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Fortaleza- Ceará Edição nº 05 ---- 2012.1
Funcionalismo em perspectiva
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CADERNOS DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Funcionalismo em perspectiva
Edição nº 05 2012.1
Coordenação e Supervisão
Claudete Lima
Revisão
Gisele Barroso Benício
Vanessa Paulino Venâncio
Suellen Moraes de Sousa
Renata Denipoti Cavalcante e Silva
Kelmy Vânia Camurça da Silva
Formatação
Alcilene Aguiar Pimenta
Eveline Tomaz Souza
Bruno Pereira Magalhães
Larissa Pedrosa Valente
Produção
Aliny da Silva Portela
Maria Camila Barros Alcântara
Daniel Victor da Silva Souza
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.......................................................................6
SEÇÃO 1: ANÁLISE FUNCIONALISTA NA PERSPECTIVA DE FIGURA E FUNDO.....................................................................7
Uma análise funcionalista na perspectiva de figura e fundo em: La siesta del martes.......................................................................8
SEÇÃO 2: FUNÇÃO INTERPESSOAL.........................................23
A função interpessoal nos textos de opinião................................ 24
SEÇÃO 3: MODALIDADE DEÔNTICA NO DISCURSO POLÍTICO............................................................................. 37
A modalidade deôntica na construção do discurso político....................................................................... ............38
A modalidade deôntica no discurso político...................................49
SEÇÃO 4: INDETERMINAÇÃO DO AGENTE..............................61
A indeterminação do agente no português oral de países africanos.................................................................................62
SEÇÃO 5: GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO ”DAR“..................74
A gramaticalização do verbo ”dar“, no português brasileiro, nos séculos XIX e XX......................................................................75
6
APRESENTAÇÃO
A Revista Caderno de Estudos Linguísticos da Universidade Federal do Ceará é uma página voltada aos alunos do Curso de Letras, mais especificamente aos alunos da disciplina Linguística: Funcionalismo, ministrada pela Profa. Dra. Claudete Lima. Em sua 5ª edição, no semestre de 2012.1, o caderno de estudos apresenta os resultados das produções acadêmicas realizadas pelos alunos da referida disciplina, como critério de avaliação. Os artigos foram elaborados, organizados e publicados em coletividade, no qual professora dividiu a turma em três equipes para que pudéssemos chegar a esta edição, sendo estas: Revisão, Formatação e Publicação.
Os artigos apresentados nessa edição foram oriundos das inúmeras leituras e discussões em sala de aula, além das leituras extraclasses, que sempre nos eram recomendadas pela Profa. Claudete, visto que a vertente Funcionalista é bastante abrangente e rica em conteúdos. Os trabalhos abordam temas referente à língua e seus usos, à luz de renomados teóricos como: Givón, Halliday, Hopper, Dik, entre outros.
Nosso esforço em realizar esse trabalho foi com o objetivo de disponibilizar aos leitores bancos de dados para futuras pesquisas e motivar alunos da graduação a ingressarem, efetivamente, na carreira acadêmica. Deixamos nossos agradecimentos à querida Profa. Claudete Lima, que nos acompanhou durante todo o processo de construção do material, aqui apresentado, e nos motivou a nunca desistir.
Gratos,
A Edição
7
Seção 1
ANÁLISE FUNCIONALISTA NA PERSPECTIVA DE FIGURA E FUNDO
8
UMA ANÁLISE FUNCIONALISTA NA PERSPECTIVA DE
FIGURA E FUNDO EM: LA SIESTA DEL MARTES 1 Alcilene Aguiar PIMENTA 2
Maria Camila Barros ALCÂNTARA 3
Resumo: Apresentamos neste artigo um estudo sobre Figura e Fundo a partir da
perspectiva de análise hierárquica sugerida por Silveira (1990). Adotamos como objeto
de estudo o conto La siesta del martes do escritor colombiano Gabriel García Márquez.
Analisamos o texto em sua versão original, portanto, em língua espanhola. Durante o
processo de análise subdividimos a narrativa com base na estrutura proposta por Adam
(1992): situação inicial; compilação; (re) ações; resolução e situação final. Assim,
procuramos identificar a frequência das ocorrências de orações figura e orações fundo em
cada uma das partes que compõem o gênero conto. Além disso, investigamos o grau de
fundidade das orações Fundo em relação às orações Figura. Desse modo, nosso objetivo
neste trabalho foi verificar em que momento desse tipo de narração ocorre Figura ou
Fundo com mais intensidade.
Palavras-chave: Narrativa; Conto; Figura; Fundo.
INTRODUÇÃO
Quando vemos uma imagem, um texto, um livro, dentre outros,
percebemos de imediato o que é mais relevante ou o que está se
destacando no desenho ou no texto, dessa forma ativamos nossas
competências linguísticas para inferir o que se destaca e fazer hipóteses.
Nesse caso, estaríamos nos utilizando dos conceitos dos planos
discursivos de Figura e Fundo, propostos Silveira (1990, apud, Conceição
2010), em que a Figura é o elemento de maior destaque dentro de
determinado texto, que desencadeia papel fundamental dentro do campo
inserido, à medida que Fundo é o elemento que dá suporte para a Figura,
servindo como cenário e amplificando ou comentando o que é mais
1 Artigo apresentado como um dos critérios de avaliação da disciplina Linguística: Funcionalismo, ministrada pela profª Drª Claudete Lima. 2 Graduanda em Letras Português/Espanhol e suas respectivas literaturas pela Universidade Federal do Ceará. . E-mail: [email protected] 3 Graduanda em Letras Português/Espanhol e suas respectivas literaturas pela Universidade Federal do Ceará. . E-mail: [email protected]
9
importante em um texto, no caso a Figura, e “que estaria elencado em
mais de um nível, uns mais próximos da Figura e outros mais distantes.
Os mais próximos da Figura são, assim como ela, mais objetivos, isto é,
são mais icônicos.” (CONCEIÇÃO, 2010).
Se analisássemos um anúncio, extrairíamos, a princípio, o
objeto/coisa anunciado, isso seria Figura, posteriormente, visualizaríamos
as informações complementares a respeito desse objeto/coisa, como
valores, prazos e etc. Nesse caso, isso seria um exemplo de Fundo. Com
base nas teorias de Figura e Fundo e no modelo de análise hierárquica de
Silveira (1990), analisamos o conto La siesta del martes do escritor
colombiano Gabriel García Márquez, publicado em 1962. Analisamos o
texto em sua versão original, portanto, em língua espanhola. Durante o
processo de análise subdividimos a narrativa com base na estrutura
proposta por Adam (1992).
Nosso objetivo maior foi identificar em que partes da narração
apresentada através do gênero conto ocorrem Figura ou Fundo com mais
intensidade. Apresentamos uma subdivisão da narrativa para, assim,
analisarmos a frequência de orações figura e orações fundo existentes. O
presente artigo foi composto por cinco seções, de modo que, além dessa
breve Introdução, expomos a seguir os Pressupostos teóricos da pesquisa
e, posteriormente, os Procedimentos metodológicos, a Análise e discussão
dos resultados e, por fim, as Considerações finais.
1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Conforme Bonini (2005), que trabalhou a noção de Sequência Textual
na análise pragmático-textual proposta por Adam (1992), sequência
narrativa é uma sucessão de fatos ou eventos, onde, por sua vez, ocorre
uma sucessão de eventos, nesse aspecto um evento/fato será sempre a
consequência de outro evento/fato; o texto é desenrolado por ter uma
unidade temática, ou seja, deverá privilegiar um agente que desencadeará
toda a função da narrativa. Aparecem, ainda, predicados transformados
no qual um fato implicará na transformação das características do
10
personagem; apresenta-se um processo, ou seja, a narrativa vai sempre
conter um começo, um meio e um fim; uma intriga, onde o autor
sustentará os fatos narrados e uma moral que, implícita ou não, trará
reflexões sobre o tema da narrativa.
A figura abaixo mostra os eventos da narrativa segundo a proposta
de Adam apontada por Bonini (BONINE, 2005, apud, ADAM, 1952) onde o
teórico subdivide a sequência narrativa em cinco momentos explícitos:
situação inicial; compilação; (re) ações; resolução e situação final.
Figura 1
Para Adam (ADAM, 1992, p. 28, apud, BENINE, 2005) sequência é um
esquema de interação dentro de um gênero que explicita a organização
das proposições em argumentos característicos que apresenta: 1) uma
rede relacional hierárquica, ou seja, uma grandeza decomponível em
partes ligadas entre si e ligadas ao todo que elas constituem, assim como
o modelo de gráfico apresentado por Blancafort (2007) em seu trabalho e
2) uma entidade relativamente autônoma, dotada de uma organização
interna que lhe é própria, como podemos perceber na figura abaixo.
11
Figura 2
Por meio desse modelo, podemos fazer inferências sobre a análise a
partir do recorte do corpus onde observamos os momentos de
figuratividade, tendo como base os aspectos apresentados acima: situação
inicial; complicação, desencadeamento 1; (Re) Ações ou avaliação;
Resolução, desencadeamento 2; situação final e moral. Feita essa prévia
teórica sobre sequência narrativa, apresentamos a seguir alguns
pressupostos teóricos sobre Figura e Fundo.
Levando em consideração a proposta teórica referente à Figura e
Fundo de Chedier (2007, apud, Hopper, 1979), percebemos que a Figura
pode ser comparada ao “esqueleto” de um texto, ou seja, à sua estrutura
base, seu plano mais saliente, já para Fundo Hopper denominou como
aquilo que serve de cenário, ajudando, amplificando ou comentando o que
é mais importante em um texto, sendo um plano discursivo que dá
suporte para o que está sendo transmitido pela figura.
Conforme explica Conceição (2010), as orações figura se referem a
um evento dinâmico e ativo e possuem verbos pontuais e perfectivos,
diferentemente das orações fundo, que possuem verbos
durativos/estáticos e imperfectivos. Vejamos a tabela a seguir:
12
FIGURA FUNDO Perfectum Imperfectivo
Sequência cronológica Simultaneidade e superposição cronológica de uma situação C com o evento A e/ou B
Visão do evento como um todo, do qual a completude é um pré-requisito necessário para o evento subsequente.
Visão de uma situação ou acontecimento do qual a completude não é um pré-requisito necessário para os eventos subsequentes.
Identidade do sujeito com cada episódio discreto.
Frequentes mudanças de sujeito.
Distribuição não-marcada do foco na oração, com pressuposição do sujeito e asserção no sujeito e seus complementos imediatos.
Distribuição do foco marcada, por exemplo, foco no sujeito, foco na sentença adverbial.
Tópicos humanos Variedade de tópicos, incluindo fenômenos naturais.
Eventos dinâmicos, cinéticos. Situações estáticas, descritivas.
Realis
Irrealis
Figura 3
Percebemos na primeira coluna, referente a Figura, que as
características tendem a afirmar a proposta de Hopper (1972), onde a
oração Figura segue uma sequência cronológica, e apresenta eventos
dinâmicos e cinéticos, já a segunda, referente a orações Fundo, apresenta
características de Simultaneidade e superposição cronológica de uma
situação referente a oração Figura e possuem uma situação estática.
Conceição (2010) apresenta a proposta de Silveira (1990), onde
esta propõe a ideia de uma hierarquia de fundidade, pois, como bem
afirma a autora, as funções das cláusulas Fundo, que ampliam e
comentam as afirmações feitas pela Figura são, por sua vez, muito amplas
e poderiam ser mais bem especificadas.
13
“Essa hierarquia está organizada em uma gradação que vai do
nível mais relevante, ou seja, a Figura, até um Fundo com menor
grau de Relevância. O Fundo, portanto, é que estaria elencado em
mais de um nível, uns mais próximos da Figura e outros mais
distantes. Os mais próximos da Figura são, assim como ela, mais
objetivos, isto é, são mais icônicos... A outra característica foi o
relacionamento funcional que se estabelece entre alguns tipos de
Fundo.” (CONCEIÇÃO, 2010)
Com base nessa ideia de hierarquia, a autora propõe cinco níveis de
Fundidade:
Categoria
Grau de objetividade (do mais para o menos icônico)
Como são Tipo de cláusulas- Fundo (relação funcional entre as cláusulas)
Fundo 1
Mais próximo do real, mais concreto.
Cláusulas-Fundo que apresentam informações concretas sobre o evento.
-Apresentação do evento; -Apresentação do cenário; -Apresentação dos participantes; -Apresentação da fala dos participantes.
Fundo 2
Ainda mais próximo do real.
Cláusulas-Fundo que através de circunstancias, especificam o âmbito em que os fatos se deram.
- Especificação do tempo; - Especificação de modo; - Especificação de finalidade.
Fundo 3
Próximo da estrutura do texto (mais abstrato e elaborado linguisticamente)
Cláusulas-Fundo que especificam vocábulos da cláusula anterior.
-Especificação do referente; -Especificação de processo/ação.
Próximo da interpretação do
Cláusulas-Fundo que
-Especificação de causa;
14
Fundo 4 falante ao assistir ao evento
especificam relações inferidas dos fatos narrados.
-Especificação de consequência; -Especificação de adversidade.
Fundo 5
Próximo do ato de narração.
Cláusulas-Fundo que apresentam interferências do falante no evento que está narrando.
- Apresentação de opinião; -Apresentação de resumo; -Apresentação de duvida; -Apresentação de conclusão; -Apresentação de canal.
Figura 4
Na figura acima (CONCEIÇÃO 2010, p.33, apud, SILVEIRA, 1990), a
autora do trabalho piloto, Silveira (1990), apresenta as categorias de
fundo, sue grau de objetividade, como elas são, e quais Tipo de cláusulas-
Fundo. Na primeira coluna observamos as categorias, sendo, Fundo 1,
Fundo 2, Fundo 3, Fundo 4 e Fundo 5. Na segunda coluna observamos o
grau de objetividade, referente a cada categoria de Fundo. Na terceira
coluna a autora apresenta como são as categorias de Fundo. Por fim, na
última coluna são expostos os tipos de Cláusulas-Fundo.
Fazendo um paralelo entre a primeira e a última categoria, pudemos
observar que o Fundo 1 é mais próximo do real, de modo que as
Cláusulas-Fundo apresentam informações concretas sobre o evento, bem
como, ilustram o evento, o cenário, os participantes e a fala dos
participantes. Entretanto, diferentemente do Fundo 1, o Fundo 5 é mais
próximo do ato de narração, as Cláusulas-Fundo mostram interferências
do falante no evento que está sendo narrado, além de apresentar opinião,
resumo, dúvida, conclusão e canal. Dessa forma, o último se distancia do
ato real, ou seja, está mais distante da Figura.
15
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Realizamos uma investigação exploratória de cunho quali-
quantitativo, que se delineou como bibliográfica, uma vez que para dar
início à pesquisa nos debruçamos na leitura dos textos teóricos que
embasaram nosso trabalho, e que nosso objeto de estudo é um texto
oriundo de publicação oficial.
Como mencionado anteriormente, fizemos uma análise funcionalista
na perspectiva de Figura e Fundo do conto La siesta del martes, de
Gabriel García Márquez. O referido conto é parte da coleção intitulada Los
funerales de la Mamá Grande, escrita em 1962. Em La siesta del martes é
mostrado um período da história colombiana chamado “La violencia”. Esse
momento histórico iniciou-se em 1948 e durou até 1957. Entre os
acontecimentos da época existia um conflito sangrento entre o partido
conservador y o partido liberal, que terminou com a ditadura do general
Gustavo Rojas Pinilla.
As situações mostradas no conto são reflexos de momentos
característicos de “La violencia”, vivenciados pelo próprio autor: opressão,
medo e a perda da esperança por parte dos colombianos que sofreram por
muitos anos, tanto durante, como depois desse fatídico período, ou seja,
neste conto Márquez expõe exemplos de situações angustiantes vividas
pelo seu povo. Trata-se de um conto relativamente curto, pois tem pouco
mais de quatro páginas. É protagonizado por uma mulher que vai visitar o
túmulo do filho, juntamente com sua filha mais nova. Para chegar à
pequena cidade, as duas enfrentam uma longa viagem de trem, grande
parte do enredo se desenvolve nesse percurso, contudo, os momentos
esclarecedores da história se passam na cidadezinha.
Analisamos o texto em sua versão original, ou seja, em língua
espanhola. Durante o processo de análise subdividimos a narrativa com
base na estrutura proposta por Adam (1992): situação inicial; compilação;
(re) ações; resolução e situação final, gerando, assim cinco categorias de
análise. De posse das categorias definidas, começamos o processo de
16
análise dos dados. Primeiramente, identificamos dentro do texto todas as
orações Figura e todas as orações Fundo. Em um segundo momento,
procuramos visualizar a frequência das ocorrências dessas orações em
cada uma das partes da narrativa e, posteriormente, analisamos os níveis
de fundidade das orações Fundo, de acordo com o modelo hierárquico de
Silveira (1990). Para ilustrar melhor os resultados obtidos, elaboramos
gráficos e tabelas que serão expostos na análise.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nesta seção apresentamos a análise e discussão sobre os dados
estudados no que diz respeito à questão Figura e Fundo. Ao lermos
atentamente o conto La siesta del martes de Gabriel Garcia Márquez,
fizemos uma categorização desse corpus, baseada na estrutura narrativa
proposta por Adam (1992). Desse modo, o conto foi subdividido em cinco
categorias de análise. Vejamos a seguir um panorama geral dessa
subdivisão.
Partes do conto Orações Figura Orações Fundo Total
Situação inicial 25 40 65
Complicação 08 13 21
(Re) Ações 07 04 11
Resoluções 04 02 06
Situação final 08 12 20
Figura 5
Como mostra a tabela acima, na parte classificada como situação
inicial havia 65 orações, sendo que 25 foram identificadas como orações
Figura e 40 como orações Fundo. A existência de mais orações Fundo
nesse momento da narrativa se deve ao fato de que ao apresentar a
história o autor foi construindo o ambiente em que as ações aconteceriam.
Somente na sétima oração é que ele começa a apresentar ações das
personagens: uma mulher e uma menina viajantes. “—Es mejor que
subas el vidrio—dijo la mujer—.” A partir de então as orações Figura
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aparecem com mais frequência, entretanto, ainda há um predomínio das
orações Fundo.
Na complicação, segunda categoria de análise, fase que pode ser
denominada também de desencadeamento da situação inicial e que tem
uma relação de causalidade com as partes subsequentes, contabilizamos
um total de 21 orações, 8 Figura e 13 Fundo. Ainda que o percentual de
orações Figura tenha aumentado, se comparado ao percentual da
categoria anterior, as orações Fundo permanecem como maioria. Contudo,
ao adentrarmos no próximo bloco de análise, percebemos uma inversão.
Em (re) ações, há mais orações Figura e menos orações Fundo. De
11 orações no total, apenas 4 são Fundo. Este momento, provavelmente,
seria classificado como clímax se estivéssemos utilizando outros teóricos,
mas, conforme a proposta de Adam (1992), podemos classificar assim,
pois é o momento da narrativa que ocorre maior unidade de ação. A
partir desse momento ocorreu um segundo desencadeamento, ou seja, se
desenvolveu a parte da narrativa nomeada como resoluções.
Em resoluções visualizamos 6 orações, das quais apenas 2 eram
Fundo: “—Se tuvo que sacar todos los dientes —intervino la niña. —Así
es—confirmó la mujer—.” Na situação final as orações fundo voltam a
aparecer com mais intensidade, das 20 orações desse trecho, 12 eram
Fundo e apenas 8 Figura. Vejamos abaixo um gráfico que sintetiza os
percentuais encontrados.
