O CAMINHAR DAS GERAÇÕES Divisões geracionais delimitam identidades e ajudam a categorizar a construção de individualidades no Brasil
POR GLOBOSAT
A segmentação das pessoas de acordo com a geração à qual pertencem se tornou uma chave de diferenciação e de demarcação de individualidades. O debate teórico em torno desse tema originou nomenclaturas e teorias que, na prática, dizem respeito à constante
tentativa humana de entender a complexidade do mundo. No cenário brasileiro, a vivência de determinados momentos históricos ajuda a
compreender, no fluxo do tempo, características em comum que unemas pessoas em seus perfis geracionais
A identificação e nomeação das gerações parece criar vias simples de compreensão daquilo que é novo. Contudo, o senso comum não dá conta de aprofundar a análise geracional e muitas vezes parte de falsos pressupostos ou de uma única variável para aglutinar as pessoas numa determinada "caixinha", criando uma falsa homogeneidade baseada apenas no tempo de nascimento.
GERAÇÕES: POR QUE FALAMOS DELAS?
POR ESSA LÓGICA,
JEAN WYLLYS,BEYONCÉ, TIM COOK E AYRTON SENNA
SERIAM SÍMBOLOS DA MESMA GERAÇÃO, CERTO?
GLOSSÁRIO DAS GERAÇÕES
(1883-1899)
A GERAÇÃOPERDIDA
(1960-1980)
A GERAÇÃO X
(1982-2004)
MILLENNIALS
(2000 em diante)
GERAÇÃO Z
(1900-1924)
A GERAÇÃOGRANDIOSA
(1925-1945)
A GERAÇÃOSILENCIOSA
(1946-1964)
OS BABYBOOMERS
MOSAICO TEÓRICO
GERAÇÃO É ALGO NOVO.
Até 1850, “geração” era somente concebida de maneira genealógica, ou seja, de pais para filhos. Somente no século XIX é que o conceito passa a
ser associado a um grupo de pessoas que nascem em um determinado momento histórico. Nesse contexto, duas frentes teóricas promovem essa associação e suscitam o grande debate: o Positivismo, de Augusto Comte,
e o Historicismo, de Wilhelm Dilthey.
MOSAICO TEÓRICO
Reforma Intelectual
Ciências exatas como resposta
Visão linear da história (estamos sempre progredindo)
Transformar sociologia em ciência
Sucessão de Gerações (a cada 30 anos uma geração seria suplantada por outra)
POSITIVISMOAuguste ComteSÉC XIX:
1798-1857Filósofo francês
Um dos fundadores da sociologia
MOSAICO TEÓRICO
Não busca leis universais, valoriza o parti-cular (cada sociedade tem suas diferenças,
a singularidade, o específico)
Experiência compartilhada da história por um determinado grupo de pessoas
Qualitativo e não quantitativo
Tempo Natural é diferente do Tempo Humano (construído socialmente)
Nova geração = grupo de pessoas que compartilham mesmo momento histórico
HISTORICISMO Wilhelm DiltheySÉC XIX:
1833-1911Filósofo alemão
MOSAICO TEÓRICO
POSIÇÃO GERACIONAL
CONEXÃO GERACIONAL
UNIDADE GERACIONAL
Karl Mannheim foi além e problematizou a ideia de “gera-
ção” a partir de três variáveis de análise:
Sob outra perspectiva, Philip Abrams
direciona o seu olhar para o indivíduo
e sua relação com outros aspectos:
I. INDIVÍDUO
II. IDENTIDADE
III. PRIVILÉGIOS
IV. TEMPO DE VIDA INDIVIDUAL
Karl MannheimSÉC XIX:
1893-1947Sociólogo húngaro,
famoso pela sociologia do “conhecimento”
BRASIL, MOSTRA SUA CARA
(1964-1984)
DITADURA
(1984-1994)
REDEMOCRATIZAÇÃO
(1994-2015)
ESTABILIZAÇÃO
O processo histórico em andamento no Brasil foi marcado por aconteci-mentos que influenciaram as vidas das gerações nascidas em cada período.
