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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ENG03108 – MEDIÇÕES TÉRMICAS
PROJETO DE UM ELEMENTO ACUMULADOR DE ENERGIA TÉRMICA E SUAS
MEDIÇÕES
por
Augusto Tomazi
Vitor Becker
Trabalho Final da Disciplina ENG03108 – Medições Térmicas
Professor Dr. Paulo Smith Schneider
pss@mecânica.ufrgs.br
Porto Alegre, 15 de dezembro de 2014.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ENG03108 – MEDIÇÕES TÉRMICAS
Trabalho da Disciplina Medições Térmicas
Augusto Tomazi
Vitor Becker
PROJETO DE UM ELEMENTO ACUMULADOR DE ENERGIA TÉRMICA E SUAS
MEDIÇÕES
Trabalho apresentado na disciplina Medições Térmicas
do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de
Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, como parte dos requisitos para aprovação na
respectiva disciplina.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Smith Schneider
Porto Alegre
2014
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BECKER, V; TOMAZI, A. Projeto de um elemento acumulador de energia térmica e suas
medições. 2014. 24f. Trabalho apresentado na Disciplina de Medições Térmicas –
Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2014.
RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo do fenômeno da acumulação de energia térmica. É
mostrada a concepção e fabricação de um elemento acumulador de 1kg constituído de Resina
Poliéster Cristal, bem como a instrumentação envolvida, suas restrições e adaptações para
fazer as medições necessárias pra quando este for exposto a uma corrente de ar quente numa
bancada experimental. A maneira como ocorre a transferência de calor entre o fluido e o
sólido é discorrida assim como a justificativa da geometria utilizada para um menor tempo de
resposta. Os testes revelaram um tempo de resposta de 12min e 28s para a temperatura do ar
variando de 57,9°C a 62,7°C, com a presença do acumulador numa velocidade média de
escoamento de 2,84m/s.
PALAVRAS CHAVE: acumulador de calor, resina poliéster cristal, instrumentação,
transferência de calor.
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BECKER, V.; TOMAZI, A. Design of a thermal energy accumulator element and its
measurements. 2014. 24f. Paper presented at the Department of Thermal Measurements –
Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2014.
ABSTRACT
This paper presents a study of the phenomenon of thermal energy storage. The design and
manufacture of an accumulator element of 1kg of crystal polyester resinis shown, as the
instrumentation involved, its restrictions and adaptations to be able to make the necessary
measurements for when the accumulator is exposed to a stream of hot air in a test stand. The
way that the heat transfer occurs between the fluid and the solid is discussed as the
justification of the geometry used for a shorter response time. The test revealed a response
time of 12min and 28s with the air temperature varying from 57,9°C to 62,7°C with the
presence of the accumulator in a medium velocity of flow of 2,84 m/s.
KEYWORDS: heat accumulator, crystal polyester resin, instrumentation, heat transfer.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................8
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................9
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................................11
3.1 TRANSFERÊNCIA DE CALOR......................................................................................11
3.1.1 CONDUÇÃO............................................................................................ .........................11
3.1.2 CONVECÇÃO...................................................................................................................12
3.1.3 RADIAÇÃO.............................................................................................. ........................12
3.2 CÁLCULO DA VELOCIDADE MÉDIA.........................................................................13
3.3 MEDIDORES DE TEMPERATURA...............................................................................14
3.4 INCERTEZA DE MEDIÇÃO...........................................................................................15
4 APRESENTAÇÃO DO CASO..........................................................................................15
4.1 CONFECÇÃO DO ACUMULADOR...............................................................................16
4.2 CONFECÇÃO DO MEDIDOR DE VAZÃO....................................................................19
4.3 CALIBRAÇÃO DO MEDIDOR DE TEMPERATURA...................................................20
5 RESULTADOS...................................................................................................................20