18
Figura 6
Após essa breve análise estatística entre as orações Figura e
orações Fundo dentro do conto La siesta del martes, passamos ao
momento fundamental de nosso estudo, a análise dos níveis de fundidade
das orações Fundo existentes nessa narrativa. Conforme dissemos na
seção Fundamentos teóricos, utilizamos em nossa análise o modelo
hierárquico postulado por Silveira (1990). A seguir, faremos a análise
desses níveis em cada uma das categorias.
Em nossa análise, buscamos identificar os níveis de Fundidade
apontados por Silveira (1990) que se caracterizam como: Orações Fundo
1 - Apresentação do evento, apresentação do Cenário, apresentação dos
participantes, apresentação da fala dos participantes; Fundo 2 -
Especificação do tempo, especificação de modo, especificação de
finalidade; Fundo 3 - Especificação do referente, especificação de
processo/ação; Fundo 4 - Especificação de causa, especificação de
consequência, especificação de adversidade; e Fundo 5 - Apresentação de
Opinião, apresentação de resumo, apresentação de dúvida, apresentação
de conclusão; apresentação de canal. Em seguida, observemos trechos do
nosso corpus.
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1 – Descrição do Cenário: “Al otro lado del camino, en intempestivos
espacios sin sembrar, habia oficinas con ventiladores eléctricos,
campamentos de ladrillos rojos y residencias con sillas y mesitas blancas
en las terrazas entre palmeras y rosales polvorientos.”
2 – Descrição de Tempo: “Eran las once de la mañana y todavia no
había empezado el calor.”
3 – Descrição de Ação/Processo: “La mujer le dió la peineta”
Nos planos discursivos (Re) Ação, Resolução e Situação Final
percebemos que as orações Figura estão mais presentes na narrativa, pois
notamos a presença de verbos perfectivos, eventos dinâmicos e ativos, ou
seja, verbos que exprimem ação:
1 - Es el ladrón que mataron aquí la semana pasada —dijo la mujer en el
mismo tono—. Yo soy su madre.
2 – La mujer contestó cuando acabó de firmar.
3 - La mujer garabateó su nombre, sosteniendo la cartera bajo la axila.
4 - La mujer continuó inalterable:
—Yo le decía que nunca robara nada que le hiciera falta a alguien
para comer, y él me hacía caso.
Nos exemplos acima, percebemos nitidamente os elementos que
constituem os planos das orações Figura e Fundo, sendo, essas
informações, principais e secundárias. Ambas de fundamental importância
para a narrativa. As orações Figura caracterizadas por ações concretas são
mais perceptíveis, já e as orações Fundo caracterizadas por ações irreais
estão mais para o plano da subjetividade fazendo com que dessa forma o
leitor organize as informações referentes ao texto, de acordo com sua
percepção ou sua intenção comunicativa.
Após analisar todos os níveis de fundidade das orações Fundo
encontradas no conto La siesta del martes, obtivemos os seguintes
resultados:
20
Estrutura/ Plano Discursivo
Orações Figura
Orações Fundo 1
Orações Fundo 2
Orações Fundo 3
Orações Fundo 4
Orações Fundo 5
Situação Inicial
25/65 (40,9%)
22/40 (32,5%)
8/40 (11,8%)
4/40 (5,4%)
4/40 (5,4%)
2/40 (2,9%)
Complica-ção
08/21 (38,9%)
9/13 (42,3%)
0/13 (0%)
1/13 (4,7%)
0/13 (0%)
3/13 (14,1%)
(Re) Ação 07/11 (63,6%)
2/4 (18,2%)
0/4 (0%)
0/4 (0%)
0/4 (0%)
2/4 (18,2%)
Resolução 04/06 (66,6%)
2/2 (33,4)
0/2 (0%)
0/2 (0%)
0/2 (0%)
0/2 (0%)
Situação Final
08/20 (40%)
10/12 (50%)
0/12 (0%)
2/12 (10%)
0/12 (0%)
0/12 (0%)
Total 52/119 (43,6%)
45/71 (63,3%)
8/71 (11,6%)
7/71 (9,8%)
4/71 (5,5%)
7/71 (9,8%)
Figura 7
Com base nos números da tabela acima, podemos inferir que nos
planos discursivos, situação inicial e Complicação há predomínio das
orações Fundo, caracterizadas pela notoriedade de situações táticas,
descritivas, como a descrição do cenário, dos personagens, especificação
do tempo, dentre outras características.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, constatamos a ocorrência de orações Fundo em
todos os momentos da subdivisão do texto, conforme o modelo de Adam
(1992). Além disso, pudemos visualizar os cinco níveis de fundidade
propostos por Silveira (1990), contudo, em percentuais distintos de
acordo com o momento da narrativa.
Assim, na Situação inicial e na complicação, observamos os cinco
níveis de Fundidade, porém, o nível 1 está presente em maior quantidade,
ou seja, 22 das 40 orações. Os demais níveis foram encontrados em
número menor, nos mostrando que nessa parte do texto as ações são
21
mais próximas do ato narrativo. Na (Re)Ação e Resolução, percebemos
que os níveis 2, 3 e 4 não estão presentes, pois, trata-se de uma parte da
enredo em que ocorre o desenvolvimento da trama e, nesse contexto, os
personagens têm papel mais ativo. Na Situação final, observamos uma
maior predominância do nível 1, sendo que os níveis de Fundidade 2, 4 e
5 não aparecem, devido ao fato dessa parte da sequência narrativa ser
mais próxima do real.
Em vista disso, verificamos a existência de orações principais e
secundárias, sendo que estas representam as ações secundárias, as quais
têm função importantíssima para a narrativa, pois são elementos que
complementam as ações principais.
REFERÊNCIAS
ADAM, J-M. Le récit. Paris: Presses Universitaires de France, 1984. Le
texte narratif. Paris: Nathan, 1985.
ALVES; Gabriela Roberto do Vale, FERREIRA; Mayar de Souza. Planos
discursivos nos contos de Clarice Lispecto: Uma análise funcionalista, In:
Cadernos de estudos linguísticos da Universidade Federal do Ceará. Ed.
nbº 3, Fortaleza, 2011.
BLANCAFORT; Helena Calsamiglia y WALL; Amparo Tusóu. Las cosas del
decir. Barcelona, Editora Ariel, 2007.
BONINI, Adair. A noção de sequência textual na análise pragmático-
textual de Jean-Michel Adam. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTTA-
ROTH, D. Gêneros, teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola, 2005.
CHEDIER, Carolina Moreira. Perfil de figura fundo em crianças com e sem
queixas escolares / Carolina Moreira Chedier. Rio de Janeiro, 2007 106 f.:
il. Dissertação (Mestrado em Lingüística) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Faculdade de Letras, 2007.
22
CONCEIÇÃO, Priscila Thaiss. Compreensão de Figura e Fundo em
TextosLiterários. Relatório Técnico-Científico apresentado ao CNPq. Rio de
Janeiro: Faculdade de Letras/ Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2008, mimeo.
MÁRQUEZ, Gabriel García. Sequência de Cuadragésimo cuarta edición en
la Editorial Sudamericana Septiembre de 2001 IMPRESO EN LA
ARGENTINA Queda hecho el depósito que previene la ley 11.723.© 1962,
Editorial Sudamericana S.A.®Humberto Iº 531, Buenos
Aires.www.edsudamericana.com.arISBN 950-07-0091-3© 1962.
23
Seção 2
FUNÇÃO INTERPESSOAL
24
A FUNÇÃO INTERPESSOAL NOS TEXTOS DE OPINIÃO1
Gisele Barroso BENICIO 2
Vanessa Paulino VENANCIO
Resumo: O presente artigo terá como foco de sua análise a função interpessoal encontrada em textos de opinião. Analisaremos o nosso corpus de acordo com a teoria da valoração no intuito de perceber as diversas manifestações de opiniões expressas pelo autor dos editoriais escolhidos em nosso trabalho. Esse corpus é composto pelos textos do gênero editorial tirados da Folha de S. Paulo, “Da fala ao grunhido”, “Desfazendo equívocos” e “Preconceito cultural”, ambos de Ferreira Gullar. Apresentaremos as categorias de valoração que serão abordadas em nossa análise, restringindo-nos ao que será mais relevante em nossa pesquisa. Deixaremos claro que o nosso enfoque se concentrará na categoria de julgamento, buscando, desta forma, compreendermos qual o grau de argumentação utilizado pelo autor de nosso corpus ao sustentar suas proposições e ideias. Devemos ressaltar que nos valeremos dos resultados mais abrangentes a fim de que possamos demonstrar os aspectos gerais e que sejam coerentes com o propósito geral observado nos editoriais analisados.
Palavras-chave: valoração; julgamento; argumentação.
INTRODUÇÃO
A teoria da valoração, utilizada como embasamento teórico em
nossa pesquisa, fundamenta-se em categorias de análises em textos.
Surgida a partir de uma abordagem funcionalista, essa teoria possui uma
sistematização própria para analisar a avaliação e a perspectiva utilizada
na produção de um texto, não importando qual seja o seu gênero. No
entanto, utilizaremos textos de opinião a fim de valorizarmos nossa
proposta de análise. Iremos, doravante, demonstrar as categorias básicas
de valoração, dando maior enfoque naquela que será utilizada por nós
nesta pesquisa.
Temos na teoria da valoração um interesse em analisar a
perspectiva funcional das sentenças, não dando, assim, uma importância
primordial à forma; tendo em vista que o enfoque é dado nas questões
sociais que são embasadas na construção dos textos e discursos. Os
indivíduos constroem seus textos adotando determinadas posições que 1 Trabalho realizado mediante a disciplina Língua Portuguesa: Funcionalismo, ministrada pela Prof. Dra. Claudete Lima em junho de 2012. 2 Graduandas do Curso de Letras-Português da Universidade Federal do Ceará – UFC.
25
são concebidas em um universo social; portanto, buscaremos
compreender esses mecanismos de construção tendo como base as
categorias de valoração, a saber: afeto, julgamento, apreciação.
Ressaltamos, de antemão, que nos focaremos na categoria julgamento
com o intuito de encontrarmos resultados condizentes com a proporção da
força argumentativa utilizada em nosso corpus.
Em síntese, buscaremos ratificar a pretensão de nossa pesquisa
que se concentra numa relação dialógica entre a questão temática e os
recursos de argumentação e julgamento, com o intuito de atestar a
participação do autor no processo dialógico de suas proposições
enunciativas.
1. FUNDAMENTAÇÃO
Para a fundamentação teórica selecionamos, prioritariamente, o
artigo “Valoração – a linguagem da avaliação e da perspectiva”, de Peter
White, a fim de deixarmos claro nosso ponto de vista acerca do corpus
analisado.
Como foi dito anteriormente, a abordagem utilizada pela valoração,
quer de avaliações positivas, quer de negativas, sugere um agrupamento
dos campos semânticos afeto, julgamento, apreciação.
Deter-nos-emos, pois, na categoria julgamento, a qual é divida em
dois grupos: um que lida com a estima social e outro que é guiado pelas
sanções sociais. Todavia, apesar de o julgamento construir suas posições
e relação ao comportamento humano, devido ao recorte feito em relação
aos campos semânticos, iremos, em nossa análise, abstrair as categorias
de julgamento, ampliando o uso desses conceitos, também, para seres
inanimados.
Durante nossa análise, utilizaremos a obra A argumentação
(2008), de Christian Plantin, com seu modelo dialogal que propõe um
novo modo de pensar a atividade argumentativa, expandindo-a. Segundo
Plantin (2008), nesse modelo a enunciação situa-se contra o pano de
fundo do diálogo.
26
Enfim, dialogaremos as duas perspectivas, a da argumentação e a
da valoração, com o propósito de abordar a função interpessoal
evidenciada nos textos analisados.
2. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para esta análise acerca da função
interpessoal nos textos de opinião fará usoda teoria da valoração, visto
que essa análise é prioritariamente qualitativa, e não quantitativa. Dessa
forma, em nossa conclusão, após a análise do corpus e das ocorrências
extraídas deste, iremos ver quais formas de julgamento foram mais
recorrentes e, também, as que foram menos usuais a fim de flagrarmos
com que intenção o autor utilizou tal forma, qual a isotopia presente no
texto.
3. O RECURSO DE JULGAMENTO DE VERACIDADE EM DA FALA AO
GRUNHIDO
Para esta análise usamos, sistematicamente, as técnicas de
valoração dialogadas com a forma de argumentar e com a perspectiva que
são utilizadas nos textos.
Nosso fim último, depois de coletar o corpus, é perceber qual a
mensagem que o autor desejou transmitir - nos, através dos recursos
menos utilizados e dos mais frequentes no texto. Esse tipo de julgamento,
prioritariamente, utiliza para codificação desta mesma categoria o
adjetivo, salvo em alguns exemplos nos quais teremos a presença
também de expressões, substantivos e advérbios. Como podemos
observar nos respectivos exemplos:
Está, portanto, implícito que não me considero dono da verdade, que nem sempre tenho razão porque há questões complexas demais para meu entendimento. (...) “todo mundo começa Rimbaud e acaba Olegário Mariano”.
27
Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos. 3
Ferreira Gullar inicia seu texto assinalando como tem sido visto por
algumas pessoas e como ele se porta em relação à opinião da sociedade,
isso fica ilustrado no excerto seguinte: “Desconfio que, depois de
desfrutar durante quase toda a vida da fama de rebelde, estou sendo tido,
por certa gente, como conservador e reacionário. Não ligo para isso e até
me divirto, lembrando a célebre frase de Millôr Fernandes, segundo o qual
“todo mundo começa Rimbaud e acaba Olegário Mariano”.A explicativa
acerca da “fama” negativa do autor deve-se ao posicionamento deste em
relação ao uso da língua, tal fato é explanado posteriormente.
Nesse trecho citado é possível perceber o uso do recurso
veracidade nos adjetivos “conservador e reacionário”, ambos com valor
negativo. Durante a narrativa, Ferreira Gullar tece seu textoem cima de
uma justificativa tanto para a conotação negativa que recebeu, quanto
para atestar que sua hipótese é verídica.
Todavia, também há a presença de outros recursos como a
propriedade, a capacidade e a normalidade. É interessante observar que
estes foram utilizados também a serviço da hipótese posposta pelo autor.
O recurso da propriedade demonstra que Ferreira Gullar não está acima
da crítica, visto que possui “fama de rebelde”; enquanto que a
capacidade, perceptível através do adjetivo “célebre”, viabiliza a exaltação
das ideias de Millôr Fernandes que é usado em prol da ideologia do autor.
Por fim, o recurso da normalidade visível em “todo mundo começa
Rimbaud e acaba Olegário Mariano”,ilustra, através de uma metáfora que
utiliza o uso do nome de dois escritores, costumes antagônicos no âmbito
da fala que irão ser colocados em disputa durante a tessitura do texto, no
qual um será exaltado e o outro desprestigiado.
3 As citações seguintes presente nas análises são referentes ao nosso corpus: Da fala ao grunhido, Desfazendo equívocos e Preconceito cultural, ambos do Ferreira Gullar.
28
É perceptível que o recurso da normalidade também é usado com
frequência no texto, porém ele não é o principal, pois se constitui um
programa de uso para o recurso da veracidade. Para exemplificar cito o
autor: Se está certo dizer “dois mais dois é cinco”, então a regra gramatical, que determina a concordância do verbo com o sujeito, de nada vale.
E ainda: É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo “nós vai” e desconhecendo as normas da língua, nunca entrará para a universidade, como entrou nosso professor.
Notamos por meio dos excertos acima que o recurso da
normalidade nos expõe as duas maneiras de falar presentes no texto,
sendo que as estimas sociais vêm carregadas ora com valor positivo,
“certo”, ora com valor negativo, “errado”.
Prosseguindo em nossa análise, Ferreira Gullar,durante o
texto,alterna quanto ao tipo de julgamento veracidade, ora com valor
positivo, ora com valor negativo, visto que no texto Da fala ao grunhido
são levantadas duas hipóteses a respeito da língua, mais propriamente do
modo de falar, que diz respeito à norma padrão e à coloquial. Portanto, o
autor, embora inicie levantando questionamentos e hipóteses, posiciona-
se em relação aos padrões de linguagem, mostrando-se favorável a um
padrão e desfavorável ao outro. Como podemos ver em tais trechos.
Cito um exemplo. Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo.
Dessa forma, o autor faz uso dos elementos contrários para
ratificar sua opinião acerca do uso da linguagem. Sendo assim, expõe de
forma sutil seu posicionamento sem parecer uma ideia absoluta.
Criticamente, utiliza metáforas e exemplos do cotidiano a fim de mostrar o
que se contrapõe a sua ideia, aquilo que tem caráter contraditório.
29
Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos.
Concluindo nossa análise, temos o autor Ferreira Gullar,no
decorrer do editorial, mudando o tipo de voz de declaração para
atribuição, no intuito de tornar seu texto mais imparcial, já que este foi
redigido em primeira pessoa. Tal prerrogativa e tantas outras compõem
um polo de argumentos que atestam a visão do autor a fim de tornar
indubitável seu posicionamento que prioriza o uso padrão da língua. Essa
transição da voz de declaração para atribuição pode ser vista nestes
fragmentos, respectivamente: “Por isso, às vezes, se não concordo, fico
em dúvida, a me perguntar se estou certo ou não”, “Pode o leitor alegar
que a época é outra, mais dinâmica, e que a globalização tende a misturar
as línguas como nunca ocorreu antes”, isto é, no primeiro extrato o
discurso está em primeira pessoa, enquanto que o segundo está em
terceira pessoa.
Portanto, o recurso veracidade priorizado nesse texto sanciona
atitudes sociais, com valores positivos e negativos, e dessa forma, elogia
uma ideia e condena outra, dialogicamente.
Em suma, para firmar definitivamente essa análise expomos o
último parágrafo do editorial:
(...) Isso de falar correto é coisa velha, e o que importa é que as pessoas se entenda, ainda que apenas grunhindo.
Nesse excerto o autor, de forma peculiar, conclui seu texto
rematando a ideia contrária, contudo não no intuito de afirmá-la, mas de
criticá-la ao dizer que o modo de falar que se distancia do padrão
constitui-se um “grunhindo”, mesmo que viabilize a comunicação.
4. O JULGAMENTO DE VERACIDADE EM DESFAZENDO EQUÍVOCOS
30
Doravante iniciaremos nossa análise tentando compreender de que
maneira o autor do texto Desfazendo equívocos procurou demonstrar sua
argumentação em torno do tema abordado em seu discurso.
Como já se pode inferir a partir do título, o autor procurou
transmitir aos seus leitores uma verdade condicionada pelo seu
pensamento e pelo seu modo de experienciar o conhecimento de mundo.
O texto centraliza-se na questão do movimento neoconcreto brasileiro e,
para início de conversa, Ferreira Gullar, autor do texto em análise,
apresenta uma proposta equivocada acerca de sua pessoa em relação ao
grupo concretista paulista. Para ilustrar a forma de argumentação
utilizada pelo autor, temos o seguinte excerto: “Costuma-se afirmar que o
movimento neoconcreto nasceu da ruptura minha com o grupo concretista
paulista, o que não é verdade”.
Concluímos a partir daí, que o propósito primeiro do autor foi
explicitar a verdade considerada por ele equivocada. Em seguida,
acompanhando o percursogerativo de sentido do texto, temos o refutar da
ideia exposta anteriormente. Isso nos comprova a tese do modelo dialogal
da argumentação, em que a situação argumentativa é desenvolvida pelo
confronto de pontos de vista em contradição. “Em particular, as
justificativas podem se fazer acompanhar de uma série de ações
concretas, coorientadas pelas falas e visando tornar sensíveis as posições
defendidas.” (PLANTIN, 2008, p.65).Tomando como base esse processo
dialogal da argumentação, fortaleceremos o nosso propósito de atestar a
força argumentativa utilizada no processo.
