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Somos Servos
Revista OSM – Comunidade Santa Maria dos Servos – Matola
PENTECOSTES SANTÍSSIMA TRINDADE ASCENSÃO DO SENHOR
CORPUS CHRISTI SANTA JULIANA
MARIA E O ESPÍRITO SANTO O BEM COMUM
TESTEMUNHO VOCACIONAL CRÔNICAS E NOTÍCIAS ECLESIAIS
Número 5 – Junho de 2014
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EDITORIAL
Queridos amigos, leitores da nossa Revista “Somos Servos”, uma cordial saudação neste
clima de Pentecostes, em que nos abrimos a acção do Espírito Santo de Deus, que vem em
nosso auxílio para fazer memória dos ensinamentos de Jesus Cristo e para nos guiar,
sustentar, na missão que Ele nos confiou!
O Espírito Santo é o Paráclito, o Consolador! O Hóspede de nossas almas! Que a sua
presença incendeie a nossa alma! Que nada em nós obscureça a sua presença e a sua
acção no mundo.
Neste número da nossa revista refletiremos sobre a ascensão de Jesus, sobre o evento de
Pentecostes, no qual Maria nos ensina a ser dóceis à sua presença; sobre a Santíssima
Trindade, plenamente revelada. O artigo sobre a festa de Corpus Christi nos destaca a
importância da eucaristia, inclusive numa dimensão cósmica, transformando a nossa vida
e o mundo em que vivemos. Também oferecemos aos leitores o modelo de vida de Santa
Juliana Falconieri, Terciária da Ordem dos Servos de Maria. O testemunho vocacional do
mês nos convida a tomar consciência da presença do Senhor em nossas vidas. E
refletiremos sobre o princípio do bem comum, à luz da nossa fé.
Não poderia deixar de mencionar nesse editorial dois eventos importantes para a nossa
Arquidiocese, que ocorreram durante o mês de Maio: a peregrinação ao Santuário de
Namaacha e o Despertar vocacional. Somente agradecer a Deus a oportunidade de poder
sentir o seu chamamento por meio da fé que nos faz peregrinos e inteiramente
consagrados a Ele. Que os jovens se disponham a servi-Lo com generosidade numa
entrega de vida que se consuma na prática do amor.
Na próxima edição oferecemos aos nossos leitores os seguintes artigos: Cristo a luz dos
povos, Maria nos evangelhos de Mateus e Marcos, A oração, Santa Clélia Barbieri,
Presença dos Servos de Maria em Moçambique, Formação inicial dos Servos de Maria,
Testemunho Vocacional, Justiça e Paz, Crônicas e notícias eclesiais.
Boa leitura!
Escreva para [email protected] e receba a revista em formato PDF, com
fotografias coloridas e diagramação em formato A4.
Versão ONLINE no Blog Somos Servos: www.somosservos.blogspot.com
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PENTECOSTES
A festa de Pentecostes é a realização do Plano de Deus, um plano de unidade, onde todos
se entendem pela vinda do Espírito Santo. Em Pentecostes a Igreja torna-se missionária e
se difunde em todos os povos, línguas e culturas, e reforçamos a consciência do papel e da
missão do Espírito Santo na vida da Igreja e na nossa vida.
No Espírito Santo, tudo tem sentido, tudo se
enche de profundo significado: com o Espírito, a
Igreja é o Corpo vivo de Cristo, no qual os
membros recebem a vida que vem da Cabeça, a
seiva que vem do Tronco, que é Cristo; com o
Espírito, Jesus está vivo entre nós e nós O
recebemos em cada sacramento que
celebramos; com o Espírito, os mandamentos
podem ser cumpridos na alegria, porque o
Espírito nos convence que eles são verdadeiros e libertadores e nos dá, no amor de Cristo,
a força para tentar cumpri-los na generosa alegria; com o Espírito, a obra da evangelização
é testemunho vivo do Senhor Jesus, dado com a convicção de quem experimentou Jesus;
com o Espírito, já temos a garantia, o penhor da ressurreição, pois comungamos a
Eucaristia, alimento espiritual, que nos dá a semente da vida eterna.
