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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2012
BELÉM – 012
Vice-Governador
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Diretoria de Administração, Planejament
Governo do Estado do Pará
Simão Robison Oliveira Jatene Governador
Helenilson Cunha Pontes Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise ConjunturalCassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga
Diretor
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da InformaçãoSérgio Castro Gomes
Diretor
Diretoria de Administração, Planejamento e FinançasHelaine Cordeiro Félix
Diretora
2
Especial de Estado de Gestão - Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Análise Conjuntural
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
o e Finanças
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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do
Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2012
BELÉM – PARÁ
2012
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Expediente
Diretor de Pesquisa e Estudos ambientais Jonas Bastos Veiga Coordenadora Marli Maria de Mattos
Elaboração Técnica:
Antônio Marcos da Silva Pereira Daniela Monteiro da Cruz Ellen Claudine Cardoso Castro José de Alencar Costa Maricélia Gonçalves Barbosa Nelma Santos Amorim dos Santos Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite
Coleta de dados:
Antônio Marcos da Silva Pereira Daniela Monteiro da Cruz Ellen Claudine Cardoso Castro José de Alencar Costa Maricélia Gonçalves Barbosa Nelma Santos Amorim dos Santos Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite
Apoio Técnico: Bruna Stafanie Carvalho Maia
Revisão: Jonas Bastos Veiga, Fernanda Graim e Gustavo Silva Normalização: Glauber Ribeiro
_______________________________________________________________________ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL
DO PARÁ
Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.
222p. 1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais
alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
CDD: 381.098115 ________________________________________________________________________
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APRESENTAÇÃO
A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande
importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração
sustentável, pois, na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies
utilizadas. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores
familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais,
utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas
informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa
forma um fator crítico para a gestão das florestas.
O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o
mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização do mercado doméstico. Não
há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que sejam
comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como as
várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da
Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não
madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas
envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies
extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para
atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.
Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia
dos PFNM no estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando
entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os PFNM não
detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo assim para a conservação e gestão florestal.
O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de
comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Tocantins.
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RESUMO
Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades
econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o
desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre
regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,
utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base
Agroextrativista, de 34 produtos, em 10 municípios da Região de Integração Tocantins e
acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de
beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os
produtos estudados (10 alimentícios; 7 artesanatos e utensílios; 11 fitoterápicos e cosméticos;
1 derivado da madeira e; 1 derivado animal) têm significativa importância na dinâmica da
economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados nacional e
internacional. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 1,3 bilhão), porém com
37% da renda bruta gerada e circulada na RI Tocantins, diferente do palmito (R$ 5 milhões)
com 74% gerada e circulada fora do Pará. Outros produtos de destaque foram o cacau
amêndoa, a castanha-do-brasil, o cupuaçu, o carvão, o artesanato de miriti, o buriti e o mel. A
contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no
setor da produção extrativa local, que receberam pela venda de todos os produtos o montante
de R$ 205,5 milhões (VBPα), o qual gerou R$ 766,1 milhões (VBP) na compra destes
produtos (predomínio in natura) e agregando mais de R$ 712,9 milhões (VAB), chegando a
uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada de R$ 1,4 bilhão, com seus efeitos para frente
e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e
potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos
governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada com as cadeias dos produtos
do agroextrativismo.
Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,
3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
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LISTA DE SIGLAS
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CSα Contas Ascendentes Alfa EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GPS Sistema de Posicionamento Global IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MIP Matriz Insumo Produto MMA Ministério do Meio Ambiente NAEA/UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos / Universidade Federal do Pará
PAA Programa de Aquisição de Alimentos PAM Pesquisa Agrícola Municipal PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros PIB Produto Interno Bruto PPM Produção da Pecuária Municipal
PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista
RBT Renda Bruta Total RI Região de Integração SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional SEMAGRI Secretaria Municipal de Agricultura STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais UFPA Universidade Federal do Pará VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto
VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista
VBP Valor Bruto da Produção
VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista
VTE Valor Transacionado Efetivo
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LISTA DE FIGURAS Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins. ..................... 30
Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará. .............. 32
Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de
pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do
município (pontos numerados). ................................................................................................ 33
Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área
urbana de Cametá (pontos numerados). ................................................................................... 33
Figura 5- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 37
Figura 6- Principal fluxo de comercialização do açaí na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. ...................................................................................................... 38
Figura 7- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,
estado do Pará. .......................................................................................................................... 39
Figura 8- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializada na
RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ................................................................................ 51
Figura 9- Variação de preço do cacau amêndoa no mercado internacional, com base
na Bolsa de Nova York, 2008. .................................................................................................. 52
Figura 10- Preço médio do cacau amêndoa (R$/kg) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do
Pará. .......................................................................................................................................... 53
Figura 11- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 60
Figura 12- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 61
Figura 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil
comercializada na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................ 68
Figura 14- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre
os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado
do Pará. ..................................................................................................................................... 69
Figura 15- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 75
9
Figura 16- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do
Pará. .......................................................................................................................................... 77
Figura 17- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 82
Figura 18- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 83
Figura 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 89
Figura 20- Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. ...... 90
Figura 21- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI
Tocantins, no período de 2008 a 2009. ..................................................................................... 95
Figura 22- Preço médio da bacaba (R$/kg) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 96
Figura 23- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 101
Figura 24- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. .... 102
Figura 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) dos utensílios comercializados na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 108
Figura 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) do coratá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 112
Figura 27- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/un.) do bacuri comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 116
Figura 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/Kg) do murumuru comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 121
Figura 29- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato de miriti
comercializado na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ............................................... 125
10
Figura 30- Preço médio do artesanato de miriti (R$/braça) praticado nas transações
entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,
estado do Pará. ........................................................................................................................ 126
Figura 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI
Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 132
Figura 32- Preço médio da andiroba (R$/ l) praticado nas transações entre os setores
da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
................................................................................................................................................ 133
Figura 33- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/ l) da copaíba na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 139
Figura 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do inajá na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 143
Figura 35- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco comercializado na RI Tocantins, estado do Pará,
no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 147
Figura 36- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/rolo) dos cipós comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 151
Figura 37- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 155
Figura 38- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do taperebá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 159
Figura 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do urucum comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 163
Figura 40- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 167
11
Figura 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) da semente de cupuaçu na RI Tocantins, estado do Pará, no
período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 172
Figura 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/kg) do cumaru na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a
2009. ....................................................................................................................................... 176
Figura 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio
praticado (R$ correntes/braça) do guarumã na RI Tocantins, estado do Pará, no período de
2008 a 2009. ........................................................................................................................... 180
12
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 41
Gráfico 2- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008....................... 42
Gráfico 3- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando
sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do
Pará, estimado para 2008. ......................................................................................................... 44
Gráfico 4 - Destino do volume (%) de açaí identificado na RI Tocantins, a fim de
atender as demandas de consumo local, estadual e nacional. ................................................... 45
Gráfico 5- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa
da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................................. 54
Gráfico 6- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ... 55
Gráfico 7- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau amêndoa,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 56
Gráfico 8- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 62
Gráfico 9- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 63
Gráfico 10- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 64
Gráfico 11- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-
brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 70
Gráfico 12- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
.................................................................................................................................................. 71
Gráfico 13- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-
brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 72
Gráfico 14- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cupuaçu da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 78
13
Gráfico 15- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............... 79
Gráfico 16 - RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cupuaçu,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 80
Gráfico 17- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 84
Gráfico 18- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 85
Gráfico 19- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 86
Gráfico 20- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 91
Gráfico 21- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 92
Gráfico 22- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 93
Gráfico 23- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 97
Gráfico 24- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 98
Gráfico 25- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 99
Gráfico 26- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 103
Gráfico 27- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................... 104
Gráfico 28- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 105
14
Gráfico 29- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos utensílios da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 109
Gráfico 30- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 110
Gráfico 31- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos utensílios,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 111
Gráfico 32- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do coratá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 113
Gráfico 33- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 114
Gráfico 34- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do coratá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 115
Gráfico 35- VBPα, em R$ gerado na comercialização do bacuri, pela óptica da oferta,
em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. ............................................. 117
Gráfico 36- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do bacuri da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 118
Gráfico 37- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 119
Gráfico 38- VBPα, em R$ gerado na comercialização do murumuru, pela óptica da
oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. .................................. 122
Gráfico 39- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do murumuru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 123
Gráfico 40- A RBT, em R$ na comercialização do murumuru, considerando sua
composição pela óptica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da RI Tocantins,
estado do Pará, em 2008. ........................................................................................................ 124
Gráfico 41- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato de
miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 127
Gráfico 42- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 128
15
Gráfico 43- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato de
miriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 129
Gráfico 44- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da andiroba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 134
Gráfico 45- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 135
Gráfico 46- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da andiroba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 136
Gráfico 47- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da copaíba da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 140
Gráfico 48- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 141
Gráfico 49- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da copaíba,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 142
Gráfico 50- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do inajá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 144
Gráfico 51- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................. 145
Gráfico 52- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do inajá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 146
Gráfico 53- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do breu-branco da
RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................................ 148
Gráfico 54- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....... 149
Gráfico 55- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do breu-branco,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 150
Gráfico 56- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos cipós da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 152
16
Gráfico 57- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 153
Gráfico 58- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos cipós,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 154
Gráfico 59- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos leites da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 156
Gráfico 60- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 157
Gráfico 61- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos leites,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 158
Gráfico 62- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do taperebá da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 160
Gráfico 63- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 161
Gráfico 64- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do taperebá,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 162
Gráfico 65- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do urucum da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 164
Gráfico 66- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 165
Gráfico 67- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do urucum,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 166
Gráfico 68- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das plantas
medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......................................... 168
Gráfico 69- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 169
Gráfico 70- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das plantas
medicinais, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 170
17
Gráfico 71- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de
cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................. 173
Gráfico 72- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
................................................................................................................................................ 174
Gráfico 73- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de
cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 175
Gráfico 74- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cumaru da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 177
Gráfico 75- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 178
Gráfico 76- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cumaru,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 179
Gráfico 77- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do guarumã da RI
Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 181
Gráfico 78- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na
comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 182
Gráfico 79- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do guarumã,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,
estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 183
18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração
Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem
realizada em campo, no período de 2008 a 2009. .................................................................... 34
Tabela 2- Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos
florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.
................................................................................................................................................ 185
Tabela 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ dos produtos florestais não
madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008. .................... 186
Tabela 4- VAB (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não
madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008; organizados em cinco categorias:
alimentícios, derivados de madeira, artesanato, derivados de animal e
fitoterápicos/cosméticos. ........................................................................................................ 187
Tabela 5- RBT, em (R$), na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais
não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008, organizados em três categorias
relativas com escalas de valor da RBT (acima de R$ 600 mil, entre R$ 90 mil a 599 mil e
abaixo de R$ 90 mil). ............................................................................................................. 188
Tabela 6- Variáveis econômicas dos produtos florestais não madeireiros,
identificados na RI Tocantins, compostas pelo VBPα, a margem de lucro (mark-up), o VBP, o
VAB e a RBT, em R$ nas esferas local, estadual e nacional, em 2008. ................................ 190
19
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 5
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 20
2.1 GERAL ............................................................................................................................... 20
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 20
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 21
4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 30
4.1.1 Caracterização da RI Tocantins ....................................................................................... 30
4.1.1.1 Características gerais .................................................................................................... 31
4.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................... 32
4.2.1 Açaí .................................................................................................................................. 35
4.2.2 Cacau amêndoa ................................................................................................................ 49
4.2.3 Palmito ............................................................................................................................. 58
4.2.4 Castanha-do-brasil ........................................................................................................... 65
4.2.5 Cupuaçu ........................................................................................................................... 73
4.2.6 Carvão .............................................................................................................................. 80
4.2.7 Buriti ................................................................................................................................ 87
4.2.8 Bacaba ............................................................................................................................. 93
4.2.9 Mel ................................................................................................................................. 100
4. 2.10 Utensílios (cuia, paneiro e tipiti) ................................................................................ 106
4.2.11 Coratá .......................................................................................................................... 111
4.2.12 Bacuri .......................................................................................................................... 115
4.2.13 Murumuru .................................................................................................................... 119
4.2.14Artesanato de miriti ...................................................................................................... 124
4.2.15 Andiroba ...................................................................................................................... 130
4.2.16 Copaíba ........................................................................................................................ 138
4.2.17 Inajá ............................................................................................................................. 142
20
4.2.18 Breu-branco ................................................................................................................. 146
4.2.19 Cipós ............................................................................................................................ 150
4.2.20 Leites (amapá, jatobá e sucuúba) ................................................................................. 154
4. 2. 21 Taperebá .................................................................................................................... 158
4.2.22 Urucum ........................................................................................................................ 162
4.2.23 Plantas medicinais ....................................................................................................... 166
4.2.24 Semente de cupuaçu .................................................................................................... 170
4.2.25 Cumaru ........................................................................................................................ 175
4.2.26 Guarumã ...................................................................................................................... 179
4.3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE
ARTESANATOS NA REGIÃO ............................................................................................ 183
4.4 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS .................................................................. 185
4.5 PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NA COMERCIALIZAÇÃO
DE PFNMs ............................................................................................................................. 191
4.5.1 Em Cametá .................................................................................................................... 191
Problemas ............................................................................................................................... 191
Potencialidades ....................................................................................................................... 191
4.5.2 Em Abaetetuba .............................................................................................................. 192
Problemas ............................................................................................................................... 192
4.5.3 Em Baião ....................................................................................................................... 193
Potencialidades ....................................................................................................................... 194
4.5.4 Em Mocajuba ................................................................................................................. 194
Problemas ............................................................................................................................... 194
Potencialidades ....................................................................................................................... 195
4.5.5 Em Oeiras do Pará ......................................................................................................... 195
Problemas ............................................................................................................................... 195
Potencialidades ....................................................................................................................... 196
4.5.6 Em Limoeiro do Ajuru .................................................................................................. 196
21
Problemas ............................................................................................................................... 196
Potencialidades ....................................................................................................................... 196
4.5.7 Em Barcarena ................................................................................................................ 197
Problemas ............................................................................................................................... 197
Potencialidades ....................................................................................................................... 197
4.5.8 Em Igarapé-Miri ............................................................................................................ 198
Potencialidades ....................................................................................................................... 199
4.5.9 Em Moju ........................................................................................................................ 199
Potencialidades ....................................................................................................................... 199
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 202
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 208
17
1 INTRODUÇÃO
O crescimento das atividades produtivas econômicas e principalmente o aumento da
densidade demográfica em escala mundial, resultou em um forte avanço sobre os recursos
naturais, dentre eles as florestas primárias, culminando em altos índices de desmatamento.
Diante desse contexto a Região Amazônica vem alcançando destaque, ao longo dos anos, no
cenário mundial, explicitando a necessidade da conservação de sua mega diversidade pelo
papel que esta desempenha, bem como em razão dos riscos assumidos conforme o quadro de
mudanças globais (IPCC, 2007).
Diante da ênfase dada às questões ambientais na Região Amazônica, o Pará é um dos
estados que antecedem os primeiros lugares no ranking do desmatamento na região, com uma
área desmatada de 63.235 km², no acumulado de 1999 a 2008, cerca de 5% do seu território.
Quando relacionado com o desmatamento da Amazônia Legal, no período, o Estado contribui
com aproximadamente 34% do total da região amazônica (INPE, 2009).
Em resposta a esse cenário, o governo estadual assumiu o compromisso com um
modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade, apresentando políticas para o
desenvolvimento e valorização do extrativismo, incentivo ao surgimento de novos
empreendedores florestais e de produtos sustentáveis (Ideflor, 2008).
Em 2009, o governo federal formalizou o Plano Nacional de Promoção das Cadeias
de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), que seleciona dez produtos-chave em função
do papel desempenhado por estes na economia e do envolvimento de famílias com esses
produtos em todo o Brasil, com ações integradas para a promoção e o fortalecimento das
cadeias, iniciado em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) - (PNPSB, 2009). Quatro dessas cadeias prioritárias ocorrem no Pará (açaí,
castanha-do-brasil, andiroba e copaíba). De forma concomitante, em 2008, o Ideflor passa a
ser um dos interlocutores pelo Pará junto ao PNPSB, com o apoio de outros órgãos do Estado,
de organizações de produtores e extrativistas, assim como da sociedade civil.
Considerando a pressão sofrida e a importância das nossas florestas no cenário
nacional, o estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com atividades
econômicas produtivas que evitem o desmatamento. O manejo de recursos florestais, dadas às
características e potencialidades da Região Amazônica, se coloca como um dos principais
caminhos para se alcançar um desenvolvimento em bases sustentáveis.
18
Diversos estudos realizados nos últimos dez anos por (Monteiro, 2003; Couly, 2004;
Medina e Ferreira, 2004; Shanley & Medina, 2005; Castro, 2006; Gomes, 2007; Dürr &
Costa, 2008), apontam o potencial econômico dos Produtos Florestais Não Madeireiros, além
da sua grande relevância sociocultural e ambiental. O manejo dos PFNM, conduzido de
maneira racional, além de tornar as florestas rentáveis, mantém sua estrutura e biodiversidade
praticamente inalteradas (MACHADO, 2008).
Um estudo desenvolvido por Menezes, Homma & Santana (2001), dentro de um
assentamento agroextrativista no município de Nova Ipixuna-PA, identificou que a produção
agrícola e extrativa é muito superior a que vem sendo estimada ou conhecida pelas estatísticas
oficiais de produção. Esses produtos acabam compondo a renda familiar de forma indireta por
meio do consumo familiar, troca e/ou até mesmo de venda esporádica.
No nordeste paraense, um estudo das cadeias de comercialização dos PFNM1,
desenvolvido em três municípios, detectou a circulação aproximada de quatro milhões de
reais, para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva
de valor e agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados, como os
atacadistas, varejistas e agroindústrias (GOMES, 2007).
Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias de
comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis e sua
respectiva participação na composição do valor dos produtos que apontem os principais
gargalos para o desenvolvimento dessa economia. Esse tipo de estudo permite entender como
o produtor participa no processo mercantil e as possibilidades existentes para que o mesmo
atue mais eficientemente nas respectivas cadeias de comercialização. Esse viés metodológico
é utilizado para a formulação de estratégias de comercialização que aumentem o resultado
econômico e a eficiência reprodutiva dos estabelecimentos familiares (INHETVIN, 1998).
Diante do exposto, o “Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais
Não Madeireiros no Pará” se propõe a identificar e a caracterizar as cadeias de
comercialização de produtos florestais não madeireiros em municípios do Estado, descrever e
quantificar como se dá a participação dos diferentes setores da cadeia na economia regional e
seus desdobramentos para o Estado e fora dele, além de testar uma metodologia de coleta de
dados que viabilize informações mais precisas desses produtos, que apresentam um papel
importante para a renda de milhares de famílias, que contribuem para a manutenção da
1 Produtos estudados: açaí, bacuri, buriti, mel, unha-de-gato, verônica, copaíba, andiroba, sucuuba, lenha, carvão
e estaca.
19
floresta em pé e que colaboram de maneira considerável para o Produto Interno Bruto (PIB)
do Estado.
Esse método se revela rápido na coleta de dados em campo, mas requer uma base
técnica científica densa para as análises das matrizes, com resultados que permitam identificar
possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de
investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais, além de apontar
novos produtos que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados.
20
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
• Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
madeireiros da Região de Integração Tocantins, estado do Pará, identificando fatores críticos
e potencialidades.
2.2 ESPECÍFICOS
• Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros da Região de Integração Tocantins, e
• Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção
agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a
margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada
na comercialização dos produtos identificados.
21
3 METODOLOGIA
No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros (PFNM) a partir do conjunto dos 10 municípios pertencentes a RI
Tocantins, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam
para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα
(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,
para uma dada região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983).
As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de
matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável que se baseia nos parâmetros e
indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se
pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na problemática local, haja vista que as
estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local. Ou seja,
este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de uma
delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados por
ações e programas de desenvolvimento ali implementados.
Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de
cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e
acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as
condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades
transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os
quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).
Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões
entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da
reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b) contempla a análise de insumo-
produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de
base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale
do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia
ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias à geração de uma
matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a
influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade
de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da
economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,
22
agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e entorno quanto, para a economia
do resto do Pará, e do resto do Brasil.
Em outro estudo, Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do
festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα
conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo
identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com
a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por
parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura
identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de
exportação, com um efeito multiplicador elevado.
A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento2 de Sololá, na
Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura
camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,
calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,
especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos
sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através
do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do
Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o
departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio
"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).
O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais
não madeireiros têm na economia do estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas
Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível
local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações
existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,
analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na
produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.
Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de
comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,
derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos
municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, estado do Pará. A autora utilizou
o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao
2 Unidade federativa equivalente a estado.
23
contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas
nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a
circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a
importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da
renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.
No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp, a metodologia foi adequada para a
contabilidade social ascendente que engloba além da produção agroextrativista, as atividades
na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos setores com foco nos produtos
florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de cálculo de renda e do produto social do
agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o Valor Bruto da Produção de Base
Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o
Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al.
(1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto
(PIB) deste setor.
O modelo também produziu as matrizes das inter-relações intersetoriais que as
fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os
do Censo Agropecuário de 2006, quanto às séries históricas de 1990 a 2008 da Produção
Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da
Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária
executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos
geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.
A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função
de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência
das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,
sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais
como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes
comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor
da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de
comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e
aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das
cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.
Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dez municípios
visitados da Região de Integração Tocantins, junto a informantes-chaves (como os técnicos
24
dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará -
Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura,
das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que se
referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros existentes no
município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes mercantis
envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.
A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário
(Apêndice A). Nesta etapa, buscou-se os principais agentes (vendedores/compradores) de
cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais direcionam os
elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma
amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a produção local de
um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro
extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes
entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade quantos que atuam na completa
informalidade, sendo capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto
identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são
conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador
identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte
da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).
Deste modo, para o levantamento dos dez municípios foram aplicados trezentos e noventa e
sete questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a
comercialização dos PFNM.
Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada
estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das
bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de
dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo
Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ3, com circuitos (referentes aos
produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por
produtos).
A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado
fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ
3 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
25
referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação
mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e
consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).
Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade
da distribuição das quantidades e atribuição dos preços a partir das relações entre os agentes,
uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes Insumo-Produto
(MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores da produção
primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a demanda
final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada matriz, a
equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo para apresentar os mesmos
dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A
inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores representados
por pequenas caixas retangulares (produção local, varejo, indústria de beneficiamento, de
transformação, atacado, consumidor, etc.), espacialmente distribuídos na economia local,
estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em
três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos
canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e vão até os consumidores
finais.
Os fluxos da comercialização por produto estudado foram organizados para três
dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dez municípios pesquisados na RI
Tocantins; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram
comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos
existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função
dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação
dessas gerou os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor
(em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o
seu consumo final.
A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da
Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais
recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,
foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,
PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da
agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
26
Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto
em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,
acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na
primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das
quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no
caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os
números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição
geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008a).
Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:
�����
�����
���� � ����
� ����
����
Onde:
�: atributo geográfico (local: municípios da RI Tocantins; estadual: demais
municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),
�: produto,
�: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),
����: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa
oficial,
�������: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário
de 2006,
�����: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da
pesquisa, e
��������: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.
Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados
pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do
conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos
preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da
multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido
para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,
os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados
conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos
oleaginosos e gerais do IBGE.
27
Sendo assim, para os frutos bacaba, bacuri, buriti e taperebá foram utilizados os
indexadores da categoria de alimentícios. Na categoria de indexador geral das oleaginosas
foram cinco produtos: andiroba, copaíba, cumaru, inajá e murumuru. E na categoria de
indexador geral (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram
utilizados quinze produtos: resina do breu-branco, cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-
gato e verônica, cipó timbó, cipó torcido, leites de amapá, de jatobá e de sucuúba, cupuaçu
semente, cuia, paneiro de guarumã, tipiti de guarumã, tala de guarumã e coratá.
Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas
estatísticas oficiais, foram: açaí fruto, cacau amêndoa, carvão, castanha-do-brasil, cupuaçu,
fibra de buriti, mel, palmito de açaí e o urucum.
Foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo, multiplicando os
indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a probabilidade da distribuição
das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações entre os agentes. O resultado
gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto pesquisado, contendo o Valor
Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da
demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao
Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta
de comercialização (mark-up), que é a relação entre a diferença do valor estimado do VAB
com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas
(estimadas para 2008) e os impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia
local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na
estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos produtivos e/ou de
comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi
possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na preparação de certos
produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.
A proposta metodológica de estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este
estudo (Tocantins) e para as demais regiões estudadas (Guamá, Rio Caeté, Xingu, Marajó e o
Baixo Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O
método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos
indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.
Para cada um dos 34 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 2),
24 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em nove alimentícios
[açaí (fruto e palmito), bacaba, bacuri, cacau (amêndoa), castanha-do-brasil (fruto), cupuaçu
(fruto), taperebá, buriti e urucum]; onze fitoterápicos e cosméticos [andiroba, barbatimão,
28
copaíba, cumaru, jatobá (leite), murumuru, pau-doce, leite-de-amapá, cupuaçu, sucuúba
(leite), unha-de-gato e verônica] e seis artesanatos e utensílios [breu-branco, fibra de buriti,
cipó timbó (em rolo), cuieira, guarumã (tipiti e peneira) e inajá (coratá)].
Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de
quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os
setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Além disso, as análises econômicas
detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a margem bruta de
comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.
Para outros produtos que apresentaram similitude como: uma pequena amostragem
de dados, semelhança do fluxo de comercialização entre os agentes e, principalmente,
utilidades similares, as análises foram agrupadas em: utensílios, leites e plantas medicinais.
A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos
seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).
• Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;
• Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que
compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;
• Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,
localizadas na região;
• Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,
localizadas na região;
• Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),
localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo
e/ou vendem para o varejo;
• Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,
marreteiros, vendedores ambulantes);
• Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,
localizadas além da RI Tocantins;
• Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;
• Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;
• Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem
para o consumidor estadual;
29
• Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;
• Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;
• Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;
• Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor
nacional.
As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro
identificado, quer seja individual ou em grupo.
As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em
detalhes no item 4.2.
30
4 RESULTADOS
4.1.1 Caracterização da RI Tocantins
A Região de Integração Tocantins abriga um total de onze municípios (Figura 1),
com uma população de aproximadamente 655.955 habitantes. A região abriga o porto de Vila
do Conde, o maior do Estado. Suas principais cargas são minérios (bauxita), alumínio, óleos
combustíveis e madeira (Secretaria de Estado de Integração Regional - SEIR, 2007).
No ano de 2009, até o mês de novembro, o porto teve uma participação de 80,11% na
movimentação de cargas do Estado (Companhia Docas do Pará - CDP, 2010).
Em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) da RI Tocantins somou R$ 5.408.071,00
mil, ocupando a terceira colocação e participando com um percentual representativo no
Estado no valor de 10%, que se deve ao polo mineral e portuário do município de Barcarena.
As participações dos setores econômicos corresponderam a: 8% no setor Agropecuário, 50%
no setor da Indústria e 42% no setor de Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário
a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (Idesp, 2009).
Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins.
Fonte: IDESP
31
Apesar das grandes mudanças econômicas que alguns municípios da região sofreram
nos últimos anos, em Barcarena, por exemplo, foi instalado o complexo da companhia
Alumínio Brasileiro S.A. (Albras) e da Alumina do Norte do Brasil S.A. (Alunorte); sendo
que na sua estrutura econômica ainda sobrevive uma cultura tradicional ribeirinha. É uma
região de colonização antiga com forte identidade cultural. Existe no local uma extensa área
de várzeas propícias à produção do açaí. Em termos de potencialidades econômicas destacam-
se: o extrativismo da madeira; o setor da indústria moveleira; o setor oleiro-cerâmico; o
beneficiamento de fibras vegetais (coco); a fruticultura do açaí; a cultura da mandioca e outras
culturas permanentes como o dendê, a pimenta-do-reino e o coco, como também a do
artesanato (SEIR, 2007).
4.1.1.1 Características gerais
• População Absoluta (Idesp, 2009): 655.955 habitantes;
• Densidade Demográfica (Idesp, 2009): 18,29 hab./km²;
• PIB 2007 (Idesp, 2009): R$ 5.408.071,00 mil;
• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, 2000): 0,68;
• PIB 2007 Per capita (Idesp, 2009): R$ 8.245,00;
• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (Idesp, 2009): 8 %;
• Valor Adicionado – Setor Industrial (Idesp, 2009): 50 %;
• Valor Adicionado – Setor Serviços (Idesp, 2009): 42 %.
32
4.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO
Dos onze municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins (Figura 2), dez
foram estudados, a saber: Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri,
Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju e Oeiras do Pará.
Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Foram aplicados trezentos e noventa e sete questionários junto aos agentes mercantis,
com pontos georeferenciados (Figuras 3 e 4). Houve necessidade de fechamento de algumas
cadeias em municípios fora da região tocantina, como foram os casos de Castanhal e de
Belém, principalmente. A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes
estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens
registradas nos municípios visitados (Apêndice C).
Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em(pontos numerados).
Fonte: IDESP. Elaboração: IDESP.
Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).
Fonte: IDESP. Elaboração: IDESP.
Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do (pontos numerados).
Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).
33
Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos diversas regiões do município
Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá
34
Com base na comercialização dos mais de trinta produtos identificados em nossa
amostragem, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região foram
organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 1).
Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Açaí fruto (kg) 59.116.449 43.916.347,45 88,25Cacau amêndoa (kg) 646.845 2.452.930,21 4,93Palmito (kg) 834.656 1.406.997,35 2,83Castanha-do-brasil (kg) 680.450 734.695,00 1,48Cupuaçu (un.) 402.468 448.908,42 0,90Carvão (saca) 91.087 349.636,99 0,70Buriti (kg) 173.586 178.056,96 0,36Bacaba (kg) 93.438 71.107,52 0,14Mel (l) 3.949 53.430,00 0,11
Utensílios (un.) (1) 18.736 42.500,72 0,09
Coratá (un.) 62.000 31.000,00 0,06Bacuri (un.) 36.050 14.866,00 0,03Murumuru (kg) 9.640 11.280,00 0,02Artesanato miriti (braça) 26.500 10.107,50 0,020Andiroba (l) 1.111 8.159,00 0,016
Cipós (kg)(2) 2.155 8.105,00 0,0163
Copaíba (l) 253 6.250,00 0,0126Inajá semente (kg) 5.200 5.040,00 0,0101Breu-branco (kg) 1.725 4.112,50 0,0083
Leites (l) (3) 476 3.121,50 0,0063
Taperebá (kg) 2.100 2.400,00 0,0048Urucum (kg) 470 965,00 0,0019
Plantas medicinais (kg) (4) 200 600,00 0,0012
Cupuaçu semente (kg) 300 360,00 0,0007Cumaru (kg) 20 60,00 0,00012Guarumã (braça) 100 12,00 0,00002Total 49.761.049,11 100,00
(2) Cipó timbó e cipó torcido.
(3) Amapá, jatobá e sucuúba.
(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
(1) Cuia, paneiro e tipiti.
PFNM Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)
35
4.2.1 Açaí
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí.
O açaí é o principal produto comercializado na RI Tocantins, tanto em volume
quanto em moeda circulante. Sua produção provém tanto de açaizais nativos quanto de áreas
de manejo ou plantações. A seguir a descrição dos agentes mercantis identificados na cadeia
de comercialização do açaí (Figura 5), considerando a abrangência para o âmbito local (os
dez municípios), estadual (fora da RI Tocantins) e nacional (outros estados do Brasil e outros
países).
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Trata-se da produção primária da agropecuária e extrativista dos dez
municípios da RI Tocantins;
Varejo rural: Incluem todos os pequenos comerciantes do interior do Município que
compram o açaí in natura dos produtores, comumente denominados atravessadores;
Indústria de beneficiamento: É a empresa que realiza o processamento do açaí in
natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos
comerciantes, as quais possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” as
quais vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria é
composta por um número reduzido de agroindústrias, as quais realizam a primeira agregação
de valor ao açaí in natura, ou seja, a produção de polpa de açaí pasteurizada e/ou congelada;
Atacado: São os comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram o fruto in natura em grandes quantidades do varejo rural (e/ou do produtor) e
vendem para agroindústrias estaduais;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: Tratam-se as unidades de beneficiamento da produção
localizadas no Pará, fora da região tocantina, que apenas beneficiam o açaí em polpa
pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de transformação: Englobam as unidades de transformação da produção
estadual. São processadoras e beneficiadoras de polpa de açaí e também de geleias, compotas,
etc.; e em pequena escala, os blends (açaí misturado com outras frutas, guaraná, etc.) e para
empresa de cosméticos;
36
Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras da
produção do Estado diretamente dos produtores regionais;
Varejo urbano: Tratam-se dos comerciantes varejistas que realizam a venda da polpa
de açaí para o consumidor estadual;
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
Indústria de beneficiamento: Englobam as unidades de beneficiamento situadas fora
do Estado que apenas beneficiam o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada;
Indústria de transformação: Incluem as unidades de beneficiamento situadas fora do
Estado que beneficiam o açaí em blends (lanchonetes, sorveterias, restaurantes, entre outros);
Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras no
âmbito nacional;
Varejo urbano: Englobam os comércios varejistas situados fora do Estado que
vendem para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.