Logo adiante, temos a posição do autor evidenciada no discurso
com o intuito de contradizer e refutar a opinião equivocada que
permanecia até então.
Na verdade, a ideia de caracterizar o grupo de artistas do Rio, até entãoconsiderados concretistas, como neoconcretos nasceu da constatação de que o que faziam diferia muito do que se considerava arte concreta. Não foi uma invenção minha, e sim uma constatação. (Grifo nosso)
31
O que temos nesse excerto é, segundo a teoria da valoração, um
julgamento de veracidade do tipo positiva, em que atestamos a voz do
autor explicitamente, numa declaração. Observamos ainda, que o discurso
inicia-se com a expressão na verdade, o que alega uma nova visão acerca
de um argumento que já foi demonstrado anteriormente. Destarte, o
discurso toma uma nova dimensão, enveredando para uma proposta de
veracidade que se completa com a expressão final e sim uma constatação.
Prosseguindo em nossa análise, verificamos que em alguns pontos
o autor valeu-se dos recursos de julgamento Capacidade e Usualidade.
Isso nos chamou atenção pelo fato de o discurso tomar novas proporções
que não foram lançadas no contexto fortuitamente. Embora tenhamos
atestado um maior privilégio na categoria de julgamento Veracidade, a
questão da utilização dos outros recursos supracitados nos revela um
texto que, para atingir o seu ápice argumentativo, enfatiza o recurso de
Capacidade, com o intuito de pôr em xeque a validez do discurso alheio. É
interessantíssimo o emprego de tal recurso, uma vez que um texto que se
focasse apenas em uma categoria de julgamento tornar-se-ia enfadonho
ede pouca credibilidade. Se pensássemos em um discurso que a todo o
momento refere-se ao discurso do outro como não verdadeiro,
poderíamos concebê-lo como enfraquecido do ponto de vista
argumentativo. O discurso torna-se capcioso na medida em que o leitor
arguto percebe a utilização de tais recursos esporádicos, mas não
fortuitos.
No trecho “A ideia de atribuir um novo nome a essas
experiências não teve nada a ver com a rivalidade entre mim e os poetas
concretistas paulistas.”; observamos mais uma vez a desconstrução de
conceitos prévios que estariam impregnados na concepção dos seus
leitores. Desta vez, notamos que aparece uma voz radical de declaração
enfatizando a razão do autor naquilo de que se pretende convencer.
Dando prosseguimento ao nosso raciocínio, verificamos que
indubitavelmente a presença do recurso de julgamento Veracidade está
presente no decorrer de todo o discurso produzido. A função interpessoal
32
é evidente em todos os seus aspectos, até mesmo quando o autor se vale
de vozes alheias, seja confirmando-a ou contradizendo-a, pois procura
dessa forma dar maior credibilidade a sua opinião.
No excerto “Não pretendo afirmar que a criação artística se dá às
cegas, por mera intuição.”; notamos uma preocupação do autor em se
justificar perante o seu leitor, de forma a não dar margem para possíveis
interpretações que não correspondam ao verdadeiro intuito do discurso
produzido. E, destarte, a categoria de Veracidade é mais uma vez
reafirmada.
Ao fim do texto analisado, temos, naturalmente, uma conclusão e
síntese da proposta do discurso efetuado. Isso fica comprovado neste
trecho: “Finalmente, devo esclarecer que não me afastei da arte
neoconcreta por ter rompido com ela e com meus companheiros.” Temos
ao todo uma declaração, em que a voz do autor predomina em sua grande
maioria com a utilização dos recursos de Veracidade, primordialmente,
Capacidade e Usualidade.
Em conclusão, podemos afirmar que a categoria Veracidade teria a
maior probabilidade de ocorrer em virtude do título e do assunto, e isso
não nos foi surpresa, porém o que nos promoveu curiosidade foi a forma
de trabalhar os recursos de julgamento em um âmbito de argumentação
dialógica no tocante aos pontos de vista em contradição. Concebemos
então, o encontro do discurso com o contradiscurso na função interpessoal
do texto.
5. O RECURSO DE NORMALIDADE EM PRECONCEITO CULTURAL
O que temos no texto de opinião Preconceito cultural, de Ferreira
Gullar, é uma discussão sobre a definição de literaturanegra concebida
ultimamente como uma literatura escrita por negros e mulatos.
Prosseguindo na linha de raciocínio do autor, encontramos como recurso
abrangente a categoria de julgamento Normalidade, e é com o propósito
33
de atestarmos com que intenção foi utilizada tal categoria que iniciaremos
nosso estudo.
Como convém a um texto argumentativo-dialógico, o editorial em
análise inicia-se com uma visão que a posteriori o autor irá refutar:
“De alguns anos para cá, passou-se a falar em literatura negra brasileira para definir uma literatura escrita por negros e mulatos. Tenho dúvidas da pertinência de uma tal designação. E me lembrei de que, no campo das artes plásticas, em começos do século 20, falava-se de uma escultura negra, mas, creio eu, de maneira apropriada. (Grifo nosso)
Podemos observar que além do refutamento da proposta
convencional temos a voz declarativa que se propõe a pôr em xeque a
validez da definição de literatura negra brasileira. A princípio não vemos
um tom de reprovação radical por parte do autor, porém ele cria uma
dúvida, o que para Plantin, (2008, p.64), “Do ponto de vista psicológico,
pode se fazer acompanhar de um estado de desconforto psicológico do
tipo ‘inquietação’.”.
O que se pode observar logo em seguida é que o autor põe em
evidência uma voz de terceiros, atribuindo um juízo de valor positivo
acerca do que foi dito. É nesse momento que o uso da categoria de
julgamento Normalidade vai aparecer nitidamente com a expressão
maneira apropriada. Temos um julgamento que tange o comportamento
humano em relação ao modo de se referir à escultura negra.
O recurso Normalidade, aqui entendido como comportamento e
maneira de agir, ficou explicitado como positivo, dando-nos a ideia de
aprovação do autor na opinião concebida.
No parágrafo seguinte, temos as palavras do autor:
Certamente, os estudiosos reconhecem que, sem o negro e sua criatividade, seu modo próprio de encarar a vida e mudá-la em festa e beleza, não seríamos quem somos. Mas teria sentido, agora, pretender separar, no samba, na dança, no Carnaval, o que é negro do que não é? (Grifo nosso)
34
No excerto supracitado, observamos a noção de pergunta
argumentativa, em que o proponente elabora uma pergunta, argumenta
e, por último, conclui, oferecendo, ele mesmo, uma resposta à sua
indagação. Assim, a argumentação constrói-se a partir de perguntas e
respostas que formam um conflito discursivo.
No mesmo parágrafo é possível apreender a interpessoalidade, aqui
efetivada na Normalidade, no momento em que ele deixa transparecer a
sua opinião antes mesmo de concluir a pergunta. Basta atentarmos para a
expressão teria sentido logo no início da frase.
Prosseguindo em nossa análise temos: “Mas, infelizmente, na
literatura, essa descriminação começa a surgir. Não acredito que vá muito
longe, uma vez que é destituída de fundamento, mas, de qualquer
maneira, contribuirá para criar confusão.”. Temos nesse pequeno trecho,
três expressões de julgamento do autor que podem convergir na questão
do comportamento perante a concepção errônea que se tem de literatura
negra no Brasil.
Durante a tessitura do texto, temos a utilização de outros recursos
de julgamento, a saber: Tenacidade, Capacidade e Veracidade, para ficar
nos mais utilizados. Isso comprova o que já foi mencionado na análise do
texto anterior e reflete na concepção de escrita do autor escolhido. Os
recursos de julgamento nos auxiliam, destarte, a compreendermos os
mecanismos de construção e de intenção do autor.
Finalizando nossa análise do texto Preconceito cultural,
conseguimos atestar mediante os recursos de julgamento da teoria da
valoração a categoria de Normalidade como a mais relevante nesse texto,
o que valoriza e explica de certa forma, o título; uma vez que o
preconceito está atrelado ao comportamento humano. Como parágrafo de
fechamento, temos:
Contra toda evidência, afirmam que só quando se formar no Brasil um grande público afrodescendente os escritores negros serão reconhecidos, como se só quem é negro tivesse isenção para gostar de literatura escrita por negros. Dizer isso ou é tolice ou má-fé.
35
Apenas reiterando o que já foi mencionado, observamos nesse
parágrafo a síntese da opinião do autor, que se vale, mais uma vez da
categoria de Normalidade, agora numa acepção negativa.
CONCLUSÃO
Podemos concluir, a partir das análises dos textos, que a categoria
da valoração lança um olhar avaliativo sobre estes, de forma a nos
orientar quanto à apreensão do sentido do texto.
Os recursos de julgamentos estão divididos em dois grandes
grupos: o da estima social e o da sanção social. No primeiro temos os
respectivos recursos normalidade, capacidade e tenacidade. Enquanto que
no segundo, de semelhante modo, temos a veracidade e a propriedade.
De acordo com a análise de nosso corpus teremos como principais
recursos: a veracidade, que será o recurso recorrente tanto no texto Da
fala ao grunhido como no Desfazendo equívocos e a normalidade presente
em Preconceito cultural, ambos de Ferreira Gullar.
Enfim, nos dois primeiros textos o autor posiciona-se,
favoravelmente, em relação a uma ideia apresentada com valor eufórico.
No primeiro, tecendo essas ideias análogas de forma que levante
argumentos para confirmar seu posicionamento e antiargumentos para
negar aquilo que lhe é contrário; alternando, portanto, o recurso
veracidade utilizado ora com valor positivo, ora negativo. Já no segundo
ele também através do recurso da veracidade vai desconstruindo a ideia
presente, já institucionalizada, por isso que esta sanção social se
constituirá numa condenação, terá valor,prioritariamente, negativo.
Enquanto que no terceiro vigora o recurso da normalidade a fim de fazer
jus ao título Preconceito cultural, o qual faz referência a um
comportamento social, neste caso, com valor negativo, uma crítica.
Temos, no entanto, um trabalho que utiliza poucos recursos da
teoria da valoração, e dessa forma, deixamos em aberto várias
36
possibilidades de estudo que façam uso da mesma teoria aqui utilizada
como embasamento.
BIBLIOGRAFIA
GULLAR, Ferreira. Da fala ao grunhindo. E8 ilustrada. Folha de São Paulo.
_______________. Desfazendo equívocos. E10 ilustrada. Folha de São
Paulo.
_______________. Preconceito cultural. E12 ilustrada. Folha de São
Paulo.
PLANTIN, Christian. A argumentação. Tradução Marcos Marcionilo. São
Paulo: Parábola Editorial, 2008.
WHITE, Peter. “Valoração – a linguagem da avaliação e da perspectiva”.
Linguagem em (Dis)curso (2004).
37
Seção 3
MODALIDADE DEÔNTICA NO DISCURSO POLÍTICO
38
A MODALIDADE DEÔNTICA NA CONSTRUÇÃO DO DISCURSO POLÍTICO
Eveline TOMAZ SOUZA1
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma pesquisa voltada para a contribuição dada pela categoria modalidade deôntica na construção do discurso político. A modalidade deôntica é vista como um processo de construção textual ligada aos conceitos de permissão, obrigação e proibição, necessariamente. Partindo de uma visão geral de modalidade relacionada à elaboração de sentido dentro do discurso, trabalhamos com os conceitos de modalidade deôntica e dos valores deônticos bem como as aplicações dessas concepções no discurso de posse do presidente americano Barack Obama. PALAVRAS-CHAVE: MODALIDADE DEÔNTICA, VALORES DEÔNTICOS, DISCURSO POLÍTICO. ABSTRACT: This paper presents a research focused on the contribution by category deontic modality in the construction of political discourse. Deontic modality is seen as a process of textual construction linked to the concepts of permission, obligation and prohibition, necessarily. Starting with an overview of the modality related to the development of meaning within the discourse, we work with the concepts of deontic modality and deontic values as well as applications of these concepts in the inauguration speech of the American President Barack Obama. KEYWORDS: DEONTIC MODALITY, DEONTIC VALUES, POLITICAL SPEECH.
INTRODUÇÃO
A Modalidade está relacionada com os elementos
discursivos(permissão, obrigação, possibilidade, necessidade), utilizadas
pelo falante como a finalidade de levar o ouvinte a ação. É uma categoria
constituída de elementos pragmático-discursivos,diretamente ligados ao
discurso do falante e às situações de fala. Em se tratando dessas
categorias,é sabido que nos discursos políticos, uma gama considerável
desses elementos está presente em forma verbal, deadjetivos, de
substantivos ou de advérbios.Apresenta-se então a forma de expressão
que traz a modalidade constituída no discurso, seja ele político ou de
qualquer outro gênero.
1 Graduanda em Letras Português-Inglês, com trabalho orientado pela profa. Dra. Claudete Lima na disciplina de Funcionalismo, na Universidade Federal do Ceará - UFC.
39
Focando o pensamento e análise no discurso político e, sendo eles
uma fonte de estudo que desperta um interesse por parte de muitos,
decidimos por escrever este trabalho com a finalidade de observar como a
modalidade é construída dentro do discurso político e a forma como essa
construção é dada. Foi escolhido então, para análise, o discurso de posse
do presidente americano Barack Obama. Será interessante observar como
a modalidade vai se delineando dentro de um discurso em língua
estrangeira composto por fortes elementos culturais e históricos que
diferem da realidade do nosso país.
Tomaremos como base os conceitos de Lyons (1977), Dick (1997) e
Pessoa (2007) que nos forneceram a base necessária para discorrer sobre
Modalidade Deôntica o que tornou viável a identificação dos elementos
relacionados a essa categoria dentro de um discurso. Seguindo os
postulados dos autores citados, a primeira parte desse trabalho abordará
os conceitos referentes a Modalidade e ao subgrupo, Modalidade Deôntica,
apresentando definições que tornarão nosso trabalho claro e
compreensível.
Na segunda parte desse estudo, será expostos os dados
encontrados no discurso citado e uma categorização dos mesmos. Em
seguida, na terceira parte do artigo, discutiremos a relação dos
modalizadores com a mensagem que o falante objetivou passar com seu
discurso.
Esperamos, dessa maneira, tornar evidente o uso dos modalizadores
nesse tipo de texto bem como mostrar para os leitores desse artigo
formas de uso da Modalidade Deôntica em discursos políticos e modos de
análise que podem ser utilizados em outros trabalhos futuros.
UM BREVE OLHAR SOBRE MODALIDADE
O linguista Pessoa (2007) defende que Modalidade é um domínio
semântico-discursivo, uma vez que o falante faz uso dos modalizadores
para a construção de sentido dentro do discurso.É a maneira como o
40
falante vai direcionando o discurso, seja para um sentido mais permissivo,
proibitório ou obrigatório, de modo que a sua mensagem expresse o valor
desejado.
A modalidade é tida como elaborada em termos funcionais
envolvendo o discurso do falante e a impressão do ouvinte em relação ao
processo de comunicação. Também, o uso de Modalidade abre um leque
de possibilidades de expressão discursiva, ou seja, o discurso do falante
pode ser recuperado mesmo quando o uso de modalizadores não esteja
explicitado.
De uma maneira mais geral, podemos olhar para a Modalidade como
uma gramaticalização das atitudes e opiniões dos sujeitos. Para uma início
de análise é necessário a observação de dois constituintes: o predicado e
seus argumentos bem como suas relações.
A Modalidade vai exprimir gradativamente a intenção do falante face
ao conteúdo proposicional do enunciado por ele produzido. Os valores de
possibilidade, permissão, obrigação, necessidade se relacionam de forma
equivalente.
A Modalidade linguística pode ser expressa por uma grande
variedade de formas que vão, em conjunto, tornando viável a finalidade
da mensagem: meios morfológicos, prosódicos e os elementos lexicais e
sintáticos. Os valores modais dividem-se em diferentes graus sendo os
mais comuns o grau deôntico e o grau epistêmico (relaciona-se com a
ideia de possibilidade) que fazem uso de diferentes modalizadores que lhe
darão o aspecto modalizador. Como já exposto, centraremos nossa
atenção na modalidade deôntica.
MODALIDADE DEÔNTICA
A Modalidade deôntica está relacionada à ideia de possibilidade ou
necessidade presente nos atos de falas e que dizem respeito à mensagem
que o falante pretende construir. O indivíduo, ao fazer uso da modalidade
deôntica, dá uma direção ao discurso, manipulando-o de forma a
41
despertar no ouvinte uma expressão voltada à permissão, obrigação ou
proibição.
Podemos afirmar que a modalidade deôntica está ligada
intrinsecamente aos sujeitos, ocorrendo principalmente com elementos
proposicionais dinâmicos. O falante vai fazer uso de elementos de forma a
impor, permitir, proibir o interlocutor quanto à realização do conteúdo
proposicional.
Segundo Lyons (1977), a modalidade deôntica teria sua origem na
função desiderativa da linguagem:
A origem da modalidade deôntica, como tem sido frequentemente
sugerida, é buscada nas funções desiderativa e instrumental da
linguagem: isso quer dizer que, no uso da linguagem, ela serve, de
um lado para expressar ou designar vontades e desejos e, de
outro, para conseguir que algo seja feito, com a imposição da
própria vontade a outros agentes (Lyons, 1977).
De acordo com Dick (1997) a modalidade deôntica está situada na
predicação relacionada à função representacional da linguagem; o autor
propõe assim uma organização da frase em camadas com uma tentativa
de formalização da estrutura frasal de forma que a frase já apresenta
todas as funções definidas. Estabelece-se então a modalidade deôntica
como possuidora de um componente interpessoal, uma vez que tem como
papel a modalização, o direcionamento da mensagem com o intuito de
levar o interlocutor à ação.
É interessante comentar a noção de futuridade presente na
modalidade deôntica no que se refere ao discurso político, no caso, um
discurso de posse que traz uma série de comprometimentos, obrigações,
permissões que devem ser realizados num tempo futuro.
No que tangem os valores deônticos, Lyons (1977) relaciona a
noção de permissão à possibilidade e a noção de obrigação à necessidade.
É interessante notar que essas noções podem aparecer diretamente e
indiretamente dentro do discurso bem como podem estar relacionadas
42
direta e indiretamente entre si, o que podem conferir ao discurso sentidos
diferentes. Daí, é importante salientar que esses limites nem sempre
poderão ser identificados considerando que no uso prático a utilização de
modalizadores pode variar no sentido e a sua relação com os elementos
satélites nem sempre é facilmente definida.
A PRESENÇA DOS VALORES DEÔNTICOS NO DISCURSO DE BARACK
OBAMA
Nessa seção do trabalho apresentaremos os dados coletados no
discurso de posse do presidente americano, relatando a forma como a
ocorrência se apresenta bem como o valor expresso por ela.
Os critérios de análise dar-se-á do seguinte modo: na tabela a
seguir estão organizadas na ordem em que aparecem no discurso as
sentenças nas quais há presença de modalizadores e a categorização
desses quanto à forma (verbo, adjetivo, substantivo, advérbio) e o
valor(permissão, obrigação, proibição)por eles expresso. A seguir
discutiremos a relação desses modalizadores dentro do discurso bem
como o sentido expresso por esses elementos.