A presença do Espírito Santo continua a ser fecunda, porque é para a Igreja sopro vital e
origem da nova criação; portador do dom divino da paz; construtor da unidade na
pluralidade dos carismas; destruidor da divisão, do fechamento, do egoísmo e da
incomunicabilidade; fundamento da fé-certeza de que “Jesus é o Senhor”; gerador de
homens e mulheres novos transformados por dentro; e fonte de comunhão.
Com esta Solenidade encerramos o Tempo Pascal, aqueles cinquenta dias que a Igreja
celebra como se fosse um só dia, santo e glorioso, o Dia da Ressurreição. O dom do
Espírito é o fruto excelente e principal da Páscoa de Cristo: é no Espírito que nossos
pecados são perdoados, é no Espírito que o fruto da paixão e morte de Cristo nos é dado,
é no Espírito que somos transfigurados à imagem de Cristo Jesus. No nosso Batismo,
banhados pela água, símbolo do Espírito, nós também recebemos em nós o Espírito de
Cristo e nos tornamos templos do Espírito Santo, chamados a viver uma vida segundo o
Espírito de Cristo. O Espírito de amor é a nova lei, a Lei do cristão, pois “O amor de Deus
foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5)! Frei
Cosme José, osm
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SANTÍSSIMA TRINDADE
A doutrina da Santíssima Trindade ensina que existe um só Deus em três pessoas distintas,
que possuem uma mesma natureza. Uma só natureza sustenta as três pessoas da
trindade.
Afirma o Catecismo da Igreja que a verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde
as origens na raiz da fé viva da comunidade cristã, principalmente por meio do Batismo,
encontrando sua expressão na regra da fé Batismal, formulada na pregação, na catequese
e na oração da Igreja. No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais
explicitamente sua fé trinitária, tanto para aprofundar sua própria compreensão da fé
como para defendê-la de erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos concílios
antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé
do povo cristão (cf. CIC 249-250).
O esforço racional dos teólogos (entre os quais: São Tomás de Aquino) trataram de ilustrá-
lo da maneira seguinte: Como as três divinas pessoas não se distinguem nem por sua
natureza, nem por suas perfeições, nem por suas obras exteriores, se distinguem
unicamente por sua origem.
Não se distinguem por sua natureza
porque tem uma natureza em comum,
a natureza divina. Assim, não são três
deuses, mas um só Deus. Não se
distinguem por suas perfeições porque
estas se identificam com a natureza
divina, assim, nenhuma das três
Pessoas é mais sábia ou poderosa, mas
todas possuem infinita sabedoria e
poder; nenhum é anterior ao outro,
mas sim igualmente eternas. Não se
distinguem por suas obras exteriores, já que tendo os três a mesma onipotência, se um
realiza obras, as outras Pessoas estão juntas.
Distinguem-se unicamente por sua origem, porque o Pai não provém de nenhuma pessoa;
o Filho é gerado pelo Pai; e o Espírito Santo procede à vez do Pai e do Filho. Este é o que
impede que uma das pessoas se confunda com as outras.
Frei Percy Astopillo, osm
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ASCENSÃO DO SENHOR
A palavra Ascensão provém do latim Ascensão que quer dizer subida. No contexto
religioso emprega-se essa palavra na comemoração da festa da elevação do Nosso Senhor
Jesus Cristo aos discípulos em corpo e alma perante os discípulos, aos quais promete
enviar o Paráclito, o Consolador que lhes dará força de continuar anunciar as maravilhas
do Reino.
A Ascensão de Jesus relatada no Novo Testamento mostra Jesus ressuscitado que se eleva
ao céu em corpo físico na presença dos onze apóstolos após quarenta dias da sua
ressurreição. Jesus elevou-se ao céu e sentou-se no seu trono Sagrado.
Os evangelistas incluem duas descrições da Ascensão de Jesus em Lc 2 ,50-53, e Marcos
16,19. Outra descrição do episódio da Ascensão de Jesus encontramos em Actos 1, 9-11.
Jesus ressuscitado sobe aos céus e a partir daquele momento garante sua presença vai
manifestar-se de outra maneira, na palavra anunciada, nos sacramentos celebrados na
Igreja, na pessoa do nosso próximo e na união com o Mestre Jesus através da Oração.