5.1 MEDIÇÕES NO TUBO DE PITOT..................................................................................20
5.2 MEDIÇÕES NO SENSOR DE TEMPERATURA...........................................................22
6 CONCLUSÃO.....................................................................................................................23
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................24
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema do tubo de Pitot.......................................................................................13
Figura 2 – Diagrama da bancada experimental........................................................................15
Figura 3 – Primeira etapa da confecção...................................................................................17
Figura 4 – Segunda etapa da confecção...................................................................................17
Figura 5 – Terceira etapa da confecção....................................................................................18
Figura 6 – Forma final do acumulador......................................................................................19
Figura 7 – Tubo de Pitot manufaturado....................................................................................19
Figura 8 – Comportamento da temperatura após alocação do acumulador..............................22
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pontos de medição de acordo com diferentes métodos...........................................20
Tabela 2 – Calibração do PT100...............................................................................................20
Tabela 3 – Medições no tubo de Pitot.......................................................................................21
Tabela 4 – Dados para cálculo da vazão mássica.....................................................................21
Tabela 5 – Temperaturas relevantes pro cálculo da constante de tempo..................................22
7
LISTA DE SÍMBOLOS
8
1 INTRODUÇÃO
Num mercado cada vez mais competitivo como ocorre na atualidade, a otimização
de cada ponto dentro de qualquer projeto torna-se imperativa para aqueles que querem se
destacar. Ao lidar com recursos não abundantes ou não ideais, vê-se a necessidade da total
análise de um sistema. O fato ocorre dentro de todas as áreas de engenharia e também,
portanto, nos fenômenos de transferência de calor.
Para um elemento acumulador de energia, quando se tem restrição de espaço ou
de materiais, a sua geometria pode ser o fator mais decisivo da sua eficiência.
A qualidade de elementos trocadores de calor é de suma importância para a atual
conjuntura tecnológica, uma vez que o transporte de fluidos dentro de suas condições
particulares necessárias é imprescindível para diversas aplicações, e esses atuam como
possibilitadores dessas condições adequando a saída ou a entrada dos fluidos nos sistemas.
Foi proposto pelo Prof. Paulo Schneider, conforme o Edital da Disciplina
ENG03108 – Medições Térmicas 2014/2, que se manufaturasse um elemento acumulador de
calor com 1Kg de resina poliéster cristal com a geometria da peça sendo o fator a ser pensado
de forma individual. Os instrumentos de medição também foram solicitados a serem
propostos por cada grupo e manufaturados quando necessário.
Esse trabalho tem o objetivo de otimizar a troca calorífica e apresentar o menor
tempo de resposta possível dentro de uma bancada experimental com corrente de ar forçada,
tal como apresentar exatidão nas medições de temperatura, vazão e pressão realizadas.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O trabalho presente tem como assunto a acumulação de energia térmica, que
assim como a dissipação de energia térmica, é um fenômeno de troca de calor. Logo, todo
estudo feito tanto em dissipação quanto em troca (de calor) é de utilidade, pois se baseiam nos
mesmos princípios. Porém, como o trabalho tem foco na concepção de uma geometria ideal
(que apresente o menor tempo tCD de resposta para um regime de acumulação e descarga de
energia térmica possível), e tem os demais parâmetros estabelecidos, como peso, material,
fluido do escoamento – a bibliografia de interesse é a que analisa os efeitos da geometria na
transferência de calor, assim como a eficiência dos possíveis arranjos/disposições.
Trocadores (tanto dissipadores como acumuladores) com arranjos que possuem
uma densa presença de tubos ou placas aletadas são denominados trocadores de calor
compactos, e possuem uma relação de superfície de troca por unidade de volume superior a
700m²/m³ (Martins apud Incropera, 2008). Trocadores compactos são utilizados quando ao
menos um dos fluidos é um gás, sendo este o caso do presente trabalho – logo uma geometria
ideal faria uso de tubos/furos e aletas.