Tabela 1
Ocorrência de frases com agentes modalizadores no discurso de
Obama
OCORRÊNCIA VALOR FORMA
1. Assim deve ser para essa
geração de americanos.
Permissão
sugestiva
Verbo
auxiliar
modal
2.”um temor persistente que faz
com que a próxima geração deva reduzir
suas perspectivas.”
Obrigação Verbo
auxiliar
modal
3.Mas saiba disso América,eles Obrigação Verbo Pleno
43
serão resolvidos.”
4.”todos são livres e todos
merecem a oportunidade de perseguir
sua plena medida de felicidade.”
Permissão
concessiva
Verbo pleno
5.”compreendemos que a grandeza
nunca é um fato consumado, deve ser
merecida.”
Obrigação Verbo
auxiliar
modal
6.”A partir de hoje devemos nos
reerguer(...)”
Obrigação Verbo pleno
7.”(...)vamos agir, não apenas para
criar novos empregos(…)”
Obrigação Verbo pleno
8.”(...)os dólares públicos terão de
prestar contas.”
Obrigação Verbo pleno
9.
”(...)trabalharemosincansavelmente(...)”
Obrigação Verbo pleno
10.”Não pediremos desculpas pelo
nosso modo de vida(...)”
Obrigação Verbo pleno
e advérbio
11. ”(…) e que a América deve
exercer seu papel trazendo uma nova era
de paz.”
Obrigação Verbo
auxiliar
modal
12. “(…)nós os derrotaremos Obrigação Verbo pleno
13.”(...)prometemos trabalhar ao
seu lado.”
Obrigação Verbo pleno
14.”(...)o mundo mudou, devemos
mudar com ele.”
Permissão
sugestiva
Verbo
auxiliar
modal
15.”(...)é exatamente este espírito
que deve habitar em todos.”
Permissão
sugestiva
Verbo
auxiliar
modal
16.”pois por mais que o governo
possa fazer e deva fazer(...)”
Obrigação Verbo
auxiliar
44
modal
17.”(...)todas as raças e todas as
fés podemhoje se unir em
comemoração(...)”
Permissão
autorizada
Verbo
auxiliar
modal
18. ”(...) meu pai menos de 60 anos
atrás, talvez não fosse atendido hoje pode se
colocar diante de você.”
Permissão
autorizada
Verbo auxiliar
modal
19. “Quando a resposta for sim,
pretendemos seguir em frente.”
Permissão
autorizada
Verbo pleno
Podemos perceber a maior ocorrência do verbo auxiliar modalizador
dever ora funcionando com modalizador de permissão, ora como
obrigação e quando acompanhado do advérbio de negação não
funcionando como modalizador de proibição. Na sentença (1) “Assim deve
ser para essa geração de americanos” o falante propõe algo ao ouvinte,
tenta mostrar que esse estado é o estado ideal e que deve ser seguido. Já
na ocorrência (2) “um temor persistente que faz com que a próxima
geração deva reduzir suas perspectivas” o verbo auxiliar modalizador
carrega a ideia de obrigação, pois a próxima geração será obrigada a
reduzir suas perspectivas diante do temor que persiste.
Na terceira sentença (3) “Mas saiba disso América, eles serão
resolvidos” o verbo pleno nessa sentença sugere a ideia de obrigação, o
comprometimento do falante diante de uma situação desfavorável. Em (4)
“todos são livres e todos merecem a oportunidade de perseguir sua plena
medida de felicidade” expõem-se uma permissão concedida para os
indivíduos em geral, o uso do verbo pleno merecem reforça o sentido de
direito adquirido. Na sentença (5) “compreendemos que a grandeza nunca
é um fato consumado, deve ser merecida”, compreendemos o verbo
modal dever ligado ao sentido de negação do advérbio nunca dando a
ideia de obrigação, pois a grandeza do qual está sendo falada somente
será alcançada por merecimento.
45
Nas construções (6) ”A partir de hoje devemos nos reerguer (...)” e
(7)” (...) vamos agir, não apenas para criar novos empregos (…)” temos
os verbos dever e ir como verbos plenos ligados a ideia de obrigação
conjunta, sendo que em ambos os verbos podemos recuperar o
sujeito.Aqui,fazendo uso do nosso conhecimento de mundo,é sabido que
tal discurso foi proferido num momento de grande turbulência econômica
nos EUA, o que também nos permitir compreender o sentido que o falante
constrói.
É evidente o sentido de obrigação nas sentenças que seguirão nas
quais tem o uso de verbos plenos terão, trabalharemos, pediremos
vinculado ao advérbio de negação não, o verbo auxiliar deve,
derrotaremos e prometemos,mais uma vez ressaltando o
comprometimento do falante tendo em vista a sua situação no momento
do discurso,(8) “(...) os dólares públicos terão de prestar contar”,(9)
”(...)trabalharemos incansavelmente(...)”, (10) “Não pediremos desculpas
pelo nosso modo de vida (...)”, (11) ”(…) e que a América deve exercer
seu papel trazendo uma nova era de paz”,(12) “(…)nós os derrotaremos”
e (13) “(...) prometemos trabalhar ao seu lado”. Quando defendemos que
estes verbos levam consigo a ideia de obrigação, estamos levando em
consideração a figura que o falante representa, além de promessas, tal
discurso apresenta o papel que um presidente deve exercer. Esse papel é
de conhecimento de toda a sociedade, mas, no discurso, a exposição
dessas obrigações serve para passar aos ouvintes o compromisso do
falante.
Ligadas à ideia de permissão sugestiva temos as sentenças (14)
“(...)o mundo mudou, devemos mudar com ele” e (15) “(...)é exatamente
este espírito que deve habitar em todos”. Em ambas as frases temos o
verbo modal dever funcionando como modalizador nos dando a ideia de
algo que é permitido aos ouvintes e ao mesmo tempo sugerindo que
determinada ação seja realizada.
Na sentença seguinte temos a presença de dois modalizadores, um
epistêmico (possibilidade) e um deôntico (obrigação). O verbo auxiliar
46
modal dever traz consigo novamente a relação de obrigação,
comprometimento do governo com a sociedade, nessa ocorrência temos a
presença da possibilidade(modalidade epistêmica) e obrigação
(modalidade deôntica) , “(16) pois por mais que o governo possa fazer e
deva fazer(...)”.
Em (17) “(...)todas as raças e todas as fés podem hoje se unir em
comemoração(...)” e (18) “(...) meu pai menos de 60 anos atrás, talvez
não fosse atendido hoje pode se colocar diante de você”, podemos
classificar como permissão concessiva muito próxima da ideia de
possibilidade, mas considerando a realidade histórica em que o falante
está inserido, o advérbio de tempo hoje revela-nos passa osentido de algo
permitido atualmente, concedido pelos agentes que tanto lutaram para a
concretização desta ação; como dissemos, muito próximo à ideia de
possibilidade. Já em (19) “Quando a resposta for sim, pretendemos seguir
em frente”, o verbo pleno pretendemos também funcionando com
modalizador de permissão concessiva,deixa claro na sentença a ideia de
permissão que poderá ser concedida mediante a resposta positiva do
ouvinte.
É interessante salientar que se faz necessário um total contato com
o corpus utilizado. Seria interessante que o leitor desse artigo entendesse
o sentido geral do discurso do presidente americano, tendo em vista a
construção que o agente vai moldando com o suporte dado pelos
modalizadores. Como nesse trabalho apenas o uso
da modalidade deôntica foi analisada,muitos trechos e passagens do
discurso com modalidade epistêmica presente foram ignorados e apenas
aqueles com ligação direta, ou seja, que também trazia a modalidade
deôntica foram colhidos. Por fim, é importante observar que não houve
nenhuma ocorrência de modalizador proibitivo. Pode-se comentar,
historicamente falando, que o discurso do presidente americano focou na
turbulência pela qual o país estava passando na época de sua eleição,
portanto, fez-se necessário o maior uso possível de modalizadores ligados
47
a obrigação por parte do falante, de modo a passar a sensação de
esperança para o povo americano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto podemos observar que, no tocante ao uso da
modalidade deôntica, o discurso foi construído em sua maior parte ligado
à ideia de obrigação fazendo uso ora do verbo auxiliar modal dever, ora
com verbos plenos no tempo futuro, resgatando o caráter de futuridade
da modalidade deôntica.Seguido da ideia de obrigação, temos a
construção do sentido de permissão que caminha lado a lado com a ideia
de possibilidade (modalidade epistêmica).O resultado não surpreende,
pois o que se espera de um discurso político é o comprometimento do
falante que expõe suas obrigações, o que dali para frente será viável para
aquela sociedade. Podemos então afirmar que a modalidade deôntica é
um suporte de extrema importância para a construção do discurso político
considerando que o esperado no desenvolver desse tipo de discurso são
as ideias de obrigação, necessariamente, e é esse um dos sentidos
abrangidos pela modalidade deôntica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Berlin/ New York: Mounton de Gruyter, 1997a. Disponível em
http://www.googlebooks.com.br/. Acesso em 26 de maio de 2012.
DIK. C. S. The Theory of Funcional Grammar . Vol. 1. Ed by Hengeveld
(Kees).
LYONS, John. Semantics. Vo l. 2. Cambridge: Cambridge University
Press, 1977. Disponível em http://www.googlebooks.com.br/. Acesso em
26 de maio de 2012.
48
PESSOA, Nadja Paulino. Modalidade deôntica e persuasão no discurso
publicitário.
2007. Dissertação (Mestrado em Lingüística) – Programa de Pós-
Graduação em
Lingüística, Universidade Federal do Ceará - UFC, Fortaleza, 2007.
49
A MODALIDADE DEÔNTICA NO DISCURSO POLÍTICO1
Aliny da Silva PORTELA2
Resumo: O discurso político se configura em um palco onde ideologias são manifestadas e o discurso do “dever” se faz pertinente. Tendo isso em vista, o presente artigo objetiva analisar as formas de expressão da modalidade deôntica nos discursos políticos do senador baiano João Durval. Para tanto, através de uma concepção funcionalista dos estudos linguísticos, verificaremos como se apresentam as variáveis de valor deôntico (proibição, permissão sugestiva, permissão autorizada, permissão concessiva, obrigação) e as formas de expressão (verbo pleno, verbo auxiliar modal, adjetivo, substantivo, advérbio) com que se manifestam no corpus selecionado. Esse, por sua vez, consiste de três discursos (Habilitação para motoboys e mototaxistas; Revitalização dos portos da Bahia; Regulamentação da profissão de vendedor ambulante) proferidos, respectivamente, nos anos de 2007, 2009 e 2010 no Senado Federal.
Palavras-chave: valores modais; modalidade deôntica; discurso político.
INTRODUÇÃO
O ato de interação verbal, a partir de em um viés funcionalista, é
compreendido como a tentativa de locutores e interlocutores de
transformar as informações pragmáticas dos indivíduos com os quais
estabelecem interação. Visando esta transformação, o falante vale-se de
expressões modais para construir em seu discurso um percurso
persuasivo. De acordo com suas intenções pragmáticas, os falantes
tendem a apresentar determinadas expressões modais.
Modalidade aqui compreendida, como bem nos elucida Cervoni
(apud MENEZES, 2006), como “um ponto de vista do sujeito falante sobre
o conteúdo proposicional de seu enunciado”. Assim, três modalidades,
segundo Menezes (2006), foram estabelecidas pelos lógicos de acordo
1 Artigo elaborado como atividade avaliativa para disciplina Funcionalismo, ministrada pela professora
Claudete Lima em 2012.1.
2 Graduanda em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
50
com o eixo da existência, o eixo do conhecimento e o eixo da conduta. O
primeiro eixo estaria relacionado à modalidade alética, o segundo à de
modalidade epistêmica e o último à modalidade deôntica. A modalidade
alética compreende a determinação do valor de verdade dos enunciados.
A modalidade epistêmica, por sua vez, compreende a possibilidade ou a
necessidade da verdade da proposição. Já a modalidade deôntica aborda a
possibilidade e/ou a necessidade de atos executados por agentes
moralmente responsáveis.
É preciso salientar, entretanto, que o referente artigo trabalha com
a modalização linguística e que, embora apresentem suas
particularidades, os estudos lógicos ou linguísticos acerca da modalização,
segundo Menezes (2006), orientam-se pela classificação dessas três
modalidades.
Compreendendo a natureza persuasiva dos discursos políticos, o
referente artigo pretende analisar a expressão da modalidade deôntica
nos discursos Habilitação para motoboys e mototaxistas; Revitalização dos
portos da Bahia e Regulamentação da profissão de vendedor ambulante,
proferidos pelo senador João Durval. Através da análise de variáveis de
valor deôntico e de suas formas de expressão, pretendemos compreender
como o discurso, ao se utilizar da específica modalidade, constrói os
argumentos persuasivos para garantir a mudança pragmática dos
indivíduos participantes do ato de interação verbal. É importante, contudo,
esmiuçar o conceito de modalidade deôntica.
MODALIDADE DEÔNTICA
Segundo Menezes (2006, p. 40), Lyons compreende modalidade
deôntica como a proposição vinculada à necessidade ou à possibilidade de
atos realizados por agentes moralmente responsáveis, temos, então o
Estado de Coisas a ser obtido. É importante lembrar, entretanto, que os
51
conceitos de obrigação, da proibição e da permissão estão diretamente
vinculados a um conjunto de crenças sociais, ou seja, passam pelo crivo
de convenções sociais e culturais, do reconhecimento dos membros de
uma sociedade dos valores e pesos presentes nestas normas. Norteados
pelos valores reconhecidos em uma determinada sociedade é que
podemos estabelecer aquilo que se apreende como obrigatório, permitido
ou proibido.
Segundo Kalinowski (1976 apud MENEZES, 2006), à modalidade
deôntica destinam-se os valores modais de obrigação, proibição e
permissão. Menezes (2006) nos esclarece ainda mais o assunto ao
apontar as características observadas por Lyons, a saber:
a) A modalidade deôntica relaciona-se à necessidade ou possibilidade
de atos realizados por agentes moralmente responsáveis;
b) A modalidade deôntica mantém intrínseca conexão com a
futuridade;
c) A necessidade deôntica tipicamente procede ou deriva de alguma
origem ou causa.
Em síntese, a modalidade deôntica apresenta os valores vinculados
ao dever. Pautados nesta percepção, podemos partir ao corpus.
METODOLOGIA
Estabelecendo como corpus do trabalho os discursos Habilitação
para motoboys e mototaxistas; Revitalização dos portos da Bahia e
Regulamentação da profissão de vendedor ambulante, proferidos pelo
senador João Durval no Senado Federal, analisaremos as formas de
expressão da modalidade deôntica, verificando como se apresentam as
52
variáveis de valor deôntico (proibição, permissão sugestiva, permissão
autorizada, permissão concessiva, obrigação) e as formas de expressão
(verbo pleno, verbo auxiliar modal, adjetivo, substantivo, advérbio) com
que se manifestam no corpus selecionado.
Para uma melhor compreensão, estabelecemos a seguinte legenda:
D01- discurso Habilitação para motoboys e mototaxistas;
D02- discurso Revitalização dos portos da Bahia
D03- discurso Regulamentação da profissão de vendedor ambulante
P- parágrafo
L- linha
Ex: D01P02L09- discurso 1; parágrafo 02; linha 09
LEVANTAMENTO DE DADOS
Abaixo, encontra-se a tabela referente às ocorrências detectadas:
OCORRÊNCIAS REFERÊNCIA VALOR FORMA
1. Em outras palavras, a iniciativa visa a incorporar ao CTB as condições indispensáveis pelos condutores para prestação de serviços remunerados em veículos de duas ou três rodas.
D01P02L02
Obrigação
Adjetivo
2. Para preencher tal lacuna, faz-se mister, contudo, a criação de
D01P03L01
Obrigação
Adjetivo
53
uma categoria específica no Código de Trânsito para a habilitação destes condutores. 3. A Constituição Federal estabelece que cabe à União legislar sobre trânsito e transporte.
D01P04L02
Obrigação
Verbo pleno
4. Em que pesem as tentativas de as cidades regulamentarem a atividade, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) proíbe expressamente motos de fazerem transporte comercial de passageiros.
D01P07L06
Proibição
Verbo pleno
5. Nessa ordem, vigora ainda uma resolução do Contran que veda o uso de motos para o transporte comercial de passageiros.
D01P08L05
Proibição
Verbo pleno
6. Ainda segundo os mesmos especialistas, as poucas pesquisas sobre o tema no Brasil indicam que o “mototáxi” é notadamente importante para as classes de renda mais baixa, que não são bem atendidas pelo
D01P10L02
Obrigação
Adjetivo
54
transporte público.
7. Podemos até detectar laivos do liberalismo econômico a prevalecer nas decisões da época, na busca de um desenvolvimento autônomo, mas não menos dissociado da ação do Estado.
D02P02L01
Permissão
sugestiva
Verbo pleno
8. Nas memórias da refundação do Brasil, vale frisar que, por ocasião da fuga da coroa portuguesa para a América, a família real e toda a sua comitiva tiveram o privilégio de serem acolhidas em uma baía sob as bênçãos de todos os santos.
D02P05L05
Permissão
concessiva
Locução verbal
9. Senhoras e Senhores Senadores, é preciso destacar, com veemência, que não se trata aqui, de uma realidade transitória: os ambulantes estão aí, nos grandes centros urbanos, e aí estão para ficar.
D03P06L01
Obrigação
Adjetivo
55
10. O poder público deve passar a encará-los como trabalhadores que têm de ser assistidos — e não combatidos ou perseguidos como se transgressores fossem.
D03P06L04 Obrigação Verbo auxiliar modal
11. Urge fazê-lo, pois, apesar de gerar renda, o trabalho informal não contribui com a estrutura fiscal ou previdenciária, o que acarreta males consideráveis para o Estado, à sociedade como um todo, e ao próprio trabalhador informal, que permanece vulnerável — ele e sua família — a qualquer intercorrência, sem dispor de mínima cobertura legal.
D03P08L04
Obrigação
Verbo auxiliar modal
12. Em quarto lugar, já restou claro que não adianta simplesmente proibir o trabalho do ambulante.
D03P09L01
Proibição
Verbo pleno
13. Senhoras e Senhores Senadores, o processo de regulamentação pro-fissional dos vendedores
D03P10L02
Obrigação
Verbo auxiliar modal
56
ambulantes deve ser efetuado em ambiente aberto e democrático, com a colaboração de representantes do Estado, de especialistas, da comunidade, dos trabalhadores e dos próprios lojistas legalizados.
14. Senhor Presidente, é de fundamental importância lastrear a regulamentação no fato de que essas pessoas foram subtraídas ao mercado de trabalho formal por uma contingência que lhes escapa à vontade, e precisam auferir rendimentos como qualquer um de nós, por via de seu esforço pessoal intenso.
D03P11L01
Obrigação
Adjetivo
ANÁLISE DE DADOS
Pautados nas ocorrências apresentadas acima, podemos perceber
que o valor deôntico obrigação se faz pertinente nos três discursos
políticos, ganhando ainda mais relevância em D03. Tal fenômeno, a partir
de uma análise contextual, pode ser justificado pela finalidade pragmática
do senador João Durval em persuadir os ouvintes de seu discurso acerca
57
das propostas apresentadas pelo mesmo ao Senado Federal. Valendo-se,
portanto, do consenso social de “bom”, “belo” e “verdadeiro”, por
exemplo, o senador estabelece a base de suas propostas e relembra o
compromisso do Senado, dos representantes políticos com esses valores.
Por promover em suas propostas os valores socialmente estimados, o
falante instaura, então, em seu discurso os valores vinculados à noção do
dever.