Cristo ressuscitado na Ascensão marca o fim de período de encontro com os seus
discípulos fortalece-os na fé e delega um compromisso missionário e explica-lhes a
missão.
As palavras “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” não são
teóricas, mas uma realidade. Este é o motivo da firmeza da nossa fé, numa profunda
esperança sem fim, um irmão nosso, um de nossa raça está à direita do Pai e intercede
por nós. Ele é o nosso juiz, somente nEle nossos pobres problemas podem encontram
solução, nossos dias podem converter-se em dia de glória. Ascensão marca o caminho
para o Pentecostes, marca a inauguração da missão da Igreja, sustentada pelo Espírito. É
esse Espírito que consola a Igreja e a guia na missão pelas estradas do mundo.
Ó rei da glória e Senhor do universo, que hoje
subis triunfante ao céu, não nos abandoneis,
mas enviai-nos, segundo a vossa promessa, o
espírito da verdade.
Frei Dionisio Antonio, osm
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CORPUS CHRISTI
No mês de junho, a Igreja Católica celebra a festa de Corpus Christi, nomenclatura que
vem do latim e significa “Corpo de Cristo”. A festa tem por objetivo celebrar solenemente
o mistério da Eucaristia.
A Festa de Corpus Christi surgiu no séc. XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa
da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus
lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra do sacramento da Eucaristia. O bispo,
percebendo a luz sobrenatural que a iluminava e a sinceridade de seus apelos, em 1246
celebrou na sua diocese, pela primeira vez, a festa do Corpo de Cristo. A festa foi somente
oficializada e extendida para toda a Igreja quando ocorreu, em 1264, o Milagre de
Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas se a Consagração era
algo real, e no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se
empapando em seguida o corporal. Hoje se conservam os corporais - onde se apóia o
cálice e a patena durante a Missa - em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em
Bolsena, manchada de sangue. O Papa Urbano IV (1262-1264) informado do milagre,
ordenou ao Bispo Giacomo que levasse em procissão as relíquias de Bolsena a Orvieto.
Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, teria então pronunciado
diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”. Em 11 de agosto de 1264, o
papa através da bula "Trasnsiturus de hoc mundo", prescreveu que fosse oficialmente
celebrada a festa. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício
da celebração. Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de
se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A celebração normalmente tem
início com a missa, seguida pela procissão pelas ruas da cidade, e encerra-se com a
bênção do Santíssimo.
A Eucaristia constitui de fato o "tesouro" da Igreja, a preciosa herança que o seu Senhor
lhe deixou. E a Igreja conserva-a com o máximo cuidado, celebrando-a cotidianamente,
adorando-a nas igrejas e nas capelas, distribuindo-a aos doentes e, como viático, a
quantos partem para a última viagem (cf. BENTO XVI, Homilia Angelus 2006). A Eucaristia
tem também um valor cósmico: a transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de
Cristo constitui de fato o princípio de divinização da mesma criação. Por isso a festa de
Corpus Christi caracteriza-se de modo particular pela tradição de levar o Santíssimo
Sacramento em procissão, um gesto rico de significado. Da comunhão eucarística brota a
caridade que transforma a nossa existência e ampara o nosso caminho rumo à pátria
celeste.
Frei Gerson Junior, osm
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SANTA JULIANA FALCONIERI
No dia de 19 de Junho a Ordem dos Servos de Maria celebra a
festa de Santa Juliana Falconieri. Juliana nasceu em Florença
(Itália) na segunda metade do século XIII. A conversão de Juliana
ocorreu quando ela tinha 15 anos após ouvir uma pregação de
Santo Aleixo sobre o Juízo Final. Juliana ficou de tal maneira
tocada por suas palavras, que decidiu entregar-se totalmente a
contemplação divina e ao seguimento de Cristo. Santo Aleixo
Falconieri é um dos sete santos fundadores da Ordem dos Servos
de Maria e, segundo a tradição, era da mesma família de Juliana.
Após sua conversão Juliana passou a viver uma vida de
penitência e de contemplação, seguindo o exemplo dos
primeiros frades da Ordem dos Servos de Maria. Juliana
frequentava a Igreja de Cafaggio (futura basílica da Santíssima
Anunciada em Florença), e Junto com os frades celebrava os ofícios litúrgicos e cantava os
louvores da Mãe do Senhor.
