Download - Sociologia das Artes – CSO 089
Modos de abordagem do fenômeno artístico
• Estética (cerca de 400 a.C)• História Social da Arte (cerca de
1850)• Sociologia da Arte (cerca de 1960)
Causalidades que atuam sobre a arte
• Social (classes, status, divisão do trabalho etc.)• Interacional (figurações)• Econômicas• Técnicas• Visões de mundo• Formas simbólicas etc.• Cada tradição teórica movimenta a explicação
por meio de tais fatores.
Estética
Ramo da filosofia que lida com conceitos como:
• Beleza• Natureza e funções da arte• Avalia a experiência estética embasada no
idealismo
Estética Sociológica
• Surgimento no início do Século XX• Há a inserção de um terceiro termo na
explicação que medeia os artistas e as obras: a sociedade
• Atenção assim passa quase que totalmente ao liame que ata a arte à sociedade
Correntes da Estética Sociológica
• 1 – Tradição Marxista• 2 – História da Arte Sociologizante• 3 – Escola de Frankfurt
A Tradição Marxista
• Alia heteronomia e desidealização, reduzindo fatos artísticos às determinações extra-estéticas
• Plekhanóv (1912) e a teoria do reflexo (arte como elemento da superestrutura determinada pela infraestrutura maaterial e econômica)
• Lukács (1923) e Lucien Goldmann (estilo de vida medeia condições econômicas e produção artística)
A História da Arte Sociologizante
• Alia heteronomia e idealização, creditando à arte poderes sociais.
• Pierre Francastel (arte como reveladora e não mais efeito de realidaades coletivas. Arte tem poder de ordenar e prefigurar a realidade. Arte passa a ser documento para o desvendamento da sociedade.
• Hauser (1951) – História geral da arte embasada em termos materialistas (macro).
Escola de Frankfurt
• Alia heteronomia e idealização, sendo que a “verdadeira” arte é aquela que se coloca contra o estado atual de barbárie da sociedade (normativismo engajado).
• Theodor Adorno e Walter Benjamin (perda da aura, desritualização, arte autônoma e não como mero produto de interesses sociais).
Percalços teórico-metodológicos da Estética Sociológica
• Não há autonomia de um projeto coerente de ciência frente à história da arte.
• Fetichismo da obra, que sempre é o ponto de partida da análise
• Substancialismo do social, considerando geralmente distintas dimensões (econômica, técnica, cultural) como realidades em si, transcendentes aos fenômenos
• Causalismo exagerado• Postulam disjunção entre arte e sociedade para depois
estudar os liames
Estética Sociológica: Arte e Sociedade
ARTISTA - OBRA SOCIEDADE
História Social da Arte
• Precursores: Jacob Burckhardt, Ruskin e Morris (Século XIX)
• Desejavam averiguar relações geral de interdependência entre uma cultura e o de uma obra artística
• Contextos econômico, social, cultural, institucional, de produção e de recepção das obras.
Metodologia
• Mais empíricos do que a Estética Sociológica, embasavam suas comprovações em documentos.
• Deixavam de lado, no geral, viés ideológico e normativismo.
• Lidavam com termos técnicos, como diferentes tipos de constrição próprios à produção pictórica (localização das obras, tamanho, tema, materiais utilizados, cores, preços, encomendas etc.)
Unidades de análise
• Mecenato• Contextualização• Público (recepção)• Produtores
Mecenato
• Francis Haskell (1963) – história do mecenato• Realismo cresce com a democratização da arte• Mecenato que outorga demasiada liberdade
artística pode entravar a inovação • Nikolas Pevsner (1940) – história das
academias de arte• Parte da relação entre o artista e o mundo
que o rodeia.
Contextualização
• Antal (1948) – Surgimento de classes médias e diferentes concepções de mundo na Florença do Século XV forjam distinções entre formas artísticas
• Peter Burke, Cristoph Charle, Timothy Clark, Alpers, Baxandall, Raymond Williams – mesclam investigações micro-sociais com unidades de análise macro. Meyer Schapiro, Ernest Gombrich – investigações micro-sociais.
• Enrico Castelnuovo, Ginzburg e a micro-história (periferia-centro, espaço de concorrência).
Tendência à autonomia a partir dos anos 1960
• Parâmetros mais materialistas cedem espaço à especificidade das determinações propriamente artísticas na explicação.
• Relação de autor com o público, aparição de termos, emergência de autonomia do autor.
• As análises são metodologicamente recortadas, documentadas e os fenômenos delimitados.
• Artista passa a ser considerado um construtor, não apenas objeto passivo a ser explicado.
Público (recepção)
• Unidades de análise: colecionadores, gosto, percepção.
