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O mito no esporte
Cláudia Maria Arantes de Assis
Objetivo
Mostrar como a mídia potencializa a
criação de ídolo-herói no futebol e
quais as funções que eles têm na
mídia.
METODOLOGIA
• Pesquisa bibliográfica e em jornais e
revistas.
Diante do esporte, se torna
tarefa difícil permanecer
imparcial ou indiferente. Afinal,
somos uma comunidade que,
principalmente em época de
Copa do mundo, tenta “partilhar
um nome, uma história e uma
consciência mútua” (Gusfield in
Burke, 1989, p.30)
A história do esporte surge com
os antigos gregos, na busca de
superação, almejando a
perfeição física e mental, tendo
como base o porte atlético,
criaram jogos e competições
esportivas que até hoje são
praticados ou servem de
inspiração para as competições
contemporâneas.
Na Grécia antiga a competição estava ligada principalmente a superação de si mesmo e não a derrota do adversário.
Hoje a vitória versa sobre quebra de recordes, haja vista que a vitória leva o atleta ao reconhecimento social, ao ganho material e ao reconhecimento como ídolo.
Títulos como “Clássico de titãs”,
essa expressão simbólica
ganha projeção e fortalece o
imaginário das pessoas,
transformando as batalhas
mitológicas em arquétipo da
realidade.
A imagem do melhor atleta
sempre está relacionada à
vitória. Além do mais, essa
imagem se cria através da
comercialização de produtos ou
campanhas de cunho
publicitário ou social, que busca
os „melhores‟ atletas para fazer
a propaganda do produto.
Para Brohm (1993, 1995) a valorização
exagerada dos resultados esportivos é
uma construção ideológica que circula
pela sociedade através do meios
midiáticos.
Christlieb (2004) e Delattre (2001)
afirmam que o esporte não é mais um
jogo, é uma função na qual o atleta
vislumbra enriquecer, ficar famoso,
impressionar as pessoas, etc. E como
pano de fundo, temos a mídia que
proporciona essa lógica.
Em nossa sociedade,
considerada como a sociedade
do espetáculo, o atleta deve
trazer uma carga social e
histórica grandiosa. Nosso
modelo esportivo deve ter alto
nível de competitividade,
sacrifício, valores, perseverança,
trabalho duro, controle, empatia,
trabalho em equipe, dentre
diversas outras funções.
“disposto a morrer em campo. Não importa se está doendo o joelho ou o tornozelo, o que importa é o jogo” (Entrevista com Ronado „O fenômeno‟, O Globo, 12/07/98).
Os mitos são criados para validar valores e costumes da sociedade. Servem para dar um suporte „sobrenatural‟ ao sistema de crenças.
Esse feito é potencializado pela
mídia, por causa de sua
abrangência.
Campbell (1995) diz que o mito
é importante, pois é um
exemplo a ser seguido pela
população. (Ex.: Neymar)
Mito e futebol no Brasil
No „ país do futebol‟ o mito no
esporte é de extrema
importância para os torcedores.
Quanto mais o jogador mostrar
seus dons em campo, mais
consagrado como mito ele será
Atletas de alto rendimento vêm transformando suas imagens em símbolos de perfeição. Atualmente os atletas são mostrados como modelos de comportamento e beleza física, sempre guiando ou guiados pela mídia.
A torcida também os reconhece por apelidos muitas vezes „comercializados‟ pela mídia.
Rei Pelé
Ronaldo „O fenômeno‟
Valdivia „O Mago‟
Beckham „O príncipe‟
Adriano „O imperador‟
Esse valor mítico dado aos
jogadores é tão importante para
a mídia enquanto forma de
manutenção de audiência
quanto para as empresas que
tentam associar suas marcas ao
desempenho do jogador.
Desmitificação do herói
Por outro lado, quando o „ídolo-
herói‟ está associado a maus
momentos, o mito começa a ser
humanizado. Assim, o „herói‟
passa a ser um „simples mortal‟.
Edmundo „O animal‟
Ronaldo
Roberto Baggio
Mas, mesmo com esses percalços,
o futebol em si continua como
forma de manutenção de
estruturas sociais de dominação,
como afirma Roberto Ramos
(1984, p.22), quando diz que o
futebol “é um belo exemplo de
hegemonia cultural. A classe
dominante o empurra goela abaixo
do proletariado, como uma opção
fechada”.
Não é possível negar a influência
dos meios de comunicação sobre
a economia e a administração
esportiva, principalmente em se
tratando de marketing esportivo.
Quanto mais popular o atleta, mais
fácil fica viabilizar seu contrato de
patrocínio ou venda.
“O Marketing Esportivo também
se caracteriza por ser uma mídia
alternativa. O esporte, por si só,
tem um espaço publicitário
reservado em qualquer veículo
de comunicação, pois as notícias
do esporte ajudam a vender o
veículo (jornal, revista, rádio e
TV)” (Melo Neto,1995, p.27)
.
“O outro aspecto refere-se à
espetacularização do esporte de
alto rendimento via meios de
comunicação de massa
principalmente à TV. Este processo
está ligado à construção dos
grandes feitos dos heróis
esportivos. (...) É na vitória do ídolo
que a comunidade reconhece sua
participação” (Brancht, 1997, pag.
115) – Somos quase 200 milhões de
treinadores.
A mídia vem referendar o mito que se cria no imaginário coletivo, pois é a mídia que potencializa a latência pelo anseio dos mitos esportivos. “Podemos perceber isso pois, o esporte transformou-se num espetáculo modelado de forma a ser consumido por telespectadores que procuram um entretenimento excitante, e é parte cada vez maior da indústria do lazer, sendo fator decisivo para isso o papel da mídia, especialmente a televisão” (BETTI, 1998, p. 31).
Considerações
Os atletas transformados em mitos são
mais visibilizados que outros que ainda
não atingiram o status de „herói‟.
Assim, a responsabilidade frente ao
público também muda, afinal, o „atleta-
herói‟ sempre deve voltar „da batalha‟,
no caso o jogo, com a vitória e de
preferência com a taça em mãos.
Mas quando isso não acontece, o
atleta começa cair em descredito
perante seus torcedores.
Assim, podemos perceber que a
mídia não só ajuda a construir
carreiras bem sucedidas
potencializando aquilo que o atleta
tem de melhor, como também ajuda
a destruir mostrando fatos públicos
ou particulares desses atletas.
Referências BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação.
Campinas: Papirus, 1998
BRACHT, V. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Vitória: UFES, 1997
BROHM, J.M. (1993). Las funciones ideológicas del deporte capitalista. In: Materiales de Sociologia del Deporte. Madrid: LasEdiciones de La Piqueta.
BROHM, J.M. (1995). La violence suicidaire du sport de compétition: compétitions suicidaires et suicides compétitifs. In: Baillette, F. & Brohm, J.M. (Eds.), Critique de la modernité sportive (pp.). Paris: Les Éditions de la Passion.
Christlieb, P.F. (2004). La sociedad mental. Barcelona: Anthropos. Comitê Olímpico Internacional (2001). Carta Olímpica. Lausanne: Comitê Olímpico Internacional.
Delattre, E.J. (2001). Some reflections on success and failure in competitive athletics. In: Morgan, W.J., Meier, K.V. & Schneider, A.J. (Eds), Ethics in Sport. Champaign: Human Kinetics.
GUSFIELD, Joseph, Introduction, in BURKE, Kenneth - On Symbols and Society – Chicago: University Press, 1989.
MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing Esportivo. 3.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
RAMOS, Roberto. Futebol: Ideologia do Poder. Petrópolis, RJ: Vozes Ltda, 1984.
Obrigada!!!