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  • FUNDAO JOO PINHEIRO SECRETARIA DE ESTADO

    DE TRANSPORTES E OBRAS PBLICAS DE

    MINAS OERAJS

    PLANO DIRETOR DE USO E

    OCUPAO DO SOLO PARA

    MUNICPIO DE RIO NOVO

    Belo Horizonte Outubro 2002

    G o v e r n o d e M i n a s (i e r a i s

  • G O V E R N A D O R DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    Itumar Augusto Cauticro Franco

    S E C R E T A R I O DE ESTADO DE T R A N S P O R T E S E OBR A S PBLICAS

    Marco Antnio Marques de Oliveira

    SECRETRIO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAO GERAL

    Frederico Penido de Alvarenga

    F U N D A O JOO PINHEIRO

    PRESIDENTE

    Ricardo Carneiro

    C E N T R O DE ESTUDOS MUNICIPAIS E M E T R O P O L I T A N O S

    Benjamin Alves Rabello Filho

    DIRETOR G E R A L DO D E P A R T A M E N T O DE AV1O CIVIL

    Maj.-Brig.-do-Ar Venncio Grossi

  • PLANO DIRETOR DE USO E OCUPAO DO SOLO

    PARA O MUNICPIO DE RIO NOVO

    Convnio de cooperao celebrado entre a Secretaria de Estado de

    Transportes e Obras Pblicas (SETOP) e a Fundao Joo Pinheiro (FJP),

    objetivando a elaborao do anteprojeto de lei do Plano diretor de uso e

    ocupao do solo para os municpios de Goiana e Rio Novo, em funo da

    construo do Aeroporto Regional da Zona da Mata/MG, em 27 de dezembro

    de 2001.

  • Fundao Joo Pinheiro. Centro de Hstudos Municipais e Metropolitanos.

    Plano diretor de uso e ocupao do solo para o municpio de Rio Novo. - Beio Horizonte, 2002.

    134p. il.

    1. Plano diretor - Rio Novo. 2.Uso do solo - Rio Novo. 3. Ocupao do solo - Rio Novo. 4. Aeroporto -Rio Novo. I Titulo

    CDU: 711.16 (815.12 Rio Novo)

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    PLANO DIRETOR DE USO E OCUPAO DO SOLO PARA O MUNICPIO DE RIO NOVO

    Belo Horizonte

    Outubro 2002

    G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s

  • F U N D A ^ O J O O PINHKIRO Alameda das Acacias, 70 Sao I.uiz Bclo Horizonte - MG CEP 31275.150 Telefone: (31)3448.9400 Fax:(31)3448.9588 F.-mail: [email protected] Site: http://vvvvw.ijp.gov.br

    mailto:[email protected]://vvvvw.ijp.gov.br

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    EQUIPE TCNICA

    C O O R D E N A O - SECRETARIA DE ESTADO DI: TRANSPORTES H OBRAS

    PBLICAS:

    Jlio Csar Diniz de Oliveira

    C O O R D E N A O - F U N D A O J O O PINHEIRO

    Delio Araujo Cunha

    ELABORAO - F U N D A O J O O PINHEIRO

    Achilles Pitanga Maia Buseeio

    Delio Araujo Cunha

    Deusdedit Soares dos Santos

    Marcelo dc Matos Versiani

    Maria Izabel Marques do Vale

    Slvio Ferreira de Lemos

    APOIO ADMINISTRATIVO

    Eguimar Rodrigues Barroso

    Ftima Maria de Almeida Pinto

    Ktia Aparecida Silva

    C O L A B O R A O

    Jos Maria Gonalves de Castro (Prefeito)

    Brenildo Ayres do Carmo ( Assessor jurdico)

    Flvio Rodrigues Melo (Secretrio de obras)

    Euiz Carlos (Secretrio de eventos e turismo)

    Sheila Cock Moreira de Oliveira (Secretaria de Transportes e Obras Pblicas)

    CAPA: Wagner Bottaro

    COPIDESQUE: Luiz Carlos Freitas Pereira

    NORMALIZAO: Helena Schirm

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    III

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    S U M R I O

    1 I N T R O D U O 1

    2 D E S C R I O DO E M P R E E N D I M E N T O 4

    3 C A R A C T E R I Z A O IX) MUNICPIO DE RIO N O V O 11

    4 ASPECTOS S O C I O E C O N M I C O S 25

    4.1 Ocupao do sudeste de Minas Gerais 25

    4.2 Funcionalidade da economia mineira c regional 27

    4.3 Organizao social e poltica 33

    5 S U G E S T E S DE T R A B A L H O MUNICIPAL 43

    6 LEI DE USO E O C U P A O DO SOLO E N T O R N O DO

    A E R O P O R T O REGIONAL DA ZONA DA MATA 50

    7 P R O P O S T A S 64

    8 A N T E P R O J E T O DE LEI DO PLANO DIRETOR DE

    O R G A N I Z A O T E R R I T O R I A L DO MUNICPIO DE RIO N O V O 68

    9 ANLISE DOS ASPECTOS DE S A N E A M E N T O 85

    10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 115

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    IV

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    1 I N T R O D U O

    A escolha do novo stio aeroporturio para abrigar as operaes da

    aviao regular da Regio da Zona da Mata foi motivada pelas restries de ampliao

    da pista do Aeroporto Francisco de Assis cm Juiz de Fora, que teria como objetivo o

    atendimento de aeronaves de maior porte. As possibilidades de expanso da infra-

    estrutura atual so tambm bastante restritas, em virtude das limitaes impostas pelas

    dimenses do stio, pela proximidade com loteamentos residenciais no entorno, alm da

    topografia acidentada que predomina em toda a regio.

    Diante desse empreendimento de porte significativo na Zona da Mata,

    sediado nos municpios de Rio Novo c Goiana, a Secretaria de Transportes e Obras

    Pblicas preocupa-se no apenas com as obras, mas com a sua insero no territrio

    municipal, em termos do comprometimento ambiental e principalmente com o impacto

    na comunidade, em termos do retomo social. Desta forma, este documento apresenta o

    anteprojeto de lei que institui o Plano Diretor de Uso e Ocupao do Solo de Goiana e a

    Lei de L'so e Ocupao do Solo do em tomo do Aeroporto Regional da Zona da Mata,

    elaborado pelo Comando da Aeronutica

    O trabalho foi desenvolvido em uma efetiva parceria com Poder Pblico

    e a comunidade, tendo como suporte e princpios assegurar a equidade social e a

    sustentao ambiental, como tambm o fato de trazer as diretrizes fundamentais para a

    comunidade local, constituindo para isso espao de eo-gesto pblica, indicando um

    novo papel para o poder pblico municipal.

    O futuro desejado para Goiana tambm um futuro que deve ser

    construdo. File no est dado por si, no presente. Pelo contrrio, apresenta-se na

    atualidade s como possibilidade e, em grande medida, negao da realidade imediata e

    seus limites. Nesse sentido, o futuro desejado muito mais que o saneamento e tem

    como fator decisivo para sua conquista as aes c diretrizes que se apresentam como

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    alternativas de desenvolvimento e fortalecimento da comunidade, reunidas nesse Plano

    Diretor.

    Para a elaborao deste trabalho, que procura, ao final indicar as reas

    mais adequadas ocupao humana de acordo com as potencialidades e limitaes do

    uso existente, necessrio fazer uma descrio das atuais condies ambientais, sociais

    e econmicas encontradas no municpio. Para tanto, foram selecionados indicadores que

    caracterizam os meios fsicos e biticos c as condies atuais de preservao de seus

    recursos ambientais, (mapa 1)

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  • Fi M>\- M i n a > l i t r

    Mapa 1 - MESORREGIO ZONA DA MATA MINAS GERAIS - 2002

    Fontes Fundao Ja3o Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Mun

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    2 DESCRIO DO E M P R E E N D I M E N T O

    O local proposto para implantao tio Aeroporto Regional da Zona da

    Mata fica a 35 quilmetros de Juiz de Fora, na divisa dos municpios de Goiana e Rio

    Novo. Partindo de Juiz de Fora, o acesso feito pela MG-353, passando pelos

    municpios de Coronel Pacheco e Goiana. O stio encontra-se a oito quilmetros da sede

    dc Rio Novo. no lugar onde atualmente se implantou a MG-353 , que neste trecho possui

    um traado retilneo de aproximadamente quatro quilmetros (mapa 2).

    O Aeroporto Regional da Zona da Mata ser dotado de infra-estrutura

    adequada ao atendimento da demanda de passageiros e carga da regio, em substituio

    ao atual Aeroporto Francisco de Assis, em Juiz de Fora. Essa regio vem apresentando

    boas perspectivas de desenvolvimento econmico e ampliando suas relaes comerciais

    com grandes centros como So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, com reflexos

    diretos no potencial para o transporte de carga.

    O Aeroporto Regional da Zona da Mata ter uma rea patrimonial total

    de 415,30 hectares, na qual ser construda a pista de pousos e decolagens, o terminal de

    passageiros, o ptio principal de estacionamento de aeronaves, o estacionamento de

    veculos e pistas para txi, o parque de abastecimento de aeronaves, as instalaes do

    servio de salvamento e combate a incndios (Sescinc), o sistema terminal de carga, a

    rea de apoio s companhias areas, instalaes do aeroclube, ptio de estacionamento

    de aeronaves e hangares (do aeroclube e da aviao geral), a rea das oficinas, alm das

    reas ocupadas pela torre de instrumentos para controle do trfego areo e da faixa de

    segurana de aproximao para pousos e decolagens.

    a) Pista de pouso e decolagem

    O desenvolvimento da infra-estrutura do aeroporto no novo stio ser

    realizado em etapas, a partir da implantao inicial de uma pista de pouso e decolagem

    com 1.800m de comprimento e 30m de largura. No futuro, conforme as diretrizes do

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    Plano Diretor do aeroporto e de acordo com a demanda, a pista dever ser ampliada para

    2.500 m.

    Seu comprimento foi definido a partir da capacidade operacional das

    aeronaves que apresenta potencial para operar neste aeroporto, segundo as previses de

    demanda, como as aeronaves ERJ 135, ERJ-145, B73 7-500, A-319, Poker 50 e Foker

    100.

    Para atender futura ampliao da pista, o pavimento ter um reforo

    estrutural superior ao exigido para sua previso de operao atual, com resistncia

    compatvel com o atendimento a aeronaves de passageiros tipo B73 7-300 e cargueiras

    tipo B727/100.

    Com comprimento de pista de 1.800m. o aeroporto atender as aeronaves

    de passageiros e cargueiros (para pouso) com ligaes previstas para as diversas capitais

    do pas, como Braslia, So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

    b) Infra-estrutura do aeroporto

    O terminal de passageiros ocupar rea de 1.950m*, com dimenses de

    65m x 30m, e possuir estrutura capaz de atender o nmero de passageiros e usurios

    previstos no horrio de pico de trfego areo.