Uma das primeiras configurações geométricas de dissipador de calor apresentada
na literatura (no caso, visando o controle térmico de componentes eletrônicos) foi proposta
por Tukerman e Pease (1981) e consistia em microcanais dispostos paralelamente. O
desenvolvimento de dissipadores baseados nesta configuração de canais possui como
vantagem a facilidade de fabricação. Kim (2004) destaca o fato de que dissipadores com
canais paralelos são projetados considerando a região entre canais consecutivos como uma
aleta submetida externamente a convecção forçada, e assumindo condução unidimensional ao
longo de seu comprimento.
Avelar e Ganzarolli (2002) apresentaram os resultados de um estudo numérico e
experimental sobre escoamento por convecção natural entre placas paralelas verticais com
elementos protuberantes aquecidos. A convecção forçada em canais com elementos
protuberantes foi estudado por Hacohen et al (1995). No mesmo trabalho foi estudado
também o escoamento por convecção natural. Os resultados são apresentados na forma de
correlações empíricas para o número de Nusselt médio e local.
Muitos estudos observaram que a distância entre uma aleta e outra influencia o
tipo de escoamento desenvolvido na placa. Em um deles, Harahap e McManus (1967)
analisaram placas com aletas de dois comprimentos diferentes e apresentaram as dimensões
10
relevantes para o projeto de um dissipador. Os autores também apresentaram uma correlação
para determinar o número de Nusselt nos escoamentos.
11
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 TRANSFERÊNCIA DE CALOR
A taxa de calor transferido em um corpo é dada pela equação:
(1)
onde é a taxa de calor transferido, ṁ é a vazão mássica em Kg/s, Cp é o calor específico do
fluido à pressão constante em J/KgK e ΔT é a diferença de temperatura entre o corpo e o
fluido em K.
O problema chave da transferência de calor é o conhecimento do fluxo calorífico.
O conhecimento dos mecanismos de transferência de calor permite aumentar/diminuir esse
fluxo, ou ainda controlar a temperatura.
A transferência de calor ocorre de três formas: condução, convecção e radiação
térmica.
3.1.1 CONDUÇÃO
O mecanismo da condução de calor está associado à transferência de calor
efetuada ao nível molecular, por transferência de energia sensível. As partículas mais
energéticas transferem parte da sua energia vibracional, rotacional e translacional por contato
com outras partículas contíguas menos energéticas, as quais recebem essa energia. Essa
transferência é efetuada, portanto, no sentido das temperaturas menores, ou seja, no sentido do
gradiente (dT/dx) negativo. Ocorre em gases, líquidos ou sólidos.
A lei fundamental que descreve a condução térmica é a Lei de Fourier (Joseph
Fourier, 1768-1830). O calor transferido por unidade de tempo, ou a velocidade de
transferência de calor, na direção x é proporcional à área de transferência
perpendicular ao fluxo de calor (A=WH, m2), e ao gradiente de temperaturas (dT/dx). A
constante de proporcionalidade é uma propriedade física do material designada condutividade
térmica (kT, Wm-1
K-1
). O sinal negativo é necessário sempre que o gradiente for negativo para
que o calor, por convenção, tome um valor positivo:
(2)
12
3.1.2 CONVECÇÃO
A existência de um fluido em movimento (líquido ou gás) acelera o processo de
transferência de calor se um fluido mais frio (T∞) ficar em contato com uma superfície mais
quente (TS). Esta transferência dá-se em simultâneo com a transferência de calor ao nível
molecular (por condução) sendo, no entanto, mais eficaz. O movimento pode ser provocado
por agentes externos ou por diferenças de densidade resultantes do próprio aquecimento do
fluido. Assim, mesmo que um fluido se encontre em repouso (do ponto de vista
macroscópico), a diferença de temperaturas gera diferenças de densidade no seio do fluido
que poderão ser suficientes para induzir um movimento ascendente do fluido mais quente (sob
a ação da gravidade).
A convecção de calor é baseada na Lei de resfriamento de Newton (1701):
(3)
onde h é o coeficiente de transferência de calor (W.m-2
.K-1
), A, a área de transferência de
calor perpendicular ao fluxo de calor e ΔT a driving-force, isto é, a causa para ocorrer a
transferência de calor.