A cadeia de comercialização do açaí possui a mais complexa estrutura dentre todas
as identificadas no estudo. Nos dez municípios foram entrevistados duzentos e oitenta e cinco
agentes mercantis que atuam, em média, há onze anos no ramo (variação de um a quarenta
anos). Os que trabalham somente com o açaí são 84% e os demais trabalham com outros
produtos (artesanato, bacaba, patauá, andiroba, murumuru, cupuaçu, buriti, cacau, carvão,
cipó, palmito, mel e taperebá).
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região
identificou-se que 28% possuem local para armazenagem com capacidade média de 16m2
(variação de 4 a 144 m2); 37% possuem transporte (oitenta e sete barcos com capacidade de
0,5 a 15 toneladas, cinco canoas, uma caminhonete, onze motos e dezessete bicicletas). Em
relação aos equipamentos 61% possuem (cento e setenta e cinco despolpadeiras, setenta e um
freezers, doze filtros, onze geladeiras, três câmaras frias, dois pasteurizadores, dois seladores,
duas envasadoras, um container, uma caldeira e uma balança), 38% não possuem
equipamentos e 3% não informaram.
A mão-de-obra predominante é a familiar em 47% dos entrevistados, com uma
equipe de até cinco pessoas. Dos demais agentes mercantis, 6% pagam uma diária para cinco
pessoas em média, no valor de R$ 10,00 a R$ 30,00; 2% pagam semanalmente para uma a
três pessoas, valores entre R$ 20,00 a R$ 120,00; 3% pagam em média para seis pessoas por
37
rasa colocada no barco ou caminhão o valor de R$ 0,30, o restante não informou. Em relação
ao período de trabalho, 70% trabalham o ano todo e 12%, somente na safra. Os demais não
informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de armazenagem e de
transporte, pouco capital de giro, carência de investimentos para melhorar a produção e
aquisição de equipamentos e falta de treinamento para os batedores de açaí sobre a
manipulação adequada.
Figura 5- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
A Figura 5 permite visualizar as proporções da quantidade produzida do açaí que
transitam entre os diferentes setores - constituindo assim, os canais de distribuição (ou canais
de comercialização) do fruto nos dez municípios estudados. A cadeia de comercialização do
açaí identificada pela pesquisa é complexa e constituída por vários níveis de setores
intermediários. Conforme Santana (2005), cada conjunto de intermediários que desempenham
algum tipo de atividade relacionada ao escoamento da produção do produtor até o consumo
final é um elo do canal de distribuição.
O principal canal de comercialização do açaí (Figuras 5 e 6) identificado com as
maiores quantidades é a compra do varejo rural de 77% do total da produção local
identificada, que vendem cerca de 60,4% para o setor da indústria de beneficiamento no
mercado estadual, são empresas localizadas fora da RI Tocantins, nos municípios de
38
Castanhal (cinco empresas); Tomé-Açu (uma); Santa Bárbara (uma); Marituba (uma);
Benevides (uma) e Belém (uma) no estado do Pará. Todas comercializam o açaí em forma de
polpa congelada. O equivalente a 53% da quantidade dessa polpa vai para o varejo urbano
nacional, que são lojas especializadas e/ou redes de supermercados que vendem 54,2% da
quantidade produzida para o consumidor nacional. As empresas demandantes do açaí,
produzido nos dez municípios estudados se comportam num ambiente oligopolista, ou seja,
setor caracterizado com um pequeno número de empresas atuando no mercado de compra de
insumo (no caso o açaí in natura).
Figura 6- Principal fluxo de comercialização do açaí na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Outro canal importante é composto pela indústria de beneficiamento local que
apresenta duas peculiaridades, i) volume destinado para o beneficiamento em pequena escala
(batedores de açaí) para atender o consumidor local com 24% da produção identificada e; ii)
destinado para a exportação de polpas (as agroindústrias) no âmbito da indústria de
transformação estadual e nacional (fora do Estado) comercializando somente 0,2% da
produção identificada (Figura 5). Destaca-se a venda direta do produtor de açaí para o
consumidor local, comercializando 3% da produção identificada.
39
Na cadeia do açaí foi identificada a presença da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab)4, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do MDS, sendo o
intermediador responsável pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no
município de Abaetetuba. Foi classificada como atacadista estadual que comercializou
cinquenta e duas toneladas de açaí para o consumidor estadual, representando 0,04% do
volume da produção identificada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do açaí, no período de 2008 a 2009.
Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização são determinados pela oferta e qualidade do fruto transacionado, conforme a
matriz (Figura 7), que contém os preços do quilo do açaí fruto, praticado pelos setores que
vendem (nas linhas) para os setores que compram (nas colunas).
Figura 7- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
4 A Conab é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de
abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviços de armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas superintendências regionais localizadas nos estados. Disponível em: <www.conab.gov.br/conabweb/> Acesso em: 15 dez. 2009.
40
A variação do preço implícito do açaí fruto, praticado pela produção local varia de
R$ 0,48/kg na venda para o atacadista local até R$ 1,42/kg para os beneficiadores locais.
Enquanto que os preços de venda praticados pelo varejo rural são diversos, destacando: R$
1,40/kg às indústrias de beneficiamento local, R$ 0,63/kg para as indústrias de beneficiamento
estadual e R$ 1,21/kg para os atacadistas estaduais e nacionais que são estabelecidos por meio
de contratos.
Os batedores de açaí locais (ou seja, indústria de beneficiamento de pequena escala),
em sua maioria, praticam preços de venda para o consumidor final local conforme o
rendimento do fruto e a época do ano (safra e entressafra do açaí), em média a R$ 2,23/kg
(Figura 7). Por outro lado, os preços praticados pelas agroindústrias locais (indústrias de
beneficiamento de maior escala) são determinados pelos contratos de venda. Assim, os preços
implícitos de venda são diversos em diferentes âmbitos como R$ 1,00/kg para a indústria de
beneficiamento e de transformação estadual; R$ 1,65kg para o atacado estadual e, para a
indústria de transformação e varejo urbano nacional foram R$ 2,63/kg e R$ 2,58/kg,
respectivamente.
Pode parecer estranho o preço de R$ 1,00/kg praticado na venda da indústria de
transformação estadual para o consumidor nacional. No entanto, a explicação é que essa
indústria de transformação estadual ainda não foi entrevistada, portanto o preço de venda real
praticado não foi identificado (Figura 7). Dessa forma, a metodologia adota o valor de
repasse, ou seja, o mesmo preço praticado na compra. Nesse caso trata-se de uma empresa de
cosmético instalada no Pará, fora da RI Tocantins.
O preço médio adotado pela venda da produção direta a R$ 0,71/kg para a indústria
de beneficiamento nacional pode ser explicado pela transação de empresas de beneficiamento
do Maranhão, estado vizinho, que compra diretamente o fruto da produção local tocantina e
vende ao consumidor nacional (maranhense, no caso) ao preço médio de R$ 1,44/kg (Figura
7). Outra transação importante é a vinda de atravessadores do estado do Amapá (atacadista
nacional), que compra a um preço médio de R$ 1,21/kg de atravessadores locais (varejo rural
local), quantidades significativas de açaí fruto (mil trezentas e quarenta e três toneladas ao
ano), levadas por grandes embarcações, que utilizam um processo rústico de armazenagem e
refrigeração (cobrem as rasas com lonas e colocam gelo na superfície). Esses atravessadores
vendem, em média, a R$ 1,45/kg para batedores do Amapá (indústria de beneficiamento
nacional) que abastecem o consumo do Amapá a um preço médio de R$ 1,44/kg (preço de
repasse).
41
d) Valor Bruto da Produção - VBP, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.
Somando os valores recebidos pela venda do açaí de todos os produtores da RI
Tocantins, o Valor Bruto da Produção Alfa (VBPα) foi de R$ 192,9 milhões; o varejo rural foi
de R$ 151,6 milhões; a indústria de beneficiamento local foi de R$ 140,8 milhões e o valor do
atacado local, de R$ 7,1 milhões - gerando R$ 492,4 milhões nas vendas do açaí na RI
Tocantins, que representa 37% do total gerado, sob a óptica da oferta (Gráfico 1).
Gráfico 1- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Em relação aos R$ 420 milhões, gerados na venda do açaí no Estado do Pará (31%
do total gerado), os setores que se destacaram foram os da agroindústria (indústria de
beneficiamento estadual), cujo VBP foi na ordem de R$ 381,9 milhões; sendo que o do setor
do varejo urbano estadual, de R$ 21,2 milhões. No mercado nacional foram gerados R$ 432,3
milhões na venda do açaí fora do Estado, o que representou 32% do total gerado; sendo que o
varejo urbano nacional foi o principal setor responsável pelas vendas, com R$ 411 milhões. A
economia do açaí gerada a partir da RI Tocantins, portanto, foi responsável por cerca de R$
1,3 bilhão, com um produto regional atingindo diversos setores que dinamizam a economia
regional, estadual e nacional.
e) Valor Adicionado Bruto - VAB, gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (%).
42
Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Tocantins até a
demanda final, ao valor de R$ 665,4 milhões foram adicionados VABs ao produto açaí
(Gráfico 2), correspondendo a uma margem de agregação ao produto na comercialização ou a
um mark-up total de 240%.
Gráfico 2- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O mark-up total (no caso, de 240%) é calculado a partir do VAB total (R$ 665,4
milhões), menos o VBP da produção local (R$ 192,9 milhões), dividido pelo VBP da
produção local. Essa margem mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a
partir da produção primária (Setor α).
Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação foi
a indústria de beneficiamento estadual, com R$ 262,1 milhões, agroindústrias localizadas em
municípios fora da RI Tocantins, que agregam ao produto uma margem de comercialização
(mark-up do setor) de 219% (Gráfico 2), que está relacionado, principalmente, ao grande
poder de compra desse setor o qual, adquire o açaí in natura do sistema local e vende para
fora do Estado um produto beneficiado (pasteurizado e congelado) a preços mais atrativos em
relação ao mercado estadual. Ou melhor, o mark-up do setor é o Valor Adicionado (R$
correntes/kg in natura) do setor, dividido pelo VBP pela óptica da demanda, representado em
43
termos percentuais (%), que inclui todos os custos da comercialização e do beneficiamento do
produto analisado, os quais não foram captados pela pesquisa.
Em relação ao sistema local destacam-se as indústrias de beneficiamento (formadas
em sua maioria pelos batedores de açaí) e o varejo rural (os atravessadores) com um valor
adicionado de R$ 51,5 milhões (mark-up de 58%) e R$ 34,6 milhões (mark-up de 30%),
respectivamente (Gráfico 2). O setor da produção local transaciona o valor efetivo referente
somente ao montante das vendas de R$ 192,9 milhões do açaí in natura. Em âmbito nacional,
o setor do varejo urbano foi o que mais agregou valor no montante de R$ 98,2 milhões; porém
com um mark-up de apenas 31%. Do que se infere que, do total do valor adicionado, o
sistema local participou com 43%, o sistema estadual com 42% e o nacional com 15% de
participação.
f) Renda Bruta Total - RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização do
açaí.
A RBT e a comercialização formam-se a partir da soma da compra dos insumos, pela
óptica da demanda, com o VTE; o qual equivale ao Valor Adicionado (R$ correntes/kg in
natura). Assim, a pesquisa de campo identificou que a renda bruta total gerada para a
comercialização do açaí nos dez municípios estudados foi de R$ 1,3 bilhão. O mercado
nacional foi responsável por 32% dessa renda bruta total; seguido pelo local, com 37% e pelo
estadual com 31% (Gráfico 3).
44
Gráfico 3- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Na RI Tocantins o setor do varejo rural gerou a maior renda bruta na ordem de R$
151,6 milhões, pois comprou de insumos cerca de R$ 117 milhões e agregou um valor na
ordem de R$ 34,6 milhões (Gráfico 3). A indústria de beneficiamento local foi responsável
pela RBT de R$ 140,8 milhões, pois comprou de insumo o açaí fruto in natura por R$ 89,3
milhões e adicionou o montante de R$ 51,5 milhões. O setor do atacado local gerou uma
renda bruta equivalente a R$ 7,2 milhões, sendo R$ 4,7 milhões em insumos e R$ 2,5 milhões
no valor adicionado.
No âmbito estadual, o setor das agroindústrias (indústrias de beneficiamento) atingiu
uma RBT no valor de R$ 381,9 milhões, dos quais R$ 119,8 milhões equivalem à compra dos
insumos (açaí in natura) e R$ 262,1 milhões, ao valor adicionado na comercialização do açaí
em polpa. O setor do varejo urbano estadual gerou uma renda bruta equivalente a R$ 21,2
milhões; destes, R$ 16,2 milhões foram usados na compra de insumos (açaí in natura) e R$ 5
milhões foram adicionados ao produto (Gráfico 3). O setor que mais comprou insumos da RI
Tocantins foi o varejo urbano nacional, no valor de R$ 312,8 milhões e adicionou mais R$
98,2 milhões, compondo uma RBT desse setor, equivalente a R$ 411 milhões; mostrando que
o açaí já ganhou importância nesse mercado.
g) Destino da produção de açaí identificado nos dez municípios estudados da Região
de Integração Tocantins
45
Do volume total de açaí identificado na Região de Integração Tocantins, 28% fica na
própria região em função do hábito alimentar da população local (Gráfico 4), em que
predomina a ribeirinha (Abaetetuba, com 6,8%; Moju, com 4,4%; Cametá, com 5,6%;
Barcarena, com 3,1%; Oeiras do Pará, com 2,6%; Mocajuba, com 2,5%; Igarapé-Miri, com
1,7% e Limoeiro do Ajuru, com 1%). Destinam-se 10% para o consumidor de outros
municípios do Pará, como Ananindeua (0,2%); Belém (7,9%); Benevides; Castanhal (0,9%);
Marituba (0,9%); Santa Bárbara (0,02%) e Tomé-Açu. Exportam-se 62% para o mercado
nacional e internacional, porém o método conseguiu identificar apenas alguns estados
brasileiros (Amapá, com 2,4%; Maranhão, com 0,9%; São Paulo, com 0,1% e Goiás, com
0,02%) e dois países (Japão, com 3,6%; e Estados Unidos, com 0,1%).
Gráfico 4 - Destino do volume (%) de açaí identificado na RI Tocantins, a fim de atender as demandas de consumo local, estadual e nacional.
Fonte: IDESP.
h) Informações complementares sobre a comercialização do açaí.
Um fato interessante identificado foi a padronização da Feira do Açaí de Cametá,
que difere dos demais municípios, pois possui supervisores que fiscalizam a disposição do
produto para evitar a contaminação, os feirantes devem obedecer o padrão com disposição dos
paneiros sobre bancadas de madeira, uso de sacos plásticos novos para entrega ao
consumidor, além da padronização dos recipientes de venda para o varejo, fornecidos pela
prefeitura. Usam o espaço formado por 35 tabuleiros, com 70 trabalhadores cadastrados, com
46
capacidade de cada tabuleiro comportar 24 rasas de 14 kg. Eles reclamam da ausência de uma
indústria beneficiadora de açaí que poderia gerar emprego e renda no município.
O Centro Miriti Pousada Escola, de Cametá, é formado por 950 mulheres
organizadas em uma cooperativa, que funciona desde 2004, composta por 41 grupos no
campo e 9 grupos na cidade. Comercializam açaí beneficiado para duas empresas uma
localizadas Amazonfruit – Frutas da Amazônia Ltda. (Marca: Amazonfrut) e Bolthouse do
Brasil Ind. e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda. (Marca: Bolthouse do Brasil). Utilizam
liquidificadores para processar as polpas de cupuaçu, taperebá e graviola. Trabalham com o
cultivo de plantas medicinais, assistidas por um pesquisador da Embrapa. Tudo que é
produzido pela cooperativa também é comercializado em uma loja chamada “Puçanga”.
O açaí faz parte da dieta alimentar da maioria das famílias de Baião, principalmente
as ribeirinhas, que também vêem no produto, uma fonte de renda. O fruto que abastece a
cidade é oriundo de comunidades e municípios vizinhos como Cametá. Geralmente o açaí é
comercializado no porto da cidade, em pequenas embarcações. O açaí que chega em Baião é
todo encomendado por batedores locais. Durante a comercialização acontece um rodízio de
agentes mercantis (atravessadores/produtores), quando ocorre o revezamento, cada agente
leva seu produto apenas duas vezes por semana e em dias alternados.
O consumo de açaí no município de Mocajuba é elevado, pois faz parte da dieta
alimentar dos moradores. Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme no município.
A maioria dos batedores de açaí dispõe de uma infra-estrutura mínima, alguns locais onde é
processado não possuem piso adequado, nem água filtrada. Em outros estabelecimentos o
fruto fica próximo de animais correndo risco de contaminação e comprometendo a qualidade
do produto final. Alguns batedores já solicitaram financiamento especifico para melhorar a
estrutura de seus estabelecimentos, porém continuam sem resposta.
O açaí que é vendido no município de Oeiras do Pará vem dos ribeirinhos e abastece
o mercado local, mas, às vezes, vai para alguns municípios próximos, como Curralinho. O
açaí faz parte da alimentação diária das famílias, por isso existem muitos batedores
espalhados pela cidade. No período da entressafra o açaí vem de outros municípios para
abastecer a população de Oeiras do Pará, com preço alto, o que reduz o consumo e os
batedores acabam vendendo mais o vinho fino. Faltam orientações, por parte dos órgãos de
assistência, para aumentar a produção de açaí na entressafra com práticas de manejo dos
açaizais. O açaí é incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB.
47
A produção de açaí de Limoeiro do Ajuru é significativa, chegando a abastecer
outros municípios, principalmente na entressafra. De acordo com relato de alguns produtores
e de uma técnica, a Emater atua no manejo de açaí para que o município produza bastante açaí
na entressafra. A Emater e outros órgãos sempre ministram cursos de manejo de açaí para as
comunidades. Os produtores de açaí entregam sua produção para a cooperativa Cooper açaí
que, por sua vez, manda in natura para Macapá, Belém e outros municípios do estado.
Os batedores de açaí de Barcarena passaram por qualificações para padronizar seus
pontos de venda e dar qualidade ao produto além de uma melhor higienização durante o
processamento do produto.
Em Igarapé Miri evidenciou-se um grande volume de açaí comercializado no período
da safra e em menor quantidade na entressafra. A comercialização é quase toda feita para fora
do município. O açaí chega diariamente nos portos, em grande quantidade, e é vendido para
várias fábricas de Castanhal, Tomé-Açu, e outros municípios. No município existem três
fábricas de açaí, sendo que só duas estão funcionando. A produção de açaí está aumentando a
cada ano devido o manejo feito nos açaizais dos produtores. Enquanto em outros municípios a
safra do açaí esta terminando, em Igarapé Miri a produção é estendida em função da grane
produção decorrente do manejo feito nos açaizais.
Em visita à fábrica de açaí da Cooperativa Agroindustrial dos Moradores e
Produtores Rurais de Igarapé -Miri (Coopfrut), em 2008, o entrevistado informou que não
estava funcionando. Quando a fábrica funcionou, beneficiava 20% da produção local e
exportava. De acordo com um membro da Coopfrut, a cooperativa foi criada em 2000, com
apoio de organizações não governamentais, do Programa Pobreza e Meio Ambientes (Poema)
e de outros órgãos, servindo por vários anos como termômetro de preço da comercialização
local de açaí. Já tiveram 280 cooperados e, na data da entrevista, tinham somente 150
atualizados. A capacidade da fábrica era de 120 latas por hora e contava com câmaras de
resfriamento com capacidade de 12 toneladas e armazenamento de 200 ton. Pararam de
funcionar, em 2007, devido problemas administrativos e de gestão. Em 2007 venderam 60 t
(R$1,40 a R$2,00/Kg) para o Rio de Janeiro; 99 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para São Paulo; 10 t
(R$5,70 a 6,00/Kg) para o Havaí; 80 t para a J. C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda. (Marca:
Açaí Mania / Açaí Amazon). Na época tinham novos acordos com Fortaleza e a Empresa
Brasileira de Bebidas e Alimentos S/A (Marca: DaFruta e a Maguary), de Recife. Além do
açaí possuem projetos de oleaginosas como andiroba e copaíba e de uso do buriti para
merenda escolar. Em 2008 estavam com nova gestão, e tinham um projeto para beneficiar
1.200 latas por dia, mas para atingir essa produção precisariam de parcerias. Outras duas
48
fábricas de açaí em Igarapé Miri não deram entrevistas, pois alegaram não ter um responsável
para falar dos trabalhos.
Durante a safra de açaí em Igarapé Miri são carregados, em média, 20 caminhões por
dia no porto, com uma capacidade de aproximadamente 1.200 a 1.500 rasas cada caminhão;
somados também a muitos carros pequenos que comportam entre 50 e 80 latas. Na safra de
açaí a maior produção vai para Belém e Castanhal, e uma pequena quantia sai para o
município de Tailândia. Na entressafra o açaí vai direto para Belém.
São cinco os maiores atravessadores de açaí em Igarapé Miri. Segundo um
entrevistado os maiores compradores são a CAMTA, J.C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda;
Sabor do Açaí Ind. e Comércio (Marca: Maria Luiza); Castanhal Comércio de Polpas Ltda e a
Dibony Ind. Com. e Exp. de Bebidas Ltda (Marca: Dibony).
De acordo com o técnico da EMATER a produção estimada em Igarapé Miri para
2008 é cerca de 130.000 toneladas de açaí. O manejo do açaí BRS-Pará foi grande no
município. As empresas de açaí que vem buscar o produto em Igarapé Miri são a Castanhal
Comércio de Polpas Ltda (Castanhal-PA), a CAMTA (Tomé Açu-PA), a Bolthouse do Brasil
Ind. e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda do distrito de Icoaraci (município de Belém-PA),
a Dibony (Marituba-PA) e a Amazonfrutas Polpas de Frutas da Amazônia Ltda (Marca: Rajá
Frutas / Pai d'égua / Sabor do Pará / Nativo / Mix / Amazon Mania) localizadas em Santa
Bárbara-PA.
A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI),
possui mais de duas centenas de cooperados, formados em 13 núcleos (Joarimbu, São
Lourenço, Boa Esperança, Alto KG, Anapu, Miritipucu Seco, Salento, Alto Miritipucu, São
Jorge, Ampresa, Mamagualzinho, Nova Aliança e a cidade), cada qual representado por
coordenadores. A CODEMI somente comercializa açaí e vende para a maioria das empresas
do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfruta). A
cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e
Solidário.
Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada em Igarapé Miri por causa da qualidade
da água.
O açaí de Moju é quase todo consumido no próprio município e uma parte é levado
para Tailândia e Belém. A entrevista com o técnico da EMATER apontou que o “Projeto de
Açaizal Nativo” representa 70% da fonte de renda da população ribeirinha, que gera emprego
ao longo de toda sua cadeia produtiva. Comparou que um açaizal manejado produz duas vezes
mais que o não manejado. Se a média do não manejado por hectare é de 200 rasas/safra, a do
49
manejado atinge até 500 rasas no mesmo período. No projeto de “Industrialização artesanal
do açaí” o vinho é de alto valor energético e aproveitado no preparo de mingaus, sorvetes,
bolos, brigadeiros, cocadas, doces e licores. Toda produção do açaí manejado da várzea é
comercializado no Porto do Pelé, localizado na área comercial de Moju, parte vai para Igarapé
Miri (Coopfrut) e Acará. Os produtores ribeirinhos chegam com o açaí e vendem no porto
para os batedores e alguns atravessadores que vendem principalmente para Belém. O principal
problema é o transporte para a comercialização. Na entressafra o açaí vem de áreas manejadas
de Igarapé Miri.
O açaí é o PFNM mais produzido na região, faz parte da alimentação diária das
famílias de Moju que sofrem com a falta do produto na entressafra, porque o preço aumenta.
4.2.2 Cacau amêndoa
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau amêndoa.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau (Figura 8), segundo
maior produto não madeireiro identificado na RI Tocantins, apresentam as seguintes
denominações, considerando a abrangência para o âmbito local (os dez municípios), estadual
(fora da RI Tocantins) e nacional (fora do estado do Pará e do Brasil).
A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau amêndoa:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É a produção primária (ascendente) da agropecuária e extrativista dos dez
municípios pesquisados que comercializam o cacau seco ou molhado;
Varejo rural: São os pequenos atravessadores ou representantes de atacadistas
estaduais que compram cacau seco ou molhado dos produtores locais e realizam o
beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a secagem natural do fruto);
Atacado: Trata-se dos comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas de
transformação nacional ou multinacional) que transacionam grandes quantidades de cacau
seco e também, na maioria das vezes, realizam o beneficiamento primário da amêndoa
(fermentação e a secagem natural do fruto) com o objetivo de armazenar o produto com
qualidade;
50
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Atacado: Incluem os atacadistas que transacionam volumosas quantidades de cacau
seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja, do setor
da indústria de transformação (multi) nacional;
Indústria de transformação: São grandes empresas nacionais e multinacionais que se
dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau, líquor5, torta e o pó de
cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras, que os transformam junto
com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em chocolate;
Varejo urbano: É a instância de comércio de varejo, situada fora do Estado que vende
para o consumidor nacional.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amêndoa.
Nos dez municípios foram entrevistados vinte e sete agentes mercantis que atuam,
em média, há vinte anos no ramo (variação de cinco a sessenta e seis anos), sendo que 26%
deles atuam somente com cacau, 52% com cacau e o açaí fruto e os demais trabalham com
outros produtos (castanha, palmito, buriti, uxi, cupuaçu, andiroba, copaíba, artesanato e mel).
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região,
identificou-se que 44% possuem local para armazenagem com capacidade média de 78m2
(variação de 9 a 300 m2); 52% possuem transporte (57% barco com capacidade de uma a três
toneladas, 14% canoa, 14% caminhão, 7% bicicleta e 7% trator); e como equipamento foi
identificado à utilização da balança por um agente. A mão-de-obra predominante é a familiar
em 70% dos entrevistados, com equipe de até cinco pessoas; 3% deles possuem de seis a dez
pessoas e 27% não informaram. Dos agentes entrevistados, oito pagam diária no valor de R$
15,00 a R$ 20,00; sete referem-se à renda familiar e somente um deles paga salário. Em
relação ao período de trabalho, 63% atuam somente na safra, 18% trabalham o ano todo e os
demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de
armazenagem e de transporte, perda de peso do produto, ataque de broca se o produto não
estiver seco, falta de capital de giro e de investimentos a fim de melhorar a produção e a
aquisição de equipamentos, a falta de energia para armazenagem e de assistência técnica para
o manejo.
5 O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de
cacau (A NOTÍCIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.
51
Figura 8- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializada na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
A cadeia de comercialização do cacau consiste em canais simples, apresentando
gargalo no atacado estadual (Figura 8). Existem apenas três tipos de intermediários que
participam do escoamento da produção desde o produtor até o consumo final, são eles: o
varejo rural, o atacado local e o atacado estadual. Os atacadistas locais compram 62,3% dos
produtores e 17,7% do varejo rural e vendem 74,8% das amêndoas secas para os atacadistas
estaduais e 5,3% diretamente para a indústria de transformação no âmbito nacional. O varejo
rural (atravessadores) compra 37% do total da produção identificada, sendo 17,7% desta
vendida para os atacadistas locais e 19,3% para os atacadistas estaduais (Figura 8).
O setor atacadista estadual é caracterizado pela presença de grandes atravessadores,
localizados na cidade de Santa Izabel e na Região Metropolitana de Belém, os quais
constituem o elo principal entre os intermediários locais e as indústrias de transformação
nacionais, por meios de acordos ou contratos de suprimento da matéria-prima do cacau, sendo
caracterizado por um mercado dito oligopolista, ou melhor, aquele que determina os preços.
Com isso, eles interagem com os setores locais para reunir quantidades suficientes para
52
atender as maiores indústrias moageiras6. Dessa forma, a estrutura da cadeia de
comercialização do cacau do estado do Pará não apresenta agroindústria para verticalizar a
amêndoa dos dez municípios estudados, toda safra atende o mercado nacional, mais
precisamente da Bahia e de São Paulo.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do cacau amêndoa, no período de 2008 a 2009.
Como o cacau é uma commodity tais preços são determinados pelo movimento das
duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto
índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008, no
mercado internacional (Figura 09). Nesse contexto, os preços médios praticados pelos
principais intermediários que são os atacadistas locais e os estaduais são vantajosos nos
acordos de compra e venda do cacau.
Figura 9- Variação de preço do cacau amêndoa no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.
Fonte: Bolsa de New York, 2008. Elaboração: IDESP.
Os preços médios de compra de insumo (cacau), praticados pelos atacadistas locais
com os produtores e com os atravessadores (varejistas rurais) são de R$ 3,80/kg e de R$
4,14/kg, respectivamente, (Figura 10). Por outro lado, os preços de venda praticados pelos
atacadistas locais são de R$ 4,05/kg com os atacadistas estaduais, sendo que com as indústrias
de transformação nacional são de R$ 4,49/kg (Figura 10). Em relação aos atacadistas 6 As principais empresas moageiras que compram o cacau dos dez municípios são a Cargill, ADM Cocoa
(Archer Daniels Midland Company (Joanes), Barry Callebut, Nestlé e a Indústria e Comércio de Cacau Ltda. (Indeca).
53
estaduais praticam-se preços de compra de insumo conforme os custos de transporte do
produto, pois a maior dificuldade é o escoamento da produção do campo até o armazém
estadual. O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais foi em média
de R$ 3,64/kg, com os varejistas rurais de R$ 4,12/kg, com os atacadistas locais de R$
4,05/kg e com outros agentes do mesmo setor chega a ser de R$ 4,98/kg (Figura 10). No
tocante ao preço de venda, praticado por eles para as indústrias de transformação nacional,
este é de R$ 5,50/kg.
Figura 10- Preço médio do cacau amêndoa (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
O processo de beneficiamento primário do cacau visa a obter um produto final
constituído de amêndoas fermentadas e secas com o mínimo possível de umidade. Assim, o
preço de compra do cacau molhado (sem o beneficiamento primário) varia entre R$ 0,70/kg a
R$ 1,00/kg e o preço de compra do cacau seco é de R$ 4,00/kg. O rendimento de cem quilos
do cacau molhado equivale a quarenta quilos de cacau seco (dados obtidos em campo).
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cacau amêndoa.
O VBPα dos produtores identificados nos dez municípios atingiu um patamar de R$
8,4 milhões, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$ 88,6 milhões (Gráfico 5).
Os setores que mais ofertam no âmbito local são o atacado, com R$ 7,2 milhões - e o varejo
54
rural (atravessadores), com R$ 3,4 milhões. No âmbito estadual somente o atacadista com R$
12,5 milhões. No nacional o VBP dos dois setores foi estimado, pois não houve entrevista. No
entanto, a presença da indústria de transformação (indústrias moageiras) apresentou um VBP
estimado na ordem de R$ 23,4 milhões - e o varejo urbano, em R$ 33,9 milhões.
Gráfico 5- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do cacau amêndoa e a margem de comercialização de cada setor (%).
Na cadeia de comercialização do cacau foi agregado ao produto um valor de R$ 33,9
milhões, subtraindo o VAB total (R$ 33,9 milhões) do VBP da produção local (R$ 8,4
milhões) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtêm-se uma margem de
agregação ou mark-up total de 305% (Gráfico 6).
Do montante, o sistema local foi responsável por R$ 9,0 milhões, no qual o produtor
consegue agregar um valor de R$ 8,4 milhões com a comercialização da amêndoa seca,
valorizando o produto em relação ao preço de venda (Gráfico 6). Melhor dizendo, o produtor
realiza na maioria das vezes o processo de beneficiamento composto por etapas básicas como:
colheita, quebra do fruto, fermentação e secagem da amêndoa do cacau. Ainda localmente
destacam-se o atacadista e o varejista rural que agregam somente R$ 363,6 mil e R$ 283,6mil,
respectivamente.
55
Gráfico 6- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Em âmbito estadual, o setor do atacado agrega R$ 3,0 milhões com um mark-up de
32% (Gráfico 6). A justificativa é a pequena margem de comercialização dos agentes
estaduais devido à dependência do mercado internacional e a venda do produto com baixa
agregação de valor, ou seja, o cacau é vendido em forma de amêndoas secas. Por outro lado, a
indústria de transformação nacional agrega cerca de R$ 11,3 milhões o que justifica um mark-
up de 95%.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cacau amêndoa.
Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao produto
foram movimentados no total um valor de R$ 88,6 milhões, o que equivale à renda bruta
gerada na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-) nacional responsável por 65%,
o local por 21% e o estadual por 14% (Gráfico 7).
56
Gráfico 7- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O setor que mais comprou cacau da RI Tocantins e adicionou valor ao produto foi o
varejo urbano nacional, com uma RBT do setor no montante de R$ 33,9 milhões. Destes, R$
23,4 milhões referem-se ao valor pago pela compra dos insumos (cacau) e R$ 10,5 milhões
foram adicionados ao produto. Vale lembrar que esses valores são estimados para o varejo
urbano nacional, pois a pesquisa concentra esforços nas análises regionais. Outro setor
importante foi a indústria de transformação nacional com uma RBT de R$ 23,3 milhões,
sendo R$ 12 milhões para a compra de insumos (valores obtidos pela presente pesquisa junto
ao setor) e R$ 11,3milhões o valor adicionado (estimado) ao produto.
Na RI Tocantins o atacado local gerou a renda bruta total do setor de R$ 7,2 milhões,
pois comprou em insumos R$ 6,8 milhões e agregou muito pouco valor ao produto na ordem
de R$ 363,6 mil (Gráfico 7). Assim como o setor do varejo rural local, o qual gerou uma
renda bruta no valor de R$ 3,3 milhões, com a compra de cacau na ordem de R$ 3,1 milhões e
adicionou apenas R$ 283,6 mil. A renda bruta do setor da produção local equivale ao valor
adicionado que foi de R$ 8,4 milhões, valor este considerado alto, pois na maioria das vezes,
vende o produto já beneficiado (amêndoas secas) para atender o mercado estadual e nacional.
Na esfera estadual, o atacado comprou cacau no valor de R$ 9,5 milhões, adicionou apenas
R$ 3 milhões e alcançou uma RBT no valor de R$ 12,5 milhões. Esse setor, na realidade,
57
agrega pouco valor ao produto; porém compensa pelo grande volume transacionado por meio
de contratos com as indústrias moageiras.
O que se percebe na cadeia de comercialização do cacau dos dez municípios é que no
âmbito estadual e local a comercialização tem baixa geração de renda, devido à concentração
do mercado atacadista (oligopolizado), o qual controla a demanda por insumos do mercado
local e, por consequência, o preço de compra, que é determinado pelo mercado internacional,
unido à falta da verticalização da cadeia do cacau no Estado.
g) Informações complementares sobre a comercialização de cacau amêndoa.
De acordo com o técnico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
(Ceplac), em Cametá, existem seis mil hectares de cacau nativo, espalhados pelas ilhas de
várzea, com destaque para as Ilhas de Mendaruçu, Mutuacá eTamanduazinho. O município de
Cametá já foi o maior produtor do Estado.
A produção de cacau recebe destaque ainda no município de Baião, principalmente
devido ao declínio das plantações de pimenta. O processo de substituição da pimenta por
plantios de cacau ocorreu de forma progressiva e com grande aceitação no mercado local. O
fruto vem sendo cultivado principalmente por comunidades ribeirinhas e comercializado na
sede de Baião e em Cametá.
Atualmente os plantios de cacau em Mocajuba vêm se destacando como um mercado
em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta, que sofreram problemas
patológicos, falta de assistência técnica e queda na economia desse produto.
A Secretaria Municipal de Agricultura de Mocajuba possui projetos de manejo do
cacau, os quais elevaram a produção em 2008, como também projetos de diversificação de
cultura, com o objetivo de substituir a pimenta pelo cacau de forma gradativa. Existem cerca
de 90 produtores cadastrados.
Mocajuba possui relativa produção de cacau que é, geralmente, escoada diretamente
para outros estados da Federação, como São Paulo e Bahia. Segundo informações de agentes
mercantis locais, esse comércio geralmente é firmado por meio de contrato entre a empresa de
exportação e o agente mercantil local, com um alto grau de confiança, pois a empresa chega a
fazer adiantamentos a este, a fim de adquirir o produto, denominado “pagamento em folha”, o
qual consiste num tipo de negociação em que o agente mercantil compra o produto que ainda
está sendo cultivado. Segundo o secretário municipal de agricultura, o cacau é considerado a
segunda cultura mais plantada em Mocajuba, ficando apenas atrás da pimenta. O Banco do
58
Brasil e o Banco da Amazônia financiaram oitenta e sete projetos entre os anos de 2005 a
2008.
A cacauicultura poderia ser mais explorada dentro do município de Mocajuba, mas a
reduzida assistência técnica inibe a atividade, pois a Ceplac, atualmente dispõe de apenas uma
técnica para atender toda a demanda do Município.
A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau
visando a melhorar a renda das famílias.
A maioria do cacau de Limoeiro do Ajuru é nativo das ilhas. Atualmente os
produtores estão plantando cacau para repor os pés que morreram. A produção de cacau
(sementes secas e molhadas) é vendida para atravessadores, os quais o comercializam em
Cametá e outros municípios. Na ilha de Saracá foram entrevistados diversos produtores e
atravessadores de açaí e de cacau.
Em Moju existem dez projetos de cacau como unidades demonstrativas de sistemas
agroflorestais, de preparo da área e produção de mudas.
4.2.3 Palmito
Na região de estudo o palmito é extraído do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.).
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do palmito.
Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis que atuam, em
média, há dezesseis anos, no ramo do palmito (variação de tempo um a trinta e seis anos),
sendo que 58% deles atuam somente com palmito e os demais trabalham com outros
produtos, como com o açaí fruto, cacau, buriti, taperebá e andiroba. Na descrição da
capacidade instalada dos agentes mercantis, entrevistados da região, identificou-se que 47%
possuem local para armazenagem do produto, com capacidade média de 64m2 – excluindo
duas empresas que possuem armazéns bem maiores com 1.800m2 e 10.100m2; 68% possuem
meio de transporte (93% barco com capacidade entre duas a quinze toneladas e 7% caminhão)
e; 63% possuem maquinário (esteira, estufa, caldeira, codificador, recravadeira, rotulador,
datador, motosserra). A mão-de-obra com uma equipe de até cinco trabalhadores ocorre em
53% dos agentes entrevistados; 16%, com seis a dez pessoas; 21%, com mais de dez pessoas e
os demais não informaram. Em relação ao período de trabalho, 68% atuam o ano todo, 16%,
somente na safra e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa
capacidade de armazenagem na safra, necessidade de ampliar a capacidade de transporte, falta
59
fiscalização nas fabriquetas ilegais, bem como necessidade de treinamento, qualificação e
capacitação para o manejo dos açaizais.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do palmito na RI Tocantins
(Figura 11) apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Constituído por extratores de palmito em áreas de açaizais nativos ou
manejado;
Varejo rural: São pequenos comerciantes que compram o palmito da produção local,
conhecido regionalmente como “cabeça”, e são denominados atravessadores;
Indústria de beneficiamento: São empresas que realizam o processamento industrial
do palmito em conserva. Nesse setor existem dois tipos de estruturas de empresas
processadoras na região: a) As “fabriquetas”, operadas por moradores locais e situadas às
margens dos rios dos dez municípios estudados, as quais operam como “produtoras exclusivas
terceirizadas” para empresas, as quais fornecem o capital de giro, os produtos químicos para a
conservação do produto (ácido cítrico) e os potes (vidros e latas) para embalagem. b) As
agroindústrias, normalmente Filiais situadas nas áreas urbanas da RI Tocantins, as quais
também operam com o capital de giro de empresas exportadoras e distribuidoras, que são as
“Matrizes”, que possuem diversas marcas, localizadas no estado do Pará ou fora dele;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: São agroindústrias que realizam o processamento
industrial do palmito em conserva. Comercializam com diversas marcas, tanto no mercado
externo como no mercado interno, onde contam com uma rede de representantes em vários
pontos do Brasil;
Varejo urbano: Formado por atravessadores de palmito in natura (cabeças), os quais
vendem para indústrias de beneficiamento estadual ou a comerciantes (supermercados), que
vendem o palmito em conserva diretamente para os consumidores estaduais;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Atacado: São comerciantes que transacionam volumosas quantidades de palmito em
conserva;
Varejo urbano: Formado instâncias de comércio de varejo situadas fora do Estado e
que transacionam o palmito em conserva para o consumidor nacional.
60
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito.
A cadeia de comercialização do palmito, identificada na presente pesquisa, é
constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção da região
identificada, 84% são vendidos diretamente para o setor da indústria de beneficiamento local,
que por sua vez comercializa em torno de 56% para o setor do varejo urbano nacional, 34%
vai para o setor atacadista nacional, composto pelas empresas matrizes e 9% para o setor de
beneficiamento estadual, que constituem no repasse da produção das empresas filiais para
suas matrizes localizadas fora da região (Figura 11).
Figura 11- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Do total da produção local, 15% do palmito in natura é adquirido como insumo pelos
atravessadores locais (varejo rural), os quais revendem quase tudo para as fabriquetas
(Indústria de Beneficiamento local). Nas fabriquetas, após o processamento do palmito, as
latas e os vidros são embalados em caixas e enviados de barco a uma empresa de distribuição
em Belém. A rotulagem acontece na fabrica matriz, com vários rótulos representando diversas
marcas. Percebe-se claramente que o palmito da RI Tocantins vai quase todo para o mercado
nacional. As populações ribeirinhas não têm hábito e nem tradição de comer palmito. Muito
pouco fica na esfera estadual (0,2%).
61
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do palmito, no período de 2008 a 2009.
A produção local vende a R$ 1,49/Kg para a indústria de beneficiamento local; a R$
2,63/Kg para a indústria de beneficiamento estadual; a R$ 2,70/Kg para o varejo rural e a R$
2,99/Kg para o varejo urbano estadual (Figura 12). O setor da indústria de beneficiamento
local do palmito compra-o a um preço de R$ 1,49/Kg da produção, a R$ 3,11/Kg do varejo
rural e a R$ 6,05/Kg de outras indústrias de beneficiamento do setor local – as quais, por sua
vez, vendem-no a R$ 6,70/Kg para a indústria de beneficiamento estadual, a R$ 3,90/Kg para
o atacado nacional e a R$ 7,58/Kg para o varejo urbano nacional (Figura 12).
Figura 12- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Essas indústrias de beneficiamento estaduais vendem a R$ 7,56/Kg para o varejo
urbano estadual e a R$ 16,54/Kg para o varejo urbano nacional (Figura 12). A transação
comercial que obtém maior diferença entre o preço de compra com o valor de venda foi o do
atacado nacional, que compra palmito já envasado da indústria de beneficiamento do
Tocantins a um valor de R$ 3,90/Kg e vende a R$ 25,08/Kg para o varejo urbano nacional
(Figura 12).
d) VBP pela ótica da oferta, na comercialização do palmito.
62
O VBPα dos extratores de palmito da produção local, identificado nos dez municípios
atingiu um patamar de R$ 221,4 mil – da indústria de beneficiamento local foi de R$ 805,9
mil e do varejo rural local, de R$ 62,7 mil; enquanto que o VBP de todos os setores que
ofertam na cadeia do palmito foi de R$ 5,1 milhões (Gráfico 8).
Em relação aos R$ 235,1 mil gerados na venda do palmito no estado do Pará (5% do
total gerado), os setores que se destacaram foram a indústria de beneficiamento estadual, cujo
valor foi na ordem de R$ 225,9 mil, bem como o setor do varejo urbano estadual com apenas
R$ 9,2 mil (Gráfico 8). No mercado nacional foram gerados R$ 3,7 milhões na venda do
palmito fora do Estado, representando 74% do total gerado, sendo que o varejo urbano
nacional foi o principal setor responsável pelas vendas com R$ 2,6 milhões e o atacado
nacional, com R$ 1,1 milhões, sendo esses valores estimados, pois a pesquisa não entrevistou
tais setores (Gráfico 8).
Gráfico 8- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do palmito e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do palmito foi agregado o valor total de R$
2,6 milhões (Gráfico 9), que significa uma margem de agregação ou mark-up total de
1.093%, subtraindo o VAB total (R$ 2,6 milhões) do VBP da produção local (R$ 221,4 mil) e
dividindo o resultado pelo VBP da produção local.
63
Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 810,9 mil, sendo a indústria
de beneficiamento local o setor com maior participação, com R$ 581,5 mil; a produção local
com um valor de R$ 221,4 mil, pois o extrator realiza o primeiro processamento do palmito,
com o corte e retirada das bainhas e o setor varejista rural com apenas R$ 8,1 mil (Gráfico 9).
O setor da indústria de beneficiamento estadual teve maior participação no âmbito estadual
com R$ 142,3 mil somente, pois a agregação desse setor é realizada pelas filiais localizadas
nos dez municípios. O setor que mais demandou palmito da RI Tocantins e adicionou valor ao
produto foi o atacado nacional, com R$ 940,0 mil e o varejo urbano nacional com R$ 743,0
mil, ressaltando que esses valores são estimados por fontes secundárias e também por
entrevistas realizadas pela equipe no âmbito estadual (Gráfico 9).
Gráfico 9- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O setor com a maior margem de agregação na comercialização foi a indústria de
beneficiamento local, com 259% (Gráfico 9), justificado pelo poder de mercado que esse
setor detém na compra de insumo (palmito in natura). Em segundo lugar está à indústria de
beneficiamento estadual, com 170%, devido à compra de produtos acabados de suas filiais ou
de fabriquetas, bem como pelo preço baixo de compra de insumos dos atravessadores.
f) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do palmito.
64
A comercialização do palmito gerou uma RBT de R$ 5,1 milhões, dos quais 21%
foram movimentados nos dez municípios estudados, apenas 5% na esfera estadual e 74% no
âmbito nacional (Gráfico 10). Na região pesquisada, o setor da indústria de beneficiamento
local gerou a maior renda bruta na ordem de R$ 805,9 mil, pois comprou de insumos cerca de
R$ 224,4 mil e agregou valor na ordem de R$ 581,5 mil. O varejo rural local foi responsável
pela renda bruta total de R$ 62,7 mil, visto que comprou de insumo o palmito in natura por
R$ 54,6 mil e adicionou o montante de R$ 8,1 mil.
Gráfico 10- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Na esfera estadual, o setor da indústria de beneficiamento atingiu uma RBT no valor
de R$ 225,9 mil, dos quais R$ 83,6 mil equivalem à compra dos insumos (palmito in natura)
e R$ 142,3 mil ao valor adicionado na comercialização do palmito envasado Gráfico 10). No
âmbito nacional, o VBP dos dois setores foi estimado, já que não houve entrevistas. No
entanto, a renda nacionalmente gerada foi estimada em R$ 3,7 milhões.
g) Informações complementares sobre a comercialização do palmito.
Nos últimos anos diversas agroindústrias de palmito de açaí em Cametá foram
fechadas por causa da exploração da cultura sem plano de manejo. Já em Abaetetuba, durante
65
a entressafra do açaí fruto, é feito o manejo dos açaizais, com a retirada dos estipes mais
velhos e o aproveitamento para a extração do palmito (parte terminal).
O município de Oeiras do Pará possui uma agroindústria de palmito, que há pouco
tempo foi regularizada e envia a produção para Belém. Existe uma fabriqueta de palmito
irregular que está concorrendo com a empresa citada.
Em Limoeiro do Ajuru, existe uma fábrica de beneficiamento de palmito
funcionando há quinze anos, gerando trabalho e renda aos moradores, contudo não há uma
fiscalização dos órgãos competentes no que diz respeito à origem e a qualidade do produto.
Essa fábrica compra palmito dos produtores locais, beneficia o palmito, embala e manda para
Belém na embarcação que faz transporte de passageiros e cargas. Já em Belém, os potes e
latas são rotulados e vendidos para vários Estados.
O palmito surgiu na década de 70 em Igarapé-Miri, quando o potencial era a cana-de-
açúcar7 e o arroz. Na entressafra do açaí, a coleta dos frutos é feita de maneira racional, unida
ao manejo para a extração do palmito. Na Vila Maiauatá, existe uma fábrica de palmito de
grande porte que compra o palmito das fabriquetas localizadas dentro das ilhas, gerando renda
para as famílias ribeirinhas e emprego para a população local. A fábrica é fiscalizada
anualmente, o que não ocorre com as fabriquetas, que prejudicam a comercialização das
agroindústrias.
As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na
legalidade, entretanto, afirmam existir muita burocracia, além de não haver financiamento
nem assistência técnica. Citam ainda, que o palmito era extraído de forma predatória, porém,
nos últimos anos, os produtores têm procurado trabalhar de maneira sustentável, retirando-o
de plantas oriundas do desbaste praticado para o aumento do fruto do açaí (manejo dos
açaizais). Segundo produtores da região, o controle de qualidade e a fiscalização nas
fabriquetas são os gargalos na produção de palmito.
4.2.4 Castanha-do-brasil
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil.
Nos dez municípios foram entrevistados sete agentes mercantis que atuam, em
média, há vinte e cinco anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de vinte a
trinta anos), sendo que 14% trabalham somente com a castanha, 71% deles atuam com
castanha e cacau e 14% com castanha e mel. Na descrição da capacidade instalada dos
7 Existiam cerca de dez alambiques em Vila Correia.
66
agentes mercantis entrevistados da região, identificou-se que 71% possuem local para
armazenagem com capacidade média de 68m2 (variação de 7 a 160 m2) e 43% possuem
transporte (três caminhões, um trator e uma bicicleta). A mão-de-obra predominante é a
remunerada por diária, em 57% dos entrevistados, com uma equipe de uma a duas pessoas;
28% deles pagam salário no período de safra (duas e três pessoas). Os problemas identificados
foram: baixa capacidade de armazenagem falta de investimentos para melhorar a produção,
falta capital de giro, produção de mudas selecionadas e assistência técnica.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil (Figura
13) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Incluem os extratores efetuam a coleta e a quebra dos ouriços, liberando
as sementes para serem comercializadas;
Varejo rural: Constituído por agentes (ou representantes), localizados no interior dos
dez municípios, os quais possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual e que
compram a castanha-do-pará em forma de sementes diretamente dos castanheiros;
Indústria de beneficiamento: É a empresa que realiza o processamento industrial da
castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada indústria. As
principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação (ou seja, a
classificação da semente), cozimento, descascamento a fim de obter a amêndoa,
acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechados a vácuo, organizadas em caixas
de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado;
Indústria de transformação: É uma unidade de transformação da produção local. A
empresa compra a amêndoa já beneficiada da indústria de beneficiamento local e transforma
em biscoitos e mistura para mingau. Conta com mão-de-obra especializada e máquinas e
equipamentos que permitem uma produção de três toneladas ao dia;
Atacado: Formado por dois tipos diferentes de agentes: i) os comerciantes
(atacadistas, representantes de empresas), localizados nas sedes dos dez municípios, que
adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do produtor) por meio de
acordos com as indústrias de beneficiamento estadual; ii) prefeituras dos dez municípios que
adquirem os produtos finais de castanha (biscoito ou farinha) para a merenda escolar;
Varejo urbano: Composto por feirantes e comerciantes varejistas que comercializam
a castanha na forma de semente para o consumidor final local;
67
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: São as unidades de beneficiamento, situadas no âmbito
estadual, as quais realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa não
conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no beneficiamento,
considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser oligopolizado;
NACIONAL (Fora do Estado do Pará)
Varejo Urbano: Constituído pelos comércios varejistas, situados fora do Estado.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.
A cadeia de comercialização da castanha é típica de uma economia de oligopólio,
pois é comandada por um número muito reduzido e tradicional de empresas que controlam o
mercado. O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da indústria
de beneficiamento local, o qual compra 63,5% da produção local (Figura 13); vende 62,5%
para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na Região Metropolitana de Belém),
que por sua vez compra mais 16% do varejo rural e 19% do atacado local e, em seguida,
vende quase toda a produção de castanha do Tocantins (98%) para o varejo urbano nacional
até chegar ao consumidor nacional. Fica para o consumidor local apenas 2% de toda a
produção dos dez municípios.
68
Figura 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da castanha-do-brasil, no período de 2008 a 2009.
Os preços praticados na cadeia da castanha também apontam o poder das empresas
de beneficiamento em definir o preço do produto in natura, que chega a ser vendido pelo
produtor local a R$ 0,91/kg para o atacado local, a R$ 1,10/kg tanto para o varejo rural quanto
para a indústria de beneficiamento local (Figura 14).
69
Figura 14- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
O setor da indústria de beneficiamento estadual compra do varejo rural a R$ 1,30/kg;
do atacado local, a R$ 1,32/kg e da indústria de beneficiamento local, a R$ 4,25 após fazer
todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$ 17,00/kg a amêndoa seca
para o varejo urbano nacional (Figura 14). Convém lembrar que todos os preços aqui
descritos, para todos os setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por
quilograma de amêndoas secas da castanha-do-brasil.
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da castanha-do-brasil.
Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os
castanheiros dos dez municípios estudados, ou seja, o VBPα dos produtores locais foi de
somente R$ 729,9 mil, totalizando no final da cadeia (soma de todos os setores que ofertam
na cadeia de comercialização da castanha) em R$ 29,2 milhões (Gráfico 11).
Do total do VBP, R$ 3,2 milhões pertence à região estudada; R$ 11,3 milhões, ao
âmbito estadual e R$ 14,7 milhões ao nacional. Os setores que mais ofertam nos dez
municípios são, portanto, a indústria de beneficiamento (R$ 1,9 milhões), o atacado (R$ 332,4
mil), a indústria de transformação (R$ 162,5 mil) e o varejo rural (R$ 143,9 mil). O sistema
70
estadual participa com 39% do VBP, sendo o único setor ofertante; a indústria de
beneficiamento no montante de R$ 11,3 milhões (Gráfico 11).
Gráfico 11- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia até a demanda final, o valor de R$ 14,7 milhões (VAB) foi
adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 1.942%. A castanha
foi, dentre os produtos florestais não madeireiros pesquisados, a que gerou a maior agregação
de valor ao longo da cadeia de comercialização.
A indústria de beneficiamento local teve maior participação no valor agregado local
(R$ 1,4 milhões) com um mark-up de 295% (Gráfico 12), sendo que o setor da indústria de
transformação participou com somente R$ 92,9 mil, porém obteve uma margem significativa
de 134%. No âmbito estadual somente o setor indústria de beneficiamento agrega R$ 9,1
milhões, o que justifica o mark-up de 436%. Esse setor é composto por empresas
beneficiadoras de castanha, localizadas na Região Metropolitana de Belém, sendo todas
pertencentes à mesma família tradicional do setor no estado do Pará.
71
Gráfico 12- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da castanha-do-brasil.
A pesquisa de campo identificou que a RBT para a comercialização da castanha-do-
brasil nos dez municípios estudados foi de R$ 29,2 milhões. O sistema nacional foi
responsável por 50% dessa renda bruta, seguido pelo sistema estadual com 39% e pelo local
com somente 11% (Gráfico 13). A maior demanda por castanha local é exercida pelas
empresas (indústria de beneficiamento estadual) com exercício de poder de oligopsônio
(pequeno número de empresas compradoras de um dado produto) nas aquisições de castanha.
Com a habilidade de pagar, por um insumo, preços menores do que o preço que seria pago
num mercado competitivo, mantendo lucros econômicos em longo prazo justifica-se então R$
2,1 milhões em compra de insumos e R$ 9,1 milhões ao valor adicionado (Gráfico 13).
Na região dos dez municípios estudados foi gerada uma renda bruta total de R$ 3,2
milhões. A indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$ 1,8
milhão, sendo R$ 472,1 mil, na compra de insumos (em forma de sementes) e R$ 1,4 milhão,
adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela renda bruta
de R$ 162,4 mil, pois comprou de insumo a amêndoa de castanha já beneficiada da indústria
de beneficiamento local por R$ 69,5 mil e adicionou o montante de R$ 92,9 mil (Gráfico 13).
72
Gráfico 13- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização da castanha-do-brasil.
Cametá possui uma área extensa com castanheiras, a qual está em plena produção,
localizada na área periurbana. Uma empresa de processamento de castanha iniciou no ramo há
dezesseis anos, usando castanha em misturas para merenda escolar, passou por várias
dificuldades, ficou parada por seis anos e, mais recentemente, voltou à atividade. A mão-de-
obra é formada por uma cooperativa de quebradores de castanha, os quais recebem pela
produção e trabalham no período de abril a agosto. O processamento da castanha envolve
secagem, quebra seleção das amêndoas (quebradas e inteiras), secagem, e fechamento a vácuo
(uso de N2 para aumentar a durabilidade). Os tipos de classificação das amêndoas são:
miudinha, miúda, pequena, média (mais vendida), extra, média, grande (mais valorizada),
ferida e a quebrada. A empresa utiliza a casca da castanha como insumo energético. Existe
destino para o rejeito, com o reaproveitamento do excedente. O resto é triturado e doado para
a comunidade utilizar como adubo. A empresa realiza tratamento da fumaça (sem fuligem). A
capacidade de processamento da empresa é de vinte e cinco mil hectolitros. O volume de um
hectolitro equivale a cinquenta e um quilos, e a cada 2 a 2,5 hectolitros têm-se a produção de
vinte quilos de castanhas para consumo. A castanha vai para o mercado externo e volta já
73
beneficiada para o mercado doméstico. A empresa conta com uma técnica de manipulação de
alimentos.
No estado do Pará existem poucas indústrias familiares que comercializam a
castanha, como a dos Mutran, dos Abraão (Oriximiná) e dos Florenzano (Óbidos).
A castanha possui um significado especial para os moradores de Baião, pois no
passado existiam muitas castanheiras na região, sendo que por muitos anos foi a principal
renda familiar local. Seu fruto foi muito explorado e ainda hoje existem pessoas que vivem da
compra e da venda da castanha.
4.2.5 Cupuaçu
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cupuaçu.
Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis, os quais atuam,
em média, há doze anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de dois a trinta
anos), sendo que 37% deles atuam somente com o cupuaçu e 63%, com outros produtos como
o açaí fruto, a bacaba, o bacuri, o taperebá, o mel, o cacau e o muruci. Nenhum possui local
para armazenagem, 21% possuem transporte (quatro bicicletas e uma moto); sendo que 37%
possuem alguns equipamentos (seis freezers, duas despolpadeiras de açaí e dois seladores). A
mão-de-obra predominante é a familiar caracterizada em 90% das entrevistas, com equipe
média de três pessoas, sendo que 5% deles pagam diárias no valor de R$ 20,00 e 5% pagam
salário. Em relação ao período de trabalho, 42% trabalham o ano todo, 26% somente na safra,
e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de
armazenagem, a falta de investimentos para aquisição de equipamentos para despolpar, queda
de energia para conservar produto, falta de capital de giro e assistência técnica para o manejo.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu (Figura 15) se
comportam de forma semelhante nos municípios estudados, considerando a abrangência para
o âmbito local (os dez municípios), estadual e nacional (ou fora do Estado).
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do açaí:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in natura, que
são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os produtores realizam
beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura) para a obtenção de
melhor preço de venda;
74
Varejo rural: Constituído por “Atravessadores”, que são pequenos comerciantes que
compram o cupuaçu in natura ou polpa dos produtores. A maioria deles faz o despolpamento
e vende para diferentes agentes;
Indústria de beneficiamento: Formado por comerciantes que fazem o beneficiamento
primário, com mão-de-obra familiar e também agroindústrias que realizam a primeira
agregação de valor ao cupuaçu in natura;
Varejo urbano: Incluem os pequenos comerciantes que transacionam o fruto in
natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor final local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: São as agroindústrias, localizadas no âmbito estadual,
que realizam a primeira agregação de valor ao cupuaçu in natura, ou seja, fazem a produção
de polpa e vendem diretamente para o consumidor final estadual;
Indústria de transformação: São as unidades de transformação da produção,
composta por lanchonetes e restaurantes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam em
diferentes produtos finais, como sucos, vitaminas, sorvetes, entre outros;
Atacado: Constituído por dois tipos de agentes nesse setor, formado por
atravessadores, os quais comercializam a polpa do fruto para o consumo estadual e o agente
constituído pela Conab, que atua no PAA, do MDS, que compra a polpa e o xarope, os quais
são repassados para a merenda escolar e as instituições ligadas ao programa;
Varejo urbano: É o setor de comércio varejista (feirantes e supermercados), situados
no âmbito estadual, que comercializam o cupuaçu de várias formas (in natura, em polpa ou
em forma de outros produtos finais).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.
Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis que atuam, em
média, há dezesseis anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de dois a trinta
anos), sendo que 37% deles atuam somente com o cupuaçu e os demais trabalham com outros
produtos. Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região
identificou-se que nenhum possui local para armazenagem do produto; 21% possuem
transporte (bicicleta e motocicleta); 37% possuem maquinário (nove freezers e duas
seladoras). A mão-de-obra familiar predomina em 79% dos entrevistados, com equipe até
cinco pessoas. 5% deles possuem de seis a dez pessoas, sendo que 16% não informaram. Em
75
relação ao período de trabalho, 26% trabalham somente durante a safra; 42% trabalham o ano
todo e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de
resfriamento e falta de estrutura para a armazenagem das polpas. Alguns alugam freezers para
a estocagem.
Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dez municípios,
caracterizam-se por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários
entre a produção local até o consumidor final (Figura 15).
O principal canal de comercialização do cupuaçu, identificado com maiores
quantidades é composto pelo setor da indústria de beneficiamento local, a qual comercializa
57% da quantidade do fruto. Compram exclusivamente de produtores os frutos in natura,
vendem em torno de 5% para o varejo urbano nacional, 13,6% para o varejo urbano estadual e
38% para o atacado estadual (Conab), que, por sua vez, repassa para o consumidor local
(Figura 15). O setor da indústria de transformação estadual (lanchonetes, restaurantes,
sorveterias, entre outros; localizados na Região Metropolitana de Belém) têm preferência
pelas polpas obtidas por meio do beneficiamento primário.
Figura 15- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Durante a safra do cupuaçu, ocorre a comercialização direta da polpa entre o
produtor local e o setor do varejo urbano (feirantes) local e estadual (2,4%). Além disso, o
76
produtor comercializa diretamente para o consumidor local e estadual, na maioria das vezes, o
fruto in natura (Figura 15).
Os atacadistas estaduais possuem dois canais distintos de comercialização do
cupuaçu:
i) em forma de polpa, adquirida pela Conab e repassada diretamente para o consumidor local (Escolas e instituições ligadas ao PAA);
ii) somente em forma de polpa, que comercializam para o varejo urbano estadual.
Os varejistas rurais (atravessadores) adquirem 27% da produção identificada e
vendem 20% para o varejo urbano local, 1% para o consumidor local e 5,8% para diversos
agentes no âmbito estadual (Figura 15). Uma característica comum, portanto, entre os
atravessadores rurais envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização
do beneficiamento primário do fruto na forma de polpa. O sistema de comercialização
consiste na compra do fruto in natura dos produtores dispersos e a comercialização da polpa
do fruto, podendo destacar-se também que existe a compra na forma de polpa preparada pelos
próprios produtores locais visando a melhores preços de venda. Dessa forma, o
beneficiamento manual do cupuaçu nos dez municípios consiste na quebra dos frutos, na
separação da polpa das amêndoas com tesoura, na selagem da embalagem e no congelamento
da polpa.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do cupuaçu, no período de 2008 a 2009.
O preço médio de compra do insumo (cupuaçu), praticado pelas indústrias de
beneficiamento locais com os produtores foi de R$ 1,12/un. (Figura 16). Os preços de venda
praticados pelas indústrias de beneficiamento locais são: R$ 1,67/ un. para o consumidor
local; R$ 2,09/ un. para o atacado estadual; R$ 1,21/ un. com os varejistas urbanos estaduais;
R$ 5,17/ un. para os consumidores estaduais e com o varejo nacional o preço médio é de R$
1,33/ un. (Figura 16). O varejo rural compra da produção a R$ 0,98/ un. e vende para os
setores estaduais a preços que variam de R$1,17 a R$ 1,20/ un., enquanto que no âmbito local
vende a R$ 1,65 e R$ 2,67/ un..
Os varejistas estaduais praticam vários tipos de preço de compra de insumo
conforme os custos de transporte do produto, pois a maior dificuldade é o transporte da polpa.
O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais é em média de R$
0,86/ un.; com os varejistas rurais é R$ 1,20/ un.; com as indústrias de beneficiamento locais é
de R$ 1,21/ un. e com o atacado estadual chega a R$ 1,50/ un. (Figura 16).