    A infra-estrutura do Aeroporto Regional da Zona da Mata ocupar uma

    rea total de 43 .790m 2 distribuda da seguinte forma: estacionamento de veculos:

    3.490m 2 , parque de abastecimento de aeronaves: 1600nr , servio de salvamento e

    combale a incndio - (Sescinc): 500nr , terminal de carga: 2 .000m 2 . plio de

    estacionamento de aeronaves: 17.850m 2 . rea de apoio s companhias areas: 500m 2 ,

    rea do acroclubc: 2 .250m 2 , hangaragem do aeroclube: 3.600m 2 , ptio frontal do

    aeroclube: 2 .625m 2 , hangaragem da aviao geral: 2 .500m 2 , ptio frontal da aviao

    geral: 2 .500m ; e ptio de estacionamento de aeronaves: 4.375m 2 .

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    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

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  • FUNDAO JOO PINHEIRO l\\ G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    O aeroporto contar ainda com reservatrio de abastecimento de gua,

    esgoto sanitrio, usina de reciclagem de lixo c de aterro sanitrio e sistemas de

    abastecimento de gs, energia eltrica e comunicao.

    c) Condies de operao do aeroporto

    Devido s condies meteorolgicas e s caractersticas topogrficas da

    regio, a infra-estrutura de trfego areo do aeroporto ser capacitada a permitir

    operaes de circulao, aproximao, pousos e decolagens por instrumentos,

    considerados viveis pelo Instituto de Aviao Civil (IAC), atravs da Diretoria de

    Eletrnica e Proteo ao Vo (DF.PV).

    Sero instalados os seguintes equipamentos para operar e auxiliar o

    trfego areo:

    rdio farol;

    farol rotativo;

    balizamento noturno;

    estao de comunicao;

    estao meteorolgica e

    torre de controle.

    d) Zonas de proteo do aeroporto

    De acordo com a legislao especfica do Ministrio da Aeronutica (Portaria n. 1.141/GM5 de 08/12/87). as propriedades vizinhas aos aeroportos esto

    sujeitas a restries especiais de uso e aproveitamento do solo. Estas restries so

    relativas ao uso das propriedades quanto a edificaes, instalaes, culturas agrcolas e

    objetos de natureza permanente ou temporria e tudo mais que possa embaraar as

    operaes de aeronave ou causar interferncia nos sinais dos equipamentos de auxlios a

    radio-navegao area ou dificultar a visibilidade dos pilotos.

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  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Portanto, so definidas reas de proteo para as operaes de pouso e

    decolagem de aeronaves, alm das zonas de aproximao. Para o caso do Aeroporto

    Regional da Zona da Mata, essas reas estaro inseridas na rea patrimonial do

    aeroporto e podero ser adquiridas pelo empreendedor.

    Para evitar interferncia com os equipamentos de auxlio a radio-

    navegaao area, delimitada uma rea que se estende para fora da rea patrimonial do

    aeroporto, num raio de 4.000 m a 45.000 m a partir da pista de pouso e decolagem,

    denominada de zona de proteo de auxlio da navegao area.

    Para evitar o incOmodo imposto populao vizinha ao aeroporto pelo

    barulho das aeronaves, foi elaborado o plano de zoneamento de rudo, melhor detalhado

    no capitulo 6. liste plano foi elaborado em funo do movimento de aeronaves e do tipo

    de aviao que ir operar no Aeroporto Regional da Zona da Mata, classificado como

    Categoria I (Pista de Aviao Regular de Cirande Porte de Alta Densidade).

    e) Relocao da M - 3 5 3

    O aeroporto ser implantado no local onde atualmente passa a rodovia

    MG-353 . Ela ser afetada pela construo da pista de pouso e decolagem, em um

    segmento de aproximadamente 4 km, entre os municpios de Goiana c Rio Novo.

    No trecho afetado, a rodovia ser relocada numa posio a montante do

    traado atual, e ler alinhamento praticamente paralelo ao da futura pista do aeroporto.

    A rodovia passar em frente ao terminal de embarque c desembarque de passageiros, ao

    qual se ter acesso atravs de um trevo.

    f) Unidades de conservao

    Os impactos ambientais causados pela implantao do aeroporto e

    principalmente, pela supresso da mata nativa dos Bentes - de aproximadamente 10 ha,

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

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    nos municpios de Rio Novo e Goiana - , levaram a Feam a propor ao Copam (Licena

    Ambiental n-306), a criao de duas unidades de conservao (UC) como uma das

    condicionantes para obteno da Licena de Instalao (LI): uma em de Rio Novo c

    outra em de Goiana, como medida compensatria.

    Em Rio Novo, devido ausncia de reas em bom estado de preservao,

    foi escolhida uma rea de vegetao secundria (capoeirinha) e com menor potencial

    para conservao da biodiversidade, mas que seria incorporada rea da Cachoeira do

    Calixto, que pertence Prefeitura e utilizada para lazer pela comunidade. A Cachoeira

    do Calixto situa-se a aproximadamente 2 km da sede de Rio Novo, s margens da

    estrada de terra de ligao a So Joo Nepomuceno.

    Em Goiana, ficou definido que os esforos para a criao da UC seriam

    direcionados para a mata da Fazenda Bonanza, onde seriam desenvolvidos

    levantamentos temticos mais detalhados. A rea selecionada esta a 8 km da sede

    municipal s margens da estrada de terra de ligao com a cidade de Bicas, (mapa 3)

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    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • A F U N D A O J O O PINHEIRO ti ****** 35 MV** E c ' J i >

    Mapa 2 - LOCALIZAO DO AEROPORTO REGIONAL DA ZONA DA MATA - MINAS 6ERAIS - 2002

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    3 C A R A C T E R I Z A O DO MUNICPIO DE RIO N O V O

    Rio Novo possui uma superfcie de 208 km 2 , localizado s margens da

    rodovia MG-353 , entre as coordenadas geogrficas 21 20* 1 2 " e 21 30 ' 1 0 " de

    latitude Sul e 43 15' 0 0 " e 43 00"* de longitude Oeste. Faz parte da mesorregio Zona

    da Mata e microrregiao Juiz de Fora 1 e tem como vizinhos ao norte, Tabuleiro e

    Guarani, ao sul Goiana, a oeste Piau e a leste Descoberto c So Joo Nepomuccno. Esta

    distante da capital mineira 330 quilmetros c a 50 quilmetros da cidade-plo regional

    Juiz de Fora. (mapa 4)

    Do ponto de vista poltico-administrativo, o municpio de Rio Novo c

    constitudo por sele distritos: Rio Novo (distrito-sede), Ribeiro dos Anjos, Cachoeira

    Santa, Caranguejo, Mato Negro, Furtado de Campos e Neto.

    Segundo informaes do ltimo censo do IBGE , seus 8.550 habitantes

    correspondem a 0,04 % da populao total do estado (17.891.494 hab.). Existem 4.330

    homens e 4.220 de mulheres, respectivamente 50,64 % c 49,35 %, A populao urbana

    de 7.264 habitantes e a rural de 1.286 habitantes. Observa-se um equilbrio entre a

    populao de sexo masculino e feminino. A densidade demogrfica de 41,10

    habitantes por k m 2 .

    A evoluo demogrfica do municpio, apresenta perdas constantes de

    populao, devido a desmembramentos de emancipao de reas rurais, como o caso

    de Goiana, em 1995.

    A perda de trabalhadores que migram para os grandes centros como Belo

    Horizonte, Rio de Janeiro e Juiz de Fora em busca de melhores condies de trabalho

    1 INSTITUTO DE GE-IOCINCIAS APLICADAS. Mesorreeics e microrrcgiOcs geogrficas 2000. Belo Horizonte, 2000. Esc : 1:1.500 000. : CIDAtfS. [Rio de Janeiro: IBGE, 2002]. Disponvel em:

    ^http.Vvvwvv.ibge.gov.Br.'ciddes'navegabilidadc padro""- Acesso em: maro de 2002.

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    G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s

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    http://http.Vvvwvv.ibge.gov.Br.'ciddes'navegabilidadc

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    reflete a incapacidade da economia do municpio de propiciar alternativas de atividades

    que gerem emprego e renda, de forma a reter ou at mesmo atrair populao.

    Para conhecer o passado do municpio, preciso estudar a histria do

    pas e especialmente de Minas Gerais. A pesquisa toma-se emocionante quando se

    descobre que a histria desla regio da Zona da Mata esl inteiramente ligado ao maior

    acontecimento histrico do rasil, a inconfidncia Mineira. Esta regio de Minas Gerais

    era denominada "Sertes proibidos do Leste Mineiro" c s a partir da segunda metade

    do sculo 18 estas terras de montanhas, florestas e rios, habitadas to somente por feras

    e ndios, comeavam a ser percorridas por ordem da Corte e do Governo da Capitania.

    Nessa poca, cm Minas Gerais nasciam as idias de uma reforma poltica

    com intuito de varrer do solo ptrio o feudalismo luso-brasileiro. O alferes Joaquim Jos

    da Silva Xavier, Tiradentes, j era conhecido como atuante militar da Cavalaria dos

    Drages de Minas e simpatizante ativo da independncia da colnia, tornando-se o

    principal agente revolucionrio.

    Tiradentes, na sua misso militar de comandante do Caminho Novo ,

    percorria sempre esta regio de Minas antes tambm denominada Regio do Paraibuna.

    Exercia ele grande influncia entre os militares e gozava da estima e confiana dos

    moradores da regio e, assim, na zona da Mata pregava com entusiasmo os ideais dos

    inconfidentes.

    Relatados e comprovados nos Autos da Devassa que inclusive

    mencionam os locais percorridos pelo incansvel Tiradentes. os fatos comprovam que.

    por algumas vezes. Tiradentes percorreu esta regio do Vale do Rio Novo em

    cumprimento s misses militares e certamente na pregao de seus ideais.

    Em 19 de julho de 1781, oito anos antes de sua priso, 'Tiradentes

    recebeu do governador da Capitania de Minas (ierais. D. Rodrigues Jos de Menezes a

    incumbncia de construir um caminho "que cortasse a capitania para leste, atravessando

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    o serto bruto, onde alguns moradores j se estavam instalando". Outro cidado,

    tambm encarregado desta misso, foi o tenente-coronel Manoel do Vale Amado,

    morador da regio e proprietrio de sesmaria no vale do Rio Novo. Este abastado

    fazendeiro cedeu a Tiradentes oito escravos para incio dos trabalhos e construo do

    referido atalho que deveria ligar o Caminho Novo ao "Registro do Paraibuna". Porem,

    apenas trs dias depois de iniciados os trabalhos. Manuel do Vale Amador retirou seus

    escravos alegando que eles lhe faziam falta, exatamente porque "achava-se bastante

    preocupado com a factura de outra picada para o Rio Novo na qual tinha todo o

    interesse". - t, o <

    Aberta a picada para Rio Novo. Tiradentes aqui esteve cumprindo sua

    1 < misso de comandar e fiscalizar as ocorrncias prximas ao Caminho Novo, elaborando u

    relatrios ao governador da Capitania.

