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Page 1: Sérgio Nunes, administrador da Grenke em Portugal “A crise ... · oportunidade para a GRENKE. Devi-do à crise do subprime nos E.U.A, exis - te uma escassez grave nos fundos de

entrevista

sam providenciar um volume estável de operações; O segundo é a discipli-na na gestão das perdas. Ou seja, das rendas que as locadoras não conse-guem cobrar devido ao incumprimen-to das obrigações por parte dos cli-entes finais. A recessão económica é um teste para os modelos de “scoring” das locadoras. Um dos principais riscos que enfrentamos face à crise actual é a fraca qualidade do crédito existente.

G. - Qual é a estratégia de negócio da Grenke no mercado nacional?S.N. - Como muitas vezes se diz, é nas crises económicas que por vezes sur-gem as melhores oportunidades. O grupo GRENKE tem vindo a construir uma imagem sólida nos mercados de capitais. A estratégia do grupo para o merca-do nacional é a de reforçar a mensa-gem destes pontos fortes na comuni-cação e, dessa forma distinguir-se ain-da mais da concorrência. Isto irá per-mitir-nos alargar ainda mais a nossa vantagem competitiva no refinancia-mento com condições atraentes. Não obstante do que foi referido, sa-bemos que Portugal e o resto do mun-do estão a passar por uma crise de con-tornos históricos. Esta envolvente re-quer cautela e avaliação. A aposta da GRENKE para 2009 pas-sará por uma aposta na qualidade. Queremos sobretudo solidificar a re-lação com os nossos parceiros actuais, principais responsáveis pelo nosso crescimento. Iremos concentrar-nos no nosso “core business” (operações de baixo valor no sector da informática e telecomu-nicações) e fugir à tentação de finan-ciar outro tipo de produtos.

G. - A crise que atravessa o Mundo afectou o vosso desempenho no mer-cado nacional e no resto da Europa? Porquê?S.N. - A crise financeira tem sido uma oportunidade para a GRENKE. Devi-do à crise do subprime nos E.U.A, exis-te uma escassez grave nos fundos de refinanciamento. Para remediar, os

bancos centrais têm vindo a efectuar elevadas injecções de dinheiro de for-ma a aumentar a liquidez. O grupo GRENKE não foi afectado por esta es-cassez, pois já tinha reforçado a sua liquidez antes no início da crise. Para além disso o grupo geralmente tem disponível um nível elevado de di-nheiro e equivalentes.

G. - Quais são as principais vantagens e desvantagens do leasing? Porquê?S.N. - Não existe uma resposta direc-ta à sua questão. A compra a pronto, o renting ou leasing são opções es-tratégicas que a direcção financeira deve tomar mediante o estado finan-ceiro da empresa. Cada negócio é uma situação diferente e as opções de fi-nanciamento deverão sempre ser dis-cutidas com a contabilidade. Se esti-vermos a falar de operações de ele-vado valor, a análise deverá ser efec-tuada ainda com mais cautela.

G. - Entre 2001 e 2007, a Grenke du-plicou os proveitos. O que contribuiu para este desempenho?S.N. - Julgo que a principal razão do nosso desempenho foi a relação de proximidade que criamos junto dos nossos parceiros. Desenvolvemos ser-viços que resolvem problemas reais. Nos últimos anos temos vindo a de-senvolver um conjunto de serviços que vão para além do tradicional con-trato de renting.

G. - Que performance obtiveram no ano passado? O que esperam alcançar em 2009?S.N. - Um dos indicadores de perfor-

mance mais importantes do grupo é o número de pedidos de financiamen-to. No último ano fiscal o grupo rece-beu 145,384 pedidos de financiamen-to, dos quais aproximadamente 69,824 geraram novos negócios de locação. No ano de 2008, o grupo GRENKE teve um volume de negócios de aproxi-madamente 601 milhões de euros. Em Portugal, a GRENKE já tem mais de 400 parceiros (revendedores e in-tegradores). Recebeu 3500 pedidos, dos quais perto de 900 resultaram em con-tratos. O volume de negócios foi de aproximadamente EUR 7 milhões.A aposta da GRENKE para 2009 pas-sará por uma aposta na qualidade. Queremos sobretudo solidificar a re-lação com os nossos parceiros actu-ais, principais responsáveis pelo nos-so crescimento. Estimamos crescer apro-ximadamente 30% no ano 2009.

