POLÍTICA ECONÔMICA COM DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: UMA VISÃO KEYNESIANA NUMA
ÉPOCA DE CRISE MUNDIAL
CRISE MUNDIAL E SUSTENTABILIDADE
O artigo avalia como a civilização moderna está lidando com a crise
mundial, ao compará-la com a Grande Depressão de 1930, e
sugere a elaboração de um novo modelo produtivo e de consumo
por meio de um pacto global.
Leonardo De Vincenzi (Analista de Controle Externo do TCE–RJ e Mestre em Administração Pública FGV/Ebape)
exigentes padrões de consumo
de partes da sociedade moderna
reforma do modelo atual
por um modelo + racional no uso de recursos
financeiros e ambientais
encruzilhada histórica
Crise de 2008
Início do Sistema Bancário
• Primeiros bancos surgiram na antiguidade quando joalheiros passaram a guardar economias e dinheiro de pessoas ricas em seus cofres;
• A atividade paralela aumentou quando eles passaram a emprestar dinheiro à base de juros;
• Por precaução, tinham cautela de deixar uma reserva em caixa.
Problemas do Sistema Bancário
• Quando algumas pessoas desconfiavam da
probidade ou da prudência de determinado
joalheiro ...
• ... ao ponto de acharem que ele não poderia
pagar suas notas promissórias ou ter dinheiro
em caixa suficiente para seus clientes ...
• ocorria a “quebra de confiança” e a “corrida
aos bancos”.
Sistema Bancário Moderno
• Após um longo passado de falências e crises, o sistema bancário foi sendo reformado pelo Estado;
• Para organizar o sistema foi criada uma agência estatal reguladora chamada BANCO CENTRAL;
• Nasce assim o sistema bancário moderno.
Banco Central
• Passou a estabelecer regras para o sistema bancário, ao fazer inspeções, padronizações e centralização das reservas bancárias;
• Mesmo assim não impediu a “corrida aos bancos”;
• A mais grave – na década de 1930 – surgiu com a queda no preço das commodities causada pela queda da Bolsa de Nova Iorque em 1929;
• O governo dos EUA, baseado na teoria clássica do mercado livre, não socorreu o sistema bancário, que acabou indo à falência.
Crise financeira de 2008 - I
• O sistema financeiro atual é bem mais
complexo do que o existente em 1929;
• Após a Grande Depressão de 1930,
aproveitando algumas idéias de Keynes,
os EUA desenvolveu um sistema bancário
com salvaguardas bem mais abrangentes;
• Porém, surgiram os Bancos de
Investimento, que não aceitavam
depósitos de correntistas.
Crise financeira de 2008 - II
• Por não apresentar o risco das “corridas bancárias”, tais bancos foram regulados com menor rigor pelo Fed.
• O revés começou a surgir justamente quando bancos de investimento dos EUA passaram a funcionar como um sistema bancário paralelo;
• Exemplo: Auction-Rate Security (ARS) criado pelo banco de investimento Lehman Brothers em 1984;
• Mutuantes teoricamente emprestavam dinheiro a longo prazo (30 anos) para a instituição.
Crise financeira de 2008 - III
• Porém frequentemente faziam pequenos leilões permitindo novos investidores substituíssem os que desejassem sair do esquema;
• Além disso, em 1999 foi permitido aos bancos comerciais tradicionais entrar no lucrativo negócio dos bancos de investimento;
• Em 2008, com a progressiva falta de novos ofertantes, os leilões começaram a fracassar e novos investidores passaram a evitar o ARS;
• Quando os investidores perceberam o perigo da perda de liquidez, sucedeu uma contagiosa corrida àquele banco de investimento.
John Maynard Keynes
• Keynes já nos advertira que a confiança entre os agentes econômicos era fundamental para o bom funcionamento do regime capitalista;
• Pela abertura da maioria dos mercados internacionais e pelo desenvolvimento nas telecomunicações, crises locais passaram a ter a capacidade de se alastrar rapidamente para outros mercados;
• Ao deixar o Lehman Brothers falir - repetindo o erro de 1930 -, o governo dos EUA permitiu uma crise de confiança nos EUA que se alastrou pelo restante do mercado financeiro em pouco tempo;
A desregulamentação do sistema
financeiro é a principal culpada da
crise?
• No mínimo essa é uma visão simplista
do problema;
• Existem outros problemas mais graves
para a eclosão da crise, entre eles a
falta de sustentabilidade de um atual
modelo de consumo exagerado.
Desenvolvimento sustentável - I
• Clube de Roma na década de 1970;
• Eco-92 e Agenda 21;
• Cúpula Mundial de 2002 em Joanesburgo
declarou-se que o DS é feito sobre 3 pilares
independentes e mutuamente sustentadores:
1. desenvolvimento econômico;
2. desenvolvimento social;
3. proteção ambiental.
Desenvolvimento sustentável - II
• O modo como foi definido o assunto significou a
primeira tentativa de se adequar o sistema
capitalista às normas e leis que preservam o meio
ambiente das agressões que vinha recebendo;
• A questão é que, para atingir o elevado nível de
desenvolvimento e crescimento econômico em que
se encontram, os países desenvolvidos destruíram
boa parte de suas florestas e esgotaram a maior
parte de seus recursos naturais;
Desenvolvimento sustentável - III
• Embora representem cerca de 20% da população do planeta, os países ricos acumulam 80% dos rendimentos e consomem 70% de toda energia produzida no mundo;
• Um dos grandes entraves na busca de uma solução global é a miséria absoluta;
• Em 2008, a ONU declarou que havia mais de 1 bilhão de indivíduos no mundo vivendo com menos de 1 US$ por dia.
Desenvolvimento sustentável - IV
• O lixo urbano e industrial vem aos
poucos se tornando um dos maiores
problemas do século;
• No Brasil, a quantidade de resíduo
sólido doméstico produzido por
habitante já atingiu a marca de 1 kg/dia;
• Menos de 1% desse lixo é reciclado.
Desenvolvimento sustentável - V
• Ou seja, durante a vida média de 70 anos, nós brasileiros em média geramos o equivalente ao peso de um container lotado de resíduos sólidos sem uso (cerca de 25 tons);
• Isso sem contar com a quantidade diária de dejetos sanitários produzidos, cujo tratamento no Brasil só é oferecido apenas à metade (52,2%) dos seus municípios.
O que fazer ?
• Vimos que o modelo de desenvolvimento sustentável é diferente entre países pobres e ricos;
• Por isso existe uma grande diferença de interesses para se chegar a um acordo sobre um modelo sustentável que seja viável tanto para países pobres e ricos;
• O fracasso nas discussões globais sobre o tema em Copenhegue-2009 foi um sintoma dessa diferença.
Conclusão
• Ao defendermos a tese de que a atual crise econômica mundial tem vínculos estreitos com a crise ambiental global, não queremos apontar culpados;
• Criticamos apenas a voracidade e a insolidariedade que isso representou em nossa sociedade, pela ganância da acumulação de riquezas e pela busca do lucro a qualquer custo (greed is good);
• Por esse motivo, propomos um debate participativo e inclusivo para a idealização de um novo modelo produtivo e de consumo global.