3.1.3 RADIAÇÃO
Designa-se por radiação térmica, toda a energia radiante emitida na gama de
comprimentos de onda 0,1 a 100μm do espectro eletromagnético. Resulta da emissão e
propagação de ondas eletromagnéticas por alteração na configuração eletrônica de átomos e
moléculas. Qualquer corpo com uma temperatura superior a 0K emite energia radiante.
A transferência de calor por radiação térmica ocorre através de sólidos, líquidos e
gases e no vácuo, exceto nos sólidos e líquidos opacos à radiação térmica.
A energia radiante que um corpo emite é dada pela Lei de Stefan-Boltzmann
(Josef Stefan 1835-1893, Ludwig Boltzmann 1844-1906) aplicada a um corpo real:
(4)
onde σ=5,67×10-8
W.m-2
.K-4
a constante de Stefan-Boltzmann, ε, a emissividade da superfície
emissora (0<ε≤1), A, a sua área e Ts a sua temperatura absoluta (K).
3.2 CÁLCULO DA VELOCIDADE MÉDIA
13
Um dos instrumentos utilizados para medir velocidades de fluidos é o Tubo de
Pitot. Com a possibilidade de medir a pressão de estagnação e estática do escoamento,
consegue-se chegar à velocidade.
A pressão de estagnação é tomada paralela às linhas de velocidade do escoamento.
A tomada de pressão estática é aferida perpendicularmente, é a pressão atuante nas paredes do
tubo. A diferença dessas pressões é chamada pressão dinâmica.
A Figura 1 exemplifica o funcionamento do Tubo de Pitot:
Figura 1 - Esquema do tubo de Pitot (SCHNEIDER, 2012)
A equação de Bernoulli, conforme Fox et al (2010):
(5)
Por ela chega-se que a velocidade do escoamento devidamente deduzida
(SCHNEIDER, 2007) pode ser obtida através da equação:
(6)
Onde V é a velocidade do escoamento em m/s, Pestagnação é a pressão de
estagnação em Pa, Pestática é a pressão estática em Pa e ρ é a massa específica em Kg/m³.
Com as velocidades calculadas em diferentes raios do tubo, é possível calcular a
velocidade média através da equação:
14
(7)
Onde Vm é a velocidade média em m/s, Vt são as velocidades nos pontos de
medição em m/s e Wt são os fatores de peso (tabelados).
Com a velocidade média adquirida é possível achar a vazão mássica através da
equação:
(8)
Onde ṁ é a vazão mássica em Kg/s, ρ é massa específica Kg/m³, Vm é a
velocidade média do fluido no tubo em m/s e A é a área do tubo em m².
3.3 MEDIDORES DE TEMPERATURA
Uma termorresistência é um instrumento que através da relação entre a resistência
elétrica de um material e sua temperatura permite conhecer a temperatura do ambiente. O
PT100 é uma termorresistência de platina que a 0°C possui uma resistência de 100 Ohms.
O PT100 é uma alternativa viável na faixa de 0°C a 100°C, pois possui uma
resposta linear nessa faixa de operação. Com o uso de um equipamento capaz de medir
resistência pode-se, portanto, aferir a temperatura.
Termopares são instrumentos utilizados para medir diferenças de temperatura.
Consistem em dois condutores distintos, unidos em uma das extremidades, que geram uma
tensão elétrica em função de uma eventual diferença de temperatura nelas, fenômeno
conhecido como Efeito de Seebeck.
Com auxílio de tabelas específicas e um dispositivo para ler essa tensão
(multímetro), é possível encontrar a diferença de temperatura que a gerou.
O termopar do tipo K é de uso genérico, constituído de cromel/alumel, tem baixo
custo, cobrindo temperaturas entre -200 e 1200ºC, com uma sensibilidade de
aproximadamente 41µV/ºC.