Embora o valor deôntico obrigação se caracterize como mais
relevante, dada a frequência com que se manifesta nos três discursos, os
valores dêonticos proibição e permissão também são encontrados, como
verificamos no gráfico abaixo:
Gráfico 1: Valores deônticos instaurados nos discursos políticos
Como verificado no gráfico, o valor deôntico proibição é recorrente
em 22% das ocorrências coletadas, sendo utilizado para demonstrar o
quadro de leis acerca da legalidade do trabalho de motoboys,
mototaxistas (D01) e da regulamentação do vendedor ambulante
(D03)que pretende ser modificado pelas propostas do político em um
64%
22%
14%
Valores Deônticos
1
2
3
OBRIGAÇÃ
PROIBIÇÃO
PERMISSÃO
58
futuro próximo. Tal posicionamento pode ser conferido nos exemplos
abaixo:
a) Nessa ordem, vigora ainda uma resolução do Contran que veda o
uso de motos para o transporte comercial de passageiros. (D01)
b) Em quarto lugar, já restou claro que não adianta simplesmente
proibir o trabalho do ambulante. (D03)
O valor deôntico permissão, por sua vez, representado em 14%
das ocorrências se exemplifica nas seguintes orações em D02:
a) Podemos até detectar laivos do liberalismo econômico a
prevalecer nas decisões da época, na busca de um
desenvolvimento autônomo, mas não menos dissociado da ação
do Estado.
b) Nas memórias da refundação do Brasil, vale frisar que, por
ocasião da fuga da coroa portuguesa para a América, a família
real e toda a sua comitiva tiveram o privilégio de serem acolhidas
em uma baía sob as bênçãos de todos os santos.
O valor deôntico obrigação, como já citado, possui maior relevância
nos três discursos, representando 64% das ocorrências e exemplificado na
oração seguinte:
a) O poder público deve passar a encará-los como trabalhadores
que têm de ser assistidos — e não combatidos ou perseguidos
como se transgressores fossem.
Quanto à relação entre os valores deônticos instaurados e suas
formas de expressão encontramos seus dados na tabela abaixo:
59
VALOR
DEÔNTICO
FORMAS DE EXPRESSÃO
ADJETIVO VERBO PLENO VERBO AUX.
MODAL
LOC. VERBAL
Obrigação 55,6% 11,1% 33,3% -----------------
Permissão ----------------- 50% ------------------ 50%
Proibição ----------------- 100% ------------------ -----------------
Verificamos, então, que a forma predominante para o valor
deôntico obrigação foi o adjetivo. Para o valor permissão temos uma
divisão equilibrada entre as formas de verbo pleno e de locução verbal. O
valor proibição, por sua vez, teve apenas uma forma de expressão, o
verbo pleno. As seguintes orações exemplificam estes fenômenos:
a) Senhor Presidente, é de fundamental importância lastrear a
regulamentação no fato de que essas pessoas foram subtraídas
ao mercado de trabalho formal por uma contingência que lhes
escapa à vontade, e precisam auferir rendimentos como qualquer
um de nós, por via de seu esforço pessoal intenso. (D03)
b) Podemos até detectar laivos do liberalismo econômico a
prevalecer nas decisões da época, na busca de um
desenvolvimento autônomo, mas não menos dissociado da ação
do Estado. (D02)
c) Nessa ordem, vigora ainda uma resolução do Contran que veda o
uso de motos para o transporte comercial de passageiros. (D01)
CONCLUSÃO
60
O discurso político por representar o palco onde ideologias e
obrigações são apresentadas, estas sempre pautadas no consenso social,
vale-se como estratégia de persuasão da modalidade deôntica, a
modalidade, do dever.
Nos discursos do senador João Durval, apresentados como corpus
deste trabalho, encontramos o valor deôntico obrigação como
preponderante. Tal fenômeno pode ser explicado a partir da finalidade
pragmática do discurso, que pretende convencer os ouvintes a aderiram
aos posicionamentos propostos pelo político.
REFERÊNCIAS
DISCURSO POLÍTICO DO SENADOR JOÃO DURVAL. Disponível em: http://www.senado.gov.br/senadores/senador/joaodurval/midia/publicacao/Discursos_Joao_Durval.pdf. Acesso em: 20 Abril 2012.
MENEZES, Léia Cruz de. A modalidade deôntica na construção da
persuasão em discursos políticos. Fortaleza, 2006.
PESSOA, Nadja Paulino. Modalidade deôntica e Persuasão no
Discurso Publicitário. Fortaleza, 2007.
61
Seção 4
INDETERMINAÇÃO DO AGENTE
62
A INDETERMINAÇÃO DO AGENTE NO PORTUGUÊS ORAL DE PAÍSES AFRICANOS
Bruno Pereira MAGALHÃES
Larissa PEDROSA
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as diversas formas de indeterminação do agente no português falado em países africanos, e suas motivações discursivas para a realização desse fenômeno na língua. Para tanto, utilizamos de dados colhidos de conversas transcritas entre falantes africanos, mais precisamente de Angola e Cabo Verde. Primeiramente, fizemos a análise das conversas, para depois, destacarmos os casos de agente indeterminado no discurso dos falantes do nosso corpus. Através dos resultados obtidos em nossa pesquisa, identificamos um uso frequente de pronomes indefinidos e de verbos na 3ª pessoa do plural no português angolano, enquanto que, em Cabo Verde, a divisão se dá entre os pronomes indefinidos e a passiva sintética, havendo neste uma distribuição maior do que naquele.
Palavras-chave: Indeterminação; agente; africanos.
INTRODUÇÃO
O presente artigo verificará a frequência do uso da
indeterminação do agente no português africano, mais precisamente
no português falado em Angola e em Cabo Verde.
De acordo com a gramática normativa, o sujeito é
indeterminado quando não há possibilidade de detectar a quem se
refere o predicado, podendo ser expresso de duas maneiras segundo
José de Nicola (2009, p.406) “seja porque o próprio falante não tem
essa informação, seja porque o falante não quer identificar o sujeito”.
Por exemplo, na frase “consideravam-no um traidor” pode-se
recuperar o sujeito da oração através do contexto em que ela foi
enunciada. Já na frase “precisa-se de pessoas solidárias” não há
interesse em identificar o agente, pois a intencionalidade é de
generalizar a informação.
63
Além dessas formas gramaticais de indeterminação, o uso de
pronomes indefinidos também caracteriza, semanticamente, a
indeterminação do sujeito. Por exemplo, na frase “alguém falou que
a gente vendeu 56 copias nos EUA, o que é um absurdo”. Sabe-se
que existe um agente, mas não somos capazes de determiná-lo a
partir de dados tão imprecisos, é necessário um conhecimento prévio
do assunto abordado.
Por fim, o autor José de Nicola classifica as situações de uso da
indeterminação do sujeito em indefinição (exemplo 1 e 3),
generalização (exemplo 2) e dissimulação quando remetemos a frase
“dizem que o filme não é muito bom” no lugar de “eu acho que o
filme não é bom” ou “o filme não é bom”. A dissimulação, neste caso,
procura suavizar a opinião do falante.
Dentro de uma perspectiva funcionalista, a indeterminação do
agente é munida de uma classificação mais ampla dos recursos
pragmáticos. É neste contexto, que o presente trabalho, com base
nas abordagens realizadas na nossa pesquisa irá se fundamentar.
Através dos casos em que há a indeterminação do agente, sejam
através de:
Nominalização: São os casos em que substantivamos
um verbo, utilizando-o na função sintática de sujeito da
oração. Ex.: A saída do jogador não foi bem vista pela
torcida.
Pronome indefinido: Referem-se à 3ª pessoa do
discurso de modo vago, impreciso ou genérico,
representando pessoas, coisas ou lugares. Ex.: Não
entendo certas pessoas.
Impessoal não-pronominal: É reconhecido pelo uso do
verbo em 3ª pessoa do plural, sem fazer referência a
64
nenhum pronome, deixando assim, o agente
indeterminado. Ex.: Fizeram as pazes ontem mesmo.
Obs.: Quando fazemos o uso da 3ª pessoa para
indeterminar o agente, estamos protegendo a sua
identificação, ou por não conhecermos, ou por não ser
importante a sua identificação. Portanto, o verbo pode se
referir tanto a um grupo de pessoas, como a uma só
pessoa.
Passiva sintética: A voz passiva sintética é formada por
um verbo transitivo direto ou bitransitivo, na 3ª pessoa
(singular ou plural) mais a partícula apassivadora “se”.
Ex.: Praticaram-se ações solidárias.
Passiva analítica: A voz passiva analítica é construída
com o verbo ser ou estar, acompanhado de um verbo
principal no particípio (sendo esse verbo transitivo direto
ou bitransitivo), mais um agente da passiva. Ex.: Ações
solidárias foram praticadas.
Obs.: Esse tipo de passiva é usada para dar mais ênfase à
ação do que o próprio agente. No exemplo acima, o
falante diz “Ações solidárias foram praticadas”, mas não
diz quem as praticou. Observa-se que o mais importante
é a ação, ou seja, que elas foram praticadas.
Média pronominal (1), não-pronominal (2) e média
perifrástica (3): São os tipos de voz média existentes
na língua portuguesa. É um ponto na gramática que
causa muita polêmica, tanto que são poucas gramáticas
tradicionais que tratam sobre o assunto, pois alguns
autores desconsideram a existência da voz média no
português, outros a consideram como um subtipo da voz
65
reflexiva, e ainda há outros que defendem uma ligação
entre a voz média e a voz passiva. Vejamos o que diz a
professora Claudete Lima sobre o tema:
A voz média, por exemplo, mantém com a passiva e a reflexiva relações tão estreitas em português que, muitas vezes, se confunde com estas. A descrição que predomina nas gramáticas tradicionais é reflexo dessa dificuldade, uma vez que os autores mostram flutuações na classificação de determinadas formas como exemplos de voz média, de passiva, ou reflexiva. Até mesmo na lingüística há indícios dessa dificuldade, quando autores, como Camara Jr. Não definem bem a voz médio-passiva, ilustrada por casos como vendem-se casas, bastante discutidos na linguística tradicional e moderna, para as quais têm-se dado interpretações diversas. (LIMA, 2005, p. 545)
Ex.: (1) A porta fechou-se.
(2) A porta ficou fechada.
(3) A porta está fechada.
A nossa pesquisa tem como corpus a entrevista de alguns
nativos africanos que falam o português, sendo os países em
destaque Angola e Cabo Verde. Buscaremos, então, através da
análise dos discursos destes falantes do português, de origem
africana, em situações formais e informais, abordar e identificar as
formas de indeterminação do agente. Da mesma forma, buscaremos
tratar sobre o estatuto informacional do sintagma e identidade do
agente.
SOBRE A INDETERMINAÇÃO DO AGENTE
Começaremos o nosso trabalho apresentando primeiramente
com uma explicação sobre a indeterminação do agente, como o
falante consegue alcançá-lo durante um discurso e por qual razão
utilizá-lo.
66
Essa temática vem sendo bastante pesquisada por especialistas
da área, principalmente, pelos linguistas funcionalistas, por ser um
tema que causa bastantes dúvidas nos falantes, a indeterminação do
agente vem chamando bastante atenção destes profissionais. Existem
muitas divergências, sobretudo, com relação à terminologia. Isso se
percebe quando observamos um trecho do artigo Questões sobre a
“indeterminação” do sujeito, de Gredson dos Santos. O autor conclui
que:
A partir das considerações de Rollemberget al e Bechara, e
admitindo-se como plausível a hipótese de que o sujeito é uma
função sintática que responde às necessidades estruturais do sistema
do PB e que a agentividade está ligada ao aspecto semântico do
sistema, podendo ela ser um traço de sujeito ou de outro termo
sintático, adota-se neste trabalho a posição de que, na verdade, não
faz sentido falar em indeterminação do sujeto em contextos como os
que aqui são analisados, mas sim em indeterminação do agente da
ação inidicada pelo verbo – é o que acontece, por exemplo, num
enunciado como eu fui assaltado, em que a função de sujeito cabe ao
pronome, mas o agente não está especificado. (SANTOS, 2006, p.
15)
Aqui, o autor se refere ao português brasileiro, mas levando em
conta que o sistema linguístico utilizado pelos brasileiros e o sistema
linguístico africano dos países pesquisados é o mesmo, com poucas
diferenças de ordem cultura e geográfica, podemos afirmar, com base
nesse trecho citado, que o autor reconhece que nem sempre o agente
vai corresponder ao sujeito, isso quer dizer, que se o falante
indeterminar o agente de uma oração, isso não significa que o sujeito
será indeterminado.
Em um outro trabalho que se intitula Abragência pessoal dos
processos de indeterminação do agente, Tupiná (1984), resume bem
o assunto por nós abordado:
67
A indeterminação corresponde ao cárater de indiferenciação, falta de individualidade ou de especificidade de um termo, capaz de conferir ao enunciado um teor de imprecisão e generalidade, em decorrência do ponto de vista do emissor. (TUPINÁ, 1984, p. 63)
Como se sabe o falante possui várias formas de conseguir essa
indeterminação em uma oração, porém, não conseguimos encontrar
todas as formas de indeterminação do agente, pela falta de algumas,
ou por falta de atenção dos autores desta pesquisa. Com isso,
buscamos evitar discussões sobre possíveis dúvidas acerca do
assunto, por esse motivo, nos atemos pura e simplesmente na
pesquisa de dados sobre a temática e analisar os seus resultados.
METODOLOGIA
Para iniciar a nossa análise, coletamos amostras de
indeterminação do agente no português falado em Angola e Cabo
Verde. Essas amostras fazem parte do projeto Português Falado,
coordenado pelo Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Retiramos do corpus indicado 95 ocorrências na forma de frases
completas com agente indeterminado. Utilizamos 7 textos transcritos
para a coleta dos dados, sendo 3 para a analise do português falado
no Cabo Verde, nos quais participaram 3 homens cujas profissões são
as seguintes: marinheiro, tipografo e comerciante e 4 para a analise
do português falado na Angola, nos quais participaram 1 estudante
de curso superior e 3 profissionais formados em curso superior.
Posteriormente, classificamos e organizamos os dados de
acordo com os seguintes critérios: codificação (nominalização,
pronome indefinido, impessoal não-pronominal, passiva sintética,
passiva analítica, média pronominal, média não-pronominal ou média
perifrástica), estatuto informacional do sintagma nominal (novo,
inferível ou velho) e identidade do agente (desconhecida, inferível,
dada anaforicamente ou dada situacionalmente).
68
Finalmente, através desta categorização podemos analisar cada
ocorrência individualmente de acordo com a frequência de uso em
diferentes contextos e explorar diferentes motivações discursivas.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Dentro das ocorrências coletadas construímos 6 quadros
comparativos quantitativos e averiguamos qualitativamente alguns
exemplos, indicando as frequências de uso das categorias escolhidas
para analise no decorrer dos diálogos examinados dos países
africanos, Angola e Cabo Verde.
A primeira categoria diz respeito à codificação, ou seja, como a
indeterminação do agente se apresenta. O que podemos constatar
através do quadro 1.1é que o uso do pronome indefinido é o mais
frequente no português falado na Angola, principalmente o pronome
“você”, entre as 27 ocorrências de pronome indefinido, 15 são
formadas pelo pronome “você”,ou seja, 55,55%. O segundo mais
frequente é o pronome “algum” e suas variações aparecendo 3 vezes,
ou seja, 11,11%. Como exemplos, destacamos as seguintes frases:
“se você estiver debaixo de uma árvore a apanhar chuva...” (A
Guerra e o Ambiente)
“... o que não quer dizer que alguns angolanos...” (O ensino em
Angola)
Exceto o pronome “outros” que apareceram2 vezes, o restante
dos pronomes indefinidos aparecem apenas uma vez. Quadro 1.1 – Angola
Codificação N° de ocorrências
Nominalização 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
Pronome indefinido 27
69
Em seguida, analisando o quadro das ocorrências do português
falado em Cabo Verde (quadro 1.2), constatamos que,
diferentemente dos resultados obtidos no quadro 1.1, a forma
encontrada mais frequente no discurso foi a estrutura passiva
analítica, como por exemplo, na frase:
“... é um catalogo que é editado em Espanha...” (Coleccionismo)
Vale ressaltar que o uso de nominalizações que estavam
ausentes no corpus angolano, apareceu em 5 ocorrências no corpus
cabo-verdeano, ou seja, 11,6%.
A presença do verbo impessoal não-pronominal foi bastante
frequente, assim como nas ocorrências do corpus angolano. Quadro 1.2 – Cabo Verde
Impessoal não-pronominal 13
Passiva sintética 08
Passiva analítica 01
Média Pronominal 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
Média não-pronominal 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
Média Perifrástica 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
Codificação N° de ocorrências
Nominalização 5
Pronome indefinido 6
Impessoal não-pronominal 12
Passiva sintética 07
Passiva analítica 13
Média Pronominal 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
70
Não verificamos nenhuma ocorrência de média pronominal,
média não-pronominal e média perifrástica.
A segunda categoria de classificação refere-se ao estatuto
informacional do sintagma nominal. De acordo com os quadros 2.1 e
2.2 apuramos o número de ocorrências inéditas (novo), não podem
ser deduzidas (inferível) e repetidas (velho).
Quadro 2.1 – Angola
Estatuto informacional N° de ocorrências
Novo 9
Inferível 15
Velho 25
Quadro 2.2 – Cabo Verde
Estatuto informacional N° de ocorrências
Novo 10
Inferível 23
Velho 12
Enfim, classificamos a identidade do agente, como sendo
desconhecido, inferível, dado anaforicamente ou dado
situacionalmente.
No exemplo abaixo notamos que devido ao uso do pronome
indefinido “tudo” a oração não permite a dedução do agente, ou seja,
classifica-se como inferível.
Média não-pronominal 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
Média Perifrástica 0 (não apareceu ou não foi
identificada)
71
“... desde que haja vontade politica dos governos, tudo se pode
fazer...”(A guerra e o ambiente)
Nos próximos exemplos, notamos que o uso da estrutura
passiva analítica, passiva sintética e verbo impessoal não pronominal,
a identidade do agente não pode ser reconhecida mas, sabemos que
ele existe. Há o interesse do falante em generalizar a informação ou
em ocultar a identidade desse agente por falta de conhecimento ou
por vontade própria em não revelar.
“... a historia nunca foi contada devidamente...” (As mornas)
“... apanhava-se, servia-se então para os pratos pequenos.”
(Colher de panela).
“... e então dizem que o sentimento...” (As mornas)
Nas orações em que podemos resgatar o agente
anaforicamente aparecem, em sua maioria, através de verbos
impessoais não-pronominais. O que significa que se retornarmos ao
ponto inicial da informação a identidade do agente será revelada,
como no exemplo a seguir:
“... e comiam bem porque este prato leva muito...” (Colher de
panela)
Através da leitura constatamos que o agente da oração são
“trabalhadores”.
Enfim, a identidade do agente também pode ser resgatada
através do contexto. Observe o seguinte exemplo:
“... você trabalha com o padre Horacio desde quando?” (Meninos de
rua)
O entrevistador questiona o entrevistado, através desse
contexto, sabendo que se trata de um diálogo entre duas pessoas
somos capazes de deduzir a identidade do agente.
Quadro 3.1 – Angola
Identidade do agente N° de ocorrências
72
Desconhecido 10
Inferivel 3
Dado anaforicamente 21
Dado situacionalmente 15
Quadro 3.2 – Cabo Verde
Identidade do agente N° de ocorrências
Desconhecido 18
Inferivel 8
Dado anaforicamente 12
Dado situacionalmente 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente artigo, buscamos trabalhar com as mais variadas
formas de indeterminar um agente em uma oração e quais são as
motivações discursivas do falante. Para isso, usamos um corpus com
95 orações e analisamos os possíveis casos de indeterminação.
