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Juliani
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A FRONTEIRA DE JOSÉ JULIANI
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Não se sabe como isto acontecia, mas algumas cidades desde quando surgi-ram no meio do nada, tiveram o poder de incutir em seus habitantes, uma sen-sação firme e orgulhosa, de que aquele chão que haviam escolhido para morar e constituir família era um espaço privile-giado e muito especial. (Essa inspiração talvez tenha algo a ver com a parábola da Terra Prometida). Com um horizonte sem fim na cabeça, os primeiros moradores assistiam ao desembarque de gente de tudo quanto é canto percebendo que o progresso acelerado seria o único destino possível de um lugar tão rico para os negócios. Definitivamente não se tratava de uma dessas cidades bucólicas que ficam para-das no tempo e sua juventude sem nada pra fazer. Como toda grande história essa também merecia ser contada. Graças a esta visão, felizmente, cidades ainda jo-vens, mas de progresso vigoroso, dispõe hoje de um bom acervo de seus primór-dios. No início do século passado, os melhores testemunhos eram dados pe-los fotógrafos e suas máquinas maravil-hosas. Em Londrina, um deles, o pioneiro George Craig Smith, captou a vida so-cial dos ingleses e os primeiros sinais da nova civilização. Haruo Ohara, outro de nossos grandes fotógrafos, foi um esteta, arte pura. Com suas imagens e filmes comerciais da terra roxa Hikoma Udihara atraiu milhares de compradores do Brasil e exterior para o Norte do Paraná. Havia também um jovem magro e pola-co que ocupava uma posição destacada neste grupo pelo registro profissional, numeroso e diversificado que empreen-deu do cotidiano londrinense desde o início da década de 1930. Descendente italiano, curioso e observador, uma es-
pécie de Prof. Pardal que construía as próprias ferramentas de marcenaria, ele tinha entre suas habilidades a de também saber consertar máquinas de costura, relógios e armas de fogo. Mo-rou em Nova Europa, cidade do inte-rior de SP, onde criança acompanhava deslumbrado o trabalho dos retratistas nas festas municipais. Queria ser igual ao “Alemão”, o melhor deles, de quem acabaria comprando uma câmera 6 X 12 e equipamentos de laboratório. Autodidata, mexia em tudo, ouvindo atentamente a esposa Catarina fazer a tradução de velhos manuais estrangei-ros. Quando finalmente pôde comprar do “Alemão” a parte mais técnica da parafernália - inclusive uma lente, um tripé e o famoso pano escuro com forro vermelho usado pelos “lambe-lambes” de antigamente – sentiu-se pela primei-ra vez um autêntico fotógrafo. Em 1933 José Juliani tomou coragem e embarcou com a esposa e cinco filhos para morar e trabalhar como fotógrafo em Londrina. Foi contratado pela Cia de Terras para registrar o empreendimento coloni¬zador e não parou mais desde o momento, que em 1965 montou um lambe-lambe ao lado da Catedral. Ele morreu em 1976, parte de seu rico e expressivo acervo pode ser visto hoje numa exposição no Museu Histórico de Londrina. Foram estes os rostos do sertão - famíli-as anônimas, trabalhadores de todos os tipos, garotos de cara-suja de tanto brin-car, caboclos com terno de domingo fazendo pose no estúdio apertado, na mata ou na praça para o lambe-lambe – os primeiros habitantes a se sentirem especiais na nova fronteira chamada Londrina.
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Prof. Remy Duszazack e seus alunos em 1934
JULIANI é uma edição especial do Blog NoMomento Web-design: Marli Ribeiro Texto: José Carlos Arruda Agradecimentos: Museu Histórico de Londrina e família Juliani
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JOSÉ JULIANI
Piracicaba, 04.02.1896 Londrina, 03.05.1976
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Casamento de Zelinda Campana e Jose H. dos Santos, 1936
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Juliani com aproximadamente 12 anos
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Um pé de mamão, um homem e seu cão
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Silvio e Luiz Juliani, entre outros. Rua Senador Souza Naves, 1937
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Plantação de uva na propriedade da família de Eugênio Brugin. Imediações da atual Avenida Arthur Thomas
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Toras de cedro no pátio da Serraria Siam (28/11/1936)
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Trabalhadores da construção da ponte sobre o rio Tibagi
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Trabalhadores da construção da ponte sobre o rio Tibagi
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Concurso “Rainha da Primavera”, Clube Redondo, Londrina
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Figueira, árvore típica da região, década de 1930
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Prof. Luis Vergés Dutra e alunos, década de 1930
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Leonilda Juliani, 1951