania
Noun
alter-: another, as in alter, alternative+
-mania: mental disorder, as in megalomania, pyromania.
(1) supposition that one can think for others;
(2)imagination that one knows what others think; action on the basis ofsuch imagination.
Altermania is customary among couples who as time passes begin to act
in such a way that innovation is ruled out from their lives as a couple.
_________________________________________
Altermaniac
noun, adjective
one who developed altermania.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
73/109
73
Ordem voltica
Expresso
Ordem
+Voltico
Vol(it)-, de volere, querer, como em volio, volitivo
+
-ico, relacionado a, contendo, como em sulfrico, atltico
Comp. Ordem surgimental
Em contraste ordem alfabtica, que no permite intenes aoordenar, a ordem em que as coisas acontecem conforme avontade de quem as ordena.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
74/109
74
Volitical order
Expression
Volitic
vol(it)-, from volere, to want, as in volition, volitional
+
-ical, characteristic of, as in poetical, typical
The order in which things happen in accordance with theordering partys will, as opposed to the alphabetical order whichdoes not allow intentions to manifest through ordering.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
75/109
75
Ordem surgimental
expresso
ordem
+Surgimental
surgimento
+
al, caracterstico de
Comp. Ordem voltica
A ordem em que as coisas acontecem.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
76/109
76
Manifestational order
expression
manifestational
manifestation
+
al, characteristic of
Comp. volitical order
The order in which things take place.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
77/109
77
prontolcido
adjetivo
pront-, de promptu, disponvel, como em prontido
+lcido
Como se fica ao receber uma notcia chocante. Por um instante tudo visto de forma diferente. quase ventolcido, sopra e j termina. Acabaa lucidez que o choque trouxe, e volta-se a mergulhar na grossa camadado eu que reveste os pensamentos cotidianos.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
78/109
78
prontolcido
adjetivo
pront-, de promptu, disponvel, como em prontido
+lcido
Como se fica ao receber uma notcia chocante. Por um instante tudo visto de forma diferente. quase ventolcido, sopra e j termina. Acabaa lucidez que o choque trouxe, e se mergulha outra vez na grossa camadado eu que reveste os pensamentos cotidianos.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
79/109
79
promptlucid
adjective
prompt
+lucid
How one becomes as one receives shocking news. All is suddenly seendifferently. It is nearly windlucid, because it blows and ends. The claritybrought about by the shock is soon over and one is again immersed in theI thickness that covers all-day thoughts.
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
80/109
80
poscaosanteordem
substantivo masculino
pos-, aps, como em ps-doutorado, posfcio+
caos
+
ante-, antes, como em anteprojeto, antegozo
+
ordem
Imediatamente aps terminar o que gerou caos, que pode serterremoto, tiroteio, discusso extremada, dependendo doambiente, e antes de retornar qualquer ordem. Oposcaosanteordem de um terremoto depois do ltimodesmoronamento da ltima parede ou muro, e o tempo todo atpelo menos o incio da reconstruo; no tiroteio, depois doltimo disparo e dura at no haver mais balas ou vontade deus-las; na discusso, aquela hora em que um dos quevociferam ou deixa o recinto ou fala subitamente muito alto oudiz algo muito srio geralmente uma verdade dolorida para ooutro - e se d conta de que destruiu toda a chance de voltar aconviver por muito tempo. Nesse caso, o poscaosanteordem pode durar para sempre, dependendo, neste caso especfico, do
quanto os envolvidos esto adultecidos (q.v.).
-
8/7/2019 O livro das palavras que no existiam - amostra (tinaschumacher)
81/109
81
postchaosanteorder
noun
post-, after, as in postgraduate, postindustrial+
chaos
+
ante-, before, as in antecedence
+
order
Immediately after the end of whatever it was that generatedchaos, which can be an earthquake, gunfire, a heated argument(its all context-dependant) and before the reintroduction of anyorder. The postchaosanteorderof an earthquake is after the lastwall falls and before any reconstruction begins. In a gunfire, itis after the last shot is heard and there are no more bullets leftnor the will to use them; in an argument it is that moment whenone of the vociferating parties leaves the room or suddenlyspeaks much louder or says something very serious generallystriking the interlocutor as an unbearable truth and realizesevery chance of once again sharing a peaceful atmosphere isgone forever. In this case the postchaosanteordermay be never-ending, depending on how adulted (q.v.) the parties involved
are.
-
8/7/2019 O livro d