Evitamos falar sobre questões que causassem alguma dúvida,
como por exemplo, a voz média quanto ao seu uso. Por uma questão
de tempo, e principalmente, embasamento teórico para tratá-la aqui
neste trabalho, pois não teríamos condições de desenvolvê-la.
Por fim, conseguimos analisar a grande ocorrência de pronomes
indefinidos como “você(s)”, que generalizam o sujeito na oração.
Percebemos com isso, o uso de diferentes formas de utilizar o
pronome indefinido, através de verbos transitivos diretos, impessoais,
e até mesmo de ligação. Podemos identificar também uso frequente
da passiva sintética e inexistência da passiva sintética para a
indeterminação do agente, no corpus angolano.
73
Já no corpus cabo-verdeano, há uma distribuição bem maior de
usos para a indeterminação do agente, dando ênfase para o grande
uso da passiva analítica na maioria dos casos, algo inexistente no
corpus angolano, como o surgimento da nominalização, que não
aparece na fala dos angolanos.
É evidente que este trabalho não consegue abranger todo o
assunto, pois a língua portuguesa é bastante rica, para não dizer
complexa, o que leva a muitos linguistas a divergirem, dificultando a
análise de muitos casos. Contudo, esperamos ajudar a aqueles que
buscam informações sobre a temática da indeterminação do agente.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para
Concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares/ Nilson Teixeira
de Almeida. -- 9. ed. rev. e atual. -- São Paulo: Saraiva, 2009.
De Nicola, José. Gramática: palavra, frase e texto/ José de Nicola; colaboração
Lorena Menon – São Paulo: Scipione, 2009.
LIMA, Maria Claudete. Reflexões sobre a medialidade em português. Estudos
em homenagem ao Professor Doutor Mário Vilela, vol. 2, 2005, pág. 545.
Disponível em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4585.pdf. Acesso em: 27
mai. 2012
SANTOS, Gredson dos. Questões sobre a “indeterminação” do sujeito.
Disponível em: http://www.inventario.ufba.br/05/pdf/gsantos.pdf. Acesso em: 30
mai. 2011.
TUPINÁ, Heloísa Marques. Abrangência Pessoal dos Processos de
Indeterminação do Agente: ALFA, Revista de Linguística. Vol. 28, p. 63-69,
1984, São Paulo.
74
Seção 5
GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO ”DAR“
75
*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
A GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO “DAR”, NO PORTUGUÊS BRASILEIRO, NOS SÉCULOS XIX E XX.
Kelmy CAMURÇA Suellen MORAES*
Resumo: No artigo em questão, apresentamos diversas ocorrências com o verbo “dar” no português do Brasil, durante os séculos XIX e XX. O objetivo desse trabalho é apresentar as diferenças do comportamento léxico-gramatical de “dar” apresentando-o em diversos contextos interacionais, provando assim a multifuncionalidade desse verbo no Português Brasileiro. Além do objetivo mencionado trata-se também de explicar de acordo com a vertente funcionalista, que a língua é um instrumento de interação social e portanto não deve ser interpretada de forma autônoma. Assim a análise, dividida em três etapas: Pesquisa, coleta de dados e categorização de “dar”. Não se restringiram somente às descrições sintático-semânticas. Através de dados coletados e das pesquisas realizadas por teóricos conceituados como Travaglia (1996), Heine et alii (1991), Esteves (2008) e Neves (1994), observamos que ao se analisar um verbo deve-se ir mais além dos conteúdos normativos.De acordo com o corpus que analisamos, verificamos a categorização verbal de “dar” em construções orais e escritas no português brasileiro e confirmamos a importância de se ampliar os estudos gramaticais tradicionais.
Palavras-chave: Gramaticalização. Dar. Categorização.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema a gramaticalização do verbo dar.
Com base no corpus do português, nos séculos XIX e XX, investigaremos as
ocorrências do verbo e verificaremos seus usos e valores.
O verbo dar pode ser caracterizado de varias formas: dar modal, dar
lexical, dar aspectual e dar discursivo. A análise sobre construções com o
verbo dar exigiu que nós fôssemos atrás de alguns conceitos funcionalistas e
para tanto iremos nos fundamentar essencialmente em Neves 2004 e outras
pesquisas.
A multifuncionalidade da língua passou a constituir o ponto de partida
para este trabalho. Procuramos analisar e descrever as formas do verbo dar
tanto semanticamente, como sintático-discursivo.
Ao tratarmos a língua como instrumento de interação social e que
serve como meio de comunicação, o artigo, que investigará essas ocorrências
do verbo dar no português brasileiro, irá apoiar-se na teoria funcionalista que
tem por prioridade o uso da língua voltando-se para as relações entre língua
76
*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
mais geral como um todo e a comunição entre os indivíduos.
Este trabalho se justifica já que muitos são as formas que o verbo dar
pode exercer num determinado contexto. Sabemos que esse verbo sofre
processo de gramaticalização ao apresentar em frases valores discursivos,
outras vezes valores de verbo suporte entre outros que analisaremos.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Sabemos que a língua é um instrumento de interação social e que
serve como meio de comunicação entre os usuários. Sabemos também,
que este instrumento interacional pode ser modificado de acordo com o
meio social de cada usuário.
De acordo com Neves (2008), o Funcionalismo constitui:
Uma teoria da organização gramatical das línguas naturais que
procura integrar-se em uma teoria global da interação social.
Observamos então, que a Linguística Funcionalista prioriza o estudo da
língua como um todo e as diversas modalidades que os indivíduos apresentam
no momento da comunicação. Neves (2008) considera ainda em sua vertente
funcionalista que a língua é um instrumento de interação social e que jamais
deve ser considerada como autônoma sabendo que está sujeita à modificações
advindas do uso, determinando assim, a sua estrutura gramatical.
Segundo Esteves (2008) os funcionalistas diziam que a fala, em
transformação constante, é responsável por gerar o sistema linguístico. Essa
ideia defendida por Esteves (2008) reflete bastante no local/ espaço em que o
discurso se desenvolve, envolvendo assim, as situações comunicativas que são
guiadas por diferentes contextos sociais. Dentro da vertente funcionalista,
tratamos a gramaticalização do verbo. Para adiante esclarecermos melhor o
tema devemos nos valer de conceitos de gramaticalização. Muitos teóricos
funcionalistas tratam dessa temática. Devemos também nos situar de que a
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
gramaticalização não é uma descoberta recente da linguística. Sua origem
remete às propostas gramaticais dos gregos e, sobretudo, foi muito utilizada
pelos comparatistas do século XIX em suas análises. Vejamos mais abaixo
alguns conceitos sobre gramaticalização.
Com base em Heine et alii (1991) a cadeia da gramaticalização do
verbo dar é descrita da seguinte forma: verbo-predicador e verbo-suporte. De
acordo com o teórico deve-se analisar também o comportamento sintático-
semântico desse verbo pondo em relevância o papel da frequência no processo
de gramaticalização desse item verbal.
De acordo com Travaglia (2001) os verbos gramaticais eram resultados
de uma mudança linguística chamada de gramaticalização que se entende
como a passagem de um item gramatical a outro mais gramatical ainda.
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa é uma analise do processo de gramaticalização
sofrido pelo verbo dar. É uma pesquisa de caráter histórico, comparativo já
que iremos investigar as ocorrências em dois séculos, XIX e XX.
O trabalho teve como base artigos, livros, sites, monografias, teses
elaboradas no século XXI e que se inserem dentro da teoria funcionalista.
No estudo prévio da pesquisa, foram selecionadas algumas definições
que são essencias para uma boa compreensão do que vem a ser
gramaticalização e os tipos de verbo dar. Para poder categorizá-lo foi
necessário deter-nos em definições de verbo – suporte, expressão idiomática,
verbo pleno, entre outras.
A análise do artigo esta dividida em três etapas: primeiramente
pesquisamos sobre gramaticalização no geral e também sobre a
gramaticalização do verbo dar. Em seguida passamos para a segunda etapa
que foi a coleta das ocorrencias de frases em que apareça o verbo dar no
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
corpus do português, seculos XIX e XX. Organizamos as frases encontradas em
lista (Frases completas e incompletas). Identificamos cada ocorrência coletada
com as informações necessárias, no caso do texto (linha, fonte e resumo dos
dados em gráfico). A última e terceira etapa foi a de categorização dos dados
coletados. Nesta etapa categorizamos cada ocorrência conforme o tempo
verbal, o modo verbal, a codificação do verbo na frase, o tipo de verbo (Dar)
se é lexical, modal, aspectual ou discursivo, o período e ou século em que a
frase se insere (XIX ou XX). Dentro dessas três etapas podemos observar as
frequências, os fatores que levaram cada categorização e o contexto em que
estão inseridas.
4. ANÁLISE DE DADOS:
Frases do Século XIX em que aparece o verbo dar:
1- “Quem perdeu hum cavalo sellado procure-o em caza de Manoel
Joaquim de Santa Anna morador no Jogo da bola na Rua do Alecrim, a
quem dando os signaes certos, e pagando-lhes as despezas não duvida
entrega-lo.”(E-B-81-Ja-016)
Tempo verbal: presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical-transferência de posse
2- “Quem achasse hum menino de idade de 4 anos, bem parecido, o
queira mandar pôr em sua casa na Rua da Lapa do Desterro, casa número 40,
que seu pagará toda a despeza que se tiver feito com elle, e dará o seu
premio a quem o achar.”(E-B-81-Ja-018)
Tempo verbal:futuro
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Modo verbal: indicativo
Codificação:dar lexical – transferência de posse
3-(...) “Macário não pôde dar todos os pormenores históricos e
característicos daquela assembleia.”(SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA
LOURA Autor: Eça de Queirós)
Tempo verbal:pretérito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
4-“ Viam-na de manhã, quando saía, dar bons-dias à vizinhança e sorrir às
pecadoras mendigas, que nas tabernas jantavam gravamos por qualquer
pataco, ter com elas palestras.” A RUIVA Autor FIALHO DE ALMEIDA
Tempo verbal:pretérito imperfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação: dar modal
5- “E o santo rapaz, contra todas as profecias dos velhotes da aldeia,
pendurara a baixa, encaixilhada com pau vinhático, à cabeceira da cama;
trocara o bonnet pelo chapéu de palha de abas largas; arregaçara as mangas
da camisa, para mostrar que os braços se lhe não tinham emaciado nem
amolecido na ociosidade da tarimba, e fora oferecer o trabalho desses braços a
quem lhe quisesse dar em troca um pouco de pão para a mãe e para ele.” O
ZÉ SARGENTO-Autor PEDRO IVO
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:subjuntivo
Codificação:dar lexical
80
*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
6- “Um dia Margarida, em frente daquele rasgo assombroso de valentia que
colocara Tadeu ao lado dos maiores heróis, pusera-se grave, meditativa, e
apontando com serena majestade para a lua que se reflectia num tanque do
jardim, pedira a lua ao seu amigo Tadeu! Está claro que ele lha não pôde dar,
mas gostou daquilo! Pais.” UMA HISTÓRIA VERDADEIRA-Autor MARIA AMÁLIA
VAZ DE CARVALHO
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
7- “Deixe-se estar quieto. Não vê que não pode sair deste quarto senão à
noite? pronunciou a voz enrouquecida de Tadeu. E sem dar mais atenção ao
seu odioso hóspede, pôs-se a arranjar papéis, uma trouxa de roupa, algumas
velhas relíquias, os retratos dos seus dous pequeninos, dos seus netos como
ele lhes chamava.” (UMA HISTÓRIA VERDADEIRA, Autor: MARIA AMÁLIA VAZ
DE CARVALHO)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
8- “Nós, cá os da serra - com mil diabos! -, nem lenha temos muitas vezes no
Inverno, nem uma pinga pra nos aquecer! Quando a rapariga fez quinze anos,
disse-lhe o pai solenemente: - que ela estava uma mulher feita, que lhe era
preciso trabalhar, que o amanho da casa lhe deixava muita hora livre para
outra ocupação; que ele era pobre e o pouco que tinha lhe custara muita baga
de suor para o ganhar; que a preguiça nem o próprio Diabo a queria, e que
nada havia como o trabalho para dar saúde e vigor.” (A FRECHA DA
MISARELA. Autor:ABEL BOTELHO)
Tempo verbal:presente
81
*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Modo verbal:indicativo
Codificação:expressão fixa- dar + SN
9- “ O termômetro continuava a dar as mesmas indicações elevadas; era
inexorável e despiedado, como a figura sinistra dum Inquisidor, ele tão frágil,
tão leve, tão delicado na aparência! - Que espírito do mal o houvera
construído? - murmurava o doutor” (A DOENÇA DA MIMI. Autor: JOSÉ
AUGUSTO VIEIRA)
Tempo verbal: presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal -oração no infinitivo
10- “(...) Sabia, por informações, da existência da cadeirinha e indaguei quem
na vila, me poderia dar uma carta que me introduzisse junto da fidalga.” (O
SEGREDO DA MINHA CADEIRINHA. Autor: CONDE DE ARNOSO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal: indicativo
Codificação:dar aspectual-verbo + SN
11- “Como a porta da igreja do convento estava aberta, ocorreu-me que o
sacristão me poderia dar informações que naquele momento tanto desejava.
ao entrar na igreja experimentei uma agradável sensação de bem estar.” (O
SEGREDO DA MINHA CADEIRINHA. Autor: CONDE DE ARNOSO)
Tempo verbal:pretérito imperfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
12- “Nestas circunstancias tao felizes eh, que eu tenho julgado poder dar ao
público este Compendio Histórico das Sciencias, e Bellas Artes.”(
Amaro:Compendio Autor Padre José Amaro da Silva)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal: indicativo
Codificação:dar lexical
13) " (...) e muito mais, porque ninguém pôde tomar parte, ou na prática, ou
na conversa sólidamente, sem que tenha razoens bastantes, para dar a
conhecer a todos a utilidade, que ha, de qualquer Sciencia, ou
Arte.”(Amaro:Compendio Autor Padre José Amaro da Silva)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação: dar discursivo – dar + a + SN
14) “(...) que se deve ensinar, por respeito a todas as ciencias, ou Artes, á
curiosa mocidade, a quem pretendemos dar alguma educaçaõ.”
(Amaro:Compendio Autor Padre José Amaro da Silva)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
15) “ Depois da utilidade desta pequena Obra, já reconhecida do Público, e
depois de todos os trabalhos, que se tem tomado para lhe dar perfeiçaõ,
podemos ter boas esperanças, de que ella seja geralmente adoptada por
todos, para dar á mocidade noçoens fundamentaes, verdadeiras, e exactas de
todas as cousas.”(Amaro:Compendio Autor Padre José Amaro da Silva).
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
16) “Depois da utilidade desta pequena Obra, já reconhecida do Público, e
depois de todos os trabalhos, que se tem tomado para lhe dar perfeiçaõ,
podemos ter boas esperanças, de que ella seja geralmente adoptada por
todos, para dar á mocidade noçoens fundamentaes, verdadeiras”(...)
Amaro:Compendio Autor Padre José Amaro da Silva)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação: dar lexical
17) “ (…) e Fradique assumiu para mim a estatura dum desses seres que, pela
sedução ou pelo génio, como Alcibiades ou como Goethe, dominam uma
Civilização, e dela colhem deliciosamente tudo o que ela pode dar em gostos e
em triunfos.” (Correspondência de Fradique Mendes Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal;indicativo
Codificação:dar lexical
18) “ O inglês dirá:-«É ir ao serviço ao domingo, bem vestido, cantar hinos». O
hindu dirá:-«É fazer poojah todos os dias e dar o tributo ao Mahadeo».”(
Correspondência de Fradique Mendes Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
19) “ Vim dar uma vista de olhos à fazenda. ao pé de Amélia uma rapariga
acamava couves numa canastra.” (O Crime do Padre Amaro Autor Eça de
Queirós)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
20) “Não tem que dar ordens aos escravos nem que se preocupar com
arranjos domésticos: a casa é simples: paredes de mármore ou de tijolo
pintado, tapetes macios e fundos e algum vaso precioso, num nicho, entre as
frestas que servem de janelas.”( Correspondência de Fradique Mendes Autor
Eça de Queirós)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
21) “As ruas que vinham dar à Praça, tortuosas, tenebrosas, com um lampião
mortiço, pareciam desabitadas.”( O Crime do Padre Amaro Autor Eça de
Queirós)
Tempo verbal:pretérito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
22) “Vim dar uma vista de olhos. E agora toca ao almocinho, hem? - Se é
servido.. disse a S. Joaneira. Agostinho, muito galante, ofereceu o braço à
mamã.”( O Crime do Padre Amaro Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Codificação:dar discursivo
23) “ Henrique veio dar a mão a Mariana, lançando um olhar de desprezo a
Salustiano, que o pagou com seu costumeiro sorrir sarcástico.”( Os Dois
Amores Autor Joaquim Manuel de Macedo).
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
24) “Como a porta da igreja do convento estava aberta, ocorreu-me que o
sacristão me poderia dar informações que naquele momento tanto desejava.”(
O SEGREDO DA MINHA CADEIRINHA Autor CONDE DE ARNOSO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
25) “(...) e que nada havia como o trabalho para dar saúde e vigor.” (A
FRECHA DA MISARELA Autor ABEL BOTELHO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
26) “ Pois eu queria-os todos meus, só pra uma coisa.. pra lhos dar! - Ora
agora, que lembrança! Vossemecê está a reinar.. - Não estou, Aninhas..
Queria-os pra lhos dar, pra mais nada, não! - Fracos desejos tem você!”( A
FRECHA DA MISARELA Autor ABEL BOTELHO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Codificação:dar lexical
27) “ A pequenina Maria viera; muito de manso, com uma tranquilidade
extraordinária, dar ao papá o beijo da noite.”( A FRECHA DA MISARELA Autor
ABEL BOTELHO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação: dar lexical
28) “O exército vitorioso ia tomar posse do Castelo de Faria, que lhe
prometera dar nas mãos o seu cativo alcaide.” (O CASTELO DE FARIA Autor
ALEXANDRE HERCULANO)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
29) “O Agostinho sugeriu que este final alerta podia dar lugar à réplica jocosa
- Alerta está!”( O Crime do Padre Amaro Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
30) “ Não te posso dar um banquete, mas hás-de ter uma sopa e um
assado(...)” ( Os Maias Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
31) “ (...) e uma rica procissão na rua, e boas vozes, e respeito, imagens
de dar gosto, ninguém bate cá os nossos portugueses.. Calei-me, esmagado.”(
A Reliquia Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:presente
Modo verbal: indicativo
Codificação:dar discursivo
32) “ Para dar de beber às éguas, paramos numa linda fonte que um cedro
assombreava. ( A Reliquia Autor Eça de Queirós)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
33) “ (...) em Vossa Lingua adverte que, para este fim, não pode
elle dar melhor documento do que ella está dando.”( Paiva:Enfermidades
Autor Manuel José de Paiva)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
34) “O certo he que as curas que se fazem com palavras, sempre foraõ
reputadas por indecentes. Só huma satisfaçaõ póde dar o Autor a quem ler
este livro, em taõ discreto reparo; porque, se nelle se acharem alguns periodos
radicados em racionaveis fundamentos, signal he da melhora que se deseja, a
discriçaõ com que se falla: mas se todos forem criticados por intrepidos,
indoutos, e inconcludentes; desde agora se declaraõ por naõ ditos; para que
naõ chegando a confirmar-se a offença, não fique sem remedio a infermidade.