    Outro fato marcante a comprovar a presena destas paragens do heri da

    Inconfidncia ocorreu quando o novo governador da Capitania, Luiz da Cunha

    Menezes, pela Portaria de 16 de abril de 1784 determinou que Tiradentes acompanhasse

    o sargento-mor Pedro Afonso Galvo de So Martinho aos "sertes da parte leste da

    Capitania, denominados reas proibidas". Galvo de So Martinho foi o chefe da

    expedio, mas como o governador queria conhecer os aspectos da regio determinou

    que tambm seguisse o alferes Joaquim Jos da Silva Xavier em razo da sua

    "inteligncia mineralgica". Desejava o governador ter "um conhecimento fsico da sua

    verdadeira situao e da sinuosidade do terreno".

    A regio da Zona da Mata mineira, j na segunda metade do sculo

    XVIII comeou a ser desbravada pelos exploradores que. vindos da zona aurfera da

    provncia, embrenhavam-se pelas matas virgens procura de ouro e terras para

    colonizao. As primeiras expedies aos sertes do Ro Novo teriam ocorrido a partir

    de 1780. Quando os intrpidos desbravadores aqui chegaram, de imediato

    providenciaram a construo de uma pequena capela c o novo povoado ficou conhecido

    como "( 'apela de Cima", distinguindo-o de um outro povoado tambm em formao,

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    situado a alguns quilmetros rio abaixo. L tambm havia uma pequena capela - a

    "( 'apela de Baixo", onde se situa a cidade de so Joo Nepomuceno.

    A Capela de Nossa Senhora da Conceio, no serto do Rio Novo, foi

    erigida a pedido de Antonio Dias dos Reis, por proviso de 17 de junho de 1800.

    As famlias Costa Mattos c Pereira da Silva foram pioneiras da formao

    do patrimnio do municpio. Aos poucos o povoado foi tomando forma, e cm 22 de

    junho de 1834 foi executado o primeiro Termo de Arruamento do Arraial de Nossa

    Senhora da Conceio do Rio Novo.

    A histria no registra (pelo menos, no menciona a data exata da

    chegada da primeira expedio at s margens do rio Novo. Todas as narrativas

    procuram situar este acontecimento no perodo compreendido entre fins do sculo 18 e

    princpio de sculo 19, ou simplesmente, "no decorrer do sculo 18". Pelas datas

    correspondentes aos demais municpios da regio e referentes aos primeiros registros

    sobre fatos da histria local, acreditam ser acertado situar o descobrimento dos "Sertes

    do Rio Novo" durante a dcada de 1790).

    "A Capela de Nossa Senhora da Conceio, no Seno do Rio Novo

    "freguesia de Guarapiranga", foi erigida a pedido de Antonio Dias dos Reis, por

    proviso de 17 de junho de 800.

    Assim, ao findar o sculo XVIII, exploradores vindos pelos lados do Pomba, (ou

    mesmo vindos "das bandas do Piranga", passando pela regio do aluai Rio Pomba),

    peneiram nas densas florestas desta regio da Zona da Mata. outrora dominada pelos-

    indios. Aqui chegaram abrindo picadas at o local onde encontraram um riacho que

    passaram a seguir. (Crrego que se localiza na proximidade das divisas de Rio Novo,

    com os municipios de Taboleiro e Piau - estrada MG-35I, regio conhecida como

    "Boa Vista").

    Seguindo o curso do crrego, os intrpidos aventureiros o denominaram

    "Caranguejo ", observando que o mesmo tinha curvas to acentuadas e sinuosas, que

    Moa 7003

    14

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    parecia a todo instante voltar, como se estivessem "andando para trs. como um

    caranguejo". Quem conheceu o Ribeiro do Caranguejo, antes da dragagem feita na

    dcada de 70, sabe que realmente possuiu tantas curvas que era bastante difcil seguir

    todo seu curso.

    Relata a histria que nossos bandeirantes continuaram sua marcha,

    seguindo as margens do "Caranguejo" e quando se afastaram um pouco desta,

    depararam com um rio maior, mais caudaloso e de curso mais reto. o que teria levado

    um deles a exclamar "Este no o mesmo. E um rio novo.'! Dai a denominao

    original e nica do municpio ".3

    " BKiNlI JXX A. C, Aspectos histrico sobre o municpio de Rio Novo - Minas Cerais s/d. Rio Novo

    15

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • Ki \m< V O . J O O P I N H E I R O

    Mapa 4 - MICR0RRE6I0 JUIZ DE FORA - MES0RRE6I0 ZONA DA MATA - MINAS GERAIS - 2002

    Fontes Fundao Joo Pinheiro (FJP). Cent ro de Estudos Municipais e Met ropo l i tanos (CEMME)

    www abominas gov ar

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    a) Clima

    A Zona da Mata est sob a influncia de circulao dos sistemas

    atmosfricos tropicais. O clima controlado pelas massas de ar equatorial continental,

    tropical continental, tropical atlntico e polar atlntico. Os deslocamentos dessas massas

    de ar so responsveis pela marcante sucesso alternada de estao mida e seca.

    O clima que mais caracteriza a regio, de acordo com a classificao de

    Kppen, o subtipo climtico Cwb, clima tropical de altitude com veres suaves, que

    atinge os trechos elevados da Serra da Canastra, Serra do Hspinhao, Mantiqueira e sul

    do Fstado; os dias mais quentes ocorrem em janeiro e fevereiro, e a temperatura

    mantm-se em tomo de 23c. Os invernos mais rigorosos acontecem de junho a agosto,

    com mdia do ms mais frio de 10,8 C 4 .

    A precipitao pluviomtrica varia entre 1.500 e 1.600 milmetros. A

    partir de abril, com o decrscimo do perodo chuvoso, ocorre a fase da retirada, que se

    estende al setembro. Verifica-se que os nveis mximos da deficincia vo de junho a

    agosto, meses de menor pluviosidade. Em setembro, comeo do perodo chuvoso que se

    estende at maro, h novamente reidralao do solo, tendo incio a fase de reposio.

    A umidade relativa da regio de 78,7%, apresentando grandes variaes

    durante o ano, principalmente nos meses de agosto a outubro, quando se situa em torno

    de 76%. Atinge valor mdio mais elevado de abril a junho, chegando 80%.

    No so normais geadas severas em toda a regio da Zona da Mata;

    contudo, pode haver ocorrncias espordicas, especialmente nas reas de vrzeas.

    4 INSTITUTO I)F. GliOClbNCIAS A R I C A D A S . Mapa do municipio de Betim com monografa, lelo Horizonte, l979.E-.se: 1:50.000.

    Mud 7003

    17

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    http://l979.E-.se

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Para este estudo, considera-se relevante o levantamento de dados sobre o

    vento, especialmente sua direo, tendo em vista o significado desse elemento para o

    planejamento da distribuio espacial das atividades urbanas, sobretudo a industrial.

    Desse modo. foram consultadas diversas fontes bibliogrficas 5 e o Atlas

    Climatolgico de Minas Gerais do 5 Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia

    (Inmet), para obteno de dados.

    Em decorrncia da circulao atmosfrica geral, constata-se que toda a

    fachada Atlntica do Hrasil percorrida por ventos de norte, nordeste, leste e sudeste,

    porm, com predominncia de ventos norte, nordeste, da Bahia para o sul e sudoeste

    proveniente do anticlinal 6 do Atlntico Sul. '

    b) Geologia

    O municpio encontra-se inserido na unidade do Complexo Juiz de Fora,

    sendo caracterizado pela ocorrncia de rochas gnissicas. F.ncontra-sc posicionado

    prximo margem direita do rio Novo sobre um espesso depsito aluvionar, constitudo

    por material areno-argiloso. com faixas de cascalho firme resistente e aparentemente em

    horizonte bastante espesso.

    c) Solos

    Ocorrem basicamente dois tipos de solos: latossolos e solos aluviais.

    Os latossolos so solos muito antigos, profundos e bem drenados.

    Ocorrem sobre relevo ondulado a suavemente ondulado, sem limitaes para

    INSTITUTO I)H GF.OC1LNCIAS. Sntese climtica de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 1990.

    ^Anticlinal pode ser definido com: dobra com a convexidade voltada para o alto e abrindo-se para baixo Lf-TNZ, V.. l.f-:ONARDOS, . U. Glossrio geolgico. So PauloiCompanhia Editora Nacional., 1971.. 7 BARBOSA G.V.. R1BF.IRO C M . . Locao de anemgrafos e solarmelros, Belo Horizonte: UFMG/IUC, 1983.

    M

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    mecanizao agrcola, o que concerne boa aptido para a implantao de lavouras.

    Apresentam baixa fertilidade natural c elevada acidez, necessitando de adubaes e

    correes com calcrio. A vegetao original era de floresta, quase toda suprimida para

    implantao de pastagens. Restaram somente pequenas manchas de capoeiras.

    Os solos aluviais ocorrem nas vrzeas do rio Novo, formado por material

    depositado durante as enchentes. So solos em geral frteis, bons para lavouras;

    entretanto, alguns locais possuem elevada umidade, formando brejos que permanecem

    encharcados durante todo o ano. Existem tambm no domnio desses solos poas

    constitudas pelos antigos meandros do rio, que acumulam gua durante a poca

    chuvosa. Atualmente estes solos so utilizados para pastagem e, em alguns locais, por

    pequenas lavouras de arroz.

    d) Relevo

    O municpio de Rio Novo est situado no domnio dos planaltos,e pode

    ser dividida em trs reas: de relevo dissecado, de relevo intensamente dissecado e de

    vrzeas.

    A rea de relevo dissecado corresponde regio com topos aplainados,

    entre 400 e 600 metros de altitudes. Possui vertentes suaves, recobertas por pastagens e

    remanescentes da Mata Atlntica, que so preferenciais para o afloramento de lenis

    subterrneos. Esse compartimento o que apresenta maior atuao dos processos

    erosivos.

    A rea de relevo intensamente dissecado corresponde regio com

    altitudes entre 600 e 950 metros, apresentando uma poro mais elevada com topos

    aplainados correspondendo a serra de Pequeri e serra da Pedra. Os vales so encaixados,

    entalhando as rochas gnissicas do Complexo Juiz de Fora. As declividades das

    vertentes so mais acentuadas, sendo atenuadas por algumas rampas de colvios, que

    esto sofrendo intensos processos erosivos, com muitos canais fluviais e ravinas.

    MtxJ 7003

    19

    G v c r n o d c M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    A eroso acelerada por ravinamerito mais ntida nas reas com pastagens desprovidas

    de tcnicas de conservao do solo.