77
Figura 16- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Os preços médios de venda de insumo, praticados pelos produtores locais do
cupuaçu, oscilam entre R$ 0,51/ un. e R$ 1,78/ un., em função da forma de comercializar o
fruto (isto é, cupuaçu in natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento, pela falta
de capacidade de armazenagem (a maioria limitando o beneficiamento e a venda somente na
safra) e pela falta de infraestrutura adequada para o escoamento da produção (Figura 16).
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu.
O VBPα do setor produtivo do cupuaçu da região estudada alcançou R$ 1,3 milhão; o
da indústria de beneficiamento local foi de R$ 1,2 milhão, o do varejo urbano local foi de R$
542,1 mil e o do varejista rural foi de R$ 517,3 mil; gerando no âmbito local um total de R$
3,6 milhões nas vendas do cupuaçu, o que representa 69% do total do Valor Bruto gerado na
cadeia de comercialização (Gráfico 14). Na esfera Estadual foram gerados R$ 1,5 milhão pela
oferta do cupuaçu, representando 29% do montante dos setores que mais ofertaram, como o
atacadista, com R$ 1 milhão e o varejista urbano, com R$ 428,4 mil.
78
Gráfico 14- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB total foi de R$ 2,3 milhões ao longo da cadeia do fruto, correspondendo à
margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 74% (Gráficos 15). Do total do valor
adicionado na cadeia, a partir da produção primária, o sistema local teve maior participação,
com 93%; o sistema estadual, com 6% e o nacional somente com 1% (Gráfico 15). O sistema
local, portanto, agrega R$ 2,1 milhões, destacando-se o papel dos produtores com maior
participação, pois conseguem agregar valor equivalente a R$ 1,3 milhão, realizando o
beneficiamento primário com o despolpamento dos frutos feito com tesoura, para obtenção de
um melhor preço de venda. Os atravessadores (varejo rural) também apresentam um mark-up
alto de 67%, porém adicionam pouco no montante de R$ 206,9 mil, pois compram, na maioria
das vezes, por preço baixo o cupuaçu já beneficiado (polpa) dos produtores locais (Gráfico
15).
79
Gráfico 15- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Outro setor que apresenta também uma participação considerável na agregação de
valor é a indústria de beneficiamento local, os quais adicionam um valor de R$ 469,6 mil, o
que justifica o mark-up de 63% (Gráficos 15). A participação do sistema estadual na
agregação de valor foi de somente R$ 131,9 mil, com destaque para o varejo urbano que
adiciona R$ 117,0 mil e apresenta um mark-up considerável de 38%.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cupuaçu.
O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o montante
de Renda Bruta total gerada nos dez municípios na ordem de R$ 3,6 milhões, representado
por 69% do total gerado pela cadeia (Gráfico 16).
O setor da produção local gerou a maior renda (R$ 1,3 milhão) comparada aos
demais setores, pois realizam o beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização
rentável. A indústria de beneficiamento gerou R$ 1,2 milhão de renda localmente, pois
comprou R$ 750,5 mil de insumo e agregou R$ 469,6 mil ao produto, sendo esta composta
por comerciantes e uma cooperativa de mini e pequenos produtores. Observa-se que no
âmbito estadual o setor que mais gerou renda (R$ 1 milhão) foi o atacadista, sendo o maior
demandante de polpa de cupuaçu do sistema local, evidenciando o consumo alto no mercado
80
estadual. Apesar de ser em pequena quantidade, o cupuaçu está entrando no mercado nacional
via varejo urbano.
Gráfico 16 - RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização do cupuaçu.
No município de Acará, quando os produtores de cupuaçu não conseguem vender,
deixam o fruto se estragar pela dificuldade em escoar a produção, em função da estrada que
liga Oeiras a Cametá estar praticamente intrafegável.
No município de Limoeiro do Ajuru, a empresa de cosméticos prometeu comprar dos
produtores quatro mil quilos por ano de sementes de cupuaçu seca.
Diversos agricultores do município de Igarapé-Miri vendem polpa de cupuaçu nas
comunidades próximas das estradas mais movimentadas.
4.2.6 Carvão
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
carvão.
Nos dez municípios foram entrevistados trinta e seis agentes mercantis que atuam,
em média, há oito anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de um a vinte e dois
81
anos), sendo que 83% deles atuam somente com carvão, 11% com o açaí fruto e 6% com
outros produtos (artesanato e breu-branco).
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região,
identificou-se que apenas 36% possuem local para armazenagem com capacidade média de
39m2 (variação de 4 a 250 m2); 16% possuem transporte (três canoas, dois barcos, uma
bicicleta e um trator). A mão-de-obra predominante é a familiar em 42% dos entrevistados,
com uma a cinco pessoas, sendo que 11% deles pagam diárias ou salários também a uma ou a
cinco pessoas. Destaca-se que 47% não forneceram informações.
Os problemas identificados foram: baixa capacidade de armazenagem, a falta capital
de giro, carência de investimentos para melhorar a produção, adquirir equipamentos, falta de
transporte e dificuldade de legalizar a origem da madeira.
Os agentes mercantis do carvão (Figura 17), identificados na região apresentam as
seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Constituído por grandes e pequenos produtores de carvão vegetal
espalhados nos dez municípios;
Varejo rural: São os comerciantes (ou atravessadores) ou representantes de empresas,
os quais comercializam o carvão;
Varejo urbano: Trata-se de um setor de comércio varejista composto por feirantes e
supermercados, situado no âmbito estadual, que comercializa o carvão para o consumo local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Atacado: Formado por comerciantes que comercializam diretamente o carvão com o
setor siderúrgico estadual;
Consumidor final: São as empresas produtoras de ferro gusa, as quais necessitam
comprar uma grande quantidade de carvão vegetal, utilizado como insumo energético e como
componente do processo de produção do ferro gusa.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão.
Os canais de comercialização do carvão, identificados nos dez municípios
pesquisados se caracterizam por canais simples, os quais apresentam apenas três setores
intermediários que são o varejo rural, o varejo urbano local e o atacado estadual, os quais
comercializam diretamente com os consumidores locais e estaduais, nesse caso as guseiras
(Figura 17).
82
Figura 17- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Os varejistas rurais compram 37% da produção identificada nos dez municípios,
sendo 7% vendidos para os consumidores locais e 30% para os atacadistas estaduais. O varejo
urbano local compra da produção identificada 19% diretamente dos produtores e vende
somente para os consumidores locais (Figura 17).
No sistema estadual, o atacadista compra 31% diretamente do produtor e 30% dos
varejistas rurais e vende o total de 61% diretamente para o consumidor estadual, que nesse
caso são as guseiras localizadas no município de Marabá (Figura 17).
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do carvão, no período de 2008 a 2009.
O preço médio de venda, praticado pelos produtores de carvão dos municípios
estudados varia conforme a finalidade da utilização do carvão, ou seja, se for utilizado como
bem de consumo ou bem final ou como insumo ou bem intermediário.
83
Figura 18- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Assim, o preço adotado pelo carvoeiro, quando vende diretamente para o consumidor
local é de R$ 9,04/kg; com o varejo urbano local é de R$ 6,22/kg; com o varejista rural é de
R$ 2,51/kg e com os atacadistas estaduais é de R$ 1,83/kg (Figura 18).
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do carvão.
Somando todos os valores recebidos na venda do carvão pelos carvoeiros da RI
Tocantins, o VBPα foi de R$ 859,7 mil e o do varejo rural local (os atravessadores de carvão)
de R$ 330,2 mil; gerando um total de R$ 1,5 milhão nas vendas do carvão na RI Tocantins.
Isso representa 71% do total gerado, sob a óptica da oferta (Gráfico 17).
No estado do Pará, a oferta do carvão gerou um valor de R$ 617,2 mil,
correspondente a 29% do total, devido à concentração de um único setor intermediando o
carvão - o atacadista estadual com contrato com as guseiras.
84
Gráfico 17- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do carvão e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do carvão da produção local do Tocantins até
a demanda final estadual, o valor de R$ 1,3 milhão foi adicionado (VAB) ao produto (Gráfico
18), subtraindo o VAB total (R$ 1,3 milhão) do VBP da produção local (R$ 859,7 mil) e
dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 59%.
Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação no
âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de R$
859,7 mil (Gráfico 18). Esse valor é o resultado da utilização de matéria-prima barata (muitas
vezes a lenha é retirada diretamente da floresta local, ou das áreas de roçado) para a produção
do carvão.
O varejo urbano contribui com R$ 64,9 mil, pois consegue adicionar valor somente
com o fracionamento da saca de carvão de quinze quilos em sete unidades de sacolas. Em
relação ao sistema estadual, somente o atacadista participa da agregação do VAB total com
R$ 315,1 mil, já que possui contratos de fornecimento de insumos para diversas indústrias
guseiras, obtendo o maior mark-up da cadeia, com 104% (Gráfico 18).
85
Gráfico 18- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do carvão.
A RBT identificada na comercialização do carvão vegetal foi de R$ 2,1 milhões. O
mercado estadual foi responsável por 29% dessa RBT e o local, com 71% (Gráfico 19). Na
região estudada, o setor carvoeiro gerou a maior renda bruta na ordem de R$ 1,5 milhão. Os
atravessadores (varejo rural local) foram responsáveis pela renda de R$ 330,1 mil, pois
compraram os seus insumos por R$ 206,6 mil e adicionaram R$ 123,5 mil.
Os varejistas urbanos geraram R$ 324,5 mil, sendo R$ 259,6 mil na compra do
carvão em saca de 15 kg e R$ 64,9 mil foram adicionados quando comercializaram
fracionados em sacolas de mais ou menos 1,5 kg de carvão (Gráfico 19). O setor responsável
pela compra de carvão da RI Tocantins foi o atacadista estadual no valor de R$ 302,1 mil, que
adicionou R$ 315,1 mil, gerando para o sistema estadual uma RBT equivalente a R$ 617,2
mil.
86
Gráfico 19- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização do carvão.
O carvão comercializado em Cametá é oriundo das ilhas, extraído da mata, das roças,
e de outros locais, sendo levado até a feira pelos próprios ribeirinhos. Geralmente acontece a
troca de serviço, pois o dono da área quer seu roçado limpo para o plantio e os carvoeiros
entram com a limpeza do terreno para a produção do carvão.
O carvão usado no município de Abaetetuba é oriundo das derrubadas feitas em áreas
para o plantio de culturas anuais.
A produção de carvão no município de Baião é pequena, basicamente para
subsistência e há pouca comercialização, somente para atender a demanda interna.
Geralmente o carvão é oriundo de refugos de roças.
O município de Moju é um grande produtor e exportador de carvão. A equipe visitou
produtores de carvão no assentamento Calmaria II, localizado entre os municípios de Moju,
Tailândia e Acará, formado por diversas comunidades (Vila Israel II, Monte Sinai,
Continente, Moraes, Limoeiro, Vicinal 8, Água Preta e Filadélfia), com dezessete a vinte anos
de criação, mas ainda não possuem título. Produzem grandes volumes de carvão, cuja madeira
é oriunda da mata. Existem cinco atravessadores de carvão no Assentamento. Diariamente
saem pelo menos quinze caminhões de carvão direto para o pólo siderúrgico de Marabá.
87
Alguns moradores já se preocupam com a falta da matéria-prima (“a madeira ta ficando cada
vez mais longe”) e demonstram interesse em plantios florestais com fins energéticos. Há cerca
de trezentas e cinquenta famílias morando no Assentamento e a maioria possui de um a dois
fornos produzindo carvão duas vezes por mês.
Esse problema deve ser atacado com rapidez, pois as reservas de florestas estão se
esgotando naquela região. O primeiro contato com os atravessadores de carvão para as
siderúrgicas foi há cinco anos. Em agosto de 2008, o preço de 60 m3 do carvão, em Moju,
estava entre 4 a 5 mil reais a “carrada” ou “caminhão gaiola” e, em novembro de 2008, baixou
para 1,6 a 2 mil reais. “Essa redução do preço foi devido à crise dos EUA, que reduziu as
importações de ferro”.
Os principais compradores de carvão são as guseiras de Marabá. Na época desta
entrevista, em novembro de 2008, existiam em Calmaria aproximadamente quatrocentos
fornos, com quinze caminhões apanhando carvão diariamente. Um forno produz em média de
12 a 14m3. Para a produção de carvão são necessários seis dias, sendo três dias para
carbonizar e mais três para esfriar.
Pessoas do município vizinho de Tailândia vieram ensinar a fazer carvão, usando o
tijolo e o barro para construir os fornos que vêm de Igarapé-Miri e São Miguel do Guamá. O
milheiro do tijolo custa R$ 260,00 e um forno, na época, custava, em média, um mil reais. O
custo da mão-de-obra para a construção do forno varia de duzentos a trezentos reais, o qual
mede entre 3,80 e 5 metros de diâmetro. A maioria dos atuais caminhoneiros de carvão que
circulam em Moju já foram boiadeiros e mudaram de ramo devido ao alto lucro. O
caminhoneiro paga R$ 210,00 para carregar o caminhão durante três horas.
Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Moju existem projetos de liberação
de carvoejamento para áreas de plantio, sendo que trezentas famílias estão licenciadas com
três a quatro fornos.
4.2.7 Buriti
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do buriti.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do buriti (Figura 19) na RI
Tocantins apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
88
Produção: Constituído por pequenos agricultores que comercializam o fruto in natura
somente na safra. O buriti, na região tocantina, é considerado um produto substituto ao açaí na
época da escassez (entressafra);
Indústria de beneficiamento: Formado por pequenos comerciantes que utilizam
máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa ou “vinho” do buriti, que é vendido
diretamente para os consumidores locais; e
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Constituído por feirantes que comercializam o fruto in natura para o
consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti
Nos dez municípios foram entrevistados oito agentes mercantis que atuam, em
média, há dezenove anos no ramo (desvio-padrão 9,2 anos), sendo que 25% deles atuam
somente com o buriti e os demais trabalham com outros produtos, principalmente com o açaí.
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis, entrevistados da região
identificou-se que 37% possuem um pequeno local de 10 m2 (desvio-padrão 3m2) para
armazenagem do produto. Somente 25% possuem transporte (barco com capacidade de duas
toneladas e bicicleta); 50% possuem maquinário que são as mesmas despolpadeiras de açaí. A
mão-de-obra predominante é a familiar, em 87% dos entrevistados, com uma equipe de até 5
pessoas, sendo que os valores informados sobre a remuneração foram de R$ 10,00/diária (na
safra) e de R$ 7,00/rasa.
Em relação ao período de trabalho, 50% atuam o ano todo, 25% somente na safra e
os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de
armazenagem e de transporte do produto e o consumo baixo de vinho de buriti, por não ser
hábito na região.
Os canais de comercialização do buriti, identificados nos dez municípios se
caracterizam por canais simples, são quase lineares, já que apresentam apenas dois setores
intermediários que são a indústria de beneficiamento local e o varejo urbano estadual, os quais
comercializam diretamente com os consumidores (Figura 19).
89
Figura 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
O setor da indústria de beneficiamento local comercializa 44% da quantidade
identificada do fruto, compra diretamente dos produtores e vende exclusivamente para os
consumidores locais na forma de polpa ou “vinho” de buriti.
É importante destacar a cultura e o hábito regional de consumir o mingau de buriti. O
consumo de buriti in natura e do “vinho” é relativamente significativo durante a entressafra
do açaí, pois os consumidores consideram o buriti como um fruto substituto ao açaí. Em
âmbito estadual, o varejo urbano (feirantes) comercializa em torno de 55% da quantidade
identificada do buriti, que é comprado exclusivamente dos produtores e vende diretamente
para os consumidores estaduais.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do buriti, no período de 2008 a 2009.
Os feirantes estaduais (varejistas urbanos estaduais) e os batedores (indústrias de
beneficiamento local) são os principais intermediários da cadeia do buriti na região. Na
Figura 20, destacam-se os preços médios de venda de insumo (buriti), praticados pelos
produtores com outros agentes no montante de R$ 1,47/kg às indústrias de beneficiamento
locais; R$ 0,70/kg para os consumidores locais e de R$ 0,68/kg para os varejistas estaduais.
Estes varejistas estaduais não foram entrevistados, por isso o preço de venda para o consumo
90
final estadual equivale ao valor de repasse, isto é, também a R$ 0,68/kg. O fruto é
comercializado somente na safra em sacolas de cinco quilos e quando beneficiados rendem
em média cinco a sete litros de polpa. As indústrias de beneficiamento locais (batedores)
vendem em média a R$ 2,24/kg para os consumidores locais em forma de polpa ou “vinho”.
Figura 20- Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do buriti.
O VBPα do buriti, identificado na pesquisa é de R$ 305 mil, totalizando em R$ 709,9
mil, isto é, a soma das vendas realizadas por todos os setores que constituem a cadeia
(Gráfico 20). Do total do VBP do buriti, R$ 292,7 mil pertencem ao setor da indústria de
beneficiamento local e R$ 111,8 mil, ao setor varejista urbano estadual.
91
Gráfico 20- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do buriti e a margem de comercialização de cada setor (%).
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do buriti totalizou R$ 406,2 mil,
correspondendo à margem total de somente 33% (MIP do buriti) (Gráficos 21). A indústria
de beneficiamento local foi responsável pela maior agregação com R$ 100,8 mil, com
margem bruta de 53% (Gráficos 21). Apesar de o varejo urbano estadual possuir um valor
bruto da produção de R$ 111,8 mil, não apresenta margem de comercialização pois
comercializa o produto totalmente in natura.
92
Gráfico 21- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela óptica da demanda, na comercialização do buriti.
Os dados levantados mostram que o buriti gerou uma RBT de R$ 709,9 mil, em que
84%, que foram movimentados nos dez municípios. Desse montante, o produtor gerou R$
305,4 mil somente pela comercialização do buriti in natura durante a safra, sendo que a
indústria de beneficiamento local gerou R$ 292,7 mil; destes, R$ 191,9 mil, pela compra do
fruto in natura e R$ 100,8 mil de adição de valor, mostrando uma baixa agregação de valor
para o consumo final (Gráfico 22).
93
Gráfico 22- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização do buriti.
A palmeira do buriti tem um grande destaque na região, o município de Limoeiro do
Ajuru está rodeado de ilhas que apresentam condições que propiciam seu aparecimento. A
Emater local fez a mobilização com produtores de algumas comunidades que se
comprometeram em extrair (beneficiar) o óleo de buriti e entregar a um intermediário, o qual
fornece para uma indústria de comércio de óleos e alimentos, que vai capacitar os produtores
e cinco pessoas para secarem as sementes a fim de retirarem o óleo e comprar a produção para
levar a São Paulo e à Bahia. A empresa já mandou maquinários para a retirada do óleo, que
estão na Emater para serem entregues aos produtores. A partir de janeiro inicia a safra do
buriti e os produtores começam a fazer o trabalho de retirada do óleo. A previsão é que sejam
entregues dez mil litros de óleo na safra de 2009.
4.2.8 Bacaba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba (Figura 21) na RI
Tocantins apresentam as seguintes características:
94
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Coletores de bacaba de áreas nativas, que abastecem o mercado local;
Indústria de beneficiamento: Constituído por empresa que realiza o processamento
industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes, os quais utilizam
máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para
os consumidores locais;
Atacado: Formado por comerciantes (atacadistas, representantes de empresas), que
adquirem a bacaba in natura em grandes quantidades dos produtores;
Varejo urbano: Composto por comerciantes que realizam a compra direta dos
produtores e vendem a bacaba in natura para os consumidores locais.
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: Englobam as unidades de beneficiamento, situadas no
âmbito estadual que apenas beneficiam a bacaba in natura (polpa), voltada para o consumo
final;
Indústria de transformação: É a unidade industrial de cosmético, situada no
município de Benevides (PA), considerada um polo de pesquisa e desenvolvimento que abriga
uma fábrica de massa de sabonetes e também uma planta para extração de óleos vegetais;
Varejo urbano: Composto por comerciantes que realizam a compra direta dos
produtores da RI Tocantins e vendem a bacaba in natura para os batedores de bacaba
(Indústria de beneficiamento).
Dos nove agentes entrevistados na região, oito deles comercializam também o açaí
fruto e somente um agente a bacaba, que é proveniente de uma Comunidade Quilombola do
município de Baião, a qual possui um projeto de manejo. Outros agentes trabalham também
com patauá, cupuaçu, cipó, coratá do inajá8 e ouriço da castanha.
O tempo de atuação no ramo da bacaba varia entre seis a dez anos; com
infraestrutura para armazenagem com capacidade de um pequeno espaço de 9 m2, outro com
30 m2 e o maior com 700 m2 (que também possui um barco com capacidade de quinze
toneladas); 55% possuem maquinários (despolpadeiras de açaí, câmara fria, envasadora,
pasteurizador e caldeira).
A mão-de-obra envolvida predominante é a familiar, sendo que seis agentes possuem
de uma a cinco pessoas, dois agentes com dez a quinze pessoas e uma comunidade com
8 Coratá é a bainha da folha que sustenta o cacho da palmeira inajá, a qual é comercializada como artesanato e
possui a forma de uma barcaça.
95
sessenta e sete famílias envolvidas. As principais necessidades identificadas foram a de
ampliar a estrutura física e também a de maquinários.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba
Conforme demonstra a Figura 21, os canais de comercialização da bacaba,
identificados nos dez municípios se caracterizam por diversos níveis de canais de distribuição,
abrangendo vários setores intermediários entre o produtor e o consumidor final. O varejo
urbano estadual comercializa 40,5% da quantidade identificada do fruto in natura, que é
comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para a indústria de
beneficiamento estadual (batedores de bacaba), os quais vendem para os consumidores
estaduais em forma de polpa.
Figura 21- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
No âmbito local a indústria de beneficiamento comercializa 26,4% da produção
identificada. São batedores do açaí que também beneficiam e comercializam a bacaba de
maneira semelhante ao açaí. Existe na cadeia da bacaba (6,5%) a venda direta do fruto in
natura para o consumidor local, devido ao costume da população ter suas próprias máquinas
de despolpar, tanto a bacaba como o açaí. Os varejistas urbanos locais (feirantes) da bacaba
comercializam 24,6% da produção identificada e vendem diretamente para o consumidor
local. A presença do setor de transformação estadual enfatiza o interesse de empresas
96
nacionais de cosméticos pela bacaba, que comercializam 2% da produção identificada, que
compram diretamente do atacado local.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da bacaba, no período de 2008 a 2009.
Os preços médios da bacaba, praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização, são determinados pela safra do fruto. Os preços médios de venda de insumo
(bacaba), praticados pelos produtores com outros agentes são de R$ 1,21/kg, com as
indústrias de beneficiamento locais; de R$ 0,78/kg, com o atacadista local; R$ 0,70/kg, com o
varejo urbano local; de R$ 0,54/kg, com os consumidores locais e com os varejistas estaduais
(Figura 22). O preço médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento local para o
consumidor local é de R$ 1,47/kg, conforme o rendimento do fruto.
Figura 22- Preço médio da bacaba (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba.
Na cadeia de comercialização da bacaba, a produção local gerou um VBP de R$ 390,4 mil
(Gráfico 23). O VBP no âmbito local (59%) é maior do que no estadual (41%), em função do alto
consumo do fruto na esfera local. Os setores que mais vendem são a indústria de beneficiamento
estadual, com (R$ 95,5 mil); a indústria de beneficiamento local, com (R$ 62,2 mil); o varejo
urbano estadual, com (R$ 57,7 mil) e o varejo urbano local, com (R$ 39,4 mil).
97
Gráfico 23- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$ 209,5 mil para os dez
municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 72% (Gráfico 24). Do total do valor
adicionado na cadeia a partir da produção primária, o sistema local teve maior participação,
com 71% - e o sistema estadual, com somente 29%.
Os setores da indústria de beneficiamento (R$ 37,7 mil) e do varejo urbano estadual
(R$ 22,7 mil) tiveram maior participação nesse valor agregado. Cada qual com um mark-up
de 65% (Gráficos 24).
Por outro lado, o setor do atacado local participou com somente R$ 4,2 mil, no
entanto obteve a maior margem de comercialização na cadeia, ou seja, um mark-up de 156%
(Gráficos 24). O resultado dessa margem está relacionado, principalmente, pelo preço alto de
venda à indústria de transformação.
98
Gráfico 24- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da bacaba.
A RBT, identificada pela pesquisa foi de R$ 390,4 mil, sendo que desse total 59%
foram movimentados nos dez municípios e 41% no Estado (Gráfico 25).
O sistema local gerou o equivalente a R$ 230,4 mil, sendo que a indústria de
beneficiamento foi responsável por R$ 62,2 mil, já que comprou de insumo cerca de R$ 51,1
mil e agregou apenas R$ 11,1 mil. O varejo urbano foi responsável pela renda bruta de R$
39,3 mil, pois comprou de insumo R$ 27,5 mil e adicionou o montante de R$ 11,8 mil. Por
outro lado, no sistema estadual, o setor de beneficiamento atingiu uma renda bruta total de R$
95,4 mil, dos quais R$ 57,7 mil equivalem à compra de insumos (bacaba in natura) e R$ 37,7
mil ao valor adicionado (Gráfico 25).
99
Gráfico 25- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização da bacaba.
A produção da bacaba no município de Baião se concentra basicamente na
Comunidade de Baixinha, área remanescente de quilombo. Baixinha é detentora de uma área
com ocorrência da bacaba com grande produtividade. O Projeto Bacaba, desenvolvido nessa
Comunidade, tem como objetivo a industrialização da bacaba nativa. A organização não
governamental Instituto para o Desenvolvimento da Economia, do Indivíduo, do Ambiente e
da Sociedade (IDEIAS) firmou convênio com o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a fim de
desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo, do caroço,
além de outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a geleia, a polpa
e uma bebida. A produção da Comunidade é comercializada diretamente para barqueiros
(atravessadores), os quais passam para comprar o produto. Além da comercialização do fruto
da bacaba, outras partes do vegetal como canoinha, vassoura, açareua de bacaba, palha de
bacaba, cacho verde, entre outros estão sendo comercializados para fins artesanais.
A produção da bacaba de Oeiras do Pará é enviada para Belém e, segundo um
morador da reserva Arioca Pruanã, em 2009, deve ter havido uma grande produção do fruto.
A população de Oeiras não tem o hábito de consumir a bacaba.
100
4.2.9 Mel
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel.
O mel da RI Tocantins provém, em sua maioria, do manejo das abelhas européias ou
africanizadas e muito pouco das abelhas nativas (sem ferrão), as quais utilizam a flora local
como pasto, com base no manejo das abelhas (apicultura). Os agentes mercantis, identificados
na cadeia de comercialização do mel (Figura 23) foram:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: A produção advém de indivíduos ou associações de apicultores que
realizam o beneficiamento do mel e fornecem o produto envasado ao mercado (em galões ou
em garrafas menores);
Varejo rural: Constituído por pequenos comerciantes do interior do Município,
comumente denominados atravessadores, que compram o mel dos produtores já envasados ou
não têm varejistas, que também são apicultores;
Atacado: É constituída por uma cooperativa de apicultores que realiza o
beneficiamento e vende diretamente para o consumidor local;
Varejo urbano: Incluem os comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da
produção local e o vendem para os consumidores locais e estaduais.
Dos dezoito agentes entrevistados, 61% são apicultores, sendo que 50% atuam
somente no comércio de mel, os demais diversificam com um ou outro produto como:
andiroba, leites de sucuúba9 e de amapá, seiva de jatobá, barbatimão, copaíba, cupuaçu,
castanha, artesanato e açaí. Dos 66% que informaram o tempo de atuação no comércio de
mel, cinco são novatos (atuando entre um a sete anos) e os sete outros com maior tempo no
ramo (atuando entre quinze a vinte e cinco anos).
Em relação à capacidade instalada, 38% deles possuem local para armazenagem com
20 m2 de capacidade (em média); 44% possuem meio de transporte (bicicleta, moto, carro
alugado por diária e barco). A mão-de-obra predominante é a familiar, com trabalho
executado por duas pessoas (50%), uma pessoa (22%), três pessoas (11%), sendo que há
apenas uma associação de apicultores contando com vinte associados. Há algumas
necessidades explicitadas pelos agentes como: assistência técnica, capital de giro,
investimentos em equipamentos e maquinários (centrífuga e decantador), bem como
problemas com rotulagem do produto, escoamento da produção e espaço físico.
9 O potencial médio de uma árvore de sucuuba é de seis litros de leite (GONÇALVES, 2002).
101
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.
É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 46% da sua produção
diretamente para o consumidor e 1% para o estadual (Figura 23). A produção também vende
53% para os setores intermediários da cadeia na esfera local, como o varejo urbano, que
compra 24%; o varejo rural, com 17% e o atacado, com 12%.
Figura 23- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do mel, no período de 2008 a 2009.
O varejo rural compra o mel da produção local a um preço médio de R$ 12,32/l e
vende ao consumidor local por R$ 15,54/l (Figura 24). O atacado local compra a R$ 12,98/l e
vende ao consumidor local a R$ 15,00/l. O varejo urbano local compra o mel a R$ 11,93/l do
produtor, vende ao consumidor local a R$ 15,77/l e ao estadual a R$ 15,00/l.
102
Figura 24- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do mel.
Somando todos os valores recebidos pela venda do mel dos apicultores dos dez
municípios, o VBPα foi de R$ 392,1 mil, o valor do varejo rural local foi de R$ 76,6 mil, o
valor do atacado local foi de R$ 53,9 mil e o valor do varejo urbano local foi de R$ 106,8 mil,
gerando R$ 629,4 mil pela oferta do mel na RI Tocantins (Gráfico 26).
103
Gráfico 26- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do mel, da produção local do Tocantins até o
consumidor final local, o valor de R$ 439 mil foi adicionado (VAB) ao produto ‘mel’
(Gráfico 27). O valor adicionado na cadeia do mel só acontece no sistema local; o produtor
adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$ 392,1 mil, realizando o beneficiamento
primário para a obtenção de um melhor preço de venda. Outros setores apresentam também
uma participação na agregação de valor, como o varejista urbano, o qual adiciona um
montante de R$ 23,8 mil, o que justifica o mark-up de 29% (Gráfico 27), pois esses feirantes
compram o mel em grandes quantidades e para a venda fracionam em frascos menores; o
varejo rural, com R$ 15,9 mil, que obtém uma margem de 26% e o setor atacadista local, com
R$ 7,3 mil, que apresentam um mark-up de 16%.
104
Gráfico 27- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do mel.
A RBT, gerada pela comercialização do mel, produzido e identificado nos dez
municípios, foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de R$ 629,4
mil (Gráfico 28).
O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$ 392,1 mil, comparada
aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna rentável a atividade da
apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes) gerou uma renda de R$
106,7 mil, pois comprou R$ 82,9 mil de insumo e agregou R$ 23,8 mil ao produto, já que
somente fraciona o mel em embalagens menores.
O setor de varejo rural gerou R$ 76,7 mil, sendo R$ 60,8 mil em insumos e R$ 15,9
mil no valor adicionado. O setor do atacado local proporcionou uma renda bruta equivalente a
R$ 54 mil, sendo R$ 46,7 mil em insumos e R$ 7,3 mil no valor adicionado - sendo esta uma
cooperativa constituída por apicultores que vendem diretamente para o consumidor local.
105
Gráfico 28- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização do mel
A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) funciona com
o auxílio do Governo do estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa e atua em:
Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém. Recebe apoio para os “Projetos de Mel”
na região, além de ministrar cursos sobre a utilização de plantas medicinais e saúde da
mulher.
A produção de mel em Baião é recente e realizada por um grupo de apicultores em
fase de organização, porém não possuíam assistência técnica especializada para alavancar a
produção e nem financiamentos. O mel é um produto com grande potencial no Município,
devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada na região.
Algumas comunidades de Oeiras do Pará possuem produção de mel, mas não
possuem financiamento e nem incentivos para melhorar a produção.
Na comunidade chamada Paruru de Joana Ceres, que se localiza numa ilha do
Município de Limoeiro do Ajuru, existe um grupo formado por vinte apicultores, os quais
produzem mel há mais de quatro anos. Segundo um dos integrantes do grupo, já chegaram a
produzir mais de setecentos litros de mel. Atualmente estão produzindo pouco por não terem
mercado para escoar a produção. Em estoque, estavam com duzentos litros de mel.
106
Existe outra comunidade em terra firme chamada BR 422, que fica no km 5 da
Rodovia do mesmo nome, tal comunidade possui uma associação de mel, atualmente, com
vinte produtores. O mel é vendido para Cametá, pois o preço e a venda são melhores do que
em Limoeiro.
Alguns avanços ocorrem em Abaetetuba na exploração sustentável de produtos de
base extrativa, como a apicultura que começa a ganhar importância dos agricultores. A
atividade, entretanto, vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das
associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita quanto
para o processamento do mel; comprometendo diretamente a qualidade do produto. Há
apicultores que mantêm seus apiários muito próximos às residências, ocasionando perigo aos
moradores das proximidades, usando ainda caixas maiores que o tamanho padrão.