3.4 INCERTEZA DE MEDIÇÃO
15
A incerteza de medição provém dos instrumentos utilizados na aquisição das
grandezas de interesse. A correta montagem e operação dos instrumentos são requisitos
importantes para a confiabilidade dos resultados.
A incerteza define o intervalo em torno do resultado de medição no qual se espera
abranger grande parte dos resultados encontrados. Costumeiramente, o nível de confiabilidade
utilizado é 95,45% (SCHNEIDER, 2007).
Alguns dados dependem dos resultados experimentais e geram assim uma
incerteza combinada, onde os resultados calculados geram uma incerteza devido a incerteza
do valor medido.
A Propagação da Incerteza de Medição é dada por:
(9)
Onde X1 até Xn são as variáveis dependentes, U1 até Un são os desvios-padrões
das respectivas variáveis e V a equação que se está medindo a incerteza.
4 APRESENTAÇÃO DO CASO
A bancada experimental apresentada na figura 2 foi o cenário da experiência
realizada:
Figura 2 – Diagrama da bancada experimental (SCHNEIDER, 2014)
O ar ambiente foi admitido na bancada de forma forçada por um ventilador (1).
Sua vazão foi medida por uma placa de orifício do LETA (2) e seguiu para uma segunda
16
seção de ensaio (3) reservada para a instrumentação da vazão. Essa seção foi conectada ao
tubo da bancada por meio de 2 luvas. O ar seguiu para o aquecedor (4) que elevou sua
temperatura. A temperatura e pressão estática do ar foram lidas em (5) com instrumentos do
LETA. O ar foi injetado na secção de ensaio (6) e posteriormente teve sua temperatura e
pressão estática lidas em (7), com instrumentos do LETA. Foram instalados instrumentos
necessários para a medição da temperatura em (8). Desse ponto em diante, o ar segue ainda
em um tubo reto até sua descarga do ar para o ambiente.
Toda a tubulação da bancada é de PVC com diâmetro de 100 mm, incluindo as
luvas de conexão. O acumulador proposto foi instalado na seção de ensaio, com as seguintes
dimensões internas: comprimento 46 cm, largura 30 cm e altura 15,5 cm.
O acumulador foi construído em Resina poliéster cristal, solidificada com auxílio
de um catalisador, com massa de 1000 ± 50g. Posteriormente, foi acomodado na seção de
ensaio, sendo lida a evolução da temperatura do ar em regime de descarga e carga de calor na
seção de ensaio (7).
4.1 CONFECÇÃO DO ACUMULADOR
Foram utilizados os seguintes materiais:
- Chapa de alumínio de 110mm x 145mm x 3/8”;
- Caixa plástica de sorvete Kibon de 1Kg (110mm x 145mm x 110mm);
- 41 velas d = 15mm;
- 1Kg de Resina poliéster cristal;
- Catalisador da Resina;
- 1 panela de alumínio;
- 20 palitos de churrasquinho (madeira);
- Filme plástico.
Primeiramente a chapa de alumínio foi usinada confeccionando-se 40 furos
passantes de 15mm de diâmetro sobre sua superfície, e imprimindo um raio em suas quinas. A
chapa foi então envolta pelo filme plástico e inserida dentro da caixa (Fig. 3).
17
Figura 3 – Primeira etapa da confecção
Em seguida, foi derretida 1 vela e derramada nas laterais para cobrir qualquer
folga entre a caixa e a placa. A seguir, as velas foram alocadas nos 40 furos e espaçadas pelos
palitos de madeira (Fig. 4).
Figura 4 – Segunda etapa da confecção
18
A resina foi então misturada com o catalisador e derramada dentro da caixa, onde
ficou curtindo por 24h. Por fim, a resina já endurecida foi retirada de dentro da caixa e posta
dentro de uma panela de água fervente (Fig. 5)
Figura 5 – Terceira etapa da confecção
Dessa maneira, as velas derreteram, sobrando apenas a resina na geometria
desejada do acumulador (Fig. 6).