Depois de muito insistir com os seus pais e de suplicar à Virgem Maria, Juliana obteve a
graça de receber o hábito da Ordem. Atraída pelo seu exemplo de vida e santidade, outras
jovens juntaram-se a ela na vida de penitência e na partilha do ideal de vida dos Servos de
Maria.
A espiritualidade de Santa Juliana caracteriza-se por um ardente amor à Eucaristia.
Embora de jovem idade, ela superava os adultos em virtude e santidade. Conta-nos a sua
hagiografia que no seu leito de morte, não podendo receber o Corpo do Senhor, devido a
seu estado de saúde, a Santa Hóstia lhe foi colocada sobre o seu peito. Diz uma piedosa
tradição que a santa Hóstia penetrou milagrosamente em seu corpo e não foi mais
encontrada. Juliana morreu por volta do ano 1341 e foi canonizada pelo papa Clemente
XII em 1737. Seu corpo é venerado em Florença, na basílica da Santíssima Anunciada.
Santa Juliana não fundou nenhuma congregação religiosa, ela foi apenas exemplo e a
inspiração para as mulheres leigas, religiosas e monjas que ao logo dos séculos dedicaram-
se ao serviço da Virgem Maria no âmbito da família Servita. Assim, ela é invocada pelas
congregações femininas agregadas à Ordem, como Mãe e Inspiradora. Os membros da
Ordem Secular Servita têm Santa Juliana como a primeira de uma longa lista de leigos que
viveram como amigos dos Servos de Maria, compartilhando seu ideal de serviço a Deus, a
Virgem Maria e aos irmãos.
Frei Ivan Siqueira, osm, osm
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MARIA E PENTECOSTES
A Solenidade de Pentecostes convida-nos a olhar para a figura de Maria, aquela que
juntamente com os discípulos como afirmam os Actos dos Apóstolos: «perseveravam
unanimemente na oração…» ( 1, 14), a espera da promessa do Senhor “…descerá sobre
vós o Espírito Santo, que vos dará a sua força…» (Act 1,8), deste modo no dia de
pentecostes contemplamos Maria “assistindo com suas orações a Igreja nascente, vemos
Ela pedindo, com suas orações, o dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto
com sua sombra” (Cf. CIC 965).
A Virgem Maria esteve presente nos três eventos mais
significativos da história da salvação: quando o Verbo
se fez carne, no Mistério Pascal de Cristo e em
Pentecostes. O Espírito Santo preparou Maria com a
sua graça. Por pura graça foi concebida sem pecado
como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de
acolher o Dom inefável do Todo-Poderoso.
É pelo Espírito Santo que Maria concebe e dá à luz o Filho de Deus. Sua virgindade
transforma-se em fecundidade única pelo poder do Espírito e da fé.
Em Maria o Espírito Santo manifesta o Filho do Pai tornado Filho da Virgem. Ela é a Sarça
ardente da Teofania definitiva: repleta do Espírito Santo, ela mostra o Verbo na humildade
de sua carne, e é aos pobres e às primícias das nações que Ela o dá a conhecer (Cf. CIC
724).
Por Maria o Espírito Santo começa a pôr em comunhão com Cristo os homens, “objectos
do amor benevolente de Deus”, e os humildes são os primeiros a recebê-Lo: os pastores,
os magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os discípulos (Cf. CIC 725).
Ao final desta missão do Espírito Santo, Maria torna-se a “Mulher”, nova Eva, “mãe dos
viventes”, Mãe do “Cristo total”. É nesta qualidade que Ela está presente com os
discípulos, na aurora dos “últimos tempos” que o Espírito vai inaugurar na manhã de
Pentecostes, com a manifestação da Igreja. (Cf. CIC 726).
Maria é esta presença silenciosa, que está presente nos momentos decisivos de nossa
vida. Com Ela, somos chamados a perseverar na oração, somos chamados à conversão e a
suplicar o dom do Espírito Santo. Reunidos com Maria, como na origem, da Igreja rezemos
todos os dias: “Veni Sancte Spiritus! Vem, Espírito Santo, enche os corações dos teus fiéis
e acende neles o fogo do teu amor!”. Frei Jeremias Mugabe, osm
9
O BEM COMUM
Os homens, por participarem da mesma natureza humana, formam comunidade e
estabelecem relações entre si. A comunidade é, pois, entendida como uma "comum
unidade" ou "comum união": uma comunhão entre aqueles que participam de uma
mesma natureza e tendem a um mesmo fim.