    A rea de vrzea corresponde regio mais plana do municpio, prxima

    ao rio Novo com altitudes variando de 350 a 400 metros vales espaados, com pouca

    ramificao de drenagem, vertentes com declividade inferior a 10%. Sustentada pelo

    Complexo Juiz de fora. essa rea c recoberta por sedimentos cenozicos, ocorrendo

    uma massa significativa de solo hidromrfico prximo aos canais fluviais, constitudos

    por material areno-argiloso, com faixas de cascalho firme, resistente e aparentemente

    em horizonte muito espesso. Os processos erosivos so menos freqentes do que nos

    compartimentos anteriores. Nessa rea de declividade baixa onde se instala a sede

    municipal.

    e) Hidrografia

    A bacia hidrogrfica do rio Novo uma sub-bacia do rio Paraba do Sul.

    O rio Novo tem suas nascentes na serra da Mantiqueira, no municpio de Santos

    Dumont e desgua no rio Pomba a montante da cidade de Cataguases. O rio Pomba

    afluente da margem esquerda do rio Paraba do Sul.

    Os principais cursos d 'gua que formam a bacia hidrogrfica do rio Novo

    so o ribeiro Caranguejo, Ponte Preta, Santana, Crrego Goiana, Carangola.

    De forma mais abrangente, bacia hidrogrfica conceituada como "um

    sistema terrestre e aqutico geograficamente definido, e composto por sistemas fsicos,

    biolgicos, econmicos e sociais."

    De forma mais especfica, bacia hidrogrfica pode ser entendida como o

    "conjunto de toda a drenagem de uma dada regio, formada por ribeires e riachos e que

    rene toda gua colhida por eles num determinado corpo d 'gua, seja ele um rio, um

    lago ou mesmo o mar".

    Mod 7003

    G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s

    20

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    O entendimento destes dois conceitos importante, porque quando se

    refere bacia hidrogrfica do rio Novo dirige-se no s aos afluentes e colees de gua

    que direta e indiretamente vo lanar suas guas naquele rio, mas tambm o seu meio

    bitico (vegetao, flora, fauna etc) e socioeconmico (cidades, populao, infra-

    estrutura, sade, educao, atividades econmicas ele).

    Portanto, uma bacia hidrogrfica deve ser vista como um sistema,

    integrando no s o conjunto dos corpos d 'gua que so seus formadores como tambm

    uma grande diversidade de ambientes fsicos, socioeconmicos e culturais, cm que se

    desenvolvem diferentes atividades econmicas e sociais, as quais exercem uma

    influncia direta na vegetao, no solo, na biodiversidade em geral e na qualidade das

    guas de seu rio formador, que passa a ser um canal para onde convergem os rejeitos de

    todas as atividades econmicas c humanas ali desenvolvidas.

    A rea de influncia do Aeroporto Regional da Zona da Mata, engloba

    somente drenagens secundrias do rio Novo. na divisa dos municpios de Goiana e Rio

    Novo. Kst situada em uma antiga superfcie de aplainamento denominada "Superfcie

    Guarani-Rio Novo" , com relevos de topos regulares entre 400 e 500 metros e vales de

    fundo chato, formadores dos aluvies do rio Novo, os quais se estendem por grande

    parte ao longo de seu percurso.

    0 Vegetao

    O municpio de Rio Novo est inserido no ecossistema de Mata

    Atlntica, que uma das florestas tropicais mais ameaadas do mundo. Para se ter idia

    da situao da Mata Atlntica no Brasil, basta lembrar que na poca do descobrimento

    ela ocupava aproximadamente 12% do territrio nacional, estendendo-se do Rio Grande

    do Norte ao Rio Grande do Sul. Hoje, esta reduzida a apenas 7% de sua rea original .

    IEF Cobertura vegetal e uso do solo da regio leste do Listado de Minas Gerais - Programa de proteo

    da mata Atlntica 1094

    Mod 7003

    21

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    A Mata Atlntica o ecossistema brasileiro que mais sofreu os impactos

    ambientais dos ciclos econmicos da histria do pas. Ainda no sculo 16, houve a

    extrao predatria do pau-brasil, utilizada para tinturas e construes. A segunda

    grande investida foi o ciclo da cana-de-acar. Constatada a fertilidade do solo,

    extensos trechos de matas foram derrubados para dar lugar aos canaviais. No sculo 18,

    foram as jazidas de ouro que atraram para o interior um grande nmero de aventureiros

    portugueses e de vrias partes mundo. A imigrao levou a novos desmatamentos, que

    se estenderam at os limites com o cerrado, para a implantao da agricultura e

    pecuria. No sculo seguinte, foi a vez do caf. Provocando a marcha ao sul do Brasil.

    Nas ltimas dcadas. Rio Novo sofreu um intenso processo de supresso

    da sua vegetao original, desmaiada para suprir a formao de reas de pastagens,

    demanda de madeira para construo civil, carvoejamento destinado a indstria

    siderrgica e reflorestamento com a monocultura do eucalipto. Estes ciclos de ocupao

    econmica na regio resultaram num empobrecimento de sua cobertura vegetal natural,

    restando poucos fragmentos localizados, principalmente nos topos de morros e ao longo

    dos cursos d 'gua e nascentes.

    O mapa de vegetao de Minas Gerais elaborado pelo Programa de

    Proteo da Mata Atlntica de 1994 9 mostra as regies tltoecolgicas e as demais reas

    de vegetao do Kstado com suas formaes remanescentes, os refgios ecolgicos e as

    antropias a que acorrem. l endo como referncia o mapa, imagens de satlite landsat 7 e

    as observaes em campo, elaborou-se uma caracterizao geral da formao vegetal do

    municpio:

    a) floresta estacionai semidccidual - seus agrupamentos remanescentes

    mais expressivos localizam-se nas reas de maior declividade no municpio e nas partes

    superiores das vertentes. Entre as espcies de maior importncia observada nesta mata,

    1EF Cobertura vegetal e uso do solo da regio leste do F.slado de Minas Gerais - Programa de proteo

    da mata Atlntica 1994

    22

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    destacam-se o jacarand-da-bahia e o palmito, constantes na lista oficial de espcies da

    flora brasileira ameaadas de extino.

    Como a maior parte das rvores possui altura de at 8 metros, isso deve-

    se s alteraes ocorridas nessa mala no passado, provavelmente corte seletivo ou

    desbaste. Algumas rvores que apresentaram altura superior a 14 metros, so possveis

    remanescentes da floresta or ig inal 1 0 .

    b) Outras extenses da floresta estacionai semidecidual so as matas

    ciliares ao longo dos cursos d 'gua. As matas ciliares, aquelas que acompanham os

    cursos dos rios, crregos e nascentes e so responsveis pela proteo destes

    mananciais. F,m muitos trechos dos cursos d \ igua que cortam Goiana, como Rio Novo,

    Crrego da Cachoeira, Crrego Lava-p, no existem mais e raro encontrar as matas

    ciliares protegendo esses cursos na extenso definida pela legislao.

    c) Os pastos so reas semicolonizadas por rvores ou arbustos,

    configurando o estgio pioneiro da regenerao natural. A sua predominncia

    caracteriza-se por grandes espaos desmaiados, ocupados por gramneas introduzidas

    para formao de pastagens. Os pastos recobrem as maiores extenses de terras no

    municpio, geralmente ocupando as partes mais planas e so normalmente formados por

    braquiria e capim-gordura e. em menor escala, pelo capim-favorito, colonio e capim-

    elefantc. As pastagens so, no geral, limpas. Algumas rvores nativas se desenvolveram

    aps o plantio das gramneas ou remanescentes da cobertura florestal original, tendo

    sido poupadas do corte. Poucas espcies foram observadas, citando-se o mulungu, ip

    amarelo, angico, fedegoso e leiteiro, (mapa 5)

    1 ( 1 Sete - Relatrio de impacto ambienlal-RIMA

    Mot) 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    23

  • FUNDAO J O O PINHEIRO

    Mapa 5 - VEGETAO - MINAS GERAIS - 2002

    Vegetao secundria (comunidade vegetacional secundria que surgem nas reas modificadas pela interveno humana

    Agropecuria (engloba reas com agricultura cclica, permanente e pastagens

    Fontes: Fundao loo Pinheiro FIP). Centro de Estudos Municipais e Metropolitanos (CEMME)

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    4 ASPECTOS S O C I O E C O N M I C O S

    4.1 Ocupao do Sudeste de Minas Cerais

    Confrontando os dados censitrios de populao do IBGE de 1980, 1996

    e 2000, observa-se uma estabilidade na participao relativa dessa parte do estado. Se,

    cm 1980, sua populao rural e urbana era de aproximadamente 1.644.500 habitantes

    (12%), em 1996 essa populao eleva-se cm nmeros absolutos para 2.076.386

    habitantes e sua participao pouco sc altera. 12.45% do total de Minas Gerais.

    Essa estabilidade no dinamismo populacional da regio est fortemente

    relacionada a um acentuado processo migratrio que vem sendo observado ao longo das

    ltimas dcadas.

    A cidade de Juiz de Fora o maior centro urbano e industrial da regio,

    privilegiada com a sua posio intermediria entre Belo Horizonte, Rio de Janeiro e

    So Paulo.

    A posio do sudeste de Minas Gerais, entre o Rio de Janeiro e Belo

    Horizonte, contribui para explicar seu processo de ocupao. Seu maior detalhamento

    deve permitir uma melhor compreenso.

    As Bandeiras, expedies que tinham o propsito de encontrar pedras c

    metais preciosos, partindo de Piratininga e Taubal (So Paulo), embrenhavam-se em

    direo ao leste mineiro, abrindo caminho na mata por meio das gargantas da Serra da

    Mantiqueira, para alcanar a Serra do Mar e chegar at o litoral norte paulista e baia

    da Ilha Grande, seguindo para a cidade do Rio de Janeiro.

    Com a descoberta das primeiras minas de ouro, principalmente em

    Sabar, o acesso mais fcil cm direo ao Rio de Janeiro era passando por Borda do

    Campo, atual Barbacena. Com isto. outros arraiais foram surgindo, ora como pontos

    M"

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    estratgicos de fiscalizao, ora para facilitar a sobrevivncia dos exploradores,

    mineiros e comerciantes que comearam a passar pela regio procura de novos

    horizontes.

    As barreiras naturais, como a serra da Mantiqueira e a mata atlntica,

    alm de tribos indgenas, foram os primeiros obstculos para a ocupao inicial da

    regio. A ocupao da regio, no comeo, foi tambm dificultada pela poltica da Coroa

    portuguesa, no incio do sculo 18. proibindo a penetrao e abertura de trilhas para

    impedir o que se chamava na poca de i l o descaminho do o u r o " ' 1 .

    Com o propsito de impedir o contrabando, o governo colonial, no auge

    do ciclo da minerao, em 1720, ju lgou imperativo abrir uma estrada ligando a regio

    das minas at a cidade do Rio de Janeiro. Com a abertura da primeira via de circulao,

    as diversas localidades e passagens foram sendo batizadas como forma de identificao,

    como Mata do Rio, Zona da Mata, Mato Dentro, Mata de Rio Doce, Mata do Pcanha,

    Mata do Mucuri e t c 1 2 , compreendendo as bacias dos rios Mucuri, Doce e Paraba do

    Sul. Essa estrada deu origem estrada Unio e Indstria, cujo traado serviu de linha

    para a implantao da atual rodovia l iR -040.