Figura 6 – Forma final do acumulador
Essa geometria foi escolhida porque é um arranjo compacto com densa presença
de tubos, e que possui uma alta relação entre superfície (disponível para troca de calor) e
volume. O projeto da confecção também pareceu interessante e desafiador.
19
4.2 CONFECÇÃO DO MEDIDOR DE VAZÃO
Para efetuar a medição da vazão no tubo foi escolhido como instrumento o Tubo
de Pitot. A sua fácil confecção e medições satisfatórias ajudaram na escolha.
Materiais utilizados:
- 300mm de tubo PVC d = 100mm;
- 1 fio de cobre furado d = 6mm e 50mm de comprimento;
- 1 fio de cobre furado d = 6 mm, curvo em 90° de 100mm de comprimento;
- 1 borracha com furo de 6mm;
- Superbonder®;
- Cola epóxi.
Na superfície do tubo foram feitos 2 furos alinhados para inserção dos dois fios de
cobre. O fio menor foi alocado com o auxílio da cola epóxi exatamente sob a parede do tubo,
para captação da pressão estática. O fio curvo foi posto dentro do furo da borracha (que foi
colada no tubo com Superbonder®) e dentro do furo do tubo, de forma que estivesse sempre
confrontando a entrada do tubo, porém sendo possível variar a distancia ao centro (Fig. 7).
Figura 7 – Tubo de Pitot manufaturado
A medição da vazão foi realizada acoplando o tubo de Pitot nas luvas da
tubulação do laboratório. Em cada um dos fios de cobre foi acoplada uma mangueira de um
manômetro. Dessa forma foi possível medir a pressão dinâmica, ou seja, a diferença entre a
pressão estática e a pressão de estagnação. Sabendo a diferença de pressão, foi possível
encontrar a velocidade naquele ponto. A medição foi feita em outros pontos para se ter maior
20
exatidão no valor da velocidade média, uma vez que quanto mais próximo ao centro, mais
rápido escoa o fluido.
A incerteza do valor encontrado continua existindo, no entanto, para amenizar
esse fato, foram utilizadas as cotas de Gauss tendo como referência a coordenada
adimensional ‘r’, ‘x’ e o fator de peso ‘w’.
Tabela 1 - Pontos de medição de acordo com diferentes métodos (DELMEÉ, 1983)
4.3 CALIBRAÇÃO DO MEDIDOR DE TEMPERATURA
A fim de confirmar a veracidade dos dados obtidos, foi efetuada a calibração do
PT100. Comparou-se o dispositivo com outro PT100 calibrado que servia como referência.
Dentro da faixa utilização (0°C a 100°C) a resposta do equipamento é linear, logo a calibração
pôde ser feita comparando-se o valor de dois pontos de temperatura, temperatura ambiente e
temperatura de uma água quente.
Resistência em Ohms Temperatura de Referência em °C
110,6 22,06
135,04 69,3
Tabela 2 – Calibração do PT100
21
Com esses pontos foi possível obter a reta que rege a determinação da
temperatura, com equação:
T= 1,9329X - 191,72 (10)
Onde X é a resistência lida em Ohms e T é a temperatura em °C.
Apesar da calibração feita com cuidado e maior atenção possível, ainda assim
existem incertezas nas medições, mas que para nossa aplicação são aceitáveis.
5 RESULTADOS
5.1 MEDIÇÕES NO TUBO DE PITOT
A tabela 3 nos mostra os diferentes resultados de velocidade nos pontos com
diferentes distâncias em relação à parede do tubo:
Ponto Distância em relação à parede (mm) Velocidade no Ponto (m/s)
1 40 3,11
2 20 3,07
3 10 3,04
4 0 2,98
Tabela 3 – Medições no tubo de Pitot
Assim, utilizando as cotas de Gauss, foi possível chegar numa velocidade média
de 3,04 m/s.
