COMENTÁRIO GERAL
Numa palavra só? Previsível: a prova de Língua Portuguesa e Literatura do ITA, edição 2015-2016, foi incrivelmenteprevisível. Eis o seu “desenho”:
� 1 primeiro texto maior, com algumas questões de compreensão e interpretação;� 1 segundo texto, um pouco menor, com questões de compreensão e interpretação, acrescidas de algumas noções
gramaticais;� Uma tirinha;� Questões sobre romances importantes da Literatura Brasileira, exigindo, na prática, leitura obrigatória;� Questões regulares de compreensão e interpretação de poemas da literatura contemporânea, do tipo plunct-plac-
ti-zum, não vai a lugar nenhum”.Muito pouco, para uma instituição de excelência como o ITA. Sim, existe a virtude de a prova possuir um tema – neste
ano, a importância do diploma –, mas não é o suficiente. Sim, houve a virtude de não haver erros grotescos na prova, mastambém não é o suficiente.
Nossos alunos certamente estão muito contentes, pois seu desempenho provavelmente foi espetacular, uma vez queestavam bem treinados para a mesmice – e para provas muito mais fortes. Agora, a prova poderia e deveria ser muitomelhor; uma referência para outras provas no Brasil.
Quanto à Literatura Brasileira, valem as nossas reclamações de anos anteriores: o ITA insiste na ideia de se cobraremobras clássicas da Literatura Brasileira, sem exigir uma lista de leituras obrigatórias. Sim, normalmente são questões sobrelivros fundamentais, mas que muitas vezes exigem que o aluno conheça mais do que genericamente os enredos. Nesteano, sem maiores problemas, na medida em que Memórias póstumas de Brás Cubas, O cortiço e S. Bernardo sãolivros mais que consagrados. Entretanto, a pergunta é a seguinte: quais e quantas seriam as obras indispensáveis daLiteratura Brasileira cujo enredo o candidato deve conhecer a fundo? As 10 principais? As 20? Ou as 30 mais? Algo que, anosso ver, deveria ser repensado, para que o aluno estude mais e estude melhor a Literatura Brasileira.
Quanto aos poemas, infelicidade total. Alternativas sem muito sentido ou critério. Lamentável mesmo.
21.
Resolução:
a) INCORRETA. Na atualidade, Rubem Alves nos mostraque há pouca oferta de empregos, insuficiente para aten-der a todos os egressos das universidades.
b) CORRETA. É o que está bem claro no penúltimo parágrafo.
c) INCORRETA. De certa forma, repete o erro da alternativa A.
d) INCORRETA. Os ofícios requerendo habilidades manuais nãosão necessariamente ministrados pelas universidades.
e) INCORRETA. O texto fala de ofícios e não cursos neces-sariamente.
Alternativa: B
22.
Resolução:
a) INCORRETA. Não é o foco do texto. Rubem Alves, em mui-tos outros textos seus, falou contra os vestibulares, masaqui, neste texto, o foco é outro: a universidade, representa-da por seu fruto dileto, o diploma, não garante necessaria-mente sucesso pessoal ou financeiro.
b) INCORRETA. Não há otimismo no texto.
c) INCORRETA. O texto fala de outras atividades que não exigemdiploma, mas que são assalariadas.
d) CORRETA. O texto fala sobre as dificuldades existentes nomercado de trabalho.
e) INCORRETA. Outra alternativa que aborda algo que nãovem a ser o foco do texto.
Alternativa: D
23.
Resolução:
Questão de resposta quase direta, de resposta quase literal no texto (linhas 55 – 61).
Alternativa: E
24.
Resolução:
c) INCORRETA. Nem sempre o diploma universitário proporciona satisfação pessoal ou bons rendimentos financeiros.
Alternativa: C
25.
Resolução:A famosa questão dos Mecanismos de Coesão. Essa ilusão = formação universitária. Questão fácil.
Alternativa: A
26.
Resolução:
Questão abordando a presença de linguagem coloquial no texto. A letra A poderia ter suscitado dúvida em algunsalunos, na medida em que a expressão “Vou confessar” seria, em princípio, um tanto coloquial, pois é a forma variantebrasileira muito comum, substituindo a forma de futuro “Confessarei”. Agora, a letra C apresenta algo em nível muito maiscoloquial: “aí”, não no sentido de lugar, mas no sentido de tempo.
Alternativa: C
27.
Resolução:
a) CORRETA. Faço maldades, mas não por mal = contradição típica; paradoxo.
b) CORRETA. Imenso, imenso mesmo = a palavra em destaque demonstra a gradação na expressão.
c) CORRETA. Alegria / Tristeza = pares de palavras de sentido oposto, configurando a clássica antítese.
d) INCORRETA. Basicamente, a ironia consiste em dizer algo subentendendo exatamente o seu oposto. Não é o que ocor-re neste caso.
e) CORRETA. Caminhão gigantesco é exemplo de hipérbole sim.