Alguns apicultores de Igarapé-Miri recebem apoio da Emater. Esta informou que
foram vendidos quinhentos quilos de mel, no valor de R$ 7,00/kg, pelo PAA, coordenado pela
Conab.
O mel é usado apenas para consumo interno no município de Moju.
De acordo com Venturieri et. al. (2009), entre os insetos que visitam as flores do
açaizeiro na região nordeste da Amazônia, foram identificadas as abelhas com ferrão
africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas nativas da região (Meliponíneos) sem ferrão, que
são agentes importantes no processo de polinização dos açaizeiros (Euterpe oleracea Mart. –
Arecaceae), inclusive para o aumento da produção de frutos. A conclusão que se faz sobre o
estudo do açaizeiro é que este é uma importante espécie apícola na Amazônia por ofertar
pólen e néctar durante a floração, em períodos de menor oferta de recursos florais.
4. 2.10 Utensílios (cuia, paneiro e tipiti)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos utensílios.
Na cadeia de comercialização do utensílio foram identificados dez agentes
envolvidos, entre eles sete artesões e três atravessadores. Sendo que estes trabalham com a
venda de utensílios feitos com talas de jupati, miriti e guarumã. Possuem armazéns com
dimensões que variam entre 10m2 e 260m2. Utilizam mão de obra familiar e relatam que
possuem problemas relacionados à secagem do material, incentivo dos órgãos gestores,
mercado consumidor, organização entre os artesões e oferta da matéria prima.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos utensílios
(Figura 25) apresentam as seguintes características:
107
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: O setor é formado por três tipos de agentes: os produtores, que extraem e
comercializam os feixes de guarumã; os artesões, que fabricam as peças artesanais e o
produtor/artesão, que utiliza sua matéria prima para fabricação das peças. No que se referem à
categoria dos trançados, dois utensílios foram analisados: o paneiro e o tipiti. Os artesões
utilizam fibras vegetais, especificamente a tala do guarumã para tecer tais objetos. No caso da
confecção das cuias, os ribeirinhos ou moradores da região estudada, em geral, apanham a
fruta da cuieira e realizam o processo rústico (limpam, fervem e tingem a cuia com o jenipapo
ou o cumaté), até obter a cuia, usada regionalmente como vasilha para tomar tacacá;
Varejo rural: Constituído por intermediários ou atravessadores que compram de
vários artesãos os utensílios para decoração e vendem para lojas de artesanato nacional;
Varejo urbano: Constituído de comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e
vendem para o consumidor local;
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
Varejo urbano: Inclue as lojas de artesanato, as quais realizam a venda dos utensílios,
como os objetos de decoração para os consumidores nacionais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia dos utensílios.
A cadeia de comercialização desses utensílios é composta por poucos intermediários,
com a maior parte da produção local passando pelo varejo urbano local (92%) e sendo
vendida exclusivamente para os consumidores locais.
108
Figura 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) dos utensílios comercializados na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Existe também a comercialização desses produtos ao mercado nacional, como os
objetos de decoração, que seguem para o varejo urbano nacional (comerciantes de artigos de
decoração), os quais os comercializam em torno de 8% da quantidade identificada que é
comprada exclusivamente dos varejistas rurais, sendo vendidos diretamente para os
consumidores nacionais. (Figura 25).
Com relação aos preços médios dos utensílios praticados entre os diferentes agentes
da cadeia de comercialização estes são determinados pela oferta, qualidade e utilidade do
produto transacionado. O varejo urbano local compra da produção ao preço de R$ 1,77/un. e
revende ao consumidor local ao preço de R$ 2,42/un. Enquanto que o varejo rural compra dos
produtores ao preço médio de R$ 8,00/un. e vende ao varejo urbano nacional ao preço de R$
9,00/un. neste caso são utensílios de decoração (Figura 25).
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização dos utensílios.
Somando todos os valores recebidos pela venda dos utensílios dos artesãos dos dez
municípios estudados, ou seja, o VBPα dos produtores locais foi de R$ 72,6 mil, totalizando
109
no final da cadeia (soma de todos os setores que ofertam na cadeia de comercialização dos
utensílios) em R$ 192,5 mil (Gráfico 29).
Gráfico 29- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Do total do VBP, R$ 166,9 mil pertence à região estudada e R$ 25,6 mil, diz respeito
ao âmbito nacional. Os setores que mais ofertam nos dez municípios são, portanto a produção
(R$ 72,6 mil), o varejo urbano (R$ 71,2 mil) e o varejo rural (R$ 23,1 mil). O sistema
nacional participa com 13% do VBP, sendo o único setor que oferta e o varejo urbano (lojas
de artesanato) no montante de R$ 25,6 mil (Gráfico 29).
d) VAB - gerado na comercialização do s utensílios e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB total dos utensílios ao longo da cadeia foi de R$ 96,7 mil, correspondendo à
margem ou mark-up de 33% (Gráfico 30). Do total do valor adicionado na cadeia a partir da
produção primária, o sistema local teve maior participação, com 97% - e o sistema nacional,
com somente 3%. O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$ 19,1
mil, com margem bruta de 37% (Gráficos 30).
110
Gráfico 30- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização dos utensílios.
A comercialização dos utensílios gerou uma RBT de R$ 192,5 mil, em que 87%,
foram movimentados nos dez municípios. Desse montante o produtor gerou R$ 72,6 mil pela
comercialização dos utensílios, sendo que o varejo urbano local gerou R$ 71,2 mil; destes, R$
52,1 mil, pela compra dos utensílios e R$ 19,1 mil de adição de valor, enquanto o varejo rural
gerou R$ 23,1 mil de renda, pois comprou R$ 20,5 mil de insumo e agregou somente R$ 2,6
mil ao produto, sendo um grande atravessador de objetos de decoração. (Gráfico 31).
111
Gráfico 31- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos utensílios, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.11 Coratá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do coratá.
Os agentes ligados à cadeia de comercialização do coratá envolvem a RI Tocantins e
a esfera nacional, que apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É constituída pelos extrativistas dos dez municípios estudados;
Varejo rural: É constituída pelos comerciantes (ou atravessadores) que compram o
coratá in natura dos extrativistas e vendem para os atacadistas locais;
Atacado: Constituída por Comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o
beneficiamento primário do coratá in natura para exportação;
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
Varejo urbano: Constituída por comerciante varejista situado fora do Estado, que
comercializa com o mercado internacional. Nesse caso, a pesquisa identificou que a produção
do Tocantins vai diretamente para a Europa, mais precisamente para a Alemanha.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do coratá.
112
A cadeia de comercialização do coratá identificada incide em canais simples. O
principal setor desta cadeia refere-se ao setor atacadista local (atravessador) que compra 96,7
% da produção local identificada na RI Tocantins e mais 3,2% proveniente do varejo rural,
abastecendo o mercado internacional (varejo urbano nacional) (Figura 26).
Figura 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) do coratá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é de R$ 0,50/unidade do
coratá in natura; bem como atacadista local que também é de R$ 0,50/unidade. Em relação ao
preço de venda praticado pelo atacadista local com os varejistas urbanos nacionais, este é de
R$ 2,00/unidade.
c) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do coratá.
O VBPα, ou seja, todo o valor recebido pela venda do coratá pelos extrativistas da RI
Tocantins foi de R$ 53 mil (Gráfico 32). Em relação ao varejo rural local foi de R$ 2,9 mil;
do atacado local foi de R$ 211,8 mil e do varejo urbano nacional foi de R$ 264,8 mil, gerando
um valor de R$ 532,5 mil pela oferta do coratá na RI Tocantins (Gráfico 32).
113
Gráfico 32- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do coratá e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do coratá, da produção local até a demanda
final que, nesse caso, é o mercado europeu, o valor de R$ 264,8 mil foi adicionado ao
produto, atingindo um mark-up total de 400% (Gráfico 33). Do total do valor adicionado, o
setor com maior participação foi o atacado local, com R$ 157,7 mil, o qual agregou ao
produto uma margem de comercialização (mark-up do setor) de 291%. Em relação ao sistema
nacional, o varejo urbano agregou o valor de R$ 52,9 mil, apresentando a menor margem e
comercialização da cadeia, 25% apenas. Por outro lado, o varejo rural agregou o valor de R$
1,2 mil e atingiu um mark-up de 70% (Gráfico 33).
114
Gráfico 33- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do coratá.
A RBT, gerada pela comercialização do coratá, identificada nos dez municípios, foi
movimentada somente na região estudada e no sistema nacional, atingindo um valor de R$
267,7 mil e R$ 264,8 mil, respectivamente. O setor do atacado local gerou a maior renda, na
ordem de R$ 211,9 mil, quando comparada aos demais setores, pois realizou o
beneficiamento primário do coratá. O setor varejista rural gerou R$ 2,9 mil.
115
Gráfico 34- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do coratá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.12 Bacuri
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri.
Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam, em
média, há nove anos com o fruto e a polpa do bacuri, incluindo outros produtos como o
cupuaçu e o muruci. Eles não possuem local para armazenagem; o transporte é feito com
bicicleta, e possuem um freezer alugado. A mão-de-obra é familiar. As necessidades
identificadas foram a necessidade de aquisição de uma despolpadeira para reduzir o trabalho
manual e conseguir uma barraca na feira para a comercialização do produto.
A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Caracteriza-se pela produção primária e extrativista dos dez municípios;
Varejo rural: Constituído por pequenos comerciantes que compram o bacuri in
natura dos produtores, sendo denominados de atravessadores;
Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda do bacuri in natura
para os consumidores locais;
116
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Tratam-se dos feirantes que realizam a venda do bacuri in natura
para os consumidores estaduais.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do bacuri.
Os canais de comercialização do bacuri, identificados nos dez municípios, se
caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que
participam da comercialização do fruto. O principal canal de comercialização do bacuri é a
venda direta do produtor para o consumidor local, comercializando 88,8% da produção
identificada, ao preço médio de R$ 0,44/un.do fruto in natura (Figura 27).
Figura 27- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) do bacuri comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Outro canal importante é composto pelo varejo rural que compra 10,4% do produtor
ao preço médio de R$ 0,20/un. e vende diretamente para o varejo urbano estadual a R$
0,28/un.. Já o varejo urbano local compra somente 0,8% diretamente da produção ao preço
médio de R$0,12/un. e revende a R$ 0,25/un. o fruto in natura para os consumidores locais
(Figura 27).
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do bacuri.
117
O VBPα dos produtores identificados nos dez municípios atingiu R$ 25,5 mil,
enquanto que o VBP de todos os setores chegou a R$ 29,7 mil (Gráfico 35). Os setores que
mais ofertam foram o varejo rural, com R$ 1,8 mil e o varejo urbano estadual com R$ 2,3 mil.
Gráfico 35- VBPα, em R$ gerado na comercialização do bacuri, pela óptica da oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do bacuri e a margem de comercialização de cada setor (%).
Na cadeia de comercialização do bacuri foi agregado ao fruto um valor de R$ 26,5
mil, com uma margem de agregação de apenas 4%, devido o fruto ser comercializado in
natura (Gráfico 36).
Do VAB total, o sistema local foi responsável por R$ 26,9 mil dos quais o produtor
conseguiu agregar R$ 25,5 mil e o varejo rural, R$ 500,00, apresentando um mark-up de 40%.
Por outro lado, o varejista urbano local agregou um valor de R$ 100, 00, atingindo a maior
margem de comercialização da cadeia, que foi de 108% (Gráfico 36).
118
Gráfico 36- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do bacuri da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do bacuri.
A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do bacuri, foi de R$ 29,6 mil,
sendo que, desse total, 92% foram movimentados nos dez municípios e 8% nas demais
regiões do Estado (Gráfico 37). O sistema local gerou o equivalente a R$ 27,4 mil; o varejo
rural foi responsável pela renda bruta de R$ 1,8 mil, já que comprou de insumo R$ 1,3 mil e
adicionou o montante de R$ 515,00. O produtor local, por sua vez, gerou R$ 25,5 mil. O
varejo urbano estadual atingiu uma renda bruta total de R$ 2,2 mil, dos quais R$ 450,00
foram usados na compra de insumos, sendo que R$ 1,8 mil agregados ao valor adicionado.
119
Gráfico 37- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.13 Murumuru
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
murumuru
Foram três os agentes mercantis entrevistados que comercializam murumuru. Um
deles informou possuir um espaço para armazenagem de seis metros quadrados e outro local
em que comercializa também o açaí e o óleo de andiroba. As principais demandas
identificadas na comercialização do murumuru foram relacionadas a necessidade de entender
com mais detalhes a cadeia produtiva completa dessa espécie e identificar novos nichos de
mercado.
A manteiga de murumuru possui características que promovem a nutrição, a
emoliência e a hidratação para a pele e os cabelos (IDEALFARMA, 2009).
Na cadeia de comercialização do murumuru (Figura 28), foram identificados os
seguintes agentes mercantis:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Composta pelos agentes responsáveis pela coleta das sementes nas áreas
de ocorrência natural em Cametá e Limoeiro do Ajuru;
120
Varejo rural: Constituído por agente conhecido como “Atravessador” ou pequeno
comerciante, o qual compra a semente do murumuru de vários produtores e revende para a
indústria de cosmético estadual;
Atacado: Constituída por uma cooperativa agrícola que compra da produção local e
vende para o demandante, no caso, a indústria de cosmético estadual;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de transformação: Constituída por uma filial de uma grande empresa de
cosmético nacional, localizada no âmbito estadual (Região Metropolitana de Belém), a qual
compra as sementes de atravessadores (varejo rural e atacado local), processa para obtenção
da manteiga de murumuru (possivelmente realizada em São Paulo).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/Kg da semente) entre os setores mercantis da cadeia do murumuru.
Na cadeia de comercialização do murumuru fica explícito que toda a produção da RI
Tocantins (100%) abastece uma indústria de transformação estadual (filial de uma grande
empresa de cosmético), localizada no estado do Pará, vindo 73% do atacado local e 27% do
varejo rural. Ambos negociam a compra das sementes com os produtores de Cametá e
Limoeiro do Ajuru (Figura 28). Tal indústria de transformação estadual envia para o mercado
nacional, no entanto, esta empresa não foi entrevistada pela equipe.
O varejo rural paga ao produtor local R$ 0,30/kg da semente de murumuru e revende
a R$ 1,50/kg para a indústria de transformação estadual. O atacado local compra a R$ 1,50/kg
da produção local e revende para a mesma indústria de transformação estadual ao preço de R$
2,32/kg da semente (Figura 28).
121
Figura 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/Kg) do murumuru comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
e) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do murumuru.
Na cadeia de comercialização do murumuru, a produção local gerou um VBPα de R$
18,8 mil (Gráfico 38). O VBP do âmbito local (56%) equivale à oferta de R$ 27 mil pelo
atacado e a R$ 6,6 mil ao varejo rural. Em termos estaduais observa-se que o setor de
transformação responde pelo total do VBP gerado pela oferta de murumuru com R$ 41,8mil.
122
Gráfico 38- VBPα, em R$ gerado na comercialização do murumuru, pela óptica da oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do murumuru e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do murumuru da produção local da RI
Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$ 41,7 mil foi adicionado (VAB) ao
produto (Gráfico 39), subtraindo o VAB total (R$ 41,7 mil) do VBP da produção local (R$
18,8 mil) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de
122%. Observando que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da
produção primária (Setor α) é significativo.
Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 33,6 mil, sendo o setor com
maior participação o da produção local, pois apresenta um valor significativo de R$ 18,8 mil,
a maior da cadeia (Gráfico 39), justificado pelo beneficiamento primário de custo baixo da
oleaginosa. Em segundo, foi o varejista rural com R$ 5,3 mil, gerando com isso o maior
mark-up de 408%, o maior da cadeia como um todo (Gráfico 39), pois se tratam de agentes
de empresas de transformação estadual e, ainda, o atacadista urbano com R$ 9,5 mil,
apresentando um mark-up de 55%. O sistema estadual participa com 19% do VAB total, com
a indústria de transformação no montante de R$ 8,1 mil, que é o único setor que demanda o
murumuru da região estudada.
123
Gráfico 39- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do murumuru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do murumuru.
A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 94,2 mil, sendo que do total, 56%
foram movimentados nos dez municípios e 44% no Estado (Gráfico 40). O setor da produção
local gerou R$ 18,8 mil. Esse resultado demonstra que a comercialização do murumuru é
rentável para os extratores dessa oleaginosa.
O sistema local gerou o equivalente a R$ 52,4 mil, sendo que o atacado foi
responsável por R$ 27 mil, já que comprou de insumo cerca de R$ 17,5 mil e agregou apenas
R$ 9,5 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$ 6,6 mil, pois comprou de
insumo R$ 1,3 mil e adicionou o montante de R$ 5,3 mil. Por outro lado, no sistema estadual,
o setor de indústria de transformação atingiu uma RBT de R$ 41,8 mil, dos quais R$ 33,7 mil
equivalem à compra de insumos e R$ 8,1 mil ao valor adicionado.
124
Gráfico 40- A RBT, em R$ na comercialização do murumuru, considerando sua composição pela óptica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará, em 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.14Artesanato de miriti
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti.
Os agentes envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti (Figura
29) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Constituída por extratores da estirpe da palmeira do buritizeiro conhecido
como “isopor natural” da Amazônia que serve de matéria-prima para o artesanato com miriti;
Indústria de transformação: Incluem os pequenos núcleos familiares de artesãos, os
quais confeccionam brinquedos e artesanatos com miriti. No município de Abaetetuba essa
atividade é tradicional. A presente pesquisa identificou como agentes uma grande amostra de
artesãos e duas associações;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Constituída por lojas de artesanatos localizadas na Região
Metropolitana de Belém, que comercializam diretamente para o consumidor final e
principalmente para os turistas;
125
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
Varejo urbano: Constituída por associações de artesanato, central de artes e museus
localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato de miriti.
A cadeia de comercialização do artesanato consiste de canais simples, constituídos
por diversos níveis de distribuição, abrangendo três setores intermediários.
A indústria de transformação local compra toda a produção (100%) do miriti
diretamente do extrator e vende 7,5% da produção identificada para o consumidor local; 53%
vão para o varejo urbano estadual; 18% seguem diretamente para os consumidores estaduais
(Figura 29). São empresas, instituições públicas e, principalmente, os consumidores e turistas
que adquirem o produto em épocas festivas, nesse caso, durante o Círio de Nossa Senhora de
Nazaré e o Natal. O setor da indústria de transformação local também vende para o varejo
urbano nacional (12%) e diretamente para o consumidor nacional (9%).
Figura 29- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato de miriti comercializado na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
É importante destacar que durante as festividades do Círio de Nossa Senhora de
Nazaré, realizado na segunda quinzena de outubro, acontece a Feira do Miriti e são
organizados alguns pontos de venda em praças públicas.
126
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do artesanato de miriti, no período de 2008 a 2009.
Os produtores vendem a braça do miriti (mede 2,5 a 3 metros, em média) para a
indústria de transformação por R$ 0,38 a braça (Figura 30), ou seja, para os artesãos e suas
associações transformarem as braças do miriti em peças artesanais com uma infinidade de
formas, cores e tamanhos, sendo os brinquedos feitos com miriti, os mais conhecidos em
miniaturas na forma de: barcos, pássaros, roda gigante, casas, animais, objetos domésticos,
entre outros, os quais representam o cotidiano do ribeirinho e também do homem da cidade
grande.
Figura 30- Preço médio do artesanato de miriti (R$/braça) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
Os preços de venda da braça, praticados pela indústria de transformação local são:
R$ 15,10, aos consumidores estaduais; R$ 7,76, para os varejistas estaduais; R$ 6,69, para os
consumidores nacionais; R$ 5,41, para os varejistas nacionais e R$ 2,80, para os
consumidores locais. A variação dos preços médios praticados é justificada pelo tipo de
artefato comercializado.
d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do artesanato de miriti.
127
Somando todos os valores recebidos pela comercialização da braça de mitiri dos
extratores da RI Tocantins, isto é, o VBPα foi de R$ 33,3 mil, da indústria de transformação
de R$ 730,1 mil; do varejo urbano estadual, de R$ 382,8 mil e do varejo urbano nacional, de
R$ 80 mil, gerando no total R$ 1,2 milhão em vendas com o artesanato do miriti (Gráfico
41).
Gráfico 41- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização do artesanato de miriti e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do artesanato com miriti da produção local
até a demanda final, o valor de R$ 773,8 mil foi adicionado ao produto, atingindo um mark-up
de 2.222%. Do total do valor adicionado, o setor com maior participação foi a indústria de
transformação local, com R$ 696,8 mil, o que agregou ao produto uma margem de
comercialização (mark-up do setor) de 2.091% (Gráfico 42).
Em relação ao sistema estadual, o varejo urbano adicionou o valor de R$ 20,6 mil,
apresentando a menor margem e comercialização da cadeia, 6% apenas. Por outro lado, o
varejo urbano nacional agregou o valor de R$ 23,1 mil e atingiu um mark-up de 40%.
128
Gráfico 42- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda na comercialização do artesanato de miriti.
A RBT, gerada na comercialização do artesanato foi de R$ 1,2 milhão. A região
estudada foi responsável por 62% dessa RBT, seguida pelo estadual com 31% e a nacional
com apenas 7% (Gráfico 43).
No sistema local, o setor da indústria de transformação (artesãos) gerou a maior
renda na ordem de R$ 730,1 mil, pois comprou de insumos cerca de R$ 33,3 mil e agregou
valor de R$ 696,8 mil. O setor do varejo urbano estadual gerou uma renda bruta de R$ 382,8
mil; sendo R$ 362,26 mil em insumos e somente R$ 20,6 mil de agregação de valor. E, no
sistema nacional, o varejo urbano atingiu uma renda de R$ 80,2 mil dos quais R$ 57,10 mil
equivalem à compra de insumos e R$ 23,1 ao valor adicionado (Gráfico 43).
129
Gráfico 43- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato de miriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
g) Informações complementares sobre a comercialização de artesanato com miriti.
Abaetetuba é tradicionalmente conhecida pelos famosos brinquedos feitos com miriti
que integram as festividades no período do Círio de Nazaré. A Associação Arte Miriti de
Abaetetuba (Miritong), uma organização não governamental, conquistou sua valorização com
a venda dos brinquedos durante as festividades do Círio da Nossa Senhora de Nazaré e tem
seu trabalho reconhecido internacionalmente. Até 1999 todos faziam os brinquedos
tradicionais, com pinturas somente em riscos e pingos. Com a ação do Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Abaetetuba, surgiu a ideia de trabalhar o ano todo.
No evento denominado Miriti-Design, realizado em 1999, novos conceitos de design foram
incorporados ao artesanato com o miriti, fato considerado pela Associação como um “divisor
de águas”. Desenvolveram o corte mais preciso do miriti, utilizando um “cabo de freio de
bicicleta” ou corte de arame. O trabalho foi reconhecido pela Fundação de Telecomunicações
do Pará (Funtelpa), durante a gestão do presidente Ney Messias, que deu todo o suporte para a
fundação da ONG. Ao todo são duzentos artesãos, que sustentam suas famílias com o que
produzem de artesanato. Atualmente contam com três tipos de artesanato: os tradicionais
(barcos, canoas, pila-pilas, cobras, pássaros, bonecos, outros); os utilitários (diversas
130
embalagens) e os decorativos (luminárias, quadros, arranjos, entre outros). Também
trabalham na fabricação de brinquedos pedagógicos, no entanto, na época da execução das
entrevistas os serviços estavam parados. Disseram que havia novos pedidos e, em 2009,
começariam novamente a produzir.
A empresa de cosmético procurou a organização para fazer embalagens, mas esse
tipo de artesanato não tem condições de padronização no nível exigido pela empresa.
De acordo com o técnico Vieira, em informação cedida em entrevista pessoal, no ano
de 2008, o Centro Internacional de Pesquisa Florestal (Cifor) iniciou o “Projeto ecologia,
manejo, economia e mercado do miriti em florestas de uso múltiplo no estuário do baixo
Tocantins”, em parceria com a Embrapa, o Sebrae, a Universidade Federal Rural da
Amazônia (UFRA), o Museu Paraense Emilio Goeldi, a Associação dos Artesãos de
Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab), a Miritong, a Associação do
Tauerá de Beja (Amprotab) e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de
Abaetetuba – com o objetivo de identificar as formas de extração do miriti, as partes usadas
da planta, entender a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti”; assim como identificar as
técnicas para o manejo sustentável dessa palmeira tão significativa para a região; visto que já
estão enfrentando problemas para conseguir a matéria-prima. Segundo declarações da equipe
técnica do projeto, as fibras do miritizeiro constituem o principal recurso utilizado, assim
como os brinquedos feitos com miriti, produzidos com a parte interna do pecíolo da folha
(bucha), as cestarias da parte externa do pecíolo (talas) e das palhas das folhas mais novas
desfiadas. Além disso, do fruto é extraído o vinho de miriti (termo regional usado para suco).
A Asamab teve apoio de uma empresa que fabrica barra de alumínio. São cento e
treze pessoas que vivem do artesanato. Os que possuem atelier próprio trabalham o ano todo.
Em 2008, levaram aproximadamente, trinta e cinco a quarenta mil peças feitas à base do miriti
para as festividades do Círio de Nazaré da cidade de Belém. Apesar de os artesãos não terem
uma sede própria para realizar suas reuniões e organizar melhor a produção e
comercialização, a atividade destaca-se com grande potencial para o desenvolvimento local.
Grande parte dos produtos artesanais é feito nas ilhas próximas à sede de Abaetetuba.
4.2.15 Andiroba
a) Caracterização dos agentes mercantis, envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba.
Os agentes mercantis, envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de andiroba,
(Figura 31) atuam no âmbito local e estadual, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
131
Produção: É composta por produtores locais, os quais coletam as sementes de
andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a
fervura e a extração do óleo;
Varejo rural: Composto por agentes conhecido como atravessadores, que são
pequenos comerciantes que compram o óleo de andiroba dos produtores locais;
Atacado: Constituída por comerciantes que compram o óleo em maior quantidade do
produtor local e vendem para o varejo urbano estadual;
Varejo urbano: São os pequenos comerciantes que adquirem o óleo de andiroba da
produção local e vendem para o mercado local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Trata-se de um setor de comércio constituído por varejista (feirantes
e supermercados), situado no âmbito estadual, que compra do atacado local e vende o óleo de
andiroba para o consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de andiroba
Os nove agentes entrevistados que trabalham com óleo de andiroba estão no ramo em
média há vinte e um anos (variação de treze a quarenta e oito anos). Todos também
comercializam outros produtos, tais como: mel, açaí, murumuru, semente de cumaru, cacau,
palmito, artesanato plantas medicinais (leite de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá,
barbatimão, unha-de-gato, verônica e óleo de copaíba).
A capacidade instalada em armazéns possui em média 32m2 (variação de 12 a 60
m2), com transporte feito por meio de bicicleta ou moto. A mão-de-obra predominante é a
familiar com uma a três pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas são por
equipamentos apropriados para a prensagem, financiamentos para a produção e apoio do
poder público às farmácias de remédios naturais.
O varejo urbano local comprou 64,9% do óleo de andiroba da produção, tendo
vendido somente para o consumidor. O varejo rural é responsável pelo repasse de 24,3% para
o consumidor (Figura 31). Há produtores que conseguem vender 7,2% do total diretamente
para o consumidor estadual. Deste montante, 3,6% seguem para os varejistas de fora da
região.
132
Figura 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da andiroba, no período de 2008 a 2009.
A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo rural ao preço de R$ 6,50/l;
para o varejo urbano, a R$ 6,77/l; para o atacado local, a R$ 8,00/l e, diretamente para o
consumidor estadual, a R$ 15,00/l (Figura 32). O varejo urbano local vende diretamente para
o consumidor local ao preço de R$ 11,50/l. O atacadista local vende para o varejo urbano
estadual a R$ 16,00/l, que, por sua vez, revende ao consumidor estadual ao preço de R$
20,00/l.
133
Figura 32- Preço médio da andiroba (R$/ l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.
Fonte: IDESP.
d) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização da andiroba.
Na cadeia de comercialização do óleo de andiroba a produção local gerou um VBPα
de R$ 13,6 mil (Gráfico 44), totalizando no final da cadeia um valor de R$ 33,9 mil. Do
montante, R$ 13,8 mil pertencem ao setor varejista urbano local; R$ 4,1 mil ao varejo rural;
R$ 1,1 mil ao setor atacadista local e somente R$ 1,3 mil ao varejista urbano estadual.
134
Gráfico 44- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) VAB - gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de
cada setor (%).
Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de R$
21,2 mil (Gráfico 45). Do montante, o sistema local foi responsável por R$ 20,9 mil, no qual
o produtor conseguiu agregar um valor de R$ 13,6 mil, com a comercialização do óleo sem
nenhum tratamento.
O varejista rural agregou somente R$ 1,1 mil, com uma margem de comercialização
de 38%. Dessa forma, considerou-se essa atividade rentável apesar da pouca agregação de
valor. O varejista urbano local agregou R$ 5,7 mil, apresentando o segundo maior mark-up da
cadeia (70%). O atacado local agregou R$ 533,3 e obteve o maior mark-up de 100%. Em
âmbito estadual, o setor do varejo urbano agregou apenas R$ 266,7, mas apresentou um mark-
up de 25% (Gráfico 45). A justificativa é o preço de venda alto por meio do fracionamento do
produto em vidros menores.
135
Gráfico 45- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da andiroba.
A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 33,8 mil, sendo que desse total 96%
foram movimentados nos dez municípios e apenas 4% no Estado (Gráfico 46).
136
Gráfico 46- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O sistema local gerou o equivalente a R$ 32,4 mil, o setor da produção local gerou a
maior renda equivalente a R$ 13,6 mil, comparada aos demais setores, visto que realizam o
beneficiamento primário do fruto, o qual torna a comercialização rentável.
O varejo urbano local foi responsável por R$ 13,8 mil, visto que comprou de insumo
R$ 8,1 mil e agregou R$ 5,7 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$ 4 mil,
pois comprou de insumo R$ 2,9 mil e adicionou apenas R$ 1,1 mil. O atacado local obteve
uma renda bruta de R$ 1 mil, com valores de compra de insumo e adicionado em iguais
proporções de R$ 0,533 mil cada.
Por outro lado, no sistema estadual, o setor de varejo urbano atingiu uma RBT de R$
1,4 mil, dos quais R$ 1,1 mil equivalem à compra de insumos e R$ 0,267 mil, ao valor
adicionado.
g) Informações complementares sobre a comercialização da andiroba.
Em Abaetetuba, a extração da andiroba ainda é feita de forma tradicional, algumas
famílias que utilizam essa prática costumam comercializar o produto, outras a utilizam
somente para o consumo nas comunidades.
No município de Mocajuba está instalada, há mais de três anos, a filial de uma
grande empresa que trabalha com sementes oleaginosas junto às comunidades ribeirinhas da
137
região e faz o beneficiamento primário da andiroba. Atualmente, a empresa alocada no
Município trabalha exclusivamente com a semente de andiroba e possui embarcação própria
para a coleta das sementes junto às comunidades ribeirinhas. A Empresa beneficia óleo de
andiroba geralmente vindo da Região das Ilhas, onde as sementes são coletadas por
ribeirinhos, mas quem determina os preços do produto é a empresa. A filial compra a semente
molhada ou suja por R$ 0,25/kg, entrega as embalagens e realiza o transporte para que a
produção chegue até Mocajuba. A empresa compra aproximadamente duzentas toneladas de
semente de andiroba durante a safra, que vai de janeiro até meados de junho, dependendo do
período chuvoso. Essa filial funciona apenas como um apoio logístico de estoque, devido às
dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra qualificada na RI
Tocantins. A empresa então priorizou estabelecer-se em Ananindeua-PA. A matriz possui
uma estrutura de aproximadamente doze prensas “Piratininga” com uma capacidade de
produção de 2,5 toneladas de óleo por hora.
Segundo informações da empresa, a maioria da população conhece a andiroba e sabe
das suas propriedades medicinais, a semente é bem conhecida na região, porém pouco
valorizada. Hoje uma árvore de andiroba custa para o ribeirinho R$ 20,00, quando
comercializada para madeireiros, e uma árvore produz, em média, cem quilos de semente, por
safra. Na safra de 2008, duzentas toneladas de semente foram produzidas somente em
Mocajuba, mas a empresa também compra sementes em municípios da região, como Cametá
e Barcarena, assim também em outras regiões como a do Salgado (Vigia, Santo Antônio do
Tauá e Mosqueiro) e Região do Marajó. Toda a negociação é realizada diretamente com os
produtores, a empresa não negocia com os atravessadores. O pagamento é feito à vista. Após
a compra, a empresa lava, pesa, seleciona e ensaca a semente. Sua armazenagem é feita
submersa em água, evitando o apodrecimento e ataque de insetos e roedores.