Com essa velocidade, mais a massa específica e a área do tubo, foi possível
chegar à vazão mássica. Seguem os resultados abaixo:
Velocidade Média
(m/s)
Área do tubo
(m²)
Massa específica
(Kg/m³)
Vazão mássica
(Kg/s)
3,04 0,00785 1,111 0,0265
Tabela 4 – Dados para cálculo da vazão mássica
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5.2 MEDIÇÕES NO SENSOR DE TEMPERATURA
Antes de alocar o acumulador na seção de ensaio, esperou-se a temperatura de
saída da tubulação se manter constante. Nesse momento, foi medida essa temperatura e
achou-se o valor de 62,7°C. A partir disso, a seção de ensaio manteve-se aberta por 5s e
alocou-se o acumulador. Daí em diante, a temperatura teve um comportamento como mostra a
figura a seguir:
Figura 8 – Comportamento da temperatura após alocação do acumulador
Com a constante medição da temperatura, foi possível obter a temperatura mínima
que o ar alcançou na seção de ensaio (57,9°C). Logo, calculando a diferença da temperatura
de estabilização e a temperatura mínima (4,8°C), foi possível obter a temperatura condizente
com a constante de tempo somando 63% dessa diferença (3,024°C) com a temperatura
mínima (60,924°C).
Top (°C) Tmin (°C) Top – Tmin 63% (Top – Tmin) Temp. da cte tempo
62,7 57,9 4,8 3,024 60,924
Tabela 5 – Temperaturas relevantes pro cálculo da constante de tempo
Sabendo qual era a temperatura que o ar alcançaria quando tivesse atingido a
constante de tempo, foi possível monitorar o medidor de temperatura para anotar o tempo
percorrido desde o início do processo para alcançar tal temperatura. Obteve-se, assim, a tCD
(12min e 28s).
23
6 CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que o trabalho atingiu seus objetivos práticos e didáticos. O
medidor de vazão, apesar da sua fácil confecção, obteve resultados satisfatórios nas medições
que foi solicitado, mostrando que pode muito bem ser utilizado para outras aplicações de
baixa exigência de precisão.
As temperaturas puderam ser medidas a fim de fazer uma análise da troca de
calor, exemplificando a alta aplicabilidade do medidor e a fácil obtenção dos dados na faixa
exigida.
Quanto ao acumulador, foi possível obter uma razoável constante de tempo,
apesar das limitações de material. O estudo de trocadores de calor foi aprofundado, e durante
todo o processo, novas idéias acabaram surgindo e puderam ser debatidas.
Recomenda-se que mais trabalhos do gênero sejam propostos no futuro, uma vez
que o projeto envolveu várias áreas da engenharia, tal como mecânica dos fluidos, mecânica
dos sólidos e desenvolvimento de projetos.
24
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Delmée, G. J. Manual de Medição de Vazão. Editora Edgard Blücher Ltda, 1983.
Fox, R. W., McDonald, A. T., & Pritchard, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos, 2010.
INCROPERA, F. P.; et al. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.
NAKRA, B. C., CHAUDHRY K. K. Instrumentation, Measurement And Analysis. Second
Edition. New York: McGraw-Hill, 2004
Schneider, P. S. (2011). Apostila - Medição de Velocidade e Vazão de Fluidos. Retirado de
http://www.geste.mecanica.ufrgs.br/medterm/
Schneider, P. S. (2012). Apostila - Medição de Pressão em Fluidos, 1–27. Retirado de
http://www.geste.mecanica.ufrgs.br/medterm/
Tuckerman, D.B., Pease, R.F.W. High-performance heat sinking for VLSI, Stanford
Electronics Laboratories, Stanford, CA, 1981
Kim, Dong-Kwon, Kim, Sung Jin. Averaging approach for microchannel heat sinks
subjected to the uniform wall temperature condition, Korea Adv. Inst. of Sci. & Technol.,
Daejon, South Korea, 2004
Avelar, A.C., Ganzarolli, M.M., Numerical and experimental analysis of natural
convection heat transfer in an array of vertical channels with two dimensional
protruding heat sources, II Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, João Pessoa,
Paraíba, 2002