G. – Em que se diferencia a Grenke da concorrência em Portugal?S.N. - Acreditamos que a vantagem da GRENKE em relação aos outros “players” assenta essencialmente em três pilares:Rapidez – A análise de crédito é efec-tuada em apenas 20 minutos e a factu-ra do parceiro é paga no próprio dia.Simplicidade – Os pedidos de renting podem ser facilmente colocados por fax, e-mail, telefone ou através do nos-so software on-line. Apenas solicitamos a cópia do B.I para fechar o contrato.Serviço – Ao contrário das instituições de crédito tradicionais, a nossa equi-pa tem formação e competências para resolver no imediato qualquer ques-tão ou dúvida que seja colocada pelo parceiro ou cliente final.

Sérgio Nunes, administrador da Grenke em Portugal

A operar no mercado do renting informático, a Grenke Portugal

acredita que a penetração dos equipamentos T.I. para escritórios

irá continuar a crescer e que “é nas crises que por vezes surgem

as melhores oportunidades”.

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Globaldata - A Grenke iniciou activi-dade no mercado de leasing de siste-mas de comunicações, há cerca de 30 anos. Qual é hoje o core business da empresa?Sérgio Nunes - O core business da em-presa é o financiamento de impresso-ras, fotocopiadoras, computadores, ser-vidores, software e qualquer outro tipo de equipamento tecnológico de bai-xo valor a empresários em nome in-dividual e PME.

G. - Como se estrutura a vossa oferta? S.N. - A GRENKE disponibiliza aos re-vendedores TIC uma solução finan-ceira gratuita de Renting informáti-co. Desta forma, os parceiros podem complementar a oferta dos seus pro-dutos informáticos com um produto financeiro, disponibilizando uma so-lução global com benefícios claros para o parceiro (revendedor informático) e para o cliente final.

G. - Quem são os mercados/sectores alvo? Porquê?S.N. - O nosso mercado alvo é sem dú-vida o mercado do Renting informá-tico de baixo valor (€500 a €50.000), onde somos lideres Europeus.Operamos única e exclusivamente no sector das TIC. Ao contrário das ins-tituições financeiras tradicionais, nós compreendemos perfeitamente as ca-racterísticas do sector. Nos últimos 30 anos temos vindo a investir for-temente na automatização dos pro-cessos através de largos investimen-tos em tecnologia. O resultado final é uma solução financeira que vai de encontro às necessidades nos nossos parceiros que resolve muitos dos pro-blemas com que estes se deparam no dia-a-dia.

G. - Que balanço faz do vosso sector de actividade nos últimos anos?S.N. - Existe pouca informação rele-vante sobre a evolução do mercado da locação de baixo valor. Por um lado, devido ao facto deste mercado ser ex-tremamente fragmentado, e por nou-tro, devido à locação de baixo valor não ser considerada um segmento de mercado por si só, existindo poucas empresas com este posicionamento e a comunicarem exclusivamente para este segmento.De uma maneira geral, todas as esta-tísticas, estudos e pesquisas indicam que a penetração dos equipamentos T.I para escritórios irá continuar a crescer. A locação como método de financiamento irá crescer acima da média. Isto aplica-se em especial às pequenas e médias empresas.

G. - Que desafios enfrenta este sec-tor a curto-médio prazo?S.N. - Existem claramente dois desa-fios que os gestores das locadoras te-rão que ter em conta para serem bem sucedidos. O primeiro é a capacidade de estabelecer parcerias com fabri-cantes e canais de revenda que pos-

“A crise financeira tem sido uma oportunidade para nós”

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