    Com a decadncia da agroindstria da cana-de-acar no perodo

    colonial e a substituio do acar como principal produto de exportao, as plantaes

    de caf em So Paulo comeam a crescer pelos contrafortes da serra do Mar, vale do

    Paraba, e vale do Paraba do Sul, causando profundas transformaes e indo para o lado

    do vale mineiro, peneira pela Zona da Mata, no s modificando-a como tambm a

    economia mineira. Esse crescimento da economia cafeeira, principalmente na primeira

    metade do sculo 19. deveu-se abundncia da mo-de-obra liberada pelas regies

    mineradoras cm decadncia.

    " VALVLRDK, Orlando. Estudo regional da Zona da Mata de Minas Grais, Revista Brasileira de

    Geogralia, Rio de Janeiro, n. l , p. I - 131, jan./mar. 1958. 1 ? Idem

    Mod 7CC

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    26

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    lim 1830, o caf j ocupava o primeiro lugar na pauta das exportaes do

    Brasil. Hm Minas, tomou um forte impulso, principalmente nos municpios de Mar de

    Kspanha, Matias Barbosa, Rio Preto. Rio Pomba e Porto do Cunha, atualmente Alm

    Paraba.

    A partir de 1920. a regio sofre com as crises do caf, tendo como causa

    a superproduo, e como conseqncia, entre outras, um imenso xodo rural. Diante

    disso, na fase inicial a regio experimentou um aumento de sua populao, tornando-se

    uma das mais populosas do estado no incio do sculo 20.

    Com o declnio do caf e sua substituio pela pecuria, cresceu a

    concentrao de terras e a diminuio da oferta de emprego. Com isso, restou

    populao outra alternativa seno a emigrao dentro do prprio estado em direo ao

    sul de Minas, onde o caf expandia-se, acompanhando o outro lado da fronteira paulista.

    4.2 Funcionalidade da economia mineira e regional

    Nas circunstncias em que Minas Gerais se inscreve na diviso

    interrcgional do trabalho, emergem determinados padres de especializao produtiva

    que refletem, em ltima instncia, vantagens comparativas ou locacionais, que dizem

    respeito s que refletem a forma e a intensidade de distribuio das atividades

    econmicas no espao.

    O dcsenvohimento capitalista determina um processo permanente de

    redistribuio das atividades econmicas no espao. Isso se expressa num sistema

    complexo de articulaes, em que as regies c cidades centralizam relaes socio-

    econmicas em nveis espaciais distintos c interrelacionados.

    V o d 7003

    27

    (] o v c r D o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    A emergncia dos centros polarizadores d origem s economias de

    escala ao nvel das regies, associadas a dois efeitos principais 1" 1: de aglomerao, que

    resulta em atratividade s atividades complementares que possuem oportunidades

    cumulativas em termos de reduo de custos ao se implantarem na rea, e o efeito

    ligao, que surge sobretudo com a ampliao c melhoria na rede viria, implicando

    reduo do custo de transporte entre a periferia e o centro.

    A insero do sudeste de Minas Gerais dentro do modelo capitalista

    brasileiro se deu. pois. dentro das bases da produo agropecuria, com suas vantagens

    e desvantagens. Sua vinculao economia do Rio de Janeiro, primeiro como capital

    imperial, depois como capital da repblica, formou-se naturalmente, com reflexos

    importantes sobre a regio.

    Rio dc Janeiro vem perdendo importncia como centro macrorregional

    freme aos demais centros nacionais num processo sistemtico que j se estende por

    quase meio scu lo 1 4 . A perda de importncia do Rio de Janeiro, como centro

    polarizador fica claramente configurada em termos de sua rea dc influncia em Minas

    Gerais. Compem historicamente essa rea os espaos situados a sudeste do estado,

    tendo em Juiz de Fora o centro regional que intermedia essa vinculao. Verifica-se

    contudo, a partir da dcada de 80, uma relativa desarticulao da estrutura de relaes

    regionais a partir do Rio de Janeiro.

    A regio cm estudo vem acompanhando o movimento de perda de

    dinamismo da economia do Rio de Janeiro, conformando um espao cuja importncia

    no setor agropecurio declinante no contexto da economia mineira. O declnio da

    economia cafeeira marca a estagnao e a decadncia da agropecuria e mesmo da

    economia regional como um todo.

    1 ' ANUSR regional da funcionalidade da economia mineira. Belo Horizonte: Fundao Joo Pinheiro,

    1990. 78p. e SUDLSTF mineiro - diagnostico, [Belo Horizonte], Instituto Nacional de Desenvolvimento

    Industrial, 1994. i 16 p 1 4 AN1.SE regional da funcionalidade da economia mineira, op. Cit. Nota 13

    G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s

    28

    Mod 7003

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Na retrao do caf, que ocorre no perodo 1930-50, o setor agrrio tende

    para a pecuria leiteira, processo que se faz acompanhar da subdiviso das grandes

    propriedades rurais da rea, desembocando numa redistribuio fundiria em que

    predominam as pequenas e mdias propriedades.

    A pecuria leiteira, setor que sofreu uma poltica de controle de preos,

    mostra-se incapaz de assegurar o dinamismo c a modernizao setorial. Sua baixa

    rentabilidade implica em nveis reduzidos de investimentos setoriais, resultando numa

    estrutura produtiva relativamente atrasada, caracterizada por ndices tecnolgicos c de

    produtividade muito baixos.

    As culturas alimentares bsicas - arroz, feijo e milho, mantm

    caractersticas acentuadas de produo de autoconsumo e, conseqentemente, baixa

    conotao comercial.

    A modernizao setorial tem-se circunscrito a determinados bolses de

    produo de culturas mercantis - caf, cana-de-acar c, em menor escala,

    hort i fru t i gra nj e i ro s.

    Kmbora estagnada economicamente, a rea dispe de uma infra-estrutura

    bsica relativamente desenvolvida, alm de um sistema de cidades ordenado. H ainda

    dois ramais ferrovirios atravessando a rea, ligando Belo Horizonte ao Rio de janeiro.

    As ligaes ferrovirias, no entanto, atendem essencialmente a demandas de grandes

    empresas extra-regionais.

    Consultando a bibliografia sobre a estrutura regional, observa-se que o

    espao geogrfico est organizado segundo um modelo centro periferia, caracterstico

    da fase atual do sistema capitalista brasileiro. O centro formado pelas duas metrpoles

    nacionais, So Paulo e Rio de Janeiro, com suas reas metropolitanas e uma metrpole

    regional. Belo Horizonte.

    Mod 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    29

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    A periferia constituda de diversas reas ou municpios, cada qual com

    suas caractersticas e suas paisagens, mas todas ligadas por laos de dependncia

    econmica, poltica e cultural com o Rio de Janeiro, So Paulo e Belo Horizonte. A

    maior parte das relaes das reas perifricas com o centro feita por intermdio das

    atividades industriais, do comrcio e dos servios existentes nas metrpoles.

    Conselheiro I.afaiete e Barbacena constituem reas que abrigam centros

    industriais de maior gerao de carga para as ferrovias, com minrio de ferro, ao em

    lingotes e ferro gusa, entre outros produtos minerais e siderrgicos, alm da produo

    de cimento.

    Juiz de Fora constitui cm centro industrial de maior diversificao da

    regio. Possui um conjunto de atividades ligadas siderurgia (laminao de no planos

    comuns), concentrao de zinco, mquinas e implementos agrcolas, fiao, tecelagem

    e confeco, uma produo lacticnio diversificada e uma indstria automobil s t ica 1 5 .

    A produo agrcola, especialmente a de hortifrutigranjeiro, associada ao

    xodo rural, demonstra uma mudana na estrutura regional de produo, essa,

    direcionada ao mercado onde especializa.

    Alguns municpios, porm, apresentam ainda contornos da produo

    tradicional, como Viosa e Muria, que agravam o quadro de fragilidade da produo

    agropecuria regional.

    Kssa estrutura comandada pelo capital, representado por grandes

    empresas e conglomerados, que articulam os segmentos produtivos regionais,

    direcionando os investimentos nas regies perifricas segundo seus interesses. Assim,

    1 5 PLANO multimodal de transpone. [Belo Horizonte): SFPLAN, Secretaria de Filado de Transporte,

    DER/MG. 1994. v 3.0. Anlise scio-econmica.

    Mod ?onn

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    30

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    pode-se observar que a atual diviso interregional do trabalho basicamente a mesma

    desde meados do sculo 20.

    O processo de desconcentrao econmica, particularmente do setor

    industrial, pouco alterou essa diviso, pois as economias perifricas tiveram de se

    adaptar aos interesses da regio mais industrializada, especializando-se em produzir o

    que necessrio para a moderna estrutura produtiva dos centros.

    F.ssa justamente a caracterstica que faz da regio em estudo um espao

    articulado com as economias regionais muito mais voltadas para as trocas internas do

    que para o mercado nacional. No entanto, essa situao pode comear a se alterar com

    estmulos dados ultimamente exportao e acordos estabelecidos com os grandes

    mercados globais, principalmente com os parceiros do jMercosul.

    Diante desse quadro, nas dcadas de 70 e 80, diversas iniciativas dos

    governos estadual e federal e de instituies financeiras internacionais, principalmente o

    Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento - Bird. promoveram aes

    setoriais voltadas para a promoo do desenvolvimento agropecurio regional como o

    Programa de Desenvolvimento Integrado da Zona da Mata (Prodemata) e o Programa

    de Aproveitamento de Vrzeas (Provarzeas). Mesmo assim, tais iniciativas no foram

    suficientes para reverter a estagnao setorial e induzir um processo sustentado de

    modernizao agrcola.

    Na dcada de 90, os estudos da regio Zona da Mata mineira continuam

    com o objetivo de formular estratgias e diretrizes que permitam, uma vez

    implementadas, acelerar o crescimento do setor secundrio da regio. Essa regio foi

    precursora do processo de industrializao do estado e por longo perodo liderou a

    produo fabril mineira. Entretanto, nas ltimas dcadas, passou por transformaes

    marcadas pela perda do dinamismo de sua estrutura produtiva, pelo envelhecimento de

    Mod 7C03

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    seu perfil industrial c por sucessivas quedas de participao no produto industriai de

    Minas Gerais" 1 .

    A anlise do setor agropecurio regional mostra que, quantitativamente, o

    setor ocupa uma posio relevante no estado, contribuindo, em 1990, com 17.9% do

    PIB. J em termos de orientao, este setor vem se caracterizando ainda por uma

    acentuada predominncia da pecuria leiteira e de culturas dc subsistncia tradicional,

    praticada principalmente em municpios com menos de 20 mil habitantes.