A empresa estabelece a programação da passagem do barco nas comunidades para
recolher as sementes na safra. Em 2007, compraram cerca de sessenta toneladas de óleo já
beneficiado pelas comunidades, que possuem tradição na retirada do óleo artesanal e, com
isso, atenderam a uma demanda da empresa que necessitava do mesmo, sem importar-se com
a qualidade. A Empresa compra mais a semente do que o óleo artesanal na região.
Dependendo do volume, a extração do óleo é feita na filial da empresa em Mocajuba, por
meio de prensa e, o processo de refino é realizado na matriz em Ananindeua. Na cadeia de
comercialização da andiroba não foram incluídos os dados da empresa de Mocajuba, pois
falta realizar a entrevista em sua matriz em Ananindeua.
138
A Emater informou que em Igarapé-Miri há muitas árvores de andirobas nas áreas
ribeirinhas, no entanto não são aproveitadas, o que foi constatado em campo como grande
potencial. De acordo com entrevistados, isso ocorre por falta de incentivos e escoamento da
produção. Existe apenas um comprador que determina um preço muito baixo do óleo (R$
2,00/l).
4.2.16 Copaíba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da copaíba.
Os quatro agentes entrevistados que trabalham com óleo de copaíba estão no ramo
em média há dezesseis anos (variação de sete a vinte anos de atuação). Todos também
comercializam outros produtos, tais como: mel, semente de cumaru, cacau, artesanato, plantas
medicinais (leite de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha-de-gato, verônica e
óleo de andiroba). A capacidade instalada de armazenamento atinge um tamanho médio de
30m2 (variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por meio de bicicleta ou moto. A mão-de-
obra predominante é a familiar, com duas pessoas atuando o ano todo. As necessidades
identificadas são a ampliação do espaço para o comércio, os financiamentos no sentido de
ampliar a produção e o apoio do poder público às farmácias de remédios naturais.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de copaíba
atuam somente em âmbito local, conforme se demonstra na Figura 33 e na descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta pelos produtores locais que fazem a extração do óleo das
copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração e em seguida o
envasamento em garrafas de vidro;
Varejo urbano: Constituída por comerciantes que compram o óleo de copaíba dos
produtores locais e revendem para o consumo final.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/ l) entre os setores mercantis da copaíba.
Toda a produção de óleo de copaíba (100%) passa pelo varejo urbano local e depois
vai para o consumidor local. O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção
local por um preço médio de R$ 24,70/l e o vende para o consumidor local a um custo de R$
31,48/l (Figura 33).
139
Figura 33- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/ l) da copaíba na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba.
O VBPα da copaíba identificado na pesquisa é de R$ 10,4 mil, totalizando em R$
23,7 as vendas totais realizadas, incluindo o setor do varejo urbano, responsável por R$ 13,3
mil (Gráfico 47).
140
Gráfico 47- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado um valor total de R$
13,3 mil para a região estudada e o setor responsável foi o extrator de óleo com R$ 10,4 mil,
pois se trata de um produto totalmente extrativo com custo baixo de coleta e o varejista local
com R$ 2,9 mil, apresentando um mark-up de 27%, pois é embalado em vidros para então ser
comercializado (Gráfico 48).
141
Gráfico 48- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da copaíba.
A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 23,7 mil, sendo toda gerada e
movimentada na RI Tocantins (Gráfico 49).
142
Gráfico 49- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O setor da produção local gerou uma renda equivalente a R$ 10,4 mil e o restante foi
no setor do varejo urbano (R$ 13,3 mil), que compra de insumo cerca de R$ 10,4 mil e agrega
apenas R$ 2,9 mil. Nesse setor do varejo, o óleo é fracionado para fins de consumo local.
4.2.17 Inajá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá atuam
somente no âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Composta por extratores locais, os quais coletam os frutos;
Varejo rural: Constituído por “atravessadores”, representantes de empresas
nacionais, e pequenos comerciantes que compram o fruto dos produtores locais;
Varejo urbano: Formado por pequenos comerciantes que adquirem os frutos da
produção local e vendem-nos para o consumidor local, os quais os utilizam para artesanato;
NACIONAL (Fora do estado do Pará)
143
Varejo urbano: Formado por um setor do comércio varejista (comerciantes) que
utilizam o inajá para a produção de artesanato ou retira o óleo para outros fins.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/ kg) entre os setores mercantis do inajá.
O varejo urbano local comercializa 61,5% da quantidade identificada do inajá, que é
comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para o consumidor local
(Figura 34). Por outro lado, o varejo rural compra 38,4% e vende para o varejo urbano
nacional.
Figura 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do inajá na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Os preços médios referentes à venda do fruto do inajá, praticados pelos extratores com
outros agentes, são de R$ 0,97/kg da semente, com o varejo urbano local e de R$ 0,95/kg,
com os varejistas rurais (Figura 34). O preço médio adotado pela venda no varejo urbano
local para o consumidor local é de R$ 2,25/kg, sendo que e o preço de venda do varejo rural
para o varejo urbano nacional é de R$ 2,00/kg (Figura 34).
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do inajá.
O VBPα dos produtores do inajá da região estudada alcançou R$ 8,4 mil (Gráfico
50). No varejo rural a VBPα foi de R$ 6,7 mil; no varejo urbano local, foi de R$ 12 mil e, no
144
varejista urbano nacional, foi de R$ 7,5 mil, gerando no final da cadeia um total de R$ 34,6
mil em vendas do fruto do inajá.
Gráfico 50- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do inajá e a margem de comercialização de
cada setor (%).
O VAB total do inajá ao longo da cadeia de comercialização foi de R$ 19,5 mil para
os dez municípios (Gráfico 51). Do total do valor adicionado na cadeia, o varejo urbano local
teve maior participação, com R$ 6,9 mil, atingindo uma margem de comercialização de
137%. Em segundo lugar ficou o varejo rural, com R$ 3,3 mil, apresentando uma margem de
100%.
145
Gráfico 51- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do inajá.
A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 34,6 mil, sendo que desse total 78%
foram movimentados nos dez municípios e 22% em âmbito nacional.
146
Gráfico 52- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do inajá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O sistema local gerou o equivalente a R$ 27 mil, já o varejo urbano foi responsável
por R$ 12 mil, pois comprou de insumo cerca de R$ 5,1 mil e agregou R$ 6,9 mil. O varejo
rural foi responsável pela renda bruta de R$ 6,6 mil, pois comprou de insumo R$ 3,3 mil e
adicionou o mesmo montante.
4.2.18 Breu-branco
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do breu-branco.
Foram dois os agentes mercantis entrevistados, os quais trabalham com o breu-
branco, bem como com artesanato e carvão, usando como base a mão-de-obra familiar. Um
deles trabalha a vinte e dois anos no ramo e possui um armazém com 250 m2. A
caracterização dos agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foi:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Baseia-se na produção extrativista dos dez municípios que comercializam
a resina do breu-branco;
Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda da resina pronta para
o consumidor local, a qual é utilizada para calafetar barcos e repelir insetos.
147
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis do breu-branco.
O canal de comercialização do breu-branco identificado é simples e indireto, pois
abrange apenas um intermediário que participa da comercialização da resina (Figura 35).
Figura 35- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
O único setor intermediário é o varejo urbano, representado por feirantes, que
compraram toda a produção (100%), equivalente a 1,7 toneladas de resina, ao preço de R$
2,38/kg e venderam para o consumidor final a R$ 3,44/kg da resina (Figura 35).
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do breu-branco.
Na cadeia de comercialização da resina do breu-branco a produção local gerou um
VBPα de R$ 7 mil, totalizando ao final da cadeia R$ 17,1 mil (Gráfico 53). O único ofertante
da cadeia é o varejo urbano local com R$ 10,1 mil.
148
Gráfico 53- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do breu-branco e a margem de comercialização de cada setor (%).
O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu-branco totalizou R$ 10,1 mil
(Gráfico 54). O varejo urbano local agregou ao produto apenas R$ 3,1 mil, atingindo uma
margem bruta de 44% (Gráfico 54).
149
Gráfico 54- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do breu-branco.
A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do breu-branco, foi de R$ 17,1
mil (Gráfico 55). O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$ 10,1 mil, pois
comprou de insumo R$ 7 mil e adicionou o montante a R$ 3,1 mil, sendo que o produtor local
gerou o equivalente R$ 7 mil.
150
Gráfico 55- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do breu-branco, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.19 Cipós
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós atuam
somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Constituído por coletores de cipós;
Atacado: Constituído por comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o
beneficiamento primário dos cipós para exportação;
Varejo urbano: Constituído por comerciantes ou feirantes que compram dos coletores
locais e revendem para o consumidor local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/rolo) entre os setores mercantis da cadeia dos cipós.
A estrutura da cadeia dos cipós apresenta canais de comercialização simples
apresentando apenas dois intermediários (Figura 36).
151
Figura 36- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/rolo) dos cipós comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
O principal canal de comercialização refere-se à venda de 70% da produção dos
cipós, ao preço médio de R$ 0,50/rolo para o atacadista local que revende para os
consumidores nacionais (neste caso mercado internacional - Alemanha), ao preço médio de
R$ 3,13/rolo. O setor do varejo urbano (feirante) compra 30% da produção local, ao preço de
R$ 5,04/rolo e revende aos consumidores locais ao preço de R$ 7,17/rolo. Indicando que os
cipós são comercializados com baixa agregação de valor, pois são utilizados como matéria-
prima na fabricação de artefatos como o matapi, paneiros, entre outros.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização dos cipós.
Somando os valores recebidos pela venda dos cipós, dos agentes envolvidos em sua
extração - o VBPα dos produtores locais foi de R$ 6,9 mil, totalizando no final da cadeia um
valor de R$ 22,9 mil. Os setores que ofertaram nos dez municípios foram o varejo urbano e o
atacado, com R$ 8 mil cada (Gráfico 56).
152
Gráfico 56- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização dos cipós e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB total dos cipós ao longo da cadeia de comercialização foi de R$ 16 mil para
os dez municípios. Do total do valor adicionado na cadeia a partir da produção primária, o
produtor teve uma maior participação, com R$ 6,9 mil, pois se trata de um produto totalmente
extrativo com baixo custo de coleta (Gráfico 57). O setor varejista urbano local participou
com R$ 2,4 mil na agregação, apresentando uma margem de 42% e o atacadista local agregou
R$ 6,7 mil gerando a maior margem de 526% na cadeia.
153
Gráfico 57- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos cipós.
A RBT, originada pela comercialização de cipós da região estudada, gerou para o
âmbito local um valor de R$ 22,9 mil - sendo que desse total, R$ 6,9 mil foi gerada pelo setor
da produção local (Gráfico 58).
154
Gráfico 58- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos cipós, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O varejo urbano local foi responsável por R$ 8 mil, visto que comprou de insumo R$
5,6 mil e agregou R$ 2,4 mil. O atacadista local foi responsável pela renda bruta também de
R$ 8 mil, pois comprou de insumo R$ 1,3 mil e adicionou apenas R$ 6,7 mil.
4.2.20 Leites (amapá, jatobá e sucuúba)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites.
Os dois agentes entrevistados que trabalham com os leites de amapá, sucuúba e
jatobá estão no ramo há dezessete e vinte anos. Eles também comercializam outros produtos
medicinais, tais como: mel, óleo de andiroba, copaíba, semente de cumaru, unha-de-gato e
verônica. A capacidade instalada para armazenamento é de 16 e 24 m2, com transporte feito
por meio de bicicleta. A mão-de-obra é familiar com uma a três pessoas.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (Figura 37)
atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta pelos extrativistas locais que fazem a extração dos leites
artesanalmente;
155
Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram os leites dos extrativistas
locais e revendem para o consumidor final local.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/l) entre os setores mercantis dos leites.
A comercialização dos leites apresentou dois canais, um direto com a produção
vendendo 22% para os consumidores locais ao preço de R$ 13,86/l, e outro indireto com a
presença de um setor intermediário entre a produção e o consumidor (Figura 37). O setor
intermediário é o varejo urbano, representado por feirantes, que compraram 78% da produção,
equivalente a 476 l de leite, ao preço de R$ 4,48/l e venderam para o consumidor final a R$
9,22/l (Figura 37).
Figura 37- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização dos leites.
O VBPα dos extratores de leite da região estudada alcançou R$ 5,3 mil, contando
com a participação do varejo urbano local, também como o do ofertante, de R$ 5,8 mil
(Gráfico 59).
156
Gráfico 59- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização dos leites e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB dos leites totalizou apenas R$ 8,3 mil (Gráfico 60). Apesar de o varejo
urbano local possuir um valor bruto de R$ 5,8 mil, apresenta uma margem de comercialização
alta de 106%, pois comercializa o produto com agregação de valor (Gráfico 60).
157
Gráfico 60- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos leites.
Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a R$ 11,1
mil, movimentada somente na região tocantina (Gráfico 61). Desse montante, o produtor
gerou R$ 5,3 mil e o varejo urbano gerou R$ 5,8 mil, sendo que R$ 2,8 mil foram em função
da compra de insumo e R$ 3 mil de adição de valor, mostrando haver uma baixa geração de
renda nessa comercialização.
158
Gráfico 61- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos leites, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4. 2. 21 Taperebá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá.
Os dois agentes entrevistados, que trabalham com o fruto do taperebá, estão no ramo
há doze anos. Comercializam também cupuaçu, açaí fruto e palmito. O transporte é feito por
meio de moto e por barco com capacidade de carga para cinco toneladas. Há também um
freezer usado para fazer a conservação. A mão-de-obra é a familiar com três a quatro pessoas
atuando o ano todo.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá (Figura 38), na RI
Tocantins e na escala estadual, apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Trata-se da produção extrativista dos municípios estudados que
comercializam o taperebá in natura;
Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda do taperebá in natura
para o consumidor local;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
159
Varejo urbano: Constituído por feirantes que compram diretamente da produção
local e vendem o taperebá in natura para o consumidor estadual.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/Kg) entre os setores mercantis da cadeia do taperebá.
O varejo urbano local (feirantes) comprou da produção 86% da quantidade
identificada do taperebá, ao preço médio de R$ 1,20/kg do fruto in natura e, vendeu ao preço
de R$ 3,00/kg para os consumidores locais. Por outro lado, os feirantes estaduais (varejo
urbano estadual) que também comprou 14% direto da produção, ao preço médio de R$
0,80/kg do fruto in natura e vendeu para os consumidores estaduais ao preço de R$ 1,00/kg
(Figura 38).
Figura 38- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do taperebá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do taperebá.
Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um VBPα de R$
4,1 mil (Gráfico 62), pela sua oferta. Sendo que nessa cadeia os setores ofertantes são o
varejo urbano local, com R$ 9,3 mil e o varejo urbano estadual com apenas R$ 514,6.
160
Gráfico 62- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do taperebá e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB do taperebá totalizou R$ 9,7 mil, atingindo um mark-up total de 138%
(Gráfico 63). Observando-se, portanto que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo
da cadeia do fruto, a partir da produção primária (Setor α), é significativo.
161
Gráfico 63- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$ 5,5 mil (Gráfico
63), com uma margem bruta de 150% (Gráfico 63), sendo que o varejo urbano estadual
apesar de agregar pouco (R$ 102,9) apresenta uma margem de apenas 25%.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do taperebá.
A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 13,9 mil, sendo que do total 96% foram
movimentados nos dez municípios e 4% no Estado (Gráfico 64). O sistema local gerou o
equivalente a R$ 13,4 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por R$ 9,3 mil, já que
comprou o fruto in natura por R$ 3,7 mil e agregou R$ 5,6 mil ao fruto já embalado para o
consumo final local. No sistema estadual, o varejo urbano atingiu uma RBT de R$ 514,6 dos
quais R$ 411,7 equivalem à compra do fruto in natura e R$ 102,9 ao valor adicionado.
162
Gráfico 64- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do taperebá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.22 Urucum
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum (Figura
39) atuam somente no âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta por produtores locais que fazem a colheita e o primeiro
processamento do urucum, por meio de secagem e moagem com pilão, do qual se oriunda um
concentrado com o urucum em água, embalados em garrafas de vidro;
Varejo rural: Constituído por atravessadores que compram o urucum dos produtores
locais e revendem para o varejo urbano estadual (feirantes);
Varejo urbano: Engloba os comerciantes que compram o urucum dos produtores
locais e revendem para o consumo final;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum do varejo rural
e revendem para o consumidor estadual.
163
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg semente) entre os setores mercantis do urucum.
Da produção identificada na RI Tocantins 89% abastece o comércio local e 11% sai
para atender o comércio estadual (Figura 39). O varejo urbano local comprou 89% da
produção identificada, ao preço médio de R$ 2,00/kg e revendeu para o consumidor final
local a R$ 4,00/kg. Já o varejo urbano estadual comprou 11% diretamente do varejo rural
preço médio de R$ 2,80/kg que por sua vez vendeu a R$ 6,00/kg para o consumidor estadual.
Figura 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do urucum comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do urucum.
O VBPα do urucum, identificado na pesquisa, é de R$ 1,2 mil totalizando em R$ 3,8
mil, ou seja, o equivalente à soma das vendas realizadas por todos os setores que constituem a
cadeia. Do total do VBP do urucum são ofertados R$ 2,1 mil pelo setor do varejo urbano
local; R$ 172,4 pelo setor varejista rural e, no âmbito estadual, o setor do varejo urbano por
R$ 369,5 (Gráfico 65).
164
Gráfico 65- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB- gerado na comercialização do urucum e a margem de comercialização de cada setor (%).
Do total do VAB dos dez municípios, o setor com maior participação no âmbito local
foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de R$ 1,2 mil, pois este
executa as primeiras transformações do urucum. Na esfera local, o varejo urbano contribuiu
com R$ 1,0 mil (mark-up de 100%) e o varejo rural com R$ 18,5. No âmbito estadual, o
varejo urbano contribuiu com R$ 197,1 um mark-up de 114% (Gráfico 66).
165
Gráfico 66- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda na comercialização do urucum.
A RBT, gerada na comercialização do urucum nos dez municípios estudados, foi de
R$ 3,7 mil. Na região estudada, o setor do varejo urbano atingiu uma RBT no valor de R$ 2,1
mil, já que comprou de insumos cerca de R$ 1,0 e adicionou o mesmo valor. O setor de
produção foi responsável pela renda bruta de R$ 1,2 mil (Gráfico 67).
166
Gráfico 67- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do urucum, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.23 Plantas medicinais
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas medicinais.
Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam na
comercialização de verônica, pau-doce, unha-de-gato e barbatimão, bem como com outros
produtos derivados de plantas medicinais como óleos de copaíba e andiroba, leites de amapá e
de sucuúba, seiva de jatobá e semente de cumaru. Eles atuam, respectivamente, há sete e vinte
anos no ramo, contendo local para armazenagem com capacidade de 12 e 24m2; não possuem
meio de transporte e a mão-de-obra é do tipo familiar, com duas e três pessoas que trabalham
diariamente.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas
medicinais atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: Constituída pelos coletores de plantas medicinais;
Varejo urbano: Constituído por comerciantes ou os feirantes que compram as plantas
medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.
167
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis das plantas medicinais.
Toda a produção identificada das plantas medicinais dos dez municípios estudados
(100%) é comercializada somente pelo varejo urbano local, ao preço de R$ 12,00/kg, que
comercializou com o consumidor local ao preço de R$ 16,00/kg (Figura 40).
Figura 40- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização das plantas medicinais.
Somando todos os valores recebidos pela venda das plantas medicinais, por todos os
agentes envolvidos em sua extração, depreende-se que o VBPα dos produtores locais foi de
somente R$ 2,9 mil, totalizando, no final da cadeia, R$ 6,8 mil (Gráfico 68). O varejo urbano,
com R$ 3,9 mil, é, portanto, o único setor ofertante nos dez municípios estudados.
168
Gráfico 68- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização das plantas medicinais e a margem de comercialização de cada setor (%).
O VAB total das plantas medicinais, ao longo da cadeia, foi de apenas R$ 3,9 mil
para os dez municípios; sendo o setor responsável o varejista urbano local que adicionou R$
978,4, com uma margem de comercialização de apenas 33% (Gráfico 69).
169
Gráfico 69- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização das plantas medicinais.
Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais gerou
uma RBT de R$ 6,8 mil (Gráfico 70). O produtor gerou R$ 2,9 mil somente pela
comercialização in natura dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$ 3,9 mil, sendo
R$ 2,9 mil pela compra das plantas medicinais e R$ 978,4 de adição de valor ao produto,
apontando uma baixa agregação de valor para o consumo final.
170
Gráfico 70- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das plantas medicinais, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
f) Informações complementares sobre a comercialização de plantas medicinais.
Em Cametá, o Centro Popular de Orientação à Saúde (CPOS) possui uma “farmácia
viva”, a qual atende às famílias da região, produzindo e manipulando diversos remédios:
banhos, xaropes e cremes.
O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças faz parte do cotidiano das
famílias do município de Baião, geralmente pertencentes à área rural, com transações na
forma de doação ou troca dos produtos entre as famílias. Já na zona urbana, existe uma
pequena comercialização de plantas, porém o Município apresenta grande potencial em
decorrência de a região possuir áreas pouco exploradas e com ocorrência de espécies nativas.
4.2.24 Semente de cupuaçu
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu (Figura
41) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
171
Produção: Caracterizada pelos produtores que realizam o beneficiamento primário do
cupuaçu (despolpamento do fruto feito com tesoura) e comercializam a semente de cupuaçu;
Varejo rural: Constituído por atravessadores que compram a semente de cupuaçu;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Indústria de beneficiamento: Constituído por Cooperativa Agrícola localizada no
município de Tomé-Açu, a qual extrai a manteiga de cupuaçu das sementes.
Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de produção de
cosmético, situada no município de Benevides, região metropolitana de Belém (PA), a qual
realiza a produção do noodle (massa de sabonete).
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis da semente de cupuaçu.
O varejo rural comercializa 100% da quantidade identificada da semente de cupuaçu,
que é comprada diretamente dos produtores, ao preço de R$ 1,20/kg da semente, aqual foi
vendida exclusivamente para a indústria de beneficiamento estadual, ao preço de R$ 1,50/kg
da semente, sendo que esta vende diretamente para a indústria de transformação estadual, por
R$ 13,00/kg (Figura 41).
172
Figura 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) da semente de cupuaçu na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da semente de cupuaçu.
O VBPα dos produtores que comercializam a semente de cupuaçu, identificado pela
pesquisa, atingiu somente R$ 615,0 (Gráfico 71).
173
Gráfico 71- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O valor bruto da produção do varejo rural local foi de R$ 768,8 enquanto que da
indústria de beneficiamento e de transformação estadual atingiram R$ 6,6 mil cada, e o VBP
de todos os setores que ofertam na cadeia foi de R$ 14,7 mil (Gráfico 71).
d) VAB - gerado na comercialização da semente de cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu foi agregado um
valor total de R$ 6,6 mil (Gráfico 72), que significa uma margem de agregação ou um mark-
up total de 983%.
174
Gráfico 72- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Do total do VAB, o sistema local foi responsável por apenas 12%, enquanto que o
sistema estadual responsabilizou-se por 88% (Gráfico 72). A indústria de beneficiamento
estadual foi responsável por R$ 5,9 mil, com uma margem de agregação de 767% (Gráfico
72), a de transformação estadual não teve seu valor de agregação estimado, pois a presente
pesquisa não obteve dados suficientes para tal cálculo.
e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização da semente de cupuaçu.
A RBT gerada na comercialização da semente do cupuaçu, identificada pela
pesquisa, foi de R$ 14,7 mil, sendo que o varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$
768,8, pois comprou de insumo R$ 615,0 e adicionou R$ 153,8 (Gráfico 73). O produtor
local gerou R$ 615,0. A indústria de beneficiamento estadual atingiu uma RBT de R$ 6,7 mil,
dos quais R$ 768,8 equivalem à compra de insumos e R$ 5,9 mil ao valor adicionado.
175
Gráfico 73- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.25 Cumaru
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cumaru.
Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cumaru (Figura
42) atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta por extrativistas locais que fazem a coleta das sementes do
cumaru em suas áreas;
Varejo urbano: Constituído por Feirantes que comercializam o cumaru como
medicinal em pequenas quantidades para o consumidor final
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis do cumaru.
Tendo uma cadeia exclusivamente local, o setor varejista urbano compra toda a
produção identificada ao preço de R$ 3,00/kg da semente, que é revendido aos consumidores
locais ao preço médio de R$ 20,00/kg da semente (Figura 42).
176
Figura 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do cumaru na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cumaru.
O VBPα dos coletores das sementes do cumaru da região alcançou apenas R$ 102,5;
enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a R$ 683,4 totalizando, no final da
cadeia, um montante de R$ 785,9 pelas vendas das sementes (Gráfico 74).
177
Gráfico 74- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
d) VAB - gerado na comercialização do cumaru e a margem de comercialização de cada setor (%).
O Valor Agregado Bruto das sementes do cumaru totalizou apenas R$ 683,4
(Gráfico 75).
178
Gráfico 75- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Apesar de o varejo urbano local ter atingido um valor bruto de R$ 683,4 (Gráfico
75), apresentou uma margem de comercialização altíssima de 567%, pois comercializou o
produto com uma agregação de valor para fins medicinais (em sacos plásticos de
aproximadamente 100 gramas de semente).
e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cumaru.
Os dados levantados mostram que a comercialização das sementes do cumaru gerou
uma RBT de R$ 785,9 (Gráfico 76).
O produtor gerou R$ 102,5 somente pela comercialização in natura dessas sementes
e o varejo urbano (feirantes) gerou R$ 683,4, sendo R$ 102,5 pela compra das sementes e R$
580,9 de agregação de valor (Gráfico 76).
179
Gráfico 76- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
4.2.26 Guarumã
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã, na RI Tocantins,
apresentam as seguintes características:
LOCAL (Municípios da RI Tocantins)
Produção: É composta pelos extratores da fibra do guarumã;
Varejo rural: Constituído por atravessadores da fibra que não realizam o
beneficiamento da mesma;
ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)
Varejo urbano: Constituído por feirantes que comercializam a fibra do guarumã para
os artesãos.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/braça) entre os setores mercantis do guarumã.
180
A produção local vende para o varejo rural a fibra ao valor de R$ 0,12/braça (Figura
43). O varejo rural entrega para varejo urbano estadual a R$ 0,40/braça, que vende para os
consumidores estaduais (artesãos) a R$0,90/braça.
Figura 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/braça) do guarumã na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do guarumã.
Na cadeia de comercialização do guarumã, a produção local gerou um VBPα de R$
20,5 (Gráfico 77).
181
Gráfico 77- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O VBP, no âmbito estadual, foi de (63%), sendo significativamente maior do que na
esfera local (37%), em função do alto consumo desse produto para a produção de artefatos (ou
artesanatos) mais elaborados (Gráfico 77). Os setores que mais venderam foram o varejo
rural (R$ 68,3) e o varejo urbano estadual (R$ 153,8).
d) VAB - gerado na comercialização do guarumã e a margem de comercialização de cada setor (%).
Ao longo da cadeia de comercialização do guarumã na produção local da RI
Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$ 153,7 foi adicionado (VAB) ao produto,
subtraindo-se o VAB total (R$ 153,7) do VBP da produção local (R$ 20,5) (Gráfico 78).
Dividindo-se o resultado pelo VBP da produção local, obtemos um mark-up total de 650%.
Observou-se, pois, em termos relativos, que o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da
produção primária (Setor α) é significativo.
182
Gráfico 78- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 68,3, sendo o setor com
maior participação o varejista rural, com R$ 47,8, gerando com isso um mark-up de 233%, o
maior da cadeia como um todo (Gráfico 78).
É importante ressaltar o papel do produtor local, que apresenta um valor de R$ 20,5,
pois o extrator realiza o primeiro processamento dessa fibra sendo totalmente manual. Por
outro lado, em âmbito estadual, o setor do varejo urbano apresenta a maior participação na
cadeia toda, com R$ 85,4, justificando um mark-up de 125% (Gráfico 78).
e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do guarumã.
A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do guarumã, foi de R$ 242,6;
sendo que desse total, 37% foram movimentados nos dez municípios e 63% no Estado
(Gráfico 79).
183
Gráfico 79- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do guarumã, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: IDESP.
O sistema local gerou o equivalente a R$ 88,8, o varejo rural foi responsável pela
renda bruta de R$ 68,3, pois comprou de insumo R$ 20,5 e adicionou o montante a R$ 47,8,
sendo que o produtor local gerou R$ 20,5 (Gráfico 79). O varejo urbano estadual atingiu uma
RBT de R$ 153,8, dos quais R$ 68,3 equivalem à compra de insumos e R$ 85,4 ao valor
adicionado.
4.3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO
Em Cametá foi identificada quase uma centena de diferentes formas de matérias-
primas, colhidas na floresta10 que passam por processos bem simples de preparo para a
10 Abacaxizinho, bola-de-natal, cabaças (gd, md, pq, gg), cabaça-peito-de-moça, cacho-bacaba, cacho-flor-de-
madeira (sororoca), cacho de palma real, cacho de coco babaçu (inteiro ou cortado), cacho-da-amazônia (jupati), cálice (gd e pq), canoa de babaçu, canoa-de-brasília, canoa de açaí/canoa-fina, canoa-de-bacaba, canoinha, capim- chuveirinho, cipó-escada, cipó-trançado, cipó-grosso, caracol-branco, caracol-verde, caroço de miriti, caroço de uxi, caroço de murumuru, caroço de jatobá, caroço de tucumã (jabarana), caracolzinho, casca de feijão, cavalo de açaí, cavalo de bacaba, cavalo de bacaba lavado, Cabo para flores trabalhadas, castanha-do-pará, chifre-de-boi (gd, md, pq Maranhã/Cametá), chapeuzinho, cipó-rosca de 2 a 3 cm, conchas, cutite, crespinho, copo de paxiúba, envira, miriti, espeto de bambu (50cm ou 70cm), escamadinho, espanador (1 ou 2), espinho-liso, fava-enrolada, fava-leitosa, fava-bié, fava-marrom, flor de abacaxizinho/flor de inajá, flor da madeira/limpa, flor-de-madeira, flor do coco babaçu, flor-do-campo, folha-da-amazônia, folha-cortada, folha-holandesa (açaí, miriti, bacaba, inajá e caranã), folha-cortada, folha-verdosa, folha-de-ubim, fruto-
184
comercialização, alguns somente com lavagem e secagem. São cipós, partes de plantas,
folhas, sementes, frutos como o inajá, o buriti, o murumuru, entre outros, os quais são
retirados da floresta, alguns ainda verdes, cuja quantidade a ser extraída está em função da
demanda do comprador. Esses produtos naturais, os quais possuem aspectos ou formas
interessantes que podem ser usados como enfeites ou utensílios artesanais, que são
comercializados para mercados externos.
Os artesanatos identificados em Baião foram os utensílios domésticos e de trabalho
como o tipiti, a peneira, os paneiros, os abanos, entre outros todos confeccionados em fibra,
geralmente do guarumã e comercializados localmente.
Uma potencialidade de Barcarena é a grande produção de artesanatos em fibras e
cipós da comunidade Tinga Açu, os quais são comercializados em Belém e em outros estados.
Os artesãos confeccionam variedades de cestarias. O transporte do artesanato ocorre via
fluvial em embarcações, que saem da comunidade toda sexta-feira, sendo vendidos na feira do
Ver-O-Peso. Os artesãos trabalham principalmente por encomenda e vendem mais na época
de junho, durante as festas juninas.
O artesanato do Moju com produtos da floresta (sementes, fibras, cascas, troncos,
folhas e outros) são comercializados nas casas dos artesãos e não possuem mercado certo.
Constatou-se estar sendo solicitado apoio para a expansão da produção e para a
comercialização.
Uma família moradora na margem da PA 150 (entre Moju e o município de
Tailândia) produz artesanatos em madeira, cipós, fibras e sementes. A matéria-prima é
retirada de uma área de floresta da família, o artesanato em questão é variado e bem
trabalhado, já fizeram exposições com mais de duzentas peças diferentes em Moju, em
dezembro de 2008, previam fazer outra exposição nas festividades do Município.
amarelo (taperebá), fruto de aracanga, fruto de caranã, fruto carrapeta-belém, fruto de carrapeta-cametá, fruto do inajá, frutos do jutaí, fruto-pintado, fruto-rajado, fruto-tanã, galeras (pq e lavadas), girassol-espinho (gd, pq, peludo preto ou verde), Ingá-cipó, jacitara (gd, grossa ou pq, fina), laranja-selvagem (seca , viva), maçã vermelha, madeira ornamental (ou 55), miniostra, moeda, ninja, ninho, olho-de-boi (rajado ou preto), orelha-branca, orelha-de-burro (ou pq), ouriços (castanha inteiro, lavados, etc.), ovo-de-pombo (1, pq ou 2), palma-real (gd, md, pq, pp), panari /nozes chinesas (gd, pq, lavado), pé de coqueiro, pendão-chinês peneira (nº1 cametá, nº2 bambu), pétala de flor-de-madeira, paxiúba em metro, pinheiro-africano/açairinha (pq, nº1, nº2), prego-seru, ramo de açaí (maços), ramo de bacaba (fardo de 20 kg), ramo de bacaba lavado, ráfia e rosa-de-tefé aberta.