O Bem Comum nada mais é do que o próprio bem particular de cada indivíduo, enquanto
este é parte de um todo ou de uma comunidade. É o fim das pessoas singulares que
existem na comunidade, uma vez que elas são por “natureza sociais” como sublinhou
Aristóteles. Deve ser procurado tanto como fim a ser alcançado e, quando alcançado
como fonte de plenitude humana. Pois, “em conformidade com a natureza social do
homem, o bem de cada um está necessariamente relacionado com o bem comum” (cf.
C.I.C. 1905). Por nossa natureza, somos chamados a procurar juntos, o que é de interesse
comum (bem intelectual; bem espiritual e bem material). O Catecismo da Igreja Católica
enfatiza que: “o bem comum compreende o conjunto daquelas condições da vida social
que permitem aos grupos e a cada um de seus membros atingirem de maneira mais
completa e desembaraçadamente a própria perfeição” (cf C.I.C. 1924).
Assim sendo, o bem comum é o fruto da participação, livre e criativa, de todos e de cada
um dos cidadãos na sociedade. Ele constitui um direito, mas também um dever de cada
cidadão e o seu exercício na sociedade pressupõe e exige uma atitude solidária para poder
realizá-lo segundo o duplo princípio ético de igualdade e equidade. E em palavras de João
XXIII, "o bem comum abrange o homem em sua totalidade, isto é, tanto nas exigências do
corpo como nas do espírito". Pois “O bem comum comporta três elementos essenciais: o
respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa; a prosperidade ou o
desenvolvimento dos bens espirituais e temporais da sociedade; a paz e a segurança do
grupo e dos seus membros” (cf. CIC 1925).
Como cristão nos inspiramos na perfeitíssima comunidade Trinitária, onde o Único Deus
envolve a misteriosa comunhão das três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo). Deus
(Supremo Bem) é o exemplo perfeito do bem comum. Pois Ele não é apenas Deus dos
muçulmanos ou dos cristãos; nem Deus dos brancos ou dos negros; nem dos macondes ou
dos zulos; mas sim é Deus de todos (Deus de todas nações, de todas as raças, todas
culturas e de todas classes sociais), sem exclusão de ninguém. Da dignidade, unidade e
igualdade de todas as pessoas, deriva o bem comum, a que se deve relacionar cada
aspecto da vida social para encontrar pleno sentido.
Frei Lafim Monteiro, osm
10
TESTEMUNHO VOCACIONAL
Jeremias André Mugabe, filho de André Mugabe e Regina Mondlane.
Nasci, aos 17 de Abril de 1989 na cidade de Xai-Xai, província de Gaza.
Conheci a Ordem dos Servos de Maria através de Filipe Mapilele que
me falou dos Frades e depois me apresentou às Irmãs Servas de Maria
do Cenáculo, que trataram de marcar o meu primeiro encontro com os
frades Servos de Maria.
Na Diocese de Xai-Xai, temos lá um Santuário dedicado a Nossa Senhora de Lurdes e ai
frequentava as peregrinações oferecidas pela diocese. Nesse clima de peregrinações para
a casa daquela que nos diz “Fazei o que Ele vos disser”, nasce o meu amor por Maria. Na
conversa com o jovem Filipe, eu disse comigo: é isto que eu quero ser, ser Servo de Maria.
Servir como Maria, estar aos pés das infinitas cruzes da humanidade. Não hesitei, pois era
isso que procurava. Depois de ter estado com os frades por duas semanas de experiência
em Dezembro de 2007, no final desta me admitiram a etapa do Aspirantado.