• Há certa exterioridade à explicação das obras propriamente ditas.
• Maneiras de fruir é tão interessante ao historiador quanto a significação das obras.
• Tríade produtor-distribuidor-consumidor (Academia, imprensa, Estado etc.).
Produtores
• Do mecenato ao contexto e à recepção vai-se distanciando das obras.
• Não há exterioridade do social em relação às obras: produtores e produtos devem ser vistos em sociedade.
• O enquadramento do produtor deve ser institucional, identitário e posicional na sociedade.
• Ex.: sacralização reservada aos padres e profetas se desloca no seculo XVIII à figura do escritor.
História Social da Arte: Arte em sociedade
SOCIEDADE SOCIEDADEARTISTA - OBRA
Estética Sociológica, História Social e Sociologia da Arte
• Investigação empírica, heterônoma e desidealizante vincula História Social da Arte à Sociologia da Arte (método).
• Preocupação com estatuto atual da arte vincula Estética Sociológica à Sociologia da Arte.
• Afinidade entre correntes marxistas também estreitam Estética Sociológica à sociologia.
Falar de arte?
• Há, no entanto, diferença brutal entre falar de arte e uma sociologia da arte:
• metodologia própria• problemas metodicamente recortados• insubmissão ao objeto “arte”• Tratar a arte como apenas mais um domínio
social
Uma nova ciência
• Sociologia nasce no século XIX no bojo das perturbações ocasionadas pelas Revoluções Industrial e Francesa na sociedade européia.
• Sociologia da arte sistematizada: surge bem depois, somente em meados da década de 1960.
• Principais autores: Pierre Bourdieu, Norbert Elias, Howard Becker, Nathalie Heinich etc.
A explicação sociológica
• Sociologia é o estudo da dimensão social dos fenômenos humanos por meio da interrelação de distintas dimensões sociais (econômica, cultural, política).
• Visa a uma compreensão de modo integral.• Em se tratando de arte, sociologia deseja
compreender os fenômenos artistícos, relacionando-os a outros aspectos da realidade social.
Técnicas sociológicas
• Estatística• Etnografia• Observação sistemática• Entrevistas• Análises econométricas• Correlações entre diversas variáveis• Estudo concreto de situações empíricas e
delimitadas
Duplo movimento sociológico
• Desautonomiza a arte, que antes era julgada tão-somente pelo domínio estético, isto é, auto-referido.
• Desidealiza a arte, sendo que a arte deixa de ser encarada como um valor absoluto, essencial, intangível e inacessível.
• Nesta chave a estética passa a ser sinônimo de elitismo, espiritualismo e individualismo (Elias e o gótico).
• “Não se admira porque é belo; é belo porque se admira” – Charles Lalo.
Interesses Sociológicos
Compreender o funcionamento e as regularidades:
• Do meio artístico• De seus agentes • Das suas instituições• Das interações• Da estruturação interna do microcosmo
artístico
Ciência Dessacralizadora
• Interessa-se tanto pelos processos que produzem “grandes” como “pequenas” obras
• Arte é uma forma dentre outras formas de atividade social.
• Não há mais obrigação de se produzir teoria do social a partir da arte ou teoria da arte a partir do social.
Unidades de Análise
• Recepção (público, colecionadores, clientes)• Mediação (críticos, marchands, forma de
exposição e venda, galerias, associações, instituições oficiais, grêmios, academias, Estado)
• Produção (artistas, condições políticas, econômicas culturais etc.)
• Obra (forma, natureza, material, t;ecnica, linguística)
Exemplos de análises sociológicas
• Repercussão das obras em sociedade• Surgimento de determinadas categorias de
agentes e instituições (críticos de arte)• Compreensão das relações políticas e as obras
artísticas • Surgimento de novas visões de mundo em
relação com a arte (perspectiva, kitsch, capital cultural e social)
E a obra?
• Pode e deve ser estudada em seus distintos suportes ( material, técnico e linguístico) em correlação com distintas dimensões sociais.
• Interdependência entre artistas e meio, obra e público.
• Condições sociais de produção, difusão e recepção das obras.
Limites da análise sociológica
• Teorias gerais (mudanças de estilo, por exemplo)
• Explicar a qualidade das obras em si (essencialismo).
• Determinismo?• Ignorar a obra?
Análise ideal
• Que utilize formas de regionalização sociológicas, como classe, ideologia, grupo, campo etc., em conjunção com os ganhos dos estudos estéticos e históricos sem ignorar a obra.
• Que contenha uma mediação exemplar entre a análise dos materiais artísticos e o seu meio.
Sociologia da Arte: Arte como Sociedade
Artistas
ObrasInstituições Instituições
Mediadores
Público