    Aps anos difceis com a perda econmica do Rio de Janeiro, a regio

    comea a vislumbrar um alento, com a implantao da fbrica de automveis Mercedes-

    Benz em Juiz de Fora e a retomada da recuperao da economia do Rio de Janeiro, com

    a instalao da fbrica Volkswagen no municpio de Resende, alm da nova fbrica da

    Peugeot-Citron, juntamente com os grandes fornecedores como a Michelin, fbrica de

    pneus, e a Guardian, fbrica dc vidros para carros. Os investimentos das quatro

    empresas somam cerca de US$ 1.2 bilho e propiciaram a criao de 2,3 mil empregos

    d i re tos 1 7 .

    Nessa nova escalada, o Rio de Janeiro d sinais de entrar numa fase

    promissora j nesta dcada dc 90. Poder tornar-se tambm, em pouco tempo,

    importante eixo de desenvolvimento nacional integrado. Essa viso est contida no

    Piano Estratgico de Desenvolvimento do Rio de Janeiro, que tem como autores o

    economista Raphal de Almeida Magalhes, presidente do Comit Coordenador das

    Aes Federais no Estado do Rio de Janeiro, e o engenheiro bliezer Batista, ex-

    presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O plano c parte de um projeto

    maior, divulgado em 1994. que inclui o estado em 18 eixos de desenvolvimento

    traados para levar o Brasil a integrar-se economia sul-americana. Por esse

    1 6 SWDFSTE mineiro - diagnostico. [Belo Horizonte], Instituto Nacional de Desenvolvimento Industrial,

    1994. 116 p.

    ' ' BRANDO. Nilson J. Caminho puxa progresso. Gazeta Mercantil: balano anual 98. Rio de

    Janeiro, v 3, n 3, p l O - l2,nov. 1998

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    32

    Vtxt 7003

  • A FUNDAO JOO PINHEIRO planejamento, o Rio recebeu investimentos superiores a US$ 6,5 bilhes em reas

    bsicas para o desenvolvimento regional. A rea de telecomunicaes, o porto dc * IS

    Sepetiba e o plo gs-qumico em Caxias esto entre os destaques do plano .

    As possibilidades de investimentos no Rio de Janeiro so de tal ordem

    que levaram a Federao das Indstrias do Ustado do Rio de Janeiro (Firjan) e o

    governo estadual a se aliarem para dar partida construo da RJ-109, rodovia que

    permitir melhorar o escoamento de mercadorias por Scpeba. Ela comear no

    entroncamento da BR-116 (Rio-Juiz de Fora) com BR-040 (Rio-Terespolis), cruzar a

    via Dutra e passar pelos municpios da Baixada Fluminense, at chegar ao porto.

    Os investimentos citados acima, somados reforma do Porto de Sepetiba

    (RJ), a escolha de novas empresas para se localizarem no Rio de Janeiro e a efetivao

    do Plano so a base das mudanas que devem marcar a reverso da economia no eixo de

    transporte Belo Horizonte / Rio de Janeiro, muito dependente da agropecuria, no que

    caracteriza a grande parte de seus municpios.

    4 .3 Organizao social e poltica

    A economia do municpio de Rio Novo apresenta-se com forte presena

    da pecuria leiteira, atividade tpica regional. Indica do ponto de vista econmico,

    caractersticas de estagnao, de forma semelhante ao contexto regional, apesar de

    encontrar-se em localizao privilegiada, prxima a Juiz de Fora, principal plo da

    regio. A seguir, de forma sinttica, as caraclersticas econmicas do municpio.

    o si a. o *- < o o

    Li

    BRANDO, Nilson J. Caminho puxa progresso. Gaveta Mercantil: balano anual 98. Rio de

    Janeiro, v 3, n 3, p 10 12. nov. 1998

    " 33

    Mod 7CQ3 E M L I O T E C A M P t M Q A C A O JOO PINHEIRO

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    a) Setor Agropecurio

    A utilizao das terras est associada principalmente cultura do milho

    (representada pelas culturas temporrias) e da pecuria bovina (pastagens naturais e

    plantadas). A expressiva ocorrncia das pastagens naturais mostra um manejo

    tradicional da pecuria, com absoro ainda restrita de tcnicas mais modernas. Alguns

    estabelecimentos agropecurios esto se equipando com currais novos, amplos c

    pavimentados, cercas eltricas, capineiras, utilizando inseminao artificial e ordenha

    mecnica.

    A pecuria bovina, contrariando a tradio do processo histrico de

    ocupao e estruturao econmica regional, est voltada para a produo de corte,

    conforme revelam os dados relativos ao efetivo bovino e a sua destinao (nmero de

    vacas ordenhadas).

    No que tange ao controle sanitrio, o escritrio regional do Instituto

    Mineiro de Agropecuria (IMA) vem desenvolvendo uma intensa campanha para a

    erradicao da febre aftosa, assim como o controle da brucelose e da raiva.

    De acordo com o Censo Agropecurio dc 1995-96. percebe-se, no que sc

    refere estrutura fundiria, que embora haja uma forte presena dos pequenos

    estabelecimentos cm termos de nmero (81 ,9% de participao), em termos de rea esta

    participao alcana s 30,6%, considerando-se aqueles com rea de at 100 hectares.

    Isto implica que os quase 18% de grandes proprietrios detm 70% da rea total.

    Os dados apurados no Censo Agropecurio de 1995/96, relativos ao

    Valor da Produo Agropecuria, mostram destaque para a produo vegetal,

    responsvel por 90 ,25% do valor total.

    Mod 700 "5

    34

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Neste contexto se sobressai a participao da lavoura temporria, a qual

    respondeu por 7 2 , 0 1 % do valor da produo vegetal, resultado associado,

    evidentemente, ao desenvolvimento cultura do milho e do feijo.

    b) Setor industrial

    O setor industrial do municipio representado por 12 estabelecimentos,

    basicamente de pequeno porte, predominando os ramos tradicionais: produtos

    alimentares, vesturio, calados e artefatos de tecidos, bebidas, mobilirio e

    transformao de minerais no-metlicos.

    Com a atuao tradicional das cooperativas e indstrias da regio a

    indstria de laticnios Lcreme, fabricante de queijos, requeijo c manteiga.

    c) Comrcio e servios

    Segundos dados do "Sistema Realidade Municipal", o comrcio varejista

    c o setor de servios so relativamente diversificados, registrando-se a existncia de 74

    estabelecimentos, sendo condizente com o porte e as necessidades do municpio. Nota-

    se. neste contexto, uma forte dependncia do municpio em relao a Juiz de Fora.

    d) Infra-estrutura

    Segundo dados do IBGL, o municpio possui j institudos alguns

    instrumentos de Gesto L'rbana, como a Lei do Permetro Urbano, a de Parcelamento do

    Solo, Legislao sobre Areas de Interesse Especial e de Interesse Social, o Cdigo de

    Obras e o Cdigo de Posturas. Contudo, o municpio no possui ainda um Plano Diretor

    ou Lei dc Zoneamento.

    A questo da moradia no um problema para o municpio de Rio Novo ,

    havendo boa oferta de imveis residenciais, assim como de imveis comerciais. A

    Mod 7003

    35

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Prefeitura Municipal tem desenvolvido aes a fim de propiciar maior acesso

    habitao aos estratos de menor renda.

    O municpio dispe de duas emissoras de rdio, a New River PM e a

    Transa News FM, c dc dois jornais privados (edies mensais), nmero bastante

    expressivo para o seu porte, alm dos jornais regionais que ali circulam. Rio Novo

    servido pela Telemar. possuindo aproximadamente 935 linhas e operando com os

    servios de DDD c DDI. Recebe, ainda, sinal dos principais canais de televiso aberta.

    Na sede urbana. Rio Novo conta com agncias do Banco do Brasil S/ e Banco do

    Estado de Minas Gerais S/A, alm da Cooperativa de Crdito Rural de So Joo

    Nepomuccno.

    Toda a populao urbana localizada na sede e nas vilas j dispe de rede

    de distribuio dc energia eltrica. A eletrificao j atinge cerca de 286

    estabelecimentos rurais (INDI, 2000) , alcanando 70% do total. A distribuio da

    energia eltrica feita pela Companhia Fora e Luz Calaguases-Leopoldina,

    apresentando consumo aproximado de 9.327.000 kWh/ano.

    O municpio dc Rio Novo est interligado pelas rodovias MG-353 , que

    atravessa o centro urbano pondo em risco a populao e a MG-126. Possui, ligaes

    regulares diretas de nibus para Belo Horizonte e os principais centros regionais.

    e) Arrecadao municipal

    Os dados relativos arrecadao municipal revelam receita tributria em

    1999 de RS 708.437,00, sendo R$ 353.528,00 em ICMS. situando Rio Novo entre os

    municpios mineiros de mdio nvel de arrecadao no conjunto do estado.

    Mod 7003

    36

    Governo d c M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    0 Saneamento

    Os servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio em Rio

    Novo sao desenvolvidos pela Prefeitura Municipal por meio de um grupo de trabalho

    que atua junto com o servio de obras do municpio.

    O abastecimento de gua na sede do municpio feito por um sistema

    misto, pane com gua superficial captada e tratada e parte com gua procedente de seis

    poos profundos. O sistema funciona de forma razovel atendendo a aproximadamente

    96% dos domiclios urbanos, mas carece de adequaes como: a implantao do

    controle de qualidade das guas; implantao de desinfeco das guas procedentes dos

    poos profundos; e melhorias e correes diversas, cm especial a retirada dc teores

    excessivos de ferro ocorrentes na gua do manancial superficial.

    Na questo do esgotamento sanitrio existem redes pblicas na sede do

    municpio que atendem a aproximadamente 8 5 % dos domiclios. So redes construdas

    em pocas diversas, parte em cermica e parte em PVC. Os lanamentos so feitos

    dentro da rea urbana no Rio Novo e Ribeiro Caranguejo, provocando poluio nos

    mesmos e se constituindo em risco para a sade da populao que eventualmente pode

    ter contacto com essas guas. No h, portanto, interceptores que encaminhem os

    esgotos para jusante da cidade, e o problema se agrava quando ocorrem enchentes e

    transbordamento dos rios.

    A sede dispe de um pequeno sistema de drenagem pluvial urbana

    constitudo de galerias celulares de pedra e redes tubulares localizadas principalmente

    em algumas ruas da rea mais central do ncleo urbano. Existem deficincias

    relacionadas necessidades de expanso c melhoramentos do sistema. O principal

    problema entretanto ocorrente constitudo pelas enchentes e inundaes do Rio Novo

    e do seu tributrio Ribeiro Caranguejo. Essas guas, contaminadas com esgotos da

    prpria cidade, dc tempos em tempos atingem moradias e outros equipamentos urbanos,

    causando um quadro ambiental grave e que ameaa a sade da populao. Uma

    Mod 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    37

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    providencia inicial e urgente para a questo a proibio efetiva da ocupao das

    margens dos cursos d 'gua e a construo dos interceptores de esgotos.