No dia 20 de Janeiro de 2008, entrei na casa de formação São Filipe para fazer uma
caminhada formativa nos Servos. Naquele momento tive uma firme certeza que sempre
acompanhou-me embora no meio de um mundo que pouco percebia: a certeza de que a
Igreja vive da Palavra de Deus e que Maria viveu essa Palavra meditando-a no silêncio. As
palavras que me acompanharam foram: Amado Senhor, como será esse Caminho? E, seis
anos depois, posso dizer que o Senhor guiou-me! Mãe Maria esteve perto e pude
diariamente notar a sua presença. Foi um caminho de formação, que teve momentos de
alegria e de luz, mas também momentos não fáceis. Contudo, sempre soube que está
comigo o Senhor, e que Maria me cobre com o seu Manto.
Hoje, depois das etapas de aspirantado e postulantado, e na condição de noviço, o meu
coração transborda de agradecimento a Deus, porque nunca me deixou faltar a sua
consolação, a sua luz e o seu amor. O Senhor colocou junto de mim tantas pessoas que,
com generosidade e amor a Deus, me ajudaram e estiveram perto de mim. Agradeço a
minha família, de modo particular aos meus Pais que aceitaram que eu fizesse essa
caminhada, aos meus irmãos que sempre me apoiaram. Expresso gratidão aos meus
formadores, a comunidade dos Servos da Matola e aos paroquianos de São Gabriel. Não
posso esquecer meus colegas, por tudo que me ensinaram, perdão pelas vezes que errei.
Rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor, a Santa Igreja e a
cada um de vós. Rezemos uns pelos outros e permaneçamos unidos ao Senhor. Amem.
Frei Jeremias Mugabe, osm
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CRÔNICAS E NOTÍCIAS ECLESIAIS
No mês de maio entre os dias 24, 25 e 26 o papa Francisco esteve em visita a Terra Santa.
Passou por Amã, Belém e Jerusalém. Rezou duas missas, uma delas para mais de 50 mil
pessoas, em seu percurso e visitou 20 lugares diferentes, entre eles, alguns dos lugares
mais sagrados para o cristianismo, como a gruta onde Jesus Cristo teria nascido e a
Basílica do Santo Sepulcro. Em Jerusalém o papa pediu que "nunca mais" se cometa um
horror como o do Holocausto, "uma monstruosidade" e "um pecado" da qual os homens
devem "se envergonhar". A declaração foi dada no Memorial Yad Vashem, dedicado às
vítimas do extermínio de seis milhões de judeus cometidos pelos nazistas durante a
Segunda Guerra Mundial. Francisco pronunciou uma oração após saudar sete
sobreviventes daquele genocídio, acendeu o fogo da memória e rezou perante uma coroa
de flores que lhe foi apresentada por uma menina católica e um menino judeu. O papa
também rezou diante do Muro das Lamentações, que é um dos lugares mais sagrados
para os judeus.
No dia 7 e 8 a Paróquia São Gabriel celebra a solene Vigília de Pentecostes, com a
participação dos fiéis de todas as comunidades da Paróquia.
Entre os dias 10 e 17 de Junho, o prior provincial da
província São Peregrino estará em visita à
comunidade Santa Maria dos Servos (da Matola),
na ocasião de sua visita participará da posse de Frei
João Carlos Ribeiro como pároco da paróquia São
Gabriel Arcanjo da Matola, que ocorrerá no dia 15
de Junho.
Presença servita em Moçambique:
Frades Servos de Maria: Matola (Paróquia São Gabriel Arcanjo)
Monjas Servas de Santa Maria: Nampula (Mosteiro Mater Dei), Lichinga (Mosteiro Mater
Dolorosa) e em Chockwè (Mosteiro da Anunciação).
Servas de Maria do Cenáculo: Chicumbane, Xai-Xai e Matola.
Fraternidades da Ordem Secular: Nampula, Lichinga, Matola e Chicumbane.
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Somos Servos
da Virgem Gloriosa
Movidos pelo Espírito comprometemo-nos, como nossos primeiros Pais, a
testemunhar o Evangelho em comunhão fraterna e a colocar-nos a serviço de
Deus e do homem, inspirando-nos constantemente em Maria, Mãe e Serva
do Senhor (Const. 1).
Somos chamados a estar aos pés das infinitas cruzes da humanidade para
levar conforto e cooperação redentora (Const. 319).
Entre em contacto connosco
e seja você também um Servo de Maria:
Comunidade Santa Maria dos Servos
Matola
826756357 – 847704141