Em cada um desses períodos, os privilégios experi-mentados são condicionados por divisões de classe, raça e gênero. Isso significa que a maioria das pessoas não vive o momento histórico de forma idealizada. Grande parte da população brasi-leira não terá, portanto, interações com o processo histórico a partir de um viés ideal.
Dessa forma, no que se refere ao período de Esta-bilização, considerando-se um recorte temporal que se inicia a partir de meados dos anos 90, che-gamos a quatro posições geracionais, definidas com base em variáveis como localização temporal, geográfica e de classe, indicando a força com que o senso de individualidade e de identidade em cada grupo se desenvolveu.
A PARTIR DE
MEADOS DOS
ANOS 90
PROPÓSITO
TRABALHOPRAZEROSO
GLOBALIZADOS E COSMOPOLITAS
EXIGENTESREPERTÓRIO SOFISTICADO
INDEPENDENTESDA CULTURA DA MASSA
CÓDIGOS DE LUXO DE MENOR “OSTENTAÇÃO”
senso de
individualidade:
MUITO FORTE!
1.BRASIL CLASSE ALTA
identidade
BRASIL, MOSTRA SUA CARA
A PARTIR DE
MEADOS DOS
ANOS 902.BRASIL CLASSE MÉDIA
TRADICIONAL
identidade
BRASIL, MOSTRA SUA CARA
OTIMISTAS
AUTOCONFIANTES
EXIGENTES
REPERTÓRIOSOFISTICADO
INDEPENDENTESDA CULTURADE MASSA
CÓDIGOS DE LUXO DE MENOR “OSTENTAÇÃO”
senso de
individualidade:
MUITO FORTE!
A PARTIR DE
MEADOS DOS
ANOS 903.BRASIL CLASSE MÉDIA
NOVA
identidade
BRASIL, MOSTRA SUA CARA
AMBICIOSOS
E CONSUMISTAS
TRABALHO COMOSOLUÇÃO / RECONHECIMENTO
NÃO ENXERGAMBARREIRAS
ACESSO À TECNOLOGIA
APROVEITAR MAIS DO QUE OS PAIS
CULTURA DA MASSA
REPERTÓRIO MENOSSOFISTICADO
senso de
individualidade:
FORTE!
A PARTIR DE
MEADOS DOS
ANOS 904.BRASIL CLASSE BAIXA
identidade
BRASIL, MOSTRA SUA CARA
MENOR CONEXÃO COM REALIDADES DIFERENTES
MAIS EMPODERADOS/MAIOR RESPONSABILIDADE
BATALHA POR TECNOLOGIA
ESPERANÇOSOS /RECONHECIMENTO
APROVEITAR MAIS DO QUE OS PAIS
DEPENDENTES DA CULTURA DA MASSA
REPERTÓRIO SIMPLES
senso de
individualidade:
FRÁGIL!
ESSAS CARACTERÍSTICAS INDICAM QUE O SALDO QUE F ICARÁ PARA A HISTÓRIA É O
AUMENTO DO ESTÍMULO E POTENCIALIZAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE NO BRASIL , UM
PROCESSO FOMENTADO A PARTIR DAS CONDIÇÕES HISTÓRICAS OBSERVADAS. APESAR
DAS DISCREPÂNCIAS E INDEPENDENTEMENTE DAS CLASSES SOCIAIS , AS PESSOAS QUE
PARTILHARAM A VIVÊNCIA DESSE MOMENTO BUSCAM E VALORIZAM, ASSIM, FATORES
COMO CONTROLE, REPRESENTATIVIDADE, PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE, QUALQUER QUE SEJA O CONTEXTO DE VIDA. A
AUTONOMIA DE DECISÕES E ESCOLHAS É O DENOMINADOR COMUM ALMEJADO PELAS
PESSOAS NESTE BRASIL QUE SE DESCORTINA.
FONTE:Inesplorato (2016)