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Ja que as doenças da lingua tanto se diffundem que até inficcionaõ ao Medico
que a està...”( Paiva:Enfermidades Autor Manuel José de Paiva)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
35) “(...) occasião de falar da sua pessoa, apresenta-se cheio de si mesmo. ---
------- - Estes defeitos não escapárão á perspicacia dos seus contenporaneos,
sis corruptæ eloquentiæ, e de Quintiliano, o qual, depois de enumerar estes
mesmos defeitos, todavia o justifica de muitos delles, como pode ver-se, lendo
o Capitulo X. Do livro XII. Das suas Instituições Oratorias. §. 5. Ácerca do
parallelo entre Demódtenes o Cicero tem escrito muito os Criticos, desde
Quintiliano até aos nossos dias; falando porêm somente dos modernos, a
pluralidade dos Criticos Francezes inclina-se a dar preferencia ao ultimo: com
tudo do commum sentir dos seus nacionaes se separou Fenelon nas suas
Reflexõs sobre a Rhetorica e sobre a Poetica, que é um curtoTratado, o qual
seve de continuação aos seus Dialogos sobre a eloquencia, e são tão belas, e
felizes as suas expressões, que merecem ser aqui copiadas: " Não me
demorarei em dizer, que Demóstenes me parece superior a Cicero: Protesto,
que ninguem tanto, como eu, admira Cicero; elle aformosêa tudo quanto toca,
ennobrece a (...)” (Carvalho:Eloquencia Autor Francisco Freire de Carvalho)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
36) “ (...)bem arranhada lhe ficou; inda bem! - Inda bem, querida Aninhas! E
o ladrão do almudeiro.. - Fez-se negro de raiva com o insulto; e, sem dizer
palavra, começou a ajuntar o que estava pelo chão, pérolas, oiro.. jóias, bem
lindas eram elas! e meteu tudo nos golpes do saio, e foi-se sem mais Deus te
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
salve do que um sumido Tu mo pagarás, que ia rosnando pela escada abaixo. -
Tens razão para ter medo, filha; agora o vejo eu; mas ainda lhe havemos
de dar remédio. - Quem? - Eu.. nós, se Deus quiser; nós e a nossa boa
fortuna. - Nós! Tu com dezasseis anos e eu com vinte, teu tio na corte, meu
marido em Lisboa, que havemos nós de fazer, mulheres, sós e sem ninguém? -
Sem ninguém! - Sem ninguém não, que aqui tenho a minha madrinha e
padroeira, a minha senhora Sant' Ana. - E eu o meu Vasco, que há-de fazer o
milagre sem ser(...)”( Arco de Sanct'Anna Autor Almeida Garrett)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
37) “naufrágio geral, é necessário corrermos a pontapés os intrujões que se
apoderaram dos cimos, arrogando-se o título de chefes e ditadores, em todos
os ramos da administração e da vida pública, e antepondo ao bem do Estado a
sua ânsia de gozos e riquezas, traída em toda a linha banditismo que nem
sequer já perde tempo em disfarçar ~se! Porém esta nossa jeremiada vai
longa, e compilaremos rápido os pontos principais exposição. Não temos um
museu d' artes decorativas, nem em embrião sequer, e é indispensável criá-lo,
se com alguma seriedade cuidamos de dar hausto, levantamento do nível
estético quer no consumidor, quer no produtor, aos nossos antigos centros de
actividade industrial. Não temos uma colecção móveis d' arte a que os artistas
ignorantes se reportem, nós que possuimos dos primeiros marceneiros e
restauradores de móveis do mundo. Não temos um gabinete de ourivesaria,
constituido com exemplares das nossas oficinas da Renascença, nós que ainda
hoje executamos com uma perfeição manual surpreendente, os trabalhos mais
arriscados de lavrantaria e filigranagem. Senhores dos primeiros canteiros do
mundo, não(...)”( Almeida:Gatos1 Autor Fialho de Almeida)
Tempo verbal:presente
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
38) “(...) alta, hein? Falta só que S. M. lhe mande saber da saúde ao
cagarrão. Eduardo d' Abreu pronunciou há dias na sala dos deputados a
palavra " malta ". Estiveram para se atirar a ele uns dez ou doze, e agora, ao
discutir-se a prisão do Mendonça Cortez, suspeito de falsário e ladrão em dois
processos, um praxista das dúzias, que tem feito reputação parlamentar sobre
motivos do modo de propor, verbera nos Pares o não se ter " respeitado o
regulamento " mantendo o tunante à solta - naturalmente para lhe dar tempo
de fugir (1). Nesta dispersão de blandícias com que os soltos pretendem talvez
tapar a boca aos catrafilados, é consolador ver um simples moço de café dando
lições d' atitude à sociedade. Há quatro dias vem ao Martinho um portador do
Limoeiro, pedir almoço para o digno Par. Resposta do Valentim: - Num se
pode. O xerbicio é de prata. 18 de Fevereiro. - (PEQUENA FÁBULA). Meto a
mão na algibeira.. depara-se-me um ramo de loiro, restos da coroa(...)”(
Almeida:Gatos5 Autor Fialho de Almeida)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
39) “catástrofes antigas, pretexto para mágicas d' estofos hilariantes, móveis
de preço e imobilizações d' actores em quadros vivos. Não vale confranger
desta franqueza. Os defeitos que aponto não dizem exclusivamente à arte da
pintura, mas são chancela das gerações pensantes actuais. Todos enfermam
deles, historiadores, actores, dramaturgos, caricaturistas, arquitectos,
louceiros e músicos. Além do que, Malhoa tem' por companheiro d' infortúnio,
o extincto Lupi, cujo quadro da Câmara Municipal não é superior como sonho
histórico, à grande tela que a Pombaleida acaba de lhe dar. Iniciando a
resenha por personagens d' importância, venho a cair do Marquês de Pombal,
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
no rei D. Carlos, de quem Malhoa produz um retrato de generalíssimo, com
mais medalhas do que a carroça do Conceição Silva das bolachas. Painel para
o Tribuna de Contas, diz o catálogo, e logo se vê pela emproada atitude,
cambando sobre a esquerda, pela brasa do olho e o ar legiferante que é
pintura para infundir respeito aos conselheiros. Na pala do capacete, o reflexo
do (...)”( Almeida:Gatos5 Autor Fialho de Almeida)
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
40) “ (...( e reis da velha Europa sobre as virtudes e trato dos seus povos, a
quando pela questão inglesa me passou pela cabeça abdicar, recapitula-se
sobre rigorosíssimas estatísticas que é no meu reino que formilham, de cima a
baixo, maiores e mais cafrarias de malandros. Aos que pois me lançam em
rosto a dinastia mórbida de D. João IV e descendentes, contraporei essoutras
de políticos inábeis, de gentis-homens cínicos, de burguesia soma e de plebe
sem vergonha, que é a história da sociedade portuguesa de há trezentos anos
para cá. Povos e reis, podemo-nos dar as mãos pelo conjunto homogéneo que
fazemos, repartir quinhões iguais na glória de havermos feito deste rectângulo
de paisagem um dos manicómios mais típicos da degenerescência humana em
desfilada p' rà demência. Bem sei que abrindo os livros da história, toda a
responsabilidade do mal é debitada aos reis, e toda a causalidade do bem
pertence aos povos: o caso de resto explica-se por os monarcas não serem
historiadores nem jornalistas, e por as casas reais serem já bastante pobres
para poderem arrematar a consciência dos Plutarcos.( Almeida:Gatos6 Autor
Fialho de Almeida) pág 5 - 41... que dão as vadiações! - Pior poderia ser. Não
morreu ninguém, graças a Deus. - Lá vêm eles! Afinal a escolta assomava no
cotovelo do caminho. Vinham três homens com as mãos para trás, amarradas
com cordas. Vinham cercados por uns doze cabras de cacete, um sujeito de
óculos com cara de defunto, muitos curiosos e uns parentes dos presos. A um
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
sinal da Guida, a autoridade, que montava um cavalo ruço, fez parar o grupo
em frente à latada. O Silveira, que era um dos melros, tentou dar um passo
fora do fecha-fecha, mas os guardas o repeliram: - Tá bebo, cabra! Você faz-
se besta. Você aqui não ginga, não, cabra! - Cabra, não faça ação! ameaçava o
outro. Aqui o prisioneiro ergue a cabeça, empina-se e grita: - Valha-me, Seá
Dona Guidinha do Poço! Era a voz do pobre Silveira, minha gente! Com esta
invocação fatídica, em uns manifestou-se um sentimento de piedade, em
outros de indignação. Todos conheciam que a intercessão.” Dona Guidinha do
Poço Autor Manoel de Oliveira Paiva
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
42) “é mágica? - É mais do que isso; é um anjo. - Anjo.. nesse caso não me
canso em ir procurá-la, porque é coisa que não existe mais neste mundo. -
Não te canses mesmo, minha velha; tu não a encontrarás; nem ela virá cá. Ela
é do céu; não pode descer a este inferno em que estou penando. XIV A
LAVADEIRA No dia seguinte bem cedo a boa velha veio pressurosa acordar
Elias. - Levante-se, meu moço; o dia amanheceu bonito, e tenho uma bela
notícia para lhe dar. - Boa notícia para mim.. não é possível! para mim.. neste
mundo já não pode haver notícia nem boa nem má. A única boa notícia que
me poderiam dar era que já morri. - Qual! quem fala agora em morrer.. dou-
lhe parte que temos agora aqui perto uma bela vizinhança: já Vmcê. não ficará
tão sozinho. - Vizinhança! oh! que bela nova! tomara que me deixem sozinho,
e que eu nunca lhes veja a cara. Senão me mudarei ainda.” O Garimpeiro
Autor Bernardo Guimarães.
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
43) “ (...) que nesse sacrifício arrastavas mais uma vítima.. - Oh! se me
lembrava.. mas eu nem notícias tinha de ti.. e, mesmo que as tivesse, a não
estares em circunstâncias de valer a meu pai, levarias a mal esse sacrifício, se
infelizmente se consumasse.. - Não, minha Lúcia.. eu não teria remédio senão
admirar-te, embora se me estalasse de dor o coração. Mas a carta que te
escrevi do Sincorá, acaso não chegou-te às mãos? - Chegou, Elias; mas em
que momento, meu Deus? Eu acabava de dar o meu consentimento, de
comprometer solenemente a minha palavra para com meu pai; já era tarde.
Faz idéia de quanto era triste e desesperadora a minha posição. - Pobre Lúcia!
quanto és boa.. quanto és adorável e sublime! Se antes eu te amava, de hoje
em diante eu te admiro, eu te adoro, e não me julgo digno do amor de uma
criatura tão superior, de um anjo, de que o mundo não é digno.” - Se não te
julgasse digno. O Garimpeiro Autor Bernardo Guimarães.
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
44)” (...) qual punha por baixo da porta a quantia devida. Nunca nenhum se
ausentou sem ter primeiro cumprido o seu dever, com a proverbial probidade
do matuto e do sertanejo do norte. No tocante ao traje, ver um dos matutos
era o mesmo que ver os demais. Camisa por cima de ceroulas de algodão - eis
em que ele consistia. Todos tinham os pés nus, e quase todos por cima do cós
das ceroulas o longo cinto de fio, cofre portátil onde traziam o dinheiro,
terminando em cordões com bolotas nas pontas, os quais serviam
para dar muitas voltas em torno da cintura antes do laço final. Metida entre o
cinto e o cós guardava cada um sua faca de ponta presa pela orelha da bainha.
Da arma só aparecia o cabo, figurando a cabeça de uma serpente que tinha o
restante do corpo oculto. Já era noite, e dentro do rancho lançava crepuscular
claridade o candeeiro de azeite, que pendia, por uma corda corrediça, de um
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
dos caibros da coberta. Alguns dos rancheiros estavam com as mangas
arregaçadas como se foram prestes.” O Matuto Autor Franklin Távora
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
45)” (...) não. Se ele quisesse, me tratava de outra moda. Como é então que
ele te trata? - Eu não sei dizer como é, não, meu padrinho. Eu só sei que
Lourenço é mau e ingrato. Triste e cabisbaixa, a menina poz-se a chorar. Era
muito intensa a dor que feria seu coração. Não chores, pequena, disse
Francisco abalado. Hei de fazer que ele venha a casar contigo. Pede bem a que
eu não morra. Tanto farei que ele mesmo é que me há de pedir licença
para dar este passo. Secreto pressentimento, porém, dizia à menina, não
obstante este formal compromisso do matuto, que nem o coração de Lourenço
nem sua mão lhe pertenceriam jamais. Entretanto a esperança que tais
palavras infundiram em seu espírito, entrou ai como luz serena e divina.
Momentos depois, voltaram todos para casa, conduzindo as mãos-de-milho. A
uns derramavam-se espigas pelas costas, a outros caiam os atilhos dos braços,
ou das mãos. Marianinha, enquanto os demais tinham a atenção concentrada
na colheita”. O Matuto -Autor Franklin Távora
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
46) “(...)não sei o que faça.. JÚLIA - Vamos para dentro, e prudência.. AMÁLIA
- Quero matá-lo com um desengano agora mesmo.. JÚLIA - Temos tempo:
para brigar nunca é tarde. Vamos, vamos.. (Como que lutam, mas Júlia a leva
para a alcova). CENA IV JULIANO JULIANO - Estou acabrunhado! O movimento
do cavalo e a frescura da manhã fizeram-me algum bem: bebi muito, bebi
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
demais, mas tenho a cabeça aliviada. Bebi muito vinho e comi pouco. Vamos
dormir, se eu puder dormir! Ah! é preciso dar tréguas a esta vida de lutas e de
sobressaltos. A ociosidade, o amor próprio, uma vaidade ruinosa e a sociedade
em que vivo arrojaram-me nesta vida e nesta comédia sombria, que poderá
acabar em drama! Quem seria aquela dama que acompanhava Clarice?
Desmaiou quando ou proferia esses lugares comuns, essas frases banais de
todos os tempos! Não era Carolina, porque essa não desmaiaria; seria..
(Pensa) Não; é impossível! A tanto se não abalançaria.” É tímida, e virtuosa.
Os Lobisomens - Autor Araújo Porto Alegre
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
47) “o seguinte, á parte) Agora: bravo! (Dançam) Bravo, madame; bravo,
chevalier. Allons, du courage. 1. Prendi o rato na ratoeira, Tinha o focinho já
na melgueira. 2. Ganhei a aposta, tenho calecha; Vou dar em cheio, bater a
brecha. 3. (Estribilho na 2ª parte) Cartinha amada, foste um tesouro! Achei o
fio, e que fio d' ouro! 4. (Na repetição) Oh, que finura! Oh, que requinte!
Tenho calecha, vou dar no vinte. 1. Pobre da tola, está na esparrela; E o
maganão zombando dela. 2. Anda por fora; come a fartar, E a pobre em casa,
e a jejuar. 3. Ele na rua, buscando tocas; Ela encerrada, comendo mocas! 4.
Que padre mestre, que meninório! Que diplomata, oh! que finório. 1. O meu
tratante também queria Levar a vida na fadaria; 2. Mas eu cortei-lhe o jogo no
meio, Triunfei”. Os Lobisomens Autor Araújo Porto Alegre
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
48) GASPARINO - É um serviço, minha senhora, que pode e até deve prestar
todo o amigo dedicado e fiel. MARIQUINHAS - Estou ciente, Senhor Gasparino:
está cumprida a sua missão? GASPARINO (Tirando uma carta do bolso) -
Pediu-me mais que lhe entregasse este - párfumé - e que dissesse a Vossa
Excelência que, já que ele próprio não podia manifestar os seus sentimentos,
confiava ao papel os arcanos de sua alma, pede-lhe resposta. (Entrega a carta)
MARIQUINHAS (Rasgando a carta) - Diga-lhe que a melhor resposta que lhe
posso dar é esta. GASPARINO - O que fez, minha senhora? Vossa Excelência
rasgou uma página cheia de inspiração e de sentimento! Uma página que
encerra as confissões de uma alma apaixonada! É preciso não ter coração! O
Barão ama-a como um louco, adora-a e em nome de tudo que Vossa
Excelência tem de mais caro e de mais santo, em nome de sua mãe, eu peço-
lhe, suplico-lhe de joelhos (Ajoelhando-se) que alimente essa paixão que pode
levá-lo à sepultura. CENA XI OS MESMOS. Tipos da Atualidade Autor Joaquim
José da França Júnior
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
49) Só Este, que um deus cruel arremessou à vida, Marcando-o com o sinal da
sua maldição, - Este desabrochou como a erva má, nascida Apenas para aos
pés ser calcada no chão. De motejo em motejo arrasta a alma ferida.. Sem
constância no amor, dentro do coração Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão. Longos dias sem sol! noites de
eterno luto! Alma cega, perdida à toa no caminho! Roto casco de nau,
desprezado no mar! E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto; E, homem,
há de morrer como viveu: sozinho! Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem
pão! sem lar! A um violinista Quando do teu violino, as asas entreabrindo
Mansamente no espaço, iam-se as notas quérulas, Anjos de olhos azuis, às
duas mãos partindo Os seus cofres de pérolas, - Minhas crenças de
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
amor, esquecidas em calma No fundo da memória, ouvindo-as recebiam Novo
alento, e outra vez do oceano de minh'alma. Alma Inquieta Autor Olavo Bilac
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
50) AMBRÓSIO - É o que eu também digo; mas como preveni-las? FLORÊNCIA
- Faze o que entenderes, meu amorzinho. AMBRÓSIO - Eu já te disse há mais
de três meses o que era preciso fazermos para atalhar esse mal. Amas a tua
filha, o que é muito natural, mas amas ainda mais a ti mesma.. FLORÊNCIA -
O que também é muito natural.. AMBRÓSIO - Que dúvida! E eu julgo que
podes conciliar esses dois pontos, fazendo Emília professar em um convento.
Sim, que seja freira. Não terás nesse caso de dar legítima alguma, apenas um
insignificante dote - e farás ação meritória. FLORÊNCIA - Coitadinha! Sempre
tenho pena dela; o convento é tão triste! AMBRÓSIO - É essa compaixão mal-
entendida! O que é este mundo? Um pélago de enganos e traições, um escolho
em que naufragam a felicidade e as doces ilusões da vida. E o que é o
convento? Porto de salvação e ventura, asilo da virtude, único abrigo da
inocência e verdadeira felicidade.. E deve uma mãe carinhosa hesitar na
escolha. O Noviço Autor Martins Pena.
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
Análise de frases so Século XX em que aparece o verbo dar
1)(...)Então com o porte financeiro que o governo vai ter para os dois
próximos anos acho que terá condições de enfrentar esse problemas. Se for
prioritário para Bauru a construção do hospital, diante de tantos outros
problemas que serão apresentados pela cidade, não tenho dúvida que o
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
governo vai colaborar. Se for outra a prioridade o governador também vai dar
seu apoio.(...)
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
2)O que não faz sentido é deslocar um assistente da Sebes (Secretaria do
Bem-Estar Social) para outra secretaria. Nós vamos terminar com os
privilégios que alguns têm. Tem uns que são contrados para dar aula e, de
repente, vai para um cargo administrativo. Não tem sentido.
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
3) “É preciso dar um ganho para que essa criançada saia da rua, com uma
profissão.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
4) “A população ainda tem dúvida sobre a ciência em relação à morte cerebral.