    No que diz respeito limpeza urbana, Rio Novo dispe de um servio

    que atende a praticamente toda a sede do municpio, e com uma regularidade adequada.

    Entretanto, faz-se necessria a modernizao dos equipamentos e processos. O destino

    final feito em lixo. sem maiores cuidados, caracterizando um problema ambiental que

    necessita de soluo em curto prazo.

    Deve-se ainda destacar que a primeira medida necessria para se buscar a

    melhoria dos servios de saneamento em Rio Novo consiste no estabelecimento ou

    criao de entidades na prefeitura devidamente institudas c constantes no seu

    organograma funcional, com atribuies, responsabilidades e competncias para

    desenvolver os trabalhos.

    g) Sade

    A unidade gestora da sade a Secretaria Municipal de Sade. O

    processo de gesto da sade enquadra-se desde 1998 no sistema de gesto plena, cuja

    ateno bsica c de responsabilidade do municpio, que recebe as verbas

    governamentais.

    O setor de sade apresenta boa estrutura, considerando seu porte. E

    servida por um hospital, a Santa Casa de Misericrdia de Rio Novo, e dois postos de

    sade, um localizado na sede urbana e outro no distrito de Furtado de Campos. Atuam

    na rea de sade 5 mdicos (clnico geral, gineco-obstetra, e dermatologista), 1

    psiclogo. 5 dentistas, duas enfermeiras de nvel superior, 1 farmacutico, I qumico, 2

    auxiliares de dentista, 1 tcnico de laboratrio, 2 tcnicos da vigilncia sanitria e 8

    auxiliares de enfermagem.

    Os postos de sade funcionam de segunda a sexta-feira das 7h s 17h, e

    prestam atendimento bsico populao. Embora lenham recebido novos equipamentos

    Mod 7003

    38

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    para o Centro de sade, o municpio ainda possui problemas para o atendimento da

    populao devido precariedade do prdio em que funciona o centro.

    Segundo o secretrio de sade de Rio Novo, a Santa Casa presta

    atendimento a pessoas de Goiana, Piau, Coronel Pacheco, dentre outros municpios

    limtrofes, possuindo importncia destacada para estes municpios. Casos de maior

    gravidade so enviados a Juiz de Fora. Contudo, a Santa Casa enfrenta a precariedade

    das instalaes de seu Centro de Sade.

    Funcionando num prdio datado de 1914, a vigilncia sanitria e as

    divises estruturais no condizem com a atual demanda.

    Graas ao convnio da Secretaria Municipal de Sade com a Funasa,

    desenvolvido um programa de controle preventivo de dengue e outras molstias

    transmissveis, incluindo a esquistossomose.

    O municpio de Rio Novo oferece ainda um hospital-asilo que conta,

    hoje, com 11 internos que recebem atendimento especializado.

    h) Educao

    O municpio de Rio Novo matriculou, cm 2001 , um total de 2.341 alunos

    distribudos entre as zonas rural e urbana, nos diversos nveis de ensino.

    A anlise segundo o nvel de ensino mostra o esforo que o municpio

    tem realizado para responder demanda por vagas em seu sistema educacional, seja em

    termos absolutos, seja em relao ao atendimento da instncia municipal. As entrevistas

    indicam prioridade ao ensino fundamental. Essa prioridade resulta, sobretudo, do

    trabalho realizado pela rede municipal de ensino por intermdio programa ' T o d a

    Criana na Escola" Nesse sentido, o acompanhamento do Conselho Tutelar nas questes

    de ateno educao fizeram com que a taxa de evaso escolar chegasse a ndices

    39

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    muito prximos a zero. O atendimento s crianas de pr-escola relativamente alto,

    comparando-se com o conjunto de Minas Gerais.

    O ensino mdio tem um nvel de cobertura bastante equilibrado em

    relao ao ensino fundamental, o que denota a importncia que lodo o processo de

    escolarizao tem recebido do poder pblico. Um dos fatores que contriburam

    significativamente para o aumento do nmero de matrcula no segundo grau foi a oferta

    do transporte escolar c. no caso de Rio Novo, a oferta de transporte escolar para Juiz de

    Pora, para aqueles alunos que completaram o segundo grau.

    De fato, a possibilidade de seguir os estudos aps o trmino do segundo

    grau motiva os estudantes a conclurem seus estudos.

    Duzentos e setenta e dois alunos da rede pblica municipal e estadual de

    diversas localidades utilizam o transporte escolar. O transporte feito atravs de 9

    veculos, sete da prpria prefeitura e dois alugados, perfazendo doze linhas implantadas.

    Um grupo benetlciado pelo transporte escolar o de alunos que saem para estudar em

    Juiz de Fora, para cursarem cursos tcnicos profissionalizante, pr-vestibular ou

    faculdade. So atendidos 110 alunos.

    Considerando-se as caractersticas bsicas do setor educacional, que se

    encontra bem estruturado e sem problemas de atendimento demanda para o ensino

    fundamental informaes obtidas na Secretaria Municipal de Educao indicam que o

    setor rene condies de absorver acrscimos de demanda. Tal fato deve, contudo, levar

    em conta a precria oferta de instalaes tsicas que limita essa capacidade de

    ampliao.

    i) Meio Ambiente

    As aes do Departamento de Meio Ambiente esto prioritariamente

    voltadas para a preservao de reas remanescentes representativas do ecossistema

    local/regional. Dessa forma, foi estabelecido um convnio com a Escola Agrotcnica de

    Mod 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    40

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    41

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    Rio Pomba com vistas a real i/ar medies e estudos em uma regio do municpio onde

    est sendo estudada a possibilidade de se efetivar a criao de uma Reserva Particular

    de Patrimnio Natural (RPPN). Alm disso, est sendo implementado um horto

    municipal que realizar a doao de mudas para a populao e dar suporte a uma

    campanha de preservao de matas, a ser realizada numa parceria entre a Secretaria de

    Meio Ambiente e a Secretaria de Kducao.

    j ) Organizao social e atuao institucional

    O municpio possui trs associaes da sociedade civil organizada ligada

    zona rural do municpio: a Associao Comunitria de Furtado Campos, o Sindicato

    Rural de Rio Novo e a Associao de Pequenos Produtores Rurais da Regio de Rio

    Novo. Na zona urbana, destacam-se as organizaes de representao setorial, como a

    Associao Com. Ind. Prestadores de Serv. e Agropec. de Rio Novo (ACIPAR) e o

    SINSFRPIJ. Registram-se tambm atuantes organizaes da sociedade civil como

    clubes de servios (Lions), clube do Lo e a Associao de Pescadores Amadores do

    Rio Novo. Nesse contexto formaram-se os Conselhos e Comisses em mbito

    municipal, dentre os quais o: Conselho Municipal do Patrimnio Cultural, Conselho

    Rionovense de Defesa da Cidadania, a Comisso Municipal de Fmprego, que tem

    recebido recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador para os cursos de capacitao de

    mo-de-obra.

    k) Percepo da comunidade em relao ao empreendimento

    Pelo levantamento de campo, pode-se perceber a divulgao sobre as

    possibilidades de implantao do empreendimento. A notcia fot disseminada a partir de

    duas fontes. Para os proprietrios dos estabelecimentos e moradores da rea diretamente

    afetada, a informao deu-se mediante servios de sondagem e de cadastramento

    realizados. Para a populao, em geral, especialmente, os moradores da cidade de Rio

    Novo, a divulgao adveio de algumas reportagens na imprensa. Foram realizadas

    matrias mostrando uma reunio entre os chefes dos executivos municipais de Rio Novo

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    c Goiana com o governador com vistas a tratar de temas referentes ao planejamento de

    aes para o desenvolvimento regional, e, dentre estas aes a construo do Aeroporto

    Regional da Zona da Mata. Um episdio a ser ressaltado foi a declarao, no jornal

    Minas Gerais, do aeroporto como dc utilidade pblica e, por isso, os proprietrios da

    rea diretamente afetada passveis dc serem desapropriadas. A tnica existente at o

    momento de que o municpio ser contemplado com um bom investimento, o que

    poder contribuir para alavancar uma retomada de sua economia. Dessa forma, a

    implantao do empreendimento encarada com certo entusiasmo, como um fator

    contribuinte para o encaminhamento de novos investimentos para a regio.

    As manifestaes de instituies pblicas ou privadas mostraram-se

    favorveis instalao do empreendimento, que tambm visto como um fator

    positivo, tendo em vista que haver, especialmente durante a etapa de construo, um

    acrscimo da oferta de emprego e dc arrecadao para o municpio. Ressaltam, no

    entanto, a necessidade de se avaliar claramente os impactos ambientais, sobretudo no

    que diz respeito questo do rudo, riscos de acidentes e aumento da quantidade de

    pessoas no municpio em funo da construo do aeroporto e de seu funcionamento.

    MtxJ 7003

    42

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    5 SUGESTES DE T R A B A L H O MUNICIPAL

    Este tpico sugere um conjunto de diretrizes que podero ser utilizado

    para formular agendas de trabalho da prefeitura, orientar a elaborao de planos,

    programas e projetos locais e auxiliar os administradores e tcnicos na conduo dos

    negcios municipais. Trata-se de uma realidade de cada lugar, de modo a definir as

    aes prioritrias a serem desenvolvidas.

    As aes a serem empreendidas pelos prefeitos devem ser precedidas da

    elaborao de amplo diagnstico dos problemas locais em todos os setores, c deve

    considerar, em sua preparao, a participao da sociedade.

    A atitude de envolver os atores municipais permite o fortalecimento do

    setor pblico local, d sinergia s aes e agrega energia e recursos de toda ordem ao

    processo de desenvolvimento.

    A administrao municipal necessita ser pr-ativa, empreendedora,

    inovadora, sensvel s demandas e s potencialidades locais.

    K preciso considerar a integrao do municpio com sua rea de em torno

    e com a regio onde se localiza. Nesse sentido, a participao em associaes e

    consrcios municipais facilita a soluo de problemas e o uso racional dos recursos. So

    exemplos a existncia de consrcios municipais de sade, brigadas de incndios e as

    associaes formadas para manuteno e conservao de estradas.

    a) Promover o desenvolvimento econmico local

    Os administradores municipais devem buscar o desenvolvimento

    econmico, sem o qual ser impossvel gerar ocupao c renda para a populao.

    43

    Mod 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    O desenvolvimento deve assentar-se sobre as potencialidades locais,

    buscando inserir a economia municipal, sucessivamente, nos mercados regional,

    nacional e internacional

    A gerao de emprego de qualidade fundamental para reverter o quadro

    de pobreza existente no pas e em praticamente todos os municpios.