185
4.4 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS
Ao se fazer uma análise do ponto de vista da demanda final dos produtos florestais
não madeireiros, produzidos na RI Tocantins, os quais somados equivalem a R$ 766,18
milhões; constatamos que o sistema nacional é o grande responsável (50%) por comprar esses
produtos R$ 380,06 milhões, o mercado estadual demanda 21% do valor equivalente a R$
161,35 milhões e o mercado local demanda R$ 224,76 milhões (Tabela 2).
Tabela 2- Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.
Fonte: IDESP.
No entanto, se esta análise se faz do ponto de vista de quem adiciona mais valor ao
produto (VAB), conforme a Tabela 3, o sistema estadual agrega R$ 285,53 milhões (40%) o
nacional, R$ 128,41 milhões (18%) e o local, um montante de R$ 298,97 milhões (42%).
LocalEstadual
(Estimado)Nacional
(Estimado)Total Local
Estadual (Estimado)
Nacional (Estimado)
Carvão (saca) 466.278,68 302.093,73 - 768.372,41 61 39 - Buriti (kg) 191.884,59 111.797,96 - 303.682,55 63 37 - Mel (l) 190.379,42 - - 190.379,42 100 - -
Utensílios (un.) (1) 72.609,45 - 23.063,79 95.673,24 76 - 24
Andiroba (l) 11.598,33 1.066,67 - 12.665,00 92 8 - Copaíba (l) 10.416,67 - - 10.416,67 100 - - Inajá semente (kg) 8.400,00 - 6.666,67 15.066,67 56 - 44 Breu-branco (kg) 7.016,90 - - 7.016,90 100 - -
Cipós (2) 6.923,41 - - 6.923,41 100 - -
Taperebá (kg) 3.704,93 411,66 - 4.116,59 90 10 -
Plantas medicinais (kg) (3) 2.935,32 - - 2.935,32 100 - -
Leites (l) (4) 2.834,28 - - 2.834,28 100 - -
Urucum (kg) 1.188,47 172,42 - 1.360,89 87 13 - Cumaru (kg) 102,51 - - 102,51 100 - - SubTotal 976.272,96 415.542,44 29.730,46 1.421.545,85 69 29 2 Bacaba (kg) 81.353,44 99.576,90 - 180.930,34 45 55 -
Murumuru (kg) 18.800,00 33.640,00 - 52.440,00 36 64 -
Bacuri (un.) 1.348,18 1.801,01 - 3.149,19 43 57 -
Cupuaçu semente (kg) 615,03 7.431,67 - 8.046,70 8 92 - Guarumã (braça) 20,50 68,34 - 88,84 23 77 - SubTotal 102.137,16 142.517,91 - 244.655,07 23 61 16
Açaí fruto (kg) 210.965.901,13 147.400.529,25 330.955.015,40 689.321.445,78 31 21 48
Cacau amêndoa (kg) 9.926.244,68 9.474.095,41 35.363.592,13 54.763.932,21 18 17 65 Castanha-do-brasil (kg) 958.448,75 2.108.400,48 11.308.258,01 14.375.107,24 7 15 79 Palmito (kg) 279.001,10 87.346,89 2.064.510,09 2.430.858,09 11 4 85 Cupuaçu (un.) 1.465.932,46 1.366.789,88 75.689,38 2.908.411,72 50 47 3 Artesanato miriti (braça) 33.327,43 362.255,92 57.102,59 452.685,95 7 80 13 Coratá (un.) 55.865,62 - 211.845,17 267.710,79 21 - 79 SubTotal 223.684.721,17 160.799.417,82 380.036.012,78 764.520.151,78 29 21 50
Total Geral 224.763.131,29 161.357.478,17 380.065.743,23 766.186.352,70 29 21 50
Produto Florestal Não Madeireiro
Demanda Final (Valores R$) Porcentagem (%)
(4) Amapá, jatobá e sucuúba.
(3) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)
186
Tabela 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ dos produtos florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.
Fonte: IDESP.
Se a análise, no entanto, for feita pela capacidade de agregar valor aos produtos
florestais não madeireiros, ou seja, com base no VAB, o qual aponta onde a economia está
mais atuante e imprime ações de beneficiamento e transformação nos produtos do
extrativismo, nos diversos setores ao longo das cadeias de comercialização, conforme
demonstrado na Tabela 4, constatamos que perceberemos que a categoria dos alimentícios foi
a campeã com 99,57% do VAB total, o equivalente a (R$ 709,84 milhões). A castanha agrega
mais valor em âmbito estadual por intermédio das agroindústrias de beneficiamento da
castanha, instaladas no Pará. Já o cacau e o palmito são produtos alimentícios que apresentam
no mercado nacional os maiores agregadores de valor. Os demais produtos alimentícios (açaí,
cupuaçu, buriti, bacaba, bacuri, taperebá e urucum) têm no mercado local o maior poder de
agregação de valor.
Local EstadualNacional
(Estimado)Total Local Estadual
Nacional (Estimado)
Açaí fruto (kg) 281.499.212,75 272.641.632,12 101.319.241,66 655.460.086,53 43 42 15 Cupuaçu (un.) 2.123.738,83 131.930,83 26.747,37 2.282.417,04 93 6 1 Carvão (saca) 1.048.074,68 315.065,86 - 1.363.140,53 77 23 - Artesanato miriti (braça) 730.134,24 20.602,79 23.076,83 773.813,85 94 3 3 Mel (l) 439.010,84 - - 439.010,84 100 - - Buriti (kg) 406.216,53 - - 406.216,53 100 - - Coratá (un.) 211.845,17 - 52.961,29 264.806,46 80 - 20 Bacaba (kg) 149.060,59 60.441,43 - 209.502,02 71 29 -
Utensílios (un.) (1) 94.243,77 - 2.562,64 96.806,41 97 - 3
Murumuru (kg) 33.640,00 8.133,33 - 41.773,33 81 19 - Bacuri (un.) 26.080,32 450,25 - 26.530,57 98 2 - Andiroba (l) 20.940,00 266,67 - 21.206,67 99 1 - Inajá semente (kg) 18.666,67 - 878,91 19.545,57 96 - 4
Cipós (2) 16.042,15 - - 16.042,15 100 - -
Copaíba (l) 13.275,00 - - 13.275,00 100 - - Breu-branco (kg) 10.130,78 - - 10.130,78 100 - - Taperebá (kg) 9.673,99 102,91 - 9.776,90 99 1 -
Leites (l) (3) 8.327,74 - - 8.327,74 100 - -
Plantas medicinais (kg) (4) 3.913,76 - - 3.913,76 100 - -
Urucum (kg) 2.241,47 197,05 - 2.438,53 92 8 - Cumaru (kg) 683,37 - - 683,37 100 - - SubTotal 286.865.152,62 273.178.823,26 101.425.468,71 661.469.444,59 43 41 15 Castanha-do-brasil (kg) 2.293.212,19 9.199.857,53 3.413.977,25 14.907.046,97 15 62 23 Cupuaçu semente (kg) 768,79 5.894,08 - 6.662,87 12 88 -
Guarumã (braça) 68,34 85,42 - 153,76 44 56 - SubTotal 68,34 85,42 - 153,76 44 56 - Cacau amêndoa (kg) 9.009.390,20 2.997.569,18 21.894.484,32 33.901.443,70 27 9 65
Palmito (kg) 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64 SubTotal 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64
TOTAL GERAL 287.676.203,18 273.326.634,21 103.108.463,95 664.111.301,33 43 41 16
Produto Florestal Não MadeireiroValor Adicionado Bruto (VAB) (Valores R$) Porcentagem (%)
(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.
187
Tabela 4- VAB (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008; organizados em cinco categorias: alimentícios, derivados de madeira, artesanato, derivados de animal e fitoterápicos/cosméticos.
Fonte: IDESP.
O único derivado de madeira estudado na RI Tocantins é o carvão. Sua agregação de
valor é de 77% conforme dados da Tabela 4. O mesmo acontece com o único derivado
animal estudado, o mel, que tem sua economia baseada somente na esfera local com uma
agregação de valor equivalente a R$ 439,01 mil. No que se refere à categoria dos artesanatos
(fibras e utensílios), o valor agregado total equivale a R$ 1,1 milhão. Nesse setor, a economia
local é a que mais agrega valor aos diversos produtos identificados (91%).
Os fitoterápicos e os cosméticos ainda não possuem estratégias locais para a
agregação de valor em escala comercial, pois necessitam de ciência, tecnologia e
investimentos, por isso a agregação é pequena e refere-se basicamente à coleta de partes das
LocalEstadual
(Estimado)Nacional
(Estimado)Total Local
Estadual (Estimado)
Nacional (Estimado)
Açaí fruto (kg) 281.499.213 272.641.632 101.319.242 655.460.087 43 42 15Cacau amêndoa (kg) 9.009.390 2.997.569 21.894.484 33.901.444 27 9 65Castanha-do-brasil (kg) 2.293.212 9.199.858 3.413.977 14.907.047 15 62 23Palmito (kg) 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 31 6 64Cupuaçu (un.) 2.123.739 131.931 26.747 2.282.417 93 6 1Buriti (kg) 406.217 - - 406.217 100 0 0Bacaba (kg) 149.061 60.441 - 209.502 71 29 0Bacuri (un.) 26.080 450 - 26.531 98 2 0Taperebá (kg) 9.674 103 - 9.777 99 1 0Urucum (kg) 2.241 197 - 2.439 92 8 0Total 296.329.809 285.179.907 128.337.446 709.847.162 42 40 18
Carvão (saca) 1.048.075 315.066 - 1.363.141 77 23 0
Total 1.048.075 315.066 - 1.363.141 77 23 0
Artesanato miriti (braça) 730.134 20.603 23.077 773.814 94 3 3Coratá (un.) 211.845 - 52.961 264.806 80 0 20Utensílios (un.) (1) 94.244 - 2.563 96.806 97 0 3
Cipós (2) 16.042 - - 16.042 100 0 0Guarumã (braça) 68 85 - 154 44 56 0Total 1.052.334 20.688 78.601 1.151.623 91 2 7
Mel (l) 439.010,84 - - 439.011 100 0 0
Total 439.011 0 0 439.011 100 0 0
Murumuru (kg) 33.640,00 8.133,33 - 41.773 81 19 0Andiroba (l) 20.940,00 266,67 - 21.207 99 1 0Inajá semente (kg) 18.666,67 - 878,91 19.546 96 0 4Copaíba (l) 13.275,00 - - 13.275 100 0 0Breu-branco (kg) 10.130,78 - - 10.131 100 0 0
Leites (l) (3) 8.327,74 - - 8.328 100 0 0
Cupuaçu semente (kg) 768,79 5.894,08 - 6.663 12 88 0
Plantas medicinais (kg) (4) 3.913,76 - - 3.914 100 0 0Cumaru (kg) 683,37 - - 683 100 0 0
Total 110.346 14.294 879 125.519 88 11 1
298.979.574 285.529.955 128.416.926 712.926.455 42 40 18
(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
VAB (Valores) Porcentagem (%)
Alim
entíc
ias
(9
9,57
%)
Art
esan
ato
(0
,16%
)
TOTAL GERAL
CategoriasProduto Florestal Não Madeireiro
Der
ivad
o M
adei
ra
(0,1
9%)
Der
ivad
o A
nim
al
(0,0
6%)
Fito
terá
pico
s e
Cos
mét
icos
(0,0
2%)
188
plantas, alguns processos rústicos de extração e utilização de embalagens simples aos
produtos que atingiram o montante de R$ 125,51 mil de valor agregado.
Como alguns produtos estudados estão num patamar econômico bem mais alto em
relação aos demais, fica difícil comparar quando alguns poucos estão em escalas de bilhões e
outros em dezenas de milhares. Dessa forma, uma estratégia adotada para analisá-los foi
dividi-los em três categorias em função da RBT circulada na comercialização dos produtos: i)
os que atingiram valores acima de R$ 600 mil da RBT; ii) os intermediários com a RBT entre
R$ 90 a 599 mil e iii) os abaixo de R$ 90 mil (Tabela 5).
Tabela 5- RBT, em (R$), na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor da RBT (acima de R$ 600 mil, entre R$ 90 mil a 599 mil e abaixo de R$ 90 mil).
Fonte: IDESP.
Os produtos com maior RBT foram, em ordem decrescente, o açaí, com (R$ 1,3
bilhão); o cacau, com (R$ 88 milhões); a castanha-do-brasil, com (R$ 29 milhões); o cupuaçu,
com (R$ 5,1 milhões); o palmito, com (R$ 5 milhões); e o carvão, com (R$ 2,1 milhões)
(Tabela 5). Ainda na primeira categoria foram enquadrados os produtos diversificados que
LocalEstadual
(Estimado)Nacional
(Estimado)Total Local
Estadual (Estimado)
Nacional (Estimado)
Relativa a RTB
Açaí fruto (kg) 492.465.113,87 420.042.161,37 432.274.257,06 1.344.781.532,31 37 31 32 91
Cacau amêndoa (kg) 18.935.634,88 12.471.664,58 57.258.076,45 88.665.375,91 21 14 65 6
Castanha-do-brasil (kg) 3.251.660,95 11.308.258,01 14.722.235,26 29.282.154,21 11 39 50 2
Cupuaçu (un.) 3.589.671,30 1.498.720,72 102.436,75 5.190.828,77 69 29 2 0
Palmito (kg) 1.089.983,32 235.072,42 3.747.505,34 5.072.561,07 21 5 74 0
Carvão (saca) 1.514.353,36 617.159,59 - 2.131.512,94 71 29 - 0
Artesanato miriti (braça) 763.461,67 382.858,71 80.179,43 1.226.499,80 62 31 7 0
Buriti (kg) 598.101,12 111.797,96 - 709.899,08 84 16 -
Mel (l) 629.390,25 - - 629.390,25 100 - - 0
522.837.370,72 446.667.693,35 508.184.690,28 1.477.689.754,35 35 30 34 100 Coratá (un.) 267.710,79 - 264.806,46 532.517,25 50 - 50 44
Bacaba (kg) 230.414,03 160.018,34 - 390.432,36 59 41 - 32
Utensílios (un.) (1) 166.853,22 - 25.626,43 192.479,65 87 - 13 16
Murumuru (kg) 52.440,00 41.773,33 - 94.213,33 56 44 - 8
717.418,04 201.791,67 290.432,89 1.209.642,60 59 17 24 100 Inajá semente (kg) 27.066,67 - 7.545,57 34.612,24 78 - 22 16
Andiroba (l) 32.538,33 1.333,33 - 33.871,67 96 4 - 16
Bacuri (un.) 27.428,50 2.251,26 - 29.679,76 92 8 - 14
Copaíba (l) 23.691,67 - - 23.691,67 100 - - 11
Cipós (2) 22.965,55 - - 22.965,55 100 - - 11
Breu-branco (kg) 17.147,68 - - 17.147,68 100 - - 8
Cupuaçu semente (kg) 1.383,83 13.325,74 - 14.709,57 9 91 - 7
Taperebá (kg) 13.378,92 514,57 - 13.893,49 96 4 - 7
Leites (l) (3) 11.162,02 - - 11.162,02 100 - - 5
Plantas medicinais (kg) (4) 6.849,07 - - 6.849,07 100 - - 3
Urucum (kg) 3.429,95 369,47 - 3.799,42 90 10 - 2
Cumaru (kg) 785,88 - - 785,88 100 - - 0
Guarumã (braça) 88,84 153,76 - 242,60 37 63 - 0
187.916,90 17.948,14 7.545,57 213.410,62 88 8 4 100
523.742.705,66 446.887.433,16 508.482.668,75 1.479.112.807,57 35 30 34 100
(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
Total Parcial
Total Parcial
RB
T a
bai
xo d
e R
$ 90
mil
CategoriasProduto Florestal Não Madeireiro
Renda Bruta Total (RBT) (Valores R$) Porcentagem (%)
RB
T a
cim
a de
R$
600
mil
Total Parcial
TOTAL GERAL
RB
T d
e
R
$ 90
mil
a
R$
599
mil
(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.
189
desempenham um papel importante na economia regional, como o artesanato de miriti, o fruto
do buriti o fruto de uma palmeira que pode complementar a dieta paraense na entressafra do
açaí e o mel, produto do manejo das abelhas que, além de fazer bem à saúde humana através
do manejo proporciona ganhos ambientais, pois as abelhas servem como polinizadoras para
algumas plantas da região (VENTURIERI, 2009).
Na segunda categoria tem-se o coratá (bainha do inajá), a bacaba, os utensílios e o
murumuru. Na terceira e última categoria (RBT abaixo de R$ 100 mil), com exceções para o
guarumã e a semente de cupuaçu, que possuem mais da metade de sua RBT voltada para o
mercado estadual; o murumuru, por sua vez, desempenha seu papel nos mercados local e
estadual, e as RBTs do inajá, andiroba, bacuri, taperebá e urucum foram geradas e circuladas
com a participação do mercado estadual e nacional. Todos os demais produtos (copaíba, cipó-
titica, breu-branco, leites, plantas medicinais e o cumaru) são produtos que circulam
exclusivamente no mercado local dos dez municípios, com uma RBT ainda baixa.
Se considerarmos, portanto, a Contabilidade Social Ascendente α, a qual inicia no
setor da produção extrativista local dos dez municípios estudados (Setor α), os quais
receberam pela venda de todos os produtos florestais não madeireiros identificados o
montante de R$ 205,51 milhões (VBPα) e com as transações comerciais realizadas pelos
setores que vendem tais produtos até o consumidor final, foi agregado um valor a esses
produtos no montante de R$ 712,92 milhões (VAB) somando-se ainda o VBP equivalente à
compra de insumos no montante de R$ 766,12 milhões, chega-se assim a um valor total de R$
1,4 bilhão, o equivalente à RBT gerada e em circulação na economia desses produtos, com
efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 6).
Em relação ao VBP pela compra de insumos nos setores mercantis, referido na
Tabela 6, tais insumos, dependendo da posição e da função do agente comercial, podem
variar desde a matéria-prima original, o fruto in natura do açaí, por exemplo, até o penúltimo
agente da cadeia que pode adquirir como insumo a polpa congelada e transformá-la em
sorvete, antes do último elo da cadeia, que é o consumidor final.
190
Tabela 6- Variáveis econômicas dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, compostas pelo VBPα, a margem de lucro (mark-up), o VBP, o VAB e a RBT, em R$ nas esferas local, estadual e nacional, em 2008.
Fonte: IDESP.
LocalEstadual
(Estimado)Nacional
(Estimado)Total Local
Estadual (Estimado)
Nacional (Estimado)
Total Local (4) Estadual
(Estimado)Nacional
(Estimado)Total
Açaí fruto (kg) 192.947.754,62 240% 210.965.901 147.400.529 330.955.015 689.321.446 281.499.213 272.641.632 101.319.242 655.460.087 492.465.114 420.042.161 432.274.257 1.344.781.532
Cacau amêndoa (kg) 8.362.123,16 305% 9.926.245 9.474.095 35.363.592 54.763.932 9.009.390 2.997.569 21.894.484 33.901.444 18.935.635 12.471.665 57.258.076 88.665.376
Cupuaçu (un.) 1.310.106,02 74% 1.465.932,46 1.366.789,88 75.689,38 2.908.412 2.123.739 131.931 26.747 2.282.417 3.589.671 1.498.721 102.437 5.190.829
Carvão (saca) 859.654,26 59% 466.278,68 302.093,73 - 768.372 1.048.075 315.066 - 1.363.141 1.514.353 617.160 - 2.131.513
Castanha-do-brasil (kg) 729.922,83 1942% 958.448,75 2.108.400,48 11.308.258,01 14.375.107 2.293.212 9.199.858 3.413.977 14.907.047 3.251.661 11.308.258 14.722.235 29.282.154
Mel (l) 392.089,28 12% 190.379,42 - - 190.379 439.011 - - 439.011 629.390 - - 629.390
Buriti (kg) 305.411,52 33% 191.884,59 111.797,96 - 303.683 406.217 - - 406.217 598.101 111.798 - 709.899
Palmito (kg) 221.447,06 1093% 279.001,10 87.346,89 2.064.510,09 2.430.858 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561
Bacaba (kg) 121.966,90 72% 81.353,44 99.576,90 - 180.930 149.061 60.441 - 209.502 230.414 160.018 - 390.432
Utensílios (un.) (5) 72.609,45 33% 72.609,45 - 23.063,79 95.673 94.244 - 2.563 96.806 166.853 - 25.626 192.480
Coratá (un.) 52.961,29 400% 55.865,62 - 211.845,17 267.711 211.845 - 52.961 264.806 267.711 - 264.806 532.517
Artesanato miriti (braça) 33.327,43 2222% 33.327,43 362.255,92 57.102,59 452.686 730.134 20.603 23.077 773.814 763.462 382.859 80.179 1.226.500
Bacuri (un.) 25.498,85 4% 1.348,18 1.801,01 - 3.149 26.080 450 - 26.531 27.429 2.251 - 29.680
Murumuru (kg) 18.800,00 122% 18.800,00 33.640,00 - 52.440 33.640 8.133 - 41.773 52.440 41.773 - 94.213
Andiroba (l) 13.598,33 56% 11.598,33 1.066,67 - 12.665 20.940 267 - 21.207 32.538 1.333 - 33.872
Copaíba (l) 10.416,67 27% 10.416,67 - - 10.417 13.275 - - 13.275 23.692 - - 23.692
Inajá semente (kg) 8.400,00 133% 8.400,00 - 6.666,67 15.067 18.667 - 879 19.546 27.067 - 7.546 34.612
Breu-branco (kg) 7.016,90 44% 7.016,90 - - 7.017 10.131 - - 10.131 17.148 - - 17.148
Cipós (6) 6.923,41 132% 6.923,41 - - 6.923 16.042 - - 16.042 22.966 - - 22.966
Leites (l) (7) 5.332,86 56% 2.834,28 - - 2.834 8.328 - - 8.328 11.162 - - 11.162
Taperebá (kg) 4.116,59 138% 3.704,93 411,66 - 4.117 9.674 103 - 9.777 13.379 515 - 13.893
Plantas medicinais (kg) (8) 2.935,32 33% 2.935,32 - - 2.935 3.914 - - 3.914 6.849 - - 6.849
Urucum (kg) 1.188,47 105% 1.188,47 172,42 - 1.361 2.241 197 - 2.439 3.430 369 - 3.799 Cupuaçu semente (kg) 615,03 983% 615,03 7.431,67 - 8.047 769 5.894 - 6.663 1.384 13.326 - 14.710 Cumaru (kg) 102,51 567% 102,51 - - 103 683 - - 683 786 - - 786 Guarumã (braça) 20,50 650% 20,50 68,34 - 89 68 85 - 154 89 154 - 243 TOTAL 205.514.339,28 224.763.131 161.357.478 380.065.743 766.186.353 298.979.574 285.529.955 128.416.926 712.926.455 523.742.706 446.887.433 508.482.669 1.479.112.808
(6) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(7) Amapá, jatobá e sucuúba.(8) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.
(4) Equivale a geração e circulação de renda na RI Tocantins (RBT Local).
VBPα da
Produção Local (1)
VBP (Compra de insumo) (2)
Total VAB (3)
RBT Total gerada e circulada (4)
(3) Equivale ao valor que foi adicionado (ou agregado) ao produto (VAB) ao longo da cadeia de comercialização.
(5) Cuia, paneiro e tipiti.
(1) Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas da RI Tocantins.(2) Valor Bruto da Produção (VBP) referente ao total da compra de insumos nos setores mercantis.
Mark-up (margem bruta de comercialização)
Produto Florestal Não Madeireiro
191
4.5 PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NA COMERCIALIZAÇÃO DE PFNMs
4.5.1 Em Cametá
Problemas
a) Infraestrutura precária dos portos de embarque e desembarque de passageiros e
mercadorias no mesmo local;
b) Transporte coletivo deficitário;
c) Precária rede de abastecimento elétrico, principalmente nas ilhas, o que dificulta o
processamento e o armazenamento de produtos como as polpas de frutas e outros
PFNM;
d) Além do trajeto pelo Rio Tocantins, o acesso à Cametá pode ser feito por estrada
toda asfaltada. Os passageiros e as mercadorias, no entanto, têm de passar por
duas travessias de balsa (dois rios estreitos), o que dificulta nos casos de
emergência;
e) Falta de acesso à água encanada tratada, o sistema de esgoto sanitário inexiste e os
dejetos são lançados ao rio.
Potencialidades
a) Existência de Unidade de compostagem e reciclagem de lixo, que tem o apoio da
Albras, da Alunorte e da Prefeitura de Cametá, a qual trabalha ainda com educação
ambiental nas escolas e nas ilhas;
b) A recém criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) possui um
projeto de coleta de lixo, com classificação por origem: residenciais, comerciais,
industriais, públicos, agrícolas, hospitalares e provenientes de entulhos;
c) Na Região das Ilhas de Cametá um barco chamado “Papa lixo” passa três vezes na
semana, recolhendo o lixo produzido nas comunidades;
d) Há uma Casa Familiar Rural que trabalha com a formação de agentes
multiplicadores locais e utiliza a pedagogia da alternância;
e) Há o Centro Miriti - Pousada Escola, o qual executa um trabalho produtivo
pedagógico com novecentas e cinquenta mulheres, voltado para a produção e a
comercialização de plantas medicinais e polpas de frutas;
f) A UEPA executa trabalhos de conclusão de curso sobre temas amazônicos,
voltados a alguns produtos florestais não madeireiros;
192
g) O Centro Integrado de Educação Profissional do Baixo Tocantins – Escola
Tecnológica implantou em 2008 cursos técnicos de Agricultura e Aquicultura em
2009, cursos Técnicos relacionados ao Meio Ambiente, ao Agronegócio, à
Agropecuária, Administração e Informática;
h) A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes - APACC, com apoio
do Governo do estado do Pará, da Prefeitura de Belém e do Governo Francês atua
em Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, apoiando os “Projetos de
Mel” na RI Tocantins, e a realização dos cursos sobre a utilização de plantas
medicinais e saúde da mulher;
i) A Associação da Mulher é uma entidade com quinze mil sócios, sendo 60%
compostos por mulheres. Os associados recebem informações sobre plantas
medicinais e seu cultivo, saúde da mulher, confecção de artesanatos (matapi,
paneiros, tupés, tipitis, entre outros), bem como sobre merenda alternativa
regionalizada;
j) É enorme a quantidade de matéria-prima para confecção de artesanatos
comercializados (quase cem tipos diferentes);
k) O Instituto de Desenvolvimento, Educação Ambiental e Solidariedade (IDEAS)
desenvolve o “Projeto Açaí” com cursos sobre gestão e comercialização, junto aos
ribeirinhos de várias comunidades. Apoiam ainda as associações, como o Centro
Comunitário de Jaituba e Jabutiapecu (Cejojar), a Associação de Preservação do
Rio Jorocazinho (Acopremaj), a Associação das Criadoras de Pequenos Animais
(Ascrias), a Associação de Preservação de Marituba (Asprim), a Associação do
Mupi, que trabalha com a comercialização do açaí, palmito, buriti, camarão,
madeira, óleos, mel e plantas medicinais – e ainda a Cooperativa Agrícola
Resistência de Cametá, que possui cerca de trezentos e dez sócios que são, em sua
maioria, produtores de açaí, trabalhando também com o murumuru, o patauá, o mel,
inajá e a andiroba, sendo que, alguns desses produtos, estão sendo comercializados
para a Natura.
4.5.2 Em Abaetetuba
Problemas
a) A Região das Ilhas, apesar de próxima à sede do Município, não possui água
encanada e energia elétrica;
193
b) Nas feiras de Abaetetuba são comercializados, sem fiscalização, carnes de animais
silvestres, como de capivara, jacaré e animais vivos para o consumo.
4.1.5.4 Potencialidades em Abaetetuba
a) A Associação Arte Miriti de Abaetetuba – Miritong conquistou sua valorização
com a produção e comercialização de brinquedos;
b) Conta com o Movimento de Ribeirinhos e Ribeirinhas das Ilhas e Várzeas de
Abaetetuba (Moriva), instituição que tem como objetivo organizar os ribeirinhos e
as ribeirinhas a fim de planejar e executar atividades que venham a melhorar a
região. São vinte ilhas, todas com associações filiadas ao Moriva. O movimento
trabalha em parceria com o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de
Abaetetuba (STTR), a Emater, a Secretaria de Agricultura do Estado do Pará
(Sagri), a CPT, as Secretarias Municipais, entre outros e demonstra grande
preocupação com o meio ambiente, tanto no tocante à realidade das ilhas como
em relação à cidade;
c) Os ribeirinhos estavam na época se mobilizando em prol de um projeto de
assentamento agroextrativista, com cerca de dois mil e quatrocentos produtores;
d) A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) tem atuado
no município de Abaetetuba e em outros na Região do Baixo Tocantins;
e) Há um projeto de pesquisa sobre ecologia, manejo, economia e mercado do miriti
no estuário do baixo Tocantins, sendo executado pelo Cifor, em parceria com
vários órgãos de pesquisa e associações de produtores para entender a atividade
artesanal dos “brinquedos de miriti” e identificar as técnicas para o manejo
sustentável dessa palmeira.
4.5.3 Em Baião
Problemas
a) O último trajeto de acesso ao município de Baião é feito por uma estrada sem pavimentação asfáltica, o que dificulta a chegada e a saída de produtos, principalmente em períodos chuvosos;
b) A estrutura portuária comporta dois portos pequenos, os quais recebem embarcações de médio calado pelo rio Tocantins;
c) A implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí ocasionou a diminuição do pescado e a população passou a importar peixe de outros municípios, pagando mais caro por um produto que existia com fartura no Município;
d) O comércio de Baião é pequeno, escasso em variedades e quantidades de produtos. A maioria dos produtos consumidos vêm de fora do Município;
194
e) O Município necessita importar o açaí de municípios vizinhos; f) Há ausência de créditos para a execução de projetos voltados à produção dos
PFNM (açaí, mel, bacaba, etc.); g) Falta assistência técnica especializada e comprometida com o desenvolvimento
sustentável da região.
Potencialidades
a) A comunidade de Baixinha é detentora de uma área com ocorrência de bacaba de grande produtividade, com potencial de diversificação e agregação de valor à diversos produtos (vinho, geleias, licores, partes da planta como artesanato, etc.);
b) A Associação de Produtores de Mel - (meliponicultura – manejo das abelhas nativas sem ferrão) possui um produto que apresenta grande potencial, devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada da região;
c) Está ocorrendo o plantio de seringueiras em algumas regiões do Município, essas estavam praticamente abandonadas e sem utilização por falta de estruturação da cadeia produtiva;
d) Uma organização não-governamental, o IDEAS, atua em vários municípios da região, com projetos socioambientais; alguns destes relacionados aos PFNM, como o “Projeto Bacaba”, desenvolvido na Comunidade de Baixinha, com o objetivo de promover a industrialização. O IDEIAS firmou convênio com o CNPq e a UEPA, a fim de desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo do caroço; além de desenvolver outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a geleia, a polpa e uma bebida;
e) A Comunidade de Baixinha também possui uma fábrica de artesanatos com estrutura adequada para a produção de pulseiras, brincos e colares, a qual funciona no posto de saúde da comunidade;
f) A Casa Familiar Rural de Baião trabalha com vários projetos, com destaque para o “Produto da Mata Não Madeireiro”; com o objetivo de conscientizar o público juvenil sobre a preservação do meio ambiente e a utilização racional dos recursos florestais não-madeireiros. A dificuldade financeira, porém, é um dos fatores limitantes na promoção dessa iniciativa.
4.5.4 Em Mocajuba
Problemas
a) A população também sofre com os impactos da implantação da Usina de Tucuruí; b) Há problemas em relação ao saneamento básico, principalmente ao tratamento de
água e esgoto; c) Na orla da cidade, o esgoto das casas converge diretamente para o Rio Tocantins; d) ocorre poluição em função do lixo deixado pelos banhistas e pela lavagem dos
carros na beira da praia; e) A violência na cidade é preocupante e tem aumentado nos últimos anos; f) O comércio local é pequeno, com pouca variedade e quantidade de produtos;
195
g) Alguns batedores de açaí não possuem instalações adequadas (piso, equipamento, qualidade da água, frutos armazenados no mesmo ambiente que animais, com grandes riscos de contaminação);
h) Há apenas um técnico da Ceplac para atender toda a demanda do Município; i) Há ausência de crédito para projetos voltados à produção de açaí, mel, bacaba,
entre outros; j) Há falta de assistência técnica especializada e comprometida com o
desenvolvimento sustentável da região; l) Devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra
qualificada na Região de Mocajuba, uma empresa que processa óleos priorizou estabelecer sua filial em Ananindeua.