Alternativa: D
28.
Resolução:
O verbo “ter”, nas letras A, C, D e E, possui o sentido de “possuir”. Na letra B (resposta da questão), o verbo “ter” éauxiliar na locução “têm de se submeter”.
Alternativa: B
29.
Resolução:
A palavra “até” possui basicamente duas acepções:
� Até � advérbio: palavra denotativa de inclusão, equivalente a “inclusive”.� Até � preposição: indica algum tipo de limite.
Alternativa: A
30.
Resolução:Questão relacionando os dois textos. O quadro a seguir evidencia os elementos em comum:
OPÇÃO TEXTO 1 TEXTO 2
A SIM NÃO
B SIM NÃO
C NÃO SIM
�D SIM SIM
E NÃO SIMAlternativa: D
31.
Resolução:
Há um tom mais crítico e imparcial no texto 2. Resposta quase que direta.
Alternativa: B
32.
Resolução:
Questão ruim de pontuação, começando pelo enunciado impreciso. Podemos ainda mencionar o seguinte:
� Os adjuntos adverbiais, quer orações, quer expressões de período simples, quando deslocados (início ou meio deoração), podem ser emoldurados por sinais de pontuação. No caso das orações adverbiais, é quase consenso quedevam vir emolduradas. Agora, na prática, em vários textos aparecem adjuntos adverbiais deslocados sem osdevidos sinais de pontuação. Logo, as alternativas A, B, C e E poderiam ser dadas como resposta.
� Conforme a norma padrão da Língua Portuguesa, o par de vírgulas pode, sim, ser suprimido de uma oraçãosubordinada adjetiva explicativa. Porém, tal supressão acarreta mudança de sentido, mas nenhuma infração ànorma padrão. Logo, a letra D também seria defensável.
� Por que optamos, então, pela letra C? Por uma razão simples: é a única alternativa cuja expressão adverbial seencontra em fim de período, a posição digamos “clássica” dos adjuntos adverbiais.
Alternativa: C
33.
Resolução:
As expressões “talento” e “inteligência” estão, sim, utilizadas de modo irônico. As afirmações II e III são totalmenteinconsistentes.
Alternativa: A A
34.
Resolução:
A clássica questão de tirinha do ITA. A maternidade e a filiação como “diplomas”, entregues no dia de nascimento deMafalda, que passa a existir e ser filha, e a sua mãe passa a ser “mãe”.
Alternativa: E
35.
Resolução:
a) CORRETA. “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.”
b) CORRETA. Brás Cubas, já no início da obra, diz que escreve com “pena [caneta] da galhofa e com a tinta da melancolia.”
c) CORRETA. Um defunto-autor, um defunto fofoqueiro, que desfaz inclusive de si próprio: este é Brás Cubas.
d) CORRETA. Virgília foi com quem manteve um caso adúltero por muitos anos.
e) INCORRETA. Nhã-loló foi a noiva de Brás Cubas, que morreu dias antes do casamento. A moça era apenas um mero ob-jeto nas mãos de Brás, não amada por ele.
Alternativa: E
36.
Resolução:
a) INCORRETA. Há um envolvimento emocional entre Rita Baiana e Jerônimo.
b) CORRETA. Pombinha, a flor do cortiço, sabe ler e escrever, algo tão raro naquele ambiente. Ela ajudava muitas pessoasde lá, quer na escrita, quer na leitura de cartas.
c) INCORRETA. Estela era extremamente infiel a Miranda, seu marido. Já haviam se mudado mais de uma vez para que fu-gissem da vergonha: ela, a insaciável, e ele, o marido traído, que a tudo aguentava em nome do casamento lucrativo quetinha com a esposa, que veio de berço nobre.
d) INCORRETA. Bertoleza, era a amante-escrava-funcionária de João Romão.
e) INCORRETA. Léonie era prostituta.
Alternativa: B
37.
Resolução:
Poema muito bom de José Paulo Paes, com um título que lembra os poemas neoclássicos. Mas há um recorte críti-co-social, próprio do autor e da literatura brasileira contemporânea (de 1960 aos dias atuais).
Alternativa: D
38.
Resolução:
Apenas um detalhe: valeria a pena respeitar o desejo de Graciliano Ramos: a obra se chama S. Bernardo e, não São Ber-nardo. Na obra, o social e o psicológico se fundem muito bem, evidenciando um casal (Paulo Honório e Madalena) que não seentende em virtude das diferenças sociais e ideológicas entre eles, além das desavenças de fundo psicológico. Madalena,para fugir de Paulo Honório, acaba se matando.
Alternativa: E
39.
Resolução:
Questão fraquinha, fraquinha. Sem comentários.
Alternativa: C
40.
Resolução:
Outra questão medíocre, exigindo compreensão um tanto simplória do texto.
Alternativa: C