Mas hoje a ciência é capaz de dar o diagnóstico de morte cerebral com uma
certeza de 100%, com a realização dos exames necessários.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
5) “Ninguém ama mais alguém ou alguma coisa do que aquele que está
disposto a dar a vida por esse alguém, por essa coisa.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
6) “O fortalecimento do municipalismo seria uma das saídas. Há um tipo de
movimento nos mais diversos lugares que até agora não conseguiu dar
nenhuma dentada efetiva, digamos, nos donos da oligarquia, seja dos bancos,
da mídia, das montadoras, dos latifundiários.”
Tempo verbal:pretérito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
7) “O PDT quer mesmo dar um fim à aliança política que mantém com o PSDB
há cerca de seis anos? Flávio Torres - Olha, o PDT se ressente na forma como
essa aliança tem se processado na prática.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
8) “A experiência que tive na Area Externa e na fiscalização do BC e o que foi
revelado pela CPI dos precatórios é que a legislação nos dá poucos elementos
para trabalhar. Para dar um exemplo na área cambial: o BC identifica um
laranja numa operação em Foz de Iguaçu, um sujeito sem condição
econômica, que recebe em sua conta um depósito de US$ 5 milhões e saca no
dia seguinte em espécie, em reais.”
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
9)”A globalização não faz milagres. Não sou economista e não gosto desse
negócio de dar chute. Mas acho que se vem atribuindo muita coisa à
globalização, como se ela fosse uma espécie de serva de um poder invisível,
do qual não se fala.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
10) “Para se ter uma estrutura salarial justa, o ideal é que a diferença entre o
menor e o maior salário seja muito mais comprimida. Para que aí o governo
possa ter condições de dar bons salários aos mais baixos na carreira e salários
justos aos que estão no topo.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
11) “Sempre houve essa perspectiva de grupo itinerante, mas resolvi dar um
tempo, porque estava cansado. No mês que vem vamos para Portugal
apresentar Ubu. Quanto à ópera de Mozart, ela foi cancelada porque o festival
francês não conseguiu levantar o dinheiro da produção.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
12) “Como vai ficar o projeto Costa Dourada? Guerra - Iremos convocar
agentes privados brasileiros ou não, para dar continuidade ao projeto.
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Achamos que o Costa Dourada devia ter começado onde já existe uma certa
estrutura econômica, inclusive porque iria favorecer uma comunidade muito
mais ampla.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
13) “Quanto a ter sucesso na quase criação da República Democrática do
Congo, fazendo daquele imenso, rico e cobiçado país, realizando sonho de
Patrice Lumumba, bem, essa é uma tarefa que ultrapassa a potencialidade de
um homem só. Kabila tem de ser prudente, dar cada passo com firmeza, ter
em linha de conta a realidade cultural dos povos do Congo, não inventar
soluções apressadas para problemas antigos, resistir às pressões
ocidentalizantes, negociar, negociar sem perder de vista os objetivos que se
propos quando iniciou a luta contra Mobuto.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
14) “A lei não permite que se configure o crime perfeitamente. Vou dar um
exemplo: o fiscal do BC chega na agência de turismo e lá enfrenta uma porta
blindada, com uma câmera na frente e três, quatro seguranças armados”.
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
102
*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
15) “Franco - Mas isso será natural. As (--) estrangeiras instalam-se aqui
olhando o mercado interno, que vai dar a elas uma escala inicial grande e isso
já é atrativo em si que as coloca numa posição de exportar.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
16) “É lógico que ainda pode melhorar, mas tenho certeza de que isso
acontecerá. Foi praticamente um milagre o que ele fez. Em tão pouco
tempo dar uma arrancada dessas. Esse feito tem um valor pessoal enorme.
Mas ele deve tomar cuidado com a badalaçao e a cobrança.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
17) “O que o Guga fez foi sensacional, extraordinário. Mas se tiver um mau
resultado começam a dizer que foi sorte, não vai dar mais, está acabado. O
que eu diria para ele é: " Vá com calma, siga como está porque está muito
bom, você não tem a obrigação de ser um ídolo ".
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
18) “E, quando não for possível atuar sobre os fluxos de receitas e de gastos, a
reforma patrimonial e o uso de ativos, na privatização. Não cabe ao
governo dar sugestões a governadores, que têm secretariado competente para
decidir a combinação dessas coisas.”
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
19) “Perguntei se ele iria investigar o caso e ele disse que sim. Mas, quando
estive na secretaria, dois dias depois, disseram que ele tinha entrado em
licença. Estado - Como foi o desaparecimento de Lauristo? Marília - Ele foi
convidado a dar um depoimento. Enquanto estava depondo, o delegado
Firmino Sodré, que está com o inquérito, pediu a prisão preventiva dele ao
juiz. Mas o juiz Luís Belchior não foi encontrado pelo pessoal.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
20) “Uma vez, lendo num jornal, depois de ter tido uma atuação muito boa, o
repórter analisou da seguinte forma: " O Gottardo esteve bem, mas não foi ao
ataque " Fiquei impressionado. Olha só a análise dele, acho que precisa haver
equilíbrio em tudo. Procuro tê-lo na minha vida profissional e na maneira de
jogar, ser eficiente. Não dar sossego aos atacantes, pertubá-los, orientar
meus companheiros.. Não posso enganar, pois senão estaria enganando há 14
anos.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
21) “Foi tudo em tempo real. Estávamos lá na hora em que as coisas ocorriam.
Isso é incomum na TV. Nosso programa é quase uma gincana. Não existe
aquele esquema careta de figurino e maquiador. Estado - O Brasil Legal não
será mais temático? Casé - O programa, a partir deste ano, passa a ter
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
dispositivos. Vou dar outro exemplo: Passamos 12 dias em Sergipe, gravando
um programa cujo dispositivo será a fotografia.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
22) “JC - Você nunca teve outra profissão, senão o esporte? Simone - Eu sou
funcionária pública municipal há 24 anos, porque, minha mae, antes de
falecer, me fez prestar um concurso. Ela achava que eu tinha que ter um
emprego. ao longo desses anos todos, eu estive em diversas repartições, mas
sempre dei um jeito de mexer com esporte. Formei escolinha de basquete em
todas as escolas de bairro dessa cidade por onde passei. Eu também sou
Assistente Social e, quando estava cuidando de uma horta para crianças
carentes, dei um jeito de colocar um aro lá na horta e treinava os garotos
mesmo na terra. Além disso, sou treinadora da equipe de basquete do Anglo e
da categoria mini da Luso.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo erbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
23)" OP - Que apelo você faria a esses dirigentes tricolores? Croinha: " Eu peço
aos torcedores do Fortaleza, aqueles a quem eu dei tantas glórias, que me
ajudem, que eu realmente estou precisando de ajuda. Estou com a casa
atrasada, água e luz, e tem a dieta que a doutora passou, para eu manter,
todo dia, na minha refeição, que é muita verdura, frutas e leite, e eu estou
sem dinheiro para poder comprar esses alimentos “.
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Codificação:dar lexical
24) “Não é nenhuma apologia de uma pessoa que não ganhou a eleição.
Obviamente que quando entrei, inclusive amanha (dia 28 de maio) vai fazer
um ano que eu recebi o inesperado convite para ser candidata a Prefeitura de
Fortaleza, estava consciente de que eu estava entrando tarde; de que era
muito difícil a batalha. Mas dei o meu nome, o meu suor, a minha luta, os
meus sonhos, as minhas aspirações. OP - A senhora acha que a escolha do seu
nome foi tarde? SF - Foi tarde sem dúvida alguma.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
25) “Demorei a perceber a razão. Mas me dei conta de que a explicação
estava na minha biografia. Como você deve saber, tive uma infância
atormentada. Meu pai foi assassinado por motivos políticos quando eu tinha
apenas 3 anos. No final da década de 50, procurei escrever uma biografia do
meu pai, chamada A Vida do Cavaleiro Suassuna. Desisti, pois era doloroso
demais. Então, resolvi deixar para lá e fui escrever um romance. Um dia, dei o
que já tinha feito para minha irma ler e ela ficou assustada.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
26) “Apolonio - É. Pancadas, pau-de - arara, injeçoes. Um médico ficava ao
lado. Não sei quanto tempo fui torturado. Estava com 58 anos. Quando eu bati
neles me senti tão seguro, tão tranqüilo, que me dizia: " Eles podem até me
matar, mas eu já dei o troco " Se se pode dizer assim, fiquei à vontade
debaixo dos maus-tratos. Resolvi mostrar a eles que um comunista não geme
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
diante deles. Fiquei apertando os dentes e não me arrancaram um grito, um
gemido.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
27) “Decidi, então, arrumar um armário, onde encontrei uma flauta antiga do
Exército austríaco, um flajolete, e comecei a estudá-la e a fazer música. Foi
como dei meus primeiros passos para a música. Tive também o que
chamávamos de detector: uma caixinha pequena com cristal em que a gente
procurava a estação com agulha e ouvia música de Paris e Londres. Foram as
minhas primeiras sinfonias, óperas e operetas e apaixonei-me por tudo aquilo.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
28) “Entre outros ele sugeria Woody Allen, Bernardo Bertolucci, Milos Forman,
Godard, Peter Greenaway e Alain Resnais, para quem eu dei o meu voto, mas
o vitorioso foi mesmo o Bergman e lá em Paris eles divulgaram que ele ganhou
por unanimidade. Não engoli muito bem essa história toda.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
29) “Ele me incentivou tanto que, a um certo ponto, me perguntei: e por que
não? Quando eu era jovem, fiz críticas muito duras à academia. Mas agora,
não. Se aparecerem os votos, eu aceito. Já dei alguns telefonemas, já fiz as
primeiras sondagens. Se sentir que tenho alguma chance, me candidatarei.”
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
30) “Inf. - pronto () L.A. - () Inf. - não eu eu tirei eu eu resumi eu só tirei as
partes principais () - porque isso aqui é o é o é o livro todo - certo? - então eu
tirei partes ma / tirei xerox mais da parte de () o que é que ele tá pedindo e os
- os testes como aplica como corrente L.A. - () sobre todas as () que a gente
viu não é isso? Inf. - uhm-hum - é é: aquele material que eu dei pra: H. como
também - tem as folhinhas né? - eu coloquei as folhinhas - então eu tenho o
livro - que tem todo o material e se vendia antiamente nas livrarias as
folhinhas do teste - eu coloquei também atrás pra vocês - então nessas duas
folhas aqui tem uma que diz como que como aplica - a outra como corrige -
esa aqui é a folha onde tem a parte de recorte e onde a criança tem que fazer
o desenho das figuras - e aqui são as figuras que(...)”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
31) “Ele me pediu o nome dessa pessoa. Eu dei. Ele ligou para a secretária e
pediu que o localizasse. Em cinco minutos, quando já cruzávamos a segunda
avenida, ela ligou de volta. Meu editor virou-se para mim, ainda no telefone
com a secretária, e disse: " Na verdade, foi mais fácil do que parecia.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
32) “O Diário Associado tinha o Campanella. Tinha aquela revista.. Tinha
aquela revista que concorria com a Manchete e O Cruzeiro.. Como é que era o
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
nome dela? Mundo Ilustrado, bonita revista também. E aí foi assim. Aí eu fui
como repórter, eu fui olhando, olhando. Até que um dia peguei a máquina e
fotografei. Fotografei e tal e dei uma capa. Dei uma sorte que eu dei uma
capa. EVIRT: Qual foi a capa? SCARPINO: Foi a garota de Ipanema.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
33) “Ela estendeu o rosto para um beijinho. - Três pra casar - pediu. Dei um,
sem tocar na pele. Ou na camada de maquiagem entre minha boca e a pele
dela. Peguei um monte de laudas e saí cor-rendo.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
34) “Você fica mais bonita e mais amena quando está namorando. - Hoje de
manhã levei o maior susto quando me olhei no espelho. Não só por causa da
minha aparência, mas porque me dei conta que há muito tempo não me via,
apenas olhava, distraída. Você sabe o que significa quando a gente se
desinteressa pelo corpo - disse Lena, que não se afligia tanto com a própria
decadência física, mas com a desoladora sensação de desistência.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
35) “Isso era sempre o mais melancólico. Em tudo, aquela memória de outros
tempos mais dignos, escondida ali no teatro, nos canteiros da avenida São
Luís, nas vidraças da estação da Luz, na redação do Diário da Cidade, nos
casarões sobreviventes da avenida Paulista, por toda a parte. Tempos, pensei,
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
tempos melhores. E dei de cara com minha própria imagem refletida entre as
racha-duras de um espelho.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
36) “Daí que Francisco de Assis Rodano, reduzido a tição, a cinzas ou a nada,
continuou oficialmente vivo, tornando-se assim o único fantasma da história
humana com existência comprovada e legal. Não dei muita importância ao
nosso primeiro encontro. Andava eu pelos sete ou oito anos quando tomei
conhecimento daquele primo distante, que de fato o era, ao menos
topograficamente: morava eu no Rio, e ele em Barra do Piraí.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
37) “Claro! Você me disse que ela não era mais virgem e que você tinha feito
papel de otário.. - Eu menti. Ela abortou, depois que eu lhe dei uns tapas, sem
qualquer motivo. Eu estava bêbado..ela fugiu de mim e voltou para a casa dos
pais.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
38) “Para nossa surpresa, o motorista saiu de debaixo do carro e apanhou por
trás do assento um saco de farinha com rapadura. Eu só dei uma das minhas
duas latas de leite condensado. Estrela me mandou guardar a outra para mais
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
tarde - não se sabia o que ainda vinha pela frente, ela mesma tinha sonegado
os biscoitos.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
39) “Suassuna - Como pessoas nos entendíamos muito bem. Tínhamos
carinho mútuo e ele, em particular, me dava razão em vários assuntos. Eu
vivia dizendo que ele estava equivocado. O maracatu não precisa do apoio do
rock. ao contrário, quando ele se apoiava sobre o rock saía contaminado.”
Tempo verbal:pretérito imperfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
40 “)A organização tem como membros: industriais, economistas e cientistas,
sendo o seu número limitado a 100. Foi criada em 1968, após um encontro na
Academia dei Lincei, Roma. Procura levar a cabo novas políticas, bem como
tomar posições para solucionar alguns dos problemas mundiais que as
organizações e políticas nacionais tradicionais não conseguem resolver.”
Tempo verbal:pretérito perfeito
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar modal
41) “A luta tâmil, no final de 1998, viria a dar novos frutos, com a reconquista
de cidades importantes no Norte, tais como Mankulam e Kilinochchi.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Codificação:dar discursivo
42) “Saturno leva cerca de 10 horas e 14 minutos a dar uma volta completa
em torno do seu eixo, se a medida for tirada na equador; em latitudes mais
elevadas leva 10 horas e 40 minutos.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
43) “Sem perceber nada do que se passara, entrou e sentou no banco da
frente dando ordem de partida, mas não sem antes dar uma passadinha pela
igreja. Duda tinha se embrenhado terra adentro, e nem pra almoçar voltou.
Aproveitou o dia pra fazer coisas fora dos seus costumes e pensar.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar aspectual
44) “O testemunho humano está em a base de o projeto editorial de a revista
Marie Claire ed. Globo, que você dirigiu por três anos, e de Quarenta. Qual é a
importância de o testemunho, para você? Gosto muito de esta coisa de a Marie
Claire de dar voz a as pessoas.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
45) “Lamarca é um doido, temperamental, violento e sem cultura, a serviço de
terceiros, só sabe dar tiros e venerar líderes estrangeiros, no Ribeira,
corríamos risco de vida, enquanto ele desfrutava com suas amantes os dólares
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
roubados, enquanto isso, os líderes da tal revolução a veranear no
exterior..disse para as câmeras.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
46) “A custo conseguiu segurá-lo pela manga quando ele já descia o último
degrau do terraço: - Nas atuais circunstâncias seria impossível tirá-la de lá.
Mas vou dar uns passos, tenho amizades de influência na política, talvez lhe
consiga uma cadeira de professora em Itu mesmo.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
47) “Sob o poder da vara, o barco ia rio acima, a dar folga para a corrente,
que nesse como noutros pontos de passagem do Zêzere ê bastante rápida. E
na grande massa de água que assim fluia, estonteadoramente, refletiam-se as
estrêlas do cêu. - Desembuche duma vez, carago!”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
48)" A água nasce assim, não é mesmo ", pergunta. " Tenho pensado em
bailarinos sentados sobre um reservatório, sem se dar conta de que têm algo
que toda a humanidade quer e, evidentemente, essa é também uma metáfora
sobre a importância da arte nos tempos de agora”.
Tempo verbal:presente
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo
49) “Para os professores, esta é a afirmação total de ligação de a comunidade
a a escola, referiu Maria Lucília, professora de o 3º e 4º anos de a Escola
Monte Estoril. Sobretudo porque os docentes não recebem formação para
poderem dar aulas de ginástica a os seus alunos.”
Tempo verbal:futuro
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar lexical
50) “É portuguesa, mas iniciou a carreira artística em Espanha como cantora e
bailarina. Arriscou em dar a o fado um novo look.”
Tempo verbal:presente
Modo verbal:indicativo
Codificação:dar discursivo.
Através dos dados coletados, observamos as diferenças do
comportamento léxico-gramatical de “dar” apresentado em diversos contextos
interacionais, provando assim a multifuncionalidade desse verbo no Português
Brasileiro.
Resumindo a análise de dados tivemos então:
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
CONCLUSÃO
Concluindo o trabalho realizado, constatamos que durante o século XIX
e XX a grande maioria das situações analisadas sobre o verbo “dar” se
concretizou em apresentar o determinado verbo como lexical, ou seja, quando
há transferência de posse. Vimos que uma pequena parte das frases,
analisadas durante os determinados séculos, se destinaram a apresentar-se
ora como discursivo, ou seja, como expressões fixas, ou ainda como aspectual
que se concretiza quando temos o verbo dar ligado ao sintagma nominal.
Acreditamos que a pesquisa realizada e apresentada aqui servirá de
base para diversas pessoas que sintam a curiosidade de conhecer um pouco
mais sobre gramaticalização do verbo “Dar” na Língua Portuguesa, durante os
séculos XIX e XX, descobrindo então os diversos valores que o mesmo pode
assumir em diversas estruturas frasais.
REFERÊNCIA
0%
20%
40%
60%
80%
século XIXséculo XX
A GRAMATICALIZAÇÃO DO VERBO “DAR”, NO PORTUGUÊS BRASILEIRO, NOS SÉCULOS XIX E XX.
"dar" lexical
"dar" discursivo
"dar" aspectual
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*Graduandos em Letras pela Universidade Federal do Ceará.
CASTILHO, Ataliba T. de A gramaticalização. Estudos Linguísticos e literários, 19. Salvador: UFBA, mar. 1997, p. 25-64. de Janeiro , UFRJ, Dissertação de Mestrado, 1986. HEINE , B. et alii. From Cognition to Grammar- Evidence from African Languages. IN: E.TRAUGOTT & B. HEINE (eds.). Approaches to Grammaticalization , v.1, Amsterdam / Filadélfia: John Benjamins Publishing Company , 1991 ( 1991a) , pp. 149-187. MARTELLOTA, M.E.T. O presente do indicativo no discurso: implicações semânticas e gramaticais. Rio MOURA NEVES , M.H. M. 1994 Uma visão geral da gramática funcional. ALFA , V. 38 , PP. 109-127. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. O aspecto verbal no português: a categoria e sua expressão. Uberlândia – MG: Ed. Da UFU, 1981 (1ª Ed.), 1985 (Ed. Ver.) e 1996 (3ª Ed.).