    O desenvolvimento econmico fundamental gera um ciclo virtuoso

    com impacto favorvel sobre as finanas e a administrao municipal, bem como sobre

    a qualidade de vida das pessoas, desde que preserve o meio ambiente.

    b) Aumentar a proviso da infra-estrutura municipal

    A existncia de infra-estrutura condio indispensvel para o

    crescimento / desenvolvimento econmico e social municipal. Assim, fundamental a

    existncia e / ou disponibilidade de uma rede mnima de transporte, energia eltrica,

    abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, comunicaes - especialmente de rede

    telefnica, dentre outras.

    Um municpio com potenciai para desenvolver o setor secundrio deve

    dar ateno disponibilidade de terrenos para a instalao de fbricas, por exemplo. Se

    o potencial de crescimento for a agrcola faz-se necessrio cuidar das estradas vicinais,

    instalar um mercado do produtor, alm de outros equipamentos de apoio agropecuria.

    c) Tornar o municpio mais atraente para receber investimentos

    Us governos estaduais e municipais esto se conscientizando de que

    necessrio preparar o seu territrio para receber investimentos, sob pena de ficar

    margem do processo de desenvolvimento. As empresas esto se localizando cada vez

    mais onde as vantagens comparativas forem maiores: disponibilidade de infra-estrutura,

    mo-de-obra treinada, existncia de terrenos para localizao das atividades, dentre

    outros fatores.

    Mod 7003

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    44

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    As prefeituras devem esludar as possibilidades de crescimento das

    atividades e setores c de atrair empresas para o seu municpio, sob pena dos negcios se

    concentrarem em poucos pontos do territrio nacional.

    Tornar o municpio mais atraente no significa apenas ter farta infra-

    estrutura. Outros aspectos devem ser observados, como a legislao local, a

    disponibilidade de mo-de-obra treinada, e a concesso de incentivos que no

    signifiquem a eroso das finanas locais.

    d) Apoiar as microempresas e o setor informal

    As microempresas e o setor informal devem ser incentivados por serem,

    em geral, grandes geradores de empregos e pelo papel importante que ocupam hoje na

    cadeia produtiva, onde a terceirizao se evidencia como mecanismo cada vez mais

    adotado pelos setores pblico e privado.

    li importante tambm fortalecer o esprito empreendedor local, mediante

    identificao e divulgao de oportunidades de negcios: o que falta no municpio e na

    sua regio do entorno e que pode ser produzido localmente uma possvel ao a ser

    encetada.

    As prefeituras municipais podem tambm organizar formas de

    financiamentos para as microempresas e apo ia ra formalizao de atividades informais.

    e) Priorizar as atividades rurais

    Os maiores ndices de pobreza relativa localizam-se nas reas rurais. Isto,

    combinado com o fato de que a maioria dos pequenos municpios possui como base

    econmica as atividades rurais e nela residem as maiores oportunidades de crescimento,

    torna prioritrio apoiar o setor.

    Mod 70C3

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    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Os municpios devem auxiliar, lambem, os governos estadual c federal na

    implantao da reforma agrria e no apoio agricultura familiar, aumentando a gerao

    de emprego no campo.

    0 Explorar o potencial turstico

    Os municpios menos urbanizados tm, em muitos casos, um potencial

    turstico no explorado. O crescimento da demanda pelo turismo ecolgico pode

    significar uma alavanca para o crescimento econmico de muitos lugares, desde que

    devidamente organizados e incentivados.

    O turismo uma das atividades que mais cresce atualmente e que apoia

    no uso intensivo de mo-de-obra alm, de envolver nmero de setores como transporte,

    hotis, restaurantes, artesanatos e produo cultural, dentre outros.

    g) Ajustar a administrao municipal

    A mquina administrativa da prefeitura dever ser ajustada de modo a

    cumprir no s as determinaes constitucionais, como tambm adaptar-se s mudanas

    que, progressivamente, vm ocorrendo no papel do Estado. Tas ajustes no se referem

    apenas "estrutura" organizacional da administrao mas, principalmente, mudana

    comportamental.

    h) Capacitar os servidores da administrao municipal

    No basta realizar a reforma administrativa da prefeitura municipal. E

    importante capacitar os servidores em todos os nveis, de modo a entenderem

    plenamente qual a sua "misso".

    A educao profissional e a reciclagem permanente dos servidores e

    tcnicos devero ser buscadas junto aos rgos tcnicos estaduais, privados e

    organizaes no-governamenlais, como o Fundao Joo Pinheiro, o Instituto

    Mod 7003

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    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    Brasileiro de Administrao Municipal - IBAMA, e o Programa de Formao

    profissional do Ministrio do Trabalho.

    i) Reduzir o gasto pblico nas atividades-meio

    O aparelho estatal brasileiro gasta muito em atividades-meio, como por

    exemplo em pessoal, manuteno e conservao, pouco restando para a realizao de

    investimentos c gastos correntes nas atividadcs-lns.

    Vrios governos estaduais e municipais despendem mais de 6 0 % de sua

    receita total com a folha de pagamento do funcionalismo, o que , inclusive, ilegal.

    j ) Aumentar a receita municipal

    Alm de reduzir os gastos com as atividades-meio, faz-se necessrio

    incrementar as receitas municipais mediante o aumento da arrecadao oriundo da

    cobrana de impostos e taxas arrecadados localmente.

    Rssa providncia fundamental, tendo cm vista que as receitas

    constitucionais e as transferncias a fundo perdido no devero crescer

    substancialmente no futuro, isto , s aumentaro - no caso das transferncias

    constitucionais - em funo do crescimento das atividades econmicas, o que ocorre

    lentamente.

    A cobrana de impostos locais deve considerar a capacidade de

    pagamento da populao, de modo a evitar a evaso tributria e no cometer injustias

    com os mais pobres. Os impostos e taxas devem ter, assim, um efeito redistributivo.

    Mod 7003

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    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO PINHEIRO G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    k) Organizar a ocupao do espao municipal c proteger o meio

    ambiente

    A proteo ao meio ambiente dar sustentabilidade ao desenvolvimento.

    E necessrio dotar medidas prticas de preservao e conservao da flora, fauna, ar e

    recursos hdricos, com vistas a criar no territrio municipal um ambiente atraente para a

    implantao das diversas atividades.

    O instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e expanso urbana

    o Plano Diretor. Iodas as cidades com mais de 20 mil habitantes devero possuir o

    seu plano.

    De um modo geral, os planos diretores estabelecem as diretrizes para a

    ordenao das atividades urbanas, para a legislao que disciplina o uso do solo, e ainda

    orienta o crescimento das cidades, sendo, em muitos casos, o principal instrumento de

    desenvolvimento dc todo o municpio.

    F, preciso que o Plano Diretor se transforme em lei, de modo a servir

    como instrumento efetivo de ordenao do uso do solo c das atividades urbanas. Os

    vereadores devem exigir o seu cumprimento.

    Ainda que o Plano Diretor venha a ser elaborado por equipes de fora das

    prefeituras, imprescindvel que tcnicos e funcionrios locais acompanhem a sua

    preparao e sejam treinados com o objetivo de implant-los.

    A implantao dos planos diretores tem sido facilitada pela criao, na

    Constituio de 1988, de novos institutos jurdicos para o desenvolvimento urbano.

    Os novos institutos jurdicos criados foram: o parcelamento e a

    edificao compulsria; o imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo; a

    indenizao expropriatria paga em ttulos da dvida pblica; e o usucapio urbano.

    48

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    As trs primeiras medidas foram criadas para promover o adequado

    aproveitamento dos terrenos no utilizados e subutilizados (os chamados vazios

    urbanos), de acordo com o que dispuser a lei do plano diretor.

    As prefeituras devem se apoiar nesses instrumentos, especialmente no

    usucapio urbano estabelecido no artigo 183: '"aquele que possuir como sua rea urbana

    de at duzentos e cinqenta metros quadrados, por cinco anos. ininterruptamente e sem

    oposio, utilizando-a para sua moradia e de sua famlia, adquiri-lhe- o domnio, desde

    que no seja proprietrio de outro imvel urbano ou rural". direito no ser

    reconhecido ao mesmo possuidor por mais de uma vez e os imveis pblicos no sero

    adquiridos por usucapio . 1 9

    SOUZA, Ldgar Bastos de. Gesto municipal c desenvolvimento integrado e sustentvel. Braslia: Secretaria - Execuiiva do Programa Comunidade Solidria, 1998.

    49

    M M ) 7 0 0 3

    G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

  • FUNDAO JOO G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s

    PINHEIRO

    6 LEI DE USO E O C U P A O D O S O L O E N T O R N O DO A E R O P O R T O

    REGIONAL DA ZONA DA M A T A

    A implantao do novo Aeroporto Regional da Zona da Mata dotado de

    infraestmtura adequada ao atendimento da demanda de passageiros c cargas do sudeste

    do Estado de Minas Gerais, proporcionar facilidades ao desenvolvimento econmico

    da regio, ampliando as relaes comerciais com os grandes centros do pas, com

    reflexo direto no mercado potencial para o transporte de cargas.

    Nessa perspectiva, o planejamento geral tem por objetivo estabelecer a

    concepo para o desenvolvimento do aeroporto, considerando a melhor relao entre o

    atendimento da demanda estimada, o meio ambiente, o uso do solo na rea de em torno

    e a disponibilidade do sitio para a instalao das facilidades. Nesta concepo, esto

    incorporadas as diretrizes gerais do Comando da Aeronutica, bem como as diretrizes

    urbanas e ambientais.

    A concepo de desenvolvimento para o aeroporto resulta da

    compatibilizao de estimativas de capacidade prevista e dos parmetros gerais de

    planejamento compreendendo:

    O estabelecimento do zoneamento funcional do sitio aeroporturio;

    A programao das fases de implantao;

    A configurao fsica mais adequada evoluo do trfego areo

    projetado para os prximos vinte anos;

    A utilizao da rea patrimonial proposta para um horizonte de

    planejamento superior ao de vinte anos, estabelecido neste Plano

    Dentre as diretrizes gerais acima, elaboradas pelo Comando da

    Aeronutica, a rea patrimonial ser estudada com mais detalhe por conter o uso e

    ocupao do solo cm torno do aeroporto, bem como as diretrizes urbanas e ambientais.

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    Mod 7003

  • FUNDAO JOO PINHEIRO

    As caractersticas da topografia da Regio da Zona da Mata oferecem

    poucas opes no que tange escolha de um sitio aeroporturio ideal. Diante das

    dificuldades de selecionar uma rea desocupada e de relevo menos acidentado, o

    Governo do Estado de Minas Gerais indicou o sitio localizado entre os municpios de

    Goiana e Rio Novo, ao longo do trecho da rodovia MG-353.

    A rea patrimonial, onde estabelece as diretrizes de zoncamento de rudo,

    foi definida de modo a abrigar uma infraestrutura aeroporturia compatvel com o

    potencial de gerao de demanda por transporte areo da Regio da Zona da Mata para

    alem do horizonte final de planejamento (2022).

    As diretrizes foram estabelecidas


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