Potencialidades
a) O acesso à cidade é asfaltado, sendo a principal via de escoamento da produção e de integração às outras regiões;
b) O Município possui uma Casa Familiar Rural, uma escola de formação técnica, baseada na pedagogia da alternância, a qual qualifica jovens camponeses e filhos de agricultores;
c) Os plantios de cacau vêm se destacando como um mercado em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta na região;
d) Existem sessenta e oito projetos de plantio do açaí de terra firme em Mocajuba; e) Há uma grande produção de semente de andiroba para prensagem e refino; f) Há uma filial de empresa instalada no Município para fazer prensagem primária de
óleo de andiroba; g) Os produtos não madeireiros com potencialidades no Município são o açaí, o
cupuaçu, o taperebá e outras frutas; assim como o mel, o cacau em grande quantidade, os óleos de andiroba, a copaíba e a castanha-do-brasil, bem como algumas plantas medicinais e essências;
h) O açaí está incluso na merenda escolar em função de uma iniciativa da Prefeitura e do PAA da Conab.
4.5.5 Em Oeiras do Pará
Problemas
a) Ocorre falta de divulgação dos artesanatos, de incentivos, de cursos de capacitação e investimentos para os moradores da reserva;
b) Devido à exploração irregular de madeira, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) começou a fiscalizar a atividade madeireira foi reduzida e, em consequência, a economia também sofreu queda;
c) A estrada que liga Oeiras do Pará à Cametá estava, na época, praticamente intrafegável, dificultando o escoamento da produção;
d) Há necessidade de financiamentos e incentivos para melhorar a produção de mel no Município;
196
e) Há falta de assistência técnica que incentive a prática do manejo dos açaizais para aumentar a produção do açaí na entressafra.
Potencialidades
a) A Reserva Extrativista Arioca Pruanã, criada em 2005, com área de 83.445 hectares, possui cerca de mil e duzentas famílias em trinta e duas comunidades, com uma diversidade de espécies, como o barbatimão, o amapá, a sucuuba, a verônica, o jatobá, o ipê-roxo, o uxi-amarelo, a andiroba, o patauá, o murumuru, entre outros, que são ainda pouco explorados e comercializados;
b) Na busca de melhoria de renda, os coordenadores da Resex firmaram parceria com uma empresa de cosméticos que, na época da entrevista, ainda não havia efetivado a compra dos produtos;
c) A Associação de Moradores da Reserva Extrativista Arioca Pruanã (Amoreap), que controla a extração e a retirada dos produtos oriundos da reserva, informa que existem muitas espécies: sementes, cipós, frutos e outros produtos que servem para confeccionar artesanato;
d) A comunidade Ribeira, situada na Resex, produz artesanatos na forma de bonecas, tipitis e outros artefatos que são retirados do miriti, tala de guarumã, galhos de árvores, sementes, etc.;
e) Na economia do Município, a pesca se destaca seguida do açaí, que é produzido nas áreas dos ribeirinhos;
f) A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau visando melhorar a renda das famílias;
g) Há um projeto para instalação da estrutura física da Casa Familiar Rural de Oeiras, a fim de buscar a formação de pessoas com base na realidade dos camponeses, voltadas para a melhoria da produção agrícola e da exploração sustentável de produtos de base extrativa, por iniciativa do STTR de Oeiras, em parceria com a Casa Familiar Rural de Cametá.
4.5.6 Em Limoeiro do Ajuru
Problemas
a) A feira do produtor rural funciona apenas uma vez por mês e as comunidades se juntam para vender produtos, como o mel, a andiroba e outros;
b) Há dificuldades de escoamento no tocante à produção de mel.
Potencialidades
a) A economia de Limoeiro do Ajuru vem praticamente do açaí, da pesca e do cacau, além de diversos produtos oriundos do extrativismo, como o miriti, a andiroba, o murumuru, o breu-branco, o mel, a castanha e outros;
b) Pelo menos duas associações de apicultores foram identificadas no Município; c) Há uma estratégia entre a empresa compradora, a Emater local e os produtores
para a futura extração de óleo de buriti e da semente de cupuaçu;
197
d) Existem duas reservas para a reprodução de peixes, com o apoio da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (SEPAq) junto à Colônia dos Pescadores. A secretaria fornece apoio para a compra de equipamentos como o matapi e outros. A Colônia tem quatro mil e quinhentos sócios que são beneficiados com os recursos do governo federal para a época de defeso, no qual cada família recebe quatro salários mínimos por ano;
e) Na abertura da temporada de pesca de 2008 chegaram a pegar noventa toneladas de mapará, peixe típico e famoso na região;
f) O Rio Tocantins possui diversos tipos de peixes como a tainha, a pescada e outros, mas o mapará é o mais abundante;
g) Existe também bastante camarão nos rios do município. O camarão fresco vai para Belém e o salgado vai para Moju e Tomé-Açu;
h) Existe uma Reserva de Preservação Permanente (RPP) para a piscicultura, onde os pescadores só podem pescar de anzol.
4.5.7 Em Barcarena
Problemas
a) A apicultura vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita do mel quanto para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do produto;
b) Alguns apicultores mantêm seus apiários muito próximos às residências, proporcionando perigo para os moradores das proximidades. Também estão utilizando caixas maiores do que o tamanho padrão.
Potencialidades
a) Há uma grande produção de artesanatos em fibras e cipós (cestarias) produzidos na comunidade de Tinga Açu, os quais são comercializados em Belém e em outros estados;
b) A apicultura começa a ganhar importância pelos agricultores em Barcarena; c) A Cooperativa de Extração e Desenvolvimento Agrícola de Barcarena (Cedab),
em parceria com a Alunorte, desde 2007, possui um projeto para a produção de cento e dez mil mudas de açaí (BRS-Pará) e quinze mil mudas de cupuaçu. A ideia é diversificar com outras mudas de essências florestais (andiroba, acapu, copaíba);
d) A Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri) vem desenvolvendo projetos de qualificação com Cursos de Manejo (dia de campo), doação de ferramentas e mudas, bem como dando apoio ao projeto de produção de mudas na Escola Agrícola (localizada na PA 151), que é composta atualmente por somente sessenta alunos;
e) O escoamento dos produtos de Barcarena é realizado em três rotas: às Centrais de Abastecimento (Ceasa), para o mercado do Ver-O-Peso ou para a feira da sede local;
198
f) A Emater trabalha com projetos de manejo do açaí e de incentivo ao plantio de cupuaçu, cacau, graviola e pimenta;
g) Os batedores de açaí passaram por qualificações para padronizar os pontos de venda, melhorar a higiene durante todo o processo e proporcionar maior qualidade ao produto.
4.5.8 Em Igarapé-Miri
Problemas
a) Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada por causa da qualidade da água; b) As fabriquetas ilegais prejudicam o mercado do palmito, pois a extração ilegal não
é fiscalizada; c) As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na
legalidade, mas afirmam haver muita burocracia e que não há financiamento e assistência técnica;
d) Igarapé-Miri tem um índice de violência alto e preocupante, pois os ribeirinhos sofrem com os assaltos nos rios, com os roubos de embarcações e do dinheiro da venda dos produtos produzidos por eles;
e) A equipe do Idesp teve dificuldades em obter informações junto aos agentes mercantis em Igarapé-Miri, pois passavam a impressão de que estavam sendo fiscalizados, agindo com agressividade na maioria das vezes. Quando se dispunham a falar, informavam o mínimo, mas defendiam que o Município possui o melhor açaí do Estado. As dificuldades de acesso às informações se devem a uma pesquisa sobre o açaí, realizada no ano anterior, em 2007. Logo depois, a mídia publicou a ocorrência de casos da doença de Chagas, oriundas do açaí, ocasionando sérios problemas no Município. A equipe foi intimidada por pessoas portando armas brancas. Foi entrevistado, entretanto, um comerciante, dentre quinze outros do mesmo ramo;
f) Existem quatro portos no Município, o de Santo Antônio (Estrada Nova), o do Meruú, o da balsa e o da Vila Maiauatá;
g) Os caroços do açaí são lançados diretamente nos rios, sem preocupação com transtornos ambientais, assoreamento e decomposição da matéria orgânica;
O município de Igarapé-Miri precisa ter um espaço maior e mais adequado para
dispor sua produção. Alguns agentes mercantis fizeram críticas ao local onde são
comercializados os seus produtos, principalmente o açaí, pois o trapiche é pequeno, o produto
fica exposto ao chão, o local não dispõe de cobertura e nem de segurança;
Diversos batedores de açaí do Município usam água de péssima qualidade, com
coloração amarelada. Alguns jogam os caroços na rua, outros não possuem piso adequado e,
diversos deles reivindicam linhas de crédito para solucionar problemas de infraestrutura e
capacitação.
199
Potencialidades
a) Além dos grandes destaques do açaí e do palmito, outros produtos não madeireiros comercializados em Igarapé-Miri são o cupuaçu, o cacau, os óleos e o mel;
b) No Município são três fábricas de açaí instaladas, sendo que duas estavam funcionando na época;
c) A produção de açaí está aumentando a cada ano devido ao manejo que está sendo feito nos açaizais;
d) Enquanto a safra do açaí está terminando em outros municípios, em Igarapé-Miri, a produção é grande por causa do manejo;
e) Na entressafra do açaí, a coleta dos frutos é feita de maneira racional unida ao manejo para a extração do palmito;
f) A Codemi possui mais de duzentos cooperados, formados em treze núcleos, que somente comercializam o açaí para a maioria das empresas do Sindfruta. A Cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e Solidário;
g) Foram comercializados 500 kg de mel, no valor de R$ 7,00/kg, pelo PAA, coordenado pela Conab.
4.5.9 Em Moju
Problemas
a) São poucos os produtos oriundos do extrativismo que são comercializados no município de Moju, como o açaí, o carvão, o mel e o artesanato regional (folhas, fibras, frutos, cipós);
b) O principal problema é o escoamento e o transporte para a comercialização do açaí da Região de Moju;
c) Diversas famílias pararam de produzir em locais por onde passa o mineroduto da Vale em razão da empresa ter assinado termo de ajustamento de conduta com as famílias que passaram a receber para não produzirem nas áreas de influência do mineroduto.
Potencialidades
a) A secretaria Municipal de Meio Ambiente de Moju atua com projetos de capacitação em empreendedorismo no setor de artesanatos na Região das Ilhas, fortalecendo a atividade para gerar renda e trabalho. Possui diversos projetos: sustentabilidade da pesca, criação de peixes regionais, novas culturas, plantas exóticas, aquicultura (quelônios), artesanato, panelas de barro, móveis, cestarias, reciclagem de tecido e bijuterias;
b) A Lei Ambiental do município de Moju, Lei nº 737, foi criada em agosto de 2003; c) A SEMMA possui a biblioteca “Sala Verde” com apoio do MMA. A Secretaria
tem como base o “Programa Nosso Ambiente” com o licenciamento ambiental, os recursos hídricos e os deveres do produtor rural;
d) Em 2006/2007, começou o interesse da Natura pelo buriti, pela andiroba e pela copaíba na região;
200
e) A coordenadora da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social (Sempas) nos apresentou os projetos em parceria com o Sebrae de processamento de frutas (cupuaçu, bacuri, açaí e castanha) para a fabricação de biscoitos, licores, geléias e compotas - de reaproveitamento de sobras de madeira, vassoura do açaí, entre outros, além de fornecer capacitação para a produção de sabonetes com a andiroba e outros frutos;
f) De acordo com o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju, o Município possui mais de cem comunidades e trinta associações;
g) Nas áreas de terra firme, há cultivo de cacau (dez mil pés), abacaxi e culturas agrícolas;
h) A empresa Natura compra semente seca de cupuaçu e cacau e já fez contato para aquisição de sementes do murumuru;
i) Os produtores comentam sobre a necessidade de incentivar uma agroindústria para a agregação de valor do patauá, da andiroba e do murumuru, da semente de cupuaçu e do cacau;
j) A UFPA possui um projeto de incubadora tecnológica em Moju, Abaetetuba e Igarapé-Miri, o qual auxilia os produtores afetados com a quebra da AMAFRUTAS, para que passem a utilizar novamente as frutas plantadas por eles para desenvolver outros produtos como polpa, licor, geléia, etc.
l) Moju possui a um campus da UEPA, a Universidade aberta com ensino técnico à distância, com o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja), o Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) com cursos técnicos, a Casa Rural de Moju, o Programa da erradicação do trabalho infantil nas carvoarias do Ministério do Trabalho e uma organização que trabalha com a problemática do escalpelamento;
m) Na comunidade quilombola de Jambuaçu funciona a Escola Familiar Rural Padre Sergio Tonetto, que assiste a quinze comunidades quilombolas e tem dois anos de existência. Conta com a ajuda de uma mineradora, da Prefeitura e outros. Atualmente, a escola está com algumas dificuldades para se manter. A parceria com a mineradora se deve ao fato de um mineroduto passar nas terras das comunidades. Com isso, foram investidos recursos para construção de um posto de saúde. Durante dois anos, trinta e oito famílias receberam dois salários mínimos mensais, até fevereiro de 2009. Nesta comunidade possuem andiroba e castanha-do-brasil. A empresa Vale vai investir com duas mil mudas de castanha, piquiá, uxi, bacuri, buriti e copaíba. As principais atividades da comunidade são a pimenta e a mandioca. Incentiva-se à política de conscientização com a preservação da mata, o destino adequado ao lixo, a coleta seletiva e a compostagem; bem como ao fortalecimento da agricultura familiar. A empresa de reciclagem de lixo fica na estrada do Sarapuí;
n) Há o projeto do carro da cozinha do Serviço Social da Indústria (SESI), tendo como parceiros o Sebrae, C.F.R e uma mineradora, com receitas acessíveis para a alimentação das famílias;
o) Existe um projeto da UFRA, trabalhando as potencialidades da região;
201
p) Existe o Plano do Desenvolvimento do Território Quilombola do Jambuaçu; q) A outra parceria é uma indústria de Palmas, porém existem conflitos em função
das invasões em parte do território; r) O projeto de “Gestão Ambiental” da Emater contribui na divulgação ou
implantação de sistemas de esgotamentos sanitários individuais para as famílias rurais residentes em áreas de várzea.
202
5 CONCLUSÕES
Os produtos florestais não madeireiros identificados nos dez municípios do estudo
realmente interferem de forma positiva e significativa na dinâmica econômica da RI
Tocantins, com seu encadeamento para frente nas escalas estadual e nacional, comprovando
que o método das Contas Sociais Alfa consegue identificar, quantificar e explicitar o papel de
cada produto na economia extrativa da região - alguns visíveis pelas estatísticas oficiais (açaí,
cacau, palmito, carvão, cupuaçu, castanha, fibra do buriti, mel e urucum); outros que
pertencem à categoria “outros” (outras alimentícias e outras oleaginosas); alguns na categoria
“geral” e produtos que ainda são invisíveis.
O produto que mais se destacou em todos os quesitos do estudo, foi o açaí com
recordes em todos os valores econômicos, na ordem de R$ 192,94 milhões de valor bruto
pago somente ao setor produtivo regional (VBPα). Em seguida, quando outros setores da
cadeia compram de insumos o valor bruto atinge R$ 766,18 milhões (VBP total).
Na sequência, outros setores agregam mais R$ 689,32 milhões, sendo 82%
provenientes das escalas estadual e local, referente ao valor adicionado bruto (VAB). Esses
setores que mais agregam e os que possuem maior peso são as grandes agroindústrias de
beneficiamento da polpa (dez identificadas), instaladas em municípios-polo do Estado
(Castanhal, Tomé-Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém) e, na escala local, o
setor também de beneficiamento, porém com centenas de pequenos estabelecimentos
“batedores” de açaí, os quais atendem à demanda da população tocantina. Para completar a
cadeia, somando-se o VBP e o VAB do açaí do Tocantins, chega-se à cifra de R$ 1,3 bilhão
da RBT e circulada em toda a cadeia de comercialização do açaí. Essa produção do açaí do
Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo ou plantados. Alguns
problemas identificados foram: a baixa capacidade de armazenagem e de transporte dos
agentes envolvidos, bem como a falta capital de giro - a ausência de investimentos para
melhorar a produção e aquisição de equipamentos e insuficiência de treinamento para os
coletores e batedores de açaí sobre a manipulação adequada do produto.
O segundo maior produto de destaque foi o cacau, cujo setor produtivo local (VBPα)
recebeu R$ 8,3 milhões. Comprou de insumos um VBP total de R$ 54,7 milhões (65% na
esfera nacional). Agregou um VAB na ordem de R$ 34 milhões, também na esfera nacional
com as indústrias de transformação e o varejo nacional (65%) e, ao final, gerou uma RBT, a
qual circulou em toda a cadeia, alcançando um montante de R$ 88,6 milhões (apenas 21%
circulada na RI Tocantins junto aos comerciantes do varejo e atacado).
203
A castanha-do-brasil, quinto produto ranqueado, teve o setor local produtivo (VBPα),
recebendo um montante de R$ 730 mil, sendo que foi comprado de insumos (VBP) o
equivalente a R$ 14 milhões. Destes, 79% foram no varejo nacional e 15%, na indústria de
beneficiamento estadual – concentrado numa economia típica de monopsônio, com um valor
agregado de R$ 14,9 milhões (61% na indústria de beneficiamento em Belém) – e uma RBT
de R$ 29,2 milhões, sendo que 50% circularam na esfera nacional e 39% na estadual. Ou
melhor, somente R$ 3,2 milhões circularam na RI Tocantins, dos quais R$ 1,8 milhões
ocorreram no setor de beneficiamento localizado na RI Tocantins. A margem de lucro da
cadeia da castanha foi uma das mais altas, com 1.942% de mark-up.
O ideal seria que todos os agentes das cadeias conhecessem esses valores
econômicos, principalmente os envolvidos no setor da produção local extrativa, para que
tenham melhor noção sobre a dimensão dos valores que esses produtos atingem.
Alguns produtos não madeireiros da região estão inseridos no mercado nacional e/ou
internacional, como o cacau, a castanha e o palmito, porém com destino exclusivo, o que
torna a economia local dependente do que acontece nesses mercados, principalmente no
tocante à definição dos preços. Se quisermos, no entanto, alavancar uma economia regional
equilibrada, com base numa produção sustentável, não se pode ter no mercado internacional
ou em determinados nichos nosso único foco.
Diversos produtos apresentam uma escala somente local, alguns em quantidades e
valores ainda incipientes (semente de cumaru, plantas medicinais, leites, copaíba, cipó-titica,
breu-branco e o mel), demonstrando a riqueza da diversidade regional, o potencial de gerar
renda às famílias e de conquistar novos mercados.
A agregação de valor aos produtos identificados ocorre em maior percentual na
escala local e estadual (82%), principalmente nas cadeias do açaí, castanha-do-brasil, cupuaçu
(fruto e semente) e do carvão. No caso do cacau amêndoa e palmito ocorre na escala nacional
(18% do total). Somando o VAB local com o VAB estadual, tem-se 82% da agregação de
valor total acontecendo dentro do estado do Pará, condição essencial para se ter uma maior
autonomia, a fim de induzir políticas para a verticalização das cadeias, com apoios de crédito
para o setor de beneficiamento e transformação, porém em diversas escalas que permitam
beneficiar desde grupos locais, como cooperativas e associações, como também empresas de
maior porte.
Do total da produção identificada na Região de Integração Tocantins, encontramos a
relação de venda direta dos produtores para o consumidor final local (L) ou estadual (E) em
dez produtos, ou seja, sem o atravessador, como nos casos do açaí (3% L), ou seja, 3% de
204
toda a produção do açaí da região foi vendida diretamente para o consumidor local, cupuaçu
(2% L e 1,5% E); carvão (13% L); castanha (0,7% L); buriti (1% L); mel (46% L e 1% E),
bacuri ;(88% L); bacaba (6,5% L); andiroba (7% E) e os leites (22% L).
Na busca de melhorias às cadeias de comercialização desses PFNM, existem alguns
gargalos identificados nos municípios estudados em relação à infraestrutura instalada que
devem receber atenção especial para a alavancagem de alguns produtos. Em relação à
infraestrutura regional dos portos, quase todos devem ser mais bem equipados para o
embarque e desembarque de mercadorias, com adequação sanitária, fiscalização e espaço
separado para o transporte dos PFNM e dos passageiros. Para a interligação da estrada que
acessa a RI Tocantins, há necessidade urgente da construção de duas pontes (com
comprimentos que não ultrapassam trezentos metros), a fim de otimizar o enorme fluxo de
transporte de cargas da região (de açaí principalmente) e, especialmente para atender à
população que sofre em casos emergenciais nas travessias das balsas.
A população ribeirinha, que vive nas ilhas, sofre com a falta de abastecimento de
água e, principalmente, com a falta de energia elétrica, pois apesar de estarem muito perto de
uma enorme fonte de geração de energia, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, não conseguem
processar, beneficiar e armazenar seus produtos.
Em relação à segurança, os produtores e comerciantes reclamam dos assaltos que
acontecem nas cidades e também ao longo dos rios, tanto nas moradias como nas
embarcações; aumentando a sensação de insegurança da população em decorrência do aparato
policial instalado ser insuficiente.
Alguns mercados e feiras dos municípios devem receber melhorias do poder público
local e estadual, pois são pontos importantíssimos na estratégia de comercialização dos
produtos regionais. São necessários espaços amplos, com piso e barracas de alvenaria, sistema
de ventilação, controle de qualidade dos produtos e condições de higiene adequadas ao
volume de carga circulante. O açaí, por exemplo, destaque na região em geração de renda e
alimento básico na dieta regional, deveria ser tratado com mais cuidados. O papel da
iniciativa privada é crucial, pois muitas instalações comerciais são negligenciadas por falta de
condições, desinteresse ou por desconhecimento.
No setor de beneficiamento do açaí, os batedores devem receber treinamento e
investimentos de envergadura para adequação dos espaços higienizados, com água potável e
equipamentos para refrigeração, de tal forma que essas ações melhorem na prestação de
serviços ao consumidor regional.
205
Uma necessidade recorrente, identificada em quase todos os setores de quase todas as
cadeias é a necessidade de investimentos em qualificação da mão-de-obra. Além disso, são
essenciais ainda investimentos em tecnologia de transformação para esse enorme elenco de
potencialidades identificadas na região, para que possam ser transformados em remédios,
alimentos, utilidades, artesanatos e inúmeras matérias-primas.
É preciso estimular a identificação das boas práticas de manejo para algumas
dezenas, ou centenas de produtos da região, através do apoio de instituições de ensino e
pesquisa, para tal.
Dessa forma, o papel de milhares de famílias da RI Tocantins, envolvidas em
diversas formas de negociação, como: a venda antecipada (“na folha”, caso do cacau), com
contratos informais (“de boca”) ou formais, com troca de mercadoria, com dinheiro “na mão”,
alguns atuando numa economia invisível para as estatísticas oficiais, com formatos
diferenciados de organização, de negociação “corpo a corpo” até as melhores organizadas em
associações ou cooperativas, que atuam em mais de um setor das cadeias de comercialização,
demonstrando, com mais clareza, como interferem e contribuem no encadeamento para frente
da economia do setor extrativista.
A comercialização identificada e quantificada nas regiões de integração Tocantins
gera efetivamente para milhares de famílias envolvidas no manejo, cultivo, coleta, extração,
colheita e algum prévio beneficiamento, três a quatro dezenas de produtos florestais não
madeireiros o equivalente a cerca de R$ 205 milhões de reais, referentes ao valor bruto pago à
produção local (VBPα), dos dez municípios da RI Tocantins.
São milhares de famílias que compõem o setor produtivo alfa, responsável por
manter a floresta em pé, por plantar alguns desses produtos, por manejar de forma empírica ou
tradicionalmente, transmitida e apreendida por séculos, por abastecer os diversos setores
intermediários das cadeias até chegar às demandas finais dos consumidores locais, regionais e
(inter-) nacionais.
Os consumidores finais dessa biodiversidade riquíssima encontrada na região são
formados pelos paraenses ribeirinhos, que não vivem sem seu açaí diário; pelo belemense, que
faz uso das diversas frutas, ervas e óleos medicinais encontrados no Ver-O-Peso e em
inúmeras feiras; pelo carioca, que toma o açaí com granola na academia por ser um produto
que combate os radicais livres; pelo paulista, que come sua salada ou pastel de palmito vindo
das matas do Pará – visto que o da mata Atlântica já foi quase todo exaurido; pela mulher, que
pode estar em qualquer país do mundo e que, ao usar um perfume, ou um hidratante, ou um
batom pode estar consumindo algum produto da flora regional paraense sem ao menos saber
206
sua origem; da mesma forma que uma criança, em qualquer lugar do mundo, pode tomar um
sorvete ou comer uma barra de chocolate feita com o cacau paraense, que passa apenas pelo
beneficiamento primário no estado do Pará, e em seguida passa por um processo de refino na
Bahia e, em seguida, é transformado em produto final seja numa fábrica em São Paulo ou na
Suíça.
Os produtos que mais geram e circulam renda no estado do Pará são aqueles que
possuem em sua cadeia diversas estratégias de agregação de valor realizadas nas esferas locais
e regionais, por exemplo, o açaí. Para tal, há necessidade de políticas públicas que venham
contribuir para a dinamização dessas cadeias, com investimentos consideráveis em Assessoria
Técnica, Social e Ambiental (ATES), em capacitação em todos os setores, do fomento à
produção, do investimento responsável nos setores de beneficiamento e transformação,
principalmente em agroindústrias geridas por associações ou cooperativas.
Diversas políticas públicas e programas já instalados e que melhoram as condições
locais devem ser mais divulgados e incentivados como o “Programa de Aquisição de
Alimentos” da agricultura familiar (envolvendo a produção de mel e do açaí, já inseridos na
merenda escolar de alguns municípios); “Luz para Todos” que leva energia às áreas rurais; os
sistemas de crédito e fomento ao setor produtivo; a assessoria técnica da Emater e de
empresas terceirizadas; bem como os investimentos no aparato da segurança pública nas áreas
urbanas, rurais e nas estradas e rios.
Uma força motriz para alavancar o desenvolvimento regional e reduzir as
desigualdades é possuir uma massa crítica de cidadãos, que tenham acesso à rede de ensino
estabelecida com qualidade e direcionada para enfrentar tais desafios e que sejam atendidos
desde o Ensino Fundamental até o Superior, incluídos os cursos técnicos. As experiências das
“Casas Familiares Rurais”, que educam os filhos de agricultores, utilizando a pedagogia da
alternância, têm dado bons resultados pelo interior do Pará.
A valorização da biodiversidade dos recursos existentes na Amazônia implica em
direcionarmos os investimentos para a valoração e a valorização dos recursos florestais, bem
como desenvolver novos produtos, favorecendo o manejo adaptativo e sustentável das
espécies locais, bem como investir na melhoria tecnológica adequada que venha promover as
cadeias dos inúmeros produtos que fazem parte do uso cotidiano das populações locais.
É preciso haver estratégias de promover as cadeias dos inúmeros produtos em
parceria com as empresas instaladas na região e junto ao setor da produção, a fim de que haja
um encadeamento produtivo que venha a estimular novas formas de manejos sustentáveis aos
produtos da floresta.
207
Os setores intermediários, que fazem passagem da compra e venda dos produtos,
com pouca ou nenhuma agregação de valor exige uma tarefa hercúlea, importantíssima nas
cadeias de comercialização, por essa razão, necessitam de estímulos e melhorias na
capacidade de transporte, capacitação e melhoria das formas de armazenagem dos produtos.
208
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212
APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis.
Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______
Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no Estado do Pará
Entrevista com Agentes Mercantis
O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para finalidades científicas.
Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________
Município:___________________________Localidade:_____________________________
GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____ o _____´ _____” Obs.: ________________
Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________
______________________________________________________________________________
Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________
Categoria:
a. Indústria/Empresa ( ) b. Intermediário ( ) c. Produtor ( )
a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )
Nome / local da matriz: ___________________________________________________________
Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________
b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________
Profissão anterior: _______________________________________________________________
Profissão paralela: _______________________________________________________________
c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________
Local / tamanho do lote: __________________________________________________________
Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos, negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________
Qual é a infra-estrutura que dispõe?
Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________
Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________
Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________
Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário? Quais?
________________________________________________________________________________
213
Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?
________________________________________________________________________________
Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)? ________________________________________________________________________________ Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por empreitada (descrever), etc.)?
_______________________R$ _________/_________
Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?
___________________________________________________________________________ Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):
___________________________________________________________________________ O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva? ___________________________________________________________________________ Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica, etc.): ________________________________________________________________________________
Categoria
do
agente
entrevistado
C/V1 Merca-
doria Quant. Unid.
Quando/
Período/
mês
Preço
por
Unid.
De quem ? / Para quem? Formas
de
Pagamento2
Serviços
prestados3 Nome Categoria Município/
Estado
1) (C) Comprado (V) Vendido
2) (AV) A vista (NF) Na folha
(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco
3) (F) Financiamento (T) Transporte
(B1) Beneficiamento nível 1 (primário)
(B2) Beneficiamento nível 2 (extração)
(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento)
(C) Classificação
(A) Armazenagem
(E) Embalagem
214
APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Tocantins, no período de 2008 a 2009.
Fonte: IDESP.
Família (nº de espécies) Espécies Nome popular Uso Parte utilizada
Astrocaryum murumuru Mart. Murumuru Cosmético Amêndoa
Euterpe oleracea Mart. Açaí Alimentício Fruto e palmito
Maximiliana maripa (Aubl.) Drude InajáUtensílio e artesanato
Coratá e semente
Mauritia flexuosa L. f. BuritiAlimentício e artesanato
Fruto e a fibra
Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba Alimentício Fruto
Sapindaceae (1) Serjania laruotteana Cambess. Cipó timbó Artesanato Caule
Parahancornia amapa (Huber) Ducke Amapá Medicinal Leite
Spondias mombin L. Taperebá Alimentício Fruto
Himatanthus sucuuba Spruce ex Müll. Arg. Sucuúba Medicinal Leite
Burseraceae (1) Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-branco Utensílio Resina
Bixaceae (1) Bixa orellana L. Urucum Alimentício Semente
Clusiaceae (1) Platonia insignis Mart. Bacuri Alimentício Fruto
Copaifera sp . Copaíba Medicinal Óleo
Hymenaea courbaril L. Jatobá Medicinal Leite
Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão Medicinal Casca
Coumarouna odorata Aubl. CumaruCosmético e medicinal
Amêndoa
Lecythidaceae (1) Bertholletia excelsa Bonpl. Castanha-do-brasil Alimentício Fruto
Theobroma cacao (Mill.) Bernoulli Cacau Alimentício Amêndoa
Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.)K.Schum. CupuaçuAlimentício e cosmético
Fruto e semente
Marantaceae (1) Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn. Guarumã Artesanal Fibra
Meliaceae (1) Carapa guianensis Aubl. Andiroba Medicinal Óleo
Plantaginaceae (1) Veronica officinalis L. Verônica Medicinal Casca
Rubiaceae (1) Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato Medicinal Casca
Bignoniaceae (1) Crescentia cujete L. Cuieira Artesanal Fruto
Arecaceae (5)
Apocynaceae (3)
Fabaceae (4)
Malvaceae (2)
215
APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Tocantins.
Foto 1- Açaí acondicionado em rasas no
mercado de Cametá.
Foto 2- Comercialização do carvão em sacas
de 50 kg no município de Moju.
Foto 3- Cestarias de fibra de guarumã, em
Barcarena.
Foto 4- Artesanato de Cipó titica em
Barcarena
Foto 5- Comercialização de cascas de plantas
medicinais.
Foto 6- Artesanato de miriti em Abaetetuba.
216
Foto 7– Pilha de palmito in natura em Igarapé
Miri.
Foto 8- Portos sem infraestrutura dificultam a
comercialização de produtos.
Foto 9– Comercialização de mel em litro ou
fracionado, em Limoeiro.
Foto 10– Embalagens de comercialização de
leites, em Cametá.
Foto 11– Lona utilizada para secagem das
sementes de cacau.
Foto 12– Comercialização de castanha em
Cametá.
217
Foto 13- Frutos de cupuaçu comercializados
em unidade.
Foto 14- Comercialização de urucum em feiras
dos municípios.
Foto 15- Sementes de murumuru em
Limoeiro do Ajuru.
Foto 16- Frutos de taperebá comercializados
na feira de Abaetetuba.
Foto 17- Buriti in natura comercializado na
feira de Abaetetuba.
Foto 18- Secagem de coratá para serem
vendidos para exportação.